Avc
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Fisiopatologia
O tecido nervoso é desprovido de reservas sendo totalmente dependente do aporte circulatório, pois
é graças a este que as células nervosas se mantém activas, sendo o seu metabolismo depende de
oxigénio e glicose. A interrupção deste aporte numa determinada área do cérebro tem por
consequência uma diminuição ou paragem da actividade funcional dessa área.
Se a interrupção do aporte circulatório for inferior a 3 minutos, a alteração é reversível; se esse prazo
ultrapassar os 3 minutos, a alteração funcional poderá ser irreversível, originando necrose do tecido
nervoso.
O AVC pode ser causado por dois mecanismos diferentes: oclusão de um vaso provocando isquémia
e enfarte do território dependente desse vaso ou ruptura vascular originando uma hemorragia
intracraniana. Qualquer destes dois grandes grupos pode ser ainda dividido em subgrupos distintos;
a obstrução vascular pode ser devida a doença local da parede do vaso, dando origem à formação
de um trombo, ou a um embolo originado num ponto mais distante da rede vascular e que, entrando
na circulação, vai alojar-se num vaso são e provocar a sua oclusão. Em qualquer dos casos o
resultado é a formação de uma zona de enfarte.
As hemorragias podem dever-se igualmente a dois mecanismos: ruptura de uma mal formação
vascular (aneurisma ou angioma), ou ruptura de uma artéria intracerebral de pequeno calibre como
resultado de arteriosclerose. A ruptura de um aneurisma dá-se no espaço subaracnóideu,
provocando uma hemorragia meníngea, enquanto que as outras origens condicionam habitualmente
uma hemorragia intracerebral.
Tipos de AVC
Tipos de AVC
Subtipos de AVC
Isquémico
• Lacunar
• Trombótico
• Embólico
Hemorrágico
• Intracerebral
• Subaracnóide
Quadro 1 - Tipos de AVC
AVC Isquémico
A isquémia é induzida por oclusão de um vaso ou redução de pressão de perfusão cerebral, seja
esta provocada por redução do débito cardíaco ou por hipotensão arterial grave e sustentada
(Garett, 1994).
Este tipo de AVC pode originar défices definitivos e ou transitórios, habitualmente designados por
AIT. Um AIT refere-se à temporária interrupção da circulação no cérebro. São episódios
caracterizados por defeitos neurológicos focais, de aparecimento súbito e duração não superior a
vinte e quatro horas, com recuperação completa.
Trombose cerebral
Um AVC é trombótico quando o processo patológico responsável pela oclusão do vaso se
desenvolve no próprio local da oclusão.
Segundo O’Sullivan (1993), trombose cerebral refere-se à formação ou desenvolvimento de um
coágulo de sangue ou trombo no interior das artérias cerebrais, ou dos seus ramos. Os trombos
resultam da aderência e agregação plaquetária, coagulação de fibrina e queda da fibrinólise.
Existem dois tipos de trombose, a trombose venosa e a trombose arterial. As tromboses arteriais são
as mais frequentes, e resultam da presença de material ateromatoso que oclui o lúmen de um vaso.
As placas de ateroma tem tendência a formar-se nos vasos de maior calibre, em particular, em
zonas de bifurcação ou de curvatura de artérias.
As tromboses venosas constituem uma raridade no conjunto dos quadros de patologia vascular
cerebral.
As tromboses cerebrais são frequentemente precedidas por AIT (cerca de 20% dentro do mesmo
território arterial).
Embolia cerebral
Embolia cerebral define-se como todo o processo em que se verifica a oclusão arterial por um corpo
estranho (embolo) em circulação, que são libertados na corrente sanguínea e que se deslocam até
às artérias cerebrais.
Os quadros da embolia cerebral instalam-se normalmente de forma súbita. Os sintomas podem
repetir-se no tempo com agravamento e melhoria, significando isso embolização recorrente.
A formação de êmbolos está vulgarmente associada às doenças cardiovasculares, nomeadamente
devido a fibrilhação auricular e outras arritmias; enfarte do miocárdio com trombo mural; endocardite
bacteriana subaguda ou aguda; complicações de cirurgia vascular ou de próteses valvulares. Os
êmbolos poderão ter também origem em desordens sistémicas produtoras de êmbolos gasosos
(cirurgia ou traumatismo), de êmbolos gordos (fracturas de ossos) ou de êmbolos de origem
tumorais.
As embolias cerebrais são raramente precedidas por AIT mas quando existem não respeitam a
mesma árvore arterial.
Sindromes lacunares
Representam cerca de 10% de todos os AVC’s. São resultantes de enfartes por oclusão de ramos
perfurantes.
Os sindromes lacunares ocorrem geralmente em indivíduos com hipertensão arterial não controlada.
Sindromes Vasculares
A oclusão de diferentes artérias cerebrais originam sindromes vasculares (com os seus sinais
clínicos) específicos e característicos, de cada artéria cerebral envolvida (quadro 2).
Artérias
Síndromes Clínicos
Artéria Cerebral
Média
Nota: 40% dos doentes com oclusão da artéria têm, antes do AVC definitivo, ataques isquémicos
transitórios.
Artéria Basilar
Artéria Vertebrobasilar
Sinergia flexora
Sinergia extensora
Extremidade superior
• Flexão do cotovelo
• Supinação do antebraço
• Retracção/elevação da omoplata
• Extensão do cotovelo
• Pronação do antebraço
• Adução do ombro
• Protracção da omoplata
Extremidade inferior
• Flexão do joelho
• Flexão da anca
• Extensão do joelho
• Extensão da anca
Alterações da Comunicação
Os problemas da comunicação são frequentes nos indivíduos que sofreram um AVC, por obstrução
da artéria cerebral média no hemisfério esquerdo.
A afasia é uma perturbação da linguagem que resulta de uma lesão cerebral, localizada nas
estruturas que se supõe estarem envolvidas no processo da linguagem (Caldas, 1999).
Segundo Caldas (1999), existem vários quadros clínicos das afasias, pelo que se passa a classificá-
los no quadro abaixo (quadro 4):
Fluência do discurso
Compreensão
Nomeação
Repetição
Afasia de Broca
não fluente
normal
perturbado
perturbado
Afasia de Wernicke
fluente
perturbado
perturbado
perturbado
Afasia Global
não fluente
perturbado
perturbado
perturbado
Afasia de Condução
fluente
normal
perturbado
perturbado
Afasia Anómica
fluente
normal
perturbado
normal
Afasia Transcortical Motora
não fluente
normal
perturbado
normal
Afasia Transcortical Sensorial
fluente
perturbado
perturbado
normal
Afasia Transcortical Mista
não fluente
perturbado
perturbado
normal
Quadro 4 -Critérios de diagnóstico diferencial das afasias
Alterações do Comportamento
Os indivíduos com lesão no hemicorpo esquerdo e direito diferem amplamente nos seus efeitos
comportamentais.
Os indivíduos com lesão do hemicorpo direito, tem um comportamento lento, são muito cuidadosos,
incertos e inseguros, logo, ao desempenharem tarefas estes apresentam-se ansiosos e hesitantes,
exigindo frequentemente “feedback” e apoio. Eles também tendem a ser realistas na avaliação dos
próprios problemas.
A labilidade emocional, é geralmente encontrada nos casos de hemiplegia. O indivíduos apresenta
emoções instáveis, sendo capaz de inibir a expressão das emoções espontâneas, que rapidamente
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• BOBATH, Berta (1990). Hemiplegia no adulto: Avaliação e tratamento, São Paulo: Editora Manole;
• CALDAS, A. (1999). A Herança de Franz Joseph Gall: O Cérebro ao Serviço do Comportamento
Humano; Amadora: McGraw-Hill;
• CAMBIER, J. e Masson, M. (1980). Manual de Neurologia, Rio de Janeiro: Editora Masson do Brasil;
• MAUSNER & BAHN (1999). Introdução à epidemiologia (2ª Ed.). Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian;
• O’ SULLIVAN, S. (1993). Avaliação e tratamento (2ª Ed.). São Paulo: Editora Manole;
• PEDRETTI, Lorraine William (1996). Occupational Therapy: Practice Skills for Physical Dysfunction
(fourth edition). Missouri: Mosby-Year Book;
• WILLARD & SPACKMAN (1998). Terapia Ocupacional (9ª Ed.). Philadelphia: Lippincott-Raven
Publishers;