Mincha e Arvit Leis Do Luto
Mincha e Arvit Leis Do Luto
Mincha e Arvit Leis Do Luto
MINCHÁ
e A RV IT
com tradução e transliteração
COM AS LEIS
DE ASSISTÊNCIA
AOS ENFERMOS
E DO LUTO JUDAICO
Edição Especial da
Conselho Deliberativo
Presidente: Mario Black Vice-Presidente: Arthur Cogan
Secretário: Ricardo Luiz Becker
Conselheiros: Alexandre Steinberg, Arthur Aizemberg, Barbara
Regina Lerner, Bernardo Parnes, Boris Ber, Carlos Eduardo
Lerner, Célia Kochen Parnes, Clara Brenner, Clara Kochen, Dora
Lucia Brenner, David Klüger, Dora Lucia Brenner, Eduardo
Brenner, Elias Aronis, Hélio Zylberstajn, Henrique Brenner,
Henrique Kracochansky, Henrique Sznelwar, Isaias Steinberg,
Israel Schachnik, Jacque Goldfinger, Jacques Gandelman Lerner,
João Goldenstein, Jorge Feffer, José Schechtmann, Liana
Gandelman Becker, Luiz Roberto Hirschheimer, Luiz Sterman,
Majer Chil Kochen, Marco Gandelman, Matheus Ajzenberg, Mauro
Lerner Sereno, Menache Haskel, Milton Kochen, Miriam Violeta
Kochen Klüger, Olga Maktas Meiches, Oscar Windmuller, Paulo
Kauffmann, Rebeca Hirszberg Karniol, Rubin Herscovici, Simon
Abuhab, Susana Irene Steinberg, Thomas Frank Tichauer, Tobias
Szylit e Valéria Kochen Bain
Conselho Fiscal
Wolfgang Schoeps (Coordenador), Mendel Ruhman, Moshe Bain,
Gerhard I. Steinberg (Suplente) e Menache Haskel (Suplente)
ÍNDICE
Minchá e Arvit
Ashrê ............................................12 Enterro .....................................67
Shemá Yisrael ..............................15 Saída do cemitério ..................70
Amidá ...........................................20 Os 3 Períodos de Luto ............70
Alênu ............................................35 Shivá .......................................71
Ledavid Adonai ori .......................37 Cadish .....................................74
Lamenatsêach livnê côrach .........38 Quem deve recitar o Cadish .....74
Sefirat Haomer .............................39 Até quando recita-se Cadish ....76
Forma de recitar ......................77
Breve Resumo das Leis de Proibições durante a Shivá .....78
Assistência aos Enfermos Shabat dentro da Shivá ...........81
Com a alma ..................................48 Confortar os enlutados ............82
Com o corpo ................................50 Término da Shivá ....................83
Com as posses ............................52 Sheloshim ................................85
Bênção Hagomel .........................52 Avelut (12meses) ....................86
Matsevá ...................................89
Breve Resumo das lortseit ......................................90
Leis de Luto Judaicas Visitas ao cemitério .................93
Prefácio ........................................55 Cohen ......................................95
Introdução - Morte e Luto ............56 Preces Rememorativas ...........95
Sobre quem se observa o luto .....57 EI Malê Rachamim ..................96
Antes do falecimento ...................57 Yizcor .......................................97
Após o falecimento ......................58 Notícia com atraso ..................98
Preparação do corpo ...................59 Interrupção do luto ..................99
Autópsia .......................................60
Doação de órgãos .......................61 Salmos...................................102
Cremação ....................................61
Suicídio ........................................62 Preces Rememortivas
Antes do Sepultamento ...............62 Tsiduc Hadin ..........................125
Velório ..........................................63 Cadish Dehu Atid ...................127
Chegada ao Cemitério .................64 EI Male Rachamim ................128
Keriá .............................................65 Yizcor .....................................129
Cerimônia fúnebre .......................66 Cadish latome Derabanan ....130
Bibliografia
Em Português:
Em Hebraico:
5. Sefer Penê Baruch, Rabino Chayim Biniamin Goldberg, edição do
autor, 1986, Jerusalém.
6. Kitsur Shulchan Aruch, Rabino Shelomo Gantsfrid, Mossad Harav
Kuk, 1974, Jerusalém.
7. Sefer Or Meir, Rabino lehoshua Werker, in “Sidur Minchat
lerushaláyim” do Rabino Y.A. Dvorkes, 1972, Jerusalém.
8. Sefer Taamê Hamin’haguim Umecorê Hadinim, Rabino A.I.
Schperling, “Eshkol” Ltd., 1982, Jerusalém.
9. Apanhado de Leis baseado no “Sefer Yicarê Dechaie - Hilchot Bicur
Cholim”, in EI Hamecorot 3, Tenuat EI Hamecorot, 1989, Benê Berac.
10. The ArtScroll Tehilim, translated by Rabbi Hillel Danziger, Mesorah
Publications Ltd., First Edition, 1988, Brooklyn, N.Y.
Agradecimentos
Rabino Isaac Dichi
Rabino lehoshua (Schie) Pasternak
Rabino Shmul Osher Begun
Prof. Abrão Bernardo Zweiman
Ruben Paz
Vitor Fridlin
Ivo Koschland
Sheila L. Fridlin
CHAF
CHET = CH, sem distinção, devendo ser pronunciado de forma
gutural, como a palavra “carro”ou o “J” em espanhol
(exceção feita à palavra “Hazan”)
TSADIC = TS
Vogal O
Acentuação oxítona
Acentuação paroxítona
Acréscimo
Substituições
Finalização do versículo.
Compilação e edição
Jairo Fridlin
“Após o Eterno, vosso Deus, andareis” –
Pergunta o Talmud: será, porventura, possível
a qualquer pessoa andar “após” Deus?! Isto
significa, na realidade, seguir Seus atributos:
conforme Ele veste os que não têm roupa,
vós também os vestireis; conforme Ele visita e
assiste aos enfermos, vós também os visitareis
e assistireis.”
(Talmud Babilônico, Tratado de Sotá, 14)
47
É uma mitsvá visitar uma pessoa doente, seja ela parente ou
não, homem ou mulher, rica ou pobre, maior ou menor em idade,
respeito ou importância, religiosa ou não, judia ou não.
Este preceito aprendemos diretamente de Deus que, segundo
nossos Sábios, veio visitar o patriarca Abraão, quando este
convalescia de seu Berit Milá (Gênesis 15,1).
A visita a um doente deve ser feita de três formas: com a alma,
com o corpo e com as posses.
COM A ALMA
48
No Shabat/ ou no Iom Tov /, ao sair, diz-se:
1 No Talmud (Rosh Hashaná 16b) está escrito que “quatro coisas anulam a
49
Mi sheberach avotênu Avraham Yitschac veiaacov, Moshe
veaharon David ushlomó, hu ievarech virape et hacholê/feminino:
hacholá/ [...nome...] ben/feminino: batI [...nome da mãe...] baavur she
[...nome...] ben [...nome do pai...] noder tsedacá baavuro/feminino:
baavurá/. Bissechar ze hacadosh baruch hu yimale rachamim...
masculino: alav/ehachalimo ulerapoto feminino: aleha lehachalima ulerapota
ulehachazico ulehachaioto veyishlach lo ulehachazica ulehachaiota veyishlach Ia
meherá refua shelema min hashamáyim meherá refua shelema min hashamáyim
liremach evarav veshessá guidav... liremach evareha veshessá guideha...
COM O CORPO
Com o Corpo significa esforçar-se pessoalmente em atender
ao doente no tocante às necessidades de sua enfermidade,
internação, medicação, alimentação e higiene pessoal, mesmo
quando ele já estiver hospitalizado.
Familiares e amigos do doente devem aguardar 3 dias, exceto
quando houver eminente perigo de vida ou se o doente encontrar-
se sem qualquer assistência.
Se a visita vier a representar algum incômodo ao doente ou a
molestar sua saúde, não se deve entrar em seu quarto. Nesse
caso, ou quando o mesmo está numa Unidade de Tratamento
Intensivo, deve-se ir ao local onde ele se encontra e interessar-se,
50
junto a seus familiares ou responsáveis, sobre alguma forma de
prestar-lhe ajuda. Em alguns casos, doar sangue pode ser de
extrema importância, caso o doente necessite de uma transfusão.
Deve-se procurar visitar um doente nas horas em que é
possível auxiliá-Io em suas necessidades ou fazer-lhe companhia;
por outro lado, não se deve entrar abruptamente no quarto de um
doente, pois ele pode não estar em condições adequadas para
receber visitas e ficar constrangido. Da mesma forma, deve-se
evitar visitá-Io nos momentos em que recebe algum tratamento
médico ou é examinado, porque a presença do visitante poderá
vir a comprometer o andamento do mesmo, ou mesmo causar
algum constrangimento.
O visitante não deve sentar-se em um local mais alto que o
enfermo, nem atrás de sua cabeça, porque a Shechiná (Presença
Divina) paira sobre a cabeça dos enfermos.
Não se deve permanecer junto a ele tempo demasiado, se
isto não for benéfico ao doente.
No caso de duas pessoas doentes simultaneamente, deve-se
visitar aquele que necessita de ajuda. Se nenhum dos dois carece
e um é rico e o outro é pobre, deve-se visitar primeiro o pobre
pois poucos são seus visitantes; e isso, mesmo se o rico for uma
pessoa importante e erudita.
No Shabat, é permitido visitar um doente;2 não obstante, é
melhor fazer a primeira visita durante a semana, visto que a
primeira visita provoca algum sofrimento no doente, e deve-se
evitar isto no Shabat. Pelo mesmo motivo, pessoas sensíveis,
que se abalam com o sofrimento alheio, devem evitar fazer visitas
a doentes no Shabat, exceto no caso em que o doente precise
dessa pessoa.
51
Telefonar, apenas, não exime do cumprimento integral desta
Mitsvá, embora tenha seu valor enquanto preocupação com o
estado do doente.
COM AS POSSES
Com as posses significa prover ao doente, se é pobre, o
necessário para seu bem-estar material, de forma que nada lhe
falte em seu tratamento e convalescença.
Além disso, costuma-se dar caridade (Tsedacá) aos pobres
em nome do enfermo, conforme lemos no Machzor das Grandes
Festas: “O arrependimento, a oração e a caridade convertem a
má sentença”.
BÊNÇÃO HAGOMEL
Um enfermo que permaneceu pelo menos 3 dias acamado
e recuperou-se, deve dar graças a Deus e recitar, na Sinagoga,
a Bênção Hagomel, após ser chamado à Torá, na primeira
oportunidade que tiver.
e a Congregação responde:
52
BARUCH - Bendito sejas Tu, Eterno, nosso Deus, Rei do
Universo, que, apesar de não merecê-Io, me concedeste todo
o bem.
e a Congregação responde:
53
BREVE RESUMO DAS LEIS
DE LUTO JUDAICAS
Compilação e edição
Jairo Fridlin
PREFÁCIO
Este breve Resumo das leis de luto judaicas tem por finalidade
esclarecer dúvidas sobre os procedimentos rotineiros em casos
de morte e luto.
Este breve Resumo é uma compilação de leis promulgadas
pelas autoridades religiosas competentes, acrescida de alguns
comentários, observações e explicações, onde se fazia necessário.
Diferente da linguagem haláchica tradicional, este breve
Resumo foi redigido de forma direta e objetiva, um tanto quanto
didática, e baseado em dúvidas e perguntas do próprio autor e de
pessoas que a ele, inadvertidamente, apresentaram seus dilemas
e angústias.
Em vista da existência de muitos e muitos costumes no que
tange ao luto, que variam de lugar para lugar, este breve Resumo
ateve-se aos mais em voga no Brasil, e mais especificamente em
S. Paulo, dentro da comunidade originária da Europa Oriental
(Ashkenazi).
Devido ao fato de o autor não ter autoridade na área haláchica,
o presente Resumo foi entregue à apreciação de autoridades
religiosas que, após minuciosa revisão, autorizaram sua publicação.
Alguns termos hebraicos aparecem no texto para facilitar aos
leitores a consulta em outras fontes que tratam deste assunto, ou
mesmo nas relacionadas na bibliografia deste Resumo.
Queira Deus que, através da observância dos rituais fúnebres,
pontuados na honra e no respeito devidos aos seres humanos
sem vida, Ele torne realidade o versículo, que diz:
O AUTOR
55
INTRODUÇÃO
MORTE E LUTO
56
SOBRE QUEM SE OBSERVA O LUTO
ANTES DO FALECIMENTO
57
Costuma-se rezar junto ao leito para dar consolo espiritual
àquele que está prestes a partir, no caso de ainda ser capaz de
ouvir as palavras sagradas;6 ou como um “acompanhamento”
para a alma que se separa do corpo, no caso em que já tiver
perdido a consciência.
APÓS O FALECIMENTO
6 por exemplo: Shemá Yisrael, Adonai Elohênu, Adonai Echad. (“Ouve Israel!
58
Quando um falecimento ocorre numa residência, e não faz
diferença a religião do morto, costuma-se esvaziar as águas
existentes nos recipientes7 da casa onde se encontra o morto e
das duas casas vizinhas de cada um dos lados. Com isto dá-se
a saber do falecimento e da passagem pela vizinhança do “anjo
da morte” .
Em prédios de um apartamento por andar, o costume incide,
além do próprio apartamento em que está o morto, sobre os dois
apartamentos acima e os dois apartamentos abaixo. Em prédios
de dois (ou 3) apartamentos por andar, os dois (ou 3) daquele
andar, bem como os dois (ou 3) acima e os dois (ou 3) abaixo do
apartamento em que está o morto.
PREPARAÇÃO DO CORPO
59
morte, do rico e do pobre; sob a cabeça do morto, é colocado
um pouco de terra proveniente de Érets Israel; os homens são
envoltos, ainda, no talit (Tales) que os envolveu em vida, porém,
para simbolizar que não estão mais sujeitos aos preceitos deste
mundo, suas franjas (Tsitsit) são rasgadas, para invalidá-Io.
É proibido embalsamar o corpo, pois o sangue do morto faz
parte dele e deve ser enterrado com ele. Quando se faz necessário
transportar o corpo para outra localidade, a Chevra Kadisha
aplica as técnicas de conservação de cadáveres permitidas pela
tradição judaica e de acordo com a legislação brasileira.
Dentes de ouro, dentadura, lentes de contato, e próteses
podem ser retirados do corpo e não serem enterrados com ele.8
É terminantemente proibido os enlutados ou outras pessoas
que não sejam os funcionários da Chevra Kadisha verem o
falecido antes de fechar-se o caixão.
AUTÓPSIA9
O consenso das decisões rabínicas durante os últimos
séculos condenou e proibiu definitivamente a autópsia como
uma profanação dos mortos. Contudo, foram feitas concessões,
quando havia razoáveis perspectivas de que isto pudesse
contribuir a salvar a vida de um outro paciente.
Nos raros casos em que a proibição geral de autópsia é
suspensa, é de importãncia vital que guardem certas cautelas:
• o mínimo possível de tecidos necessários para o exame
deve ser usado.
• todas as partes do corpo removidas devem ser devolvidas
para serem enterradas.
• exceto quando exigido pela lei, a autópsia não deve nunca
ser feita sem a permissão expressa da família ou o consentimento
prévio feito pelo falecido, antes de sua morte.
Sendo que cada caso é diferente e as opiniões de rabinos competentes
podem divergir quanto às condições da permissão, sugere-se seguir a
orientação de seu rabino.
60
DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
CREMAÇÃO
61
se forem conservadas em uma urna, sobre a terra, ou forem
espalhadas sobre o mar, a família não deverá observar o período
de “Shivá” (sete dias de luto).
SUICÍDIO
ANTES DO SEPULTAMENTO
62
VELÓRIO
13 O costume é recitar principalmente os Salmos 33, 16, 17, 72, 91, 104, 130
63
CHEGADA AO CEMITÉRIO
64
Tal qual durante o velório, o caixão (fechado) é colocado sobre
uma mesa, com os pés voltados para a direção da porta, e velas
são acesas no castiçal.
KERIÁ
65
na ocasião, deverá fazê-Ia dentro dos 7 dias após o falecimento,
sem a bênção. Após 7 dias, não mais. Dentro dos 7 primeiros
dias, se trocar de camisa, não precisará rasgá-Ia.
Se inverteu o lado na Keriá, assim mesmo cumpriu a obrigação.
No Shabat e em Iom Tov é proibido fazer a Keriá. No Chol
hamoed (dias intermediários de Pessach e Sucot), embora não
vigorem as leis de luto, faz-se a Keriá.16
Se o falecimento ocorreu em Iom Tov, mesmo que o enterro
seja realizado no Chol hamoed, só se fará a Keriá após o término
da Festa e o início do luto.
Em crianças pequenas, o costume é rasgar-Ihes a roupa só
um pouquinho; nas maiores, que já vão à escola, procede-se
como com os adultos. Pessoas doentes e mulheres grávidas
estão dispensadas.
Uma pessoa pode trocar a roupa que estiver usando por uma
mais velha para fazer a Keriá, se quiser, desde que esta roupa
seja realmente sua.
A Keriá deve ser feita numa roupa, como blusa, camisa ou
paletó, e não num adorno, como lenço, echarpe ou gravata.
É proibido o uso de uma fita preta, bem como vestir-se com
roupas pretas, e isso, pela Lei Judaica, não substitui a Keriá.
É terminantemente proibido pela Torá flagelar-se, seja cortando
a pele, seja arrancando um único fio de cabelo.
CERIMÔNIA FÚNEBRE
no Chol hamoed, apenas para pai e mãe; para os demais parentes, a Keriá é
feita após o término da Festa.
66
É costume discursar por um falecido, com a finalidade de
mencionar as boas obras e qualidades que ele praticou e, assim,
despertar os sentimentos dos que ouvem, fazendo-Ihes recordar
o sentido da vida neste mundo transitório e suas obrigações
religiosas. Quem fizer uso da palavra no Hesped, que tem um
grande valor para a alma do falecido, deverá falar somente
verdades e mencionar exclusivamente as qualidades que o
falecido possuia, tomando o cuidado, ao mesmo tempo, de não
ferir ninguém direta ou indiretamente.
Nas sextas-feiras à tarde, na véspera de um Iom Tov, em Rosh
Chodesh e nos demais dias em que as preces de súplica não são
recitadas, não se discursa por um morto. Nesses casos, deixa-se
o discruso fúnebre para os Sheloshim.
Após esta cerimônia, os presentes (de preferência familiares),17
devem pegar as alças do caixão e carregarem-no para fora do
recinto, os pés do morto na frente, e só então as demais pessoas
saem e seguem o féretro.
No caminho, costuma-se recitar o Salmo 91 repetidamente até
chegar-se à cova; é costume fazer 7 paradas no percurso, em
alusão aos 7 juízos que recaem sobre o morto e aos 7 degraus
místicos.
Se possível, deve-se evitar pisar nos túmulos em respeito aos
mortos que lá jazem.
ENTERRO
17 Um filho homem não deve carregar o caixão de seu pai, mas pode carregar
o de sua mãe.
67
O motivo pelo qual enterramos um corpo sem vida é porque
o corpo de uma pessoa constitui a morada de uma alma neste
mundo, mesmo que transitoriamente; do mesmo modo que é triste
para uma pessoa ver a casa na qual ela habitou destruída, assim o
é para a alma ver desprezado o “lugar” em que a mesma habitou.
Sendo a alma uma centelha divina, o corpo que a abrigou tem
também uma certa santidade e, por isso, ele deve ser “guardado”
com santidade.
Este ato consiste também numa confirmação da nossa crença
na ressurreição dos mortos e no mundo vindouro.
No Shabat, é proibido sepultar um morto. No Iom Tov,
originalmente era permitido no 2º dia, porém, nas condições
atuais, em que é impossível realizar um enterro sem causar a
profanação das leis do Iom Tov (por exemplo: andar de carro) é
proibido realizar enterros nos dias de Festa (Iom Tov) para evitar,
assim, uma desonra ao falecido.
Chegando a cova recém-aberta, os amigos e parentes devem
baixar o caixão suavemente.
68
conformamos com a sentença de Deus a respeito do parente que
faleceu. O texto inicia-se com as palavras Hatsur Tamim Paolo (“As
obras da Rocha de Israel são perfeitas, porque todos seus caminhos
são justiça; Deus fiel e sem iniqüidade, justo e reto é Ele.”) e, em
seguida, estando a sepultura completamente coberta de terra, os
enlutados18 dizem o Cadish especial, denominado Dehu Atid, caso
hajam 10 judeus maiores de 13 anos em volta da sepultura.
Nas sextas-feiras à tarde, na véspera de Iom Tov, em Rosh
Chodesh e nos demais dias em que as preces de súplica não
são recitadas, não se diz o Tsiduc Hadin e o Cadish Dehu Atid;
no lugar disso, recita-se o Salmo 49 (Lamnatsêach) e o Cadish
latom normal.
A seguir, o oficiante recita a prece rememorativa EI Malê
Rachamim (“Ó Deus, que é pleno em misericórdia...”), exceto nos
dias em que as súplicas não são recitadas (vide observação 52).
O oficiante, em seu nome e em nome da Chevra Kadisha,
pede ao morto perdão por alguma falha que tenham, porventura,
cometido durante os rituais fúnebres, e encerra a cerimônia
consolando os enlutados e informando o local em que se fará
realizar a Shivá.
Terminado o enterro, o costume judaico é que os presentes
formam duas colunas e os enlutados tiram os sapatos e passam
no meio deste corredor e são consolados. Depois, são levados
para casa.
As pessoas, antes de se afastarem, devem colocar uma
pedrinha ou um punhado de terra sobre a sepultura e despedir-se
do morto (a) com a seguinte frase:
69
LECH (I)- Parte em paz, descansa em paz e levanta-te ao
fim dos dIas.
SAÍDA DA CEMITÉRIO
OS 3 PERÍODOS DE LUTO
70
SHIVÁ
o luto terá início para os familiares que estão no Brasil, às 10 horas, horário do
Brasil. Atenção com horários de verão e inverno.
22 Mesmo que, à noite, cada enlutado seja acompanhado até sua casa e seja
71
Água e paninho: Costuma-se colocar sobre a mesa, ao lado
da chama, um pires (ou copo) com água, e ao lado deste um
pedaço do tecido da mortalha do falecido a fim de, segundo a
Cabalá, despertar o atributo Divino da benevolência (ao qual a
água está ligada) sobre a alma do falecido, em alusão ao versículo
bíblico que diz: “Mesmo que vossos pecados sejam escarlates,
ficarão brancos como a neve”.
72
pela alma do falecido, tanto as rezas em si como capítulos dos
Salmos.
A prática contemporânea de servir cafézinho e bolo após os
ofícios religiosos, embora facultativa, visa proporcionar elevação à
alma do falecido, através das respectivas bênçãos pronunciadas
pelos alimentos, antes de ingerí-Ios.
Se não houver condições de realizar as rezas na casa do
enlutado, ele pode ir à Sinagoga, a fim de recitar o Cadish e, em
seguida, voltar para casa, mas acompanhado na ida e na volta
(vide página 78 sobre a a proibição de calçar sapatos de couro).
73
CADISH
74
Se a pessoa que faleceu não deixou filhos homens vivos,
caberá aos filhos dos seus filhos (ou demais netos, desde que
órfãos) rezarem o Cadish por ela; na ausência destes, ou se
forem ainda crianças, o dever recairá sobre seu pai; na ausência
destes, os irmãos do falecido rezarão por ela.
Não havendo nenhum desses parentes, o marido ou um
genro poderão recitar o Cadish, desde que os pais destes sejam
falecidos. Do contrário, deve-se contratar os serviços de uma
pessoa religiosa para recitar o Cadish.
Este recurso só é válido nesse caso. Quando há um filho,
porém, o próprio mérito que é atribuído ao falecido pelo dever
cumprido pelos sobreviventes, lhe é negado quando se contrata
uma pessoa estranha como substituto. É mais meritório e melhor
um filho recitar o Cadish apenas uma vez por dia do que um
estranho dizê-Io cem vezes num dia!
Uma filha não tem essa obrigação, e nem pode recitar o
Cadish, mas pode levantar-se na hora que o estão recitando,
ouví-Io atentamente e responder Amen e lehê Shemê Rabá
etc. na certeza de que, Aquele que esquadrinha e conhece os
pensamentos, considerará como se ela o estivesse recitando.
EXEMPLOS:
Isaac
75
• Se Isaac morrer, a obrigação de recitar o Cadish recairá prioritaria
e exclusivamente sobre:
1 - Moisés e David
2 - Natan e Mendel (se Moisés e David forem falecidos)
3 - Dan (se Rebeca for falecida)
4 - Marido de Rebeca (se for órfão)
• Se Rebeca morrer, a obrigação de recitar o Cadish recairá prioritaria
e exclusivamente sobre:
1 - Dan
2 - Joel (se Dan for falecido)
3 - Moisés e David
4 - Marido de Rebeca (se for órfão)
• Se Moisés morrer, a obrigação de recitar o Cadish recairá prioritaria
e exclusivamente sobre:
1 - Natan e Mendel
2 - Jayme (se Mendel e Natan forem falecidos)
3 - Isaac (se Jayme for criança)
4 - David
• Se David morrer, a obrigação de recitar o Cadish recairá prioritaria
e exclusivamente sobre:
1 - José (se Rachel for falecida)
2 - Isaac (se José for criança)
3 - Moisés
4 - Marido de Rachel (se for órfão)
• Se Rachel morrer, a obrigação de recitar o Cadish recairá prioritaria
e exclusivamente sobre:
1 - José
2 - David (se José for criança)
3 - Marido de Rachel (se for órfão)
76
se o ano em curso for de 13 meses,27 até o oficio da tarde do dia
6 de Kislev (mês anterior a Tevêt).
FORMA DE RECITAR
77
Durante os 11 meses, é costume o enlutado, se souber e
estiver apto, oficiar as rezas na Sinagoga; se não todas, pelo
menos a da noite; mas é costume que ele não oficie as rezas no
Shabat e no Iom Tov.
“A maneira mais importante de ganhar a Graça Divina, para os
pais falecidos, e pela qual se honra a sua memória, é o modo de
vida seguido pelos filhos - de retidão e praticando boas ações, e
pela sua devoção aos caminhos de Deus. Na avaliação da vida
dos pais, considera-se a influência que exerceram sobre os filhos.
Em última análise, portanto, é a vida dos filhos que determina o
valor dos anos que os pais passaram na terra.” 28
“Com a observância do Cadish, ocorre freqüentemente o
retorno parcial, e ocasionalmente total, ao Judaísmo. Quando
menos, o costume traz a pessoa enlutada de volta à sinagoga,
fazendo reviver nela a familiaridade com o hebraico e a liturgia, e
permitindo-lhe reservar diariamente uma pequena porção de seu
tempo para a meditação. A insinuação de que o Cadish transforma
nossa fé numa “religião dos mortos” é infundada; pelo contrário: se
os mortos, com a sua morte, contribuem, de qualquer maneira, para
restaurar a fé entre os vivos, então eles não terão morrido em vão.
A ida diária à Sinagoga para dizer o Cadish é um dos atos mais
misericordiosos e mais valiosos que os vivos podem praticar.” 29
78
Trabalho - Os enlutados não podem trabalhar, sejam eles
autônomos ou empregados. Um Rabino deve ser consultado para
as excessões, pois existem atenuantes para certos casos.
Banho - Não se pode tomar banho ou chuveiro, mesmo com água
fria, por prazer, exceto em caso de grande desconforto. Lavar-se
por motivos de higiene é permitido, mas só com água fria.
Cremes - É proibido passar cremes ou cosméticos em geral no
corpo. Cremes ou pomadas, por motivos de saúde, é permitido.
Relação Conjugal - As relações conjugais são proibidas.
Roupas - Não é permitido lavar e passar roupas, bem como usar
roupa nova ou recém-lavada e passada, nem trocar os lençóis;
porém, se a que estiver usando ficar suja, poderá trocá-Ia.32 Limpar
a casa, lavar os pratos e talheres e cozinhar é permitido.
Cumprimentar - Os enlutados não devem cumprimentar ninguém
usando a expressão “Shalom”, mas podem dizer “Bom Dia”, “Boa
Tarde” ou “Boa Noite”, ou mesmo desejar “Refuá Shelemá” a um
doente, ou “MazaI Tov” a um amigo, por ocasião de alguma alegria
na família deste, ou mesmo trocar um aperto de mãos.
Presentear - Os enlutados não devem enviar presentes, nem
deve-se enviar a eles presentes durante este período; em Purim, os
enlutados podem enviar mishloach manot, mas apenas para uma
pessoa, pois trata-se de cumprir uma mitsvá (preceito religioso).
Torá - O estudo da Torá alegra o coração, sendo, portanto,
proibido, exceto os livros que tratam das leis de luto ou os livros
de Jó, Lamentações (Echá) e partes de Jeremias, que falam de
aflição e angústia. Outras leituras são desaconselháveis, pois
desviam a atenção do luto.
Tefilin - Os enlutados estão proibidos de colocar os Tefilin no
primeiro dia de luto; não obstante, se o sepultamento ocorrer no
dia posterior ao do falecimento, é recomendável colocá-Ios depois
do enterro, mas com total discrição e sem as devidas bênçãos.
O Talit é usado normalmente.
79
Alegria - Participar de qualquer festa, alegria ou entretenimento,
como ouvir música ou assistir televisão, é proibido. Um enlutado
sequer deverá segurar uma criança no colo, pois espontaneamente
irá brincar com ela.
Um enlutado deve realizar o Berit Milá (circuncisão, “Bris”) de
seu filho,33 mesmo fora de casa, porém a refeição que se sucede
deverá ser feita em casa. O mesmo se aplica ao Pidion Haben
(resgate do primogênito) 34 e ao Bar Mitsvá (quando o jovem de
13 anos é chamado à Torá pela 1a vez na Sinagoga, normalmente
às 2as e 5as feiras).
Os enlutados não podem casar-se, mesmo quando a data
já estava marcada.35 Se um dos pais dos noivos estiver de luto,
poderá participar da cerimônia, para não magoar aos noivos com
sua ausência, porém deverá retirar-se na hora das músicas e não
provar da comida.
Realizar um compromisso de noivado (sem festa) é
permitido.
80
SHABAT DENTRO DA SHIVÁ36
de Pessach e Sucot (Chol Hamoed), e o luto (em seus aspectos públicos) não
vigora, porém os intimos sim.
81
CONFORTAR OS ENLUTADOS40
(Que o vosso consolo venha do céu) e Lo tossífu ledaava od (Que vocês não
tenham mais tristezas). Os enlutados devem responder AMEN.
43 É discutível a validade de consolar os enlutados pelo telefone.
82
TÉRMINO DA SHIVÁ
LO IAVÔ - Não mais se porá o teu sol, nem a tua lua minguará,
porque o Eterno será a tua luz perpétua, e os dias do teu luto
acabarão. Como aquele que é consolado por sua mãe, assim Eu
vos consolarei, e em Jerusalém vós sereis consolados.
83
Essa pessoa (um homem para os enlutados e uma mulher
para as enlutadas) pede aos enlutados que se levantem, estende
para eles suas duas mãos e levanta-os do chão, e assim é dada
por encerrada a Shivá.
Se não estiverem realizando as rezas na casa dos enlutados,
estes deverão “levantar” da Shivá no horário em que, normalmente,
terminam as rezas da manhã nas Sinagogas (o que, nos dias úteis,
acontece às 7h30).
Em algumas comunidades, é costume que os enlutados, após
calçarem seus sapatos normais e trocarem a roupa rasgada,
saiam de casa para dar um passeio pela rua (alguns dão a volta
no quarteirão), com a finalidade de “acompanhar a alma” que
agora deixa a casa na qual realizou-se a Shivá. Nessa ocasião,
despeja-se a água do copo no meio fio e guarda-se o paninho para
a cerimônia de Sheloshim e deixa-se a vela esvair-se por si só.
Em outras comunidades, dependendo do estado físico e
moral dos enlutados, costuma-se visitar o túmulo neste dia (se
for Shabat, então no domingo) e rezar pela alma do falecido os
Salmos 33, 16, 17, 72, 91, 104, 130 e as estrofes alfabéticas do 119
que compõem a palavra Neshamá (alma) e o nome do falecido;
os enlutados (ou um dos presentes) recita o Cadish-Iatom, se
houver 10 pessoas próximas à sepultura (caso contrário, o Cadish
não é recitado) e a prece rememorativa EI Male Rachamim.
A pessoa que, por qualquer motivo (exceto doença) não
cumpriu nenhuma das observâncias da Shivá durante os sete
primeiros dias, deverá compensá-Ia por 7 dias dentro dos
primeiros trinta dias. A Keriá, porém, só deverá ser feita por seus
pais. Mas se cumpriu alguma das observâncias da Shivá, mesmo
que não durante os 7 dias, ou mesmo apenas no 7º dia, cumpriu
sua obrigação e não precisa compensá-Ia.
A pessoa que tomou conhecimento do falecimento de um
parente mas estava acamada durante os 7 dias da Shivá não
precisa compensá-Ia depois de sua recuperação, visto que alguns
dos procedimentos da Shivá foram deveras cumpridos.
Após 30 dias do falecimento, se não cumpriu a observância da Shivá,
deverá guardar a Shivá por uma hora, ao ouvir a notícia. Se estava
compensando a Shivá e chegou o 30º dia, deverá interropê-la.
84
SHELOSHIM
86
falecimento (e não do enterro). Entretanto, se o enterro aconteceu
dois ou mais dias após o falecimento, a Avelut só será encerrada
no aniversário do enterro; nos anos seguintes, a data a ser
rememorada será a do falecimento.
Exemplos: se uma pessoa faleceu no dia 7 do mês hebraico
de Shevat e for enterrada no dia seguinte, o período de doze
meses encerrar-se-á ao entardecer do dia 7 de Shevat do ano
seguinte. Porém, se o ano em curso foi de 13 meses, a Avelut será
encerrada no dia 7 de Tevet (mês anterior), quando completa-se
um período de 12 meses (embora não coincida com o aniversáro
da morte).
Neste período, algumas poucas proibições permanecem:
Cabelos - Os enlutados, tanto homens como mulheres, poderão
cortar o cabelo logo no 31º dia após o enterro, desde que seus
amigos venham e advirtam-nos (Gueará) sobre a conveniência
de cortarem seus cabelos. Se os amigos não os advertirem,
eles poderão cortá-Ios somente ao se passarem 3 meses. As
unhas podem ser aparadas mesmo no 30º dia. A barba - mesmo
se os amigos não o advertirem, poderá cortá-Ia46 alguns dias
após o 30º dia.
Roupas Novas - Não é permitido comprar e usar roupas novas
(exceto roupas de baixo). Utensílios domésticos e móveis é
permitido.
Alegria - Participar de qualquer festa, alegria ou entretenimento,
como ouvir música, assistir televisão ou ir ao teatro ou cinema,
é proibido.
Casar é permitido, mesmo se ainda não havia marcado a
data.
Participar de cerimônias de Berit Milá (circuncisão), Pidion
Haben (resgate do primogênito) ou Bar-Mitsvá (quando o
jovem de 13 anos é chamado à Torá pela 1a vez na Sinagoga,
87
normalmente às 2 as e 5 as feiras), assim como de reuniões
comerciais ou de assuntos referentes à comunidade, é permitido;
quanto a participar da refeição que as sucede, as opiniões
divergem e convém consultar uma autoridade religiosa.
Se um dos pais dos noivos estiver de luto, poderá participar
da cerimônia de casamento e do jantar que se sucede, para não
magoar aos noivos com sua ausência, mas desde que ajude
servindo os convidados e retire-se na hora das músicas.
Viajar - Viajar a passeio ou turismo é desaconselhável; a negócios,
mesmo para o exterior, é permitido.
Presentear - Os enlutados não devem enviar presentes, nem se
deve enviar a eles presentes durante este período; em Purim, os
enlutados podem enviar mishlôach manot, mas apenas para uma
pessoa, pois trata-se de cumprir uma mitsvá (preceito religioso).
É costume, nesse período, que os enlutados não se sentem
nos seus locais habituais na Sinagoga.
O preceito de confortar os enlutados pelo falecimento de seus
pais vigora nesse período também.
Ao mencionar o nome de seus pais falecidos nesse período,
é costume acrescentar a expressão: Arêni caparat mishcavô/
feminino: mishcavá/ (“Que eu seja a expiação pelos seus atos”).
Após os 12 meses, a expressão usada é Zichronô / feminino:
Zichroná/Livrachá (“De abençoada memória” - Z”L - ).
Costuma-se chamar o enlutado, na Sinagoga, como Maftir,47
durante os 12 meses, e os enlutados costumam doar livros à
Sinagoga, nesse período, escrevendo neles o nome do falecido,
para que a alma deste beneficie-se do estudo ou da oração que
emanarem desses livros.
Costuma-se visitar o túmulo no dia em que se completam os
12 meses; se for Shabat, pode-se visitá-Io na sexta-feira ou no
domingo.
Terminados os doze meses, é proibido continuar as práticas ou
abstenções que manifestem a continuação do luto. O Judaísmo é
88
rigoroso ao restringir o luto a determinados períodos e às praxes
costumeiras. O pesar excessivo é considerado como falta de
confiança em Deus. Considera-se natural e desejável que, com
o tempo, se desfaça a mágoa causada pela morte.
Embora ninguém continue sendo o mesmo depois de um
transe desses, espera-se que, uma vez cessado o luto, seja
retomado o curso normal da vida, abolindo, em pról da própria
vida, todos os resquícios de pesar.
A marca permanece, mas a vida retoma o seu curso.
MATSEVÁ
89
É mais adequado usar na lápide letras gravadas na pedra em
baixo-relevo, e não em alto-relevo.
É importante distinguir entre a necessidade de se colocar uma
pedra tumular, que é um costume antigo e consagrado, e entre
o descerramento da lápide, que é acompanhado por um serviço
ritual especial. O ritual do descerramento (ou “descoberta”),
embora também muito difundido atualmente,48 não tem base
na lei Judaica e é uma inovação contemporânea. Ainda que
proporcione mais uma oportunidade para render-se homenagem
a uma pessoa digna, nenhuma família precisa sentir-se obrigada
pela religião a organizar uma cerimônia formal de descerramento.
É suficiente colocá-Ia adequadamente e visitar o túmulo em
caráter particular.
IORTSEIT
A data do falecimento dos pais é rememorada anualmente através
de algumas práticas religiosas; esta data representa para a alma a
possibilidade de ascensão nos “degraus” da santidade espiritual, e
é observada com carinho e respeito pelos filhos dos falecidos.
No primeiro ano, o lortseit coincide com o dia do término do
período de 12 meses (exceto em anos de 13 meses), isto é, se
o enterro ocorreu dois ou mais dias após o dia do falecimento, o
primeiro lortseit acontecerá no primeiro aniversário do enterro
(quando encerra-se o período de 12 meses); nos anos seguintes,
a data a ser rememorada será a do falecimento.
Por exemplo: se uma pessoa faleceu no dia 7 do mês hebraico
de Shevat (sexta-feira) e foi enterrada no dia 9 (domingo), o
primeiro lortseit acontecerá no dia 9 de Shevat do ano seguinte,
junto com o término do período de 12 meses; nos anos seguintes,
o lortseit acontecerá no dia 7 de Shevat (data do falecimento).
Porém, se o ano em curso for de 13 meses, o lortseit acontecerá
48 Nessa cerimônia recita-se os Salmos 33, 16, 17, 72, 91, 104, 130 e as
estrofes alfabéticas de 119 que compõem a palavra Neshamá (alma) e o nome do
falecido; os enlutados (ou um dos presentes) recita o Cadish-Iatom, se houver 10
pessoas próximas à sepultura (caso contrário, o Cadish não é recitado), e a prece
rememorativa EI Malê Rachamim (“Ó Deus, que é pleno em misericórdia...”).
90
no dia 7 de Shevat do ano seguinte (data do falecimento), embora
o período de 12 meses tenha encerrado-se no dia 7 de Tevet (mês
anterior a Shevat).
Nesse dia, os filhos devem recitar o Cadish no ofício noturno
da véspera e nos ofícios da manhã e da tarde daquele dia. Sempre
que possível, devem eles mesmos conduzir os serviços religiosos
e devem procurar ser chamados à Torá para uma “aliyá”, ou no
próprio dia ou no Shabat anterior ou em ambos.
É costume acender na véspera uma vela ou uma lamparina
de azeite (ou mesmo uma “vela elétrica”) 49 que fique acesa por
24 horas, em memória do falecido, baseado no versículo “A alma
do homem é a lâmpada do Eterno”. A chama deve apagar-se
sozinha, mesmo passadas as 24 horas.
Este dia é especialmente indicado para boas ações, atos de
solidariedade humana e contribuições à caridade, em intenção
da alma do falecido.
Costuma-se visitar o túmulo no dia do lortseit e recitar os
Salmos 33, 16, 17, 72, 91, 104, 130 e as estrofes alfabéticas
do 119 que compõem a palavra Neshamá (alma) e o nome do
falecido; se houver 10 pessoas próximas ao túmulo, recita-se o
Cadish-Iatom (caso contrário, não), e a prece rememorativa EI
Malê Rachamim (“Ó Deus, que é pleno em misericórdia...”).
Outro costume nesse dia é jejuar, exceto nos dias em que as
preces de súplicas (Tachanun) não são recitadas.50
Algumas pessoas, quando vão visitar o túmulo dos pais no dia
do lortseit, não visitam nenhum outro túmulo.
Se a data do falecimento é ignorada, deve-se escolher uma
data qualquer e fixá-Ia anualmente como o dia do lortseit.
Uma pessoa que esqueceu de recitar o Cadish no dia do
lortseit, deverá compensar recitando-o em outro dia qualquer.
Nesse dia, desde o entardecer da véspera do lortseit pelos
pais, um filho não deverá participar de festas, especialmente de
casamentos, até o entardecer.
91
Alguns casos interessantes:
• O lortseit de uma pessoa que faleceu no mês de Adar de um
ano normal de 12 meses será, num ano de 13 meses, no 2º Adar;
• O Iortseit de uma pessoa que faleceu no mês de Adar de
um ano de 13 meses será:
A) num ano de 12 meses será sempre no próprio Adar (só tem
um);
B) num ano de 13 meses será no Adar correspondente ao do
ano do falecimento (se faleceu no 1º, o lortseit será no 1º; se
faleceu no 2º, no 2º).
• O lortseit de uma pessoa que faleceu no primeiro dia de
Rosh Chodesh Kislev ou Tevet 51 será sempre de acordo com o
primeiro lortseit após o falecimento; ou seja:
A) se no ano seguinte ao falecimento, o mês anterior a Kislev
(ou Tevet), que é Cheshvan (ou Kislev), for de 29 dias, o lortseit
será no dia 29 de Cheshvan (ou 29 de Kislev), mesmo nos anos
em que Cheshvan (ou Kislev) tenha 30 dias.
B) Se no ano seguinte ao falecimento o mês de Cheshvan
(ou Kislev) for de 30 dias, o lortseit será no 30º dia (1º dia do
Rosh Chodesh), e nos anos seguintes sempre no Rosh Chodesh
(mesmo que seja de apenas 1 dia).
• O lortseit de uma pessoa que faleceu no Rosh Chodesh
Kislev (1º de Kislev) será sempre no Rosh Chodesh Kislev, e
mesmo se Cheshvan (mês anterior) tiver 30 dias, o lortseit será
no 2º dia de Rosh Chodesh (1º de Kislev).
• O mesmo se aplica ao Rosh Chodesh Tevet; neste caso
deve-se usar o dia do mês como critério, e não o dia de Chanucá
correspondente, pois este pode variar quando o Rosh Chodesh
for de 2 dias.
• O lortseit de uma pessoa que faleceu no 1º dia do Rosh
92
Chodesh do segundo Adar (ou seja, no 30º dia do primeiro Adar)
será, num ano de 12 meses, no 1º dia do Rosh Chodesh Adar
(ou seja, no 30º dia do mês de Shevat).
VISITAS AO CEMITÉRIO
93
falecido. Se houver 10 pessoas próximas ao túmulo, recita-se
o Cadish (caso çontrário, não) e a prece rememorativa EI Malê
Rachamim (“Ó Deus, que é pleno em misericórdia...”).
Ao visitar-se um túmulo, nas outras ocasiões, costuma-se
colocar (e não apoiar) a mão esquerda (e não a direita) sobre a
lápide e dizer:
94
COHEN
PRECES REMEMORATIVAS
95
Quando oramos, devemos pedir piedade a Deus pelos mortos,
para que tenham expiação (Capará) e perdão, e também pelos
vivos, a fim de que, pelo mérito dos mortos, Ele nos conceda
misericórdia, paz e bem-estar.
Segundo a Tradição, esta reza é bem recebida por Deus, em
favor dos vivos e dos mortos, quando acompanhada pela caridade
praticada naqueles dias.
Por este motivo, o próprio texto das preces já preconiza
que será destinado um donativo à caridade em nome da alma
rememorada (“... porquanto comprometo-me... doar caridade em
seu favor...”).
Segundo a Cabalá, quando se rememora um falecido, a alma
deste desce do lugar de repouso e não volta até que se tenha
pago o donativo feito em seu nome. Por isso, deve-se saldar esse
compromisso logo no dia seguinte, sem nenhuma demora.
São duas as preces rememorativas: EI Malê Rachamim e
Yizcor.
Nessas preces, intercala-se o nome hebraico do falecido/a
e sua filiação paterna (os sefaradim usam a filiação materna na
“Hashcavá”), e elas devem ser recitadas em hebraico.
Embora o ideal seja recitá-Ias na presença de 10 pessoas, é
permitido recitá-Ias individualmente.
Um marido pode rezá-Ias por sua esposa falecida mesmo
depois de casado novamente. Pode-se rezá-Ias também por um
suicida.
EL MALÊ RACHAMIM
96
YIZCOR
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NOTÍCIA COM ATRASO
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morreu; deve-se fazer a pessoa entender indiretamente que ele
não mais se encontra entre os vivos.
Não obstante, deve-se procurar uma forma de fazer chegar
esta notícia ao conhecimento dos filhos homens do falecido para
que possam recitar o Cadish em intenção da sua alma.
INTERRUPÇÃO DO LUTO
Shavuót e no 9º dia de Sucót, eles são contados como o 1º dia da Shivá, restando
outros 6 para encerrá-Ia.
99
À exceção do luto pelos pais, o mesmo sucederá com o
período de Sheloshim (trinta dias). Uma pessoa que “Ievantou-
se” da Shivá no 7º dia e entrou, portanto nos Sheloshim - se
naquele dia, ao entardecer, for Iom Tov, as observâncias dos
Sheloshim serão interrompidas (mesmo faltando 23 dias) e o
enlutado poderá cortar o cabelo, aparar as unhas e barbear-se
alguns minutos antes do Iom Tov.
Em caso de luto dos pais, é sempre necessário contar
efetivamente 30 dias para o término dos Sheloshim em
qualquer hipótese.
A seguir, o detalhamento, caso a caso, de como as Festas
interrompem e reduzem o período de Shivá e Sheloshim,
quando cumpriu-se, por apenas alguns minutos, pelo menos uma
das observâncias da Shivá:
Pessach - Os poucos minutos (ou dias) cumpridos valerão
por 7 dias; com mais 8 dias de Pessach (= 15); restarão 15 dias
após o Pessach para completar os Sheloshim. *
Se já havia terminado a Shivá, os Sheloshim estarão
encerrados logo após o meio-dia, e deverá cortar o cabelo e
barbear-se mesmo antes do meio dia. *
Shavuót - Os poucos minutos (ou dias) cumpridos valerão por
7 dias; os 2 dias da Festa valerão por 8 dias (= 15); restarão 15
dias após Shavuót para completar os Sheloshim. *
Se já havia terminado a Shivá, os Sheloshim estarão
encerrados alguns minutos antes da entrada do Iom Tov. *
Rosh Hashaná - Os poucos minutos (ou dias) cumpridos
valerão por 7 dias; depois dos 2 dias de Rosh Hashaná, deverá
cumprir as observâncias de Sheloshim por 7 dias, até algumas
horas antes da entrada do Iom Kipúr, quando poderá cortar o
cabelo e barbear-se,* pois os Sheloshim estarão encerrados.
Se já havia terminado a Shivá, os Sheloshim estarão
encerrados alguns minutos antes da entrada do Iom Tov. *
100
Iom Kipur - Os poucos minutos (ou dias) cumpridos valerão
por 7 dias; depois do Iom Kipúr, cumprirá as observâncias de
Sheloshim por 4 dias, até alguns minutos antes da entrada do
Iom Tov *, pois os Sheloshim estarão encerrados.
Se já havia terminado a Shivá, os Sheloshim estarão
encerrados algumas horas antes da entrada do Iom Kipúr,
quando poderá cortar o cabelo e barbear-se. *
Sucót - Os poucos minutos (ou dias) cumpridos valerão por 7
dias; com mais 7 dias de Sucót (= 14); com mais 7 dias de Shemini
Atséret (= 21); e com mais 1 dia de Simchat Torá (= 22), restarão
8 dias para completar os Sheloshim. *
Se já havia terminado a Shivá, os Sheloshim estarão
encerrados alguns minutos antes da entrada do Iom Tov. *
101
ANOTAÇÕES
PUBLICAÇÕES DA EDITORA SÊFER
Organização,
compilação e edição: Jairo Fridlin
Digitação eletrônica: Edith N. Wertzner
Eliana Merlino
Impressão a laser: Tom Artes Gráficas
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Fotolitos : Nório Suzuki
LCT
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