Bovinocultura de Corte

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BOVINOCULTURA DE CORTE

1 Definição:
Está dividida em duas linhas, podendo ser executadas juntas ou não. Uma é a
criação de gado comercial e a outra de gado elite, sendo que a primeira tem com
principal objetivo a produção de carne bovina de qualidade para a alimentação humana,
além de fornecer matéria-prima para a indústria farmacêutica, de cosmético, de
calçado, de roupas, de rações, entre outras. Já a criação de gado elite tem como foco
central à produção de matrizes e reprodutores para a criação de gado comercial e elite.

2 Fases da pecuária de corte


- Cria: compreende o período de cobertura até a desmama;
- Recria: compreende a período entre o desmama até a fase de terminação;
- Engorda: última fase, pode ser feita a pasto ou no confinamento.

3 Manejo de Bovinos de Corte


A separação dos animais por categorias, isso é, por sexo, idade, tipo e função na
propriedade. As categorias animais mais comuns são:

• Vacas solteiras;
• Vacas amojadas;
• Vacas descarte;
• Vacas com cria;
• Bezerros mamando;
• Bezerros desmamados;
• Novilhas;
• Novilhas em reprodução;
• Primíparas;
• Garotes;
• Touros e Rufiões;
• Aleijados e Guaxos;

3.1 Identificação

Deve ser feita a identificação dos animais (a fogo, tatuagem, brincos, correntes,
nitrogênio líquido, eletronicamente ou outro método qualquer) para que se possa ter
controle de repetições de cio, data da prenhez, provável data do parto, observações
quando da Inseminação Artificial, etc., tudo muito bem anotado em fichas. Constituem
excelente instrumento de seleção, pois através delas identificaremos os animais
produtivos e improdutivos.
3.2 Vacas Amojadas

As vacas "amojadas" (próximas ao parto) deverão ficar em piquetes


denominados maternidade com a finalidade de proporcionar assistência adequada tanto
às fêmeas quanto aos bezerros, quando da parição, até que estes estejam em perfeitas
condições (sadio e forte). O estado nutricional da vaca no terço final da gestação é de
suma importância, pois desta condição, vai depender um parto de forma sadia e fácil,
com bastante leite ao bezerro, e uma rápida recuperação uterina, reduzindo,
conseqüentemente o tempo de retorno ao primeiro cio fértil no pós-parto. A reposição
da condição corporal de animais mal nutridos, por ocasião do parto, além de ser
onerosa, aumenta o intervalo entre partos, diminuindo a taxa de prenhes do rebanho.
Assim que nasce o bezerro deve-se observar se ele mama o colostro da vaca nas
primeiras 6 horas de vida, pois este colostro e essencial para a vida futura do animal,
caso isso não ocorra ou pela vaca ter o teto grande ou pelo bezerro ser muito fraco deve-
se conter a vaca e ajudar a beber o colostro. Vacas com tetos grandes devem ser
descartadas do plantel.

3.3 Tipos de Desmana

3.3.1 Desmama precoce (90 - 120 dias)

Essa prática é recomendada para períodos de escassez de forragem. Sua finalidade é


reduzir o estresse da amamentação e os requerimentos nutricionais da fêmea
(principalmente de novilhas), permitindo que estas recuperem seu estado corporal e
manifestem o cio. Entretanto, é necessário que esta prática ocorra dentro da estação de
monta, possibilitando a reconcepção imediata. Assim sendo, para a estação de monta de
novembro a janeiro, ocorreriam duas desmamas: em novembro e em janeiro. Apesar da
reduzida influência do leite sobre o ganho de peso de bezerros, após o terceiro mês de
lactação, quando estes já estão pastando e ruminando consideravelmente, a desmama
precoce pode prejudicar o desenvolvimento da cria e até causar mortes. Para que não
ocorram problemas dessa natureza, a EMBRAPA -Gado de Corte recomenda:

• desmama de bezerros com peso superior a 90 Kg;


• desmama em época adequada (para o Brasil Central: novembro a janeiro);
• pastos diferenciados (com alto valor nutritivo, pequeno porte e alta densidade);
• suplementação com ração concentrada até 5 - 6 meses de idade;
• uso de "creep-feeding" na fase pré-desmama.

3. 3.2 Desmama temporária ou interrompida

A remoção temporária do bezerro é uma técnica de fácil adoção e empregada


para se melhorar a fertilidade de rebanhos de corte. Consiste em separar o bezerro da
vaca, por um período de 48 a 72 horas, a partir de 40 dias após o parto. O efeito da
interrupção temporária da amamentação promove o aparecimento do cio, podendo
aumentar a taxa de concepção das vacas em até 30%. Entretanto, sua eficácia dependerá
da condição corporal da fêmea, por ocasião de sua utilização. Seu maior efeito existe
quando a condição corporal é regular, com fêmeas em regime de ganho de peso.
3.3.3.Desmama Tradicional

Em gado de corte deve ser feito entre 6 e 8 meses. Em ocasiões muito especiais,
este pode ser feito mais tardiamente ou antecipado (aconselhável com o uso de
suplementação alimentar ao bezerro), sem causar prejuízo ao seu desenvolvimento. A
idade de desmama vai depender, portanto, da disponibilidade de forragens e
suplementação e da condição corporal da vaca. O início da lactação (onde há maior
exigência nutricional) deve coincidir com épocas de pastagens de boa qualidade. A
desmama deve acontecer no início do período seco, onde ocorre a redução das
exigências nutricionais das vacas. Quando do desmame, devemos fazer uma avaliação
das vacas no sentido de descartar aquelas que desmamaram os bezerros mais leves e que
estão vazias (ou não), liberando pastagens para outras categorias de animais, mantendo
aquelas que possuem maior "habilidade materna", ou seja, desmamam bezerros mais
pesados. Deve-se dar preferência ao desmame no final da estação das chuvas, início da
estação seca, quando as pastagens são de melhor qualidade. Desta forma com estação de
monta de Outubro/Novembro a Janeiro, a desmama aconteceria entre Janeiro/Fevereiro
a Abril/Maio (geralmente início da seca) do ano seguinte. Pode não parecer esta ser a
melhor época, mas com a utilização de pastos reservados e/ou suplementação alimentar
aos bezerros, pode ocorrer a manutenção de peso e até mesmo algum ganho durante o
período seco. A permanência de algumas vacas chamadas "madrinhas", junto ao lote de
bezerros desmamados, é sempre aconselhável. As fêmeas que perderem seus bezerros
por doenças ou mesmo por acidentes devem ser, de preferência, descartadas, pois assim
estaremos aumentando a resistência genética ao ambiente e suas intempéries. Da mesma
forma, os animais com defeito grave (genéticos ou adquiridos), como despigmentação,
baixa repelência a insetos, aprumos, cascos, etc., devem ser avaliados e eliminados do
rebanho. Os animais devem ser pesados ao desmame após jejum de 12 a 24 horas,
considerando para análise da performance a informação do grupo contemporâneo
(apenas comparar animais do mesmo sexo e raça, nascidos na mesma época, manejados
no mesmo lote/mesmo ambiente e que receberam o mesmo tratamento) e influências
paternas e maternas. Podemos estabelecer como meta um peso ajustado ao desmame
(205 dias) equivalente pelo menos a 50% do peso adulto da vaca em reprodução para
machos e 45% para as fêmeas (ex.: no caso de vaca Nelore com 400 kg a bezerra
deveria pesar 180 kg em regime de pasto).

3.3. 4 Estresse na Desmama

O estresse é causado basicamente pelo efeito cumulativo dos componentes


emocional (onde o longo tempo de proteção e afeto estabelecem um vínculo duradouro
entre a cria e a mãe, e que a desmama interrompe, geralmente, de forma brusca este
convívio, demorando a se ajustar a nova situação) e nutricional (onde é privado do leite,
geralmente pouco, mas é a base de sua alimentação sendo de alta digestibilidade), e em
seguida, submetido a um pasto normalmente amadurecido, pobre em qualidade e com
reduzida digestibilidade. Como conseqüência do estresse de desmama, geralmente
ocorre atraso no desenvolvimento, além do animal ficar mais suscetível a doenças e
parasitoses. A permanência de algumas vacas chamadas "madrinhas" (formando as
creches), junto ao lote de bezerros desmamados, é sempre aconselhável como forma de
diminuir o estresse. A suplementação alimentar, a utilização de pastos reservados, e o
"amadrinhamento" junto a outros animais adultos são medidas indispensáveis para não
agravar o quadro. O controle de ecto e endo parasitas assim como vacinações
preventivas, devem ser realizadas de forma menos estressante possível. Em criações
extensivas, para identificar a idade dos animais é comum a utilização da marca a fogo,
da idade dos animais, sendo a cara o local utilizado para o ano (carimbo do ano). Em
outras situações a marcação é feita na paleta, onde em cima é marcado o mês e, logo
abaixo, o ano de nascimento.

3.4 Castração

Depende também do tipo de exploração pecuária, associado ao interesse


particular de cada criador ou associação de raças. A castração de machos normalmente
ocorre na seca onde a incidência de moscas e outros insetos ou parasitas é menor. Para
tanto, o criador deve procurar um Zootecnista ou um Veterinário para saber a melhor
época, em cada região, em cada raça ou cruzamento. Independente destas condições, há
necessidade do animal estar em perfeita saúde, não podendo estar debilitado, para ser
submetido a este manejo. Condições de higiene devem ser atendidas para evitar perdas e
aumentar o manejo. Com o advento de novos medicamentos de amplo espectro e longa
ação, tornou-se possível efetuar a prática de castração, sem maiores prejuízos e em
qualquer época, uma vez que estes produtos protegem os animais por maior período de
tempo.

4 Alimentação dos bovinos de corte


Necessidades nutricionais do gado de corte em crescimento, na matéria seca da ração:

Novilhos

Peso vivo (kg) 150 200 300


Ganho diário (kg) 0.50 - 0.72 0.50 - 0.72 0.50 - 0.72
Matéria Seca (kg) 3.25 - 3.25 4.90 - 5.00 7.70 - 8.00
Proteína Bruta(%) 12.2 - 13.3 11.1 - 11.1 10.1 - 11.1
Proteína Digestível(%) 8.1 - 9.0 7.1 - 7.1 6.1 - 7.1
EM (Mcal/kg) 2.59 - 2.83 2.28 - 2.50 2.06 - 2.28
NDT(%) 72 - 78 63 – 69 57 - 63
Cálcio(%) 0.38 - 0.53 0.27 - 0.26 0.18 - 0.21
Fósforo(%) 0.31 - 0.41 0.20 - 0.28 0.18 - 0.18
Vitamina A (U.I./kg) 2.200 2.200 2.200

Novilhas

Peso vivo (kg) 150 200 300


Ganho diário (kg) 0.50 - 0.72 0.50 - 0.72 0.50 - 0.72
Matéria Seca (kg) 3.25 - 3.32 5.00 - 5.40 8.22 - 8.60
Proteína Bruta(%) 12.2 - 13.2 11.1 - 11.1 10.0 - 11.1
Proteína Digestível(%) 8.1 - 9.0 7.1 - 7.1 6.1 - 7.1
EM (Mcal/kg) 2.61 - 2.81 2.28 - 2.50 2.06 - 2.28
NDT(%) 72 - 78 63 - 69 57 - 63
Cálcio(%) 0.38 - 0.52 0.26 - 0.03 0.18 - 0.20
Fósforo(%) 0.31 - 0.39 0.20 - 0.26 0.18 - 0.18
Vitamina A (U.I./kg) 2.200 2.200 2.200
Vacas secas (gestação)

Peso vivo (kg) 400 450 500


Ganho diário (kg) 0 0 0
Matéria Seca (kg) 6.40 6.80 7.60
Proteína Bruta(%) 0.38 0.40 0.45
Proteína Digestível(%) 0.18 0.19 0.20
EM (Mcal/kg) 11.50 12.40 13.60
NDT(%) 3.20 3.40 3.80
Cálcio(%) 10 12 12
Fósforo(%) 10 12 12
Vitamina A (U.I./kg) 15.500 16.800 18.200

Vacas c/ cria ( 3-4 meses após parto)

Peso vivo (kg) 400 450 500


Ganho diário (kg) 0 0 0
Matéria Seca (kg) 9.30 9.90 10.50
Proteína Bruta(%) 0.86 0.90 0.97
Proteína Digestível(%) 0.50 0.53 0.57
EM (Mcal/kg) 19.20 20.40 21.60
NDT(%) 5.30 5.60 6.00
Cálcio(%) 26 28 28
Fósforo(%) 21 22 23
Vitamina A (U.I./kg) 36.000 38.500 41.000

Touros, crescimento e manutenção


( atividade moderada)

Peso vivo (kg) 500 600 700


Ganho diário (kg) 0.68 0.50 0.31
Matéria Seca (kg) 12.00 11.60 12.70
Proteína Bruta(%) 1.60 1.42 1.40
Proteína Digestível(%) 1.80 0.94 0.90
EM (Mcal/kg) 25.80 24.90 26.20
NDT(%) 7.10 6.90 7.20
Cálcio(%) 21 21 23
Fósforo(%) 21 21 23
Vitamina A (U.I./kg) 46.600 45.200 49.400

5 Reprodução de gado de corte


A reprodução animal (sistema de cria) é sem dúvida nenhuma uma das
atividades de maior importância para o sucesso da bovinocultura de corte, assim o
manejo reprodutivo dos bovinos tem como objetivo utilizar técnicas que visam a
otimização do desempenho produtivo e reprodutivo do rebanho de cria, de forma
racional e econômica. Dessa forma devemos atentar para cuidados essenciais como a
sanidade do rebanho, as exigências nutricionais e o potencial genético dos animais, além
do manejo reprodutivo do rebanho. Esses cuidados devem ser realizados para que o
produtor obtenha de seu rebanho a plena eficiência reprodutiva, ou seja, quanto maior
for a eficiência das vacas menores serão os custos por bezerro nascido sendo assim
maiores os lucros para o produtor. Existem muitas formas para medir a eficiência
reprodutiva, dentre elas podemos citar as seguintes:

• Produção de bezerros nascidos vivos;


• Produção de bezerros desmamados;
• Intervalo entre partos ;
• Período de serviços;
• Número de serviços por concepção.

Para que essa maior eficiência reprodutiva seja alcançada devem ser adotadas
algumas técnicas de manejo, como por exemplo:

• Identificação dos animais e organização dos registros (nascimentos, abortos,


mortes etc.);
• Definição da estação de monta;
• Escolha do sistema de acasalamentos;
• Detecção de cio;
• Diagnostico de gestação e descartes;
• Determinação da idade à desmama;
• Controle sanitário do rebanho.

5.1 Identificação e registro de ocorrências

Para que o manejo do rebanho de cria seja conduzido de forma eficiente é necessário
que todos os animais (vacas e crias) tenham sido identificadas. Assim a identificação
dos animais e o registro das ocorrências e manejo do rebanho (datas e pesos ao
nascimento e à desmama, mortes e abortos, diagnóstico de gestação, vacinações etc)
contribuíram para avaliar o desempenho reprodutivo de cada animal. Possibilitando a
identificação dos animais que devem ser descartados, ou seja, aqueles que com baixa
produtividade, além de ajudar a estudar mudanças no manejo para melhorar a eficiência
do sistema de produção.

5.2 Estação de monta

O sistema de monta mais primitivo é aquele onde o touro permanece no rebanho


durante todo o ano. Porém esse sistema não é o mais adequado, pois os nascimentos se
distribuem por vários meses do ano, dificultando o manejo (controles zootécnico e
sanitário, manejo nutricional etc). Com a ocorrência de nascimentos em épocas
inadequadas, o desenvolvimento dos bezerros é prejudicado e a fertilidade das matrizes
pode ser reduzida, devido a restrição alimentar. As variações na fertilidade do rebanho
estão ligadas principalmente às condições climáticas. Portanto, o estabelecimento de
uma estação de monta de curta duração é uma das decisões mais importantes do manejo
reprodutivo e de maior impacto na fertilidade do rebanho. Além de sincronizar as
demais atividades de manejo, sua implantação permite que o período de maior exigência
nutricional coincida com o de maior disponibilidade de forrageiras de melhor qualidade,
de modo a eliminar ou a reduzir a necessidade de alguma forma de suplementação
alimentar. Com a redução da duração da estação de monta notamos também uma
melhoria na fertilidade e produtividade do rebanho, pois fica mais fácil se identificar as
matrizes de melhor desempenho produtivo. No entanto, para alcançar essas metas,
diversos fatores devem ser considerados:
5.3 Época

A época é determinada em função da melhor época de nascimento para os


bezerros e do período de maior exigência nutricional das vacas. No Brasil, a melhor
época para o nascimento coincide com o período da seca. Assim, para atender a esse
requisito, o período recomendado para a monta deve ser de novembro a janeiro. Neste
caso, as parições ocorrerão de agosto a outubro e o terço inicial da lactação, que
apresenta as maiores exigências nutricionais, irá coincidir com o de maior oferta de
alimentos de melhor qualidade (estação das chuvas).

5.4 Duração

A meta ideal para a duração da estação de monta de vacas adultas deve ser de 60
a 90 dias. Para novilhas esse período não deve ultrapassar a 45 dias, e tanto seu início
como seu final devem ser antecipados em pelo menos 30 dias em relação ao das vacas.
Visando proporcionar às novilhas, por estarem ainda em crescimento e lactação, tempo
suficiente para a recuperação do seu estado fisiológico e iniciar o segundo período de
monta, junto com as demais categorias de fêmeas. No primeiro ano de implantação da
estação esse período pode se estender de outubro a março (seis meses) e nos anos
seguintes ela deve ser ajustada gradativamente, até a obtenção do período ideal. Deve-se
tentar obter índices elevados de concepção no primeiro mês de monta,para que as vacas
tenham tempo suficiente para recuperar seu estado fisiológico, após a parição, antes da
próxima estação de monta.

5.5 Fertilidade de touros

O impacto da fertilidade do touro no desempenho reprodutivo do rebanho é


diversas vezes mais importante do que o da vaca, pois a expectativa é de que cada touro
cubra pelo menos 25 vacas. Touros de baixa fertilidade podem causar grandes prejuízos
para o produtor, além disso deve-se lembra que eles contribuem com a metade do
material genético de todas as crias, enquanto é esperada de cada vaca a desmama anual
de um bezerro. Quanto a relação touro:vaca: as recomendações gerais são de 25 a 30
vacas para cada touro, no entanto, os resultados mais recentes indicam que essa relação
pode ser alterada para mais de 40 vacas por touro. Os principais fatores que podem
influir nessa relação são a idade, a capacidade de monta, o libido, o estado sanitário e
nutricional dos touros, o tamanho e topografia das pastagens.

5.5 Condição corporal das vacas

A avaliação da condição corporal das vacas, apesar de subjetiva, é uma


ferramenta muito útil no manejo reprodutivo, pois nos permite avaliar o estado
nutricional do rebanho em determinado período. Dessa forma é possível corrigir o
manejo nutricional a tempo, para que os animais tenham condições mínimas no
momento desejado. Além disso existe alta correlação entre a condição corporal ao parto
e o desempenho reprodutivo pó-parto, ou seja, as fêmeas que tiverem melhor condição
corporal no terço final da gestação irão apresentar cio mais cedo.Esta avaliação deve ser
realizada na época da desmama (abril/maio), início do período da seca, assim as fêmeas
prenhes que estiverem muito magras (escore abaixo de 4) devem receber uma
suplementação para que atinjam escore 5 a 6 ao parto.Essa suplementação é importante,
pois no terço final da gestação são altas as exigências de proteína e energia para o
desenvolvimento do feto. A restrição alimentar nesse período irá causar além de perda
de peso uma diminuição nos índices de prenhez, devido ao prolongamento do retorno a
atividade reprodutiva pós-parto.

5.6 Sistemas de acasalamento

Os principais sistemas de acasalamento são a monta controlada, a monta a


campo e a inseminação artificial. Na monta controlada o touro é mantido separado das
vacas, quando uma fêmea é detectada em cio é levada para junto do touro onde
permanece até a cobertura. Esse método é bastante utilizado quando se deseja conhecer
a paternidade, ele também causa menor desgaste aos touros, porém podem ocorrer erros
na detecção dos animais em cio e também demanda mais mão-de-obra e trabalho para
separar os animais. A monta a campo é o sistema mais utilizado na pecuária de corte,
nesse caso os touros permanecem junto ao rebanho durante toda a estação de monta
diminuindo assim o trabalho com detecção de cio e condução dos animais ao curral,
porém impossibilita a identificação da paternidade das crias, a análise do desempenho
reprodutivo e aumenta o desgaste dos touros devido ao número repetido de cobertura
que uma mesma vaca recebe. No entanto essas desvantagens são compensadas pela
economia de mão-de-obra e a certeza de que a maioria das vacas irá conceber durante
uma determinada estação de monta. Mesmo com alguns inconvenientes como os custos
de implantação do processo e capacitação de mão-de-obra especializada e dificuldade
de detecção correta dos cios, a inseminação artificial é uma técnica bastante difundida
hoje no país. Essa tecnologia proporciona ao produtor a oportunidade de melhorar o
desempenho produtivo do rebanho, mediante a utilização de sêmen de reprodutores com
alto potencial.

5.7 Detecção de cio

O cio pode durar 24 ou 36 horas, porém o período em que a vaca aceita o touro
geralmente não ultrapassa 12 horas. As vacas geralmente modificam seu
comportamento quando estão em cio, tornam-se mais excitadas, montam nas outras
vacas e também se deixam montar, os lábios da vulva ficam umedecidos e ocorre uma
ligeira descarga de muco vaginal. A detecção do cio é um dos principais problemas para
o processo reprodutivo, tanto pela monto controlada como pela inseminação artificial,
principalmente devido ao curto período de duração do cio. Assim para que ocorra o
mínimo de erros possível o campeiro que irá realizar o trabalho de detecção do cio deve
estar habituado com os sinais de cio e deve realizar essa observação durante o maior
número de horas possível, no período da manhã e da tarde, para que nenhuma vaca
escape à observação e deixe de ser inseminada.

5.8 Diagnóstico de gestação e descartes

O diagnostico de gestação é de grande importância para a melhoria da eficiência


reprodutiva do rebanho, devido a identificação precoce das matrizes que não estão
prenhes no rebanho. O método que se utiliza nesse caso é o de apalpação retal,
normalmente realizado a partir dos 45 a 60 dias ou na desmama (facilitando o manejo).
Identificadas as fêmeas vazias, estas devem ser descartadas antes do inverno, pois ainda
não perderam peso e esse descarte aumenta a disponibilidade de forrageiras para as
fêmeas prenhes. No entanto esse plano de descartes deve ser analisado com muitos
cuidado, pois o baixo índice de prenhez pode estar relacionado com alguma restrição
alimentar, com a fertilidade dos touros ou mesmo com a incidência de algumas doenças
e não apenas com a fertilidade das vacas. O produtor também pode levar a desmama em
consideração na hora do descarte, descartando assim as vacas com pouca habilidade
materna, que abandonam suas crias ou desmamam bezerros com baixo peso.

5.9 Idade à desmama

A desmama pode ser definida como a separação definitiva do bezerro de sua


mãe interrompendo assim a amamentação e o estresse da lactação nas fêmeas. Em geral
quando as exigências nutricionais do rebanho são bem atendidas, a desmama é feita
quando os bezerros atingem de 6 a 8 meses de idade. Assim as vacas prenhes agora com
menores exigências nutricionais, poderão suportar melhor o período seco e chegar ao
parto com boas condições corporais. Portanto, o uso estratégico da desmama tem como
meta principal o fornecimento das condições nutricionais necessárias para a recuperação
do estado corporal das vacas prenhez, sem prejudicar o desenvolvimento dos bezerros
desmamados.

6 Nutrição Animal
Na criação e exploração do gado, a alimentação é importante pelas influências
que exerce sobre a produção, melhoramento, saúde e rendimento econômico dos
animais “Influência sobre a capacidade de produção individual e indireta sobre o
melhoramento do rebanho ou da raça” – é conhecido o papel que a alimentação
desempenha na saúde, no crescimento e na produção dos animais, com reflexos no
ganho de peso, secreção do leite, trabalho muscular e acumulação de gordura. A
alimentação correta contribui para a produção mais econômica, porque permite o
melhor aproveitamento dos alimentos ingeridos e reduz os desperdícios. O pastoreio
bem conduzido, o adequado emprego de forragens e o uso de alimentos concentrados no
balanceamento de rações, contribuem para baixar o custo da alimentação. Não se deve
esquecer, que uma ração perfeitamente equilibrada, para produzir o máximo resultado,
depende da influência exercida sobre os animais pelos fatores seguintes: condições
ambientais, capacidade genética, estado sanitário e manejo.

6.1 Fisiologia do rúmen

O ruminante possui o “estomago” dividido em quatro compartimentos, o


retículo, o rúmen, o omaso e o abomaso. O alimento entra no reticulo e pode,
posteriormente ser regurgitado e remastigado, processo denominado ruminação. A
fermentação dos alimentos ocorre no reticulo e no rúmen, este ultimo é um órgão
grande e muscular que no adulto ocupa quase todo o lado esquerdo da cavidade
abdominal, ele aumenta aos poucos em tamanho, estrutura e atividade e atividade
microbiana à medida que o animal cresce e muda de uma dieta de leite para outros
alimentos. O rúmen pode conter cerca de 120 a 240 litros de material e é o local onde
ocorre à fermentação, com cerca de 150 bilhões de microorganismos em uma colher de
chá deste material, que consistem de bactérias, protozoários e fungos. As bactérias
requerem uns ambientes quentes, úmidos e sem oxigênio para se desenvolverem,
situação normal do rúmen com temperatura de 39°C e pH de 5,8 a 6,4. O omaso está
relacionado à redução do tamanho da partícula e redução do excesso de água antes que
o material entre no abomaso. Em bovinos adultos alimentados com forragem, quase
todo açúcar solúvel e amido são fermentados pelos microorganismos do rúmen.
Animais alimentados com elevadas quantidades de grãos, cerca de 50% do amido
escapa à fermentação no rúmen e pode ser digerido no intestino. A proteína que chega
ao intestino do ruminante pode ser proveniente de três fontes:

a) Proteína do alimento que escapa à fermentação no rúmen.


b) Proteína das bactérias e protozoários que saem do rúmen.
c) Proteína endógena de células de descamação e de secreções no abomaso e no
intestino.

Proteases pancreáticas e intestinais quebram as proteínas para que os


aminoácidos e os peptídeos possam ser absorvidos no intestino delgado. Lipídeos que
chegam ao intestino delgado são principalmente ácidos graxos esterificados e
fosfolipídeos. Triglicérides que escapam a degradação ruminal e ácidos graxos
esterificados de origem microbiana são prontamente hidrolisados pela lípase
pancreática, liberando ácidos graxos livres, que são absorvidos no intestino delgado. A
absorção de água, minerais, nitrogênio e ácidos graxos voláteis ocorrem no intestino
grosso. As funções homeostáticas do intestino grosso envolvem balanço de eletrólitos,
alguma fermentação microbiana e armazenamento temporário de excreta. Os produtos
não digeridos são expelidos nas fezes, que incluem nitrogênio metabólico e bactérias e
gorduras não digeridas. O quarto compartimento do rúmen é o abomaso, onde ácidos e
enzimas digerem os alimentos. É a porção glandular do trato gastrintestinal onde as
paredes do estomago liberam enzimas. O tempo de retenção do alimento é curto
comparado ao tempo no rúmen. A presença de alimentos no abomaso estimula a
produção de acido clorídrico, o qual pepsinogênio em pepsina, que por sua vez quebra a
proteína em peptídeos e aminoácidos, para posterior digestão e absorção no intestino
delgado. O pH do abomaso é de 2 a 4 devido ao ácido produzido. O material que passa
do abomaso para o intestino delgado é composto de partículas suspensas no líquido.Na
medida que esse material passa através do intestino delgado o pH aumenta lentamente.
Isso é um fato importante pois a enzima secretada pelo pâncreas e pela mucosa tem um
pH ótimo ao redor de 7,0. Os sais biliares, sintetizados no fígado a partir do colesterol,
ajudam na manutenção do pH alcalino e agem como emulsificantes que separam os
glóbulos de gordura e dá a lípase maior área para agir. As secreções biliares e
pancreáticas neutralizam os ácidos gástricos e fornecem enzimas para hidrolise de
amido, proteína e gordura.

6.2 Conceitos Básicos

Para que o ruminante utilize os vários tipos de alimentos fornecidos, existem


algumas regras básicas para permitir um desempenho ótimo, estas estão relacionadas ao
tamanho da partícula do alimento, as frações de carboidratos estruturais e não
estruturais, e as frações protéicas dos vários alimentos. Uma certa quantidade de fibra é
necessária para o funcionamento adequado do rúmen. Quando o pH é menor que 6,0 as
bactérias celulolíticas são reduzidas, permitindo o aumento de bactérias produtoras de
propionato. Isto causa um decréscimo na relação acetato/propionato e pode resultar em
menor porcentagem de gordura.
A quantidade também é importante, a fibra é necessária para fornecer
carboidratos complexos para a digestão mais lenta e controlar a acidez no rúmen. A
fibra em detergente neutro (FDN) e a fibra em detergente ácido (FDA) são as principais
frações da fibra usadas no balanceamento de rações. Há necessidade de fornecer
carboidratos não estruturais (CNE) ou açucares e amido para suprir energia disponível
para os microorganismos e para o animal.Há necessidade de balancear o FDN e o CNE
para manter um pH adequado, bem como evitar flutuações no pH com o fornecimento
do concentrado mais de uma vez por dia. á necessidade de balanceamento da porção
degradável e não degradável da proteína (respectivamente, PDR e PNDR). Melhor,
entretanto, balancear o PDR para suprir nitrogênio suficiente para atender a demanda
dos microorganismos do rúmen. Devem ser fornecidas quantidades adequadas de
minerais como cálcio, fósforo, enxofre, magnésio, cobre, zinco e cobalto para o máximo
desenvolvimento dos microorganismos do rúmen. As vacas comem o suficiente de uma
ração balanceada para satisfazer suas necessidades. Com rações de baixa
digestibilidade a vaca não consegue ingerir os nutrientes necessários. Se a densidade
de energia da dieta for menor que 1,46 Mcal/kg de ELI, dificilmente ela terá a energia
que precisa. Rações contendo concentrados em excesso e pouco volumoso e fibra
efetiva podem deprimir o consumo, a produção de leite, o teor de gordura e afetar a
saúde do animal. Uma ração balanceada deve ser de boa digestibilidade e consumo e
deve ser estabelecida para níveis viáveis de produção.

6.3 Carboidratos

Os carboidratos são a principal fonte de energia para o ruminante e podem ser


divididos em duas frações principais, carboidratos estruturais (CE) e não estruturais
(CNE). O CE se refere à parede celular e é analiticamente definido como fibra em
detergente neutro(FDN), e consistem de celulose, hemicelulose, lignina e uma porção de
pectina. O CNE é analiticamente definida como fibra em detergente acido (FDA) e
consiste em celulose e lignina. Assim, quanto maior seu teor no alimento menor é a
digestibilidade. Os CNE em geral são determinados por diferença como [100-
(PB+FDN+EE+MM)], e incluem os açucares, amidos, pectinas, b-glucans, e nos
alimentos ensilados os ácidos da fermentação. Na tabela, exemplos de alimentos e sua
composição em CNE (em base seca).

CE% Açúcar Amido Pectinas β -glucans AGV


Silagem de45,3 0 71,3 0 28,7
Milho
Milho Grão 71,4 20 80 0 0
Feno Gramíneo 17,2 35,4 15,2 49,4 0
Casca de Soja 14,1 18,8 18,8 62,4 0
Farelo de Soja 34,4 25 25 50 0

A quantidade de CNE e CE na ração têm efeito na produção e na ração dos animais se


não forem adequadamente balanceados. Se as forragens forem moídas muito finas,
também limitarão a efetividade da fibra diminuindo a motilidade ruminal.Para um
funcionamento adequado do rúmen, os níveis mínimos de forragem e de tamanho de
partícula devem ser considerados. A falta de fibra na dieta pode reduzir a porcentagem
de gordura no leite e causar problemas metabólicos como a acidose ruminal. Por outro
lado, a falta de CNE na dieta diminui a energia disponível, reduz a síntese de proteína
microbiana e deprime a digestão de fibra. Mas o excesso de CNE também deprime a
digestibilidade da fibra, a porcentagem de gordura do leite e pode causar anormalidades
do tecido do rúmen resultando em úlceras e abcessos do fígado.

6.4 Proteína

Importante função dos microorganismos do rúmen é a síntese de proteína


microbiana, a qual apresenta um valor biológico de 66 a 87%. A maior parte das
bactérias do rúmen usam amônia como fonte de nitrogênio, algumas utilizam outros
compostos nitrogenados como proteína intacta ou cadeias carbônicas de certos
aminoácidos para crescimento mais eficiente. A amônia no rúmen pode vir da
degradação de proteína ou de nitrogênio não protéico fornecidos na dieta, da hidrolise
da uréia reciclada e da degradação de proteína microbiana. A amônia sai do rúmen de
diferentes formas : pela incorporação do nitrogênio pelos microorganismos, por
absorção pela parede do rúmen e pela passagem para o omasso. A absorção da amônia,
não utilizada pelos microorganismos, pela parede ruminal depende do pH ruminal e da
concentração de amônia, é rápida com pH 6,5 ou maior e cai a 0 com pH4,5. O
ruminante depende da proteína microbiana sintetizada no rúmen e da proteína da dieta
que escapa à degradação para atender sua necessidade de aminoácidos. Os aminoácidos
são absorvidos no intestino delgado e utilizados na síntese da proteína corporal como
proteína do músculo e do leite, utilizados também para manter o nível de glicose no
sangue e atender as necessidades de energia do animal. A proteína bruta é apenas uma
medida do teor de nitrogênio dos alimentos e não indica se o nitrogênio está na forma
de aminoácido ou de não protéico, também não indica a degradabilidade desse
nitrogênio para uso pelos microorganismos do rúmen ou quanto escapa a degradação.
As três frações da proteína comumente usadas na formulação de rações são a proteína
degradável no rúmen (PDR), a não degradável (PNDR) e a solúvel (PS). No quadro a
seguir encontram-se valores dessas frações para alguns alimentos:

% da PD______

Alimentos %MS %PB na MS PS


PNDR
feno de90 10,5 29 37
gramíneas
silagem de milho 33 8,8 48 31
rolão de milho 87 9 15,6 65,6
milho grão 88 10 12 52
refinazil 90 23 52 25
caroço de88,4 23,7 27,1 41
algodão
soja grão 90 41,8 40 26
farelo de soja 90 50 20 35

A qualidade da proteína se refere ao balanço e quantidade de aminoácidos essenciais


que o alimento contém.
6.5 Gorduras

Gorduras ou extrato etéreo usado como fonte de energia. Contém uma fonte de
energia 2,25 vezes maior que as proteínas ou os carboidratos. Entretanto, os
microorganismos do rúmen não toleram níveis elevados de gordura na dieta. O principal
lipídio das forragens é o galactolipídeo, que envolve glicerol, galactose e ácidos graxos
insaturados. Sua concentração decresce com a idade da planta e com a proporção de
folhas e caule. Os principais lipídeos armazenados em sementes e gordura animal são
triglicérides. No quadro a seguir, o perfil de ácidos graxos de alguns alimentos, que se
relaciona com a digestão ruminal e pós-ruminal. O caroço de algodão e a soja grão
contém elevada porcentagem de ácidos graxos insaturados e são vagarosamente
digeridos liberando o óleo no rúmen permitindo maior hidrogenação microbiana. O
sebo é 50% saturado, relativamente inerte no rúmen devido seu elevado ponto de fusão
e baixa solubilidade no liquido ruminal, e mais acido oléico, podendo diminuir a
fermentação ruminal quando em quantidades elevadas. Quando gordura suplementar é
adicionada à dieta é preciso ajustar os níveis de cálcio,fósforo e magnésio e aumentar o
selênio e vitamina E.

6.6 Energia

O animal precisa de energia não só para mantença, mas também para produção,
incluindo crescimento, gestação e lactação. O excesso é armazenado como glicogênio
no músculo e no fígado, mas a maior parte como gordura. O NDT (Nutrientes
Digestíveis Totais) pode ser definido como a soma da proteína digestível, fibra
digestível, gordura digestível x 2,25 e extrativo não nitrogenado digestível. O NDT
inclui as perdas de energia através das fezes. A EL (Energia Liquida) deve ser a medida
usada no balanceamento de rações e inclui perdas de energia através das fezes, urina,
gases e calor.

6.7 Informações sobre digestão e metabolismo

Os alimentos, na generalidade, são consumidos pelos animais sobre formas


complexas, e para que possam ser absorvidos pelo organismo, devem passar por
transformações, convertendo-se em substâncias mais simples, tais transformações em
conjunto constituem a digestão, de acordo com sua natureza, são mecânicas e
químicas.Nos ruminantes, as transformações mecânicas se operam por meio da
mastigação, deglutição, regorgitamento, ruminação e motilidade gástrica e intestinal. As
transformações químicas são devidas à ação de enzimas, bactérias, protozoários e
substancias químicas.

6.8 Prática da alimentação do gado de corte

Na prática da alimentação do gado de corte, precisa ser considerado o sistema de


criação adotado, e, as exigências das várias categorias de animais:

- Alimentação em regime de pasto: A principal dificuldade na alimentação do gado


mantido em regime de pasto, resulta de desequilíbrios temporários entre as exigências
dos animais e os nutrientes fornecidos pelas forragens ingeridas.

- Engorda em invernada, mista e em confinamento


- Engorda Invernada: principalmente no Brasil, o animal atravessa três épocas de bons
pastos e outras tantas de subnutrição por falta de verde, em conseqüência do clima
subtropical e chuvas periódicas.

- Engorda Mista: há duas maneiras.

- 1°- os bois são mantidos na invernada mas recebem diariamente alimentação


suplementar capaz de atender suas exigências.

- 2°- nos 2/3 iniciais do período de engorda, os bois permanecem na invernada e


recebem apenas suplementação mineral. No terço final do período passam a receber
diariamente, suplementação completa.

- Engorda em confinamento: os animais agrupados em lotes são mantidos em área


reduzida, onde recebem toda alimentação. Quando confinados os bovinos engordam
mais rápido e apresentam melhor acabamento.

7 Vacinação
• Aftosa: (vacina obrigatória)

Agente Etiológico: cepas de vírus sendo: A, 0, C, os mais comuns


Sintomatologia: Afta (feridas) na boca, intensa salivação e frieiras.
Profilaxia: Vacinar os animais acima de quatro meses de idade de acordo com a
campanha oficial nos meses de março e setembro.

• Brucelose: (Vacina obrigatória)

Agente Etiológico: Brucela Abortus (bactéria).


Sintomatologia: Vide doenças infecciosas da reprodução.
Profilaxia: Vacinar as bezerras entre 4 e 8 meses de idade. Os animais são
marcados com um "V" na cara, utilizando-se de ferro quente de acordo com a
legislação.

• Carbúnculo Sintomático e Gangrena Gasosa: (Vacina e obrigatória)

Agente Etiológico: Carb. Sintomático: Clostridium chauvoei; Gangrena Gasosa:


Clostridium septicum (bactérias).
Sintomatologia: Peste da mangueira, inflamação dos músculos, principalmente os
membros posteriores, atacando comumente entre os 4 a 12 meses de idade.
Profilaxia: Vacinação (vacina polivalente) aos 4 meses de idade, com reforço aos 8
meses junto a desmama.

• Carbúnculo hemático
Agente Etiológico: Bacillus anthracis (bactéria).
Sintomatologia: Hemorragias nas aberturas naturais.
Profilaxia: Vacinação de todo rebanho nas regiões de incidência, uma vez por ano.

• Raiva

Agente Etiológico: Vírus Neurotrópico (Bastonete).


Sintomatologia: Paralisia enzoótica do trem posterior.
Profilaxia: Vacinação de todo rebanho nas regiões de incidência de morcego
hematófago, uma vez por ano a partir de 4 meses de idade.

• Paratifo (Pneumoenterite):

Agente Etiológico: Salmonella Dublin (bactéria).


Sintomatologia: Diarréia intensa (cor amarelo acinzentado) febre e
emagrecimento.
Profilaxia: Vacinar a vaca no 8º mês de gestação e o bezerro aos 15 dias de idade.

8 Raças e Cruzamentos de bovinos de corte


De maneira simples e direta, pode-se
classificar as raças bovinas de interesse para produção de carne no Brasil como Raças e
uropéias da subespécie Bos taurus taurus, e Raças indianas da subespécie Bos taurus in
dicus. As raças européias podem ser separadas assim:
a) raças européias adaptadas ao clima tropical, como a Caracu;
b) raças européias britânicas, como a Angus e a Herefor
c) raças européias continentais, como as francesas Charolês e Limousin, as
suíças Simental e Pardo Suíço, ou as italianas Marchigiana e Piemontês.

As raças de origem indiana, do grupo Zebu, bem conhecidas no Brasil, que tiver
am ou estão tendo uma participação decisiva no desenvolvimento da pecuária tropical, s
ão por ordem de importância histórica, a Gir, a Guzerá e a Nelore. As raças Indubrasil e
Tabapuã, embora sejam do grupo Zebu, não são indianas porque foram formadas no Bra
sil. É o caso também da raça Brahman, que foi formada nos Estados Unidos, a partir de
cruzamentos entre raças indianas. Há pelo menos cinco décadas, diversos cruzamentos e
ntre raças européias e indianas têm sido feitos nas regiões tropicais do continente americ
ano, da Austrália e da África, com relativo sucesso. Alguns desses cruzamentos, denomi
nados “industriais”, foram e ainda são feitos entre duas ou três raças para aproveitament
o comercial das vantagens da heterose (vigor híbrido). Outros cruzamentos deram orige
m a novas raças, como a Santa Gertrudis, a Canchim, a Pitangueiras, a Brangus, a Brafo
rd e a Simbrasil para citar apenas as mais conhecidas no Brasil. Por último, temos os cru
zamentos multirraciais que objetivam formar “raças sintéticas”, também conhecidas co
mo “composto”, cujo melhor exemplo para nós é o Montana. Quanto às características
gerais, as raças bovinas de corte podem ser divididas em quatro grandes grupos: 1) raças
britânicas, 2) raças européias de grande porte ou raças continentais, 3) raças zebuínas e,
4) raças européias adaptadas a clima tropical.

• Raças britânicas - representantes deste grupo, quando em ambientes propícios,


expressam boa taxa de sobrevivência, apresentam taxas reprodutivas e de
crescimento suficientes para produzir carcaças de ótima qualidade. Como
desvantagens, pode-se mencionar que elas são detentoras de partos distócicos,
muita gordura em altos pesos, e a taxa de crescimento é menor que aquela de
raças européias continentais. Conseqüentemente, apresentam taxa de conversão
alimentar menor, assim como menor peso adulto do que estas últimas. As vacas
apresentam cerca de 500 a 600 kg de peso adulto, e os machos, de 800 a 900 kg.
• Racas européias de grande porte - este grupo caracteriza-se pelo alto potencial
de crescimento, boa conversão alimentar, altos pesos de abate e carcaça com
pouca gordura. Entretanto, apresentam partos distócicos e peso adulto elevado;
como resultado, são animais de grande exigência de energia para mantença. As
vacas apresentam, em média, peso adulto de 700 a 800 kg, enquanto que para os
machos, esta média está em torno de 1.000 a 1.200 kg.
• Raças zebuínas - os representantes deste grupo comparativa-mente às raças
européias, britânicas ou continentais, apresentam baixas taxas de crescimento,
baixos índices reprodutivos, e carcaça com pouca aceitabilidade, principalmente
por produzirem carne dura. Por outro lado, apresentam excelente taxa de
sobrevivência, boa habilidade materna, e são tolerantes a parasitos e a altas
temperaturas. As vacas adultas têm, em média, de 350 a 450 kg e os machos de
600 a 700 kg.
• Raças européias adaptadas a clima tropical - neste grupo encontram-se todas
as raças chamadas "crioulas" da América do Sul, existindo ainda, representantes
em outros continentes. Pelo processo de seleção natural pelo qual passaram por
séculos, constituem-se hoje, em animais que associam algumas características
comuns a raças européias e outras, principalmente aquelas relacionadas à
adaptabilidade de raças zebuínas. As vacas adultas apresentam média de peso
de, aproxima-damente, 350 a 450 kg e os machos de 600 a 700 kg.

9 Raças de bovinos de corte


ABERDEEN ANGUS

Origem
Os criadores da região de Angus e do condado de Aberdeen no oeste e nordeste da
Escócia empenharam-se na formação da raça, daí o nome Aberdeen Angus. Foi
reconhecida oficialmente em 1835.
Características
A raça Aberdeen Angus é de porte grande, pesando as vacas de 600 a 700 kg, e os
touros, de 800 a 900 kg. Em média, as novilhas dão a primeira cria aos dois anos. Os
bezerros nascem pequenos, em comparação com os de outras raças britânicas, mas
crescem rapidamente. Os machos nascem, aproximadamente, com 28 kg e as fêmeas
com 26 kg. Sua carne apresenta boa marmorização (gordura entremeada bem
distribuída) e rendimento de carcaça elevado.Devido à qualidade da carne, à eficiência
na conversão de alimentos, ao elevado rendimento de carcaça e por ser mocho, a raça
Angus é muito apreciada para cruzamentos. Sua adaptabilidade permitiu a introdução e
difusão em muitos países do mundo, onde ocupa um papel importante na produção de
novilhos de corte.
BELGIAN BLUE
Origem
Originou-se na Bélgica central, formado pelo cruzamento do gado nativo da região com
o gado de Shorthorn, importado da Inglaterra de 1850 à 1890. Corresponde quase à
metade do rebanho Belga. É cogitada a presença do sangue da raça charolesa na
formação do Belgian Blue. A raça Belgian Blue é relativamente nova na América do
Norte e América do Sul, mas está ganhando aceitação rapidamente pelos criadores.

Características
Em princípio, a raça foi dividida em duas linhagens, uma para produção de leite e a
outra para a produção de carne. A seleção para a musculatura prevaleceu, sendo que
hoje a raça é selecionada basicamente para a produção de carne. O Belgian Blue não é
um animal grande, apresenta linhas arredondadas e músculos proeminentes. O ombro,
quarto traseiro, lombo e anca são muito musculosos. A pelagem é de coloração
composta de branco, azul e às vezes negro. A cesariana, no parto de vacas Belgian Blue
é freqüentemente necessária. Aos 12 meses de idade os machos apresentam uma média
de peso de 470 kg e altura de 1,20m, já as fêmeas 370 kg e 1,15 m de altura. Aos 24
meses os machos chegam a 770 kg e 1,35 m e as fêmeas 500 kg e 1,20 m. As
características de carcaça do Belgian Blue são substancialmente transmitidas quando a
raça é usada em cruzamentos comerciais, isto explica o crescente uso da raça em
cruzamento terminal, não só pelas características da carcaça como também pelo
potencial de crescimento. Com relação à carcaça, os animais tiveram menos cobertura
de gordura em relação as raças Hereford e Angus. Os animais Belgian Blue também
mostraram 16% a menos de marmoreio e maior área de olho de lombo, de acordo com
os novos padrões de carne magra.

BLONDE D'AQUITAINE
Origem
É originária dos montes Pirineus, em terrenos pedregosos e de pastagens muito pobres.
Isso lhe confere boa rusticidade. Suporta tanto frio quanto o calor intenso, o que é
comum naquela região.
Características
Originariamente a raça Blonde D'Aquitaine é considerada de aptidão mista, trabalho e
corte. Atualmente, o sistema de manejo busca a especialização para o corte que
predominou em virtude das crescentes exportações e da implantação de rebanhos
Blonde D'Aquitaine nas regiões do centro e do oeste da França. O Blonde foi
introduzido no Brasil em 1972 na exposição de Esteio-RS, anos mais tarde foram feitas
as primeiras importações de animais puros o que permitiu a formação do atual rebanho
puro existente no país.

BRAFORD

Origem
O Braford, nasceu do cruzamento de vacas Brahman e touros Hereford - Brahman. A
raça Braford é aproximadamente 3/8 Brahman e 5/8 Hereford. Na década de 80 a
Associação de Criadores de Hereford e a EMBRAPA-Bagé/RS introduziram a raça
Braford no Brasil, tornando-se raça registrada em 1993. Atingiu um grande nível de
expansão pelo país. O Braford, existe em todos os países de pecuária extensiva
relevante. É presença atuante na Austrália, Argentina, África do Sul, EUA e Brasil.
Características
As características marcantes da raça Braford são precocidade, temperamento dócil e
velocidade de ganho de peso do Hereford com a resistência, rusticidade e longevidade
do Brahman.

BRAHMAN
Origem
Nos Estados Unidos, o gado de origem indiana recebe o nome de Brahman. Surgiu do
cruzamento das raças Nelore, Guzerá, Gir, Valley e Sindi. A despreocupação do criador
americano em relação à raça, visando uma melhor seleção econômica, levou o gado
Brahman a ser uma mescla de raças indianas altamente produtiva; hoje encontram-se
rebanhos que cobrem extensas áreas do sul dos EUA, onde predominam o calor e terras
úmidas.

Características
É um gado exclusivamente dedicado à produção de carne, apropriado para cruzamentos
com as raças européias. As raças Santa Gertrudis, Braford e Brangus originaram-se
desses cruzamentos. O Brahman é considerado de tamanho intermediário entre as raças
de corte. Os touros pesam geralmente de 720 a 990 quilos e as vacas de 450 a 630
quilos. Os bezerros são pequenos no nascimento, pesando de 30 a 40 quilos. As cores
predominantes no Brahman têm tonalidades cinza claro, vermelho e preto.

BRANGUS
Origem
É uma raça de corte, mocha, formada no sul dos EUA. O Brangus tem 5/8 de sangue
Angus e 3/8 de sangue Brahman.
Características
Tem como caraterísticas principais a rusticidade do Brahman e a precocidade do Angus.

BRAVON
Origem
Com a grande procura de raças e animais para cruzamento industrial no Brasil, a
Associação Brasileira de Criadores de Devon decidiu desenvolver uma raça sintética,
que aliasse as características do Devon às qualidades do Nelore: o Bravon.

Características
A raça Bravon consegue unir a precocidade, fertilidade, habilidade materna e qualidade
de carcaça da raça Devon, com as características preponderantes do Nelore: rusticidade,
adaptabilidade, longevidade, resistência a endo e ectoparasitas. O Bravon está sendo
desenvolvido com sucesso no Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Paraná e Bahia.

CANCHIM
Origem
O Canchim é uma raça originada no Brasil. A raça foi desenvolvida a partir de 1940
pelo técnico Teixeira Vianna, na Fazenda Canchim, do Ministério da Agricultura, em
São Carlos (SP), através de cruzamentos entre touros Charoleses e vacas zebus
Indubrasil. É adaptado às nossas condições de pasto e clima. É excelente produtor de
carne e está espalhado por todo o país. Seu sangue tem 5/8 Charolês e 3/8 Zebu.

Características
Seu comportamento dócil e sua pelagem baia ou amarela brilhante, em diversas
tonalidades, associado às mucosas rosadas ou escuras, são suas características
marcantes. Precoce, rústico e resistente ao calor, esse animal é um ótimo produtor de
carne; seu rendimento de carcaça chega a 60%. O peso médio dos bezerros ao nascer é
acima de 34Kg, atingindo 353 kg aos 18 meses e 410 kg aos 24. Em cruzamentos com
vacas zebus produz mestiços pesados e precoces, muito convenientes para os nossos
sistemas de criação e de engorda.

CHAROLÊS
Origem
O Charolês é um gado que surgiu na França, onde está difundido por todo o país. Seu
nome deriva da antiga província francesa de Charolles. Sua extraordinária produção de
carne fez com que esse gado se espalhasse por todo o mundo apesar de ter sido, em sua
origem, um gado de tripla aptidão (carne, trabalho e leite). No Brasil é usado
principalmente na formação do gado Canchim.
Características
O Charolês é recomendado para a produção de mestiços destinados ao corte. Os
novilhos comuns rendem no abate de 58 a 62%, tendo a carcaça boa distribuição de
gordura. É excelente ganhador de peso em confinamento. Seu peso na idade adulta é de
600 a 800 kg nas vacas e 800 a 1.100 kg nos machos adultos. A pelagem é branca ou
creme, uniforme.Suas mucosas são róseas.

CHIANINA
Origem
A raça Chianina tem sua origem na Itália, numa região de grande variedade de solos de
planície, colinas e áreas montanhosas. Era inicialmente utilizado como animal de tração
sendo ainda hoje utilizado para esse fim em pequenas propriedades italianas. É pouco
conhecida fora da Itália. Sua introdução em nosso País, deve-se a criadores interessados
em cruzá-la com o Zebu.
Características
É caracterizado pela pelagem branca porcelana, contorno dos olhos e a vassoura da
cauda com pelos negros. O focinho, os chifres e as unhas são pretos. É hoje uma das
maiores raças bovinas do mundo, podendo os machos alcançar até 1,80 m de altura.
Tourinhos de 12 meses de idade chegam a pesar entre 400 e 550 kg, os adultos
normalmente ultrapassam 1.200kg. É um gado que se mostra superior a outras raças
quando comparado o ganho de peso e a proporção de crescimento após a desmama. Sua
precocidade possibilita o abate aos 18-24 meses de idade, em regime de pasto
suplementado. De crescimento rápido, grande musculatura e robusta constituição, dá
rendimentos de carcaça de 54 a 61%, conforme a idade e o acabamento.
No Brasil, o gado Chianino é apreciado para cruzamentos, especialmente com o Nelore,
para a produção de novilhos precoces e pesados. Os bezerros nascem grande, com 40 a
50 quilos; aos seis meses, estão com 260 kg os machos e 225 kg as fêmeas. A boa
fertilidade e a grande longevidade (nas fêmeas e nos reprodutores) são outras
características da raça. A carne apresenta ausência de gordura entre as fibras e com leve
proporção de gordura subcutânea.

CARACU
Origem
O gado Caracu tem sua origem muito discutida. Dizem que sua procedência é o antigo
gado Minhoto e Alentejo, bovinos portugueses trazidos para o Brasil na época colonial.
É um gado extremamente rústico, que vive e se reproduz mesmo em pastagens de má
qualidade. O Caracu produz leite e carne e é adequado para tração, mas deixa muito a
desejar quando comparado a raças especializadas. Vem sendo muito utilizado para
cruzamento industrial.
Características
Inicialmente, foi encarado como um boi de corte, embora sempre fosse reconhecido
como excelente animal de trabalho. Depois, procurou-se o desempenho de três funções
econômicas: produção de carne, leite e tração, com interesse especial nas duas
primeiras. Possui pelagem amarela (alaranjada uniforme) variando na tonalidade. O
couro é de espessura média, macio e solto. As mucosas ao redor dos olhos são
desprovidas de pigmentos. Sexualmente, é um pouco tardio. Extremamente rústico,
graças à sua longa adaptação ao nosso país, é bastante resistente às moléstias endêmicas
e a ectoparasitas.

CARABAO OU ROSILHO
Origem
O búfalo Carabao ou Rosilho existente no Pará, principalmente na Ilha de Marajó, é
originário do sudoeste da Ásia e foi introduzido no Brasil em 1890. O Carabao é de fácil
manejo, bom para o trabalho e para a produção de carne.
Características
De pelagem rosilha ou castanha, com extremidades dos membros e partes do pescoço
mais claras ou brancas. O Carabao nasce, em média, com 35 kg. Os machos adultos
atingem até 800 kg, enquanto que as fêmeas até 600 kg. Seu corpo é musculoso,
cilíndrico, sem depressões. Seus membros são vigorosos, relativamente leves e
corretamente aprumados. É um animal bom para o corte e para trabalho (tração e sela).
Como transpira somente pelo focinho, sente bastante as temperaturas elevadas e por isso
gosta de mergulhar em rios, lagos, tanques e áreas pantanosas.

DEVON
Origem
De origem Britânica, mais precisamente das montanhas do condado de Devon e
Sommerset na Inglaterra, este gado é considerado de tripla aptidão, carne, leite e
trabalho. Porém nos demais países onde foi introduzida, é um animal essencialmente
produtor de carne. Fora da Inglaterra, cria-se o Devon na América do Norte, Rodésia,
Colônia do Cabo, Argentina, Nova Zelândia, Uruguai e Brasil.
Características
Muito apto à engorda, com um rendimento de carcaça bastante elevado, que chega a
atingir 70%. Sua carne é das melhores, tendo a gordura bem distribuída, entremeada.
Seu peso médio adulto é de 500kg nas fêmeas adultas e entre 600 a 800 kg nos machos
com uma estatura de 1,25 m e 1,40m, respectivamente. É caracterizado pela pelagem
vermelha uniforme e chifres cor de cera, com as pontas escuras. Prestam-se ao regime
extensivo, mesmo em terrenos acidentados.
GIR
Origem
A raça Gir que temos hoje no Brasil corresponde fielmente ao gado Gir encontrado ao
sul da península de Catiavar na Índia, de onde procede. É uma raça de dupla aptidão,
voltada ao mercado de carnes e produção de leite. Seleções vem sendo feitas, dando
resultados ótimos na produção de leite. No passado, muitos criadores deram importância
exclusiva a caracteres raciais, de menor importância econômica; depois, evoluíram para
a seleção de rebanhos e linhagens com maior capacidade produtiva, tanto para carne
como para leite.
Características
As qualidades leiteiras das vacas são bastante pronunciadas, o que beneficia o
desenvolvimento do bezerro. Tenta-se a seleção de uma variedade leiteira. Em alguns
rebanhos a produção é regular em regime de semi-estabulação. Para isso seria vantajoso
formar uma nova raça cruzando o Gir com uma raça leiteira bem adaptada, como, por
exemplo, a Holandesa. O bezerro é pequeno, mas muito resistente. Às vezes encontra
dificuldade em mamar devido à grossura exagerada das tetas. Quando adulto, atinge
cerca de 500kg nas fêmeas e 800kg nos machos. Um grande defeito no Gir, é seu
prepúcio muito baixo, que favorece o aparecimento de feridas, podendo inutilizar o
reprodutor.

GUZERÁ
Origem
O gado Guzerá já esteve a ponto de desaparecer no Brasil, mas graças a alguns criadores
que acreditaram em seu potencial, tomou forças sendo hoje a terceira raça zebuína com
maior número de animais no Brasil. O Guzerá é natural da Índia, principalmente ao
norte da península de Catiavar. A raça desenvolveu-se em terras humosas e férteis, de
clima extremamente quente e úmido. É uma das maiores raças indianas. Caracteriza-se
por ser uma raça produtora de carne, mas também se mostra bem adaptado como gado
de trabalho e de leite.
Características
Como os demais zebus introduzidos no Brasil, a finalidade do Guzerá foi a produção de
carne. Tem a pelagem cinzenta prateada, quase preta com várias tonalidades e peso
adulto em torno de 600kg nas fêmeas e 900kg nos machos. Apresentam boa rusticidade,
resistência a parasitas, alta capacidade de caminhar longas distâncias em busca de água
e de alimentos. Podem ser criados em pastagens relativamente grosseiras.

HEREFORD
Origem
A raça formou-se no condado de Hereford, Inglaterra, sobre terras onduladas e vales
férteis. Seu melhoramento genético foi voltado para a qualidade da carne. Gado de
clima frio, atualmente é encontrado nos Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia,
Austrália, Argentina, Uruguai e sul do Brasil. Sua aptidão para produção de carne
(podem chegar ao abate aos 18-20 meses de idade) e sua fácil adaptação a pastos mais
grosseiros, são as características que fazem a raça Hereford famosa.
Características
O Hereford pode ser superado pelo Shorthorn em precocidade, mas leva vantagem na
qualidade da carne, rusticidade e reprodução. Seu peso chega a 540kg nas fêmeas e
850kg nos machos. Sua carcaça se distingue pela gordura entremeada bem distribuída,
dando aos cortes um aspecto marmorizado. O rendimento de carcaça é alto.
O cruzamento com o zebu, dá ótimos mestiços em conformação e precocidade. Não é
adaptado a pastagens grosseiras, porque é uma raça de crescimento rápido e precisa
encontrar no pasto os elementos necessários ao desenvolvimento normal. Suas
qualidades leiteiras são apenas suficientes para o bezerro. As vacas procriam com
regularidade, quando adequadamente nutridas. No Brasil, cria-se desde o Rio Grande do
Sul até a Bahia, sendo uma das raças de corte européias que melhor suportam o clima
tropical. É muito difundida no Rio Grande do Sul e Uruguai; em diversos países
constitui o grosso da criação de gado de corte.

INDUBRASIL
Origem
O Indubrasil surgiu na região do triângulo mineiro, resultado do cruzamento quase que
espontâneo das raças Gir, Guzerá e, em menor proporção, Nelore. A idéia principal era
de unir as boas qualidades de cada, numa única raça nacional. O gado Indubrasil, ocupa
atualmente o quarto lugar entre as principais raças de origem indiana criadas no Brasil.
Teve a sua época áurea entre os anos 1920 e 1935. A partir de 1940 os criadores
voltaram suas criações para as raças puras indianas e o gado Indubrasil começou a
perder terreno até se encontrar no atual estágio. A aptidão econômica desse gado é a
produção de carne. Se encontra rebanhos no sul da Bahia, norte de Minas e em Goiás.
Características
As aptidões e qualidades se assemelham muito às das outras raças zebuínas. Todavia,
como é uma raça originária de cruzamentos relativamente recentes, sem muita
homogeneidade, não apresenta os mesmos resultados de produção. Se criadores
cessarem os cruzamentos e fizerem uma seleção bem orientada, é possível que se torne
uma raça altamente produtiva. É um gado pesado chegando 700kg nas fêmeas 1000 kg
nos machos mais forte, em geral seus rendimentos são menores.

LIMOUSIN
Origem
A raça Limousin é uma raça de corte originada há mais de 7.000 anos na região de
Limoges na França. Os criadores souberam selecionar a raça, que se tornou uma das
mais eficientes do mundo.
Características
Os cruzamentos de Limousin com Zebu são abatidos precocemente em relação às outras
raças. Seu rendimento de carcaça atinge facilmente 65 %. Portanto dependendo do
manejo nutricional e sanitário fornecido aos animais, consegue-se tranqüilamente abater
animais cruzados com Limousin com idade média de 13 meses, chegando-se a um peso
entre 15 e 16 arrobas. A idade média ao primeiro serviço gira em torno de 15 meses
quando a novilha atinge peso e maturidade fisiológica ideais ao início da vida
reprodutiva, desde que tenha um manejo adequado. O peso médio de nascimento dos
bezerros Limousin é 36 kg.

MARCHIGIANA
Origem
Os bovinos de raça Marchigiana foram introduzidos na Itália, depois do século V,
trazidos pelas populações bárbaras, que após a queda do Império Romano invadiram a
Península. Resultaram de cruzamentos de bovinos Pullesa e Romanos, com os Chiana.
Encontra-se principalmente nas províncias de Ancona, Macerata, Abruzzos, Benevento,
Lacio, Campania entre outras regiões do centro-sul da Itália.
Características
Voltado para a produção de carne, o Marchigiana é um gado que se justifica pela alta
velocidade de ganho de peso, precocidade, comprimento, grande caixa e alto
desenvolvimento das massas muscular, perfeito para corte. Cruzamentos do bovino
Marchigiano com raças zebuínas mostraram uma produção de carne excelente chegando
ao abate com 18-24 meses de idade. A pelagem do Marchigiano é cinza claro, quase
branco, mais escura na vassoura da cauda, nas orelhas e ao redor dos olhos.
Os bezerros nascem bem pesados, com 40 a 50 kg, e apresentam crescimento rápido.
Novilhos de corte, com 14 a 16 meses, bem alimentados com concentrados, podem
pesar até 550 quilos, com rendimento médio da carcaça de 62%. O gado aproveita muito
bem os alimentos e responde ao arraçoamento, isso o torna muito apreciado para o
sistema de confinamento. A Marchigiana, como outras raças italianas e ao contrário das
variedades britânicas, tem sua carne magra, macia, de ótima ossatura e coloração.

NELORE
Origem
Originário da Índia, é constituído por um importante grupo de raças, dentre as quais se
sobressaem a Hariana e a Ongole. O berço da raça Ongole é a região do mesmo nome,
no Estado de Madras. Esta região compreende Ongole, Guntur, Nelore, Venukonda e
Kandantur. Grande número de animais puros são encontrados nessa região. No passado
o Ongole foi exportado em grande escala para a América tropical e outros países, com a
finalidade de melhorar o gado nativo, através de cruzamentos.
Características
A raça Nelore é essencialmente produtora de carne. Dentre as variedades trazidas da
Índia, é a que vem sofrendo mais seleção, objetivando a obtenção de novilhos para
corte. Tem a seu favor uma boa conformação, cabeça pequena e leve, ossatura fina e
leve, e alcança bom desenvolvimento. Os bezerros Nelore são sadios, fortes, espertos e,
horas depois do parto, já se deslocam com o rebanho. A perda de bezerros é mínima,
bastante inferior à de outras raças indianas, dada a sua natural rusticidade. Experimentos
demonstraram que o Nelore pode oferecer carcaças com 16,5 arrobas, aos 26 meses de
idade e rendimento de 50 a 55%, quando alimentado em pastagem.

ROMAGNOLO
Origem
Raça italiana antiga, cujo melhoramento teve início em 1800. Apresenta duas
variedades: a "de planície", maior e mais precoce, boa produtora de carne e a "de
montanha", preferida para o trabalho.
Características
O gado Romagnolo é produtor de carne, com crescimento rápido e bom ganho de peso.
Ao nascer, as fêmeas pesam de 40 a 45 kg e os machos de 45 a 51 kg. Aos dois anos de
idade, as fêmeas pesam de 500 a 550 kg e os machos mais de 700 kg, desde que bem
alimentados. Na idade adulta as fêmeas atingem cerca de 640 kg e os machos 1.100 kg.
A carne é de boa qualidade, saborosa, marmorizada, macia e de fibra fina. O rendimento
da carcaça, em animais bem preparados, varia de 58% a 60% nos novilhos e de 55 a
60% nos bois e vacas. As cruzas com zebuínos dão origem a novilhos pesados.
SANTA GERTRUDIS
Origem
Teoricamente, o Santa Gertrudis possuí 5/8 de sangue Shorthorn e 3/8 de sangue
Brahman, o que criou uma raça que se adaptou muito bem ao calor, mas que exige boas
pastagens. O Santa GertrudisGertrudis é um vencedor na maioria das provas de ganho
de peso nos EUA. No Brasil o Santa GertrudisGertrudis também se mostrou um gado
bem adaptado. Características Os bezerros desmamam com um peso de 195 kg e aos
oito meses já pesam 225 kg.. O peso dos animais adultos é 650 kg nas vacas e 900 kg
nos touros. É provável que, num futuro próximo, o Santa Gertrudis desempenhe um
importante papel na produção de novilhos de corte no Brasil Central com o cruzamento
com a vacas Zebu. Os meio-sangue Santa GertrudisGertrudis, além de melhor
conformados, atingem mais de 300 kg com um ano.

SIMENTAL
Origem
De origem Suíça, o gado Simental atualmente é encontrado com facilidade em grande
parte da Alemanha, Áustria, Iugoslávia, Hungria e Itália.É um animal que se adapta
muito bem a regiões montanhosas. Houve sempre por parte dos criadores uma
preocupação de mantê-lo puro, evitando a introdução de raças exóticas, o que nem
sempre foi possível. Dentro da Suíça, surgiram diversas variedades que só
desapareceram quando a do vale do Simmen passou a fornecer reprodutores para as
outras regiões, absorvendo os tipos primitivos.
Características
Embora o gado Simental seja considerado em sua terra uma raça mista para leite, carne
e trabalho. Nos últimos vinte anos a seleção evoluiu para a criação de animais dotados
de maior precocidade, menor altura e maiores produções de leite e carne. Os machos
entram na reprodução dos 10 aos 13 meses de idade e as fêmeas dão a primeira cria
entre os 30 e 36 meses de idade. O peso ao nascer é de 42 kg para as fêmeas e 50 kg
para os machos. O peso médio na idade adulta é de 750 kg nas vacas e 1.050 kg nos
touros. Como animal de corte, o Simental apresenta crescimento rápido e corpo com
boa musculatura, sem tendência a acumular excesso de gordura subcutânea, ao passo
que a gordura intramuscular é bem desenvolvida, dando boa consistência e coloração às
fibras musculares. As carcaças, nas diversas categorias de animais de abate, dão
rendimentos de 60 a 65 %. Quando cruzado com o gado zebu, produz mestiços pesados.

SHORTHORN
Origem
O Shorthorn é um gado essencialmente de corte, muito antigo e de origem inglesa.
Existe em muitos países como Argentina, EUA, Canadá, México, França, Alemanha,
Austrália e Nova Zelândia. Seu melhoramento vem sendo feito há mais de 200 anos,
resultando num rebanho muito precoce. No Brasil essa raça não teve um bom
aproveitamento, já que o clima tropical não agradou o gado e suas exigências para as
pastagens são muito fortes. Existem criadores na Inglaterra que utilizam o Shorthorn
para exploração de carne, outros para a exploração de leite.
Características
O Shorthorn é um gado de corte altamente especializado, distinguindo-se pela sua
precocidade e engorda rápida. Sua aptidão à engorda é excepcional, porém a qualidade
da carne é pouco apreciada, porque a distribuição da gordura não é bem feita. Quando
bem gordos, dão um rendimento elevado, que atinge de 68 a 72%. Seu peso adulto varia
entre 500 kg a 600 Kg nas vacas e 800 kg a 900 kg nos touros. É um gado muito
exigente, especialmente no primeiro ano. Pouco rústico, não se adapta aos climas
quentes e pastos secundários, porém é inigualável em pastagens superiores. A
fecundidade não é muito grande, o que obriga o criador a freqüentes aquisições de
reprodutores. Em cruzamento com vacas zebus tem dado bons mestiços, porém é menos
recomendável que o Hereford e o Angus, que tem dado melhores resultados.

PIEMONTÊS
Origem
O gado Piemontês é originário da região alpina do norte da Itália denominada Piemonte.
No seu sangue estão o Zebu e o gado nativo da região. Em 1886 os fazendeiros italianos
notaram desenvolvimento de traços da característica conhecida como musculatura
dupla, e logo reconheceram a vantagem para produção de carne. Somente 2% dos
animais que ingressam no centro genético italiano, são aprovados para serem doadores
de sêmen.
Características
O gado Piemontês atual é o melhor exemplo da característica de dupla musculatura,
com ossos e pele fina. Como resultado o Piemontês tem o melhor rendimento de carcaça
e melhor porcentagem de cortes de todas as raças. O Piemontês é uma raça moderna.
Sua produção de carne é diferenciada porque agrada os consumidores e atende as
exigências dos produtores. Há tendências que no futuro dominarão as raças (como
Piemontês) que apresentem bom rendimento a qualquer idade, precocidade, alta
conversão alimentar e produzem carne com baixo teor de gordura. A habilidade materna
e uma boa produção de leite, são também características dominantes nas fêmeas
mestiças.

TABAPUÃ
Origem
Esse gado se assemelha bastante ao Brahman quanto à sua composição racial. É
predominantemente Nelore, com algumas características do Guzerá. Recebeu seu nome
devido ao município em que se formou. É a primeira variedade zebuína mocha.

Características
É crescente o aumento do interesse pelo gado mocho em face às vantagens que
apresenta na estabulação e transporte. Os criadores não estão preocupados com
características raciais super valorizadas, como ocorreu com outras raças. Por isso, seu
melhoramento tem caráter estritamente econômico, ou seja, preocupa-se apenas em
desenvolver um animal com maior precocidade, ganho de peso e rendimento de carcaça.
Alguns criadores procuram orientar a seleção visando uma raça de dupla aptidão. Como
produtor de carne, o mocho já tem demonstrado seu potencial nas provas de ganho de
peso. Como produtor de leite, vem respondendo de maneira surpreendente aos estímulos
da seleção zootécnica.

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