Aula - 7 - Manejo e Criação de Bezerras

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BOVINOCULTURA Prof. Me.

Vinícius

DE LEITE José Moreira


Nogueira
CRIAÇÃO E MANEJO DE
BEZERRAS LEITEIRAS
POR QUE CRIAR BEM?
➢O bezerro perde a proteção materna;
➢Exposto a um novo ambiente;
➢Expressar o seu potencial máximo de
desenvolvimento;
➢Ingressar mais cedo à vida reprodutiva;
➢SÃO O FUTURO DA PRODUÇÃO
IMPORTÂNCIA??

No rebanho leiteiro: pelo menos 20% das vacas são


eliminadas anualmente → enfermidades, mortes e/ou baixa
produção

FUTURO
GENÉTICO DO
A fase de cria necessita de muito cuidado: REBANHO
• Apresenta ALTO custo...
...e alta correlação com a produção futura da propriedade.
Objetivos:
➢Minimizar mortalidade
➢Ritmo de crescimento adequado:
▪ dobrar o peso nos primeiros 56 dias
de idade
➢Reprodução precoce:
▪ 50% do peso adulto as 13 meses de
idade
➢Animais saudáveis para reposição
➢Garantir melhoramento genético
PRIMEIROS CUIDADOS

1. Pré-parto – cuidados com a vaca (Mãe):


Conduzir as vacas para pastos-maternidades 30 dias antes do parto previsto.

pequeno, seco, limpo e localizado perto do curral

permitir observação frequente e assistência imediata


A alimentação diferenciada: gramínea de boa qualidade e/ou concentrado
(maior crescimento fetal no último trimestre da gestação)
Lacerda (2007) Foto: Serrano, A.L (2007)
2. Parto – assistência ao neonato:

❖O bezerro tenta se colocar de pé de 20 a 30’ após o nascimento.

❖O animal deverá permanecer junto à mãe por 24h ingestão do


máximo de COLOSTRO possível.

* Fornecer o colostro até 6 h após o nascimento.


* Após 24 h as imunoglobulinas tornam-se afuncionais
Carvalho (2008)
Fornecimento imediato do colostro

Transferência de Modulação do Nutrição do


imunidade passiva sistema imune recém nascido.

Ingestão de colostro
0,9 a 1,8 L mortalidade 15,3%
2,8 a 3,7 L mortalidade 9,9%
3,7 a 4,7 L mortalidade 6,5%
Bob James (2008)
COLOSTRO
VARIÁVEL MÉDIA MIN. MÁX.
Gordura (%) 6.0 3.6 8.1

Proteína (%) 5.8 3.5 10.3

IgG (g/L) 32.1 11.7 72.1

IgM (g/L) 4.0 1.8 7.9


Fonte: Andrew (2001), J. Dairy Sci. 84:100-106.
COLOSTRO

Eficiência de absorção intestinal Concentração de IgG do colostro


de IgG x horas pós-parto bovino x tempo (h)

Fonte: Andrew (2001), J. Dairy Sci. 84:100-106.


Quantidade de colostro a ser fornecido:
◦ Fornecer no mínimo por 4 dias (se possível prolongar por mais tempo)

◦ Recém-nascido junto da vaca

◦ Animais retirados da vaca ao nascer

➢ Colostro excedente: pode ser oferecido a outros animais mais


velhos (proporção 2 x 1: 2 partes de colostro para 1 de água).

➢ Banco de colostro: congelado, em vasilhas esterilizadas.


Avaliação do Colostro – Colostrômetro

Temperatura de
20°C à 25°C

BITTAR E PAULA, 2020


Avaliação do Colostro – Refratômetro
de Brix digital
▪ > 21% Brix
o >50 mg de Ig/mL
◦ Colostro de alta qualidade

▪ < 21% Brix


o <50 mg de Ig/mL
◦Colostro de baixa qualidade BITTAR E PAULA, 2020
Avaliação do Colostro – Refratômetro
de Brix Óptico
▪ >50 mg de Ig/mL
◦ Colostro de alta qualidade

▪ <50 mg de Ig/mL
◦ Colostro de baixa qualidade

BITTAR E PAULA, 2020


Avaliação da Colostragem – Refratômetro
de Brix Digital

▪ > 8,4% Brix


o transferência passiva de sucesso

▪ < 8,4% Brix


o transferência passiva insuficiente

Avaliar o soro entre 24 e 48h


de vida KAUCZ et al., 2020
Avaliação da Colostragem – Refratômetro
de Brix Óptico

▪ > 5,5 g/dL


o transferência passiva de sucesso

▪ 5,0 a 5,4 g/dL


o transferência de imunidade moderada

▪ < 5,0 g/dL


o transferência passiva insuficiente
BITTAR E PAULA, 2020
SUBSTITUTO DO COLOSTRO

◦ Se a mãe morrer e não tiver outra vaca para substituí-la, pode-se utilizar a
seguinte fórmula como substituto do colostro:

◦ ½ litro de água
◦ 1 ovo + ½ colher de chá de rícino – lugol
◦ ½ litro de leite
◦ Misturar bem e fornecer 3 vezes ao dia, durante 4 dia
3. Corte e desinfecção do umbigo

Logo após a bezerra ter mamado:


• Iodo de 5 a 7% por no mínimo 3 dias

Com um instrumento desinfetado - cortar a 10 cm do


abdômen.

A mortalidade e as doenças são reduzidas quando o cordão umbilical é


rapidamente mergulhado em solução de iodo após o nascimento.
EMBRAPA CNGL (1987) Foto: Serrano, A.L (2007)
Facury, (2002)
4. Remoção dos Tetos Supra Numéricos
Se houver tetos extras, extirpá-los para que não prejudiquem o manejo da ordenha

Faz-se uma desinfecção completa da região do úbere com solução Iodada

Com uma tesoura ou bisturi (esterilizados), faz-se a secção rente à parede do


úbere

Em caso de hemorragia → ponto cirúrgico


5. Identificação
❖ Controle zootécnico do rebanho.

➢ Tatuagem com Azul de Metileno

◦ É um processo eficiente
◦ Sua aplicação deve ser feita em superfície
despigmentada.
5. Identificação
❖ Controle zootécnico do rebanho.

➢ Placas

◦ As placas contêm numeração individual,


sendo presas ao pescoço do animal através
de colares.
5. Identificação
❖ Controle zootécnico do rebanho.

➢ Brincos de plástico

◦ Os brincos contêm numeração individual


colocados na orelha.
6. Descorna ou Mochação:

❖Método Químico

➢ Realizado em animais de 2 a 5 dias de idade. Deve-se ter muito


cuidado para evitar lesões e queimaduras na pele.

• Soda cáustica

• Produtos comerciais
6. Descorna ou Mochação:
❖ Ferro Quente e Cauterizador Elétrico

➢ Recomendado para bezerras acima de 15 dias de idade, com botão córneo


bem desenvolvido.
SISTEMA DIGESTIVO DO
BEZERRO PRÉ-
RUMINANTE
Sistema digestivo do bezerro pré-ruminante
Ao nascer, a bezerra já apresenta os 4 compartimentos
gástricos e a goteira esofágica.

Canal de comunicação
direta entre esôfago e
omaso/abomaso
Até a 4ª semana de vida da
bezerra, não há
comunicação com as
outras cavidades gástricas
ESTÔMAGOS DE RUMINANTES
DIFERENÇAS DE ACORDO COM A IDADE
Bezerras Bezerras após a desmama
pré-ruminantes (8 semanas de vida)

A ingestão de alimentos secos (grãos e volumosos)


aceleram o desenvolvimento do rumen-retículo
Coelho, (1999)
Sistema digestivo do bezerro pré-ruminante
Quanto > o tempo de aleitamento e a quantidade de leite fornecida

< a velocidade de desenvolvimento do rúmen - retículo

A formação da papilas ruminais está diretamente ligada à


ingestão de alimentos sólidos até a 8ª semana de vida

FORNECIMENTO DO FENO E
CONCENTRADO
ALIMENTAÇÃO

❖ Concentrados

18 a 20% de PB 100 a 200 g diárias, aumentando gradativamente...


70 a 80% NDT 3 kg aos 6 meses de idade

Os ingredientes do concentrado devem ser moídos:


melhor mistura, melhor consumo e menor separação dos
ingredientes pelos animais.
ALIMENTAÇÃO

❖ Volumoso

O volumoso indicado é o feno: melhor palatabilidade, alto


teor de MS e valor nutritivo.

Na maioria das vezes, o animal só terá condições de


pastoreio após 8 semanas de vida
ALIMENTAÇÃO
❖ Água
Até a 4ª semana de vida, a água não tem ação nutritiva

Provoca o fechamento da goteira esofágica, indo diretamente ao


abomaso, assim como o leite.
Após este período, sua ação é fundamental:

Auxilia o desenvolvimento da microflora ruminal e melhora a digestão


dos nutrientes fornecidos.
Fornecer água limpa e fresca à vontade
SISTEMAS DE
ALEITAMENTO
Sistemas de aleitamento

◦Natural
◦Diretamente da vaca
◦Comum em sistemas extensivos

◦Artificial
◦O leite é oferecido ao bezerro
◦ Bezerros com as mães somente
durante a ordenha
◦ Bezerros separados da mãe após a fase
colostral;
Aleitamento ◦ Suplementação
concentrados;
com volumoso e

Natural ◦ Durante a ordenha, são amarrados às


vacas;
◦ Após ordenha, mamam na mãe.

Neste sistema é difícil controlar a quantidade de leite ingerido pelo


bezerro, bem como a quantidade produzida pela vaca
Manejo do sistema de
aleitamento natural
◦ Bezerros com as mães somente durante a ordenha
◦ Reservar uma teta somente para a bezerra:
◦ Até o 3° mês, após esse tempo a bezerra mama o leite residual
◦ Após a mamada, esgotar os tetos;
◦ Dividir os animais em lotes (idade e tamanho);
◦ Manejar visando reduzir período de aleitamento;
◦ Fornecer alimentação adequada:
◦ volumoso + concentrado + mistura mineral
◦Vantagens

◦ Correto posicionamento do bezerro


Sistema de ◦ Velocidade de ingestão menor
aleitamento ◦ Menores riscos de perturbações
digestivas
natural
◦ Redução de mão de obra
◦ Diminuição de doenças
intramamárias ?????
◦Desvantagens

Sistema de
aleitamento ◦ Ausência de controle leiteiro;
◦ Prolongamento da desmama
natural definitiva;
◦ Falta de controle da quantidade de
leite ingerida pelo bezerro;
Aleitamento ◦ Fornecimento do leite integral diário: 4
a 6 litros/dia
Artificial

O bezerro é separado da mãe até 6 h pós-parto ou


após a 1ª mamada do colostro.
◦Vantagens

◦ Controle leiteiro do rebanho;


◦ Controle quantitativo da ingestão e
Sistema de melhor manejo de ordenha;
aleitamento ◦ Substituição total ou parcial do leite
artificial por sucedâneos;
◦ Ordenha com ausência do bezerro;
◦ Controle econômico da criação;
◦ Concentrado fornecido a partir da 1°
semana.
◦Desvantagens
Sistema de
aleitamento ◦ Mão de obra especializada;
◦ Custo operacional elevado;
artificial
◦ Controle higiênico dos materiais
empregados no sistema
Cuidados no fornecimento do
leite
◦ Quantidade e horário do fornecimento;
◦ O leite ou substituto sempre morno;
◦ Posição da cabeça da bezerra:
◦ sempre de cabeça alta: evitar inspiração do leite (balde) ou o
não fechamento total da goteira esofágica, levando leite ao
rúmen.
◦ Higiene e desinfecção: utensílios, vasilhames e instalações
Substituto do leite
◦ Colostro excedente;

◦ Produto comercializado (sucedâneo): forma de pó.

◦ Sucedâneo do leite (produto comercial):


◦ mistura concentrada seca de alto valor nutritivo e pouca fibra
(menos de 3%), oferecida na forma líquida após o período
colostral.
◦Vantagens

Substitutos ✓ Alto valor nutritivo


do Leite ✓ Boa palatabilidade
✓ Fácil utilização
✓ Barato
Fornecimento do Concentrado
➢ Composição:
✓ Alimentos de alta qualidade: milho, farelos, leite em pó;
✓ Suplementos minerais e vitamínicos;
✓ Comercialmente na forma de pellets.

Nutrientes necessários para o desenvolvimento do rúmen

Renovar, com frequência, o concentrado do cocho, principalmente nas


primeiras semanas de vida
Características de um bom concentrado
para bezerros
➢ Bastante palatável – adicionar melaço em pó (3-10%);
➢ Textura grosseira – facilitar o consumo;
➢ Variedade de ingredientes – melhor palatabilidade;
➢ Conter fontes de minerais e vitaminas.

Quando a bezerra consumir de 600 a 800 g concentrado/dia por


um período mínimo de 3 dias seguidos

desaleitamento (independente da idade)


Coelho (1999)
Coelho (2008)
Desmama no sistema de aleitamento
artificial
❖ Desaleitamento de forma brusca: mais indicado.

✓ Consumo diário de concentrado pela bezerra;


✓ Idade e peso vivo da bezerra:
• Idade adequada : de 8 a 12 semanas de vida
• Peso Vivo: no mínimo 65 kg

A pesagem pode ser semanal ou quinzenal, utilizando a fita métrica


específica
Taxas de mortalidade em diferentes idades de desmama
TIPOS DE
ALOJAMENTO
Tipos de instalações
➢ As instalações são importantes para minimizar a exposição a
patógenos e oferecer um ambiente confortável e estável para
os animais

Abrigos Individuais Abrigos Coletivos


Tipos de instalações
◦ Para uma boa instalação é necessário:

◦ Área de descanso seca, livre de ventos e de tamanho adequado;


◦ Ventilação apropriada;
◦ Fácil acesso ao alimento e água;
◦ Fácil manuseio e tratamento do animal; e
◦ Facilidade de limpeza da instalação.
◦Vantagens
✓ Diminuição do contato;
✓ Minimização da transmissão de
Abrigos
Individuais doenças;
✓ Acompanhamento clínico individual
de cada animal;
✓ Sem competição entre os animais
Bezerreiro em formato de casinhas

Ferreira (2016)
Bezerreiro em formato de casinhas

Bittar (2009)
Lara (2017)
Lara (2017)
◦Desvantagens
✓ Menor movimentação;
Abrigos
Individuais ✓ Menor socialização;

✓ Maior exigência de mão-de-obra.


Lara (2017)
Lara (2017)
Bezerreiro modelo argentino

Nadruz (2012)
◦ Vantagens
✓ Mais espaço para os animais;

✓ Mais interações sociais mais cedo, fazendo


com que os animais sejam treinados a viver
Abrigos em grupo, o que terão que fazer após o
Coletivos desaleitamento;

✓ Maior facilidade de trabalho de manejo,


otimizando a mão de obra e possibilitando
algumas automações, como o fornecimento
automático de leite.
◦Desvantagens
✓ Maior risco de transmissão horizontal
Abrigos de doenças;
Coletivos
✓ Pode ocorrer sucção cruzada (o
manejo alimentar precisa ser bem feito
para evitar isso)
Pedersen, et al., (2008)
Educapoint (2019)
Primeiro lote coletivo transição após desmame
60 a 90 dias - peso 84 kg
◦ Número de bezerros não deve exceder a 8.
◦ Área necessária nos piquetes é de 18,5m2/animal.
◦ Área de cocho de 30 cm/animal e de sombra 1,8m2/animal.
◦ Alimentação deve ser usado o mesmo concentrado que estava
sendo utilizado no bezerreiro.
◦ Sal mineralizado deve ser dado a vontade.
◦ Água limpa e fresca à vontade.
◦ A primeira vermifugação deve ser realizada na saída do bezerreiro.
◦ Manter controle sobre ectoparasitas.
De 4 a 5 meses de idade - peso 113 a 167 kg

◦ Área necessária nos piquetes é de 18,5 a 45m2/animal.


◦ Número máximo de bezerros neste lote 15.
◦ Área de cocho de 30 cm/animal e de sombra 1,8m2/animal.
◦ Alimentação o concentrado oferecido aos t que deve ser ½ do concentrado da
fase anterior e ½ de concentrado para novilhas.
◦ Sal mineralizado deve ser dado a vontade.
◦ Água limpa e fresca à vontade.
◦ Manter controle sobre ecto e endoparasitas.
De 6 a 8 meses de idade - peso 167 – 223 kg

◦ Os grupos podem ser maiores e comportarem até 30 animais.

◦ Área de 27,8m2/animal, cocho deve ser de 40 a 50cm2/animal, área de


sombra 2,78m2/animal

◦ Alimentação continuar utilizando concentrado para novilhas.

◦ Sal mineralizado a vontade.

◦ Manter controle sobre ecto e endoparasitas.


PROGRAMA DE
CONTROLE SANITÁRIO
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