Direito Penal 3 Maju
Direito Penal 3 Maju
Direito Penal 3 Maju
(Parte Específica)
Aspectos conceituais:
O homicídio consiste na eliminação da vida humana extrauterina (fora do útero
materno).
Exemplos:
- Hipótese 1:
O feto morre na barriga.
Alberto comete o crime de aborto, pois a vida é intrauterina (dentro do útero).
- Hipótese 2:
O feto morre 2 dias após a ação de Alberto, mas em decorrência dela.
Mesmo assim, Alberto comete o crime de aborto, haja vista que o que prevalece é
MOMENTO da CONDUTA (AÇÃO ou OMISSÃO), e não do resultado.
- Hipótese 3:
O feto não morre, mas é expulso da barriga(útero) de Bianca. Alberto então atira no
bebê.
Alberto comete o crime de homicídio.
Meios de execução do homicídio
- Homicídio Direto:
O agente mesmo executa o homicídio.
- Homicídio indireto:
O agente utiliza alguém (um inimputável: um menor ou um esquizofrênico) ou alguma
coisa (um animal feroz, por exemplo) para fazer a execução do homicídio.
Meios de execução
- Crime livre
- Meios relativamente eficazes gera tentativa
Sujeito passivo
Crime incomum qualquer pessoa
- o agente quer matar os dois irmãos xifópagos a partir de uma única ação. Trata-se de
um concurso formal imperfeito ou impróprio.
- o agente queria a morte de um dos gêmeos xifópagos. Trata-se de um concurso formal
impróprio -> dolo das consequências necessárias. Dolo de 1º grau para o gêmeo que o
agente queria matar e dolo de 2º grau para o gêmeo que o agente não queria matar.
Se o assassinato é ocasionado por uma motivação política, então o crime não é contra a
Lei de Segurança Nacional.
O agente não responde conforme o artigo 121 do Código Penal, mas de acordo com o
artigo 29 da Lei 7.170 de 1980 (Lei da Segurança Nacional).
A competência para este crime não será do Tribunal do Júri, mas sim da Justiça Federal.
Homicídio Privilegiado
Artigo 121, § 1º
Ortotanásia = suspensão de remédios. Ex: interromper a quimioterapia por não ter cura
o câncer. A ortotanásia não é crime no Brasil.
- Qualificadora objetiva
- aqui não são meios de execução como no inciso III, mas sim um modo de
execução.
- ser a vítima deficiente ou idosa, não é motivo por si somente para incidir
qualificadora.
- em qualquer das uma das conexões, os crimes não precisam ser cometidos pelos
mesmos agentes.
VI – Feminicídio
- Contra a mulher ou proveniente das relações domésticas
- Em decorrência do sexo feminino
- aplicabilidade aos trans e travestis
- Qualquer pessoa pode ser o sujeito ativo (que comete o crime de homicídio: o homem
ou a mulher).
Para diagnosticar se o crime foi cometido por feminicídio basta imaginar se no lugar da
vítima fosse um homem. Se o crime ocorreria do mesmo jeito, então não é um
feminicídio. Se não ocorreria, então é um feminicídio.
VII – Vítimas que trabalham para Segurança Pública assim como seus/suas filho(a)s e
cônjuges.
§ 6º -> + 1/3 até 1/2 se é praticado por milícia, grupo de extermínio ou sob o pretexto
de segurança.
Homicídio Culposo
É todo homicídio cujo resultado de uma imperícia, imprudência ou negligência é a
morte.
Em todos os casos, o resultado morte é possível, porém jamais aceito ou desejado.
1) O resultado deve ser previsível. Se o resultado não for previsível, então trata-se
de um caso fortuito ou força maior.
2) A competência para julgar é de juiz singular.
Homicídio Culposo no Trânsito
Hipótese 1:
O agente em conformidade com as leis de trânsito bate em alguém e mata.
- Princípio da confiança.
- Situação atípica.
Hipótese 2:
O agente em desconformidade com as normas de trânsito, bate em alguém e mata.
- Culpa Consciente:
Artigo 302, § 3º do Código Brasileiro de Trânsito
§ 3o Se o agente conduz veículo automotor sob a influência de álcool ou de
qualquer outra substância psicoativa (maconha, Rivotril, cocaína) que determine
dependência: (Incluído pela Lei nº 13.546, de 2017) (Vigência)
Penas - reclusão, de cinco a oito anos, e suspensão ou proibição do direito de se
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. (Incluído pela Lei
nº 13.546, de 2017) (Vigência)
Obs.: Se o homicídio no trânsito é doloso, então será julgado pelo artigo 121 do Código
Penal.
Perdão Judicial
- Causa de extinção da punibilidade.
- Princípio da bagatela impróprio.
Ex: O caso de Cristiane Torloni que passou por cima do próprio filho ao dar a ré.
- Nos casos de homicídio culposo no trânsito, os tribunais vêm exigindo para a
concessão do perdão judicial um vínculo afetivo entre o agente e a vítima.
Ex: Tem que ser alguém da família ou um amigo muito querido que a pessoa ame.
b) Material:
- Auxílio: o agente forneceu os meios de execução para o suicídio, mas nunca executa.
Obs.: Se executa é homicídio. Se houver um suicídio mal sucedido, ou seja, a vítima
não move, o agente só responde. Caso aquela tenha sofrido lesão grave ou gravíssimo.
Para o agente responder pelo artigo 122 do Código Penal é preciso que as ações sejam
feitas para os agentes determinados.
Causas de aumento da pena:
I – Se o crime é praticado por motivo egoístico.
II – Se a vítima é maior de 14 anos e menor de 18 anos ou tem a capacidade de
resistência reduzida.
Infanticídio
Artigo 123 do Código Penal:
Apresenta elementares ao crime no Artigo 121: trata-se de um homicídio especializado.
- Sujeito ativo:
Mãe em estado puerperal
- Sujeito passivo:
Recém-nascido (filho)
- estado puerperal: estado físico psíquico que envolve a partariente durante a expulsão
da criança do ventre materno deixando a mãe sem condição plena de entender o que está
fazendo.
Artigo 126:
Provocar aborto com o consentimento da gestante.
Pena – reclusão, de 1 a 4 anos.
Parágrafo único:
Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de 14 anos, ou é alienada
ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou
violência.
Forma qualificada
Artigo 127:
As penas cominadas(prescritas) nos artigos anteriores são aumentadas de 1/3, se, em
consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre a
lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer uma dessas causas,
lhe sobrevém(vem depois) a morte.
O aborto é a intervenção da gravidez da qual resulta a morte do produto da concepção.
Nidação
Nidação é a implantação do blastocisto no endométrio (parede interna do útero), que
ocorre cerca de 7 dias após a fecundação.
A palavra nidação tem origem no latim nidus, que significa "ninho”.
Para que ocorra o processo de nidação, é necessário que a mucosa uterina seja
previamente preparada pelos hormônios ovarianos e que o ovo (óvulo fecundado pelo
espermatozoide) tenha alcançado o estado de desenvolvimento ideal para sua
implantação no endométrio.
Espécies de aborto
Obs: a vida uterina tem início a partir da nidação.
a) Aborto natural
b) Aborto acidental ou culposo
Obs: Não existe aborto culposo para efeitos penais.
c) Aborto criminoso:
Artigo 124 até o 126
d) Aborto Legal
Artigo 128:
Não se pode o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I – se não há outro meio de salvar a vida da gestante.
Crime Preterdoloso:
Aborto (dolo) + Lesão corporal ou morte (culpa)
Ou
A lesão corporal pode ser executada de forma livre, ou seja, admite qualquer meio de
execução.
Obs: Se o agente ativo for uma autoridade pública, então responderá por abuso de
autoridade.
Artigo 3º, i, da Lei 4898
Autolesão
A Autolesão (lesão a si mesmo) não é crime, exceto se a autolesão é usada para cometer
uma fraude. Ex: alguém se lesiona para ganhar um atestado médico ou para ser
indenizado.
b) Perigo de vida:
- Critério objetivo: perigo comprovado.
- O perigo deve ser constatado por um diagnóstico e não um prognóstico.
Diagnóstico: demonstração a partir de um exame e de um laudo médico do estado de
saúde do paciente naquele devido momento.
Prognóstico: perspectiva que a medicina faz acerca do estado de saúde de uma pessoa
no futuro. Ou seja, o prognóstico é feito em incertezas e probabilidades -> ninguém tem
bola de cristal. Noutras palavras: o médico não é Deus.
b) Enfermidade incurável
c) Inutilização ou perda de um membro ou do sentido.
Obs: Nos casos de cirurgias para transexuais (cortar a piroca do traveco pra ele virar
“mulher”) e esterilização (fazer laqueadura e vasectomia), desde que exista o
consentimento prévio e categórico dos lesionados, não é crime.
d) Deformidade permanente:
- Ligado às questões estéticas
- Se puder ser corrigida por cirurgia estética, então a qualificadora deve incidir?
Não, pois a deformidade deixou de existir.
Sim, pois o que prevalece é a Teoria da atividade (do momento da ação do crime). Esta
é a que está de acordo com a jurisprudência do STF.
Ex: Se Joaquim corta o rosto de Margarida, causando-lhe uma horrorosa cicatriz, ainda
que o Cirurgião Plástico remova a cicatriz dela, o que importa é que o crime deve ser
tipificado de acordo com o momento do corte, independentemente de ela ter ficado boa
ou não.
A Lei Maria da Penha, embora tenha sido feita exclusivamente para as mulheres, em
alguns casos, de acordo com a jurisprudência, pode ser estendida aos homens.
A violência econômica (ex: deixar a mulher sem dinheiro) também pode ser encaixada
na Lei Maria da Penha.
1) Honra objetiva
É a reputação do indivíduo no meio social em que ele está inserido.
O que as pessoas pensam sobre você.
Os crimes que ferem a honra objetiva se consumam quando alcança uma terceira
pessoa.
1) Honra subjetiva:
- A forma que o indivíduo se vê auto-estima;
- A injúria viola a honra subjetiva.
Calúnia:
Atribuir a alguém um fato criminoso sabendo este ser falso.
Ex: Adriana espalha pela Estácio que Charles está aplicando bomba (anabolizante) nos
alunos.
- Objetividade jurídica (honra objetiva);
- Núcleo do tipo: caluniar;
- A ofensa deve ser dirigida à pessoa determinada(específica) e o fato deve ser
verossímil(que parece ser muito verdadeiro e evidente, mas não é).
- A imputação falsa de contravenção penal não configura uma calúnia.
Subtipo da calúnia, artigo 138, § 4º.
Quem repassa a informação sabendo que ela falsa.
- Elemento subjetivo: dolo;
- É possível calúnia sobre os mortos por expressa(escrita, clara) previsão legal.
Difamação:
Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação(boa fama).
Pena – detenção, de 3 meses a 1 ano, e multa.
Ex: Marciano sai espalhando que Charles anda queimando a rosca. (Queimar a rosca
não é crime, mas Charles não sente bem em ser visto como gay).
Artigo 139 do Código Penal:
- imputa-se um fato ofensivo à reputação (boa fama) do(a) ofendido(a).
Exceção da verdade: admite-se se o(a) ofendido é um funcionário público e a ofensa é
relativa ao exercício de sua função.
Se o crime imputado for de ação pública o(a) ofendido(a) tiver sido absolvido por um
sentença irrecorrível (transitado e julgado).
A difamação é um crime que ofende a honra objetiva.
A imputação não precisa ser falsa, mas o fato deve ser certo, determinado, ou seja, deve
conter as circunstâncias descritas.
Se a ofensa não chega ao conhecimento de terceiro, então não configura uma
difamação, mas sim uma injúria.
Obs.: Se a vítima repassa a informação.
Injúria:
Artigo 140:
- Não há interpretação do fato. Basta que se atribua uma qualidade negativa à vítima.
Adjetivação.
Ex: chamar alguém de safado, ladrão, puta.
Ocorre a injúria se atinge a honra subjetiva(pessoal, psicológica) do ofendido(a).
Injuriar significa ofender, insultar, menosprezar alguém de forma a diminuir aquilo que
a vítima pensa sobre si mesma.
Consumação da injúria: ocorre a partir do momento em que a vítima tem o
conhecimento da ofensa.
Lembre-se: Nunca se admite a exceção da verdade na injúria.
Injúria real
Quando a injúria consiste em violência ou vias de fato:
- Injúria contra o funcionário público via de regra (regra geral) a injúria pode ser praticada
na presença ou ausência da vítima. Todavia, quando esta se retratar de funcionário
público, então este crime só se configura se tiver sido pactuado na AUSÊNCIA da vítima,
pois se for na presença, então o crime será de desacato.
Artigo 331 do Código Penal: Discriminação contra a pessoa com HIV:
- não se constituirá um crime de injúria nos casos em que as atribuições se referem ao
vírus do HIV da vítima.
Artigo 1º
Lei 12.984 de 2014
- Discriminação com a pessoa idosa.
Não constituirá crime de injúria aqueles casos em que as atribuições se referem a idade
dos idosos. Se as qualificações negativas se relacionam com a condição de ser idoso a
vítima, então o agente responderá de acordo com o Estatuto do Idoso, e não por injúria.
Injúria eleitoral
Ocorre quando há os elementos constitutivos do tipo penal:
a) Injuriar alguém ofendendo-lhe a dignidade ou decoro;
b) Na propaganda eleitoral ou com fins de propaganda. Apontamentos comuns de
crime contra a honra. Ex: Quando Collor chamou Miriam pra caluniar Lula.
Retratação:
Quando o querelado se retrata antes da sentença da calúnia ou difamação haverá a
extinção de punibilidade.
Obs1: Não é possível no crime de injúria.
Obs2: Só é possível nos crimes de calúnia e difamação da ação privada.
Obs3: A retratação é um ato unilateral.
5. Imunidade Judiciária:
A ofensa ao magistrado não integra esta excludente.
Obs: Para o Ministério Público essa excludente funciona quando ele for parte.
6. Pedido de explicação:
Quando uma pessoa se sente ofendida e cobra explicações em juízo, isto é, antes da ação
penal.
- Quem se recusa a dar as explicações de não as faz de forma satisfatória (juízo de valor
do magistrado) responderá a ação penal.
Furto
a) Coisa:
Extorsão
O Furto é Alheio
Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso
fortuito ou força da natureza:
Apropriação de tesouro
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria, no todo ou em parte, da quota
a que tem direito o proprietário do prédio;
Uma coisa somente é considerada perdida quando ela se encontra em local proibido ou
uso público.
Quando alguma coisa é abandonada, não é crime de furto caso haja apropriação.
Não confunda
A coisa do furto pode ter um valor material (um Iphone) ou um valor sentimental (um
jogo de futebol de botão)
Princípio da insignificância
- Criminoso primário
Se o criminoso é réu primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, então o juiz pode
substituir a pena de reclusão pela pena de detenção, diminui-la de 1/3 a 2/3, ou aplicar
somente a pena de multa.
Furto qualificado
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido:
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a
quota a que tem direito o agente.
Furto Famélico(faminto)
É praticado por quem, em estado de extrema penúria(pobreza, miseriabilidade), é
impelido(impulsionado) pela fome, pela inadiável necessidade de se alimentar.
- é um crime;
- Tese de defesa: estado de necessidade.
Estado de necessidade é diferente de estado de precisão.
Estado de precisão
O simples estado de precisão, que assola grande parte da população brasileira, não se
confunde com o estado de necessidade, cuja configuração não prescinde(dispensa) da
demonstração de que realizada a ação típica como forma última de atendimento
de necessidade vital e premente(urgente).
Núcleo do tipo: subtrair(remover) e inverter a posse do bem.
O bem é retirado da vítima na sua presença ou ausência.
Existe uma diferença entre subtrair o bem e se apoderar deste:
a) O agente recebe a posse vigiada do bem;
b) O agente recebe a posse desvigiada do bem crime de apropriação indébito.
Sujeitos do crime:
a) Sujeito ativo:
Qualquer pessoa.
b) Sujeito passivo:
O proprietário, possuidor legítimo.
Elemento subjetivo: o dolo.
Não basta subtrair: o bem deve se ter a intenção de ficar com ele para si ou para
outrem(outra pessoa). animus do assenhoramento definitivo
Obs2: O credor que subtrai o bem do devedor para ressarcir a dívida, não comete furto
exercício arbitrário das próprias razões.
Ex: Girlene está devendo 100 reais a Carol e não paga. Carol então vai à Casa de
Girlene e subtrai o seu livro de Direito Penal.
Consumação: no momento da inversão da posse, ainda que por tempo breve e seguida
de perseguição ao agente sendo prescindível(dispensável) a posse mansa e pacífica.
Info 572
É admissível a tentativa
Obs: o batedor de carteira que vai tirar o dinheiro do bolso de alguém.
Obs2: Este furto não precisa acontecer em uma casa habitada pode ser na rua ou em
estabelecimentos comerciais. Ruas?
Obs3: Esta qualificadora não será apreciada durante o dia, ainda que as vítimas estejam
dormindo.