Penal I
Penal I
Penal I
Sujeitos Ativo:
crime COMUM: pode ser praticado por qualquer pessoa. A qualificação pode se
transformar em um agravante (ex: matar cônjuge), mas não altera o tipo.
AGRAVANTES GENÉRICAS
Sujeito Passivo: qualquer ser humano nascido vivo ou nascendo vivo. Não é necessário
que exista vida viável, podemos estar diante de uma pessoa prestes a morrer, ainda
assim teremos homicídio
Lei 9.434/97
Art. 3 A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados
a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica,
constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e
transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por
resolução do Conselho Federal de Medicina.
Elementos objetivos do tipo
I – Diretos: o agente age imediatamente contra a vítima (disparo de arma de fogo,
golpes de faca, uso de veneno)
II – Indiretos: são os que operam mediatamente sobre a vítima através de outra causa
provocada pelo ato inicial do agente (estimular um cão ao ataque, induzir um doente
mental a matar)
III – Comissivos: quando praticados através de uma ação positiva do agente.
IV – Omissivos: quando praticados por intermédio de uma conduta negativa, um deixar
de agir.
Art. 13, § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir
para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; mãe em relação ao filho
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; professor de
natação em relação ao aluno
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado; causador
do incêndio que não salva o amigo
Omissão normativa e não causal!
Elementos Subjetivos do tipo
Dolo: Vontade livre e consciente de eliminar a vida humana (animus necandi)
a) Dolo Direto
O sujeito visa o resultado morte, ele realiza a conduta
com o fim de obter a morte da vítima.
b) Dolo indireto
b.1 Alternativo: quando a vontade se dirige ou a morte ou a outro resultado Ex:
desferir (facadas para matar ou ferir).
b.2 Eventual: quando o agente não quer a morte da vítima, prevê que é possível,
e age; para o agente é indiferente a morte. Ex: sujeito pretende matar A que
conversa com B, o agente prevê que ao matar A pode causar a morte de B ,
mesmo assim atira e atinge os dois.
Responde por dois homicídios, um por dolo direto, em relação a A e outro por
dolo eventual, em relação a B.
Consumação: se consuma com a morte da vítima. A prova da morte é dada pelo exame
de corpo de delito. Pode ser direto ou indireto.
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de
corpo de delito, direto ou indireto(vestuários, fotografias, partes do
corpo),não podendo supri-lo a confissão do acusado. CPP
A confissão do acusado não suprime a prova de delito
Não havendo vestígios, a prova testemunhal poderá suprir o exame de corpo de delito.
Art. 167. Não sendo possível o exame de corpo de delito, por haverem
desaparecido os vestígios, a prova testemunhal poderá suprir-lhe a falta. CPP
Por ser um crime MATERIAL, admite a figura da tentativa. Quando a morte não ocorre
por circunstâncias alheias a sua vontade. Não se pune atos preparatórios, sendo
necessário o início da execução.
Tentativa perfeita: exaure a execução, o processo executório é integralmente realizado
Tentativa imperfeita: O processo executório é interrompido por circunstâncias alheias
a vontade do agente
Tentativa cruenta: deixa vestígios
Tentativa branca: não deixa vestígios
Crime IMPOSSÍVEL
Art. 17 do CP
Não há a figura da tentativa porque não há tipicidade. Há relação com o princípio da
lesividade.
a) Ineficácia absoluta do meio: O sujeito resolve matar a vítima com veneno, mas
administra farinha no lugar do veneno.
b) Impropriedade absoluta do objeto: sujeito decide matar a vítima dormindo com
um tiro, todavia, esta resolve sair com o namorado às escondidas e disfarça a sua
ausência com travesseiros. O sujeito ativo desfere tiros contra um travesseiro,
não há vida humana ali.
Se a ineficácia do meio ou impropriedade do objeto, não podem ser relativas, pois senão
o bem jurídico da vida correu risco. O ataque deve ser absolutamente impróprio ou
ineficaz.
Ex: Se o sujeito atira na cama e a vítima estava dormindo no chão, ou se o sujeito
administra pouco veneno, não suficiente para provocar a morte, o bem jurídico correu
risco e, portanto, há tentativa.
Desistência voluntária e Arrependimento eficaz
O agente pode ou desistir ou se arrepender. Esse comportamento afasta a figura da
tentativa.
Ex: dispondo de vários projéteis, dispara somente um, e desiste. (desistência
Voluntária)
Administra veneno na comida da vítima e depois lhe dá o antídoto (Arrependimento
eficaz)
A desistência tem que ser voluntária, mas não precisa ser espontânea, a pessoa pode ser
estimulada a desistir.
Se há desistência voluntária do ato de matar, ou arrependimento eficaz, o agente
responde apenas pelos ferimentos que restarem na vítima como lesão corporal, ou
seja, afastando a tentativa de homicídio. Artigo 15 do CP
Homicídio Simples:
O homicídio é simples quando for despido de qualquer circunstância que o agrave ou
qualifique ou que diminua a pena (privilegiadoras).
É o homicídio puro.
Dosimetria Art. 59
Qualificadoras: Só aparece na parte especial do código, tem parâmetros próprios (pena
autônoma) O reconhecimento da qualificadora é utilizado na pena base, o juiz inicia o
cálculo a partir de um patamar maior. (Privilegiadora é o contraponto da
qualificadora)
Agravantes: Só aparecem na parte geral do Código, não tem um quantum
determinado de aumento e na dosimetria da pena aparecem na segunda fase. Art. 61
Art. 61 - São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não
constituem ou qualificam o crime:
I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime:
a) por motivo fútil ou torpe;
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou
vantagem de outro crime;
c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso
que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido;
d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio
insidioso ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum;
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas,
de coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na
forma da lei específica;
g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício,
ministério ou profissão;
h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher
grávida;
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade
pública, ou de desgraça particular do ofendido;
l) em estado de embriaguez preordenada.
Homicídio Privilegiado
Art. 121, §1º
Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral
ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida de injusta provocação da
vítima.
Leva em conta a motivação do agente.
O juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
# Motivo de relevante valor social: A causa que levou o sujeito a matar foi beneficiar a
coletividade. Ex.: Matar um bandido perigoso.
# Motivo de relevante valor moral: O motivo protege interesse particular de ordem
moral do autor. Ex.: Matar o estuprador da filha.
# Sob Domínio de Violenta Emoção, Logo em Seguida a Injusta Provocação da Vítima:
Requisitos cumulativos: a) Emoção violenta; b) Injusta provocação da vítima; c)
Sucessão imediata entre a provocação e a reação. • Emoção: Estado súbito e passageiro
de instabilidade psíquica. Deve ser violenta, intensa, absorvente- verdadeiro choque
emocional
Homicídio qualificado
Art. 121, §2º
É crime hediondo, assim não possuem indulto, graça, anistia, progressão de regime tem
circunstâncias específicas.
As qualificadoras resultam de: a) motivos determinantes (incs. I, II, VI e VII); b) meios
empregados (inc. III); c) modos ou formas (IV); d) conexão com outro crime (inc. V).
§ 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo
torpe;
II - por motivo futil;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro
meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso
que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem
de outro crime
VI- contra a mulher por razões da condição do sexo feminino
VII- contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da CF,
integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública,
lno exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição.
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Ex: matar porque a vítima recusa um cigarro, a vítima riu do agente, uma fechada no
trânsito "O motivo fútil e o motivo torpe são circunstâncias agravantes que determinam
maior gravidade da culpabilidade. Figuram, também, como circunstâncias
qualificadoras do delito de homicídio (art. 121, § 2.º, I e II, CP).
Motivo fútil é aquele insignificante, flagrantemente desproporcional ou inadequado se
cotejado com a ação ou a omissão do agente. Torpe é o motivo abjeto, indigno e
desprezível, que repugna ao mais elementar sentimento ético." (PRADO, Luiz Regis et
al. Curso de Direito Penal).
# Fogo: É meio cruel se for utilizado só no corpo da vítima. Constitui meio que causa
perigo comum
se houver possibilidade de atingir outras pessoas, como no incêndio.
São circunstâncias que levam a prática do crime com maior segurança para o agente,
que se vale da boa-fé ou da desprevenção da vítima para praticar o crime.
# Traição: É a quebra de confiança depositada pela vítima no agente, que dela se
aproveita para matá-la. O crime é cometido mediante ataque súbito e sorrateiro,
atingindo a vítima descuidada e confiante. Só há traição se houver vínculo de confiança
entre a vítima e o agente.
Física: ex.: matar pelas costas
Moral: ex.: Atrair a vítima a um abismo.
# Emboscada: É o ato de esperar oculto a vítima para atacá-la. Tocaia; esconder-se para
aguardar a passagem da vítima despreparada.
# Assegurar a execução de outro crime: existe uma conexão teleológica. O que qualifica
o crime é a finalidade pela qual ele foi praticado.
Ex.: matar a empregada para sequestrar a criança.
# Assegurar a impunidade: Nesse caso o crime já é conhecido, embora sua autoria não
o seja.
Ex.: mata a testemunha que pode lhe identificar como autor de um roubo
- Não é preciso que o outro crime tenha sido ou venha a ser praticado pelo próprio
agente do homicídio, podendo ser por terceiro.
Ex:
Praticado por relevante valor moral com emprego de veneno.
Cometido por violenta emoção com esganadura.
Eutanásia por asfixia.
Não poderá ser relevante valor moral e motivo fútil ou relevante valor social e motivo
torpe.
Constituição Federal
Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela
Aeronáutica, são instituições nacionais
permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina,
sob a autoridade suprema do Presidente da
República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes
constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da
lei e da ordem.
Homicídio majorado
Todo Crime pode ser majorado
# 121 § 4º PARTE FINAL
Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado
contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
# 121 § 6º
A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia
privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de
extermínio.
HOMICÍDIO CULPOSO
Culpa é a “conduta voluntária (ação ou omissão) que produz um resultado antijurídico
não querido, mas previsível, ou excepcionalmente previsto, de tal modo que podia, com
a devida atenção, ser evitado”
- Maggiore
O agente não quis o resultado, mas o agir descuidado foi fruto de sua vontade.
Elementos:
1. Conduta humana voluntária de fazer ou não fazer;
2. Esse agir voluntário é um comportamento voluntário DESCUIDADO,
manifestado por imprudência, negligência ou imperícia;
3. Previsibilidade objetiva da morte – possibilidade de se prever o risco da morte;
4. Ausência da previsão subjetiva: o sujeito agente não previu o que era previsível;
5. Exigibilidade da previsão subjetiva nas condições concretas pessoais do agente
(culpabilidade)
6. Resultado da morte involuntário: Não há tentativa nos crimes culposos
7. Tipicidade: o código precisa prever a forma culposa no tipo penal
É o instituto pelo qual o juiz, não obstante a prática delituosa por um sujeito culpado,
não
lhe aplica a pena, levando em conta determinadas circunstâncias.
Ex: causar a morte de um filho, da esposa
- Simples: atinge somente uma objetividade jurídica, pois o único bem a ser protegido é
a vida (≠ de crime complexos)
- De dano exige efetiva lesão (≠ de crimes de perigo, onde apenas o perigo da lesão
gerado a partir do comportamento do agente)
O ato suicida não é previsto como crime por razões de política criminal, de forma que a
pessoa que tenta suicidar-se não comete infração penal. O tipo penal descrito no artigo
122, CP, visa à punição daquele terceiro que induz, instiga ou auxilia outrem ao
suicídio, num quadro em que o suicida figura na qualidade de vítima.
Conceito:
Estamos diante de um crime formal, não exige que haja um resultado material, a simples
instigação se enquadra no tipo penal.
Objetividade Jurídica:
Vida humana e integridade física da pessoa (dupla objetividade jurídica – crime
complexo)
Sujeito Ativo:
qualquer pessoa – crime comum
Sujeito Passivo:
Qualquer pessoa, com ressalva de que a vítima seja capaz de ser induzido, instigado ou
auxiliado, ou seja, que possa resistir e tenha capacidade de discernimento, vez que a
decisão será da própria vítima.
O auxílio não adentra nos atos de execução, pois desta forma estaríamos diante de uma
lesão corporal ou homicídio. Pouco importa o consentimento das vítimas, em todos os
casos, pois tratam-se de bens jurídicos indisponíveis.
Se o agente atua com vistas somente à automutilação, o artigo 122 não é um “crime
doloso contra a vida”, mas contra a integridade física. E, ainda que resulte morte
derivada dessa automutilação, esse resultado mais gravoso se dará a título de preterdolo.
(art. 122, §2º)
Quando o agente visa o suicídio da vítima e ocorre apenas lesão (leve, grave ou
gravíssima), na verdade seu dolo era superior ao que de fato acabou resultando. Mas,
esse dolo é suficiente para configurar o crime do artigo 122, já que, atualmente, como já
visto, os resultados mais gravosos não são exigência para a punição, mas tão somente
circunstâncias que qualificam o crime (122, §1º, §2º)
Consumação:
Tentativa:
O exaurimento do crime ocorre com a ocorrência dos verbos do tipo (instigar, induzir,
auxiliar).
Assim, só ocorre a tentativa quando o verbo não chega a ocorrer.
Ex.: O agente envia o induzimento ao suicídio em um bilhete, que não chega a vítima.
O sujeito leva arma a um manicômio a pedido de um amigo, para que ele se suicide,
todavia, quando passa pela revista a arma é descoberta e lhe confiscam.
Qualificadoras:
122, § 1º
Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave
ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Majorantes:
As majorantes podem incidir sobre o crime simples ou nas formas qualificadas.
§ 3º
A pena é duplicada:
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;
Ex.: desejo de receber herança, seguro de vida, eliminação do rival em motivo amoroso
ou de negócios. Motivo egoístico pressupõe interesses materiais, o motivo fútil é
desproporcional.
Qualificação doutrinária:
- Crime complexo:
Dois bens jurídicos protegidos
- Crime comum:
Qualquer agente
- Crime formal:
Não precisa de resultado
- Crime instantâneo:
- Doloso:
Pena:
Simples: reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos;
Ação penal:
Ação penal pública incondicionada em todas as suas formas (inteligência do art. 100,
CP). Como visto, com a inclusão indevida da automutilação em um crime doloso contra
a vida ao invés de alocar tal conduta no crime de lesão corporal, surge uma alteração na
competência para o processo e julgamento das figuras do art. 122, CP.
Se o induzimento, instigação ou auxílio se dirigir à prática do suicídio, pretendendo,
portanto, o agente atingir o bem jurídico da vida, a competência para o processo e
julgamento será do Tribunal do Júri.
Objetividade jurídica:
Continuamos tratando aqui da proteção da vida.
Proteção ao direito à vida do neonato (aquele que acabou de nascer) e a do nascente
(aquele que está nascendo).
Sujeito Ativo:
A mãe da vítima, o que configura um crime próprio.
Crime unisubjetivo: basta uma pessoa (a própria mãe) para praticar o crime, todavia,
pode ocorrer a hipótese de terceiro concorrer para a sua prática.
Sujeito passivo:
É específica, pois trata-se do neonato e do nascente.
Não é necessária a vida autônoma do fruto da concepção, com isso, percebe-se uma
antecipação do início da personalidade, visto que o feto vindo à luz já representa, do
ponto de vista biológico, antes mesmo de totalmente desligado do corpo materno, uma
vida humana.
Conclusões:
Forma culposa
Para Damásio, o crime culposo é atípico. Já Greco defende que, se o infanticídio for
cometido na forma culposa, estamos diante de um homicídio culposo.
Consumação e tentativa
O infanticídio é consumado com a morte da vítima (nascente ou neonato)
A tentativa é possível, vez que trata-se de crie material, sempre que se iniciarem os atos
de execução, mas, por motivos alheios a vontade da parturiente, a vítima venha a
sobreviver.
Qualificação Doutrinária:
Crime próprio
Exige capacidade especial do agente (condição de parturiente)
Crime material
Crime de dano:
Necessária a efetiva lesão do bem jurídico
Simples:
Atinge apenas um bem jurídico
De forma livre:
Permite-se qualquer forma de execução
Monossubjetivo
Suficiente um único agente para a prática do crime
Definição legal:
É a interrupção da gravidez, não sendo necessária a expulsão do feto ou do produto da
concepção.
Precisa ocorrer a morte do produto da concepção, esteja ele em fase ovo, embrião ou
feto.
Objetividade Jurídica:
Vida humana em formação; vida intrauterina.
No caso do aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante, protege-se
também a integridade física da gestante
Sujeito Ativo:
A exceção do art. 124, no caso de aborto provocado pela gestante, é crime próprio, nos
demais casos de crime de aborto, qualquer pessoa pode ser agente ativo, tornando-se um
crime comum
Sujeito passivo:
O produto da concepção, Hungria nomeia o sujeito passivo como o “nascituro”.
Ainda, Fragoso identifica o Estado como sujeito passivo, sendo a sua doutrina antiga e
conservadora.
O sujeito passivo também pode ser a mulher, quando o aborto é praticado sem o seu
consentimento.
Elementos objetivos do Tipo:
Os elementos objetivos serão os elementos que construirão o crime de aborto.
Meios:
- Químicos: substâncias que intoxicam a mãe e o consequente aborto.
Ex.: fósforo, chumbo, mercúrio, arsênico.
- Físicos:
Ex.: traumatismo com punção, dilatação do colo do útero, curetagem do útero
- Térmicos:
Ex.: bolsa de água quente, gelo no ventre
- Elétricos:
Ex.: choques
- Psíquicos ou morais:
Ex.: terror, sustos
Crime doloso, não há que se falar em aborto culposo, todavia, pode haver crime
preterdoloso, quando há intenção de interromper a gravidez, mas culpa no resultado do
aborto, p. exemplo, lesão corporal à gestante.
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de
um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para
provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são
duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
A gestante não responde pelas lesões corporais que causar a si mesma, todavia, ao
terceiro aplica-se a majorante acima, mesmo que com o consentimento da gestante.
Consumação e tentativa:
O crime consuma-se com a interrupção da gravidez e morte do feto.
ART. 124
Aborto provocado pela gestante ou consentir que outrem lhe provoque.
Pena – de um a três anos
Chama-se de autoaborto.
Concurso de agentes:
Nada impede, no entanto, que a gestante tenha auxílio de terceiro (indução, instigação
ou auxílio – participação), neste caso o terceiro responde por Aborto, nos termos do Art.
124. Isto ocorre pois aplica-se o 30 do Código Penal:
Também responde pelo Art. 124 o terceiro que instigue, auxilie ou induza a gestante a
consentir que lhe provoquem aborto.
Caso o terceiro pratique atos executórios com o consentimento da vítima, ele irá ter o
crime dele, fundado no Art. 126.
Aquele que induzir a gestante ao consentimento e provocar por si mesmo o aborto nela,
responderá apenas pelo Art. 126, pois o induzimento se encontra absorvido como atos
preparatórios no artigo 126.
ART. 125
Aborto provocado por terceiro, sem o consentimento da gestante
Pena – reclusão, de três a dez anos
Art. 126, Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior (Art. 125), se a gestante
não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é
obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.
ART. 126
Provocar aborto com o consentimento da gestante
Pena – reclusão, de um a quatro anos
A existência dos arts. 124 e 126 é uma exceção à Teoria monista, posto que, segundo
ela, “todos que concorrem no mesmo crime, respondem pelas penas nele cominadas”.
Assim, a existência desses dois tipos penais, um para punir a gestante e outro para punir
o terceiro, mas que realizam o mesmo crime, qual seja, aborto consentido, configura
uma contramão à referida teoria.
Conforme se depreende, neste caso de terceiro que realiza aborto com o consentimento
da gestante, a figura do consentimento não exclui o delito. Isto pois a vida do feto e a
vida e integridade física da mãe são indisponíveis.
Se exige que a gestante tenha capacidade para consentir, caso contrário, o agente incorre
no Art. 125. Todavia, o consentimento não precisa ser expresso, pode ser depreendido
da própria conduta da gestante, deste modo, a passividade e tolerância da mulher
equivalem ao consentimento tácito.
Se a gestante é semi-imputável (§ único artigo 26) a agente responde pelo Art. 126 –
aborto com consentimento.
Forma majorada:
Art. 127
As penas cominadas nos dois artigos anteriores (Art. 125 e 126) são
aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios
empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza
grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a
morte.
Pune-se com maior rigor, aqui, a lesão à integridade física da gestante, realizada por
terceiro mesmo que o aborto tenha sido consentido.
Além disso, o terceiro responde pelo Art. 127 mesmo que o aborto não tenha sido
exitoso.
Neste sentido, pode haver uma tentativa de aborto (pois a criança nasceu viva)
majorada pela lesão corporal de natureza grave na gestante (no caso de, por exemplo, a
gestante ter perdido o útero em razão das manobras abortivas).
A gestante que pratica o aborto não responde por este artigo, tampouco o partícipe do
crime do Art. 124 (aquele que instiga, induz ou auxilia a gestante a realizar o aborto).
Aborto Legal:
Art. 128
Não se pune o aborto praticado por médico: (Vide ADPF 54)
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento
da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
Inciso I
Aborto necessário ou terapêutico
O aborto deste artigo caracteriza estado de necessidade, assim, escolhe-se um bem
jurídico entre dois que se pretende proteger.
Não é necessário que o perigo seja atual, mas deve ser comprovado que em decorrência
da evolução da gravidez, sobreviria a morte da gestante.
FAQ inciso I:
# Se o aborto é praticado por enfermeiro?
Se tratando de aborto necessário, o enfermeiro é favorecido pelo estado de necessidade
do artigo 24 (estado de necessidade) que exclui a ilicitude do fato.
Inciso II
Aborto sentimental
É aquele que pode ser praticado por ter a gravidez resultado de estupro, seja ele estupro
de vulnerável (menor de 14 anos, mulher sob efeito de entorpecentes, com deficiência
mental ou acamada sem consciência).
Neste caso, é obrigatório que seja praticado por médico, posto que não existe mais
estado de necessidade, não excluindo a ilicitude no caso de enfermeira praticá-lo.
ADPF 54
Autoriza o aborto dos fetos anencefálicos 2012
Não cria mais uma forma de aborto legal, isto é, não descriminaliza a conduta: #Alguns
juízes comparam o feto anencefálico ao sujeito em morte cerebral e, portanto, haveria
ausência de tipicidade por conta da não existência de características da vida intrauterina
que se pretendia proteger. #Também se argumenta a ausência de culpabilidade por
inexigibilidade de conduta diversa, nesse ínterim, não se podia responsabilizar a
gestante por não levar ao fim a gravidez de um ser que nasceria morto, pelo aspecto
emocional e pelos riscos que envolvem esta gravidez. Ambos os argumentos se gizam
na dignidade da pessoa humana.
Qualificação doutrinária:
Crime material
Exige a morte do feto
Crime instantâneo
Ocorre em um momento definido no tempo e no espaço
Crime de dano
Se configura quando há lesão do bem jurídico
Crime próprio
No caso de autoaborto ou participação
Crime comum nos demais casos
125, 126, 128
Objetividade Jurídica:
Integridade física
Sujeito Ativo:
Pode ser praticado por qualquer pessoa (crime comum).
Não se pune a autolesão.
Atenção!
Quando a pessoa se auto lesiona para obter prêmio do seguro, comete fraude (At. 171,
§2, V), assim responde por um crime contra o patrimônio, não contra a integridade
física.
No código penal militar também existe a figura da autolesão para evitar o serviço
militar, que é punida.
Sujeito Passivo:
Qualquer pessoa que seja alvo do ataque, da lesão corporal sofrida, mesmo que haja o
consentimento da vítima não se exclui a punibilidade, posto que o bem jurídico da
integridade física é indisponível.
A lesão leve é condicionada à representação, por força disso, o Código Penal “autoriza”
o duelo/briga até o limite da lesão corporal leve, posto que, não representando o crime,
não há responsabilização penal.
Exceção: vítima de violência doméstica (Lei Maria da Penha) – pública incondicionada
Nos casos de que tratam o Art. 129, §1º, IV (lesão corporal que resulta em aceleração
do parto), Art. 129, §2º, V (lesão corporal que resulta em aborto) ou violência doméstica
(Lei Maria da Penha) o crime se torna próprio, posto que o sujeito passivo deve ser a
gestante ou mulher, respectivamente.
Modos de Ofender:
Normalmente é praticado por meio de violência física (ex.: socos, arma, facadas,
golpes), todavia, é importante destacar que não há dolo de matar, neste crime estamos
tratando do animus laedendi ou animus nocendi.
No entanto, como não estamos tratando apenas de dano anatômico, a lesão corporal
pode ser praticada por sustos, por violência moral, etc.
Por excelência deixa vestígios, assim, a lesão corporal à aspecto mental ou fisiológica
deve também ser provada.
Autoria mediata:
O crime pode ser cometido por ação indireta, quando o agente se utiliza de um animal,
ou sujeito inimputável (longa manus) para cometer o crime. Nesses casos, apenas o
agente vai responder pelas lesões corporais causadas.
Consumação e tentativa:
Consuma-se com a lesão à integridade física ou psíquica da vítima. O crime é material,
portanto, exige um resultado naturalístico.
Sempre que não ocorrer o resultado por circunstâncias alheias à vontade do agente,
haverá a tentativa.
A única dificuldade na forma tentada é se mensurar se o autor do crime queria a forma
mais grave (qualificada) do crime, todavia, sempre que houver dúvida, admite-se que
queria praticar a lesão leve.
As únicas lesões corporais graves que não admitem a tentativa são a aceleração do
parto (129, §1º, IV), o perigo de vida (129, §1º, II), o aborto (129, §2º, V) e a lesão
corporal seguida de morte (129, §3º).
Não permitem a figura tentada porque são exclusivamente preterdolosas!
O conceito de lesão corporal leve é dado por exclusão, isto é, trata-se do art. 129, caput
+ não causa nenhum resultado previsto nos §§ 1 e 2.
A violência doméstica do §9º é uma lesão leve, ou seja, não está citada nos §1º e §2º vez
que não inclui um resultado, mas uma qualificação da vítima. Assim, se ocorrerem
resultados mais graves, também aplicarão as qualificadoras dos mencionados
parágrafos.
Atenção!
O §º9 não trata exclusivamente de mulher, mas de relações familiares,
independentemente de gênero.
Também há o §10º que trata de uma majorante aos casos em que há lesão corporal
grave cometida no contexto familiar, de violência doméstica, veja:
§1º, II
Perigo de vida
Perigo de vida é a probabilidade concreta e presente do resultado letal, identificada por
perícia.
Dolo - culpa (apenas) - pois senão seria tentativa de homicídio
§1, III
Debilidade permanente de membro, sentido ou função
Não houve perda, mutilação do membro, mas ele restou debilitado, redução da
capacidade funcional
ex. perda de um dedo
Dolo - Dolo
Dolo - culpa
§1º, IV
Aceleração de parto
Aceleração do parto quer dizer, na verdade a antecipação do parto, quando a criança
nasce prematura em razão de lesão corporal sofrida pela mãe.
O sujeito ativo precisa conhecer a situação gravídica da mulher e a ignorância precisa
ser plenamente escusável.
Dolo - culpa (apenas)
§2º, I
Incapacidade permanente para o trabalho
Incapacidade permanente para o trabalho, a permanência é entendida como aquela em
que não se enxerga um fim para a incapacidade. Além disso, a doutrina entende que a
incapacidade deve ser para qualquer atividade laboral
Dolo - dolo
Dolo - culpa
§2º, II
Enfermidade incurável
Enfermidade incurável quer dizer aquela que não apresenta prognóstico de cura na
atualidade
Dolo - dolo
Dolo - culpa
§2º, III
Perda ou inutilização do membro, sentido ou função
Perda ou inutilização de membro, sentido ou função. Diferente de mutilação
ex. perda de uma mão
Dolo - dolo
Dolo – culpa
§2º, IV
Deformidade permanente
A deformidade permanente é entendida como o dano visível, permanente e irreparável,
capaz de causar certa impressão vexatória (ex.: comum nas queimaduras, cicatrizes e
queloides). Pouco importa o tipo de lesão, desde que ela seja grave e percebível, não se
exigindo que esteja em um lugar do corpo mais visível, como rosto, etc. Pode ser em
qualquer lugar do corpo.
Dolo - dolo
Dolo - culpa
§2º, V
Aborto
É necessário que o agente conheça a gravidez ou que exista a possibilidade de se
percebê-la, posto que, caso contrário estaríamos tratando de erro de tipo – o autor do
crime não tinha o dolo de lesionar gestante, pois não sabia que a mulher estava grávida
(Art. 20, §1º)
De todo modo, esta qualificante só existe na forma preterdolosa, pois se houvesse dolo
no resultado, o agente responderia por aborto. O sujeito quer causar a lesão, mas não o
aborto.
Dolo – culpa (apenas)
Minorantes
§4º
Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou
moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
Substituição de Pena
§5º
O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção
pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior (§4º);
II - se as lesões são recíprocas.
Apenas para os casos de lesões leves, a pena é substituída por multa.
No caso do II, não pode haver o caso de legítima defesa, posto que se houver, não se
configurará a reciprocidade.
Lesão Culposa
§6º
Se a lesão é culposa:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Artigo referido: §4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o
crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o
agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante.
Última parte do § 4º do 121- Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um
terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60
(sessenta) anos. Aqui, aplica-se apenas em lesão corporal dolosa!
Artigo referido § 6º do 121- A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o
crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de
segurança, ou por grupo de extermínio. Aqui, aplica-se apenas em lesão corporal
dolosa!
Lesão Funcional
§12
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts.
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da
Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente
consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é
aumentada de um a dois terços.
Qualificação Doutrinária:
Crime Comum:
Praticado por qualquer pessoa.
Crime material:
Exige um resultado naturalístico.
Crime simples:
Só atinge uma objetividade jurídica
Crime de Dano:
Exige-se efetiva lesão do objeto jurídico
Crime Instantâneo:
Atinge a consumação em um momento específico.