Administração Financeira

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 271

ADMINISTRAÇÃO

FINANCEIRA

Autoria: Valdecir Knuth

UNIASSELVI-PÓS
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090

Reitor: Prof. Hermínio Kloch

Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol

Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Ivan Tesck

Equipe Multidisciplinar da
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz
Prof. Ivan Tesck
Prof.ª Kelly Luana Molinari Corrêa
Prof.ª Tathyane Lucas Simão

Revisão de Conteúdo: Rubia Carla Erthal de Souza
Revisão Gramatical: Iara de Oliveira
Revisão Pedagógica: Bárbara Pricila Franz

Diagramação e Capa:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2017
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
UNIASSELVI – Indaial.

658.15
K67v Knuth, Valdecir
Administração financeira / Valdecir Knuth. Indaial :
UNIASSELVI, 2017.
271 p. : il.

ISBN 978-85-69910-38-1

1. Administração Financeira.
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
Valdecir Knuth

Possui Mestrado (stricto-sensu) em Ciências


Contábeis com concentração em Controladoria,
Especialização (lato-sensu) em Contabilidade
Gerencial e Graduação em Ciências Contábeis.

Atualmente, é professor e pesquisador em cursos de


Graduação (desde 1996) e Pós-Graduação (Especialização/
lato-sensu desde 2001) na área de Contabilidade
com ênfase em Controladoria e Auditoria (Controles
Internos/Sarbanes Oxley), Contabilidade Geral, Custos
(principalmente nos seguintes temas: Gestão de Custos e
de Resultados, Sistemas de Custeio, Método de Custeio e
Orçamentos).

É autor de materiais de estudos nas áreas de Orçamento


Empresarial, Empreendedorismo, Custos Industriais,
Contabilidade de Custos, Engenharia Econômica,
Controladoria, Contabilidade Social e Ambiental.

Atua como consultor empresarial nas áreas


de custos e orçamentos. É sócio da empresa
P2B Consulting Consultoria, Assessoria e
Treinamento Empresarial Ltda.

Contador CRC – SC-022526/0-8


Sumário

APRESENTAÇÃO.......................................................................7

CAPÍTULO 1
Finanças Empresariais ..........................................................11

CAPÍTULO 2
Gestão Financeira .................................................................73

CAPÍTULO 3
Engenharia Econômica........................................................141

CAPÍTULO 4
Orçamento Empresarial......................................................193
APRESENTAÇÃO
Em um mercado competitivo e passando por um período de recessão econômica,
o gestor financeiro da empresa precisa estar atento a todas as oscilações do mercado
onde a empresa atua. Na verdade, o gestor financeiro precisa acompanhar a
economia, o mercado, a política, as flutuações cambiais para que possa tomar as
decisões de forma correta para a empresa.

Quando se trata de tomar decisões, estas precisam estar pautadas em


informações relacionadas às finanças empresariais em que se busca, junto
ao profissional gestor financeiro, um acompanhamento voltado a identificar as
ferramentas necessárias para otimizar os resultados econômicos e financeiros.

No decorrer do capítulo 1 você estudará os fundamentos das finanças


empresariais e uma análise prática das atividades que envolvem a gestão financeira.
Para isso, veremos aspectos contábeis que nos levarão a compreender e utilizar
os demonstrativos contábeis, como o Balanço Patrimonial - BP, a Demonstração
do Resultado do Exercício – DRE e a Demonstração do Fluxo de Caixa - DFC.
Estas ferramentas permitem ao gestor buscar informações necessárias para o seu
processo decisório, pois, com base nesses relatórios, é possível identificar a situação
econômica e financeira da empresa.

No capítulo 2, você conhecerá a importância da Gestão Financeira e sua


aplicação para o sucesso empresarial, intrinsicamente relacionado com o estudo
do aparelho circulatório do dinheiro, tanto no cotidiano das empresas como de
pessoas físicas, que envolve todas as operações dos recebimentos e pagamentos
dos compromissos financeiros. A denominação GESTÃO FINANCEIRA significa
administrar ou gerir com o intuito de otimizar os recursos da empresa para evitar
qualquer perda monetária ou financeira. O campo de atuação do gestor financeiro
aplica-se tanto para as empresas privadas como para as empresas públicas.

O gestor financeiro precisa estar atento a todas as mudanças políticas e


econômicas do mercado, pois essas mudanças poderão ter impacto direto na
demanda da produção e vendas da empresa e, por conseguinte, na geração do Fluxo
de Caixa. E, se houver mudanças na demanda da produção e vendas da empresa,
poderá haver alterações na formação dos preços dos produtos.

Em relação à formação dos preços, o gestor financeiro precisa atentar para


a inflação. Se ocorrer aumento na inflação, pode ocorrer aumento nos custos dos
insumos e, consequentemente, gerar aumento nos custos da produção.
Você também irá observar que a gestão financeira possui estreito relacionamento
com a contabilidade, levando-se em conta que todas as operações de captações de
recursos financeiros geram custos de capital os quais precisam otimizar o Resultado
Operacional da empresa.

Ainda no capítulo 2 você estudará a análise financeira a partir de ferramentas


como o Balanço Patrimonial e a Análise das Demonstrações Contábeis, que
possibilitam a apuração de diversos indicadores, tais como: os de liquidez, de
rentabilidade, de endividamento, de giro, assim como o custo de capital e a
necessidade de capital de giro.

No capítulo 3, você irá estudar a matemática financeira, pois percebemos


claramente como ela está presente nas nossas atividades diárias. Afinal de contas, na
atualidade, estamos sempre lidando com dinheiro, e estamos sempre conectados ao
mercado, por exemplo, às ofertas de preços, às promoções e aos parcelamentos nas
compras dos produtos.

A matemática financeira, que está amplamente aplicada à Engenharia


Econômica, estuda o valor do dinheiro ao longo do tempo. Assim, em Engenharia
Econômica abordamos o custo do dinheiro no tempo, ou seja, de que forma o dinheiro
perde valor com o tempo. Isso é definido como um processo natural pela simples lei
da oferta e procura, pois um produto com maior demanda e menor oferta tende a ser
mais caro, e esses aumentos dos custos inflacionários possuem impacto direto na
perda monetária do dinheiro no tempo.

No capítulo 4, você entenderá que o sistema de controle orçamentário precisa


ser claro, objetivo e corresponder às necessidades da organização. Mas, para
apresentar um perfeito nível de adequação e corresponder às necessidades dos
gestores, deve passar por um processo de “moldagem” para melhor se adequar à
estrutura organizacional da empresa. A sua utilização é de grande relevância, pois
empresas que o adotam podem ser consideradas bem administradas.

O sistema orçamentário contribui para a fixação dessas metas e objetivos, e a


integração de cada subsistema orçamentário auxilia a gestão de cada unidade de
negócio (centros de responsabilidades), além de possibilitar uma efetiva delegação
de poderes, pois o alto executivo não interfere nas atividades operacionais (delegação
de autoridade e cobranças de responsabilidades).

Para tanto, é importante ler cada unidade com atenção e fazer as atividades
de aprendizagem. Mas, lembre-se! O conteúdo apresentado nesta disciplina tem a
finalidade de enriquecer os seus conhecimentos e, com isso, aumentar a capacidade
de pô-lo em prática na sua vida profissional, o que resultará na melhoria da gestão
financeira e, consequentemente, na melhoria dos resultados financeiros da empresa.
Porém, busque mais informações e procure estar sempre atualizado, pois as
exigências do mercado nos reservam desafios constantes e a busca do conhecimento
aliada à determinação e ao saber fazer é fundamental.

Tenha um excelente estudo!

Prof. Valdecir Knuth


C APÍTULO 1
Finanças Empresariais

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

 Conhecer os conceitos e fundamentos legais concernentes aos aspectos da


base da Administração Financeira, que encolvem as receitas, despesas, cus-
tos, investimentos, ganhos e perdas.

 Descrever os conceitos e fundamentos legais referente ao Balanço Patrimonial.

 Identificar os conceitos propriamente ditos à Administração Financeira.

 Elaborar a Demonstração do Resultado do Exercício, identificando todas as


etapas para a utilização na Administração Financeira.

 Demonstrar o Balanço Patrimonial, identificando as etapas para utilização na


Administração Financeira.

 Compreender a importância do fluxo de caixa.

 Organizar da demonstração de fluxo de caixa.


Administração Financeira

12
Capítulo 1 Finanças Empresariais

ConteXtualiZação
As atividades relacionadas à análise financeira gerencial ou gestão financei-
ra, ou, ainda, conhecida como administração financeira, são percebidas como um
conjunto de métodos e técnicas que se utiliza para o melhor gerenciamento dos
recursos financeiros da entidade, e que tem por objetivo maximizar o capital inves-
tido pelos acionistas, sob a forma de lucros ou resultados (WERNKE, 2008).

Dessa forma, as finanças empresariais buscam junto ao profissional gestor


financeiro um acompanhamento voltado a identificar as ferramentas necessárias
para otimizar os resultados econômicos e financeiros de acordo com a captação
dos recursos e aplicação destes nas melhores alternativas de investimentos e ma-
nutenção das atividades da empresa.

Neste capítulo estudaremos os fundamentos conceituais das finanças empre-


sariais e, em seguida, uma análise prática das atividades que envolvem a gestão
financeira. Para isso, veremos aspectos contábeis que nos levarão a compreen-
der e utilizar os demonstrativos contábeis, como o Balanço Patrimonial - BP, a
Demonstração do Resultado do Exercício – DRE e a Demonstração do Fluxo de
Caixa - DFC. Estas ferramentas permitem ao gestor buscar informações necessá-
rias para o seu processo decisório, pois, com base nesses relatórios, é possível
identificar a situação econômica e financeira da empresa.

FunDamentos De Finanças
Empresariais
Como vimos, as atividades relacionadas à análise financeira têm a função
de maximizar a riqueza dos sócios/proprietários/investidores/acionistas. Para
isso, buscamos em Teixeira e Ramos (2011) as atribuições que o gestor financeiro
deve ter e que podem ser resumidas em três atividades básicas:
De fato, conforme
a) efetivação de análise e planejamento financeiro; Manfredini (2001,
b) tomada de decisões de investimentos; e p. 1), “o lucro,
dentro de critérios
c) tomada de decisões de financiamento.
perfeitamente
adequados, pode
Então, podemos entender que as atividades organizacionais da ser manipulado.
empresa envolvem recursos financeiros, logo, devem orientar-se à Caixa não tem jeito.
geração do lucro para a empresa. De fato, conforme Manfredini (2001, Como dizem em
p. 1), “o lucro, dentro de critérios perfeitamente adequados, pode ser Wall Street, lucro
é opinião; caixa é
manipulado. Caixa não tem jeito. Como dizem em Wall Street, lucro é
fato”.
opinião; caixa é fato”.

13
Administração Financeira

Agora nos deparamos com algo bem interessante.

O que é lucro e o que é caixa?

Há uma diferença entre LUCRO e CAIXA. Estes números nunca são


exatamente iguais. Para apuração do lucro devemos considerar os eventos
contábeis sem que necessariamente tenham tido reflexo no caixa. Isso se dá com
aplicação do regime de competência. Por consequência, a apuração do caixa
independe das atividades da contabilidade e envolve apenas as entradas e saídas
efetivas do caixa.

Vejamos um exemplo, para melhor compreensão, da diferença entre lucro e


caixa:

• Em 01/03/x1, ocorreram vendas de R$ 100.000,00 com recebimento de


50% à vista e o saldo em 30 dias.

• Em 02/03/x1, houve o reconhecimento da despesa com energia elétrica


em R$ 5.000,00 com pagamento no mês corrente.

• Em 03/03/x1, houve o reconhecimento da despesa com comissão dos


vendedores no valor de R$ 8.000,00 para pagamento no mês seguinte.

• Em 04/03/x1, foram registradas as despesas com propaganda no valor de


R$ 6.000,00 e foram pagas à vista no mês corrente.

Quadro 1 – Lucro e Caixa

Fonte: O autor.

14
Capítulo 1 Finanças Empresariais

Observando o exemplo, podemos concluir que o lucro de R$ 81.000,00,


obtido no mês de março através dos lançamentos contábeis, não é o mesmo
dos relatórios do financeiro, pois há receitas e despesas da contabilidade que
ocorreram no mês de março que entraram e saíram do caixa efetivamente em
março e abril. Isso demonstra que o lucro contábil não é o mesmo do saldo do
caixa do mesmo mês.

Para Bruni e Famá (2007), o resultado positivo contábil pode ser obtido por
meio de:

(+) Receitas de vendas


(-) Custos (Mercadorias, Produtos ou Serviços)
(-) Despesas Operacionais (Administrativo, Venda e Financeiro)
= Lucro Antes do IRPJ/CSLL
(-) IRPJ/CSLL
(=) Lucro

Por sua vez, o valor do resultado financeiro (valor do caixa – valor do


resultado monetário ou financeiro) pode ser obtido de acordo com a seguinte
operação (BRUNI; FAMÁ, 2007):

(+) Entradas no Caixa (Cobrança, Juros recebidos, etc.).


(-) Saídas (Pagamentos Operacionais, Juros pagos, etc.).
(=) Fluxo de Caixa Gerado

Há, também, a possibilidade de adotar a metodologia do Fluxo de Caixa pelo


Método Indireto, que pode ser obtido pelo resultado de:

(+) Lucro Líquido da Empresa


(+/-) Ajustes que afetaram o resultado, mas não afetaram o caixa (depreciação,
juros provisionados e não recebidos, juros provisionados e não pagos).
(=) Fluxo de Caixa Gerado

Utiliza-se a DRE - Demonstração do Resultado do Exercício


para se identificar as Vendas do período, devendo-se descontar as
despesas (operacionais, financeiras e tributárias) para se apurar
os lucros ou prejuízos de cada período. Por sua vez, a DFC -
Demonstração do Fluxo de Caixa apresenta as entradas e as saídas
de dinheiro que servem para pagar as atividades operacionais, de
investimentos e de financiamentos da empresa.

15
Administração Financeira

Cabe aqui uma reflexão!

Existem no mundo Existem no mundo financeiro e contábil as diferenças entre


financeiro e contábil REGIME DE COMPETÊNCIA e REGIME DE CAIXA.
as diferenças
entre REGIME DE
De acordo com Ribeiro (2009), são dois os regimes existentes, o
COMPETÊNCIA e
REGIME DE CAIXA. de caixa e o de competência.

O Regime de Competência diz respeito ao reconhecimento de


todos os eventos da empresa que são registrados na contabilidade independente
do prazo de vencimento, ou seja, independente de terem sido pagos ou não.
Assim, o evento deve ser registrado na contabilidade e este representa o CICLO
CONTÁBIL, no qual se apura o Lucro ou Prejuízo do Período.

No Regime de Caixa devem ser consideradas todas as despesas pagas e


todas as receitas recebidas no respectivo exercício, sem levar em consideração
a data da geração dos fatos. E este regime não tem relação nenhuma com o
Regime de Competência, pois o reconhecimento de todos os fatos geradores dos
eventos financeiros da empresa dizem, única e exclusivamente, respeito ao que
teve reflexo no CAIXA da empresa.

Vamos a um simples exemplo. Digamos que a empresa A vendeu em 2016


mercadorias no valor de R$ 50.000,00 e, destas vendas, recebeu R$ 30.000,00 (o
saldo de R$ 20.000,00 receberá em datas futuras). A empresa também incorreu
em despesas no montante do valor de R$ 22.000,00 e efetuou pagamentos (saída
de caixa) no valor de R$ 17.000,00 até o final do exercício social (o saldo dessas
despesas a empresa irá quitar no próximo exercício social).

Quadro 2 – Regime de Caixa X Regime de Competência

Fonte: Adaptado de Marion (2010).

Ao observar o Quadro 2, você pode perceber a diferença dos valores apurados


entre o Regime de Competência e o Regime de Caixa. No regime de competência
as transações contábeis são reconhecidas pelas receitas no momento da venda
e pelas despesas quando elas ocorrem, não havendo nenhuma relação com a
saída ou entrada de recursos no caixa.

16
Capítulo 1 Finanças Empresariais

Na administração financeira há a necessidade de observar e acompanhar


funções básicas como o planejamento, o controle de entrada e saída de dinheiro,
ou seja, os recursos necessários ao funcionamento da empresa. E, pelo Quadro
2, vemos que se não ocorrer a cobrança do saldo das receitas de vendas, a
empresa poderá sofrer sérios riscos de falta de caixa.

É neste momento que entra a ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA.

Por isso, adota-se na administração financeira o regime de caixa, Adota-se na


uma vez que há a necessidade de se utilizar todos os conhecimentos administração
necessários para a geração dos recursos financeiros da empresa. financeira o regime
de caixa.
Pelo regime de caixa, a empresa realiza o reconhecimento das receitas e as
despesas somente quando acontecem as entradas e as saídas de caixa (dinheiro).

Por esse motivo, conforme Groppelli e Nikbakht (2010), os administradores


financeiros precisam primeiramente maximizar a riqueza da empresa ou o preço
de suas ações, justamente pelo fato de a empresa necessitar gerar caixa. Em
segundo lugar, os administradores financeiros têm por objetivo maximizar
o lucro por ação. Pode haver situações em que a empresa venha a se tornar
negligente, no sentido de ignorar o risco, quando as decisões de investimento
estão basicamente baseadas na geração dos lucros e que, por algum motivo, não
serão transformados em caixa. As decisões baseadas apenas nos lucros e não
na geração do caixa pode levar à insolvência da empresa ou a incorrer em uma
grande possibilidade de incerteza e continuação no mercado.

De acordo com Teixeira e Ramos (2011, p. 3),

As receitas obtidas com as operações devem ser suficientes


para cobrir todos os custos e despesas incorridas e ainda gerar
lucros. Paralelamente a esse fluxo econômico de resultados,
ocorre uma movimentação de numerário que deve permitir a
liquidação dos compromissos assumidos, o pagamento de di-
videndos e a reinversão da parcela remanescente dos lucros.

De acordo com os autores, devemos observar que a função da administração


financeira envolve uma vasta gama de atividades que estão relacionadas com os
gastos de todos os departamentos que necessitam ser pagos, além da gestão dos
recursos financeiros (o numerário que a empresa recebe e paga de acordo com
suas cobranças das vendas e pagamentos por obtenção do crédito), que possui

17
Administração Financeira

relação com todas as áreas da empresa. Daí a necessidade da otimização dos


recursos financeiros.

Otimizar recursos financeiros significa QUESTIONAR A


REAL NECESSIDADE DOS CUSTOS EM DETERMINADOS
DEPARTAMENTOS.

Teixeira e Ramos (2011, p. 3-4) salientam que “[...] essa função tem a
responsabilidade pela obtenção dos recursos indispensáveis ao desempenho
financeiro da organização e pela formulação de uma estratégia voltada para a
otimização da aplicação desses recursos, colaborando de forma expressiva para
o sucesso do empreendimento”.

Devemos refletir sobre:


Para que serão necessários determinados recursos?
Se não há um projeto definido, deve-se explicar a finalidade dos
recursos financeiros.

Principais AtriBuiçÕes Do Gestor


Financeiro
Os gestores devem Além de todas as atribuições que envolvem a atuação do gestor
evitar envolver-se financeiro nas instituições, citamos alguns valores intrínsecos nas suas
em investimentos atitudes morais e éticas. Groppelli e Nikbakht (2010) apontam que os
que podem afetar gestores financeiros devem ter imbuídas nas suas atitudes éticas as
negativamente boas relações com a comunidade, cumprindo na íntegra os preceitos
determinada
legais em todas as áreas a que a empresa deverá responder, como nas
comunidade.
áreas ambientais, tributárias, de segurança, dentre outras. Os gestores
devem evitar envolver-se em investimentos que podem afetar negativamente
determinada comunidade, sempre buscando contatos com esta por meio de
seus representantes para verificar se há alguma atividade da empresa que possa
prejudicar a comunidade ou o meio ambiente e que deverá ser eliminada.

18
Capítulo 1 Finanças Empresariais

Como exemplo, leia a notícia referente à multa que a empresa SAMARCO


sofreu em relação à catástrofe ambiental. A falta de decisão e ações que deveriam
ser tomadas em tempo hábil para viabilizar alternativas de destino dos rejeitos da
produção culminou em um grande problema social, ambiental e financeiro.

Com isso, vimos a importância de evitar certos investimentos em


empreendimentos que possam transgredir os princípios democráticos, morais e
éticos. Podemos dizer, então, que é necessário pautar-se pelo equilíbrio entre a
oportunidade de maximizar a riqueza do negócio e a obtenção de melhoria das
condições sociais.

Acesse o site <http://www.ibama.gov.br/publicadas/samarco-e-


multada-em-r250-milhoes-por-catastrofe-ambiental>.

Vamos buscar na contribuição de Wernke (2008) as funções do administrador


financeiro:

a) Gestão do caixa: identificar quais são os dias que a empresa terá sobra ou
falta de caixa.

b) Concessão de crédito: adotar critérios rígidos para a liberação de créditos,


principalmente em épocas de crise.

c) Administração da cobrança: desenvolver ferramentas para que o


departamento de cobrança execute as tarefas para as cobranças dos
seus clientes de forma eficaz.

d) Captação de recursos: pesquisar e analisar as possibilidades de captação


dos recursos financeiros (empréstimos, financiamentos, dentre outros).

e) Decisão de investimentos: identificar as oportunidades para investimentos


e os possíveis retornos que esses investimentos podem propiciar aos
investidores.

f) Planejamento e controle financeiro: desenvolver, implantar e acompanhar


os controles financeiros da empresa, como o fluxo de caixa, listas de
cobranças, listas para pagamentos, conjunto de inadimplentes, dentre
outros.

19
Administração Financeira

g) Gestão de custos e preços: realizar o acompanhamento das planilhas


dos custos e preços de vendas da empresa para otimizar o resultado dos
investidores da empresa.

h) Mensuração do desempenho econômico-financeiro: acompanhar e avaliar


os resultados econômicos e financeiros da empresa de acordo com os
relatórios contábeis, como o Balanço Patrimonial, a Demonstração do
Resultado do Exercício e a Demonstração do Fluxo de Caixa.

O gestor financeiro deve pautar suas decisões com base nos relatórios
das demonstrações contábeis, como o Balanço Patrimonial e a Demonstração
do Resultado do Exercício. Para tanto, são necessários análise e planejamento
financeiros. De acordo com Teixeira e Ramos (2011), são pelo menos três as
principais atribuições do gestor financeiro:

a) Análise e planejamento financeiro: para esta função, as atribuições


envolvem:

1) gerar relatórios informativos com base nos dados fornecidos


pelo sistema para que o gestor possa se orientar e promover a
sua continuidade;
2) com base nessas informações, o gestor precisa identificar as
oportunidades do negócio e aumentar ou reduzir a capacidade
da produção; e
3) determinar qual é o tipo de financiamento que a empresa
necessita. E este tipo de tarefa é sustentada por decisões
de natureza estratégica, tática e operacional. (TEIXEIRA;
RAMOS, 2011, p. 4).

Embora demonstrativos contábeis, como o Balanço Patrimonial e a


Demonstração do Resultado do Exercício, possuam forte relação com a
geração das informações para o gestor financeiro, para as devidas análises e
planejamentos da empresa, devemos ressaltar que o enfoque “do caixa
Quando se fala
e no caixa” é primordial para as atividades do gestor financeiro.
em “do caixa” o
gestor deverá
“abraçar” o fluxo Quando se fala em “do caixa” o gestor deverá “abraçar” o fluxo
de caixa e utilizar de caixa e utilizar essa ferramenta diariamente. O termo “no caixa”
essa ferramenta remete a atribuir saldos positivos para o caixa, que, em outras palavras,
diariamente. O significa gastar menos e gerar mais dinheiro.
termo “no caixa”
remete a atribuir
saldos positivos Também podemos dizer que a utilização dos Fluxos de Caixa é
para o caixa, que, imprescindível, devendo-se observar tanto a ótica do contador como
em outras palavras, a do administrador. Enquanto o primeiro possibilita a geração das
significa gastar informações com base no regime de competência, o segundo
menos e gerar mais necessita aplicá-las com base no regime de caixa, denotando a
dinheiro.
importância dos Fluxos de Caixa nesta atividade.

20
Capítulo 1 Finanças Empresariais

b) Administração da estrutura de ativo da empresa (Decisão de


Investimento): o administrador financeiro precisa estabelecer qual é a combinação
e os tipos de ativos que fazem parte do Balanço Patrimonial da empresa. Esse
tipo de atividade pode ser visualizado ao lado esquerdo do Balanço. Então, a
composição desses tipos de ativos refere-se ao montante dos recursos aplicados
em Ativos Circulantes e em Ativos Permanentes (ativo fixo ou imobilizado). Após
o gestor financeiro definir essa combinação, deve criar ferramentas para otimizar
cada vez mais os recursos do Ativo Circulante, possibilitando as melhorias nos
indicadores de liquidez. Também buscar o melhor retorno que o Ativo Permanente
deverá oferecer e as formas para avaliar a realização do Ativo Permanente.

c) Administração da estrutura financeira da empresa (Decisão de


Financiamento): esses eventos estão relacionados com as fontes de recursos
e estão pautados na decisão sobre qual são as mais apropriadas para a
empresa como fonte de curto e longo prazo (os prazos afetam os indicadores da
rentabilidade, liquidez, dentre outros). O gestor financeiro também precisa decidir
da melhor forma possível se determinada fonte de recursos de curto ou longo
prazo pode ser mais adequada para o momento, pois determinadas decisões
para captar recursos para curto ou longo prazo também impactam no custo da
captação. Então, para dirimir esse tipo de dúvida, há a necessidade de adotar a
ferramenta do cálculo do CMPC (Custo Médio Ponderado de Capital), que poderá
ajudar a apurar o custo médio de captação dos recursos financeiros.

Entretanto, são duas as categorias de decisões de gestão financeira que


devem ser avaliadas, a primeira é a decisão de aplicações dos recursos, pois
estão relacionados com a proporção de recursos que devem ser alocados em
ativo circulante e ativo permanente, já que nas duas categorias ocorre um retorno
mais rápido ou não dos investimentos para os gestores. E, em segundo, está a
decisão de captação de recursos que se relaciona com as formas de prover o
caixa da empresa e com os recursos necessários para manter ou expandir as
atividades operacionais.

De forma complementar, Wernke (2008) aponta como funções do gestor


financeiro: a gestão do caixa, a concessão de crédito, a administração da
cobrança, a captação de recursos, a decisão de investimentos, o planejamento e
controle financeiro, a gestão de custos e preços e a mensuração do desempenho
econômico-financeiro.

Prosseguindo no raciocínio de Wernke (2008), ao se obter os recursos


financeiros do montante de capital obtido dos sócios ou de terceiros, é necessário
decidir onde aplicá-los ou investi-los, se em ativos tangíveis (por exemplo, os
estoques, valores em contas a receber, imóveis, veículos, máquinas e demais
equipamentos, dentre outros) ou em ativos intangíveis (por exemplo, marcas e

21
Administração Financeira

patentes). Sempre priorizando a utilização destes recursos com o objetivo de


aumentar o retorno aos investidores (acionistas ou quotistas).

Percebemos, portanto, que entre as atribuições de um gestor financeiro


estão o planejamento, as decisões de investimento, as decisões de investimentos
para os quais se necessitam recursos e a devida análise das melhores opções
para investimento.

Em relação às decisões empresariais, verificamos outros aspectos


importantes que são apontados pelo SEBRAE (2002):

a) Captar recursos financeiros necessários para a organização


para:
- Capital inicial e aumento de capital.
- Aplicação dos lucros acumulados obtidos com os sócios.
- Empréstimos obtidos com as instituições financeiras.
- Financiamento das mercadorias obtido com os fornecedores.
b) Aplicar os recursos financeiros disponíveis da organização em:
- Aplicações com as instituições financeiras.
- Aquisição de mercadorias para serem vendidas.
- Financiamento aos clientes decorrentes das vendas a prazo.
- Aquisição do ativo fixo (móveis e utensílios, equipamentos,
veículos e outros) para uso da organização.
c) As fontes de financiamento dos ativos (fonte de recursos) da
organização:
- Recursos próprios: recursos financeiros dos sócios ou
acionistas sejam do capital ou da reaplicação dos lucros
acumulados.
- Recursos de terceiros: recursos financeiros obtidos
com instituições financeiras, a título de empréstimos, ou
financiamentos, ou com fornecedores na aquisição de
mercadorias a prazo.
d) Papel do banco nos empréstimos – é função dos
bancos decidir sobre a aprovação ou não da solicitação de
empréstimo, bem como liberar os recursos financeiros para as
microempresas e organizações de pequeno porte.
Para essa decisão, os bancos executam, pelo menos, as
seguintes tarefas:
- Análise do cadastro da organização, dos sócios e dos
avalistas.
- Enquadramento da operação de acordo com suas linhas de
crédito.
- Definição das garantias sobre o financiamento e negociação
com o interessado.
- Análise de crédito de acordo com o projeto de viabilidade
econômica e financeira.

Para se obterem as melhores opções dos ativos, devem-se priorizar os


investimentos que permitam gerar as receitas no curto ou no longo prazo. Como
exemplo, o gestor deve decidir entre investir em um determinado bem que traga
retorno em 10 anos ou em outro bem que traga retorno em 5 anos, mesmo que a
segunda opção mereça um desembolso maior no primeiro momento.
22
Capítulo 1 Finanças Empresariais

O SEBRAE (2002) sugere que o empresário identifique quais são os motivos


que estão levando a empresa a buscar empréstimos no mercado. Pois há várias
situações que devem ser analisadas para a busca do crédito (empréstimos).

- Verificar as vantagens de tomar emprestado dinheiro do


banco, e só o fazer quando estiver seguro de que a organização
terá condições de pagá-lo.
- Verificar se o financiamento é condição imprescindível para o
sucesso da organização.
- Lembrar que obter um financiamento para cobrir outro tem
levado organizações a contrair dívidas crescentes e difíceis de
serem quitadas.
- Não utilizar o crédito como meio de cobrir prejuízos
operacionais permanentes da organização. O crédito deve ser
utilizado para expansão e fortalecimento do negócio ou para
capital de giro (SEBRAE, 2002).

Devemos sempre observar e identificar quais são as necessidades para


utilização dos recursos financeiros da empresa, e a partir daí, identificar as
potencialidades dos investimentos. Dessa forma, podemos alcançar o melhor
retorno possível para os gestores da empresa.

Atividades de Estudos:

1) Dentre as atribuições do Gestor Financeiro, descreva àquela


voltada à Decisão de Investimentos.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

2) Um dos principais aspectos na Administração Financeira é a


gestão da estrutura financeira da empresa de acordo com a
Decisão de Financiamento. Discorra sobre esse assunto.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

23
Administração Financeira

TÉcnicas FunDamentais na Gestão


Financeira
O trabalho da administração financeira tomou grandes proporções nas
empresas, e isso ocorreu pela necessidade de se obter recursos financeiros para
desenvolver as atividades internas das organizações cuja finalidade é manter o
negócio em continuidade e com lucro econômico.

A necessidade que a empresa tem de contratar um gestor financeiro


reside no fato de nem sempre o acionista estar preparado para administrar os
recursos da empresa de forma apropriada. No entanto, algumas vezes, há falta
de confiança nas ações do agente contratado, o que leva a gerar dúvidas sobre
a plena capacidade técnica e idoneidade para que este tenha plenos poderes.
Por esse motivo, muitas vezes, as empresas necessitam contratar auditores para
evitar ou minimizar os conflitos.

Conforme Hoji (2004, p. 21), “para a administração financeira, o objetivo


econômico das empresas é a maximização de seu valor de mercado, pois dessa
forma estará sendo aumentada a riqueza de seus proprietários (acionistas de
sociedades por ações ou sócios de outros tipos de sociedades)”.

Numa organização, sendo ela indústria, comércio ou prestação de serviços,


sempre existem as operações rotineiras, ou seja, comprar, pagar, produzir, vender
e receber.

De acordo com Hoji (2004, p. 22), “as atividades de uma empresa podem
ser agrupadas, de acordo com a natureza, em: operações, investimentos e
financiamentos”.

Vejamos cada uma delas a seguir:

a) Atividades operacionais: estão relacionadas às atividades fins de


uma organização, ou seja, são realizadas com a finalidade de proporcionar a
expectativa de gerar retorno sobre o capital investido.

Em Hoji (2004, p. 22), “as atividades operacionais são refletidas em contas


integrantes da Demonstração do Resultado, que geram o lucro (ou prejuízo)
operacional”.

Como exemplos, podemos citar as compras de matérias-primas, salários,


receitas de vendas, aluguel, dentre outros.

24
Capítulo 1 Finanças Empresariais

b) Atividades de investimentos: Por sua vez, os investimentos são os


recursos financeiros alocados para novos projetos, que podem ser de expansão,
melhorias tecnológicas com a aquisição de máquinas e equipamentos, produtos
novos ou até mesmo obrigatórios, como os investimentos em preservação
ambiental. Esses investimentos terão por consequência a geração de recursos
em longo prazo.

Nesse grupo são classificadas as atividades executadas


em consequência das decisões de aplicações de recursos
em caráter temporário ou permanente, para dar suporte
às atividades operacionais. As atividades de investimentos
correspondem às contas classificadas no balanço patrimonial,
em investimentos temporários e em ativo permanente.
Exemplos: compras de maquinário, integralização de capital de
empresas controladas, aplicações financeiras de curto e longo
prazos etc. (HOJI, 2004, p. 23).

Atualmente, o grupo do Ativo possui dois subgrupos, que são o Ativo


Circulante e o Ativo Não Circulante.

c) Atividades de financiamentos: Temos, também, as atividades de


financiamentos, que nada mais são do que as atividades de fontes de recursos
para a empresa, próprios ou de terceiros (podendo ser de curto ou longo prazo).
A captação desse tipo de recursos se faz em virtude de manter a sustentabilidade
das atividades operacionais e de investimentos na organização empresarial.

Novamente, buscamos em Hoji (2004, p. 23) os aspectos que tratam das


atividades de financiamentos:

As atividades de financiamentos refletem os efeitos das decisões


tomadas sobre a forma de financiamento das atividades de
operações e de investimentos.
As atividades classificadas nesse grupo correspondem às contas
classificáveis no passivo financeiro e no patrimônio líquido.
Exemplos: captação de empréstimos bancários, emissão de
debêntures, integralização de capital da empresa etc.

Entendemos que, ao identificar as atividades operacionais da empresa, estas


poderão contribuir para localizar os possíveis recursos financeiros gerados, como
a atividade de venda e a atividade de compra. As receitas e gastos provenientes
destas atividades devem ser relacionados no fluxo de caixa operacional da
empresa que, junto às atividades de financiamentos, contribuem para apurar as
necessidades de recursos financeiros para potenciais investimentos.

Dessa forma, as atividades de financiamentos podem permitir identificar as


necessidades de recursos financeiros que não foram possíveis de se obter com
as atividades operacionais.

25
Administração Financeira

O Papel Da ContaBiliDaDe nas


Empresas
Você deve estar pensando por que a Contabilidade está no contexto deste
material de estudos da Administração Financeira.

Embora tratemos das atividades da Administração Financeira, como a


geração de dinheiro da empresa, temos que nos preocupar com as informações
geradas pela contabilidade, como forma de demonstrar os resultados apurados
pela empresa.

Devemos nos ater à importância das informações produzidas pela


contabilidade com o uso das técnicas contábeis, envolvendo a composição do
patrimônio e, também, as equações patrimoniais básicas para se compreender o
raciocínio contábil na geração das informações.

Para tanto, vamos conhecer um pouco sobre a contabilidade.

A EVolução Da ContaBiliDaDe
A contabilidade surgiu nos primórdios da humanidade. Vejamos o que Tessari
(2013, p. 3-4) aborda:

A origem da contabilidade é muito antiga. Costuma-se dizer


que a contabilidade é tão antiga quanto a origem do homem.
A contabilidade, na sua forma rudimentar, era utilizada pelo
homem pré-histórico. Naquele tempo, o registro das coisas que
possuía – como, por exemplo, seu rebanho de ovelhas – era
feito pela associação da quantidade de animais possuídos pela
quantidade de pedras. O homem possuía em suas mãos uma
pedra para cada animal que havia sido levado ao pasto. Ao
retornar, verificava se a quantidade de pedras conferia com a
quantidade de animais, podendo então checar se algum animal
havia se perdido. Assim o homem pré-histórico conseguia
quantificar e controlar a sua riqueza, o seu patrimônio.
A contabilidade moderna nasceu no norte da Itália,
provavelmente durante os séculos XII e XIV. Datam dessa
época diversos registros semelhantes aos verificados na
contabilidade moderna.
Consolidou-se pelo trabalho elaborado pelo frade franciscano,
matemático, teólogo e contabilista Frei Luca Pacioli, que
publicou na Itália, em 1494, um tratado sobre contabilidade que
ainda hoje é de grande utilidade no meio contábil. Trata-se do
método das partidas dobradas.
Sabe-se que Frei Luca não foi o inventor do método, ele

26
Capítulo 1 Finanças Empresariais

apenas descreveu uma metodologia já em uso na Itália, pelo


menos um século antes.
A grande importância da obra de Frei Luca está em reconhecer
o método como o ideal para a escrituração, além do que,
em sua obra há toda uma preocupação em sistematizar os
conceitos e instrumental contábil para o registro e controle do
patrimônio.
Assim, dessa época até o século XX a Europa foi o centro
dos estudos contábeis. Nessa fase, a contabilidade buscava
melhorar a forma de representar a situação das empresas,
embora não houvesse muita preocupação com o usuário
externo da informação, pois a informação era restrita ao
proprietário do empreendimento.

Primeiramente, a evolução do conhecimento contábil sempre esteve


associada ao desenvolvimento das atividades mercantis, econômicas e sociais.
Vejamos como isso aconteceu.

Na sociedade primitiva, a economia era baseada na agricultura e na pecuária e


praticada individualmente ou em pequenos grupos. Nesse período, a contabilidade
era feita para o proprietário com o uso da contagem física dos bens. Naquela época,
a riqueza era avaliada pelo número de gado do rebanho, ou de outras culturas
pecuárias, assim como a área de cultivo que o agricultor realizava. A Contabilidade
era bastante rudimentar, mas já permitia exercer algum tipo de controle patrimonial.

Mais tarde, na sociedade agrícola, a evolução dos registros contábeis


acompanhou as necessidades da sociedade agrícola, economia esta que
também teve como base a agricultura, mas com o desenvolvimento do método de
produção artesanal. A partir desse período também se deu o início das relações
comerciais com o advento das descobertas marítimas. Nessas circunstâncias,
cresceu na contabilidade a necessidade de controle mais apurado por causa das
expedições marítimas. Esses controles envolviam o tesouro das monarquias, pois
era bastante forte o controle e cobrança dos impostos. Os investimentos nessas
expedições marítimas eram contabilizados no início das operações e, após a
venda das mercadorias, o resultado era apurado para atender às necessidades
dos sócios e do estado para controle dos impostos.

Mais tarde, na sociedade industrial, o cenário mundial teve Na época, surgiu


profundas alterações e a economia baseou-se no capital e no trabalho. a administração
Houve avanços significativos nos métodos de produção e, nesse científica e
período, surgiu o trabalho mecanizado e a produção em série. Como aconteceram as
consequência, formaram-se grandes empresas na área industrial, duas grandes
guerras mundiais.
comercial e na prestação de serviços. Na época, surgiu a administração
científica e aconteceram as duas grandes guerras mundiais. Como reflexo
dessa nova realidade na contabilidade, foram criados os sistemas de informações

27
Administração Financeira

contábeis; os sistemas de informações gerenciais; a divulgação de relatórios para


atender aos acionistas, gerentes e governo; a auditoria externa; a separação e
apuração dos custos da produção; o reconhecimento sistemático da depreciação,
que é importante para a geração da reserva de caixa da empresa; a organização
formal de institutos e órgãos contábeis; a realização do orçamento governamental
e formas de controle e divulgação dos projetos de investimentos e infraestrutura do
Estado; a mensuração dos custos de acordo com diversos parâmetros de avaliação
como o custo médio e a margem de contribuição gerada, produtos e performance
gerencial; e o primeiro trabalho sistemático abordando o goodwill (uma ferramenta
importante para a projeção dos resultados e performance da empresa).

Em seguida, evoluímos para a sociedade do conhecimento na qual a


economia tornou-se globalizada. A partir desse período, passamos a utilizar
a informatização da produção e do trabalho e a divulgação da tecnologia da
informação e das telecomunicações. O reflexo desse cenário na contabilidade foi
percebido por meio da necessidade da harmonização das normas internacionais
de contabilidade, da criação de sistemas de informações contábeis para
decisões estratégicas e novas formas de mensuração de valor da empresa.
Várias empresas de softwarehouse surgiram e, com elas, a necessidade de criar
sistemas integrados de contabilidade que permitem gerar informações de gestão
para os administradores.

Assim, podemos dizer que o método de registro contábil nas empresas,


em qualquer tipo de ramo, como o industrial, o comercial e o de prestação de
serviços, tem profunda relação com o capitalismo, daí surgiu a necessidade de
mensurar e analisar o potencial de geração de caixa em função dos investimentos
dos ativos da empresa.

Para Iudícibus (1998, p. 21), o método contábil desenvolveu-se associado ao


capitalismo:

Na verdade, o desenvolvimento inicial do método contábil esteve


intimamente associado ao surgimento do Capitalismo, como
forma quantitativa de mensurar os acréscimos ou decréscimos
dos investimentos iniciais alocados a alguma exploração
comercial ou industrial. Não é menos verdade, todavia, que
a economia de mercado e seu florescer foram, por sua vez,
fortemente amparados pelo surgimento e aperfeiçoamento
das partidas dobradas, o que equivale a dizer que se verificou
uma interação entre os dois fenômenos. Neste século, serviu
por outro lado como forte instrumento de controle nos países
que adotaram regimes políticos com economia controlada pelo
governo de forma centralizada. Hoje, o método tem aplicação
a qualquer tipo de pessoa, física ou jurídica, com finalidades
lucrativas ou não, que tenha necessidade de exercer atividades
econômicas para alcançar suas finalidades, mesmo que tais
atividades econômicas não sejam atividades-fim.

28
Capítulo 1 Finanças Empresariais

Podemos perceber que o surgimento da globalização e a desregulamentação


da economia na maioria dos países do primeiro mundo, acompanhados das
inovações tecnológicas, com destaque para o setor da informação, possibilitaram
a expansão do mercado de capitais de forma global, principalmente a partir da
última década do século XX.

Por esse motivo, as informações extraídas da contabilidade As informações


tornaram-se ainda mais importantes para a gestão da empresa, extraídas da
tanto para os usuários internos (sócios e administradores) como contabilidade
para os usuários externos (investidores, financiadores, fornecedores, tornaram-se ainda
governos e o público em geral). Informações estas que devem servir mais importantes
para a gestão da
de parâmetro para análise da evolução da empresa e seu crescimento
empresa, tanto para
em participação no mercado ao longo do tempo. Com base nisso, o os usuários internos
gestor financeiro tem profunda necessidade em obter e acompanhar como para os
as informações geradas pela contabilidade para a tomada de decisões usuários externos.
que tornem viáveis as atividades das empresas.

Usuários Da ContaBiliDaDe
Os usuários da Contabilidade podem ser todas as pessoas – físicas ou
jurídicas, públicas ou privadas, internas ou externas – e que tenham algum tipo
de interesse nos resultados da empresa ou entidade. Esses usuários podem ser:
governos nos diversos níveis, administradores, sócios ou acionistas, fornecedores,
financiadores e demais credores, clientes, empregados, integrantes do mercado
financeiro e de capitais, dentre outros.

Complementando, Araújo (2009, p. 5-6) afirma que “em geral, toda pessoa,
física ou jurídica, possui algum patrimônio; logo, podemos dizer que todos
se interessam pela informação contábil”. Conforme o interesse do usuário, a
informação contábil pode servir a diversos propósitos:

- Os proprietários: todo empresário, que pode ser um


acionista ou quotista, necessita saber se as diretrizes traçadas
estão sendo seguidas e se os objetivos da empresa estão
sendo alcançados, [...]
- Os administradores: por meio da Contabilidade, os
administradores poderão realizar o devido planejamento de
suas ações, assim como acompanhar os resultados, uma vez
que a maioria das decisões de uma empresa envolve aspectos
financeiros. [...]
- Os fornecedores de bens e serviços: aquele que vende
bens ou presta serviços a prazo necessita saber se o seu
cliente possui condições financeiras necessárias para liquidar
a operação na data combinada. [...]

29
Administração Financeira

- Os banqueiros: Os bancos [...], para conceder crédito a seus


clientes, eles precisarão proceder à devida análise cadastral
e contábil para se assegurarem de que a concessão de
empréstimo não gerará prejuízos.
- O governo: como sabemos, a principal fonte de arrecadação
de receita para os três níveis de governo (federal, estadual
e municipal) são os tributos (impostos, taxas e contribuições
de melhoria). A maioria deles é calculada com base nas
informações fornecidas pela Contabilidade. [...]
- Os sindicatos: os empregados também constituem um
dos principais interessados pelas informações contábeis,
principalmente no que se refere às questões salariais e de
participação nos lucros.
- Os economistas: esses profissionais somente poderão
realizar suas análises macro e microeconômicas se souberem
utilizar devidamente as informações contábeis.
- Os auditores: os profissionais de auditoria são contratados
para emitir uma opinião sobre a adequação ou não dos
demonstrativos contábeis. [...] (ARAÚJO, 2009, p. 5-6, grifo
nosso).

Silva (2010, p. 8) também nos permite identificar os tipos de usuários da


contabilidade e as respectivas finalidades de obterem as informações geradas por
esta área:

Quadro 3 – Usuários da Análise das Demonstrações Contábeis


Usuários Internos
- Aumentar ou reduzir investimentos.
Sócios e - Aumentar o capital ou emprestar recursos.
Gestores - Expandir ou reduzir as operações.
- Comprar/vender à vista ou a prazo.
Usuários Externos
Instituições - Conceder ou não empréstimos.
Financeiras - Estabelecer termos do empréstimo (volume, taxa, prazo e garantias).
- Avaliação com vistas à concessão ou não de crédito, em que valor
Clientes e e a que prazo.
Fornecedores - Informações sobre a continuidade operacional da entidade,
em geral especialmente quando têm um relacionamento a longo prazo com
ela, ou dela dependem como fornecedor importante.
- Adquirir ou não o controle acionário.
- Investir ou não em ações na bolsa de valores.
Investidores
- Avaliação do risco inerente ao investimento e potencial de retorno
proporcionado (dividendos).
- Observar se as demonstrações contábeis de uma empresa de
Comissão
capital aberto respondem aos requisitos legais do mercado de valores
de Valores
mobiliários, como periodicidade de apresentação, padronização e
Mobiliários
transparência.

Poder Judiciário - Solicitação e apreciação objetiva de perícia.

30
Capítulo 1 Finanças Empresariais

Fiscalização
- Buscar indícios de sonegação de impostos.
Tributária
- Avaliar o vulto dos equipamentos e instalações, do capital de giro
próprio, da solidez econômico-financeira, buscando identificar se há
garantia acessória para o início ou continuidade no fornecimento dos
Comissões de bens ou serviços.
Licitação O art. 31, da Lei Federal n. 8.666/93, prevê que o uso de índices
extraídos das demonstrações contábeis limitar-se-á à demonstração
da capacidade financeira do licitante com vistas aos compromissos
que terá que assumir caso lhe seja adjudicado o contrato.
- Informações sobre a estabilidade e a lucratividade de seus
empregadores (solvência, distribuição de lucros etc.)
Empregados e
- Avaliação da capacidade que tem a entidade de prover sua
Sindicatos
remuneração, seus benefícios de aposentadoria e oferta de
oportunidades de emprego.
Fonte: Silva (2010, p. 8).

Com a classificação dos tipos de usuários, Araújo (2009) e Silva (2010)


contribuem para melhor visualizar o que o gestor financeiro pode obter da
contabilidade, e essas informações contábeis são geradas e transmitidas
pela emissão de relatórios. Mas não são todos os tipos de relatórios que são
obrigatórios por lei, um relatório gerencial no qual se apresenta a margem de
contribuição por unidade produzida (ou um relatório de orçamento anual) é um
relatório gerencial interno, ou seja, não há obrigatoriedade em apresentar essas
informações para o mercado. Veremos este assunto a seguir.

RelatÓrios ContáBeis
Existem diferentes tipos de relatórios contábeis obrigatórios e não obrigatórios
de acordo com a Lei n. 11.638/07, e Marion (2012, p. 44) apresenta os diversos
tipos de relatórios contábeis que podem ser gerados, separando-os em grupos.
Veja a figura a seguir:

31
Administração Financeira

Figura 1 – Relatórios Contábeis em Grupos

Fonte: Marion (2012, p. 44).

Você pode visualizar, na figura anterior, os principais tipos de relatórios


obrigatórios e não obrigatórios para divulgação.

Dois dos principais relatórios que o gestor financeiro deverá utilizar para a
tomada de decisões na sua empresa são o BP – Balanço Patrimonial e a DRE –
Demonstração do Resultado do Exercício.

Outros relatórios também possuem determinada relevância para os gestores,


mas estão mais voltados para atender às condições legais impostas para divulgação,
como exemplo, a DMPL – Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, a
DLPAc – Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados, a DRA –
Mas é de suma
Demonstração do Resultado Abrangente e a DVA – Demonstração do
importância
estudar a DFC – Valor Adicionado.
Demonstração do
Fluxo de Caixa, que Mas é de suma importância estudar a DFC – Demonstração do
tem por premissa, Fluxo de Caixa, que tem por premissa, além de atender às exigências
além de atender às legais para publicação, fundamental valor gerencial em função do teor
exigências legais
da qualidade das informações divulgadas.
para publicação,
fundamental
valor gerencial
em função do
teor da qualidade
das informações
divulgadas.

32
Capítulo 1 Finanças Empresariais

Veremos o Fluxo de Caixa mais adiante no item 4 deste capítulo.

Como você pode perceber, há vários tipos de relatórios que são gerados
pela Contabilidade e cada um possui suas particularidades para atender às
necessidades de cada usuário que, por sua vez, os utiliza para o seu processo de
decisão na sua empresa ou entidade governamental.

De modo geral, Araújo (2009, p. 1) aborda que “a Contabilidade é um


processo de identificação, avaliação e divulgação de informações que permite
a tomada de decisão e a formação de juízos por parte dos interessados pela
informação contábil”.

Porém, mesmo que consideremos a necessidade da informação contábil de


todos os tipos de usuários, podemos dizer que o principal objetivo da Contabilidade
é o de fornecer informações de gestão para que os administradores, gerentes
ou executivos possam ter conhecimento da real situação econômico-financeira
da empresa e utilizar elementos objetivos para a correta e consciente tomada de
decisões. A situação econômica e financeira da empresa pode ser visualizada e
analisada com o uso de determinados indicadores da Análise de Balanços.

O mundo corporativo é bastante volátil e novas situações de mercado


apresentam novos cenários que os gestores precisam visualizar. Os
administradores precisam ter a capacidade de prever cenários adversos ou
favoráveis ao mercado em que atuam e, além disso, quando necessário, realizar
mudanças rápidas para se adaptar à nova realidade e, assim, manterem a
sobrevivência das suas empresas.

De acordo com Anthony (1960 apud IUDÍCIBUS, 1998, p. 24-25, grifo do


autor), entre outras finalidades, a informação contábil possui a finalidade de
controle e planejamento:

Focaliza com bastante propriedade as implicações deste item


[informação contábil]. Embora tais finalidades possam ser
catalogadas de várias formas, serão aqui agrupadas em duas
básicas:
Finalidade de controle
Finalidade de planejamento
Controle pode ser conceituado como um processo pelo qual a
alta administração se certifica, na medida do possível, de que
a organização está agindo em conformidade com os planos
e políticas traçados pelos donos do capital e pela própria alta
administração. [....]

33
Administração Financeira

Planejamento, por sua vez, é o processo de decidir que curso de


ação deverá ser tomado para o futuro.
Normalmente, o processo de planejamento consiste em considerar
vários cursos alternativos de ação e decidir qual o melhor.

Podemos entender que a contabilidade tem importante função


no controle e planejamento das operações da empresa.

Por sua vez, o resultado das atividades é mensurado de forma


quantitativa (em valores), devendo ser avaliado para que os gestores
possam tomar medidas que mantêm a empresa em constante
desenvolvimento no mercado.

Ching (2003, p. 4) também demonstra a importância e a utilidade das


informações contábeis:

Toda organização usa contabilidade, independentemente de


seu tamanho, finalidade ou constituição jurídica. Mas, afinal,
por que a contabilidade é tão importante? Além de ajudar
os gerentes a entender mais sobre a empresa, ela procura
responder a três perguntas críticas de qualquer grupo de
pessoas:
- Qual o desempenho da empresa em um dado período?
- Qual é a posição da empresa neste momento?
- Onde estão aplicados seus recursos e como foram obtidos?

Por isso, a Vamos avaliar o porquê da importância da abordagem deste autor.


importância de Uma das maneiras de responder às três indagações de Ching se dá
os responsáveis com o uso de uma ferramenta chamada Análise de Balanços. Esta
pelas decisões é uma das formas de avaliação da situação econômica e financeira
dentro da empresa
da empresa realizada pelo gestor. Com a análise, os dados são
conhecerem
a estrutura e transformados em informações que permitirão servir como base para
a metodologia direcionar as decisões a serem tomadas, propiciando a redução do grau
de análise dos de incerteza nas decisões e a garantia de uma gestão transparente.
demonstrativos Dessa forma, a Análise de Balanços se constitui num instrumento
oriundos da fundamental para auxiliar a administração. Para que isso seja possível,
Contabilidade.
os serviços contábeis compõem as funções de registrar, controlar,
identificar, mensurar e avaliar os atos e fatos administrativos ocorridos na
empresa, o que proporciona um acompanhamento sistemático de seu patrimônio.
Por isso, a importância de os responsáveis pelas decisões dentro da empresa
conhecerem a estrutura e a metodologia de análise dos demonstrativos oriundos
da Contabilidade.

34
Capítulo 1 Finanças Empresariais

Agora vamos estudar um pouco mais sobre alguns demonstrativos contábeis


para que, assim, possamos compreender melhor a composição desses relatórios.

A principal demonstração contábil é o Balanço Patrimonial, que revela a posição


financeira de uma organização em determinado momento, normalmente em 31 de
dezembro. Podemos dizer que é uma fotografia que nos permite visualizar todos os
bens, valores a receber e valores a pagar em determinada data.

De acordo com Iudícibus e Marion (1998 p. 32, grifo dos autores),

O Balanço Patrimonial reflete a posição financeira em


determinado momento (normalmente, no fim do ano) de uma
empresa.
O Balanço Patrimonial (BP) é constituído de duas colunas: a
coluna do lado direito é denominada de Passivo e Patrimônio
Líquido. A coluna do lado esquerdo é denominada Ativo.

Mas, o que é o Ativo, Passivo e o Patrimônio Líquido?

O Ativo representa a parte do balanço em que estão os Segundo Ching


recursos da empresa capazes de gerar fluxo de caixa e são (2003, p. 28), “um
representados pelos bens e direitos. Aqui, incluem-se o dinheiro em ativo pode ser
caixa e em bancos, estoques, duplicatas a receber, equipamentos, definido como um
imóveis, despesas pré-pagas, equipamentos, veículos, até mesmo recurso sob controle
da empresa capaz
elementos intangíveis, como patentes, ações e direitos autorais.
de gerar benefícios
Segundo Ching (2003, p. 28), “um ativo pode ser definido como um futuros (entendidos
recurso sob controle da empresa capaz de gerar benefícios futuros como caixa)”.
(entendidos como caixa)”.

Por sua vez, o Passivo é caracterizado pelos recursos de terceiros em


poder da empresa, mensurados pelas obrigações ou dívidas. Neste grupo de
contas, podemos encontrar todas as contas a pagar, taxas, juros sobre capital
emprestado, hipotecas, despesas contratuais, dentre outras contas. Seguindo o
raciocínio de Ching (2003, p. 28), “podemos definir o passivo como o compromisso
da organização relativo a eventos e que resultam em consumo de seus ativos”.

Temos, ainda, o Patrimônio Líquido, que é a parte do Balanço Patrimonial,


representada pelos recursos investidos pelos sócios da empresa. Em síntese, é o
capital que os sócios disponibilizaram primeiramente no caixa da empresa. Ching
(2003, p. 28, grifo do autor) estabelece que:

De maneira muito similar ao passivo, o capital próprio também


representa compromissos contra os recursos ou ativos da
organização. A diferença crucial em relação a terceiros é que
estes contribuem com recursos (não os fornecem) e, dessa
maneira, tornam-se participantes, investidores ou sócios.

35
Administração Financeira

Isso significa que os recursos da empresa que os sócios investiram


sob a denominação do Capital Social e que primeiramente estão no
caixa, geram riqueza para ela própria e também permitem a geração
da riqueza dos próprios sócios. Claro, no grupo do Patrimônio Líquido,
pode ser registrado o acúmulo da geração de riqueza (Reservas de
Lucros) para futuramente remunerar os investimentos dos sócios sob
a forma de Dividendos ou Juros sobre Capital Próprio.

O investidor que compra ações torna-se sócio de uma


empresa. Pela lei das S.A., o sócio tem o direito a receber
uma remuneração quando a empresa obtiver lucro em suas
atividades. Dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) são
as formas de remunerar em dinheiro o sócio, sendo que os
dividendos são obrigatórios por lei (FARIA JÚNIOR, 2012, p. 1).

Em linhas gerais, de acordo com o conceito contábil, o termo patrimônio


significa o conjunto de bens, direitos e obrigações vinculado a uma pessoa física
ou jurídica (FAVERO et al., 1997). Vejamos a definição de cada uma destas partes
do patrimônio separadamente.

As contas contábeis representam os ativos, os passivos e o patrimônio


líquido que são os Bens, Direitos e obrigações da empresa.

Quadro 4 – Definição de Bens, Direitos e Obrigações

São todas as coisas que podem atender às necessidades do consumo


humano e que podem ser avaliadas economicamente. Os bens são
subdivididos da seguinte forma:

- Bens de uso: são aqueles utilizados na empresa com o objetivo de


atender às necessidades operacionais. Exemplo: os móveis, edificações,
utensílios, máquinas, equipamentos, ferramentas, computadores, veículo,
entre outros.
Bens
- Bens de consumo: são aqueles adquiridos para serem consumidos nas
atividades cotidianas da empresa, e são consumidos de forma imediata e
integral para atender às necessidades da manutenção das suas atividades
e do seu funcionamento. Exemplo: materiais de consumo no escritório,
recursos utilizados para a manutenção e limpeza em geral, tais como: os
combustíveis e lubrificantes, impressos e formulários, detergentes para
limpeza, dentre outros.

36
Capítulo 1 Finanças Empresariais

- Bens de troca (ou venda): Esses bens são adquiridos ou produzidos


para serem vendidos, como as mercadorias para revenda e os produtos
fabricados para serem vendidos.

Em se tratando dos Bens da empresa, estes ainda podem ser classificados


em bens tangíveis e bens intangíveis. Vejamos:

- Os Bens Tangíveis tem características definidas e possuem existência


física. Exemplo: dinheiro, mercadorias, imóveis, veículos, máquinas,
móveis, etc.

- Os Bens Intangíveis possuem essência subjetiva, não possuem existência


física, porém representam uma aplicação de determinado capital para a
geração da riqueza futura da empresa. A riqueza futura é subjetiva, pautada
em cálculos que determinam uma projeção que pode sofrer alterações de
acordo com os altos e baixos da economia. Exemplo: marcas, tradição,
patentes, ações, quotas do capital e direitos autorais.

Estes são os bens de propriedade da empresa, porém se encontram em


poder de terceiros, possuem registros contábeis específicos, geralmente,
vêm seguidos da expressão a receber, por exemplo: duplicatas a receber,
Direitos
títulos a receber, notas promissórias a receber, aluguéis a receber,
comissões a receber, propriedade da entidade que se encontra em posse
de terceiros entre outros.

Esses tipos de bens são de propriedade de terceiros, mas que estão em


posse da empresa. Normalmente as contas contábeis ali compostas vêm
Obrigações seguidas da expressão “a pagar” ou “a recolher”. Temos, como exemplo, as
duplicatas a pagar, notas promissórias a pagar, fornecedores, impostos a
recolher, títulos a pagar, aluguéis a pagar, etc.
Fonte: O autor.

Agora aprofundaremos os estudos sobre a importância da informação


contábil, o que se pode extrair da Contabilidade e levar ao fascinante mundo das
atividades corporativas, relacionadas à Gestão Financeira.

Os autores Stickney e Weil (2001, p. 34) atentam para a importância do


cuidado de preparar as demonstrações financeiras de acordo com a finalidade da
informação, uma vez que cada usuário necessita de informações específicas.

As empresas deveriam preparar suas demonstrações


financeiras tendo como objetivo as necessidades específicas
de informação de cada um dos usuários apresentados? Ou
deveriam preparar um conjunto de demonstrações financeiras
“gerais”? Preparar demonstrações específicas para cada
usuário provavelmente atenderia mais adequadamente as
necessidades deste – implicando um custo certamente proibitivo,
para a empresa que está elaborando as demonstrações e para

37
Administração Financeira

terceiros que tenham necessidades de outras informações. A


incorporação de informação de que vários usuários necessitam
de um único conjunto de demonstrações poderiam aumentar
sua extensão e complexidade, a ponto de eventualmente
dificultar sua compreensão.
Outra questão, associada a anterior, relaciona-se com o nível
de conhecimento de contabilidade que as empresas deveriam
pressupor que os usuários têm. Demonstrações financeiras e
notas explicativas detalhadas poderiam fornecer informação
útil para os analistas do mercado de capitais, mas poderiam
confundir investidores “passivo”, que somente se preocupam
com os dividendos que recebem da empresa.

De acordo com o exposto, os autores ainda apresentam um resumo do


que vem a ser o processo de elaboração e apresentação de demonstrações
financeiras, conforme os seus objetivos, como mostra a figura a seguir:

Figura 2 – Resumo do Processo de Elaboração e


Apresentação de Demonstrações Financeiras

Fonte: Stickney e Weil (2001, p. 39).

Podemos observar que cada demonstrativo contábil possui finalidade


específica, ou seja, o BP-Balanço Patrimonial tem por objetivo fornecer informações
sobre os recursos financeiros da empresa aos investidores. Dessa forma, o Balanço
Patrimonial permite visualizar como “anda a saúde” financeira da empresa para
decidir sobre os direitos e alocação destes recursos nas suas atividades.

38
Capítulo 1 Finanças Empresariais

Por sua vez, a DRE-Demonstração do Resultado do Exercício Temos também a


permite identificar quais são os resultados apurados na empresa DFC-Demonstração
durante determinado período, como o lucro ou o prejuízo. do Fluxo de Caixa,
que permite
Temos também a DFC-Demonstração do Fluxo de Caixa, que identificar a
geração do caixa
permite identificar a geração do caixa nas atividades operacionais,
nas atividades
sendo uma excelente ferramenta de apoio à gestão financeira, pois o operacionais, sendo
fluxo de caixa operacional apresenta o superávit ou déficit financeiro uma excelente
nas atividades fins da empresa. ferramenta de apoio
à gestão financeira,
Vamos, na próxima seção, estudar um pouco mais o que pois o fluxo de
caixa operacional
caracteriza a DRE-Demonstração do Resultado do Exercício.
apresenta o
superávit ou déficit
financeiro nas
atividades fins da
empresa.

Atividades de Estudos:

1) Dentre os conceitos estudados, discorra sobre a finalidade de


controle e planejamento da informação contábil.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

2) Um dos componentes do Balanço Patrimonial é o ATIVO da


empresa. Ele possui determinado conceito e finalidade. Discorra
sobre o assunto.
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

39
Administração Financeira

Demonstração Do ResultaDo Do
EXercÍcio (DRE)
A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), de acordo com sua
própria nomenclatura, especifica a situação econômica da empresa, que pode
refletir Lucro ou Prejuízo. Este é um demonstrativo contábil que apresenta, de
forma vertical, o resultado das atividades normais da empresa, sempre iniciando
pelas vendas brutas, descontando-se os custos e despesas que foram gerados
durante determinado período.

Para um melhor entendimento dessa demonstração, a seguir estão os grupos


que a compõem:

a) Receita operacional bruta: esse grupo de contas é representado pelas


vendas totais (brutas) da empresa, incluindo todos os impostos incidentes sobre
as vendas, por exemplo, o ICMS-Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços, o PIS-Programa de Integração Social e a COFINS-Contribuição ao
Financiamento da Seguridade Social, demais operações de contas de abatimentos
concedidos aos clientes, e demais deduções que estão discriminadas em grupos
separados. Classificam-se como: vendas de mercadorias, vendas de produtos e
vendas de serviços, dependendo de qual é a atividade que a empresa desenvolve.

b) Deduções da receita operacional bruta: são compostos para reduzir a


Venda Bruta (Receita Operacional Bruta) e apurar a Receita Operacional Líquida.
Essas deduções são conhecidas como as Vendas Canceladas, que corresponde
à anulação total ou parcial de vendas de mercadorias ou serviços realizados. Há
os abatimentos, também conhecidos como descontos incondicionais. Significam
abatimentos que uma mercadoria ou serviço sofre no seu preço de venda por
apresentar defeitos, problemas na qualidade, dentre outros. Impostos Incidentes
sobre as Vendas, valores que a empresa é obrigada a recolher ao fisco sobre as
suas vendas brutas, reduzindo, assim, o seu valor da receita de vendas, como
ICMS, PIS, COFINS, IPI e ISS.

c) Custos operacionais: são os valores que estão diretamente relacionados


à valorização dos estoques das empresas, pois representam a baixa efetuada
nesse grupo pelas vendas realizadas no período. Estes custos operacionais estão
classificados de acordo com a atividade da empresa e é classificado em Custo
das Mercadorias Vendidas (CMV).

d) Despesas operacionais: sobre este grupo de contas Iudícibus e Marion


(2002, p. 199) esclarecem que “as Despesas Operacionais se constituem das
despesas pagas ou incorridas para vender produtos e administrar a empresa; e

40
Capítulo 1 Finanças Empresariais

dentro do conceito da Lei n. 6.404-76, abrangem também as despesas O art. 187 da Lei n.
líquidas para financiar suas operações; os resultados líquidos 6.404-76 estabelece
das atividades acessórias da empresa são também considerados que, para se chegar
operacionais”. ao lucro operacional,
serão deduzidas
as “despesas
O art. 187 da Lei n. 6.404-76 estabelece que, para se chegar ao
com as vendas,
lucro operacional, serão deduzidas as “despesas com as vendas, as as despesas
despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e financeiras,
administrativas e outras despesas operacionais” (BRASIL, 1976). deduzidas das
receitas, as
Nas contas de resultado, a estrutura da DRE se apresenta da despesas gerais e
administrativas e
seguinte forma:
outras despesas
operacionais”
(BRASIL, 1976).

MODELO DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

RECEITA OPERACIONAL BRUTA


Vendas de Produtos
Vendas de Mercadorias
Prestação de Serviços
(-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA
Devoluções de Vendas
Abatimentos
Impostos e Contribuições Incidentes sobre Vendas
= RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA
(-) CUSTOS DAS VENDAS
Custo dos Produtos Vendidos
Custo das Mercadorias
Custo dos Serviços Prestados
= RESULTADO OPERACIONAL BRUTO
(-) DESPESAS OPERACIONAIS
Despesas com Vendas
Despesas Administrativas
(-) DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS
Despesas Financeiras
(-) Receitas Financeiras
Variações Monetárias e Cambiais Passivas
(-) Variações Monetárias e Cambiais Ativas

41
Administração Financeira

OUTRAS RECEITAS E DESPESAS


Resultado da Equivalência Patrimonial
Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante
(-) Custo da Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante
= RESULTADO OPERACIONAL ANTES DO IMPOSTO DE
RENDA E DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E SOBRE O LUCRO
(-) Provisão para Imposto de Renda e
Contribuição Social Sobre o Lucro
= LUCRO LÍQUIDO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES
(-) Debêntures, Empregados, Participações de
Administradores, Partes Beneficiárias, Fundos de
Assistência e Previdência para Empregados.
(=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

Fonte: Disponível em:


<http://www.portaldecontabilidade.com.br/guia/
demonstracaodoresultado.htm>. Acesso em: 13 mar. 2016.

Observe que do Resultado Operacional Bruto são deduzidas as Despesas


Operacionais, logo após, há o reconhecimento das Receitas e Despesas financeiras
para servir de base para o lucro antes dos impostos como IRPJ-Imposto de Renda
Pessoa Jurídica e CSLL-Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.

Também não podemos esquecer que na última linha da Demonstração do


Resultado do Exercício, seja Lucro ou Prejuízo, o resultado sempre deverá ser
transferido para o Balanço Patrimonial no grupo do Patrimônio Líquido em uma
conta de “Lucros ou Prejuízos Acumulados”. No entanto, deve-se reforçar que,
segundo a Lei n. 6.404/76 (BRASIL, 1976), com suas posteriores atualizações,
não se deve ter mais saldo na conta Lucros Acumulados (patrimônio líquido),
portanto, deve-se distribuir o lucro para as reservas ou como dividendos para
os acionistas. Contudo, durante o ano é possível que essa conta tenha saldo e
acumule o lucro durante o ano, mas no final do ano (31/12) não deve ter saldo.

Uma receita
também pode provir
de investimentos: a Receitas
empresa pode, por
exemplo, receber A Receita pode ser explicada como um fluxo de elementos para
juros relativos a o Ativo, na forma de dinheiro, títulos a receber ou outros tipos de bens
depósitos bancários
e dinheiros provenientes de terceiros, estando sempre relacionada à
ou a títulos emitidos
por terceiros e de venda de mercadorias ou produtos, ou à prestação de serviços. Uma
sua propriedade. receita também pode provir de investimentos: a empresa pode, por

42
Capítulo 1 Finanças Empresariais

exemplo, receber juros relativos a depósitos bancários ou a títulos emitidos por


terceiros e de sua propriedade.

Ver o Novo Código Civil, Lei n. 10.406/2002, art. 1.267, que aborda
sobre o conceito da propriedade e tradição nas operações empresariais.

As receitas representam os valores provenientes das operações de uma


empresa, que ela recebe ou tem previsão de receber. Por exemplo: receitas de
serviços, receita de aluguel, receita de vendas, receitas financeiras, etc.

Uma receita sempre resulta no aumento do Patrimônio Líquido, portanto,


o aumento do Ativo compensado pelo aumento do Passivo. Por sua vez, a
diminuição do Ativo pode ser gerada pelo pagamento de algum compromisso
financeiro (do Passivo).

Note que o Patrimônio Líquido pode ser aumentado de outra maneira que não
por meio de uma receita. Por exemplo, o aumento do capital, por parte dos sócios
ou proprietários, leva ao aumento do Patrimônio Líquido, mas não é receita, pois
não é um ganho decorrente das atividades da empresa.

Despesas
As despesas possuem a conotação ou o mesmo entendimento de custos,
podendo, muitas vezes, serem confundidos. Porém os custos são os gastos
que compõem um produto e as despesas são todos os gastos necessários para
a empresa obter receitas. São os esforços que a empresa tem para fazer a
“máquina” girar.

Na definição de Martins (2000, p. 26) as despesas são “bem Na definição de


ou serviço consumidos direta ou indiretamente para a obtenção de Martins (2000, p.
receitas”. 26) as despesas
são “bem ou serviço
consumidos direta
Imaginemos que a empresa teve determinados gastos, chamados
ou indiretamente
de CUSTO DE PRODUÇÃO, para fabricar um produto. para a obtenção de
receitas”.
A partir do instante em que estes produtos estão prontos para a
venda, é preciso que a empresa incorra em outros gastos para fazer com que os

43
Administração Financeira

produtos cheguem até ao mercado consumidor (consumidor final). Esses gastos


poderão ser os salários dos vendedores, encargos sociais desses salários, as
comissões sobre vendas, entre outros.

CUSTOS  São os gastos para a empresa criar ou fabricar os


produtos.
DESPESAS  São os gastos envolvidos no esforço para a
geração de receitas.

Então, podemos compreender que a comissão do vendedor e os impostos,


por exemplo, são gastos que se tornam imediatamente despesas, pois incidem
assim que a empresa faturar os produtos vendidos. Isso que dizer que se for
realizado um faturamento (um esforço de venda) ocorrerão despesas com
impostos sobre as vendas e despesas com a comissão do vendedor.

Outro exemplo, um administrador faz propaganda esperando atrair clientes,


contrata empregados a fim de ser servido por eles, aluga locais onde possa
estabelecer seus negócios — em todas essas atividades ele utiliza bens ou
serviços com o objetivo de gerar receita, incorrendo, portanto, em uma despesa.

Vamos imaginar agora um computador utilizado no setor de contas a pagar e


contas a receber da empresa. Este equipamento não é utilizado para a produção,
mas sim para controlar as atividades relacionadas ao setor financeiro da empresa.

Veja a sequência de procedimentos:

ADMINISTRATIVO  Computador do Setor Contas a Pagar e a Receber 


Gera Depreciação  Atividades de Controle Administrativo Controle das Contas
a Pagar e a Receber.

As atividades do Setor Administrativo servem para controlar as atividades


necessárias do SETOR ADMINISTRATIVO/FINANCEIRO, como os controles de
Contas a Pagar e a Receber da empresa. Essa depreciação gerada não é custo
da produção, e sim despesa do período.

As despesas são itens que reduzem o Patrimônio e têm a característica de


representar sacrifícios no processo de obtenção de receitas. Todas as empresas

44
Capítulo 1 Finanças Empresariais

possuem despesas que são decorrentes da geração de receitas, enquanto os


gastos decorrentes da produção de bens e serviços são chamados de custos.

Vamos imaginar um equipamento usado na fábrica para a produção de


um produto. Inicialmente, é considerado um investimento, posteriormente, é
considerado parcialmente como custo e na venda do produto torna-se uma
despesa. Logo, todas as despesas são ou foram gastos. Conforme Martins (2000),
gasto é a compra de um produto ou serviço qualquer que gera sacrifício financeiro
(desembolso), sendo representado pela entrega ou promessa de entrega de
ativos (normalmente dinheiro). Então, os valores dos gastos desse equipamento
utilizado na fábrica, que aqui pode ser chamado de depreciação, são considerados
custos. Pois ao comprar algo, a empresa tem um gasto, se esse gasto é utilizado
na fábrica, passa a ser custo, e se for relacionado à área administrativa, passa a
ser considerado despesa.

Embora as despesas diminuam o Patrimônio Líquido, elas são levadas a


efeito na expectativa de que as receitas a que darão origem produzam aumentos
do Patrimônio Líquido maiores do que as diminuições produzidas pelas despesas.

DEPRECIAÇÃO  São os gastos com o uso do bem. Se


a empresa utilizar um bem, ele acaba gastando seu potencial
tecnológico e perdendo valor ao longo de um determinado tempo.

Recordando! Vimos que a comissão do vendedor e os impostos são gastos


que se tornam imediatamente despesas, pois incidem assim que faturar. Um
computador é considerado um investimento no momento da aquisição. Quando
for efetivado o seu pagamento, é considerado um desembolso, no momento do
registro da nota fiscal é considerado um investimento permanente (imobilizado), a
sua depreciação e a sua manutenção são consideradas despesas.

DESPESA  É a valorização monetária do consumo de recursos


realizada para a obtenção de receitas ou de algum benefício. As
despesas estão relacionadas com a administração e a comercialização.
É um bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a
obtenção de receitas e não está relacionada à produção.

45
Administração Financeira

Custos
Para Crepaldi (1998, p. 56), os “[...] custos são gastos (ou sacrifícios
econômicos) relacionados com a transformação de ativos (exemplo: consumo
de matéria-prima ou pagamento de salários)”. De acordo com o autor, podemos
entender que os custos são os gastos atribuídos na transformação e produção
de novos bens, utilizando os bens materiais da empresa, como a matéria-prima
e demais componentes necessários ao processo industrial, para transformar e/ou
criar outros tipos de bens materiais.

 Isso mesmo!
No processo industrial utilizam-se determinados bens para
transformar novos bens!

Continuando no raciocínio de Crepaldi (1998, p. 57), “CUSTO-Gasto relativo


à bem ou serviço utilizado na produção de outros bens e serviços são todos os
gastos relativos à atividade de produção”. Portanto, podemos concluir que:

a) Custo é um gasto relativo ao bem ou serviço utilizado na produção de


outros bens ou serviços. São insumos de bens de capitais ou serviços efetuados
para execução e transformação de determinados objetos em novos produtos.

b) Custos são insumos de capitais, bens ou serviços efetuados para


consecução de determinados objetivos. Estes insumos assumem, primeiramente,
uma expressão física e se traduzem, posteriormente, pela expressão monetária.
Assim, o custo de um bem ou serviço é a expressão monetária dos insumos
físicos realizados na obtenção daquele bem ou serviço, considerando-se o total
retorno dos capitais empregados em termos de reposição.

c) Custo é o consumo de um fator de produção medido em termos monetários


para a obtenção de um produto, de um serviço ou de uma atividade que poderá
ou não gerar renda.

d) O custo é também um gasto, só que reconhecido como tal, isto é, como


custo no momento da utilização dos fatores de produção (bens e serviços) para a
fabricação de um produto ou execução de um serviço.

46
Capítulo 1 Finanças Empresariais

Atividade de produção  atividades de transformação de bens


materiais e recursos humanos em outros tipos de bens materiais.

Esses recursos utilizados para a transformação e/ou criação de novos


produtos podem ser denominados da seguinte maneira:

• Salários do pessoal da produção;

• Matéria-prima utilizada no processo produtivo;

• Combustíveis e lubrificantes usados nas máquinas da fábrica;

• Aluguéis e seguros do prédio da fábrica;

• Depreciação dos equipamentos da fábrica, que são utilizados no processo


industrial de produção;

• Gastos com manutenção das máquinas da fábrica (que são utilizados no


processo industrial de produção).

Observe na Figura 3, a seguir, uma ilustração de como se processam e


transformam os insumos (materiais e matéria-prima) em novos produtos.

Figura 3 – Insumos Utilizados na Produção

Fonte: O autor.

De acordo com a figura anterior, o resultado desse processo industrial é a


oferta dos produtos prontos ao mercado consumidor. Então, entendemos que os
insumos e demais recursos são utilizados no processo industrial para a geração
e transformação de novos produtos que abastecerão o mercado consumidor.
Martins (2000, p. 25) afirma que:

O Custo é também um gasto, só que reconhecido como tal,


isto é, como custo, no momento da utilização dos fatores de

47
Administração Financeira

produção (bens e serviços), para a fabricação de um produto


ou execução de um serviço. Exemplo: a matéria-prima foi
um gasto em sua aquisição que imediatamente se tornou em
investimento, e assim foi durante o tempo de sua Estocagem;
no momento de sua utilização na fabricação de um bem,
surge o Custo da matéria-prima como parte integrante do bem
elaborado. Este por sua vez, é de novo um investimento, já que
fica ativado até sua venda.

CUSTO Gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção


de outros bens ou serviços.

Vejamos o exemplo a seguir:

A aquisição de uma máquina é considerada um gasto. Quando for efetuado


o pagamento, é considerada um desembolso, quando for registrado conforme a
nota fiscal, é considerada um investimento permanente, e quando começa a sua
depreciação e a sua manutenção, é considerada como um custo integrante dos
produtos fabricados. Esta classificação se aplica a todos os materiais e insumos
que a empresa adquire.

Gastos
Os Gastos podem ser aplicados em todos os bens e serviços adquiridos, não
importando a forma de pagamento, seja com matéria-prima, seja com material de
expediente, máquinas, veículos ou contratação de serviços em geral. Podem ser
aplicados tanto na produção como na área administrativa e de vendas.

Gasto é o primeiro ato que antecede a despesa, o custo e o


imobilizado.

48
Capítulo 1 Finanças Empresariais

O conceito de gasto é amplo e se aplica a todas as variações monetárias (saídas),


sendo aplicável, também, em aquisições com pagamento a prazo. Existe o GASTO
referente à compra de matéria-prima, a mão de obra na produção e na distribuição, os
honorários da diretoria, a compra de um bem imobilizado, dentre outros.

Porém o gasto só existe no ato da passagem do bem ou serviço para a


propriedade da empresa. Ele se efetiva no momento que existe o reconhecimento
contábil da dívida assumida ou da redução do ativo efetuado em pagamento, que
pode ser caracterizado como a redução do saldo do dinheiro em caixa, do saldo
da conta banco, dentre outras formas.

Assim, podemos dizer que gasto é o compromisso financeiro Dependendo da


assumido por uma empresa na aquisição de bens e serviços, que destinação do gasto
sempre resultará em uma variação patrimonial, seja qualitativa (ato ou de consumo, ele
operação de aquisição) no início e/ou quantitativa (envolvendo recursos poderá converter-
financeiros) em seguida. Também pode ser definido como gasto se em custo ou
despesa.
de investimento, quando o bem ou o serviço for utilizado em vários
processos produtivos (imobilizado, estoques, etc.), e como gasto de consumo
quando o bem ou o serviço for consumido no momento da produção ou do serviço
que a empresa realiza. Dependendo da destinação do gasto de consumo, ele
poderá converter-se em custo ou despesa. O mesmo acontece com o gasto de
investimento: à medida que o investimento for utilizado poderá transformar-se em
custo ou despesa, dependendo do objeto onde for aplicado. Exemplo: gasto com
a aquisição de uma máquina para a produção - primeiramente ela será ativada,
sofrendo gradativamente redução em seu valor por causa do desgaste e da
obsolescência, fenômeno que é chamado de depreciação, tornando-se, neste
momento, um custo de produção. Lembrando que a máquina foi adquirida para a
fábrica, setor de produção. Se fosse um equipamento para a área administrativa,
seria uma despesa.

GASTO  É o sacrifício, normalmente em moeda, que a entidade


faz para a obtenção de um produto ou serviço. Pode ser a entrega de
numerário ou assumir um compromisso para pagar em data posterior.

49
Administração Financeira

InVestimentos
O Investimento consiste em tudo o que é necessário para o desenvolvimento
das atividades. Por exemplo: uma indústria necessita de materiais e máquinas.
Os materiais são classificados temporariamente como investimentos circulantes,
pois serão consumidos no processo produtivo (estão localizados nos Estoques da
empresa), e as máquinas são classificadas como investimentos permanentes (no
Ativo Imobilizado), pois se restringem ao uso na transformação dos materiais para
o produto final.

Os terrenos e prédios adquiridos também são considerados investimentos.

Martins (2000, p. 25) afirma que investimento é o “[...] gasto ativado em


função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuro(s) período(s)”. São
todos os sacrifícios de aquisição de bens ou serviços (gastos), estocados no ativo
da empresa, para baixa quando da sua venda, ou do seu consumo, ou da sua
desvalorização.

Os Investimentos podem ser de diversas naturezas e de períodos de ativação


variados. No exemplo acima, podemos observar que a matéria-prima é um gasto
contabilizado temporariamente como investimento circulante e a máquina é um
gasto que se transforma num investimento permanente dependendo da intenção
da aquisição.

INVESTIMENTO  É o gasto que a empresa realiza na


compra de um bem ou na obtenção e posse de um direito que vai
gerar benefícios no futuro e que não será totalmente consumido ou
utilizado em um período ou em um exercício. Os investimentos são
considerados como custos ou despesas à medida que a empresa
usa ou consome gradativamente esses bens ou direitos. Exemplo:
depreciação dos equipamentos e requisição de material em estoque.

Balanço Patrimonial
O balanço patrimonial é um dos relatórios mais importantes da contabilidade.
Conforme Knuth et al. (2014, p. 150), pode ser definido como:

50
Capítulo 1 Finanças Empresariais

Uma demonstração financeira obrigatória segundo a Lei n.


6.404/76 — Lei das Sociedades por Ações, e que corresponde
a um dos relatórios mais importantes no processo decisório,
podendo ser comparada de forma figurativa a “fotografia” de
uma empresa em um determinado período.

Vejamos como se apresenta em linhas gerais a estrutura de um balanço


patrimonial.

Figura 4 – Balanço Patrimonial


ATIVO PASSIVO e PL
Circulante Circulante
 Caixa, Bancos  Salários a pagar
Não circulante Não Circulante
 Realizável a LP  Exigível a LP
 Máquinas Patrimônio Líquido
 Prédios  Capital (Sócios)
Fonte: Marion (2012, p. 63).

A primeira parte: Ativo (A) – é a parte positiva, composta de bens e direitos.


A segunda parte: Passivo Exigível (PE) – é a parte negativa, composta das
obrigações com terceiros. E a terceira parte: Patrimônio Líquido (PL) ou Situação
Líquida (SL) – é a parte diferencial (diferença) entre o Ativo e o Passivo Exigível.
O PL representa as obrigações da entidade para com os sócios, considerado
como Passivo Não-Exigível.

Veja, na figura a seguir, a relação entre as atividades das empresas, o


balanço patrimonial e a demonstração do resultado.

51
52
Figura 5 – Relação Entre as Atividades das Empresas, o Balanço Patrimonial
e a Demonstração do Resultado
Administração Financeira

Fonte: Stickney e Weil (2001, p. 29).


Capítulo 1 Finanças Empresariais

Podemos observar que todos os objetivos e estratégias da Os financiamentos,


empresa estão pautados nos Investimentos que a empresa realiza investimentos e
de acordo com os Financiamentos que busca para fomentar as suas operações são
Operações (tem como resultado o Lucro Líquido, que é um dos controlados no
objetivos da empresa). Os financiamentos, investimentos e operações balanço patrimonial
da empresa em
são controlados no balanço patrimonial da empresa em contas de
contas de ativos e
ativos e passivos. passivos.

EQuação Patrimonial
Para dar sequência ao entendimento da estrutura do balanço patrimonial,
vamos identificar alguns tipos de equações patrimoniais existentes.

A = ATIVO
P = PASSIVO
PL = PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Vejamos:

a) Situação Patrimonial Positiva: Se A > P, então PL > 0. Significa que os


bens e direitos são maiores que as obrigações com terceiros (Passivo Exigível).
Portanto, a empresa possui riqueza própria. A equação é a seguinte:

b) Situação Patrimonial Negativa: P > A, então PL < 0. Revela que a


empresa se encontra em má situação, apresentando Passivo a descoberto, isto é,
mais obrigações que bens e direitos. A equação é a seguinte:

c) Situação Patrimonial de Equilíbrio ou Nula: A = P, então PL = 0.


Nessa situação a empresa não possui riqueza própria. Todo o seu Ativo está
comprometido com as dívidas, e o PL será nulo. A equação é a seguinte:

53
Administração Financeira

d) Situação Plena ou Propriedade Total dos Ativos: Ocorre quando os bens


e direitos (Ativo) forem iguais ao Patrimônio Liquido (PL). Nesse caso, as obrigações
com terceiros serão nulas. Essa situação, na prática, dificilmente ocorrerá, pode
acontecer no início das operações da entidade. A equação é a seguinte:

e) Inexistência de Ativos: P = (PL), logo A = 0. Ocorre quando as obrigações


com terceiros forem iguais ao Patrimônio Liquido Negativo. Nesse caso, o Ativo
será nulo. A equação é a seguinte:

Dentre os aspectos que envolvem a EQUAÇÃO PATRIMONIAL, algumas


reflexões devem ser feitas para se compreender melhor as informações da
Contabilidade. Tais reflexões partem das seguintes indagações:

a) Como se dividem as contas do Balanço?

As contas do balanço são ordenadas em grupos, segundo sua natureza e


ordem decrescente de liquidez. Essa liquidez está na ordem do limite de tempo
em que os valores podem ser transformados em dinheiro ou exigíveis. Até o prazo
de 360 dias, a classificação se dá no CIRCULANTE e, acima desse limite, no
NÃO CIRCULANTE (LONGO PRAZO).

Ordem decrescente de liquidez significa que o Balanço


Patrimonial deve primeiramente apresentar os saldos das contas
contábeis que estão com saldo em caixa, depois vem a conta contábil de
duplicatas a receber, em seguida, estoques, e assim sucessivamente.

b) O que é o Ativo Circulante?

Corresponde ao dinheiro da empresa, incluindo os direitos que serão


recebidos em dinheiro, serviços ou bens e os estoques que serão vendidos e
recebidos em prazo nunca superior a 360 dias. Seguindo a ordem de liquidez, as
contas mais comuns são: caixa e bancos, aplicações financeiras, contas a receber
de clientes e estoques. Os estoques são registrados pelo seu preço de compra ou

54
Capítulo 1 Finanças Empresariais

de fabricação, as contas a receber são diminuídas de perdas prováveis e, caso


alguma mercadoria ou produto tenha custado mais do que o seu atual valor de
mercado, tem-se uma provisão para perdas. Nas demonstrações contábeis em
moeda de capacidade aquisitiva constante, o preço de compra ou fabricação dos
estoques é corrigido de acordo com a sua movimentação.

Segundo Marion (2012, p. 291),

O Ativo Circulante é o primeiro grupo de contas do Ativo.


A recomendação legal de que os bens e direitos sejam
classificados no Ativo na ordem do grau de liquidez decrescente
faz com que, no Ativo Circulante, estejam posicionados, após
o disponível, os itens que se converterão em dinheiro mais
rapidamente (até o final do exercício subsequente). O Ativo
Circulante é o grupo de maior liquidez no Ativo da empresa.

c) O que é Passivo Circulante?

São os valores que a empresa deve pagar até 360 dias. As contas estão
ordenadas pela sua exigibilidade, começando por aquelas de prazo mais curto,
como empréstimos, contas a pagar, dívidas com fornecedores, impostos a
recolher e provisões (são as despesas incorridas, geradas, ainda não pagas,
mas já reconhecidas pela empresa, como imposto de renda, férias, 13° salário,
salários a pagar, etc.).

Segundo Marion (2012, p. 291), “são as obrigações a Curto Prazo, ou seja,


as que deverão ser liquidadas dentro do exercício social seguinte (próximo ano),
ou conforme o ciclo operacional da empresa, se este for superior a um ano”.

Assim, você já pode ter uma ideia de como é estruturado um Balanço


Patrimonial, de um lado “o que a empresa possui”, e, de outro, “o que ela deve”.

AtiVo
A principal característica que se pode visualizar em um Ativo é o benefício
futuro que pode advir desse bem. De forma simples, costumeiramente, atribui-se
a bens e direitos da empresa o conceito de Ativo, sendo assim, todos os bens e
direitos que a empresa detém são seus ativos, como veículos, dinheiro, móveis,
imóveis, máquinas, etc.

Poderão ocorrer casos em que a empresa possua em seu imobilizado


uma máquina sem vida útil, sem capacidade instalada, não podendo gerar

55
Administração Financeira

qualquer benefício presente ou futuro para essa entidade. Nesse caso, não será
considerado esse bem um ativo, devendo, portanto, ser retirado do ativo.

O ativo pode ser dividido em:

a) Ativo Circulante: representa todos os bens e direitos considerados


ativos da empresa e que podem vir a se transformar em dinheiro no chamado
curto prazo, ou seja, até o término do exercício social seguinte. Também esse
grupo é conhecido como “Capital de Giro” da entidade, e que, como o próprio
nome expressa, contribuirá para o giro, a realização das atividades necessárias
da entidade.

b) Ativo Não Circulante: são os bens ou direitos que se converterão em


dinheiro após o final do exercício seguinte (Realizável em Longo Prazo) e são
compostos também pelos Investimentos, Imobilizados e Intangíveis utilizados no
desenvolvimento da atividade principal da empresa.

PassiVo
O Passivo representa todas as obrigações que uma empresa possui com
terceiros, também conhecido como Capital de Terceiros ou Obrigações Exigíveis.

No Passivo, as contas serão dispostas em ordem crescente de exigibilidades,


registradas nos seguintes grupos:

a) Passivo circulante: são classificadas as dívidas a pagar em curto prazo,


isso quer dizer, vencíveis ou exigíveis até o final do exercício social seguinte.
Como visto, na constituição da sociedade é determinado o dia de encerramento
do exercício social, que, normalmente, é 31 de dezembro, para haver
A cada período
uma parte da compatibilidade com o encerramento do exercício fiscal.
dívida em longo
prazo vai sendo b) Passivo não circulante: neste grupo de contas, são registradas
transferida para o as obrigações que serão exigidas a partir do final do exercício social
Passivo Circulante, seguinte, assim, o subgrupo que normalmente tem uma participação
por passar a ser
maior neste grupo é o dos empréstimos e financiamentos, por ser a
de curto prazo,
portanto, os principal fonte de recurso em longo prazo.
pagamentos são
feitos no circulante, A cada período uma parte da dívida em longo prazo vai sendo
salvo se houver transferida para o Passivo Circulante, por passar a ser de curto prazo,
uma liquidação portanto, os pagamentos são feitos no circulante, salvo se houver uma
antecipada.
liquidação antecipada.

56
Capítulo 1 Finanças Empresariais

Patrimônio LÍQuiDo
O Patrimônio Líquido representa os recursos próprios da empresa, ou seja,
aqueles valores remanescentes de suas atividades e que pertencem aos seus
sócios. Exatamente por pertencerem aos proprietários das entidades, também é
conhecido como Capital Próprio ou Obrigações não Exigíveis.

A empresa possui uma obrigação com os seus sócios, exatamente o valor


do seu patrimônio líquido, porém eles não poderão exigir o seu recebimento, pois
estariam contribuindo para a sua extinção.

As contas pertencentes ao Patrimônio Líquido estão distribuídas nos


seguintes grupos:

a) Capital social: Representa o investimento inicial realizado pelos sócios


para abertura da empresa. São valores que os sócios assumem o
compromisso de integralizar. Esse valor total é também conhecido como
Capital Nominal ou Capital Subscrito.

b) Reservas de capital: Reservas de capital são valores não oriundos do


resultado do exercício da empresa, não transitam pelas demonstrações
contábeis. O resultado do exercício da empresa é apurado de acordo com
a DRE-Demonstração do Resultado do Exercício.

c) Reservas de lucros: Como o próprio nome já expressa, representa


valores constituídos mediante a apuração e distribuição do lucro da
empresa. Estas reservas estarão evidenciadas nos seguintes grupos:

− Reserva Legal: É constituída mediante aplicação de 5% sobre o lucro líquido da


companhia, antes da constituição de qualquer outra reserva. Porém este valor
não poderá exceder 20% do capital social. Sua finalidade é exclusivamente
atender ao aumento de capital ou compensar prejuízos apurados.

− Reserva Estatutária: É apurada a partir da DRE-Demonstração do


Resultado do Exercício e constituída segundo o Estatuto da companhia,
só devendo ser realizada quando apresentar a sua finalidade e o limite
máximo de seu valor.

− Reservas para Contingências: É apurada a partir da DRE-Demonstração


do Resultado do Exercício e destinada a atender a fatos que poderão
ocorrer, fatos futuros, que causarão prejuízos à entidade. Uma medida
preventiva de compensar o prejuízo de uma companhia em datas futuras.

57
Administração Financeira

d) Ações em tesouraria: Representa uma das contas REDUTORAS do


Patrimônio Líquido, pois se trata da aquisição das ações da companhia
por ela mesma. Esse valor aparecerá como redutor do valor do capital
social da empresa.

e) Lucros ou Prejuízos acumulados: Após todas as deduções do lucro


líquido apurado, seja para a constituição das Reservas, seja para a
distribuição dos Dividendos (parte do lucro destinado aos sócios), o
saldo remanescente será transferido para uma conta específica chamada
Lucros Acumulados ou Prejuízos Acumulados.

O Patrimônio Líquido é constituído pelo valor investido pelos sócios


da empresa e os resultados apurados (lucros ou prejuízos do período) são
decorrentes da qualidade da gestão dos sócios ou administradores.

Estrutura Do Balanço Patrimonial


O Balanço Patrimonial apresenta a posição patrimonial e financeira de uma
determinada empresa em um período específico. Esse demonstrativo possui dois
grandes grupos: o Ativo, onde há o registro e controle do caixa, dos investimentos, das
contas a receber de clientes, dos estoques e diversas outras contas que evidenciam
onde a empresa aplicou seus recursos. Em outras palavras, os valores que estão
registrados mostram os direitos que ela possui. O segundo grupo está relacionado
com o Passivo, que mostra onde constam as obrigações da empresa, que pode
ser representado por contas a pagar, provisões fiscais e trabalhistas, empréstimos
e financiamentos em curto e longo prazo (Passivo Não Circulante), entre outras. O
Passivo, por sua vez, retrata as origens dos recursos financeiros da empresa, que
também inclui o Patrimônio Líquido (recursos investidos pelos sócios).

O Balanço Patrimonial apresenta todas as particularidades financeiras


e patrimoniais da empresa no momento de sua apuração. Permite que seus
usuários possam extrair informações precisas de toda situação da capacidade
financeira para liquidar seus compromissos financeiros, e também da situação
econômica, sendo possível medir o retorno (lucro) em relação ao valor investido
pelos sócios da empresa, que é representado pelo Capital Social.

Este demonstrativo é considerado uma demonstração estática, pois em


qualquer ocasião a contabilidade poderá elaborá-lo e evidenciar, naquele instante,
para qualquer pessoa a quem interessar o desempenho financeiro e patrimonial
da empresa. Não se pode deixar de evidenciar que o ativo é composto pelos bens
e direitos da entidade, representando, portanto, a parte positiva do patrimônio. E
também temos a parte negativa, que é o passivo e o patrimônio líquido.
58
Capítulo 1 Finanças Empresariais

Para entender a composição, classificação e avaliação das contas que o


compõem, apresentamos abaixo a estrutura de um Balanço Patrimonial.

Figura 6 – Estrutura de um Balanço Patrimonial

Fonte: Balanço Patrimonial (2016, p.1).

No aspecto qualitativo estão os grupos e subgrupos de contas, contas e


subcontas, itens e subitens, e, no aspecto quantitativo, os valores de cada uma
destas contas, totalizando os subgrupos e grupos de contas.

Do lado esquerdo, o Balanço Patrimonial demonstra as contas do ativo, e, do


direito, o passivo e o patrimônio líquido.

Podemos observar na figura referente ao modelo do Balanço Patrimonial


que o valor do Patrimônio Líquido é de R$ 900.000,00. Por sua vez, o total dos
Passivos da empresa perfazem o valor de R$ 2.100.000,00, o que quer dizer que
a empresa depende mais de recursos de terceiros do que de recursos próprios.

59
Administração Financeira

Se a empresa captou maior volume de recursos de terceiros do


que próprios ou vice-versa, isso terá impacto na apuração do CMPC-
Custo Médio Ponderado de Capital, assunto que veremos no capítulo 2
deste caderno de estudos.

Com isso, finalizamos os estudos do Balanço Patrimonial, a sua estrutura


e composição dos grupos e contas contábeis, o que nos permitiu conhecer as
informações que o gestor poderá encontrar nesse tipo de relatório.

Em seguida, veremos o que é o Fluxo de Caixa, quais são os modelos


existentes e como se processam as informações para a sua apuração.

FluXo De CaiXa
Neste item, vamos aprender a elaborar e analisar um Fluxo de Caixa. A
respeito disso, Gitman (2001, p. 117) salienta que:

A demonstração de fluxos de caixa permite que o administrador


financeiro e outras partes interessadas analisem o fluxo de
caixa da empresa. O administrador deve prestar especial
atenção, tanto às principais categorias de fluxo de caixa
quanto aos itens individuais de fluxo de entrada e saída, para
avaliar se ocorreram quaisquer desvios contrários as políticas
financeiras da companhia.
As contas do
Balanço patrimonial Conforme vimos no item 3, o Balanço Patrimonial é considerado
são conhecidas uma fotografia de todas as operações da empresa, registradas em
como caixa e determinadas contas. Mas, você sabia que, a partir disso, podemos
bancos, entradas e estudar e compreender a elaboração e aplicação do Fluxo de Caixa?
saídas no controle
de estoque,
As contas do Balanço patrimonial são conhecidas como caixa e
duplicatas a receber
(contas de vendas bancos, entradas e saídas no controle de estoque, duplicatas a receber
a prazo), controle (contas de vendas a prazo), controle de investimentos em imobilizado
de investimentos e contas a pagar (fornecedores a pagar, empréstimos e financiamentos
em imobilizado a pagar).
e contas a pagar
(fornecedores a
É com base nestas contas contábeis que se torna possível
pagar, empréstimos
e financiamentos a identificar as movimentações chamadas de atividades operacionais
pagar). e financeiras. É a partir deste grupo de contas que o fluxo de caixa

60
Capítulo 1 Finanças Empresariais

possibilita avaliar se a empresa obteve resultados operacionais positivos (se


houve vendas com baixo custo e despesa) ou se obteve resultados operacionais
negativos (se as vendas foram insatisfatórias e o custo e a despesa foram
elevados) e, nesse caso, existem grandes possibilidades de recorrer a
empréstimos e financiamentos.

Vamos a seguir, estudar a Demonstração do Fluxo de Caixa pelo método


direto, que evidencia todos os pagamentos e recebimentos decorrentes das
atividades operacionais da empresa.

FluXo De CaiXa Pelo MÉtoDo Direto


O Método Direito consiste em classificar os recebimentos e pagamentos de
uma empresa utilizando as partidas dobradas. Ele permite gerar as informações
com base em critérios técnicos, eliminando, assim, qualquer interferência da
legislação fiscal. É aquele em que as informações para composição de Fluxo de
Caixa são obtidas diretamente dos registros das operações da empresa.

Método das Partidas Dobradas

Frei Luca Pacioli, o Pai da Contabilidade

Descrito pela primeira vez em 1494, na Itália, pelo frade Luca


Pacioli no livro “Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni
et Proportionalità” (Coleção de conhecimentos de Aritmética,
Geometria, Proporção e Proporcionalidade), no capítulo “Particulario
de computies et Scripturis” (Contabilidade por Partidas Dobradas),
que fala sobre um tratado da contabilidade. Neste capítulo, ele
enfatiza que a teoria contábil do débito e do crédito corresponde
à teoria dos números positivos e negativos. O método teve rápida
difusão e foi universalmente aceito e adotado desde esta época,
sendo hoje considerado um dos pilares da contabilidade moderna.

61
Administração Financeira

Este método reza que em cada lançamento, o valor total


lançado nas contas a débito deve ser sempre igual ao total do
valor lançado nas contas a crédito.

Fonte: Disponível em: <http://www.socontabilidade.com.br/


conteudo/metodos.php>. Acesso em: 03 maio 2016.

A evidenciação dos valores que movimentam o caixa é importante para


uma análise mais profunda do fluxo financeiro da empresa. Este método é mais
informativo, pela clareza com que revela as informações do caixa.

A seguir, apresentamos um modelo de demonstração de fluxo de caixa no


método direto, adaptado do CRCSP – Conselho Regional de Contabilidade de
São Paulo (1997, p. 114).

Quadro 5 – Demonstração do Fluxo de Caixa - Método Direto


Fluxo de caixa das atividades operacionais
Recebimentos de clientes xx
Dividendos recebidos xx
Juros recebidos xx
Recebimentos por reembolso de seguros xx
Recebimentos de lucros de subsidiárias xx
Pagamentos a fornecedores (xx)
Pagamentos de salários e encargos (xx)
Imposto de renda pago (xx)
Juros pagos (xx)
Outros recebimentos ou pagamentos líquidos xx
Caixa líquido das atividades operacionais xx
Fluxo de caixa das atividades de investimentos
Alienação de imobilizado xx
Alienação de investimentos xx
Aquisição de imobilizado (xx)
Aquisição de investimentos (xx)
Caixa líquido das atividades de investimentos xx
Fluxo de caixa das atividades de financiamentos
Integralização de capital xx
Juros recebidos de empréstimos xx
Empréstimos tomados xx
Aumento do capital social xx
Pagamento de leasing (principal) (xx)
Pagamentos de lucros e dividendos (xx)
Juros pagos por empréstimos (xx)
Pagamentos de empréstimos/debêntures (xx)
Caixa Líquido das atividades de financiamentos xx

62
Capítulo 1 Finanças Empresariais

Aumento ou redução de caixa líquido xx


Saldo de caixa – inicial xx
Saldo de caixa – final xx
Fonte: Adaptado do CRCSP – Conselho Regional de
Contabilidade de São Paulo (1997, p. 114).

O método direto demonstra os recebimentos e pagamentos derivados das


atividades operacionais da empresa em vez do lucro líquido ajustado. Mostra
efetivamente as movimentações dos recursos financeiros ocorridos no período.

Vejamos outro modelo, desta vez adaptado de Yoshitake e Hoji (1997, p. 153).

Quadro 6 – Demonstração do Fluxo de Caixa - Método Direto


INGRESSOS DE RECURSOS
Recebimentos de clientes xx
Pagamentos a fornecedores (xx)
Despesas administrativas e comerciais (xx)
Despesas financeiras (xx)
Impostos (xx)
Mão de obra direta (xx)
(=) Ingressos de recursos provenientes das operações xx
Recebimentos por vendas do imobilizado xx
(=) Total dos ingressos dos recursos financeiros xx
DESTINAÇÕES DE RECURSOS
Aquisição de bens do imobilizado xx
Pagamentos de empréstimos bancários xx
(=) Total das destinações de recursos financeiros xx
Variação líquida de disponibilidades xx
(+) Saldo inicial xx
(=) Saldo final de disponibilidade xx
Fonte: Adaptado de Yoshitake e Hoji (1997, p. 153).

Como se verifica, a demonstração pelo método direto facilita Como se verifica,


a demonstração
ao usuário avaliar a solvência da empresa, pois evidencia toda a
pelo método direto
movimentação dos recursos financeiros, as origens dos recursos de facilita ao usuário
caixa e onde eles foram aplicados. avaliar a solvência
da empresa, pois
evidencia toda a
movimentação dos
Vantagens e DesVantagens Do recursos financeiros,
as origens dos
MÉtoDo Direto recursos de caixa
e onde eles foram
Dentre as vantagens existentes com a aplicação do método direto, aplicados.
podemos citar as seguintes:

63
Administração Financeira

– O método cria condições favoráveis para que a classificação dos


recebimentos e pagamentos siga critérios técnicos e não fiscais.

– O método permite que a cultura de administrar com a utilização do Fluxo


de Caixa seja introduzida mais rapidamente nas empresas.

– As informações do Fluxo de Caixa podem estar disponíveis diariamente.

Dentre as desvantagens existentes com a aplicação do método direto,


podemos citar as seguintes:

– O custo adicional para classificar os recebimentos e pagamentos.

– A falta de experiência dos profissionais das áreas contábil e financeira em


usar as partidas dobradas para classificar os recebimentos e pagamentos.

FluXo De CaiXa Pelo MÉtoDo InDireto


Neste método, quando as empresas decidem não mostrar os recebimentos e
pagamentos operacionais, devem relatar a mesma importância de Fluxo de Caixa
Líquido das atividades operacionais indiretamente. Assim, ajusta-se o lucro líquido
para reconciliá-lo ao Fluxo de Caixa das atividades operacionais e eliminam-se os
efeitos de todos os pagamentos operacionais passados e de todas as provisões
de recebimentos e pagamentos operacionais futuros, além de todos os itens
que são incluídos no lucro líquido que não afetam recebimentos e pagamentos
operacionais.

Vamos analisar um modelo de Demonstração do Fluxo de Caixa com base


no método indireto, uma vez que este método proporciona mais informações
gerenciais, como a geração bruta do caixa a partir do lucro ou prejuízo apurado
pela empresa. O método indireto começa das movimentações efetivas do caixa,
mas sem a apresentação das movimentações da geração bruta deste, o que, de
certa forma, o torna limitado sob o ponto de vista gerencial.

A seguir, apresentamos um modelo de Demonstração de Fluxo de Caixa no


método indireto, adaptado do CRCSP – Conselho Regional de Contabilidade de
São Paulo (1997, p. 114).

64
Capítulo 1 Finanças Empresariais

Quadro 7 – Demonstração do Fluxo de Caixa - Método Indireto


Fluxo de caixa das atividades operacionais
Resultado Líquido xx
(±) Ajustes que não representam entrada ou saída de caixa xx
(+) Depreciação e amortização xx
(+) Provisão para devedores duvidosos xx
(±) Resultado na venda do imobilizado xx
(±) Aumento ou diminuição de contas a receber xx
(±) Aumento ou diminuição de estoques xx
(±) Aumento ou diminuição de despesas antecipadas xx
(±) Aumento ou diminuição de passivos xx
(±) Aumento ou diminuição de outros ajustes xx

(=) Caixa líquido das atividades operacionais xx

Fluxo de caixa das atividades de investimentos


(+) Alienação de imobilizado xx
(+) Alienação de investimentos xx
(-) Aquisição de imobilizado xx
(-) Aquisição de investimentos xx
(=) Caixa líquido das atividades de investimentos xx

Fluxo de caixa das atividades de financiamentos


(+) Integralização de capital xx
(+) Juros recebidos de empréstimos xx
(+) Empréstimos tomados xx
(+) Aumento do capital social xx
(-) Pagamento de leasing (principal) xx
(-) Pagamentos de lucros e dividendos xx
(-) Juros pagos por empréstimos xx
(-) Pagamentos de empréstimos/debêntures xx
(=) Caixa líquido das atividades de financiamentos xx

(=) Aumento ou redução de Caixa Líquido xx


Fonte: Adaptado do CRCSP – Conselho Regional de
Contabilidade de São Paulo (1997, p. 114).

Por esse método, a demonstração de Fluxo de Caixa inicia pelo resultado


da empresa, que aponta o lucro ou prejuízo do período e, a partir desse ponto,
analisa se a empresa apurou caixa operacional positivo ou negativo.

Segundo Pinho (1996, p. 9),

A demonstração dos fluxos de caixa para um determinado


período deve apresentar o fluxo de caixa líquido oriundo ou
aplicado nas atividades operacionais, de investimentos e de
financiamentos e o seu efeito líquido sobre os saldos de caixa,
conciliando seus saldos no início e no final do período.

65
Administração Financeira

Então, se a empresa apurou caixa operacional positivo significa


que ela teve um excelente desempenho operacional, isto é, teve
excelentes vendas com poucos custos e despesas, e existem grandes
possibilidades de não necessitar de recursos de terceiros, como
empréstimos e financiamentos. Por outro lado, se a empresa apurou
caixa operacional negativo significa que ela não teve um excelente
desempenho de vendas e ocorreu um acentuado nível de custos ou
despesas. Nessa situação, há grandes possibilidades de recorrer a
recursos de terceiros, como empréstimos e financiamentos.

Em síntese, o método indireto é aquele no qual os recursos provenientes das


atividades operacionais são demonstrados a partir do lucro líquido, ajustado pelos
itens considerados nas contas de resultado que não afetam o caixa da empresa.

A seguir, apresentamos outro modelo de Demonstração do Fluxo de Caixa


pelo método indireto, desta vez adaptado de Yoshitake e Hoji (1997, p.151).

Quadro 8 − Demonstração do Fluxo de Caixa - Método Indireto


ORIGENS
Lucro líquido do exercício xx
Mais:
Depreciações xx
Aumento em imposto de renda a pagar xx
Aumento em fornecedores xx
Menos:
Aumento em clientes (xx)
(=) Caixa gerado pelas operações xx
Venda do Imobilizado xx
(=) Total dos ingressos de Disponibilidade xx
APLICAÇÕES
Pagamento de empréstimos bancários xx
Aquisição de imobilizado xx
(=) Total das aplicações de disponibilidades xx
Variação líquida das disponibilidades xx
(+) Saldo inicial xx
(=) Saldo final das disponibilidades xx
Fonte: Adaptado de Yoshitake e Hoji (1997, p. 151).

66
Capítulo 1 Finanças Empresariais

Vantagens e DesVantagens Do MÉtoDo


InDireto
Dentre as vantagens existentes com a aplicação do método indireto, podemos
citar as seguintes:

− Apresenta baixo custo, pois necessita apenas da utilização de dois


balanços patrimoniais (o do início e do final do período), a demonstração
de resultados e algumas informações adicionais obtidas na contabilidade.

− Concilia o lucro contábil com o Fluxo de Caixa Operacional Líquido,


mostrando como se compõe a diferença.

Dentre as desvantagens existentes com a aplicação do método indireto,


podemos citar as seguintes:

− É preciso aguardar o tempo necessário para gerar as informações pelo


regime de competência e só depois convertê-las para o regime de caixa.
Por exemplo, as provisões de férias e 13º salário são registrados ao
longo do ano, mas são pagos apenas na data do seu devido vencimento.
Se isso for feito uma vez por ano, por exemplo, podemos ter surpresas
desagradáveis e tardiamente.

− Se houver interferência da legislação fiscal na contabilidade oficial, e


geralmente há, o método indireto irá eliminar somente parte dessas
distorções.

Visão Geral Da Demonstração Do


FluXo De CaiXa
O Fluxo de Caixa apresenta-se como uma ferramenta de aferição e
interpretação das variações dos saldos do Disponível da empresa.

Vejamos a figura a seguir.

67
Administração Financeira

Figura 7 − O fluxo de caixa como produto final da integração do contas


a receber com o contas a pagar

Fonte: Sá (1998, p.10).

Observando o esquema da figura anterior, com base em Sá (1998), podemos


dizer que o Fluxo de Caixa é o produto final da integração dos setores de Contas
a Receber e a Pagar, de tal forma que, ao comparar as contas recebidas com as
pagas, tem-se o fluxo de caixa realizado, e ao comparar as contas a receber
com as contas a pagar, tem-se o fluxo de caixa projetado.

O Fluxo de Caixa é um retrato fiel da composição da situação financeira da


empresa. É imediato e pode ser atualizado diariamente, proporcionando ao gestor uma
radiografia permanente das entradas e saídas de recursos financeiros da empresa. Ele
evidencia tanto o passado como o futuro, o que permite projetar, dia a dia, a evolução
do disponível, de forma que se possam tomar com a devida antecedência as medidas
cabíveis para enfrentar a escassez ou o excesso de recursos.

Atividades de Estudos:

1) Em relação à gestão de resultados da empresa, neste material de


estudos você estudou sobre Custos. Discorra sobre ele.
____________________________________________________
___ _________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

2) Com base nos seus estudos referentes à Demonstração do Fluxo


de Caixa, discorra sobre as vantagens do Fluxo de Caixa pelo
Método Indireto.
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________
______________________________________________________

68
Capítulo 1 Finanças Empresariais

Algumas ConsiDeraçÕes
Prezado(a) acadêmico(a), finalizamos o capítulo 1!

Neste capítulo, você conheceu os conceitos e as características da


contabilidade, os principais tipos de relatórios que os gestores poderão utilizar a
partir das informações contábeis e os tipos de informações que ali constam.

Você estudou, também, a estrutura dos gastos da empresa e os conceitos de


custos e despesas, investimentos e receitas de vendas.

Por final, você compreendeu o que é o Fluxo de Caixa e quais são os modelos
existentes, bem como as particularidades de cada modelo, que podem contribuir
para as atividades do gestor financeiro da empresa.

No próximo capítulo, você vai conhecer um pouco sobre a Gestão Financeira,


compreenderá como administrar ou gerir com o intuito de otimizar os recursos da
empresa para evitar qualquer perda monetária ou financeira.

ReFerÊncias
ANTHONY, Robert N. Management accounting. In: IUDÍCIBUS, Sérgio de
(Coord.). Contabilidade introdutória. 9. ed. São Paulo: Atlas, 1998.

ARAÚJO, Inaldo da Paixão Santos. Introdução à contabilidade: atualizada em


conformidade com a Lei n. 11.638/2007. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2009.

BALANÇO PATRIMONIAL: aspectos gerais. Site Tax Contabilidade. 18 fev.


2016. Disponível em:
<http://www.tax-contabilidade.com.br/matTecs/matTecsIndex.
php?idMatTec=323>. Acesso em: 03 maio 2016.

BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades


por ações. Diário Oficial República Federativa do Brasil, Poder Legislativo,
Brasília, DF, 17 dez. 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/L6404consol.htm>. Acesso em: 10 mar. 2016.

69
Administração Financeira

______. Lei n. 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos


da Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei n. 6.385, de 7 de dezembro
de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à
elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Diário Oficial da União,
28 dez. 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em: 14 mar. 2016.

BRUNI, Adriano Leal; FAMÁ, Rubens. Gestão de custos e formação de preços:


com aplicações na calculadora HP 12C e Excel. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.

CHING, Hong Yuh. Contabilidade e finanças para não especialistas. São


Paulo: Pearson Prentice Hall, 2003.

CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO ESTADO DE SÃO PAULO.


Contabilidade no contexto internacional. São Paulo: Atlas, 1997.

CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade gerencial: teoria e prática. São


Paulo: Atlas, 1998.

FARIA JÚNIOR, José Raymundo de. É melhor receber dividendos ou JCP?


IBCPF – Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros.
6 ago. 2012. Disponível em: <http://www.ibcpf.org.br/PlanejamentoFinanceiro/
Artigo/223>. Acesso em: 10 mar. 2016.

FAVERO, Hamilton Luiz et al. Contabilidade. Teoria e prática. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 1997. Vol. I.

GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira: essencial. Trad.


Jorge Ritter. 2. ed. Porto Alegre, 2001.

GROPPELLI, A. A.; NIKBAKHT, Ehsan. Administração financeira. 3. ed. São


Paulo: Saraiva, 2010.

HOJI, Masakazu. Administração Financeira: Uma abordagem prática. 2. ed.


São Paulo: Atlas, 2004.

IUDÍCIBUS, Sérgio de. Contabilidade introdutória. 9. ed. São Paulo: Atlas,


1998.

IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Introdução à teoria da


contabilidade para o nível de graduação. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

70
Capítulo 1 Finanças Empresariais

______.; ______. Curso de contabilidade para não contadores. Para as áreas


de administração, economia, direito e engenharia. São Paulo: Atlas, 1998.

KNUTH, Valdecir. Orçamento empresarial: caderno de estudos. Indaial:


UNIASSELVI, 2009.

MANFREDINI, Antonio. As empresas dinâmicas. Jornal Gazeta Mercantil, São


Paulo, 24 set. 2001.

KNUTH, Valdecir et al. Contabilidade empresarial. Londrina: Editora e


Distribuidora Educacional S.A., 2014.

MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial. 16. ed. São Paulo, Atlas,
2012.

MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

PINHO, Adelino Dias. Demonstração dos fluxos de caixa. Boletim do Ibracon,


São Paulo, n. 220, set. 1996.

RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade geral fácil. 5. ed. São Paulo: Saraiva,
2009.

SÁ, Carlos Alexandre de. Gerenciamento do fluxo de caixa: apostila. São


Paulo: TopEventos, 1998.

SEBRAE. Manual de procedimentos contábeis para micro e pequenas


empresas. 5. ed. Brasília: CFC; SEBR AE, 2002.

SILVA, Alexandre Alcantara da. Estrutura, análise e interpretação das


demonstrações contábeis. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

SILVA, Fabio Queda Bueno da. Contabilidade Financeira e Gerencial.


Conceitos Básicos: bens, direitos e balanço patrimonial. 2007. Disponível em:
<http://www.cin.ufpe.br/~if784/aulas/Aula1BensDireitosBalancoPatrimonial.PDF>.
Acesso em: 10 mar 2016.

STICKNEY, Clyde P.; WEIL, Roman L. Contabilidade financeira: uma introdução


aos conceitos, métodos e usos. Trad. de José Evaristo dos Santos. São Paulo:
Atlas, 2001.

TEIXEIRA, Paulo Henrique; RAMOS, João Florêncio Vieira. Gestão de finanças


corporativas. Curitiba: Maph Editora; Portal Tributário, 2011.

71
Administração Financeira

TESSARI, Osir Afonso. Contabilidade geral. Indaial: Uniasselvi, 2013.

WERNKE, R. Gestão de custos: uma abordagem prática. 2. ed. São Paulo:


Atlas, 2008.

YOSHITAKE, Mariano; HOJI, Masakazu. Gestão de tesouraria: controle e


análise de transações financeiras em moeda forte. São Paulo: Atlas, 1997.

72
C APÍTULO 2
Gestão Financeira

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

 Esclarecer os conceitos relacionados aos indicadores financeiros e econômicos


(rentabilidade), possibilitando a interrelação das fórmulas com o exemplo do
Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício apresentado
no material de estudos.

 Conhecer os conceitos referente ao Custo de Capital Próprio e Custo de Capital


de Terceiros. Saber os conceitos relacionados à Alavancagem Financeira e
Operacional da Empresa.

 Realizar a apuração dos indicadores financeiros e de reantabilidade da


empresa, correlacionando a teoria com a prática.

 Aplicar a apuração do Custo Médio Ponderado de Capital e identificar o impacto


do mesmo no resultado operacional da empresa.

 Apurar a Alavancagem Financeira e Alavancagem Operacional da empresa.

 Apurar da Necessidade do Capital de Giro.


Administração Financeira

74
Capítulo 2 Gestão Financeira

ConteXtualiZação
A importância dos estudos e da aplicação do tema Gestão Financeira para o
sucesso empresarial pode estar intrinsicamente relacionada à seguinte contribuição:
“Podemos definir finanças como a arte e a ciência da gestão do dinheiro” (GITMAN,
2004, p. 4). Por esse motivo, entendemos que o aparelho circulatório do dinheiro,
tanto no cotidiano das empresas como de pessoas físicas, envolve todas as
operações dos recebimentos e pagamentos dos compromissos financeiros.

Por conseguinte, o ato de receber e pagar nos remete a outro pensamento que
está relacionado com a sobra do dinheiro, a sobra do caixa, que é quase como o
lucro das operações das empresas.

Vamos imaginar que a empresa tem R$ 100.000,00 das receitas de vendas


para receber e possui R$ 70.000,00 de gastos (despesas) para serem pagos. Se
fizermos uma conta simples de R$ 100.000,00 menos R$ 70.000,00 igual a R$
30.000,00, então, a empresa teria lucrado ou gerado riqueza de R$ 30.000,00.

Mas não podemos esquecer que a empresa recebe as receitas de vendas


em períodos parcelados, assim como também paga as suas contas em períodos
parcelados, entre outros ajustes contábeis, como as provisões de juros não
recebidos e não pagos. Por esse e outros motivos, a sobra do caixa jamais será
exatamente igual ao lucro da empresa.

Por isso, há a denominação GESTÃO FINANCEIRA, que significa administrar


ou gerir com o intuito de otimizar os recursos da empresa para evitar qualquer perda
monetária ou financeira.

Então, a Gestão Financeira é uma atividade que de forma dinâmica Então, a Gestão
deve começar por você. Cada pessoa deve aprender a gerenciar o seu Financeira é uma
dinheiro, fazê-lo render. Se o candidato tiver um histórico conhecido de atividade que de
problemas financeiros pessoais, é difícil que a empresa o promova ou forma dinâmica deve
começar por você.
o contrate ao cargo de gestor financeiro. Se a pessoa não consegue
gerenciar seus próprios recursos, imagine os da empresa.

O campo de atuação do gestor financeiro aplica-se tanto para as empresas


privadas como para as empresas públicas.

É importante mencionar que o gestor financeiro precisa estar atento para todas
as mudanças políticas e econômicas do mercado, pois essas mudanças poderão ter
impacto direto na demanda da produção e vendas da empresa e, por conseguinte,
na geração do Fluxo de Caixa. E se houver mudanças na demanda da produção e
vendas da empresa, poderá haver alterações na formação dos preços dos produtos.
75
Administração Financeira

Em relação à formação dos preços, o gestor financeiro precisa atentar para


a inflação. Se ocorrer aumento na inflação, pode ocorrer aumento nos custos dos
insumos e, consequentemente, gerar aumento nos custos da produção.

A gestão financeira possui estreito relacionamento com a contabilidade,


levando-se em conta que todas as operações de captações de recursos financeiros
geram custos de capital que precisam otimizar o Resultado Operacional da empresa.

É nesse contexto que abordaremos, neste capítulo, a análise financeira a


partir de ferramentas como o Balanço Patrimonial e a Análise das Demonstrações
Contábeis, que possibilitam a apuração de diversos indicadores, tais como: de
liquidez, de rentabilidade, de endividamento, de giro, assim como o custo de capital
e a necessidade de capital de giro.

Análise Financeira
A Contabilidade possui estreito relacionamento com a Gestão Financeira.
O Balanço Patrimonial permite a elaboração e a utilização de uma ferramenta
chamada Análise das Demonstrações Contábeis, que permite visualizar se a
empresa consegue gerar determinado grau de liquidez ou de rentabilidade, para
que possa gerar riqueza ao investidor ou acionista, assim como gerar caixa para
pagar todos os seus compromissos financeiros, eliminando os riscos financeiros.

Desse modo, podemos reforçar que uma das características das


De acordo com o funções do gestor financeiro é a de ser o responsável em compartilhar
tipo de investimento
realizado, espera-se os resultados das decisões tomadas em todos os setores, uma vez
alcançar determinado que deverá elaborar e apresentar os pareceres técnicos para que
resultado favorável
ou desfavorável. a empresa possa atingir os melhores resultados, conforme as suas
atividades operacionais. Estes pareceres são oriundos dos resultados
das decisões dos demais gestores da empresa e estão relacionados com os
tipos de investimentos realizados (projeto de expansão, projeto de atualização
tecnológica, dentre outros). De acordo com o tipo de investimento realizado,
espera-se alcançar determinado resultado favorável ou desfavorável.

Por sua vez, quando tratamos do aspecto LUCRO LÍQUIDO, é importante o


gestor financeiro saber quanto e como a empresa irá investir, para que mantenha
o crescimento de forma perene e possa garantir a distribuição dos lucros e
dividendos aos acionistas, de forma que não comprometa o caixa da empresa.

76
Capítulo 2 Gestão Financeira

É importante destacar que o profissional imbuído do papel de


gestor financeiro deverá possuir qualificação técnica suficiente
para que possa buscar as melhores opções e investimentos para a
empresa, assim como orientar o desenvolvimento de outros setores
da empresa, devendo-se implantar e aplicar como cultura a visão
sistêmica da empresa.

Existem alguns indicadores, oriundos de algumas análises das


Demonstrações Contábeis. Veremos mais adiante como estes indicadores
contribuem para analisar o que o resultado traz em relação às tendências da
empresa, a prospecção que esta oferece para o desenvolvimento futuro e os tipos
de interpretações que podem ser extraídas dessas análises.

Para termos uma ideia da real importância dos resultados destes indicadores,
devemos lembrar que as instituições financeiras os utilizam para a avaliação dos
riscos no momento da liberação dos créditos para as empresas.

Contudo, não devemos nos ater somente aos indicadores apurados pelas
informações do Balanço Patrimonial, mas, sim, buscar demais informações,
como o Fluxo de Caixa publicado pelas empresas de capital aberto, assim como
a publicação das notas explicativas da empresa nas quais constam informações
relevantes sobre os investimentos e as captações de recursos da empresa.

Padoveze (2000) define a análise das informações contábeis


da empresa como uma oportunidade de refletir sobre a situação
da empresa, sobre os resultados das suas atividades operacionais,
econômicas, patrimoniais e financeiras.

Em economia de mercado desenvolvido, podemos entender que certa parcela


dos investidores adquire ações de determinadas empresas somente após efetuar
uma ampla análise dos resultados dessas empresas e verificar a real tendência
de esses resultados se perpetuarem durante períodos futuros.

Não se sabe se os investidores efetuam seus investimentos com base apenas


nos resultados dos indicadores do Balanço Patrimonial e da Demonstração do

77
Administração Financeira

Resultado do Exercício, mas é sabido que esses investidores buscam informações


na Análise Fundamentalista das Demonstrações Contábeis, que envolve o campo
de atuação da empresa. Isso porque mesmo que a empresa tenha obtido bons
resultados com base nos indicadores da análise de balanços do último exercício
social apresentado, ela pode atingir resultados não tão satisfatórios durante o
próximo exercício social em função da crise em determinado ramo de atuação.
Isso quer dizer que o Balanço Patrimonial apresenta a situação econômica e
financeira em determinado momento, mas é necessário acompanhar a economia
do país a cada momento para verificar possíveis novos cenários.

O gestor financeiro pode inclusive utilizar a ferramenta da análise


de balanço como forma de controlar as atividades dos gestores.

De que forma?

Acompanhando as tendências dos indicadores e buscando junto


aos gestores melhores ações para manter bons níveis de resultados
da empresa.

Para garantir a Para garantir a segurança do controle nas ações dos gestores da
segurança do
controle nas ações empresa, é interessante acompanhar mensalmente (apuração com
dos gestores base nos balancetes mensais da empresa) os resultados apurados
da empresa, com o uso dos indicadores econômicos e financeiros.
é interessante
acompanhar
mensalmente Também podemos acompanhar a taxa de retorno do acionista
(apuração com base
nos balancetes mensalmente e, assim, controlar se é possível a empresa atingir o
mensais da empresa) resultado desejado ao final do exercício social ou não.
os resultados
apurados com o
uso dos indicadores Também é importante ressaltar que os gestores das empresas
econômicos e deverão visualizar o que acontece com seus concorrentes, e porque
financeiros.
não dizer em constituir uma equipe que monitore as atividades dos
seus concorrentes, para gerar informações estratégicas do mercado. Com
isso, é possível construir ferramentas que possibilitem melhorar os resultados
econômicos e financeiros da empresa.

78
Capítulo 2 Gestão Financeira

Quando ocorrem mudanças nos padrões de consumo no


mercado, as empresas devem adequar-se para a mudança desses
padrões, inclusive, alterando sua linha de produtos, e, se necessário
for, mudar até o ramo de atuação.

Com base nessas informações, os gestores poderão entender se a posição


que a empresa ocupa no mercado é suficiente para atender às suas expectativas.

UtiliZação De InDicaDores
Agora vamos estudar alguns indicadores de avaliação dos resultados e de
liquidez da empresa, e, também, o comportamento das alocações dos recursos
financeiros em determinados tipos de contas contábeis, ou grupos de contas, o
que possibilita identificar o grau de agressividade ou moderação de investimentos.

Com base na análise horizontal e vertical temos condições de identificar o


grau de representatividade de cada grupo de contas.

Análise HoriZontal ou Análise De


TenDÊncia
Esse tipo de análise busca identificar se ocorreram variações positivas ou
negativas em cada conta contábil de um exercício social para outro, e isso permite
ao gestor saber se houve menores investimentos em cada exercício social, ou até
mesmo a otimização dos resultados anteriores para o resultado atual.
Então, o objetivo
Vejamos um exemplo, utilizando a conta de Clientes a Receber: primordial da
atividade da
Se em 31/12/20X1 a conta estava com um saldo de R$ 1.000.000,00
análise horizontal
e em 31/12/20X2 ela reduziu para R$ 600.000,00, com certeza, parte é identificar a
do saldo anterior foi otimizado, cobrado, para, assim, reverter em evolução (ou
acréscimo da riqueza do investidor. retração) de cada
conta contábil de
Então, o objetivo primordial da atividade da análise horizontal é forma isolada, ou,
se possível, de
identificar a evolução (ou retração) de cada conta contábil de forma
determinado grupo
isolada, ou, se possível, de determinado grupo de contas. de contas.

79
Administração Financeira

De acordo com Zdanowicz (1998, p. 59), a análise horizontal é conhecida


por “análise de evolução”, e, para que se possa efetuá-la, o gestor precisa tomar
alguns cuidados, como veremos a seguir:

a) É importante que os valores das contas contábeis estejam atualizados


em uma mesma base monetária, pois existe a ocorrência das perdas
inflacionárias em cada período.

b) Utilizar períodos iguais, como exemplo, analisar de seis em seis meses


ou de ano em ano, o que possibilita a uniformidade para a análise.

c) Escolher um período base de início dos trabalhos para a preparação das


informações para a análise.

d) É necessário tomar certos cuidados para que o período base para a


análise seja o mesmo para os demais períodos, geralmente o período é
de 12 meses.

e) É seguro que os períodos para serem analisados sejam das condições


normais das atividades operacionais da empresa. Períodos com
ocorrências atípicas devem ser evitados para a análise de indicadores.

Outro aspecto que não pode ser ignorado é que, para a


realização das análises, é importante que se utilizem dois períodos
ou mais a fim de que sejam realizadas as comparações, o que
fornece subsídio para a tomada de decisões.

Vamos observar o seguinte quadro de uma empresa hipotética, que iremos


chamar de Empresa A, e vamos identificar algumas tendências que ocorrem com
base na Análise Horizontal.

80
Capítulo 2 Gestão Financeira

Quadro 9 – Análise Horizontal do Balanço Patrimonial - Empresa A

Fonte: O autor.

Tomemos como exemplo a conta de Estoques que, no ano de X2, teve um


aumento de 71,68% em relação ao ano de X1. Seu cálculo procede da seguinte
forma: R$ 10.398.263,00 / R$ 6.056.661 = 1,7168. Para apresentar o resultado
em percentual, é necessário subtrair 1 do resultado; logo, 1,7168 – 1 = 0,7168.
Multiplica-se 0,7168 por 100 para apurar a variação em 71,68%. Na HP12c pode-
se realizar o cálculo da seguinte forma: R$ 6.056.661 ENTER 10.398.263 ∆% que
a calculadora irá apresentar o resultado em 71,68%.

Na HP12c pressione a tecla “f” , em seguida, o número 2,


para apresentar o resultado com duas casas decimais.

Devemos realizar as mesmas operações para o período de X3, que,


comparado com X2, teve uma redução de 4,91%. Logo, podemos perceber a
tendência de redução dos investimentos em estoques e menor agressividade de
investimentos nesta conta do ano de X2 para o ano de X3.

81
Administração Financeira

Não iremos explicar todas as variações de todas as contas


contábeis da empresa. A sistemática é identificar o aumento ou a
redução percentual (%) de cada conta em relação ao exercício social
anterior e observar a tendência de a empresa ser moderada ou
agressiva nos seus investimentos.

Vamos observar o que ocorre com a DRE - Demonstração do Resultado do


Exercício da Empresa A.

Quadro 10 – Análise Horizontal - Demonstração do Resultado do Exercício Empresa A

Fonte: O autor.

O cálculo é bastante simples: adota-se o índice 100 (cem) como


representativo dos valores monetários do ano que serve de base para confronto
com os valores dos demais períodos. Aplica-se regra de três simples e direta e
calculam-se os índices correspondentes aos períodos que serão confrontados
com o período-base (ZDANOWICZ, 1998).

Tomemos como exemplo a conta de Despesas Gerais e Administrativas, que,


do período de X1 para X2, gerou um acréscimo de despesas em 6,03% e do
período de X2 para X3 gerou um acréscimo de 9,70%.

82
Capítulo 2 Gestão Financeira

O cálculo procede da seguinte forma: R$ 2.272.173 / R$ 2.142.947 = 1,0603.


Para apresentar o resultado em percentual é necessário multiplicá-lo por 100,
resultando em 106,03%. Agora se deve subtrair 100% de 106,03%, o resultado
final será 6,03% de aumento nas Despesas Gerais e Administrativas.

Na HP12c pode-se realizar o cálculo da seguinte forma: R$ 2.142.947


ENTER 2.272.173 ∆%. A calculadora irá apresentar o resultado em 6,03%. Para
apurar a variação em 9,70% do período de X2 para X3, proceda da mesma forma.

Na Demonstração do Resultado do Exercício – DRE, temos praticamente


a mesma concepção de análise do Balanço Patrimonial. Porém, na DRE,
observaremos se a empresa apurou maiores ou menores gastos de um exercício
social para o outro.

Percebemos que este tipo de análise permite avaliar o aumento ou a


diminuição dos valores das contas contábeis que componham o balanço
patrimonial ou de resultados entre uma série histórica de períodos.

Atividades de Estudos:

1) Em relação à análise horizontal ou análise de tendência é


possível descobrir alguns tipos de resultados que a empresa possa
atingir. Discorra sobre isso.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

2) Com base no Balanço Patrimonial que a empresa


apresentou, a variação horizontal dos estoques de X1 para X2
passou na ordem de 71,68%. Discorra sobre esse resultado.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

83
Administração Financeira

Análise Da Estrutura ou Análise


Vertical
Com a análise vertical podemos identificar a estrutura do Balanço Patrimonial
e da Demonstração do Resultado do Exercício, e isso possui a denominação de
“lógica do balanço”.

Se alguma conta É possível acontecer de a empresa apresentar diferenças ou


contábil tiver um
valor muito elevado alterações relevantes dos montantes de cada conta contábil em
em relação ao total relação ao valor total de cada grupo de contas contábeis, grupo esse
do grupo das contas,
significa que o gestor relacionado com o Total do Ativo e o Total do Passivo (no Balanço
deverá concentrar Patrimonial) e, também, comparando-se com cada conta contábil das
maior atenção sobre receitas e despesas da Demonstração do Resultado do Exercício com
essa conta para
verificar o que está o valor total das Receitas de Vendas. Se alguma conta contábil tiver um
ocorrendo. valor muito elevado em relação ao total do grupo das contas, significa
que o gestor deverá concentrar maior atenção sobre essa conta para verificar o
que está ocorrendo.

Um exemplo seria do valor de Contas a Receber (Clientes em cobrança)


possuir um saldo de R$ 800.000,00 em relação ao total do Ativo (Circulante e
Não Circulante) de R$ 1.200.000,00, o que significa que esta conta representa
66,67%. A diferença para 100% que, nesse caso, está representado em 33,33%,
estaria diluída em contas contábeis, como Estoques ou Imobilizado.

Esse tipo de resultado é incoerente e demonstra que “talvez” a empresa


não tenha liquidez suficiente na sua carteira de cobrança e, também, evidencia o
comportamento da qualidade da gestão ao longo do tempo.

Conforme Zdanowicz (1998, p. 58-59), “[...] a análise vertical é o processo


que objetiva a medição percentual de cada componente patrimonial ou de
resultado econômico em relação ao total de que faz parte”.

Vamos verificar um exemplo prático de Análise Vertical.

84
Capítulo 2 Gestão Financeira

Quadro 11 – Análise Vertical - Balanço Patrimonial - Empresa A

Fonte: O autor.

Tomemos como exemplo a conta de Estoques a qual, do ano de X1 para X2,


teve uma participação do total do Ativo da empresa de 18,29% para 24,54%. Isso
demonstra que a empresa teve maiores investimentos em X2, nesse grupo de
contas, e, em X3, a participação dessa conta reduziu para 23,17% em relação ao
total do Ativo da empresa.

É importante enfatizar que a análise vertical avalia a participação


de cada conta contábil em relação ao total do grupo de contas (no
caso da conta de Estoques é em relação ao Ativo).

Vamos observar o que ocorre com a Demonstração do Resultado do


Exercício - DRE.

85
Administração Financeira

Quadro 12 – Demonstração do Resultado do Exercício - Empresa A

Fonte: O autor.

O coeficiente ou a percentagem é a medida que indica a proporção de cada


componente em relação ao todo. Calcula-se a participação de cada componente do
ativo ou passivo e patrimônio líquido em relação ao total do ativo ou total do passivo,
nesta ordem. Idêntico raciocínio desenvolve-se para os elementos de resultado em
relação à receita líquida de vendas da empresa que expressa o cem por cento.

Assim, podemos observar que o valor da conta Despesas Gerais e


Administrativas representa, respectivamente, X1 = 7,00%, X2 = 5,00% e X3 =
5,00%. E isso quer dizer que em relação ao montante das Receitas Líquidas de
Vendas, a empresa teve uma redução nos gastos Gerais e Administrativos de X1
para X2 e praticamente manteve-se equilibrado em X3.

Dessa forma, “[...] o objetivo da análise vertical é avaliar, em termos relativos,


as partes que compõem o todo e compará-las no caso de análise de dois ou mais
períodos sociais” (ZDANOWICZ, 1998, p. 59).

86
Capítulo 2 Gestão Financeira

InDicaDores De LiQuiDeZ
Uma das ferramentas muito utilizadas para a avaliação da capacidade de
pagamentos da empresa é o que chamamos de Indicadores de Liquidez. O termo
liquidez vem da palavra “liquidar”, pagar.

Segundo Matarazzo
Segundo Matarazzo (2010), os indicadores de liquidez
(2010), os
apresentam a base da saúde financeira da empresa. indicadores de
liquidez apresentam
Pode haver certas confusões em relação aos indicadores a base da saúde
de liquidez, pois estes não representam em nenhum momento a financeira da
capacidade da geração do caixa da empresa, mas faz o comparativo empresa.
com determinadas contas contábeis. Analisando determinadas contas contábeis
do Ativo em comparação com determinadas contas contábeis do Passivo, pode-se
identificar a solidez financeira da empresa, isso quando os Ativos forem maiores
que os Passivos. Nesse caso, demonstra que a empresa possui capacidade para
pagamento dos seus compromissos, mas não garante que ela irá pagar seus
compromissos em dia.

Podemos, ainda, entender que o Capital Circulante Líquido (CCL) é apurado


pela diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante, e o resultado positivo
decorrente desta operação representa a folga financeira da empresa no que se
refere à capacidade de pagamento.

Vamos identificar, em seguida, algumas características relacionadas com


liquidez corrente, liquidez seca, liquidez geral e liquidez imediata.

a) Liquidez corrente

No indicador de liquidez corrente, apuramos quanto a empresa possui no seu


Ativo Circulante para pagar seus compromissos no Passivo Circulante.

Em outras palavras, seria como mostrar:

 Quanto a empresa possui em Caixa e Bancos + Clientes a Receber +


Estoques (realizáveis em dinheiro em um prazo de um ano) para pagar
todas as contas do Passivo Circulante (dívidas da empresa para pagar
em até um ano).

Isso também quer dizer que a empresa tem um prazo de até um ano para
gerar caixa e pagar as contas que vencem neste período.

87
Administração Financeira

Para Matarazzo (2010), o índice de liquidez indica quanto a empresa possui


no ativo circulante para cada R$ 1,00 que a empresa possui no passivo circulante.

Com base no mesmo Balanço Patrimonial da Empresa A, vamos apurar o


indicador da Liquidez Corrente.

Interpretando os resultados apurados neste exemplo, é possível observar que


no exercício social X1 a Empresa A possuía em liquidez R$ 1,2211 para cada R$ 1,00
de dívida. No exercício de X2 este indicador aumentou para R$ 1,3767 de recursos
correntes para cada R$ 1,00 de dívida. Para o exercício social de X3, ocorreu um leve
aumento, o que gerou R$ 1,3863 para cada R$ 1,00 de dívidas da empresa. Isso quer
dizer que a empresa manteve a sua capacidade de saldar suas dívidas.

Assaf Neto (2012, p. 177), quando se depara com estes resultados, explica
que “[...] quanto maior a liquidez corrente, mais alta se apresenta a capacidade da
empresa em financiar suas necessidades de capital de giro”.

Quanto MAIOR for o resultado apurado, MELHOR.

b) Liquidez seca

Os autores Padoveze e Benedicto (2007) nos remetem à análise de que para


este tipo de indicador devemos considerar o “tipo de empresa”, haja vista que

88
Capítulo 2 Gestão Financeira

empresas comerciais tendem a ter estoques que mais facilmente são realizados
em dinheiro. Já as empresas industriais, além de ter um ciclo operacional maior,
possuem três tipos de estoques: os estoques de materiais e embalagens,
estoques em processo de elaboração e estoques de produtos acabados.

Para a apuração do indicador de Liquidez Seca são desconsiderados


os valores que a empresa possui em estoque, devido ao ciclo operacional
das empresas industriais serem diferentes das empresas comerciais. O Ciclo
Operacional leva em consideração o período da aquisição dos estoques, o
pagamento dos fornecedores, o período da produção com a utilização desses
estoques, as vendas dos produtos industrializados e a cobrança realizada
das vendas desses produtos. Então, o período é diferente entre as empresas
industriais e comerciais, dessa forma, há necessidade de excluir os estoques da
base de cálculo para apurar o indicador da Liquidez Seca.

Devemos atentar, segundo Marion (2010), que nem sempre quando uma
empresa possui um baixo índice de liquidez seca, ela está com a situação
financeira apertada. O autor exemplifica um supermercado que possui um
investimento em estoque elevadíssimo e que não há duplicatas a
Marion (2010)
receber porque só vende à vista, esse índice só pode ser baixo. ainda afirma que
Nesse caso, para determinarmos se um índice de liquidez seca de um o estoque é o item
supermercado é bom, é necessário comparar seu índice com o índice mais manipulável no
dos demais supermercados. balanço. Ele pode
se tornar obsoleto,
antiquado a
Marion (2010) ainda afirma que o estoque é o item mais
qualquer momento,
manipulável no balanço. Ele pode se tornar obsoleto, antiquado a ou, ainda, pode ser
qualquer momento, ou, ainda, pode ser um item perecível. um item perecível.

Este índice representa a capacidade que a empresa tem de


pagar suas dívidas na hipótese extrema de sofrer uma paralisação
de suas vendas ou o estoque se tornar obsoleto.

Interpretação: quanto maior, melhor.

89
Administração Financeira

Para apurarmos o indicador de Liquidez Seca em X1, devemos utilizar o


valor do Ativo Circulante em R$ 15.312.973 ( - ) Estoques em R$ 6.056.661, o que
perfaz um resultado de R$ 9.256.312. Esse valor deve ser dividido pelo valor do
Passivo Circulante em R$ 12.540.742. O resultado do indicador da Liquidez Seca
em X1 será de R$ 0,7381.

Interpretando os resultados apurados neste exemplo, podemos identificar a


capacidade de pagamento da empresa. Para tanto, excluímos o valor dos estoques
porque se busca verificar a capacidade de a empresa saldar os seus compromissos
na hipótese de não vender nada. Assim, observamos que a Empresa A, no exercício
social de X1 possuía R$ 0,7381 em recursos do Ativo Circulante (-) Estoques
para quitar cada real de dívidas. Em X2 possuía R$ 0,7700 para cada R$ 1,00 de
dívida (o que representou uma melhora no indicador), e no exercício X3 este saldo
aumentou para R$ 0,7822 de recursos para cada R$ 1,00 de dívida.

Assaf Neto (2012, p. 177) explica de outra forma o que significa a liquidez
seca e afirma que:

[...] o quociente demonstra a porcentagem das dívidas a curto


prazo em condições de serem saldadas mediante a utilização
de itens monetários de maior liquidez do ativo circulante.
Essencialmente, a liquidez seca determina a capacidade de
curto prazo de pagamento da empresa mediante a utilização
das contas do disponível e valores a receber.

Também devemos excluir da base de cálculo do indicador da liquidez seca


o valor das Despesas Antecipadas (seguro pago antecipado, aluguel pago
antecipado, Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana - IPTU), que são
recursos que já foram desembolsados, mas serão amortizados para despesas de
acordo com o regime de competência. Então, esses recursos não deveriam ser
considerados para nenhum cálculo de liquidez.

90
Capítulo 2 Gestão Financeira

Mas para evitar qualquer falha na apuração dos indicadores de Mas para evitar
liquidez, orienta-se que determinados ajustes para reclassificação das qualquer falha
Despesas Antecipadas sejam feitos no grupo de contas do Patrimônio na apuração dos
Líquido, pois esses ajustes presumem a redução do resultado durante indicadores de
o período que as despesas forem sendo amortizadas, conforme Marion liquidez, orienta-se
que determinados
(2010).
ajustes para
reclassificação
c) Liquidez geral das Despesas
Antecipadas
Um indicador interessante para ser avaliado é o de Liquidez sejam feitos no
Geral (LG). Neste indicador, apenas se deve desconsiderar o Ativo grupo de contas
do Patrimônio
Imobilizado, pois este serve para gerar as atividades operacionais da
Líquido, pois esses
empresa. ajustes presumem
a redução do
De acordo com Silva (2007), o índice de liquidez geral mostra o resultado durante
valor que a empresa possui em recursos financeiros, assim como bens o período que as
e direitos realizáveis em curto e em longo prazo, para quitar todos os despesas forem
sendo amortizadas,
compromissos financeiros de curto e longo prazo da empresa (suas
conforme Marion
dívidas do Passivo Circulante e Passivo Não Circulante). (2010).

Para apurarmos o indicador de Liquidez Geral em X1, devemos utilizar o


valor do Ativo Circulante em R$ 15.312.973 + Ativo Realizável em Longo Prazo
em R$ 904.138, o que perfaz um resultado de R$ 16.217.111. Esse valor deve ser
dividido pela somatória do Passivo Circulante em R$ 12.540.742 + Passivo Não
Circulante em R$ 3.854.820, o que resultará em um valor total de R$ 16.395,562.
O resultado do indicador da Liquidez Geral em X1 será de R$ 0,9891.

Interpretando os resultados apurados neste exemplo, percebemos que


para o exercício social X1 a empresa A apurou um indicador de Liquidez Geral

91
Administração Financeira

(desconsiderando do seu Ativo apenas o Ativo Imobilizado) de R$ 0,9891 para cada


R$ 1,00 de dívidas totais. Este é um bom resultado, pois quase equipara 1 x 1 na
relação de bens e direitos (exceto Ativo Permanente) para pagar cada R$ 1,00 de
dívidas. De acordo com o exercício social de X2, o resultado é de R$ 1,0817, e para
o exercício social de X3, o resultado é de R$ 1,2392 para cada R$ 1,00 de dívidas
totais com terceiros. Isso é um bom resultado ao longo de 3 anos, percebendo-se
claramente a evolução desse indicador ao longo da linha do tempo.

Este indicador demonstra que se a empresa fosse parar de


realizar suas atividades naquele momento, pagaria suas dívidas com
seu ativo circulante e seu realizável em longo prazo, não precisando
para isso vender seu imobilizado.

Interpretação: quanto maior, melhor.

Reis (2009) aborda que a liquidez geral permite medir a capacidade de


solvência da empresa porque ela compara todos os créditos em relação ao
somatório das dívidas, não se preocupando com limites de prazo. Isso quer dizer
que, com base na análise deste indicador, a empresa poderá pagar todos os seus
compromissos sem necessitar se desfazer do seu ativo imobilizado.

d) Liquidez imediata

Esse tipo de indicador não é muito usual para fins gerenciais, uma vez que
ele apenas demonstra “quanto” a empresa dispõe de recursos em Caixa e Bancos
para liquidar todos os seus compromissos do Passivo Circulante.

Seria como dizer: “Irei pagar parte das dívidas ou todas as dívidas que
vencem em até 1 ano com o dinheiro que tenho em caixa e bancos”.

Geralmente, as Geralmente, as empresas não possuem muitos recursos em Caixa


empresas não e Bancos, principalmente em períodos de economia em recessão, por
possuem muitos
recursos em isso, esse indicador possui resultado muito baixo.
Caixa e Bancos,
principalmente Afirmam Padoveze e Benedicto (2007), que este indicador é aquele
em períodos de
economia em que possui reais características de liquidez porque trabalharemos
recessão, por isso, os elementos patrimoniais do ativo circulante que podem ser
esse indicador possui
resultado muito disponibilizados imediatamente.
baixo.

92
Capítulo 2 Gestão Financeira

É a capacidade de que dispomos imediatamente (caixa, bancos,


aplicações financeiras de liquidez imediata) para saldar nossas
dívidas de curto prazo.

Interpretando os resultados obtidos, podemos perceber que em X1 tivemos o


resultado de R$ 0,4098 para cada R$ 1,00 de dívidas de curto prazo. Para X2, esse
resultado passou para R$ 0,4803, e, para X3, apurou-se o valor de R$ 0,5303.

Isso demonstra que gradativamente a empresa A conseguiu gerar aumentos em


disponibilidades para quitar as suas dívidas de curto prazo, e o melhor é que a empresa
possui cerca de 50% dos recursos em Caixa e Bancos para liquidar seus passivos.

Porém há uma situação negativa em relação ao excesso de liquidez,


conforme Padoveze e Benedicto (2007). Estes consideram que, de acordo com a
teoria clássica de finanças, o excesso de liquidez pode prejudicar a rentabilidade
da empresa pela possível falta de investimentos.

InDicaDores De EnDiViDamento
Embora se trate de um assunto bastante amplo, abordaremos, nesta
seção, três aspectos relevantes de indicadores: garantia de capital de terceiros;
composição do endividamento e imobilização do patrimônio líquido.

93
Administração Financeira

a) Garantia de capitais de terceiros

Este tipo de indicador permite identificar quanto a empresa possui em


recursos de Patrimônio Líquido para poder quitar todos os compromissos do
Passivo Circulante e Passivo Não Circulante da empresa, demonstrando em
quanto a empresa poderá honrar essas dívidas com recursos próprios.

O ativo da empresa, por exemplo, apresenta a aplicação de recursos que é


decorrente do capital de terceiros, assim também compreendido como o passivo
circulante mais o exigível em longo prazo, e do capital próprio, representado
pelo patrimônio líquido. Esse indicador também permite identificar se a empresa
consegue alavancar suas atividades operacionais com recursos próprios, não
dependendo tanto de recursos de terceiros.

Vamos a um cálculo para entendermos melhor.

Interpretando os resultados obtidos, podemos perceber que em X1 tivemos


o resultado de R$ 1,0200 de recursos do Patrimônio Líquido para cada R$ 1,00
de dívidas de curto prazo e longo prazo. Para X2, esse resultado passou para R$
0,8550, o que demonstra uma maior necessidade de recursos de terceiros em
relação aos recursos próprios da empresa, e, para X3, o indicador aumentou para
R$ 1,2125.

Isso demonstra que gradativamente a empresa A não depende muito de


recursos de terceiros, o que permite alavancar as suas atividades operacionais
com recursos próprios. Isso evidencia, também, que a empresa possui um modelo
de gestão financeira bastante conservador e não aposta em recursos de terceiros,
mesmo em necessidade de melhoria na sua estrutura operacional.

94
Capítulo 2 Gestão Financeira

Marion (2010) afirma, ainda, que a participação exagerada do capital de


terceiros em relação ao capital investido pelos sócios deixa a empresa vulnerável
a qualquer intempérie.

É importante ressaltar que quando as empresas estão à beira da falência,


estas possuem um alto grau de endividamento em relação ao valor do seu
patrimônio líquido.

b) Composição do endividamento

Este indicador permite identificar a composição das dívidas de curto prazo


em relação às dívidas de curto e longo prazo da empresa. O objetivo deste índice
é avaliar o equilíbrio entre os recursos de curto prazo e longo prazo.

Verifica-se, de acordo com os indicadores apurados, que os gestores


da empresa deverão se preocupar muito mais em liquidar os compromissos
financeiros de curto prazo. Em X1, apurou-se o indicador em R$ 0,7649, para
X2, apurou-se R$ 0,7501, e, para X3, apurou-se o indicador em R$ 0,8485.
Isso significa que a empresa precisa alavancar um maior volume de recursos
financeiros em um período de 1 ano.’
Para Marion (2010),
é de relevância
Para Marion (2010), é de relevância observar que o endividamento
observar que o
em curto prazo é desfavorável, prejudicando a liquidez corrente da endividamento
empresa (situação financeira). em curto prazo
é desfavorável,
prejudicando a
liquidez corrente da
empresa (situação
financeira).

95
Administração Financeira

c) Imobilização do patrimônio líquido

Este indicador é interessante porque permite demonstrar os percentuais do


patrimônio líquido que estão aplicados no ativo permanente. Nada mais é do que
entender se a empresa necessita mais recursos de terceiros do que de capital
próprio para investir em Ativo Imobilizado da empresa.

Se porventura a empresa investir todo o seu Patrimônio Líquido em Ativo


Imobilizado, significa que ela depende totalmente de recursos de terceiros para
gerar as atividades operacionais.

Vamos buscar em Padoveze e Benedicto (2007) uma contribuição em relação


a este indicador, significando que quanto maior for a aplicação de recursos no
ativo imobilizado, maiores serão os custos fixos da empresa, assim representados
pela depreciação, seguros e despesas de manutenção. Dessa forma, eleva o
ponto crítico ou o desequilíbrio da condição financeira da empresa.

Interpretando os resultados obtidos com o uso deste exemplo, que também


possui a finalidade de apresentar qual é o montante do investimento em ativo
Imobilizado com os recursos próprios da empresa, observamos que a Empresa A, no
exercício social de X1, possuía R$ 1,0107 em recursos do Ativo Imobilizado para cada
R$ 1,00 do seu Patrimônio Líquido. No exercício social de X2, possuía R$ 0,9044
em recursos do Ativo Imobilizado para cada R$ 1,00 do seu Patrimônio Líquido, e,
em X3, possuía R$ 0,8028 em recursos do Ativo Imobilizado para cada R$ 1,00 do
seu Patrimônio Líquido. Isso significa que ao longo de 3 anos a empresa conseguiu
otimizar os seus recursos investidos no Ativo Imobilizado com parte dos seus recursos
próprios e, assim, permitiu investir em X3 o montante de R$ 4.613.317,00 (Patrimônio
Líquido em R$ 23.390.215 ( - ) Imobilizado em R$ 18.776.898) em outros ativos como
Estoques, Recursos em Caixa e Bancos, dentre outros.

96
Capítulo 2 Gestão Financeira

Quanto maior for o investimento da empresa no Ativo


Imobilizado, menores serão os recursos próprios que sobrarão para
o ativo circulante e maior será a dependência de capitais de terceiros
para financiar o ativo circulante.

Interpretação: quanto menor, melhor.

InDicaDores De Giro
Nesta seção, estudaremos três tipos de indicadores de giro que estão
relacionados ao índice de giro de contas a receber, índice de giro de contas a
pagar e índice de giro de rotação de estoques.

Vamos, primeiramente, identificar o resultado do índice de giro de contas a


receber.

a) Índice de giro de contas a receber

Quanto aos aspectos legais, devem ser considerados como venda realizada
quando mercadoria, produto, serviço passa à propriedade da empresa ou pessoa
que o(a) adquire e ocorre no momento da entrega, embarque, despacho ou
remessa ao destinatário.

De acordo com Teixeira e Ramos (2011), é preciso ter certos cuidados na


administração do sistema de Contas a Receber da empresa, veja:

• conhecer clientes que estão rigorosamente em dia com a empresa;

• saber qual é o montante de valores a receber em um determinado período,


possibilitando planejar e comprometer parte ou todos esses valores para
algum compromisso financeiro da empresa;

• planejar melhor as cobranças;

• identificar o perfil de cada um dos seus clientes e saber quais são os


responsáveis pela maior parte de seu faturamento;

97
Administração Financeira

• fornecer informações para a elaboração do fluxo de caixa da empresa.


Ao vender a prazo, a empresa concede crédito aos seus clientes, podem
haver riscos de atrasos e de perdas por falta de pagamento, geralmente
as vendas a prazo geram gastos adicionais com análise de crédito e
cobrança.

Vamos verificar qual é o indicador correspondente ao giro de contas a receber


da Empresa A.

Vamos apurar os resultados para o período de X3 e, assim, poderemos


compreender a sua sistemática. Devemos, primeiramente, efetuar o seguinte cálculo:

 Saldo Inicial de Duplicatas a Receber (o mesmo que saldo final de


Clientes de X2) + Vendas (referente X3) ( - ) Saldo Final de Duplicatas a Receber
(Clientes de X3).
 R$ 3.683.933 + R$ 49.851.471 ( - ) R$ 3.776.576
 R$ 49.758.828

98
Capítulo 2 Gestão Financeira

 A média de Duplicatas a Receber envolve:


 Saldo Inicial de Duplicatas a Receber (o mesmo que saldo final de
Clientes de X2) + Saldo Final de Duplicatas a Receber (Clientes de X3) / 2.
 ( R$ 3.683.933 + R$ 3.776.576 ) / 2
 R$ 3.730.255

Agora, devemos dividir o valor de R$ 49.758.828 por R$ 3.730.255, o que


perfaz um resultado do giro em 13,3393, ou seja, a carteira de contas a receber
da empresa renovou-se em 13,3393 vezes durante o ano.

Assim sendo, se quisermos apurar o período da carteira de cobrança em


uma média diária, então, obteremos o resultado de 27,3628 dias. O cálculo para
chegar a este resultado é 365 dias divididos pelo giro de 13,3393.

Interpretando os resultados obtidos com o uso deste exemplo, podemos


observar que o prazo médio de recebimento das duplicatas a receber da empresa
está reduzindo gradativamente. Em X1, o prazo médio encontra-se em 35,8817
dias. Para o exercício social de X2, está em 27,8481 dias, e, para X3, está em
27,3628 dias. Entre X2 e X3 não ocorreu diferença significativa, porém ocorreu
redução desde X1 e isso significa que os gestores da empresa estão conseguindo
otimizar as cobranças.

Quanto MAIOR o índice, MELHOR, pois REDUZ o prazo em DIAS.

b) Índice de giro de contas a pagar

Para Tófoli (2008), é importante que o gestor financeiro da empresa possa


conciliar os recursos de contas a receber com os recursos de contas a pagar da
empresa.

Teixeira e Ramos (2011) também reforçam que o fluxo de caixa é o produto


final da integração de Contas a receber com Contas a Pagar.

O giro de contas a pagar, também chamado de prazo médio


de pagamento das compras (PMPC), é usado por analistas
para ajudar a compreender o ciclo de conversão de caixa de
uma empresa. Trata-se do número de dias entre a data que a
empresa comprou o estoque até o dia que ela recebe os valores
referentes às vendas dos bens e serviços. Mais precisamente,
o giro de contas a pagar ajuda a determinar o número médio
de dias necessários que uma empresa leva para pagar suas

99
Administração Financeira

obrigações (passivos). O cálculo para computar o período para


as contas a pagar é o saldo médio de contas a pagar dividido
pelo custo dos produtos vendidos por dia (COLLINS, 2016, p.1).

Por essa situação, vamos identificar também qual é o giro do Contas a Pagar
da Empresa A.

Aqui, devemos proceder ao seguinte cálculo para apurarmos o prazo das


Contas a Pagar. Tomemos como exemplo o período de X3.

A fórmula é: CMV (Custo de Mercadorias Vendidas) = EI (Estoque Inicial) +


Compras ( - ) EF (Estoque Final).

100
Capítulo 2 Gestão Financeira

Primeiramente, devemos calcular o valor das Compras a Prazo da empresa.


Devemos identificar o EI (Estoque Inicial) de X3 (o mesmo que o Estoque Final de
X2) em R$ 10.398.263. Em seguida, adicionar Compras e subtrair o valor do Estoque
final de X3 em R$ 9.887.889. Por sua vez, o valor do CMV de X3 é de R$ 35.394.545.

Como devemos apurar o valor das Compras, então, há a necessidade em


colocar a expressão “Compras” em evidência, ou seja, antes do sinal de igual e
transferir o valor do CMV para depois do sinal de igual.

Com isso, conforme a regra matemática, há uma troca de sinais e a expressão


ficará em: Compras = 10.398.263 + ( - 35.394.545 ) - 9.887.899.

O valor das Compras ficará negativo em ( - R$ 34.884.171 ).

Como não existem Compras negativas, deve-se multiplicar esse resultado


por – 1, e o valor das compras será de R$ 34.884.171.

Também há a necessidade de apurar o valor da média de Fornecedores,


que compreende o valor do saldo de Fornecedores de X2 em R$ 4.344.546 + o
valor do saldo de Fornecedores de X3 em R$ 3.211.546, o que perfaz o total de
R$ 7.556.092. Esse resultado deverá ser divido por 2, o que dará uma média de
valores de Fornecedores em R$ 3.778.046.

Para apurarmos o PMPF (Prazo Médio de Pagamento de Fornecedores),


devemos utilizar o valor de R$ 34.884.171 e dividir por R$ 3.778.046, o que perfaz
o indicador de giro em 9,2334 vezes a renovação da carteira de fornecedores da
empresa a cada ano.

Para identificar o prazo em dias, devemos utilizar o período do ano fiscal de


365 dias e dividir por 9,2334, que indicará que a empresa possui um prazo de
39,5304 dias em média para pagamento a fornecedores.

É interessante
Interpretando os resultados obtidos com o uso deste exemplo, o
para a empresa
prazo médio de pagamento das contas a pagar da empresa esteve, que o prazo médio
em X1, na ordem de 38,2917 dias, e, para o exercício social de X2, de contas a pagar
reduziu para 33,3144 dias. Não é interessante para a empresa gerar sempre esteja alto
essa queda, porém, para o período de X3, o resultado saltou para para haver maior
39,5304 dias de média de contas a pagar da empresa. folga para quitar os
compromissos com
os fornecedores,
É interessante para a empresa que o prazo médio de contas mas isso somente
a pagar sempre esteja alto para haver maior folga para quitar os é viável se não
compromissos com os fornecedores, mas isso somente é viável se incorrerem juros
não incorrerem juros onerosos. onerosos.

101
Administração Financeira

Quanto MENOR o indicador - MELHOR. Pois AUMENTA o prazo


em DIAS para pagamento.

c) Índice de giro de renovação de estoques

Com os estudos do indicador de renovação de estoques podemos visualizar com


que velocidade o estoque da empresa analisada é transformado em produto vendido.

Com base nos modelos de gestão de estoque, a empresa deve atingir uma
determinada meta indicada nos padrões de estratégias que deverá ser sempre
estoque zero. Mas em todo o segmento há características pré-determinadas pelo
mercado, e o estoque sempre sofrerá influência direta dos efeitos mercadológicos.
As empresas do segmento industrial têm a frequência da rotação de seus
estoques menor que as empresas do segmento comercial ou varejista.

Vamos identificar qual é o giro da Renovação de Estoques da empresa A.

102
Capítulo 2 Gestão Financeira

Interpretando os resultados obtidos com o uso deste exemplo, o prazo médio


de renovação de estoques da empresa esteve, em X1, na ordem de 92,0325 dias,
e, para o exercício social de X2, reduziu para 89,3009 dias. Porém, para o período
de X3, o resultado saltou para 104,5987 dias de média de renovação de estoques
da empresa.

Quanto MAIOR o índice, MELHOR, pois REDUZ o prazo em DIAS.


O estoque da empresa é renovado mais cedo.

InDicaDores De RentaBiliDaDe
Os indicadores de rentabilidade apuram o rendimento proporcionado
pelo investimento da empresa. Temos dois tipos de indicadores, o baseado
na rentabilidade do Patrimônio Líquido, também conhecido como retorno do
acionista, e o retorno do investimento total do ativo (também permite identificar o
Payback geral da empresa).

O termo em inglês Payback significa “retorno do pagamento”.


 To pay = pagar.
 Back = retorno.
Então, quer dizer que a empresa terá um retorno do investimento
pago em um determinado período de tempo.

Esses indicadores geralmente são baseados no lucro líquido da empresa e


servem de parâmetro para saber se a empresa teve êxito econômico durante o período.

De acordo com Marion (2010), os indicadores de rentabilidade abrangem os


aspectos econômicos na análise do sucesso empresarial, assim como o potencial
de vendas e a oscilação das despesas.

Veja, na figura a seguir, a relação entre as despesas operacionais e os custos


na formação do resultado da empresa.

103
Administração Financeira

Figura 7 – Relação entre os Gastos Operacionais X Resultado da Empresa

Fonte: Disponível em: <http://www.gestiopolis.com/analise-gestao-agropecuaria-


controle-custos-aumento-rentabilidade/>. Acesso em: 05 abr. 2016.

Em relação à figura acima, podemos compreender que ao gerar as Receitas


oriundas das Vendas, a empresa deverá descontar seus Gastos Diretos para
apurar sua Margem Bruta em relação às suas atividades operacionais. Em
seguida, ao descontar os valores nos Gastos Indiretos, a empresa terá condições
de apurar seu Resultado Operacional, que deverá ser o suficiente para cobrir
os gastos com Depreciação em maquinários e demais equipamentos de uso
da empresa. No final, a empresa terá condições de apurar o Resultado Final
ou Margem Líquida, que deverá estar de acordo com o retorno desejado pelo
investidor ou acionista.

Prosseguindo, Marion (2010) reforça a ideia e o conceito de que os ativos são


os investimentos realizados pela empresa para a geração das receitas de vendas.
Então, a rentabilidade da empresa envolve todos os aspectos do sucesso das
atividades operacionais, as decisões de cunho econômico e financeiro da empresa.

a) Taxa de retorno sobre investimentos

Quando tratamos de investimentos na empresa, devemos avaliar o montante


dos recursos investidos nos Ativos da empresa.

Esses recursos Esses recursos geralmente estão configurados em contas


geralmente estão contábeis, como Caixa e Bancos, Duplicatas a Receber, Estoques e
configurados em
contas contábeis, Ativo Imobilizado da empresa.
como Caixa e
Bancos, Duplicatas a
Receber, Estoques e Até poderíamos utilizar apenas o ativo Imobilizado da empresa
Ativo Imobilizado da como parâmetro para análise e entendermos o quanto esse imobilizado
empresa. gerou de rentabilidade para a empresa, mas é importante lembrar o
conceito de Ativo, que são os bens e direitos da empresa, os quais devem ter a
capacidade de gerar resultados futuros.

104
Capítulo 2 Gestão Financeira

Com essa afirmação, pressupõe-se que todos os ativos geram resultados


futuros: Estoques em Vendas Futuras, Duplicatas a Receber dos Clientes em
geração de caixa (que também é a realização do lucro) e o próprio Caixa e Bancos
para honrar os compromissos da empresa para a geração de resultados.

Marion (2010) explica que esse indicador pode ser definido como uma medida
da capacidade da empresa em gerar lucro líquido durante diversos períodos e,
assim, poder capitalizar-se para remunerar o Custo do Capital Próprio e o Custo
do Capital de Terceiros.

Vamos identificar os resultados de acordo com o cálculo abaixo. Lembrando


que o valor do Ativo Total Médio é apurado de acordo com a seguinte operação:
Total do Ativo de X1 + Total do Ativo de X2 = Valor X1 + X2. Em seguida, este valor
apurado é dividido por 2 e, assim, você encontrará o valor do Ativo Total Médio.

105
Administração Financeira

Interpretando os resultados obtidos com o uso deste exemplo, que também


possui a finalidade de apresentar o retorno gerado pelos ativos da empresa,
observamos que a Empresa A, no exercício social de X1, gerou uma rentabilidade
de 4,1500%, o que perfaz um payback de 24,0967 anos. No exercício social de
X2, ela atingiu a rentabilidade de 7,4422%, o que perfaz um payback de 13,4369
anos e, por fim, no exercício social de X3, ela atingiu a rentabilidade de 9,0706%,
o que perfaz um payback de 11,0247 anos.

A análise do resultado da TRI nos informa sobre o poder de


ganho da empresa.

Interpretação: quanto maior for a rentabilidade da empresa,


melhor será em função da redução do payback.

Lembrando que este indicador atende aos investimentos com


recursos oriundos do Capital Próprio e do Capital de Terceiros. E a
taxa apurada deverá atender à expectativa de atrair investidores e
remunerar o custo do capital de terceiros.

b) Taxa de retorno sobre o patrimônio líquido

A Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido ou RCP (Retorno sobre Capital


Próprio) visa atender a expectativa dos investidores ou acionistas e este deve
mensurar se o lucro auferido pela empresa é suficiente para remunerar o capital
investido, e, por consequência, permitir que a empresa possa atrair novos sócios.

106
Capítulo 2 Gestão Financeira

Interpretando os resultados obtidos com o uso deste exemplo, que também


possui a finalidade de apresentar o montante do retorno do investimento dos sócios
(recursos do capital próprio), observamos que a Empresa A, no exercício social de
X1, atingiu o retorno de 7,8162%, no exercício social de X2, atingiu o retorno de
14,3828%, e, para o exercício social de X3, atingiu o retorno de 16,4927%.

Observa-se que pelo exemplo apresentado, a empresa está conseguindo


otimizar esse indicador da Rentabilidade do Capital Próprio ao longo dos 3 anos,
mas devemos observar o comportamento do mercado se a taxa de retorno
em aplicações financeiras ou a taxa SELIC-Sistema Especial de Liquidação e
Custódia está acima ou abaixo da rentabilidade dos investidores.

Quanto maior for o investimento dos sócios da empresa, deve-


se otimizar esses recursos aplicados para que o retorno atenda ao
montante investido.

Interpretação: quanto maior o retorno, melhor.

Mas devemos observar este indicador em conjunto com a Taxa de


Retorno sobre Investimentos, pois para esse indicador devemos analisar
a geração dos resultados para a remuneração do Capital de Terceiros.

InDicaDor De SolVÊncia – KanitZ


Muitas vezes, o
Um interessante indicador criado para medir a saúde financeira
fato de a empresa
da empresa chama-se Fator de Solvência. apresentar-se
insolvente ou não,
A palavra insolvência remete à percepção de que a empresa não pode ser apenas
está conseguindo liquidar seus compromissos financeiros, mas isso por um período, o
não quer dizer que a empresa está indo mal financeiramente. Muitas qual é representado
através de relatórios
vezes, o fato de a empresa apresentar-se insolvente ou não, pode ser
das demonstrações
apenas por um período, o qual é representado através de relatórios das contábeis, e,
demonstrações contábeis, e, com o passar de um determinado período, com o passar de
a empresa poderá retornar ao seu controle de solvência financeira. um determinado
período, a empresa
Mas o objetivo principal do fator de solvência é avaliar e identificar poderá retornar
ao seu controle de
a saúde financeira da empresa em aspectos gerais, bem como
solvência financeira.

107
Administração Financeira

conhecer se existe algum tipo de risco de falência. Com esse tipo de informações,
é possível avaliar com alguma razoabilidade o grau de segurança e detectar com
antecedência qual a situação financeira de uma empresa.

Conforme Matarazzo (2010), a insolvência de uma empresa pode ocorrer


pela incapacidade de quitar suas obrigações financeiras, isto é, pela falta de
dinheiro em caixa no momento do vencimento dos compromissos das dívidas, em
função da impontualidade em curto prazo.

Podemos perceber que todas as empresas, independente do ramo de


atuação, podem estar sujeitas à falta de dinheiro, possivelmente ocasionada pelas
incertezas da política na qual o país está inserido ou incertezas de mercado.

Geralmente, a carência dos recursos financeiros em caixa é suprida por


operações de empréstimos de emergência, que a empresa busca obter com
bancos, e em um período de curto prazo a empresa consegue obter esses valores
para a liquidação das dívidas que vencem de imediato.

A falta de dinheiro em caixa para a empresa em curto prazo pode ser gerada
pelos seguintes motivos:

a) desempenho de vendas abaixo do planejado;

b) falta de controle e acompanhamento das despesas;

c) perdas ou prejuízos em atividades operacionais (necessidade de recompor


processo fabril, pela ineficiência na operacionalização dos recursos);

d) má gestão dos recursos ativos circulantes e passivos circulantes;

e) excesso de investimento no ativo imobilizado (e isso gera falta de recursos


financeiros em outros grupos de ativos).

“A falta crônica de dinheiro e a perspectiva do agravamento de insuficiência


de entradas em caixa é que caracteriza a insolvência, e as soluções que restam
são a concordata ou a falência” (MATARAZZO, 2010, p. 181).

O resultado apurado pelo fator de solvência é um indicador geral, resultante


da ponderação de cinco coeficientes, que podem ser considerados índices
parciais. Esses indicadores determinam se a empresa irá situar-se em faixa
perigosa ou não, em termos de solvência.

108
Capítulo 2 Gestão Financeira

Com base no resultado apurado pelo fator de solvência, Kanitz (1978)


construiu uma escala de valores que indicam, do maior ao menor resultado, a
possibilidade de ocorrer a falência ou concordata da empresa. A escala de valores
estabelecida por Kanitz (1978) é a seguinte:

Figura 8 – Termômetro de Solvência e Insolvência de Kanitz

Fonte: Floriani (2013).

Então, o fator de solvência é um indicador que busca expressar a faixa de risco


em que se encontra a empresa, podendo levá-la a uma situação extrema de risco
financeiro, se esta não adotar algum tipo de medida para realizar correções no seu
desequilíbrio financeiro e/ou incrementar a sua capacidade para a geração do lucro.

Kanitz (1978) apresenta as cinco variáveis do fator de solvência utilizadas na


determinação do indicador, com seus respectivos pesos, e são os seguintes:

FI: X1 + X2 + X3 – X4 – X5

FI = Fator de Insolvência = total de pontos obtidos


X1 = LUCRO LÍQUIDO/PATRIMÔNIO LÍQUIDO x 0,05
X2 = (AC + ARLP ) / PASSIVO TOTAL x 1,65
X3 = (AC – ESTOQUES) / PC x 3,55
X4 = AC / PC x 1,06
X5 = EXIGÍVEL TOTAL/ PATRIMÔNIO LÍQUIDO x 0,33

109
Administração Financeira

Conforme Kanitz (1978), a análise do índice de solvência


permite:

− descobrir se as empresas se encontram em estado de pré-


solvência;
− selecionar clientes prioritários dentre as empresas em uma
escala de solvência/insolvência;
− determinar possíveis previsões para a conta “devedores
duvidosos”, conforme a probabilidade de insolvência de cada cliente.

Devemos, ainda, adotar como premissa importante para a aplicação do fator


de solvência de Kanitz que este é destinado à indústria e ao comércio, portanto,
é um fato que o analista deverá levar em consideração, e que as demonstrações
financeiras devem refletir a sua real situação financeira e econômica (a
contabilidade não poderá deixar de registrar quaisquer tipos de informações).

110
Capítulo 2 Gestão Financeira

Interpretando os resultados obtidos no exemplo anterior, há melhoras


significativas nos indicadores de solvência em relação a Empresa A. Para o
exercício social de X1, atingiu o resultado de 2,6383, o que a coloca em uma
situação de tranquilidade, uma vez que o parâmetro se encontra em solvência. O
mesmo ocorre para os períodos de X2, quando a empresa apurou um resultado
de solvência de 2,6800, e, em X3, ao atingir o resultado de 3,0881.

Observamos que, pelo exemplo apresentado, a empresa está conseguindo


manter o indicador de solvência de forma favorável, considerando que, para os
três períodos, o indicador encontra-se acima de 0.

Os parâmetros de Solvência, Penumbra e Insolvência estão


definidos da seguinte forma:

SOLVÊNCIA: de 0 até 7.
PENUMBRA: de -3 até 0.
INSOLVÊNCIA: de -7 até -3.

Atividades de Estudos:

1) Com os estudos dos indicadores de liquidez, você teve oportunidade


de aprender sobre o indicador de Liquidez Corrente (LC). Com um
Ativo Circulante em R$ 190.000,00 e um Passivo Circulante em R$
170.000,00, apure o LC e discorra sobre o resultado.

111
Administração Financeira

____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

2) O indicador de solvência de Kanitz nos permite identificar se


a empresa está em condições de manter sua solvibilidade
financeira. Dessa forma, discorra sobre o que significa insolvência
e identifique qual é o parâmetro em que se encontra em estado
de insolvência.
____________________________________________________
___ _________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

Custo Do Capital
Em Administração Financeira todos os pontos a serem observados são
importantes. Mas um ponto deve ser olhado com muito carinho pelo gestor
financeiro, pois este representa o quanto a empresa deverá desembolsar em juros
para trazer dinheiro.

Então, podemos chamar de capital (dinheiro) de uma empresa aquilo que é


formado pelo capital investido dos sócios e pelo capital de terceiros. E cada tipo de
capital representa uma taxa de retorno ou de remuneração que deverá ser atendida.

Você recorda quando abordamos a Taxa de Retorno sobre


Investimentos e a Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido?

Esses resultados deverão, em tese, estar aproximados com


o percentual do Custo Médio Ponderado de Capital que atenda à
remuneração das duas fontes de recursos.

112
Capítulo 2 Gestão Financeira

Quando o gestor opta por realizar algum tipo de investimento, deve Quando o gestor
observar o custo desse investimento, ou seja, o custo da captação de opta por realizar
recursos para otimizar esse investimento para que os resultados não algum tipo de
sejam comprometidos. investimento, deve
observar o custo
desse investimento,
Conforme Bartel (2011), neste tipo de aplicação do capital, as
ou seja, o custo
empresas devem alavancar os seus resultados, sejam operacionais da captação de
e/ou financeiros. E o ponto de equilíbrio é uma das ferramentas recursos para
indispensáveis para que se conheça o ponto de alavancagem. otimizar esse
investimento para
a) Custo do capital próprio e custo do capital de terceiros que os resultados
não sejam
comprometidos.
Quando da constituição de uma empresa, há a necessidade de
aplicar recursos financeiros para que possa estruturar-se e gerar as primeiras
unidades produtivas. Esses recursos podem ser oriundos da captação de
recursos de capital próprio (que representa os recursos dos sócios da empresa)
ou do capital de terceiros (que são os recursos emprestados, financiados com os
não sócios).

O gestor financeiro possui uma atividade complexa, como decidir sobre


a composição dos recursos que ele tomará, se serão mais recursos de capital
próprio ou de capital de terceiros. Isso requer uma atividade de Engenharia
Financeira, pois a decisão dessa composição implica gerar fluxos de caixa que,
em longo prazo, demandarão desembolsos para a remuneração desses capitais.

Há que se considerar, também, a necessidade de gerar o valor presente do


fluxo de caixa proposto pelo investimento, e o Valor Presente Líquido - VPL desse
fluxo de caixa gerado poderá ser maior ou menor de acordo com as taxas de
remuneração negociadas. Estas taxas remuneratórias são as taxas de juros para
o Capital de Terceiros e a taxa de dividendos para o Capital Próprio.

Segundo Bartel (2011, p. 112, grifos do autor), para evitar a falência da


empresa, a estruturação do capital (próprio e de terceiros) considera:

 Risco econômico: a preocupação da empresa de não


conseguir cobrir os seus custos operacionais.
 Risco financeiro: a preocupação de não conseguir cobrir
suas obrigações financeiras.
 Custo de agency: também interpretado como a taxa
imposta pelos investidores da empresa, os donos do capital. A
imposição de altas taxas pode comprometer os resultados. É
necessário considerar que se a empresa puder captar recursos
de terceiros, poderá investir em novos projetos ou devolver o
capital investido pelos donos. Ao arriscar na aplicação deste
capital de terceiros em novos projetos, estes podem dar certo

113
Administração Financeira

(aumenta a possibilidade de retorno aos investidores) ou


errado (diminuir as chances de retorno).
 Informação assimétrica: a preocupação com o desencontro
das informações, onde algo positivo pode de fato ser julgado
como bom ou não; e vice-versa. A condição deste desencontro
de informações, de tempos em tempos, gera nas empresas
a necessidade de não esgotarem o seu limite de capital de
terceiros e capital próprio, para que possam usar estas reservas
para aproveitar oportunidades de investimento.
O quadro a seguir sintetiza os fatores nas decisões referentes
à estruturação do capital:

O quadro a seguir sintetiza os fatores nas decisões referentes à estruturação


do capital:

Quadro 13 – Fatores na Decisão de Estrutura de Capital


Preocupação Fator Descrição
Empresas com receitas estáveis e previstas podem adotar
com maior segurança estruturas de capitais altamente
alavancadas, ao contrário das com receitas de vendas
Estabilidade de
voláteis. Empresas com vendas crescentes tendem a se
receitas
beneficiar com o uso do capital de terceiros adicional,
permitindo benefícios positivos da alavancagem financeira,
Risco a qual amplia o efeito do aumento das vendas.
Econômico
Numa nova estrutura de capital, a empresa deve concentrar
sua atenção na sua capacidade de gerar os fluxos de
caixa necessários para cobrir suas obrigações. Os fluxos
Fluxo de caixa
de caixa projetados devem se mostrar capazes de fazer o
serviço das dívidas, para que apoiem qualquer alteração
da estrutura de capital.
Empresas podem estar contratualmente limitadas quanto
ao tipo de fundo que podem captar. Exemplo: pode estar
proibida de obter capital de terceiros adicional, a não ser
Obrigações que os direitos dos fornecedores dos novos recursos fiquem
contratuais subordinados aos dos titulares das dívidas já existentes.
Também podem existir restrições contratuais à venda de
novas ações, bem como à capacidade de pagamento de
dividendos aos acionistas.
Custos de Ocasionalmente, a empresa imporá alguma restrição
agency interna sobre o uso de capital de terceiros, para limitar
Preferência dos sua exposição a risco a um nível considerado aceitável
administradores pela administração. Por força de aversão a risco, a
administração limita a estrutura de capital a um nível
considerado o verdadeiro ótimo ou não.
Em geral, somente em empresas fechadas ou ameaçadas
por tentativas de aquisição o controle chega a ser uma
Controle
questão importante na decisão a respeito da estrutura de
capital.

114
Capítulo 2 Gestão Financeira

A capacidade de obter fundos rapidamente e a taxas


favoráveis depende das avaliações externas de risco por
fornecedores de recursos e por agências de classificação
Avaliação de risco. Consequentemente, a empresa deve considerar
externa de risco o impacto das decisões relativas à estrutura de capital
sobre o valor da ação e sobre demonstrações financeiras
publicadas, com as quais os fornecedores de recursos e as
Informação agências de classificação avaliam o risco.
assimétrica Às vezes, quando o nível geral de taxas de juros é baixo,
o financiamento com capital de terceiros pode ser mais
atraente. Em algumas ocasiões, tanto capital de terceiros
como capital próprio tornam-se indisponíveis em condições
Oportunidade
que seriam consideradas razoáveis. As condições
econômicas gerais – em especial as do mercado de
capitais – podem, assim, afetar significativamente as
decisões relativas à estrutura de capital.
Fonte: Adaptado de Gitman (2004, p. 462).

Em nenhum mercado financeiro ou empresa existe uma fórmula


mágica que defina uma estrutura ideal de capital. Nesse caso,
deve-se apurar o Custo Médio Ponderado de Capital e identificar
o Resultado Operacional mínimo que a empresa deve atingir para
cobrir os seus gastos com:

1) Juros de Capital de Terceiros;


2) Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido (CSLL);
3) Dividendos dos acionistas.

b) Cálculo do custo médio ponderado de capital

Quando se projeta algum Resultado Operacional da empresa para que ela


se torne interessante sob a ótica do investidor/acionista, deve-se levar em conta a
taxa de captação de recursos da empresa. Essa composição representa a taxa de
juros necessária da empresa para que se satisfaça a estrutura de capital próprio
e de terceiros.

Para que isso se torne mensurável, é necessário apurar o que se chama de


Custo Médio Ponderado do Capital (CMPC).

115
Administração Financeira

Com o objetivo de atingir o efeito desejado, vamos calcular a média ponderada


entre o custo do capital próprio e o custo do capital de terceiros. Identificaremos
em um modelo hipotético o valor do Custo Médio Ponderado de Capital - CMPC.

Então, vejamos o que a empresa A possui em sua Estrutura Patrimonial nos


períodos de X1, X2 e X3.

- Custo dos Capitais de Terceiros (bruto): 25% a.a.;


- Custo dos Capitais Próprios (bruto): 15% a.a.;
- Alíquota do IRPJ/CSLL: 34%.

Fórmulas:
CMPC (Bruto) = ((CP x Taxa CP) + (CT x Taxa CT)) / (CP + CT)

116
Capítulo 2 Gestão Financeira

CMPC (Líquido) = ((CP x Taxa CP) + ((CT x Taxa CT) x (1-IR))) / (CP + CT)
Dados:
Capital Próprio X1 = R$ 16.723.208
Capital de Terceiros X1 = R$ 2.500.985 (Curto Prazo) + R$ 2.965.380 (Longo
Prazo) = R$ 5.466.265

Devemos apurar a taxa do CMPC Bruto e Líquido da empresa

CMPC (B) = ( 16.723.208 x 0,15 ) + ( 5.466.265 x 0,25 )


22.189.573

CMPC (B) = 0,17463371

CMPC (B) = 17,4634%

Nesse caso, a taxa do CMPC Bruto está na ordem de 17,4634% como custo
de capital para manter a empresa A.

Isso quer dizer que se o gestor necessitar identificar qual é o Resultado


Operacional mínimo necessário que a empresa deverá atingir para quitar o
valor dos juros de capital de terceiros, o Imposto de Renda Pessoa Jurídica e a
Contribuição Social sobre Lucro Líquido e, por fim, os Dividendos ao acionista,
deveremos tomar o valor de R$ 16.723.208 + R$ 5.466.265 = R$ 22.189.743
e multiplicar por 17.4634% para apurar o Resultado Operacional mínimo em R$
3.875.084 aproximadamente.

O CMPC Líquido do IRPJ/CSLL comportou-se da seguinte forma:

CMPC (L) = ( 16.723.208 x 0,15 ) + (( 5.466.265 x 0,25 )x(1-0,34))


22.189.573

CMPC (L) = 0,153694482

CMPC (L) = 15,3694%

Nesse caso, a taxa do CMPC Líquido do IRPJ/CSLL está na ordem de


15,3694% como custo de capital para manter a empresa A.

Podemos entender que a empresa remunera o governo com a alíquota


do Imposto de Renda e Contribuição Social em 34%. Ainda existe o benefício
tributário da mesma taxa em função dos juros de capital de terceiros (a empresa
pode abater o valor dos juros pagos ao capital de terceiros da base de cálculo do

117
Administração Financeira

Imposto de Renda e Contribuição Social). O valor que “sobra” como Resultado


Operacional representa 15,3694% apurado sobre o montante de R$ 22.189.743.

c) Apuração do EVA ou VEA

Esta é uma etapa importante para os estudos da Administração Financeira


porque aqui verificaremos o que é o EVA (Economic Value Added) ou VEA (Valor
Econômico Adicionado) e como iremos determinar o seu valor.

Primeiramente, apuraremos o custo total do capital empregado, sendo


que o custo do capital de terceiros aparece nas demonstrações de resultado
como despesas financeiras, e o custo do capital próprio são os dividendos
remuneratórios dos investimentos realizados pelos sócios.

O valor do EVA pode ser apurado com a finalidade de projetar o Resultado


Operacional da empresa e, para isso, devemos:

• proceder o ajuste da estrutura patrimonial pelos ativos não operacionais;


• apurar o lucro operacional;
• apurar o CMPC (Custo Médio Ponderado do Capital);
• determinar o EVA (Lucro Operacional – Custo de Capital de Terceiros –
Custo do Capital Próprio).

Agora, identificaremos os ativos não operacionais da empresa, a partir de


um Balanço Patrimonial fictício, pois faremos apenas a projeção do Resultado
Operacional e do EVA da empresa.

Figura 9 – Balanço Patrimonial

Fonte: O autor.

118
Capítulo 2 Gestão Financeira

Identificamos neste Balanço Patrimonial os seguintes dados:

• Capital de Terceiros = R$ 600.000,00


• Capital Próprio = R$ 200.000,00

Suponhamos que o custo do capital de terceiros está na ordem de 22% ao


ano, o custo do capital próprio está na ordem de 15% ao ano, e a alíquota do
IRPJ/CLSS está em 34%.

Com estes dados, apuraremos o Custo Médio Ponderado de Capital - CMPC


para, em seguida, apurar a proporcionalidade do IRPJ/CSLL sobre o montante da
captação de recursos e, com isso, planejar o(a):

• Resultado Operacional.
• Planejamento da apuração do IRPJ/CSLL.
• Capacidade para gerar resultados para quitar os juros sobre capital de
terceiros, o valor do IRPJ/CSLL e os dividendos dos investidores.
• Economia do IRPJ/CSLL gerada pela captação dos recursos.

Devemos apurar a taxa do CMPC Bruto e Líquido da empresa. Nesta etapa,


apuraremos o CMPC Bruto.

Nesse caso, a taxa do CMPC Bruto está na ordem de 20,25% como custo de
capital para manter os investimentos na empresa A.

O CMPC Líquido do IRPJ/CSLL comportou-se da seguinte forma:

119
Administração Financeira

A taxa do CMPC Líquido está na ordem de 13,365% como custo de capital


para manter os investimentos na empresa A.

Com esses resultados, poderemos apurar a proporcionalidade do IRPJ/


CSLL em relação ao total dos investimentos realizados, e, com essa informação,
faremos a apuração do valor do IRPJ/CSLL máximo que a empresa poderá apurar
para fins de planejamento tributário e, inclusive, planejamento do fluxo de caixa.

IRPJ/CSLL Proporcional = CPMC Bruto ( - ) CMPC Líquido.


IRPJ/CSLL Proporcional = 20,25% ( - ) 13,365%
IRPJ/CSLL Proporcional = 6,885%

O valor do IRPJ/CSLL máximo que a empresa deverá pagar, sem o benefício


da dedutibilidade dos juros do capital de terceiros, está na seguinte ordem:

 VALOR MÁXIMO IRPJ/CSLL = TOTAL DE CAPTAÇÃO x IRPJ/CSLL


Proporcional
 VALOR MÁXIMO IRPJ/CSLL = R$ 800.000,00 x 6,885%
 VALOR MÁXIMO IRPJ/CSLL = R$ 55.080,00.

Agora, faremos o planejamento do RESULTADO OPERACIONAL da


empresa A.

120
Capítulo 2 Gestão Financeira

 RESULTADO OPERACIONAL = Total Captação x CMPC Bruto


 RESULTADO OPERACIONAL = R$ 800.000,00 x 20,25%
 RESULTADO OPERACIONAL = R$ 162.000,00

Com o Resultado Operacional previsto em R$ 162.000,00, faremos o cálculo


da prova real dessas informações para verificar a veracidade dos dados apurados.

Suponhamos a seguinte Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) da


empresa A.

Figura 10 – Demonstração do Resultado do Exercício com EVA Zero

Fonte: O autor.

Podemos observar com essa Demonstração do Resultado do Exercício -


DRE que, se a empresa atingir o Resultado Operacional de R$ 162.000,00, terá
um efeito tributário de R$ 55.080,00 (R$ 162.000,00 x 34% = R$ 55.080,00)
de IRPJ/CSLL. Porém com o benefício tributário de 34% IRPJ/CSLL sobre o
valor dos juros de Capital de Terceiros de R$ 132.000,00 x 34% IRPJ/CSLL =
R$ 44.880,00 de Economia de IRPJ/CSLL, a empresa pagará o valor líquido de
IRPJ/CSLL em R$ 10.200,00 (R$ 55.080,00 – R$ 44.880,00 = R$ 10.200,00). O
valor dos juros pago ao Capital de Terceiros é apurado de acordo com a captação
de R$ 600.000,00 x 22% da taxa de juros, o que representa o valor final de R$
132.000,00 de juros pagos.

Este modelo de Demonstração do Resultado do Exercício - DRE é


Gerencial para que o gestor financeiro possa identificar com facilidade
e clareza o efeito da economia do IRPJ/CSLL sobre o Custo Financeiro
dos juros de Capital de Terceiros

121
Administração Financeira

Para efeitos legais, em atendimento às premissas contábeis e fiscais, a DRE


segue o seguinte modelo:

Figura 11 – Apuração do Lucro Operacional

Fonte: O autor.

E como a empresa poderia gerar EVA positivo?

Uma das formas que proporemos aqui é a redução em 8% das Despesas


Operacionais.

Com a redução das despesas operacionais, a Demonstração do Resultado


do Exercício - DRE se apresenta da seguinte forma:

Figura 12 – Demonstração do Resultado do Exercício com


redução nas Despesas Operacionais

Fonte: O autor.

Observamos que, com a redução das Despesas Operacionais de R$


801.600,00 para R$ 737.472,00, uma redução na ordem de R$ 64.128,00 gerou
um Lucro Líquido após IRPJ/CSLL.

122
Capítulo 2 Gestão Financeira

Dessa forma, a empresa gerou um valor de EVA de R$ 42.324,48, o que


representa cerca de 1,4495% das Vendas Líquidas da Empresa A.

Leia o seguinte artigo referente ao CMPC (Custo Médio


Ponderado de Capital): <http://www.cavalcanteassociados.com.br/utd/
UpToDate164.pdf>.

Grau De AlaVancagem Financeira,


Operacional e ComBinaDa (GAF, GAO,
GAC)
O Grau de Alavancagem é um conceito utilizado em contabilidade
gerencial, finanças e, inclusive, em análise das demonstrações contábeis.
O gestor financeiro necessita conhecer os conceitos e aplicabilidade da
alavancagem da empresa, que podem ser assim definidos, conforme
Gitman (2004):

 Alavancagem Operacional: ocorre quando o percentual do aumento das


operações de vendas é superior ao aumento dos seus custos da produção.
 Financeira: esse coeficiente permite identificar se a empresa utiliza os
encargos financeiros fixos para gerar aumentos nos seus lucros.
 Combinada: este coeficiente está relacionado entre a alavancagem
operacional e financeira. Também pode ser caracterizado pelo efeito da variação
percentual da receita operacional em relação ao lucro líquido.

O quadro a seguir apresenta a composição da alavancagem total:

123
Administração Financeira

Quadro 14 – Composição da Alavancagem Total

Fonte: Adaptado de Gitman (2004, p. 434).

Para que se possa estudar os conceitos e modelos de Alavancagem, é


importante, primeiramente, conhecer o conceito de ponto de equilíbrio.

O ponto de equilíbrio é o momento em que as receitas (entradas) pagam todas


as despesas (saídas) e o resultado final é 0 (zero) (ASSAF NETO; SILVA, 2009).

Entende-se que quando os resultados são inferiores ao ponto de equilíbrio, a


empresa gerou prejuízo, e, nesse caso, estão faltando recursos para o pagamento
das contas. Porém, quando os resultados superam o ponto de equilíbrio, a empresa
gerou condições para cobrir os gastos e ainda poderá gerar sobra de caixa.

Vamos supor a seguinte situação de um período X da Empresa A, conforme


Bartel (2011):

− O custo para a produção de um produto é de R$ 7,00.

− O preço de venda respectivo deste produto R$ 10,00.

− Os impostos aplicados a esse produto totalizam 10% sobre o total das


vendas, ou seja, R$ 1,00 de impostos aplicados para cada produto.

− Os demais custos fixos (despesas administrativas e de pessoal) totalizam


R$ 21.600,00.

Para apurar o Ponto de Equilíbrio Operacional devemos utilizar a seguinte


fórmula:

124
Capítulo 2 Gestão Financeira

Quadro 15 – Cálculo do Ponto de Equilíbrio Operacional

Fonte: Bartel (2011, p. 120).

Observamos que a empresa A atinge o seu ponto de equilíbrio com a venda


de 10.800 produtos. Então, a empresa consegue cobrir as despesas com as
receitas de vendas geradas.

Vejamos, no quadro a seguir, como se apresenta a situação da alavancagem


operacional, considerando um aumento de 10% na sua receita operacional bruta
e, em outra situação, uma redução de 10% na mesma receita operacional bruta.

Quadro 16 – Alavancagem Operacional

Fonte: Bartel (2011, p. 121).

De acordo com a simulação, percebemos a variação (positiva e negativa)


na ordem de 20% no lucro, com uma variação de 10% na receita operacional.
Devemos atentar para alguns pontos nas atividades da empresa:

• Quando a empresa adquire menos, em função das vendas serem menores


(10%), podemos identificar a probabilidade de ocorrerem preços mais
altos. Do contrário, quando a empresa adquire mais produtos (10%), é
possível atingir custos e despesas variáveis reduzidos.

• Os demais custos e despesas operacionais fixos podem sofrer algum tipo


de alteração, dependendo do volume das atividades da empresa: com a
redução das vendas, corremos o risco de ter funcionário com determinado
grau de ociosidade, e, para alcançar um maior volume de vendas, é
necessária a contratação de mais pessoas.

Com essas informações, é possível determinar o GAO (Grau de Alavancagem


Operacional), o qual demonstra o resultado da variação no lucro antes dos juros

125
Administração Financeira

e IR (LAJIR) para determinado número de variação em cada ponto percentual na


variação da receita operacional.

Quadro 17 – Cálculo do Grau de Alavancagem Operacional

Fonte: Bartel (2011, p. 121).

Segundo Bartel (2011), interpretamos do seguinte modo: para cada ponto


percentual que variar a receita da empresa, o lucro antes dos juros e do IR (LAJIR)
terá uma variação de dois pontos percentuais.

Vamos identificar, no quadro a seguir, como se apresentará a alavancagem


financeira, com a mesma variação de crescimento em 10% a.a.:

Quadro 18 – Alavancagem Financeira

Fonte: Bartel (2011, p. 122).

Conforme Bartel (2011), precisamos compreender que as despesas


financeiras estão fixas, isto é, não está sendo considerada a variação das
despesas financeiras, elas podem aumentar ou diminuir em função do volume de
compras e/ou dos prazos concedidos aos clientes.

Para determinar o GAF (Grau de Alavancagem Financeira), devemos


demonstrar quantos pontos percentuais há na variação do Resultado a cada
variação de um ponto percentual no lucro antes dos Juros e IR (LAJIR).

Quadro 19 – Cálculo do Grau de Alavancagem Financeira

Fonte: Bartel (2011, p. 122).

126
Capítulo 2 Gestão Financeira

Conforme Bartel (2011), interpretamos do seguinte modo: para cada ponto


percentual que variar o lucro antes dos juros e do IR (LAJIR), temos uma variação
de 1,67 pontos percentuais no resultado.

Para identificar o Grau de Alavancagem Combinada - GAC, podemos


combinar a alavancagem operacional e a alavancagem financeira, e, com isso,
teremos o seguinte resultado:

Quadro 20 – Alavancagem Combinada

Fonte: Bartel (2011, p. 122).

Para apurar o GAC (Grau de Alavancagem Combinada), que demonstra


quantos pontos percentuais haverá de variação no resultado a cada variação de
um ponto percentual na receita operacional, devemos utilizar a seguinte fórmula:

Quadro 21 – Cálculo do Grau de Alavancagem Combinada

Fonte: Bartel (2011, p. 123).

De acordo com Bartel (2011), para cada ponto percentual que variar a receita
operacional, teremos uma variação de 3,33 pontos percentuais no resultado.

Para apurar o GAC, também podemos utilizar a seguinte fórmula:


GAC = GAO x GAF, ou seja: GAC = 2 x 1,67 = 3,33.

127
Administração Financeira

Capital De Giro
Outro assunto fundamental no estudo da Gestão Financeira, mas que,
infelizmente, muitas empresas desconhecem, é o seu “capital de giro”.

O capital de giro são os recursos financeiros de curto prazo que são utilizados
para compras de matérias-primas, pagamentos de salários dos funcionários,
cobranças de duplicatas em menos de 1 ano, além de outras contas.

Capital de Giro (CDG) ou Capital Circulante Líquido (CCL) = Ativo


Circulante – Passivo Circulante.

Para Martins e Assaf Neto (1986, p. 276):

[...] o conceito de capital de giro (ou capital circulante)


identifica os recursos que giram (ou circulam) várias vezes
em determinado período. Ou seja, corresponde a uma parcela
de capital aplicada pela empresa em seu ciclo operacional,
caracteristicamente de curto prazo, a qual assume diferentes
formas ao longo de seu processo produtivo e de venda.

a) Apuração da necessidade do capital de giro

Destacam Coelho, Botini e Waehneldt (1996, p. 37), que “entende-se por


capital de giro o valor monetário relativo à aquisição de bens destinados à revenda
ou à produção de outros bens que constituam o objeto do negócio da empresa”.

O valor do capital de giro ou capital circulante líquido (CCL) é representado


como a parte do ativo circulante (de curto prazo) financiada por recursos de
investimentos permanentes, como as contas do passivo não circulante e o
patrimônio líquido dos sócios. Quando a empresa estiver com o ativo circulante
maior que o passivo circulante, significa que o capital de giro líquido está positivo:

Quadro 22 – Empresa com Capital Circulante Líquido (C.C.L.) Positivo

Fonte: Knuth (2010).


128
Capítulo 2 Gestão Financeira

C.C.L = A.C. R$ 25,00 - R$ 15,00 = R$ 10,00, ou:


C.C.L = (P.L. R$ 60,00 + P.N.C. R$ 25,00 ) – A.P. R$ 75,00 = R$ 10,00

No quadro anterior, foram aplicados R$ 25,00 no ativo circulante. Destes,


R$ 15,00 são financiados por recursos de curto prazo (passivo circulante), e os
R$ 10,00 restantes, que representam o capital de giro líquido da empresa, são
provenientes dos recursos de longo prazo (passivo não circulante e patrimônio
líquido dos sócios). Assim, pode-se dizer que dos R$ 85,00 oriundos do longo prazo
(que são as fontes permanentes de financiamento), R$ 75,00 estão aplicados em
ativos também de longo prazo (ativo permanente como o Imobilizado) e os R$
10,00 excedentes são direcionados para financiar o capital de giro da empresa.
Isso demonstra uma determinada sobra financeira para a empresa.

Quando a empresa estiver com o ativo circulante menor que o passivo


circulante, significa que o capital de giro líquido está negativo.

Quadro 23 – Empresa com Capital de Giro Líquido Negativo

Fonte: Knuth (2010).

No quadro anterior, o valor da sobra financeira é negativa porque as dívidas


de curto prazo da empresa (passivo circulante) estão financiando as aplicações
com valores maiores no ativo permanente (Imobilizado). O valor do CCL (Capital
Circulante Líquido) de R$ 50,00 indica que dos R$ 135,00 aplicados em ativo
permanente R$ 50,00 são financiados por dívidas de curto prazo.

Podemos avaliar, também, a apuração de R$ 85,00 em recursos de longo


prazo dos quais R$ 45,00 no exigível em longo prazo ou passivo não circulante e
R$ 40,00 no patrimônio líquido dos sócios.

Esse montante não é suficiente para cobrir suas aplicações no ativo


permanente de R$ 135,00 (Imobilizado), sendo a diferença de R$ 50,00 coberta
por recursos de curto prazo (contas do passivo circulante).

129
Administração Financeira

Pode existir uma Pode existir uma relação entre risco (liquidez) e retorno (lucratividade)
relação entre risco no que se refere à proporção entre ativo e passivo circulante
(liquidez) e retorno operacionalizada pela empresa.
(lucratividade) no
que se refere à
proporção entre ativo Caso a empresa direcione seus recursos financeiros das contas
e passivo circulante
operacionalizada de ativos que apresentem elevada liquidez financeira (caixa, bancos
pela empresa. e aplicações financeiras) em relação ao total do seu ativo, a sua
liquidez imediata será maior. Transformará esses recursos em dinheiro
rapidamente, e, portanto, menor será o risco financeiro que estará assumindo.
Com isso, conseguirá pagar as suas dívidas de forma mais rápida. Dessa
forma, o gestor financeiro da companhia estará realizando uma administração
conservadora.

Mas se a empresa direcionar os investimentos para os ativos com giro mais


lento (estoques, duplicatas a receber), o risco será maior, a liquidez imediata será
menor e o pagamento das dívidas no curto prazo dependerá da capacidade de
geração dos recursos operacionais da empresa e dos novos financiamentos que
a empresa deverá obter de terceiros. Este gestor financeiro estará realizando uma
administração financeira mais agressiva.

Nas empresas industriais espera-se que os ativos fixos possam realizar a


produção e gerar as vendas com lucros.

Caso os investimentos forem direcionados para o ativo


permanente, maior será o retorno alcançado pela empresa, porém
maior será o risco envolvido.

A administração da liquidez dos recursos financeiros encontra-se associada


a uma escolha entre risco e lucratividade. Espera-se que se a relação entre o
ativo circulante e o ativo total for elevado (AC/AT)↑, tanto a lucratividade como
o risco serão menores. E se a relação entre o ativo circulante e o ativo total for
menor (AC/AT)↓, tanto a lucratividade como o risco serão maiores, dessa forma, a
taxa indica a percentagem do total de ativos que estão no curto prazo (circulante).

Temos o capital de giro permanente que se refere ao volume mínimo de ativo


circulante que a empresa necessita para manter-se em condições normais de
funcionamento. Temos, também, o capital de giro variável que pode ser definido
pelas necessidades adicionais de recursos financeiros, que são apuradas em

130
Capítulo 2 Gestão Financeira

determinados períodos, e pode ser motivado, principalmente, por decisões de


compras antecipadas de estoques, dentre outros.

Conforme Bartel (2011), o capital de giro permanente é um montante de


dinheiro mínimo que necessitamos ter aplicado no ativo circulante para que a
empresa possa honrar seus compromissos no passivo circulante. Já o Capital de
Giro Variável (CGV) é representado pelas necessidades adicionais e temporais de
recursos, verificadas em determinados períodos e motivadas por:

• Prazos de recebimento: quanto maior em relação ao prazo de


pagamento, maior a NCG – Necessidade de Capital de Giro para financiar
a venda aos clientes e pagar os fornecedores.

• Prazos de pagamento: quanto maior em relação ao prazo de recebimento,


menor a NCG, pois estamos financiando nossas compras com capital dos
fornecedores e com o recebimento dos clientes.

• Aumento no volume de vendas: dependendo da relação dos prazos


médios de recebimento e pagamento, poderá gerar um aumento na NCG.
Muitas empresas que apresentam um crescimento rápido não conseguem
captar todo o capital de giro necessário para acompanhar este crescimento
e correm riscos.

• Política de estoques altos: o dinheiro está investido no estoque e se o


giro for baixo, transforma-se numa maior NCG.

Veja o quadro a seguir, que apresenta a variação da necessidade de capital


de giro em relação aos prazos citados:

Quadro 24 – Variação da Necessidade de Capital de Giro

NCG Condição
Aumenta Maior PMP e/ou Menor PMR
Diminui Menor PMP e/ou Maior PMR

Fonte: Bartel (2011, p. 154).

Onde:
NCG = Necessidade de Capital de Giro
PMP = Prazo Médio de Pagamentos
PMR = Prazo Médio de Recebimentos

131
Administração Financeira

Uma boa administração do capital de giro busca apurar um


alto giro nos ativos circulantes, tornando mais dinâmico o seu fluxo
de operações. Esse alto giro proporciona menor necessidade de
aplicação de capital no ativo circulante e pode gerar o aumento da
rentabilidade do empreendimento.

Para evitar que o NCG seja negativo, as empresas deverão trabalhar com
Capital de Giro Positivo sempre, pois os pagamentos terão previsão para ocorrer,
mas os recebimentos poderão não ocorrer em data certa.

Seria muito bom para as empresas que pudessem receber todas as vendas à
vista, e pudessem realizar todas as compras a prazo. Mas não é dessa forma que
ocorre, pois a empresa precisa passar por um ciclo de:

 Compra  estoca a matéria-prima  produz  paga a matéria-prima 


estoca o produto acabado  vende  recebe a duplicata do cliente.

Isso quer dizer que se faz necessário apurar o ciclo operacional, o ciclo
financeiro e o ciclo econômico em que a empresa está inserida.

Veja a seguinte figura, que nos mostra cada um desses ciclos:

132
Capítulo 2 Gestão Financeira

Figura 13 – Ciclo Operacional da Indústria

Fonte: Adaptado de Hoji (2004).

De acordo com a figura acima, podemos observar que o Prazo de Rotação


dos Estoques (PRE) é apurado desde a compra da matéria-prima até a venda
da mercadoria, incluindo o Prazo de Fabricação-PF e o Prazo de Estocagem de
Produtos Acabados-PEPA. O Prazo de Recebimento das Vendas (PRV) concentra-
se na venda da mercadoria, no pagamento da matéria-prima ao fornecedor e, por
fim, no recebimento efetivo da mercadoria.

Com isso, percebe-se que o Prazo do Pagamento da Compra (PPC),


muitas vezes, pode ocorrer antes do recebimento das vendas, o que resulta em
necessidades de caixa da empresa. Isso quer dizer que o Ciclo Econômico (CE) é
gerado desde a compra da matéria-prima até a venda da mercadoria.

O Ciclo Financeiro (CF) ocorre desde o pagamento de outros custos que a


empresa incorre nas suas atividades operacionais até o recebimento das vendas
efetuadas.

E, por fim, o Ciclo Operacional envolve desde a Compra da matéria-prima até


o recebimento das vendas efetuadas ao cliente. O que pode demandar um prazo
significativo.

133
Administração Financeira

b) Ciclo operacional, financeiro e econômico

O que chamamos de ciclo operacional é o intervalo de tempo em que a


empresa permanece sem realizar nenhuma entrada de recursos financeiros
oriundos dos seus clientes. Nesse caso, a empresa está sempre necessitando
de recursos financeiros para pagar os seus custos. Dessa forma, a empresa
necessita de capital de giro.

O ciclo operacional de uma empresa inicia-se desde o momento da compra


da matéria-prima ou mercadoria até o momento do recebimento da sua venda.
É formado por dois componentes, que são o prazo médio do estoque e o prazo
médio de cobrança das vendas.

Para melhor compreensão, veja o exemplo abaixo:

Certo dia, uma empresa adquire mercadorias a prazo no valor de R$ 2.000,00.


Vamos considerar este dia = 0. O prazo para pagamento é 30 dias. Depois de 40
dias a empresa efetua uma venda no valor de R$ 4.400,00, que serão pagos após
50 dias. Vejamos como fica o calendário desse ciclo operacional:

Dia Atividade Efeito sobre o caixa


0 Compra de mercadoria Nenhum
30 Pagamento da compra - R$ 2.000,00
70 Venda da mercadoria a prazo Nenhum
120 Recebimento da venda + R$ 4.400,00

Então:

Ciclo Operacional = Período de estoque + período de contas a receber.


Ciclo Operacional = 70 dias + 50 dias = 120 dias

Podemos observar como os valores deste produto transitam entre as contas do


ativo circulante. Iniciam-se em estoque, transformam-se em contas a receber na data
da sua venda, e, por fim, transformam-se em caixa quando as vendas são pagas.

O Ciclo de Caixa ou Ciclo Financeiro inicia-se desde o pagamento da


matéria-prima ou mercadoria até o recebimento da sua venda. Este ciclo busca
apurar o período da primeira movimentação de caixa (sendo esta, o pagamento ou
recebimento de vendas anteriores) até o recebimento da venda atual do produto.

134
Capítulo 2 Gestão Financeira

A sua fórmula é a seguinte:

Ciclo de Caixa = ciclo operacional – período de contas a pagar.


Ciclo de Caixa = 120 dias - 30 dias = 90 dias

Quanto menor for o ciclo de caixa, menor será o investimento da empresa em


recursos de estoques e contas a receber. Existem três estratégias básicas para
melhorar o gerenciamento do caixa utilizando-se dos ciclos operacional e de caixa
da empresa:

a) Girar o estoque o mais rápido possível com as promoções de vendas;


b) Cobrar as duplicatas a receber no menor tempo possível;
c) Realizar o pagamento das duplicatas a pagar de fornecedores o mais tarde
possível sem causar danos ao crédito da empresa ou provocar o pagamento de
juros elevados.

Para apurarmos o cálculo dos ciclos operacional e de caixa, devemos utilizar


informações das demonstrações contábeis da empresa, como as seguintes:

Item Valor inicial Valor final Média


Estoques R$ 5.000,00 R$ 8.000,00 R$ 6.500,00
Contas a receber R$ 3.000,00 R$ 6.000,00 R$ 4.500,00
Contas a pagar R$ 2.500,00 R$ 4.500,00 R$ 3.500,00

Vendas líquidas: R$ 45.000,00


C.M.V. ou C.P.V: R$ 25.000,00
C.M.V.  Custo das Mercadorias Vendidas
C.P.V.  Custo dos Produtos Vendidos

O Ciclo Operacional compreende  período de estoque +


período de contas a receber.

Período de estoque:

C.P.V / Média Estoques  R$ 25.000,00 / R$ 6.500,00 = 3,85

O resultado demonstra a compra e venda do valor do estoque 3,85 vezes no


ano. Se transformar esse resultado em dias de estocagem, então  365 dias do
ano / 3,85 = 94,81 dias. A mercadoria ficou parada 94,81 dias antes de ser vendida.

135
Administração Financeira

Contas a receber:

Vendas a prazo* = R$ 45.000,00 = 10,00 vezes


Média duplicatas a receber R$ 4.500,00
* Sempre considerando que todas as vendas foram feitas a prazo.

Se transformar esse resultado em dias de recebimento de cobrança, então


 365 dias do ano / 10 = 36,5 dias. As duplicatas a receber foram giradas a cada
36,5 dias durante o ano.

Ciclo Operacional:

Ciclo Operacional  Período de estoque + Período de contas a receber


Ciclo Operacional  94,81 dias + 36,5 dias = 131,31 dias.

Período de contas a pagar:

C.P.V. / Média Contas a pagar  R$ 25.000,00 / R$ 3.500,00 = 7,15

Se transformar esse resultado em dias de contas a pagar, então  365 dias


do ano / 7,15 = 51,05 dias. As duplicatas a pagar foram giradas a cada 51,05 dias
durante o ano.

Ciclo de Caixa:
Ciclo de Caixa  Ciclo Operacional – período de contas a pagar.

Ciclo de Caixa  131,31 dias – 51,05 dias = 80,26


O Ciclo de Caixa é gerado aproximadamente a cada 80 dias.

Por final, o Ciclo Econômico considera o período em que a empresa adquire


a matéria-prima até a venda do produto pronto. Nesta fase, a empresa não leva
em consideração os reflexos no caixa em cada tipo de operação, mas apenas os
reflexos econômicos.

Vamos buscar em Assaf Neto e Silva (2009, p. 22), o que corresponde cada
ciclo:

Ciclo Operacional = PME (Mp) + PMF + PMV + PMC.


Ciclo Financeiro = Ciclo Operacional – PMPF – PMDD.
Ciclo Econômico = Ciclo Operacional – PMC.
Onde:
PME (Mp): Prazo Médio de Estocagem de Matéria-prima.
PMF: Prazo Médio de Fabricação.

136
Capítulo 2 Gestão Financeira

PMV: Prazo Médio de Venda, ou também, o prazo médio de estocagem dos


produtos acabados.
PMC: Prazo Médio de Cobrança, ou também, prazo médio de Recebimento.
PMPF: Prazo Médio de Pagamento aos Fornecedores.
PMDD: Prazo Médio de Desconto de Duplicatas.

Conforme Bartel (2011), geralmente, quando ocorre a redução nas vendas,


esta desencadeia problemas financeiros, os quais podem elevar a necessidade
de capital de giro. Mas o gerenciamento do capital de giro vai além dos aspectos
financeiros. É necessário considerar aspectos estratégicos da organização, que
apenas podem recuperar a sua lucratividade, restabelecendo o seu fluxo de
caixa. Isso pode resultar na necessidade da reestruturação geral da organização,
mudando o negócio como um todo. Pode haver a criação de novos produtos e/ou
serviços, bem como a eliminação de alguns. Também pode haver mudanças nos
processos de produção, nas matérias-primas e na própria estrutura de pessoal.

Isso quer dizer que ao eliminar determinados desperdícios que a empresa


possui, ela pode reestruturar todas as suas operações produtivas e tornar-se mais
enxuta. E com pessoal devidamente treinado, é possível que a empresa possa
atingir melhores níveis de lucratividade e geração de caixa.

Atividades de Estudos:

1) Você estudou o Capital de Giro da empresa ou CCL (Capital


Circulante Líquido). Discorra sobre esse indicador, apure e
analise o seguinte resultado de acordo com o Ativo Circulante de
R$ 400,00 e Passivo Circulante em R$ 350,00.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

2) Bartel (2011) trata que o capital de giro permanente de uma


empresa é um montante de dinheiro mínimo que esta necessita
para manter aplicado no ativo circulante e que possa honrar
seus compromissos no passivo circulante. Por sua vez, o Capital
de Giro Variável (CGV) é representado pelas necessidades
adicionais e temporais de recursos, verificadas em determinados
períodos e motivadas por Prazos de Recebimentos. Discorra e
coloque o seu entendimento sobre Prazos de Recebimentos:

137
Administração Financeira

____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

Algumas ConsiDeraçÕes
Prezado(a) acadêmico(a), com isso finalizamos o capítulo 2.

Neste capítulo, você conheceu os indicadores econômicos e financeiros


os quais a empresa pode atingir de acordo com a avaliação do seu Balanço
Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício.

Com estes indicadores econômicos e financeiros, é possível visualizar se a


empresa possui capacidade para liquidar seus compromissos financeiros, qual é
o potencial de geração de caixa de acordo com o indicador do Prazo Médio de
Contas a Receber e, ainda, comparar esse prazo em dias de acordo com o Prazo
Médio de Pagamentos ao Fornecedor.

Você teve oportunidade de conhecer a ferramenta do CMPC (Custo Médio


Ponderado de Capital), que permite planejar o Resultado Operacional mínimo que
a empresa deve atingir para pagar os juros do capital de terceiros, o Imposto de
Renda, a Contribuição Social e os dividendos aos acionistas da empresa.

Por último, você estudou a estrutura do ciclo operacional, ciclo financeiro e


ciclo econômico da empresa, o que permite verificar suas necessidades de caixa.

ReFerÊncias
ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e análise de balanços. 10. ed. são Paulo:
Atlas, 2012.

______; SILVA, Augusto Tiburcio. Administração do capital de giro. 3. ed. São


Paulo: Atlas, 2009.

BARTEL, Gonter. Gestão financeira. 2. ed. Indaial: Uniasselvi, 2011.

138
Capítulo 2 Gestão Financeira

COELHO, Cláudio U. F.; BOTINI, Joana; WAEHNELDT, Anna B. de A.


Administração financeira. Rio de Janeiro: SENAC/DN/DFP, 1996.

COLLINS, James. Como calcular o giro de contas a pagar. Site Ehow Brasil.
Tradução Marcos Vinicios de Araújo Barros. Disponível em: <http://www.ehow.
com.br/calcular-giro-contas-pagar-como_63290/>. Acesso em: 04 abr. 2016.

FLORIANI, Arlete Regina. Análise das demonstrações contábeis. Indaial:


Uniasselvi, 2013.

GITMAN, Lawrence J. Princípios da administração financeira. 10. ed. São


Paulo: Pearson/Addison Wesley, 2004.

HOJI, Masakazu. Administração Financeira: uma abordagem prática. 2. ed.


São Paulo: Atlas, 2004.

KANITZ, S. C. Como prever falências. São Paulo: McGraw Hill, 1978.

KNUTH, Valdecir. Engenharia Econômica e Finanças. Centro Universitário


Leonardo da Vinci –Indaial: Grupo UNIASSELVI, 2010.

MARION, José Carlos. Análise das demonstrações contábeis. 5. ed. São


Paulo: Atlas, 2010.

MARTINS, Eliseu; ASSAF NETO, Alexandre. Administração financeira: as


finanças das empresas sob condições inflacionárias. São Paulo: Atlas, 1986.

MATARAZZO, Dante Carmine. Análise financeira de balanços: abordagem


gerencial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

PADOVEZE, Clóvis Luis. Contabilidade Gerencial: um enfoque sistêmico de


informação contábil. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

______.; BENEDICTO, Gideon Carvalho de. Análise das demonstrações


financeiras. 2. ed. São Paulo: Thomson Learning, 2007.

REIS, Arnaldo Carlos de Rezende. Demonstrações contábeis: estrutura e


análise. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

TEIXEIRA, Paulo Henrique; RAMOS, João Florêncio Vieira. Gestão de finanças


corporativas. Curitiba: Maph Editora; Portal tributário, 2011.

139
Administração Financeira

TÓFOLI, Irso. Administração financeira empresarial: uma tratativa prática.


Lins: Unisalesiano, 2008.

SILVA, José Pereira da. Análise financeira das empresas. 8. ed. São Paulo:
Atlas, 2007.

ZDANOWICZ, José Eduardo. Orçamento operacional: uma abordagem prática.


3. ed. Porto Alegre: Sagra, 1998.

140
C APÍTULO 3
Engenharia Econômica
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes
objetivos de aprendizagem:

 Entender os conceitos básicos e a aplicação da Matemática Financeira.

 Explicar o que é o capital (ou valor presente), a taxa de juros, o montante (ou
valor futuro) e a inflação.

 Compreender o que são os Juros, os prazos (ou períodos) e as prestações.

 Definir e identificar o Regime de Capitalização Simples e o Regime de


Capitalização Composta.

 Descrever o que são Juros Simples e fazer os cálculos envolvendo a fórmula


dos Juros Simples.

 Descrever o que são Juros Compostos e fazer os cálculos envolvendo a fórmula


dos Juros Compostos.

 Realizar o cálculo do desconto comercial simples.

 Identificar os efeitos econômicos do mercado na empresa.

 Explicar o que é depreciação, amortização e exaustão.

 Demonstrar os cálculos envolvendo a depreciação, a amortização e a exaustão.

 Aplicar os cálculo e avaliar os efeitos da inflação sobre a economia.


Administração Financeira

142
Capítulo 3 Engenharia Econômica

ConteXtualiZação
Basicamente tudo na nossa vida está relacionado à matemática. Quando
recebemos o salário, temos que separar os recursos para cada tipo de conta a
ser paga, como mercado, abastecer o carro, faturas de energia elétrica, água,
telefone. Assim, lidamos com a matemática em nosso cotidiano.

E não poderia ser diferente com a matemática financeira, pois percebemos


claramente como ela está presente nas nossas atividades diárias. Afinal de
contas, na atualidade, estamos sempre lidando com dinheiro, e estamos sempre
conectados ao mercado, por exemplo, às ofertas de preços, às promoções e aos
parcelamentos nas compras dos produtos.

A matemática financeira, que está amplamente aplicada à A matemática


Engenharia Econômica, estuda o valor do dinheiro ao longo do tempo. financeira, que
Assim, em Engenharia Econômica, abordamos o custo do dinheiro no está amplamente
tempo, ou seja, de que forma o dinheiro perde valor com o tempo. aplicada à
Engenharia
Econômica, estuda
Isso é definido como um processo natural pela simples lei da
o valor do dinheiro
oferta e procura, pois um produto com maior demanda e menor oferta ao longo do tempo.
tende a ser mais caro, e esses aumentos dos custos inflacionários
possuem impacto direto na perda monetária do dinheiro no tempo. Vamos estudar
este assunto a partir de agora.

A Matemática Financeira em
Engenharia Econômica
O desenvolvimento das atividades da Matemática Financeira tem como
objeto estudar o valor do dinheiro no tempo.

Com base em Dolzan Júnior (2009), sabemos que R$ 400.000,00 hoje


valem mais do que esse mesmo valor daqui a um ano, por causa das perdas
inflacionárias que ocorrerão no futuro.

Vamos entender como isso ocorre, e, para tanto, precisamos conhecer


JUROS. Temos hipoteticamente um capital de R$ 400.000,00 que, ao ser aplicado
em um banco, pelo período de um ano, rende determinado percentual de juros,
que deve ser somado aos R$ 400.000,00, gerando um aumento em relação à
quantia inicial.

143
Administração Financeira

Por exemplo: Determinado Banco paga juros no valor de R$ 4.200,00,


durante o período de um ano, se forem aplicados R$ 400.000,00 na data de hoje.

Isso significa que dentro de um ano, assim que esse valor do capital for
resgatado, o valor recebido será de R$ 404.200,00.

Então, receber R$ 400.000,00 hoje equivale a receber R$ 404.200,00 em


um ano. Dessa forma, os juros de R$ 4.200,00, gerados pela aplicação anual,
representam um valor adicional pela “espera” durante este período.

Portanto, o valor do dinheiro no tempo está ligado diretamente aos juros, pois
uma determinada quantia, hoje, equivale à outra no futuro.

Um capital de R$ 1.000,00 só seria equivalente a R$ 1.000,00 daqui a um


ano na hipótese absurda da taxa de juros ser igual a 0 (ZERO).

A Matemática Financeira está diretamente ligada ao valor do dinheiro


no tempo, que, por sua vez, está ligado à existência da taxa de juros.

A noção principal é a de que o dinheiro perde valor com o passar


do tempo.

De acordo com De acordo com Kuhnen e Bauer (1994, p. 20), “de forma genérica,
Kuhnen e Bauer podemos então afirmar que o estudo da equivalência de valores
(1994, p. 20), “de datados constitui o objetivo da MATEMÁTICA FINANCEIRA”.
forma genérica,
podemos então A matemática financeira está presente no nosso cotidiano
afirmar que o estudo
envolvendo operações como poupança, empréstimo, investimento
da equivalência de
valores datados e taxa de juros, compra, venda, aluguel e investimentos (DOLZAN
constitui o objetivo JÚNIOR, 2009). Para compreendê-la, precisamos conhecer os seus
da MATEMÁTICA principais conceitos básicos, que são os seguintes:
FINANCEIRA”.
a) Capital ou Valor Presente (PV): é o valor inicial em uma operação financeira
realizada por pessoa física ou jurídica, ou este é o valor à vista quando adquirimos
algum tipo de produto. Ainda, poderia ser considerado como o valor que se empresta
a outra pessoa em um determinado período de tempo. Para Hoji (2000, p. 62), “capital
corresponde ao recurso financeiro que seu proprietário cede temporariamente ao
tomador. É chamado também de principal”. É representado pelas letras C = Capital
ou PV = Valor Presente (inglês = Present Value).

144
Capítulo 3 Engenharia Econômica

A sigla VP (Valor Presente) é utilizada na planilha eletrônica EXCEL.

A sigla PV (Present Value) é utilizada na calculadora financeira HP 12C.

b) Juros (J): O juro representa a remuneração que se paga ao utilizar


o capital de terceiros ou é o valor recebido ao se aplicar o valor do capital em
instituições financeiras. Então, o juro é considerado um rendimento quando se
recebe e uma despesa quando se paga. É uma forma de pagamento por um
empréstimo de valores em dinheiro. Afinal de contas, a pessoa física ou jurídica
que emprestou o dinheiro abriu mão de utilizá-lo por um período, além de correr o
risco de não recebê-lo.

c) Taxa de Juro (i): A taxa de juros é o coeficiente que se obtém pela relação
estabelecida entre o valor do juro de um período e o capital emprestado. Dessa
maneira, é o valor do juro em determinado período, e este pode ser expresso
da forma unitária ou percentual (0,15 ou 15%, respectivamente). É cobrada em
operações de empréstimo por quem emprestou ou paga ao investidor quando
houver investimento do dinheiro (aplicação), podendo ser estabelecida em período
diário, mensal, bimestral, trimestral, semestral ou anual. Geralmente, os períodos
mais utilizados são o mensal e o anual.

Com base em Hoji (2000, p. 63), a taxa de juros é:

Um percentual que se aplica ao capital para determinar o


valor do juro. Geralmente, a taxa de juro é expressa em forma
percentual, isto é, multiplicada por 100 e seguida do termo por
cento. Assim, para fazer os cálculos, as taxas expressas em
forma percentual devem ser divididas por 100, transformando-
as em forma unitária.

Vejamos: Se um banco paga R$ 300,00 de juros sobre um capital de R$


4.000,00 aplicados durante um ano, a taxa de juros pode ser calculada da
seguinte forma:

145
Administração Financeira

Conforme o exemplo acima, esse banco está remunerando uma taxa de


juros de 7,50% ao ano.

Na planilha eletrônica EXCEL utiliza-se a terminologia “taxa”.

Na calculadora financeira HP 12C, utiliza-se a tecla “i“ (de Interest


= juro).

d) Prazo ou Períodos (n): O prazo ou período é conhecido como a duração


de tempo de uma transação financeira (diário, mensal, semestral, anual, etc.),
sendo que a taxa de juros é cobrada durante o período negociado. Em uma
aplicação financeira em CDB (Certificado de Depósito Bancário) de 33 dias, o
banco pode considerar os 33 dias uma unidade de tempo para a aplicação da
taxa de juros, como também pode haver outras aplicações com taxa anual.

Conforme Hoji (2000, Conforme Hoji (2000, p. 63), “prazo é o espaço de tempo que o
p. 63), “prazo é o capital fica em poder do tomador”. É utilizado em atividades comerciais,
espaço de tempo envolvendo a venda ou a compra a prazo. Por exemplo: A compra de
que o capital fica em um computador em 10 prestações mensais.
poder do tomador”.

146
Capítulo 3 Engenharia Econômica

Na planilha eletrônica EXCEL, o número de períodos é dado por “nper”.

Na calculadora financeira HP 12C é indicado pela tecla “n”.

e) Montante ou Valor Futuro (FV): Podemos determinar o Montante ou Valor


Futuro como a quantidade monetária que resulta de uma transação financeira
referenciada em uma data futura. Este é o valor que se obtêm no final da
transação. Deve ser somado ao capital inicial o valor dos juros incorridos durante
o período de aplicação.

De acordo com Dolzan Júnior (2009, p. 11):

O montante é a soma do capital com os Juros (PV + INT). A


sigla FV vem da expressão inglesa Future Value, que significa
valor futuro. Exemplo: suponha que você tenha tomado R$
1.000,00 emprestados para pagamento em uma única vez.
Quando foi quitar o empréstimo você pagou os R$ 1.000,00
emprestados e mais R$ 100,00 de juros. Logo, o montante
dessa operação foi R$ 1.100,00.

Na planilha eletrônica EXCEL é indicado como “VF”.

Na calculadora financeira HP 12C como “FV” (de “Future Value”).

f) Prestações (PMT): Estes são considerados como os pagamentos ou


recebimentos com o objetivo de saldar uma dívida.

g) Inflação: Talvez este seja um dos piores problemas da economia de um


país, pois é a perda do poder de compra (poder aquisitivo) do dinheiro ou moeda
da população. Hoji (2000) afirma que a inflação pode ser considerada como o
aumento generalizado de preços, que, consequentemente, provoca a redução do
poder aquisitivo da moeda.

147
Administração Financeira

Para compreender a matemática financeira, os conceitos básicos


serão assim determinados: Capital ou Valor Presente (PV), Juros (J), Taxa
de Juro, Montante ou Valor Futuro (FV), Prestações (PMT) e Inflação.

Agora que conhecemos alguns termos básicos ao estudo da matemática


financeira, podemos passar para o próximo item, que é o regime de capitalização.

Regimes De CapitaliZação
Existem dois O regime de capitalização ocorre em uma transação financeira
tipos de regime que envolve o capital, um período de tempo para aplicação e
de capitalização: uma determinada taxa de juros. Existem dois tipos de regime de
simples e composto. capitalização: simples e composto.

a) Capitalização simples

No regime de capitalização simples, os juros apurados do período não são


somados ao capital para cálculo de novos juros nos períodos seguintes. Como
não são capitalizados, consequentemente, esses juros não rendem juros (o
conhecido “juros sobre juros”). O valor aumenta de forma linear ou em progressão
aritmética ao longo do tempo. Assim, se quisermos converter a taxa diária em
mensal, basta multiplicarmos a taxa diária por 30; se desejarmos uma taxa anual,
tendo a mensal, basta multiplicarmos esta por 12.

Exemplo: Um empréstimo de R$ 10.000,00, que será devolvido em uma


única parcela, depois de 4 meses. Como calcular os juros, se será cobrada taxa
de juros simples de 6% ao mês?

Se a taxa é 6% a.m. (ao mês), então, 4 meses equivalem 24% (6% a.m.
x 4 meses). Em seguida, multiplica-se o capital de R$ 10.000,00 pelos 24%, e
o resultado será o valor dos juros do período. Para apurar o valor do montante
soma-se o valor dos juros ao capital.

De acordo com a Tabela 1, vamos demonstrar o cálculo do montante com o


regime de capitalização simples.

148
Capítulo 3 Engenharia Econômica

Tabela 1 – Apuração do montante com o regime de capitalização simples

Fonte: O autor.

Observe, na Tabela 2, a aplicação dos juros mensalmente


durante os 4 meses. O valor do juro é fixo. Pode-se dizer que Juros
simples não rendem juros.

Tabela 2 – Capitalização simples

Fonte: O autor.

 A taxa equivalente no regime de juros simples tem a mesma


conotação de taxa proporcional, face à linearidade implícita a este
regime.
 Existe uma distinção conceitual entre juros simples exato e juros
simples comercial. Os exatos utilizam efetivamente o calendário do ano
civil (365 dias), enquanto os comerciais admitem o mês com 30 dias e
o ano com 360 dias. É comum o mercado comercial adotar o mês com
30 dias para facilitar o cálculo de pagamentos das prestações. Neste
material de estudos utilizaremos o ano civil em 365 dias.

b) Capitalização composta

O regime de capitalização composta é diferente do regime de juros simples,


pois a taxa de juros é sempre considerada sobre o montante da soma do capital

149
Administração Financeira

e dos juros acumulados até o período anterior. Nesse caso, existe o conceito
dos juros sobre juros, ou seja, o valor dos juros aumenta a cada mês porque vai
gerando novos juros.

O cálculo com base nos juros compostos é conhecido por cálculo


exponencial de juros, enquanto o cálculo a juros simples é chamado de
cálculo linear.

Exemplo: Um empréstimo de R$ 10.000,00 será devolvido em uma única


parcela, depois de 4 meses. Como calcular os juros, se será cobrada taxa de
juros composta de 6% ao mês?

Primeiro mês: multiplica-se o capital pela taxa de juros, resultando os juros


do mês. (R$ 10.000,00 x 6% = R$ 600,00). O montante será a soma do capital
com os juros (R$ 10.000,00 + 600,00 = R$ 10.600,00).

Segundo mês: Multiplica-se o montante do mês anterior pela taxa de juros


de 6% (R$ 10.600,00 x 6% = 636,00 de juros e montante de R$ 10.600,00 + R$
636,00 = R$ 11.236,00).

Terceiro mês: Multiplica-se o montante do mês anterior pela taxa de juros


de 6% (R$ 11.236,00 x 6% = 674,16 de juros e montante de R$ 11.236,00 + R$
674,16 = R$ 11.910,16).

Quarto mês: Multiplica-se o montante do mês anterior pela taxa de juros


de 6% (R$ 11.910,16 x 6% = 714,61 de juros e montante de R$ 11.910,16 + R$
714,61 = R$ 12.624,77).

Vejamos o resumo na Tabela 3:

Tabela 3 – Apuração do montante com capitalização composta

150
Capítulo 3 Engenharia Econômica

Fonte: O autor.

Podemos, também, verificar o mesmo resultado de acordo com a aplicação


mensal dos juros sobre o capital, na Tabela 4.

Tabela 4 – Capitalização composta mensal

Fonte: O autor.

 O cálculo com base em juros simples se vale somente dos


juros sobre o capital inicial.
 O cálculo com base nos juros compostos considera o capital
e os juros acumulados até o período anterior.

151
Administração Financeira

Veja as diferenças entre o resultado apurado nas tabelas do regime de


capitalização simples e do regime de capitalização composta.

Regime de capitalização simples  Montante: R$ 12.400,00


Regime de capitalização composta  Montante: R$ 12.624,77
Diferença: R$ 224,77

O valor de R$ 224,77 é o custo adicional do regime de capitalização


composta, comparado com o regime de capitalização simples.

Juros Simples
A partir dessa fase, no seu material de estudos, vamos estudar alguns
exemplos de juros simples, de acordo com alguns modelos propostos e resolvidos
com o uso de fórmulas cujos exemplos ilustram bem as utilidades da matemática.
Além disso, contêm exercícios que permitem o aperfeiçoamento e a fixação de
seu conhecimento.

Lembre-se de sempre ter acesso a uma calculadora científica ou financeira,


ou pode ser uma planilha eletrônica Excel, que também muito poderá ajudar-lhe.

No cálculo dos juros simples, a taxa de juros é aplicada somente sobre o


capital inicial. Dessa forma, multiplica-se o capital pela taxa e pelo tempo. O valor
do Juro será o mesmo em todos os períodos.

FÓrmula Dos Juros Simples


A fórmula para o cálculo dos juros simples é a seguinte:

J = PV X i X n

Onde se lê:
J = Juros
PV = Capital (Valor Presente, ou Present Value em inglês)
n = Tempo (ou período)
i = Taxa

152
Capítulo 3 Engenharia Econômica

 Para que o cálculo esteja correto, o tempo (n) e a taxa (i)


devem ter sempre o mesmo período de tempo. Por exemplo: Se a
taxa (i) for mensal o tempo (n) também deve ser atribuído na fórmula
de forma mensal.
 Na fórmula, a taxa é informada em percentual, devendo
ser dividida por 100 para formar um algarismo decimal ou unitário.
Exemplo: Se uma taxa de 4% ao mês, então, 4/100 = 0,04. Na
fórmula, será usado o valor de 0,04.

Em seguida, estudaremos algumas formas de calcular os juros simples.

Cálculo Do Valor Dos Juros


A fórmula para o cálculo do valor dos juros é a seguinte:

J = PV X i X n

Qual é o valor do juro se a taxa de aplicação é 4% ao mês sobre um capital


de R$ 130.000,00 a juros simples, em um período de 3 anos?

Vejamos os dados necessários para o cálculo.

Se:
PV = R$ 130.000,00
i = 4% ao mês
n = 3 anos

 Percebe-se que a taxa é mensal e o tempo é informado em anos. Ajustando


o tempo e a taxa para a forma mensal, teremos que transformar o tempo de 3
anos em meses, o que significa 36 meses (12 meses no ano x 3 anos). Podemos
ajustar para a forma anual, mas aqui estamos preferindo a forma mensal.
 Para transformar a taxa de 4% em número decimal ou unitária, devemos
dividir 4 por 100, ou seja, 4/100, que é igual a 0,04.
 O próximo passo é registrar os dados na fórmula para encontrar o valor
dos juros.

153
Administração Financeira

J = P.V. x i X n
J = R$ 130.000,00 X 0,04 X 36
J = R$ 187.200,00

Como o valor final de R$ 187.200,00 está acrescido dos juros, para


apurarmos apenas o valor dos juros devemos tomar o valor de R$ 187.200,00 ( - )
R$ 130.000,00 e irá perfazer o valor dos juros em R$ 57.200,00.

No final de 3 anos ou 36 meses, o valor dos juros será R$ 57.200,00.

Cálculo Do Valor Do Capital em


Juros Simples
A fórmula para o cálculo do valor do capital em juros é a seguinte:

J = P.V. X i X n

Vamos identificar qual é o valor do capital que durante 2 anos gera R$


2.500,00 de juros, com uma taxa de 2,5% ao mês, aplicado a juros simples?

PV = ?
i = 2,5% ao mês
n = 2 anos
J = R$ 2.500,00

Novamente precisamos ajustar a taxa e o tempo. Ajustando para a forma


mensal, temos o tempo de 2 anos, que é igual a 24 meses.
Ajustando a taxa percentual para valor decimal, temos 2,5 / 100 = 0,025

Vamos ao cálculo:

J = PV X i X n
R$ 2.500,00 = PV x 0,025 x 24
R$ 2.500,00 = PV x 0,60
PV = R$ 2.500,00 / 0,60
PV = R$ 4.166,67

Observa-se que o valor apurado é R$ 4.166,67. O capital inicial aplicado


desse valor durante 24 meses a uma taxa de juros de 2,5% ao mês rende R$
2.500,00 de juros (ou rendimentos). Se fizermos a operação R$ 4.166,67 x 2,5%,

154
Capítulo 3 Engenharia Econômica

teremos o resultado de R$ 104,1668 de juros ao mês, e se multiplicarmos por 24


meses, teremos o valor total de R$ 2.500,00 de juros totais.

Vamos, em seguida, apurar o percentual da taxa, aplicando-se o critério do


juro simples.

Cálculo Da TaXa com Base em Juros


Simples
A fórmula para o cálculo da taxa com base em juros simples é a seguinte:

J = P.V. X i X n

Se um capital de R$ 40.000,00, aplicado a juros simples, gerou R$ 25.000,00


de juros, durante um período de 3 anos (36 meses), qual foi a taxa mensal
aplicada?

PV = R$ 40.000,00
i = ? mês
n = 36 meses
J = R$ 25.000,00

 Nesse caso, a taxa deverá ser mensal porque o tempo também foi
informado em meses.

J = PV X i X n
R$ 25.000,00 = R$ 40.000,00 X i X 36
R$ 25.000,00 = R$ 1.440.000,00 X i
i = R$ 25.000,00 / R$ 1.440.000,00
i = 0,017361111

 Obtivemos o resultado da taxa em valor decimal. Para transformá-lo em


percentual é só multiplicar o valor da taxa por 100.

i = 0,017361111 x 100 = 1,736111% a.m.

Também podemos identificar o período que determinado valor permanece


aplicado ou é emprestado com base nos juros simples.

155
Administração Financeira

Cálculo Do Tempo com Base em


Juros Simples
A fórmula para o cálculo do tempo com base em juros é a seguinte:

J = PV X i X n

Vamos identificar qual é o tempo de aplicação de um capital de R$


300.000,00, com uma taxa de 3,00% ao mês, aplicado a juros simples, que obteve
um rendimento de R$ 27.000,00 de juros?

PV = R$ 300.000,00
i = 3,00% ao mês
n = ? meses
J = R$ 27.000,00

 Uma vez que a taxa é mensal, o tempo também será considerado em meses.
 Ajustando a taxa percentual para decimal, temos:

i = 3,00/100
i = 0,0300
J = PV X i X n
R$ 27.000,00 = R$ 300.000,00 X 0,0300 X n
R$ 27.000,00 = 9.000,00 X n
n = R$ 27.000,00 / 9.000,00
n = 3,00 meses.

Podemos usar até duas casas após a vírgula ou mais, se necessário for.

Atividades de Estudos:

A partir dos estudos do cálculo do tempo, do capital, dos juros


e da taxa em uma aplicação a juros simples, faça alguns exercícios.
Pratique! Esta é a melhor forma de fixar o aprendizado.

1) Apure o montante do capital investido de R$ 5.000,00, durante o


período de 4 meses, sabendo que a taxa de juros é de 3% ao mês.
Faça o cálculo utilizando o Regime de Capitalização Simples:

156
Capítulo 3 Engenharia Econômica

Mês Capital % de Juros Juros do Mês Montante


1
2
3
4

2) Apure o montante do capital investido de R$ 6.000,00, durante o


período de 4 meses, sabendo que a taxa de juros é de 2,5% ao
mês. Faça o cálculo utilizando o Regime de Capitalização Simples:

Mês Capital % de Juros Juros do Mês Montante


1
2
3
4

3) Apure o montante do capital investido de R$ 8.900,00, durante o


período de 4 meses, sabendo que a taxa de juros é de 4,5% ao
mês. Faça o cálculo utilizando o Regime de Capitalização Simples:

Mês Capital % de Juros Juros do Mês Montante


1
2
3
4

4) Apure o montante do capital investido de R$ 5.000,00, durante o


período de 4 meses, sabendo que a taxa de juros é de 3% ao mês.
Faça o cálculo utilizando o Regime de Capitalização Composta:

Mês Capital % de Juros Juros do Mês Montante


1
2
3
4

157
Administração Financeira

5) Apure o montante do capital investido de R$ 6.000,00, durante o


período de 4 meses, sabendo que a taxa de juros é de 2,5% ao mês.
Faça o cálculo utilizando o Regime de Capitalização Composta:

Mês Capital % de Juros Juros do Mês Montante


1
2
3
4

6) Apure o montante do capital investido de R$ 8.900,00, durante o


período de 4 meses, sabendo que a taxa de juros é de 4,5% ao mês.
Faça o cálculo utilizando o Regime de Capitalização Composta:

Mês Capital % de Juros Juros do Mês Montante


1
2
3
4

7) Um capital de R$ 35.000,00 foi aplicado a juros simples durante 2


anos. Calcule o valor do juro, sabendo que a taxa de aplicação foi
3% ao mês.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

8) Um capital de R$ 35.000,00 foi aplicado a juros simples durante 2


anos. Calcule o valor do juro, sabendo que a taxa de aplicação foi
2% ao mês.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

158
Capítulo 3 Engenharia Econômica

9) Um capital de R$ 135.850,00 foi aplicado a juros simples durante


3 anos. Calcule o valor do juro, sabendo que a taxa de aplicação
foi 1,5% ao mês.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

Cálculo Do Montante em Juros


Simples
Estudamos até agora que o montante de determinado valor é composto pela
soma do capital inicial com os juros do período de aplicação.

Vamos a um exemplo.

Exemplo: Determinado capital no valor de R$ 500.000,00 rendeu R$


45.000,00 de juros em um certo período de tempo. Portanto, o montante é 
500.000,00 + R$ 45.000,00 = R$ 545.000,00.

A fórmula do montante é a seguinte:

FV = PV X (1 + i X n)

Logo:
FV = Montante (capital + juros)
PV = Capital ou Valor Presente
n = Tempo
i = taxa

Vejamos um exemplo:

Temos um capital de R$ 400.000,00, aplicado durante 30 meses, a uma taxa


de 2,00% ao mês em juros simples. Qual será o montante recebido?

159
Administração Financeira

PV = R$ 400.000,00
i = 2,00% ao mês
n = 30 meses
FV = R$ ?

FV = PV X (1 + i X n)
FV = R$ 400.000,00 X (1 + 0,0200 X 30)
FV = R$ 400.000,00 X (1,60)
FV = R$ 640.000,00

Devemos atentar para multiplicar a taxa pelo tempo (0,0200 x 30) e, em


seguida, somar o resultado (0,60) ao número 1. Depois, devemos multiplicar o
novo resultado (1,60) pelo capital de R$ 400.000,00 para encontrar, finalmente, o
montante (FV), que é o valor de R$ 640.000,00.

Juros Compostos
Os juros compostos têm seu fundamento no regime de capitalização
composta. Nesta modalidade de transação financeira, os juros incidem sobre o
capital inicial e, também, sobre os juros acumulados até o último período. Por
isso, a cada período os juros aumentam.

De acordo com De acordo com Kuhnen e Bauer (1994, p. 69), “em capitalização
Kuhnen e Bauer composta, os juros aumentam a cada período de capitalização
(1994, p. 69), exatamente o valor dos juros produzidos pelos juros do período
“em capitalização
imediatamente anterior”.
composta, os
juros aumentam
a cada período Conforme Hoji (2000, p. 70), no regime de juros compostos:
de capitalização
exatamente o [...] os juros produzidos em cada período são integrados ao
capital constituído no início dos respectivos períodos, para
valor dos juros
produzirem novos juros nos períodos seguintes, ou seja, no
produzidos pelos regime de juros compostos, incidem juros sobre capital inicial e
juros do período sobre os próprios juros.
imediatamente
anterior”.
Uma das ferramentas utilizadas para fazer o cálculo dos juros
compostos é a calculadora financeira HP 12C.

160
Capítulo 3 Engenharia Econômica

Figura 14 – Calculadora Financeira HP 12C

Fonte: Disponível em: <http://www.profcardy.com/cardicas/


cash.php>. Acesso em: 02 maio 2016.

Podemos observar as cinco primeiras teclas, da esquerda para a direita,


que utilizamos para calcular os juros compostos. Cada tecla tem uma função,
conforme demonstramos a seguir:

n  utilizada para lançar o tempo.


i  utilizada para lançar a taxa.
PV  utilizada para lançar o capital ou valor presente ou atual.
PMT  utilizada para lançamento dos valores das prestações.
FV  utilizada para lançar o valor futuro ou montante.

Para o sistema de juros compostos, vale a mesma regra utilizada


no sistema de juros simples.
 Se a taxa for mensal o período a ser calculado também
deverá ser em meses.
 A taxa deve ser informada em percentual, devendo ser
dividida por 100 para formar um algarismo decimal ou unitário.

Cálculo Do Valor Futuro ou


Montante (FV)
O valor futuro ou montante é igual ao capital inicial mais os juros produzidos.

Valor Futuro ou Montante (FV) = Capital + Juros

161
Administração Financeira

A fórmula é a seguinte:

FV = PV X (1 + i) n
Vejamos um exemplo:

Calcule o montante da aplicação do capital de R$ 250.000,00 a uma taxa de


1,80% ao mês, durante 3 anos, no regime de juros compostos.

 Ajuste do tempo para mês: 3 anos = 36 meses.


 Ajuste da taxa para número decimal: 1,80/100 = 0,0180.

FV = PV X (1 + i)n
FV = R$ 250.000,00 X (1 + 0,0180)36
FV = R$ 250.000,00 X 1,900728156
FV = R$ 475.182,04

Deve-se, primeiramente, somar (1 + 0,0180) para, em seguida,


elevar o resultado encontrado a 36 (que é o número de meses, pois a
taxa também é mensal). Em seguida, multiplique o valor encontrado pelo
capital para apurar o montante final (DOLZAN JÚNIOR, 2009).

Se utilizarmos a calculadora financeira HP 12C, podemos fazer o cálculo da


seguinte forma:

n = 36
i = 1,80
PV = - 250.000,00 (Deve-se digitar 250.000,00 CHS PV para registrar o valor
negativo)
PMT = 0,00
FV = 475.182,04

Para apurarmos esse valor na HP12C, devemos executar os seguintes


procedimentos:

36 n
1,80 i
250.000,00 CHS PV
FV  Apresentará o resultado em R$ 475.182,04.

162
Capítulo 3 Engenharia Econômica

 Não se esqueça de limpar a memória com o comando F CLx


para apagar registros anteriores antes de iniciar o cálculo.
 O ideal é registrar o PV com sinal negativo. É uma
particularidade da calculadora HP 12C, uma vez que no valor final
apresentará o resultado positivo.
Reforçando, ao registrar o valor no PV deve-se digitar o valor
do capital, em seguida, pressionar a tecla CHS (a calculadora HP
12C irá registrar a entrada com sinal negativo), depois, pressionar a
tecla PV. Exemplo: 250.000 CHS PV.

Estamos aprendendo o que são os juros compostos e como utilizá-lo,


inclusive, com a calculadora financeira. Agora que já aprendemos a sua fórmula,
vamos desenvolver alguns exemplos de cálculos para facilitar a sua aprendizagem.

Cálculo Do Valor Presente ou


Capital (PV)

O valor presente ou capital é o valor inicial emprestado ou


investido em uma transação financeira.

Sua fórmula é a seguinte:

PV = FV / (1 + i)n

Vejamos o seguinte exemplo:

Um investidor aplicou um determinado valor de capital e obteve de montante


o valor de R$ 76.813,34. Qual é o capital inicial aplicado, considerando que o
tempo de aplicação foi de 3 anos à taxa de 1,0% ao mês, no regime de juros
compostos?

 Ajuste de tempo para mês: 3 anos = 36 meses (3 x 12)

163
Administração Financeira

 Não podemos esquecer de transformar a taxa em algarismo decimal


(1,0/100 = 0,010).

PV = FV / (1 + i)n
PV = R$ 76.813,34 / (1 + 0,010)36
PV = R$ 76.813,34 / 1,430768784
PV = R$ 53.686,76

Observe na fórmula: primeiro somar (1 + 0,010). Em seguida, elevar


este resultado ao número de meses do período que está sendo apurado
(36 meses). Com este resultado, aplicar o conceito da matemática
básica, que é colocar em evidência o PV separado dos numerais. Dessa
forma, o PV passa para antes do sinal de igual e os valores permanecem
depois do sinal de igual. Exemplo: PV = R$ 76.813,34 / 1,430768784.
Feito isso, tem-se o valor presente de R$ 53.686,76.

Se o cálculo for feito pela calculadora financeira HP 12C, então, calculamos


da seguinte forma:

F CLx  Pressionar F depois CLx para limpeza de memórias.


n = 36
i =1,0
FV = 76.813,34 CHS (Para transformar número positivo em número negativo)
PV = 53.686,76

Como a última tecla a ser pressionada é a tecla PV (valor


presente), você pode tirar a prova real com o processo inverso.
Registre o capital encontrado no PV (53.686,76 CHS PV) e apure o
montante FV para verificar se o resultado é R$ 76.813,34.

164
Capítulo 3 Engenharia Econômica

Atividades de Estudos:

1) Calcule o capital que, aplicado a juros simples, numa taxa de


2,5% ao mês, durante 3 anos, gera R$ 1.500,00 de juros.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

2) Um capital de R$ 8.000,00 foi aplicado a juros simples e, em 24


meses, rendeu juros de R$ 850,00. Calcule a taxa mensal dessa
aplicação.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

3) Um capital de R$ 18.500,00 foi aplicado a juros simples e, em


48 meses, rendeu juros de R$ 15.850,00. Calcule a taxa mensal
dessa aplicação.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

Cálculo Do Tempo (n)


Também denominamos o tempo de prazo ou período, pois é a duração do
tempo de uma transação financeira, que pode ser diária, mensal, anual ou outro
tempo previamente determinado.

Conforme Kuhnen e Bauer (1994, p. 70), “são intervalos de tempo


preestabelecidos, findos os quais são calculados os juros que, somados ao

165
Administração Financeira

capital, formam um novo valor atual, valor presente, capital (PV), para o próximo
período, ou melhor, para o próximo intervalo”.

A fórmula do tempo (n) é a seguinte:

Logo:
ln = Logaritmo Neperiano ou Natural
FV = Future Value (Valor Futuro)
PV = Present Value (Valor Presente ou Atual)
i = Taxa
n = Número de Períodos
Exemplo:

Um capital investido no valor de R$ 53.686,76 foi aplicado a uma taxa de


juros compostos de 1,00% ao mês e, após determinado período, resultou no valor
final de R$ 76.813,34. Identifique por quantos meses o valor ficou aplicado.

 Dividir a taxa por 100 e lançar os dados na fórmula.

166
Capítulo 3 Engenharia Econômica

Atenção: O resultado de 0,358211907 é o ln de 1,4307688778 e


o resultado de 0,009950331 é o ln de 1,010.

Para esse tipo de operação, deve-se encontrar o logaritmo


natural ou logaritmo neperiano (ln). Para isso, divide-se primeiro o
montante (FV) pelo valor presente (PV). O próximo passo é dividir
a taxa por 100 e somar o resultado a 1 para extrair, também, o
logaritmo natural. Para encerrar a operação, é necessário dividir o
primeiro resultado pelo segundo resultado encontrado.

Na calculadora científica, a tecla Ln (logaritmo natural) fica ao


lado da tecla log.

Na planilha eletrônica EXCEL, o Ln é localizado


em “INSERIR  FUNÇÃO  MATEMÁTICA E
TRIGONOMÉTRICA.

Na calculadora financeira HP 12C, esta operação pode ser realizada da


seguinte forma:

F CLx  Primeiro pressione F e depois CLx para limpar os registros da memória.

n = ???
i = 1,0
PV = 53.686,76 CHS (Para transformar número positivo em número negativo)
FV = 76.813,34

Ou

F CLx  Primeiro pressione F e depois CLx para limpar os registros da memória.

53.686,76 CHS PV
76.813,34 FV
1,0 i
n

167
Administração Financeira

Ao registrar o valor de entrada no PV, deve-se pressionar a tecla


CHS para inserir o sinal negativo (-) e, depois, a tecla PV. Exemplo:
30.000 CHS PV.

A calculadora financeira HP 12C possui uma particularidade, o


tempo é arredondado, pois não existe período fracionado.

Você já deve ter percebido que a matemática financeira é uma importante


ferramenta que lhe dá subsídios para suas decisões em investimento ou
pagamento. Tente imaginar duas modalidades diferentes de investimentos. É o
que estudaremos no próximo item, pois, para isso, é necessário conhecer um
componente da matemática financeira que se chama taxa.

Cálculo Da TaXa (i)


O Valor do empréstimo ou investimento é remunerado com o uso de um
percentual que se chama taxa e que pode tanto ser pago como recebido.

A fórmula da taxa é a seguinte:

Vejamos o seguinte exemplo:

Foi aplicado no regime de juros compostos um capital no valor de R$


53.686,76 e, após 3 anos, obteve um rendimento totalizando R$ 76.813,34. Qual
foi a taxa de aplicação mensal?

168
Capítulo 3 Engenharia Econômica

Conforme o cálculo anterior, o primeiro passo é dividir o


montante (FV) pelo valor presente (PV). Depois, elevar o resultado
da divisão de 1 pelo tempo (esse tempo é expresso em meses). O
próximo passo é elevar os resultados encontrados, subtrair 1 do novo
resultado encontrado e multiplicar o resultado final por 100. Assim,
encontra-se o percentual (%) da taxa de juros.

Esse cálculo pode ser feito pela calculadora financeira HP 12C, pressionando
as seguintes teclas:

F CLx  Primeiro pressione F e depois CLx para limpar os registros da


memória.

n = 36
i = ???
PV = 53.686,76 CHS (Para transformar número positivo em número negativo)
PMT = 0,00
FV = 76.813,34

Ou

169
Administração Financeira

F CLx Primeiro pressione F e depois CLx para limpar os registros da


memória.

53.686,76 CHS PV
76.813,34 FV
36 n
i

Na calculadora HP 12C sempre é necessário registrar o capital


com valor negativo (CHS PV) e o valor futuro (FV) com sinal positivo.

Desconto Comercial Simples


Geralmente, entendemos por desconto um abatimento monetário concedido
pelo pagamento antecipado de uma dívida.

De acordo com Kuhnen e Bauer (1994, p. 47), “é o abatimento concedido


sobre um título de crédito em virtude de seu resgate antecipado. Representa,
portanto, os juros cobrados e descontados antecipadamente dos bancos nas
operações de desconto simples”.

Além disso, segundo Dolzan Júnior (2009), antes do recebimento do título,


muitas empresas recorrem a uma instituição financeira para antecipar a cobrança
de títulos. Nesse caso, recebem um valor menor, pois a instituição financeira cobra
juros pelo pagamento antecipado do valor do título. Para facilitar a compreensão,
o autor utiliza o seguinte exemplo: imaginemos que você tenha um veículo e o
motor dele quebrou. O conserto custará R$ 2.000,00. Você não tem condições
imediatas para pagar esse conserto, mas precisa do seu veículo funcionando.
Então, negocia com o representante da oficina o pagamento do conserto com um
cheque pré-datado para 30 dias. O representante da oficina, por sua vez, também
precisa de dinheiro imediato para pagar os compromissos financeiros e leva o
referido cheque a uma instituição financeira que realiza a operação de desconto.
O banco compra esse cheque pré-datado à vista, desconta um percentual de juros
(taxa de desconto) e repassa a diferença ao representante da oficina. Depois, o
banco aguarda a data do vencimento do cheque e o deposita. Se o cheque tiver
provisão de fundos, será compensado em favor do banco. No caso de cheque
sem “fundos”, o banco cobra o valor emprestado ao dono da oficina e, após o

170
Capítulo 3 Engenharia Econômica

recebimento, devolve esse cheque ao representante da oficina, para que ele


cobre o cheque do seu cliente.

Vejamos algumas expressões básicas que envolvem as operações de


desconto com sua definição e suas simbologias, utilizadas para facilitar os cálculos.

Quadro 24 – Glossário básico para as operações de desconto


Termo Simbologia Definição
Valor descontado do valor nominal do título em
Desconto Bancário D
virtude da operação de desconto.
Valor Nominal,
Valor do título no seu vencimento, representado
Valor Futuro ou no
N pela letra (N).
Vencimento
Valor que resta ao cliente após a operação de
desconto, ou seja, é o líquido que será igual ao
Valor Líquido valor nominal (N) menos o desconto (d). Caso
VL
existam outras cobranças, (Impostos, tarifas
bancárias) ta’mbém serão descontadas.
O IOF é um imposto cobrado pelo Governo
Imposto sobre
Federal e incide sobre várias operações de
Operações Financeiras IOF
crédito, inclusive nas operações de desconto.
Taxa mensal cobrada em uma operação de
desconto de títulos. Como na grande maioria
das vezes as taxas das operações de desconto
são informadas de maneira mensal, através
da TEM, é possível saber qual a taxa real da
Taxa Efetiva Mensal operação. Nesse sentido, todos os descontos
TEM
são cobrados do cliente (Impostos e taxas
incidentes na operação), pois as instituições
financeiras informam as suas taxas mensais de
desconto sem considerar estes custos (impostos
e taxas).
São tarifas cobradas pelas instituições
financeiras nas operações de crédito, inclusive,
nas operações de desconto de títulos.
Normalmente, essas instituições cobram taxas
Tarifas Bancárias ou tarifas conhecidas como:
• Tarifa para a concessão da linha de crédito do
desconto conhecida como TAC;
• Tarifa por título descontado;
• Tarifa para renovação da linha de crédito.
Fonte: Dolzan Júnior (2009, p. 25).

171
Administração Financeira

Cálculo Do Valor Do Desconto


A fórmula principal utilizada no cálculo do desconto é:

d=Nxixn

Sendo que:

d – Desconto comercial
N – Valor futuro do título, valor no vencimento ou valor nominal
i – Taxa de juros
n – Quantidade de dias para o vencimento do título

Vejamos o exemplo a seguir:

Temos um título com valor nominal de R$ 3.000,00, vencimento em 120 dias,


sendo que a taxa de desconto comercial simples é de 2,50% ao mês. Qual é o
valor do desconto?

N = R$ 3.000,00
i = 2,50% a.m.
n = 120 dias
d = R$ ???

• Deve-se ajustar a taxa e o tempo para o mesmo período.


Taxa = 2,50% ao mês
Tempo = 120 dias (120 dias / 30 dias, equivalente a 1 mês)  4 meses

• Deve-se dividir a taxa por 100 para estabelecer o índice multiplicador


(2,50/100 = 0,0250).

Logo:
d=Nxixn
d = R$ 3.000,00 x 0,0250 x 4
d = R$ 300,00

O desconto é apurado de acordo com o valor nominal do título em R$


3.000,00, multiplicado pela taxa de 2,5% ao mês, e o resultado novamente
multiplica por 4 meses, isso perfaz o valor do desconto em R$ 300,00.

172
Capítulo 3 Engenharia Econômica

Cálculo Do Valor LÍQuiDo


A fórmula para calcular o valor líquido é o valor nominal menos o valor do
desconto.

VL = N - d

VL – Valor líquido
d – Desconto comercial
N – Valor Nominal ou no Vencimento do Título.

Vejamos o exemplo a seguir:

Uma empresa levou um título no valor nominal de R$ 3.800,00 ao Banco


para desconto. Qual o valor líquido recebido pela empresa nesta operação, sendo
que a taxa de desconto comercial simples é de 2,85% ao mês e o vencimento é
42 dias?

N = R$ 3.800,00
i = 2,85% a.m.
n = 42 dias
VL = R$ ???

• Deve-se ajustar a taxa e o tempo para o mesmo período.

Taxa = mensal
Tempo = dias
Reduzindo a taxa para dias, temos: 2,85% ao mês, divididos por 30 dias.

 2,85 / 30 = 0,095 a.d (ao dia)

• Deve-se dividir a taxa por 100 para se apurar o valor decimal.

 0,095 / 100 = 0,00095

Logo:
d=Nxixn
d = R$ 3.800,00 x 0,00095 x 42
d = R$ 151,62

173
Administração Financeira

Agora, vamos calcular o valor líquido:

Podemos concluir VL = N - d
que a empresa
VL = R$ 3.800,00 – R$ 151,62
recebeu o valor
líquido de R$ VL = R$ 3.648,38
3.648,38, sendo que
o Banco cobrou pela Podemos concluir que a empresa recebeu o valor líquido de R$
transação um valor 3.648,38, sendo que o Banco cobrou pela transação um valor de R$
de R$ 151,62. 151,62.

O valor líquido é a diferença entre o valor nominal e o desconto.

Podem ocorrer situações de cobrança de tarifa de abertura de crédito pela


instituição financeira, além da taxa de desconto, que também é descontada do
valor líquido (DOLZAN JÚNIOR, 2009).

Exemplo:
VL = N - d - tarifa
VL = R$ 3.800,00 – R$ 151,62 – R$ 30,00
VL = R$ 3.618,38

Nesse caso, o valor líquido do exemplo anterior seria R$ 3.618,38.

Além da tarifa de abertura de crédito, Dolzan Júnior (2009, p.28) comenta


que “pode ocorrer alguma cobrança de impostos na operação de desconto.
Geralmente ocorre a cobrança do IOF - Imposto sobre Operações Financeiras.
Nesse caso, é aplicado um percentual sobre o valor da operação, sendo esse
imposto repassado ao governo federal”.

Atividades de Estudos:

1) Um capital de R$ 29.000,00 foi aplicado durante 3 anos a uma


a taxa de 3% ao mês no regime de juros compostos. Calcule o
montante ao final dos 3 anos.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

174
Capítulo 3 Engenharia Econômica

____________________________________________________
____________________________________________________

2) Um capital de R$ 35.000,00 foi aplicado durante 3 anos a uma


taxa de 2% ao mês no regime de juros compostos. Calcule o
montante ao final dos 3 anos.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

3) Certo capital foi aplicado durante 3 anos à taxa de 3% ao mês no


regime de juros compostos, sendo que, após esse período, gerou
o montante de R$ 69.763,84. Calcule o capital inicial aplicado.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

4) Certo capital foi aplicado durante 2 anos à taxa de 3% ao mês no


regime de juros compostos, sendo que, após esse período, gerou
o montante de R$ 88.723,94. Calcule o capital inicial aplicado.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

Desconto De Vários TÍtulos


Muitas empresas recorrem às instituições financeiras para o desconto
de títulos. Isso acontece em função das vendas a prazo e da necessidade de
recursos imediatos. Pode acontecer o desconto de vários títulos com prazos de
vencimentos diferentes ao mesmo tempo.

Para facilitar este tipo de operação, as instituições financeiras utilizam o


prazo médio, que é uma média ponderada dos descontos.

175
Administração Financeira

A fórmula para calcular o prazo médio (PM) é a seguinte:

PM = (Valor título 1 x dias) + (Valor título 2 x dias) + (Valor título n x dias)


SOMATÓRIO dos valores dos títulos

Observação: Onde se lê “Valor título n x dias” significa que a


fórmula pode conter “n” variáveis, ou seja, 3, 4, 5 ou 10 títulos e
assim por diante.

A seguir, um exemplo de cálculo do prazo médio de vencimento dos títulos:

PM = (Valor título 1 x dias) + (Valor título 2 x dias) + (Valor título n x dias)


SOMATÓRIO dos valores dos títulos

PM = (R$ 8.500,00 x 35) + (R$ 5.000,00 x 45) + (R$ 12.000,00 x 55)


R$ 8.500,00 + R$ 5.000,00 + R$ 12.000,00

PM = (297.500) + (225.000) + (660.000)


25.500

PM = 1.182.500
25.500

PM = 46,372549 dias aproximadamente.

O Prazo Médio é utilizado para estabelecer uma média de


vencimento, facilitando as operações de desconto quando existem
vários títulos ao mesmo tempo com vencimentos diferentes.

176
Capítulo 3 Engenharia Econômica

O cálculo pode ser feito com o uso da calculadora financeira HP12C. Nesse
caso, deve-se usá-la de forma correta, conforme os passos a seguir:

1º Limpe a memória da calculadora usando as teclas � f FIN � f REG

2º Em seguida, digite os valores dos dias e dos títulos para calcular o prazo
médio da seguinte forma:

1º Passo: Digite o dia de vencimento


2º Passo: Digite enter
3º Passo: Digite o valor do título
4º Passo: Digite a tecla Σ+ (aparecerá no visor o número 1)
5º Passo: Repita a operação para o próximo dia de vencimento e valor de
título. Quando pressionar a tecla Σ+ aparecerá o número 2, e, assim,
sucessivamente.
6º Passo: Para finalizar o cálculo, pressione a tecla g, seguida da tecla do
número 6, e terá o prazo médio de dias.

Exemplo:

 35 ENTER 8.500 Σ+
 45 ENTER 5.000 Σ+
 55 ENTER 12.000 Σ+
 g6
 Resultado = 46,372549 dias

Agora que aprendemos a calcular o desconto, veremos as tarifas e impostos


sobre estas operações. O próximo item trata disso.

TaXa EFetiVa
Conforme Groppelli
São tarifas e impostos cobrados sobre a operação de desconto. e Nikbakht (1998,
Essas despesas incidem sobre o valor de desconto de títulos. p. 54, grifo dos
autores), “a taxa
Conforme Groppelli e Nikbakht (1998, p. 54, grifo dos autores), “a taxa
de desconto ou de
de desconto ou de capitalização é uma taxa de juro aplicada a uma capitalização é uma
série de futuros pagamentos ou recebimentos ajustados ao risco e à taxa de juro aplicada
incerteza do fator tempo”. a uma série de
futuros pagamentos
Para Kuhnen e Bauer (1994, p. 77-78), taxa efetiva: ou recebimentos
ajustados ao risco e
É a taxa que realmente é paga no período em à incerteza do fator
que foi fornecida, independente do período de tempo”.

177
Administração Financeira

capitalização. Isto quer dizer que se um capital foi aplicado


durante um tempo à determinada taxa, não importa o período de
capitalização, que no resultado final, o montante, será o mesmo.

Vejamos um exemplo:

Qual é o valor do desconto, do valor líquido e da taxa efetiva mensal da


operação em que um título, com vencimento em 90 dias, no valor de R$ 57.900,00
foi levado ao Banco para desconto? O banco cobrou uma tarifa de abertura de
crédito no valor de R$ 300,00 e aplicou uma taxa de desconto simples de 3,2% a.m.

Valor do Desconto:
d=Nxixn
d = R$ 57.900,00 x 0,032 x 3
d = R$ 5.558,40

Valor Líquido:
VL = N - d - tarifa
VL = R$ 57.900,00 – R$ 5.558,40 – R$ 300,00
VL = R$ 52.041,60

Taxa Efetiva Mensal - TEM


Fórmula:

De acordo com Dolzan Júnior (2009), deve-se dividir o valor nominal pelo
valor líquido e, depois, subtrair 1 do resultado. Em seguida, multiplicar o resultado
por 100, depois dividir o resultado pelo número de dias, multiplicando esse novo
resultado por 30.

Portanto, no exemplo anterior, a taxa efetiva é:

178
Capítulo 3 Engenharia Econômica

TEM = 0,125079424 x 30
TEM = 3,752382711 %

Podemos concluir que a taxa mensal é de 3,752382711% ao mês. Embora o


Banco tenha informado uma taxa de 3,20% ao mês, ao aplicar a tarifa, essa taxa
aumentou consideravelmente.

Aspectos Econômicos e Financeiros


na Gestão Empresarial
Existem alguns registros contábeis que afetam o patrimônio da empresa
e seu reflexo está nas contas de resultado (Demonstração do Resultado do
Exercício - DRE), não passando necessariamente pelas contas de caixa e
bancos. Por isso, precisam ser devidamente compreendidos e/ou aplicados.
Estes registros são denominados de depreciação, amortização e exaustão. Outro
aspecto econômico interessante é a inflação, que não é registrada nos resultados
da empresa. Fatores comerciais presentes no mercado, como oferta e demanda,
podem gerar inflação, que, indiretamente, acaba afetando o resultado da empresa

179
Administração Financeira

com custos e despesas mais elevados que períodos anteriores. O que significa
cada um deles, como aplicá-los e suas consequências é o que vamos estudar a
partir de agora.

Depreciação, AmortiZação e
EXaustão
O ativo imobilizado O ativo imobilizado contém elementos que têm um período de vida
contém elementos econômica útil. Com exceção de alguns itens, por exemplo, terrenos, a
que têm um período diminuição de valor destes elementos deve ser contabilizada e registrada
de vida econômica periodicamente, durante a sua vida útil econômica, em algumas contas
útil.
específicas, que são a depreciação, a amortização e a exaustão.

Segundo Iudícibus, Martins e Gelbcke (2000, p. 194), o art. 183, § 2º, da Lei
n. 6.404/76, estabelece estas contas, conforme segue:

a) depreciação, quando corresponder à perda do valor dos


direitos que têm por objeto bens físicos sujeitos à desgastes ou
perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência;
b) amortização, quando corresponder à perda do valor do
capital aplicado à aquisição de direitos da propriedade industrial
ou comercial e quaisquer outros com existência ou exercício de
duração limitada, ou cujo objeto sejam bens de utilização por
prazo legal ou contratualmente limitado;
c) exaustão, quando corresponder à perda do valor, decorrente
de sua exploração, de direitos cujo objeto sejam recursos
minerais ou florestais, ou bens aplicados nessa exploração.

Na sequência, vamos ver cada uma destas contas.

a) Depreciação

A depreciação é a diminuição do valor dos bens corpóreos que integram o


ativo permanente, em decorrência de desgaste ou perda de utilidade pelo uso,
ação da natureza ou obsolescência.

A palavra depreciação é utilizada tanto na linguagem popular como na


linguagem tecnológica, econômica e contábil. Popularmente, está ligada à ideia
de valor, embora seja quase sempre não bem definido. Na visão tecnológica, a
depreciação significa a perda de eficiência funcional dos bens, como máquinas,
instalações e veículos. Na economia, a palavra está intimamente relacionada à ideia
de diferença entre valores, podendo ser objetivos, se forem valores de mercado, ou
subjetivos, se forem valores atribuídos pelos proprietários aos seus próprios bens.

180
Capítulo 3 Engenharia Econômica

Na visão contábil, a depreciação significa um custo amortizado, podendo ser


de um período ou global – toda a vida útil do bem. É a transformação do custo de
aquisição, representado pela saída ou compromisso de saída (se ainda não pago)
de caixa não recuperável pelo valor residual de venda.

Segundo Iudícibus (1998, p. 202), “[...] a depreciação é um custo Conforme Groppelli


amortizado. A depreciação de um período é o custo amortizado nesse e Nikbakht (1998,
período, assim como a depreciação global de um bem é a parte do p. 54, grifo dos
custo amortizado durante a vida útil do bem”. autores), “a taxa
de desconto ou de
capitalização é uma
Para Neves e Viceconti (1999, p. 67), a depreciação “representa taxa de juro aplicada
o desgaste ou a perda da capacidade de utilização (vida útil) de bens a uma série de
tangíveis ou físicos pelo uso, por causas naturais ou por obsolescência futuros pagamentos
tecnológica”. ou recebimentos
ajustados ao risco e
à incerteza do fator
O encargo da depreciação pode ser registrado como custo ou
tempo”.
despesa operacional, conforme o caso. A depreciação dos bens
utilizados na produção é considerada um custo, enquanto a depreciação dos
demais bens é registrada como despesa operacional.

Vejamos como é o registro da depreciação na contabilidade:

Débito (D) – Em uma conta de despesas ou custo de depreciação, na


Demonstração do Resultado do Exercício.

Crédito (C) – Em uma conta de Depreciação Acumulada, no grupo do


Imobilizado, no Ativo Não Circulante.

A conta (D) devedora é de resultado e representa o encargo econômico


suportado pela entidade, é uma despesa gerada para as atividades operacionais
da empresa. Se a empresa precisa do Imobilizado para produzir, então, esse
Imobilizado irá gerar uma despesa pela sua utilização. Assim, essa despesa irá
reduzir o seu lucro.

A conta (C) credora reduz o valor do bem do ativo sujeito à depreciação.


Integra o Balanço Patrimonial, sendo demonstrado com a conta do bem (mas
em linha separada) para apresentar o quanto em valor determinado bem do
Imobilizado já foi depreciado.

181
Administração Financeira

O encargo de depreciação somente é computável no resultado


do exercício a partir da época em que o bem é instalado, posto em
serviço ou em condições de produzir.

O valor da depreciação acumulada não pode ultrapassar o custo de


aquisição do bem a que se refere, corrigido monetariamente. O mesmo se aplica
à amortização e à exaustão.

Não é admitido o registro de quota de depreciação em relação aos seguintes bens:

 Terrenos, salvo em relação aos melhoramentos e construções;


 Prédios e construções não alugados, nem utilizados por seu proprietário
na produção de seus rendimentos ou imóveis destinados à venda;
 Bens que normalmente aumentam de valor com o tempo, como obras de
arte ou antiguidades;
 Bens em relação aos quais seja registrada quota de exaustão.

A seguir, demonstramos uma tabela de taxas aplicáveis aos bens de


ocorrência mais usual.

Tabela 5 – Taxas de depreciação


Anos de
Taxa anual
vida útil
Edifícios 4% 25
Máquinas e Equipamentos 10% 10
Instalações 10% 10
Móveis e Utensílios 10% 10
Veículos 20% 5
Computadores e periféricos 20% 5
Fonte: O autor.

As taxas acima são definidas pela legislação do Imposto de Renda, porém,


conforme as atuais normas contábeis, é possível depreciar os bens de acordo
com o volume de produção definido pelo planejamento da produção da empresa.
Ou seja, se uma empresa deseja utilizar determinada máquina para a produção de
20 milhões de peças, em um determinado tempo (que será diferente do período
proposto pela Receita Federal).

182
Capítulo 3 Engenharia Econômica

b) Amortização

É a eliminação gradual e periódica do ativo de uma empresa, como encargos


do exercício, das imobilizações financeiras ou imateriais.

A amortização destina-se apenas a significar perda de valor de coisas


imateriais ou de imobilizações financeiras, como despesas gerais de instalação,
aviamentos e dívidas em longo prazo. Neves e Viceconti (1999, p. 73) esclarecem
que a amortização “compreende a importância correspondente à recuperação
do capital aplicado em bens intangíveis, ou dos recursos aplicados em despesas
que contribuam para a formação do resultado de mais um exercício social, a ser
lançada como custo ou encargo, em cada exercício”.

Podemos dizer que amortização é a recuperação econômica do capital,


aplicada nos seguintes casos:

I – Despesas que contribuam para formação do resultado de mais de um


exercício social. Exemplos: despesas com seguros pagos à vista e que são
amortizadas durante o período de 12 meses; despesas com IPTU que, mesmo
sendo pagos à vista, devem ser amortizadas durante o período vigente do IPTU,
ou seja, 12 meses.

II – Direitos cuja existência ou exercício tenha duração limitada ou bens cuja


utilização tenha prazo legal ou contratual limitado e desde que, em nenhuma
hipótese, caiba indenização, como:

• Bens intangíveis ou direitos de uso, por exemplo: patentes de invenção,


fórmulas e processos de fabricação;

• Investimento em bens que, nos termos da lei ou contrato que regule a


concessão de serviço público, devem reverter ao poder concedente, ao
final do prazo de concessão;

• Direitos autorais, licenças, autorizações para exploração de determinada


atividade econômica, concessões para exploração de serviços públicos,
bem como o custo de aquisição, prorrogação ou modificação de contratos
de qualquer natureza, inclusive de exploração de fundos de comércio;

• Custo das construções e benfeitorias em bens locados, arrendados ou


cedidos por terceiros;

• O valor dos direitos contratuais de exploração de florestas.

183
Administração Financeira

c) Exaustão

A exaustão corresponde à diminuição do valor dos recursos naturais


explorados que não são renováveis.

Conforme Neves e Viceconti (1999, p. 75-76), a exaustão deve:

[...] ser lançada como custo ou encargo, em cada período


base, nas mesmas condições dos cálculos dos encargos de
depreciação e amortização, considerando o custo de aquisição
ou prospecção, dos recursos explorados. A quota anual será
determinada pelo volume da produção no período e sua relação
com a possança conhecida da mina, ou em função do prazo de
concessão dado pela autoridade governamental.

Neves e Viceconti (1999) observam, ainda, que em situação de esgotamento


indeterminado ou inesgotável, como é o caso de algumas jazidas minerais ou
fonte de água mineral, a determinação do lucro real não pode incluir os encargos
de exaustão, e o custo de aquisição do bem não pode ser superior ao valor da
conta exaustão acumulada.

InFlação
A inflação pode ser definida como o aumento generalizado e constante
dos preços, resultando na perda do poder aquisitivo da moeda. É um fenômeno
essencialmente monetário, causado pelas novas emissões de papel-moeda, que,
injetadas no sistema, elevam substancialmente os meios de pagamentos, sob a
rápida propagação do efeito multiplicador da moeda escritural.

Hoji (2000, p. 55) confirma estas palavras, dizendo que “pode-se definir a
inflação, de forma simplista, como sendo o aumento generalizado de preços,
que provoca a redução do poder aquisitivo da moeda. Se ocorrer a redução
generalizada de preços, esse fenômeno econômico se chama deflação”.

Se a inflação Se a inflação provoca o aumento de preços, a redução da inflação


provoca o aumento também pode provocar impacto na economia. No Brasil, onde os preços
de preços, a variaram em torno de 80% ao mês, em 1994, e, atualmente, chegou
redução da inflação a patamares de menos de 10% ao ano, podendo ocasionar, segundo
também pode
Silva e Jorge (1999, p. 231-232):
provocar impacto na
economia. 1. Uma ameaça para o sistema bancário, em virtude da perda
dos rendimentos derivados da aplicação financeira dos saldos
de contas de depósitos à vista de seus correntistas, saldos
estes não remunerados ou não-corrigidos.

184
Capítulo 3 Engenharia Econômica

2. Uma oportunidade para as empresas mais competitivas,


em virtude da maior facilidade de comparações de preços por
parte dos consumidores, em situação de maior estabilidade de
preços.
3. Oportunidade para vendas a prazo, em virtude de maior
previsibilidade por parte dos demandantes.
4. Oportunidades para negócios que competem com
grandes supermercados, diante do fato de que, sob
condições de estabilidade de preços, os consumidores
podem mudar de hábito, passando de uma prática de
realização de grandes compras mensais para outras de
compras amiúde. Neste caso, poderão ser beneficiados
os empreendimentos menores, estrategicamente
localizados junto à sua clientela.

Inflação é o aumento generalizado de preços que provoca a


redução do poder aquisitivo da moeda.
Deflação é a redução generalizada de preços.
Estagflação é a situação em que o produto nacional (ou produto
per capita) não mantém nível de crescimento à altura do potencial
econômico do país.

ConseQuÊncias Da InFlação
Devemos estar atentos a um processo inflacionário, pois ele pode ocasionar
grandes impactos na política econômica do país, que são os seguintes:

a) Perda do poder aquisitivo da moeda: Atinge especialmente aqueles


que vivem de rendimentos fixos de forma temporária, como os assalariados,
aposentados e pensionistas (beneficiários da previdência social), que necessitam
ajustar seu poder de compra ao aumento progressivo do custo de vida. Segundo
Possamai (2003, p. 25), “as mesmas consequências atingem também as
instituições cujos rendimentos são decorrentes de juros pré-fixados auferidos
através de títulos de crédito emitidos pelo governo ou por empresas do setor
financeiro”.

b) Distorções no mercado de crédito: Diante de uma inflação intensa, o


mercado de crédito pode apresentar distorções, principalmente quando a alta de
preços não era esperada pelos mutuantes e mutuários. Nesse caso, Possamai
(2003) aborda que credores são duramente atingidos e os devedores beneficiados.

185
Administração Financeira

Quando as taxas de juros passam a ser negativas, aumentam as pressões sobre


as fontes de crédito. Mas estas, em contrapartida, não disporão de recursos ao
nível da demanda.

c) Alterações na área de investimentos produtivos: A inflação provoca


um gradativo desvio de recursos que poderiam ser aplicados em atividades
produtivas, mas que acabam convergindo para fins especulativos. Possamai
(2003, p. 25) observa que:

A inflação intensa de rentabilidade desencoraja o setor


privado a investir em indústria de base, devido aos longos
prazos de maturação desse tipo de empreendimento. Esses
desvios reduzem a expansão possível de emprego e induzem
a aplicações que possibilitem o lucro de curto prazo ou que
protejam o patrimônio pessoal, de que são exemplos típicos as
transferências imobiliárias.

d) Comprometimento do equilíbrio da balança de pagamentos: A inflação,


de forma acelerada e intensa, atinge, também, o setor externo. O aumento interno
dos preços, as taxas mais aceleradas do que as de outros países com os quais
se mantêm relações de comércio, pode estimular a importação e desestimular a
exportação. O desequilíbrio da balança comercial pode comprometer o equilíbrio
da balança de pagamentos e o nível global de emprego da economia. Esse efeito
pode ser evitado se houver desvalorizações da taxa de câmbio, embora estas
possam provocar novos movimentos inflacionários, à medida que deduzem à
expansão dos preços dos produtos de importação que tenham alta rentabilidade
na composição dos custos da produção interna (POSSAMAI, 2003).

O aumento interno dos preços, as taxas mais aceleradas do que


as de outros países com os quais se mantêm relações de comércio,
pode estimular a importação e desestimular a exportação.

e) Distorções no papel orientador do mercado: Nas economias


fundamentadas na livre iniciativa empresarial, os movimentos dos preços e o livre
jogo das forças de mercado têm função de orientar as atividades produtivas. Com
os preços estáveis, o aumento do preço de determinado produto significa que a
oferta é insuficiente para atender a demanda. Contudo, a diminuição do preço de
determinado produto pode representar o excesso de oferta no mercado. Como os
empresários se orientam por estas sinalizações de mercado, serão estimulados a
produção de produtos com demanda insuficiente. Mas um processo inflacionário

186
Capítulo 3 Engenharia Econômica

intenso pode distorcer esse papel orientador do mercado, prejudicando a eficiência


do sistema empresarial.

Com os preços estáveis, o aumento do preço de determinado


produto significa que a oferta é insuficiente para atender a demanda.
Contudo, a diminuição do preço de determinado produto pode
representar o excesso de oferta no mercado.

Tipos De InFlação e Mecanismos De


Controle
Além das consequências que um processo inflacionário pode causar, também
podemos identificar tipos diferentes de inflação, como os seguintes:

a) Inflação de Custos: é um processo inflacionário ocasionado ou


intensificado pela elevação dos custos de produção, especialmente dos salários
ou dos preços das matérias-primas.

b) Inflação de Demanda: é ocasionado pelo aumento dos rendimentos.


Isso ocorre quando os meios de pagamento crescem além da capacidade de
crescimento da economia ou, antes que a produção esteja em plena capacidade,
impedindo que a maior demanda decorrente do aumento dos rendimentos seja
atendida. Com isso, aumentam os preços e, por consequência, os salários e os
rendimentos em geral, formando uma espiral inflacionária (POSSAMAI, 2003).

O combate à
A intensidade da inflação determina o aumento de preços. inflação é definido
Numa inflação rastejante, o aumento geral de preços ocorre de forma pelo conjunto de
suave e quase imperceptível. Todavia, em uma inflação galopante medidas tomadas
(hiperinflação), ocorre um aumento intenso do nível geral dos preços. pelo governo do
país com objetivo
de atuar e influir
O combate à inflação é definido pelo conjunto de medidas
sobre o mecanismo
tomadas pelo governo do país com objetivo de atuar e influir sobre o de produção,
mecanismo de produção, distribuição e consumo de bens e serviços, distribuição e
denominado de política econômica. O alcance e o conteúdo de uma consumo de
política econômica variam de acordo com cada país, dependendo do bens e serviços,
grau de diversificação de sua economia, da natureza do regime social denominado de
política econômica.

187
Administração Financeira

e do nível de atuação dos grupos de pressão (partidos, sindicatos, associações


de classe e movimento de opinião pública).

Existem três tipos de políticas econômicas que atuam no combate à inflação,


segundo Possamai (2003, p. 27-28, grifo do autor), que são:

A política estrutural está voltada para modificação da estrutura


econômica do país (podendo chegar até mesmo a alterar a
forma de propriedade vigente), regulando o funcionamento
do mercado (proibição de monopólios e trustes) ou criando
empresas públicas, regulamentando os conflitos trabalhistas,
alterando a distribuição de renda ou nacionalizando empresas
estrangeiras.
A política de estabilização conjuntural visa à superação de
desequilíbrios ocasionais. Pode envolver tanto uma luta contra
a depressão como combater à inflação ou à escassez de
determinados produtos.
A política de expansão tem por objetivo a manutenção ou
a aceleração do desenvolvimento econômico. Nesse caso,
podem ocorrer reformulações estruturais alfandegárias e maior
rigor na política cambial contra a concorrência estrangeira.

A política econômica depende da própria visão que os


governantes têm do papel do Estado no conjunto da sociedade, de
acordo com critérios políticos e ideológicos.

No Brasil, as políticas econômicas das últimas décadas, buscando a


estabilização da economia, fizeram com que fossem implementados diversos
planos, como: o Plano Cruzado (1986), Plano Bresser (1987), Plano Verão (1989),
o Plano Collor (1990), o Plano Collor II (1991) e o Plano Real (1994).

O Estado exerce sua atividade através de uma série de medidas que visam
ao desenvolvimento econômico e consequente controle da inflação, conforme
Possamai (2003, p. 28, grifo do autor).

Política Fiscal: Define e aplica os impostos e taxas sobre os


agentes econômicos; com base na Receita Fiscal, define os
gastos do Governo; influi na política monetária, em especial
no fluxo de caixa e na concessão de créditos dos agentes
econômicos.
Política Monetária: Conjunto de medidas adotadas pelo
governo visando adequar os meios de pagamentos disponíveis
às necessidades da economia do país.

188
Capítulo 3 Engenharia Econômica

Política Cambial: Define o valor externo da moeda; controla


os fluxos de moeda estrangeira; impacta o valor interno da
moeda.
Política de Rendas: Controla os fatores de produção, como
salários, encargos, distribuição de resultados da atividade
econômica, sistemas de preços.

Desde de março de 1990 não existe mais índice oficial de


inflação no Brasil. Porém, ela é medida pelo Índice Geral de Preços –
Mercado (IGP-M), da Fundação Getúlio Vargas; pelo Índice Nacional
de Preços ao Consumidor (INPC), elaborado pelo IBGE; e pelo Índice
de Preço ao Consumidor (IPC), medido pela FIPE.

Atividades de Estudos:

1) O que é DESCONTO COMERCIAL SIMPLES?


____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

2) Um título com valor nominal de R$ 10.000,00 tem vencimento em


60 dias, sendo que a taxa de desconto comercial simples é de
4,00% ao mês. Qual é o valor do desconto?
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

2) Como pode ser definida a INFLAÇÃO?


____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

189
Administração Financeira

Algumas ConsiDeraçÕes
Prezado(a) acadêmico(a), finalizamos o capítulo 3.

Neste capítulo, você conheceu as ferramentas da matemática financeira,


como apurar o valor presente de um resultado previsto por uma simulação de
aplicação financeira, assim como apurar o valor futuro de acordo com o valor
aplicado com determinada taxa e período contratado.

Você também estudou o que são os descontos, e como se apuram os


descontos com base no período e taxa negociada.

Você teve oportunidade de aprender como é calculado o prazo médio em dias


de um montante de duplicatas que a empresa necessita cobrar, lembrando que
este resultado permite comparar o prazo médio de fornecedores para negociar
maiores prazo, caso suas duplicatas tiverem prazo médio menor.

Por final, você estudou que a inflação é o aumento persistente e generalizado


no valor dos preços.

ReFerÊncias
DOLZAN JÚNIOR, Natal. Apostila de matemática comercial e financeira:
educação a distância. Blumenau: IADE – Instituto de Administração e Direção de
Empresas, 2009.

GROPPELLI, A.A.; NIKBAKHT, Ehsan. Administração financeira. 3. ed. São


Paulo: Saraiva, 1998.

HOJI, Masakazu. Administração financeira: uma abordagem prática:


matemática financeira aplicada, estratégias financeiras, análise, planejamento e
controle financeiro. São Paulo: Atlas, 2000.

IUDÍCIBUS, Sérgio de. Contabilidade introdutória. 9. ed. São Paulo: Atlas,


1998.

______.; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens. Manual de


contabilidade das sociedades por ações: aplicável às demais sociedades. 5.
ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2000.

190
Capítulo 3 Engenharia Econômica

KUHNEN, Osmar Leonardo; BAUER, Udibert Leonardo. Matemática financeira


aplicada e análise de investimentos. São Paulo: Atlas, 1994.

NEVES, Silvério das; VICECONTI, Paulo Eduardo V. Contabilidade avançada e


análise das demonstrações financeiras. 8. ed. São Paulo: Frase Editora, 1999.

POSSAMAI, Ademar. Apostila de economia. Jaraguá do Sul: UNERJ –


Fundação Educacional Regional Jaraguaense, 2003.

SILVA, Fábio Gomes da; JORGE, Fauzi Tímaco. Economia aplicada à


administração. São Paulo: Futura, 1999.

191
Administração Financeira

192
C APÍTULO 4
Orçamento Empresarial

A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes


objetivos de aprendizagem:

 Compreender os conceitos da empresa como um Sistema.

 Entender o que são orçamentos e como podem ser aplicados nas empresas.

 Identificar de que forma os orçamentos podem ser utilizados na gestão dos


recursos financeiros e resultados econômicos da empresa.

 Apurar os custos industriais e entender o seu reflexo no processo orçamentário


da produção.

 Elaborar um orçamento, considerando as diversas áreas relacionadas, como o


orçamento de vendas, o orçamento de produção e o orçamento das despesas
operacionais.
Administração Financeira

194
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

ConteXtualiZação
Muitas vezes, indagamo-nos sobre a aplicabilidade e utilidade do Orçamento.
Nesse sentido, algumas perguntas são frequentes, tais como: é viável implantar
um sistema orçamentário? Qual é o grau do retorno de informações que pode
fornecer para o gestor? Qual é o custo financeiro e de treinamento de pessoal
qualificado para a sua implantação?

O sistema de controle orçamentário precisa ser claro, objetivo e corresponder


às necessidades da organização. Mas, para apresentar um perfeito nível de
adequação e corresponder às necessidades dos gestores, deve passar por um
processo de “moldagem” para melhor se adequar à estrutura organizacional da
empresa. A sua utilização é de grande relevância, pois empresas que o adotam
são consideradas bem administradas.

Toda empresa deve possuir metas e objetivos, caso contrário, Toda empresa deve
ficará difícil alcançar o sucesso no mercado. O sistema orçamentário possuir metas e
contribui para a fixação dessas metas e objetivos, e a integração de objetivos, caso
cada subsistema orçamentário auxilia a gestão de cada unidade de contrário, ficará difícil
negócio (centros de responsabilidades), além de possibilitar uma efetiva alcançar o sucesso no
mercado.
delegação de poderes, pois o alto executivo não interfere nas atividades
operacionais (delegação de autoridade e cobranças de responsabilidades).

Entendemos que o processo orçamentário, quando bem implantado, poderá


auxiliar os gestores na definição das metas a serem alcançadas pela empresa.
Essas metas devem ser definidas de acordo com a realidade do mercado e dentro
da possibilidade de serem cumpridas, pois nada é pior para a empresa do que
definir metas inalcançáveis. Assim, é possível capacitar a equipe para que esteja
melhor preparada para cumprir as estratégias da empresa.

O Processo Orçamentário
De modo geral, o controle orçamentário parece ser complexo. Mas muitos
dos processos orçamentários podem ser simplificados se o gestor dispuser de
uma equipe preparada para a sua implantação, que corresponder à estrutura
organizacional da empresa. Passarelli e Bomfim (2004, p. 17-18) diz que:

A importância do sistema de Controle Orçamentário para a


administração moderna comprova-se, facilmente, através da
notável aceitação que o uso de orçamentos vem alcançando
nas últimas décadas, apesar de sua complexidade. [...] a técnica
orçamentária, apesar de simples em teoria, é de aplicação

195
Administração Financeira

complexa, exige trabalhos de implantação relativamente


dispendiosos e não costuma dar resultados plenamente
satisfatórios antes de decorridos dois ou três anos de prática
constante e de contínuos aperfeiçoamentos.

Conforme Passarelli e Bomfim (2004, p. 18), “[...] pesquisas recentes


conduzidas nos Estados Unidos indicam que 95% das empresas consideradas
bem administradas adotam uma ou outra forma de Controle Orçamentário”.

Um dos problemas enfrentados para um bom controle orçamentário é a falta


de profissionais qualificados. Nesse sentido, Passarelli e Bomfim (2004, p. 18)
aborda que:

No Brasil, assim como em outros países de igual nível de


desenvolvimento, a restrita difusão do método prende-se
mais à insuficiência de pessoal técnico realmente habilitado
do que à falta de interesse ou a dúvidas quanto à eficiência
do método por parte das empresas. [...] a larga utilização do
Controle Orçamentário explica-se, fundamentalmente, em
razão da constatação de que objetivos e planos bem definidos
constituem condição indispensável de sucesso empresarial.
[...] ao barco que não definiu o seu porto de destino (não fixou
objetivos e nem delineou rotas), nenhum vento será propício.

É fundamental um plano orçamentário para auxiliar o gestor na decisão dos


rumos de negócios da empresa, sempre percebendo o que ocorre no mercado,
pois qualquer oscilação refletirá no orçamento da empresa.

Os Limites Para a ElaBoração Dos


Orçamentos
É importante observar que não existem apenas vantagens. Devemos tomar
cuidado com o plano orçamentário, ele não deve, em HIPÓTESE ALGUMA, ser
superestimado.

Os orçamentos são baseados em estimações. Por mais


científicas que sejam as análises, sabemos que os dados
orçamentários serão sempre estimações; nesse caso, os
orçamentos não devem ser seguidos rigidamente. Se alguma
condição básica de influência direta nas informações orçadas
sofrer alteração, a administração deve levar em consideração
esse fator e tomar as medidas exigidas para correção ou,
mesmo, agir conscientemente fora dos limites orçamentários
(LEONE, 2000, p. 277).

196
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

Uma empresa que não implanta nenhum tipo de ferramenta orçamentária


também permanecerá no mercado, talvez não tão bem quanto outra que possui
o plano orçamentário implantado, mas prossegue com suas atividades. Engana-
se quem imagina que um plano orçamentário por si só determina se haverá
redução de pessoal ou não e, muito menos, substitui o papel do administrador.
Somente quem decide são as pessoas, se não houver pessoas para a tomada de
decisões, de nada adianta elaborar um excelente plano orçamentário. Portanto,
a empresa precisa de pessoas, sem pessoas não será possível administrar o
empreendimento. Vejamos o que Passarelli e Bomfim (2004, p. 22) diz:

Não se deve esquecer que o orçamento é um inestimável


instrumento de administração, mas não deve, NUNCA, ser
considerado como um substituto do administrador. Em outras
palavras: não pense que você vai reduzir, drasticamente, o
quadro de colaboradores pelo simples fato de passar a adotar
o sistema orçamentário em sua empresa. [...] O orçamento,
por si só, não administra coisa alguma, sendo extremamente
dependente de decisões administrativas corretas para o seu
efetivo funcionamento.

Outro ponto limitante para a elaboração dos orçamentos é o risco de projetar


algo fora do comum, criando situações desconfortáveis perante os demais
gestores de cada área ou dos subordinados. O orçamento deve ser elaborado
com estimativas realistas. Vejamos como Passarelli e Bomfim (2004, p. 22)
contribui neste aspecto:

Fundamentalmente baseado em previsões, o Controle


Orçamentário só pode ser eficiente na medida em que essas
estimativas forem criteriosamente desenvolvidas. Portanto, um
constante trabalho de formação e atualização de profissionais
aptos a formularem previsões razoavelmente corretas deve
ser uma preocupação permanente na empresa. Pode-se, com
facilidade, imaginar o que isso custa em termos de cursos,
palestras, aquisição de publicações periódicas de atualização,
remuneração condigna dos profissionais comprovadamente
mais eficientes, etc.

A constante mudança de mercado também pode ocasionar impactos


negativos ou positivos no plano orçamentário. Dependendo das tendências ou de
acontecimentos repentinos não previstos, algumas distorções podem acontecer,
por isso, é importante realizar constantemente revisões e adaptações. O orçamento
deve ser elaborado e implantado de forma a receber todas e quaisquer adaptações
e ajustes necessários durante o exercício social, ou seja, durante o ano.

197
Administração Financeira

Sistema Empresa
Podemos dizer que uma empresa é definida como uma união de esforços
financeiros, físicos e intelectuais, com a finalidade de criar e, consequentemente,
transacionar produtos e serviços no mercado interno e/ou externo, resultando
na formação e circulação de capital que possa trazer benefícios econômicos e
utilidade social.

Em outras palavras, é uma entidade constituída juridicamente, ou não, que


exerce atividade econômica de produção, transformação, comércio ou prestação
de serviços, podendo ter fins lucrativos, filantrópicos ou sociais.

Na sociedade atual, a maioria da população em idade produtiva tem ou teve


algum tipo de envolvimento com alguma empresa, seja como funcionário, seja
como sócio acionista, seja como prestador de serviços, dentre outros vínculos.

Conforme Padoveze (2009, p. 13), “a empresa é um sistema em que há


recursos introduzidos, que são processados, e há a saída de produtos ou
serviços”. Na mesma linha de raciocínio, Figueiredo e Caggiano (2008, p. 8)
mencionam que “a empresa é uma unidade produtora que visa criar riquezas,
transacionando em dois mercados, um fornecedor, outro consumidor”.

Para facilitar a compreensão do sistema organizacional de uma empresa,


deve haver, primeiramente, um reconhecimento do conjunto de departamentos
que integram a organização, bem como das atividades desempenhadas por
estes, haja vista que tais funções têm por finalidade propiciar a sustentabilidade
da empresa no mercado.

Mas vejamos a definição de sistema para compreendermos melhor o que é


um sistema empresa.

Beer (1969, p. 25) define que “qualquer coisa que consiste em partes unidas
entre si pode ser chamada de sistema, podem ser apontadas como agregados
de pedaços e peças [...]”. Para Bio (1985, p.18), o sistema é “[...] um conjunto
de elementos interdependentes, ou um todo organizado, ou partes que
Em uma empresa,
interagem formando um todo unitário e complexo”.
sempre ouvimos
dizer que as
“coisas” no seu Em uma empresa, sempre ouvimos dizer que as “coisas” no seu
ambiente funcionam ambiente funcionam corretamente quando existe a harmonia das
corretamente quando atividades relacionadas entre si. Existem atividades que são exercidas
existe a harmonia em diversas áreas, departamentos ou setores da empresa para que
das atividades
a matéria-prima seja industrializada e transformada em produtos
relacionadas entre si.

198
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

ou mercadorias para o consumidor. E, para que isso aconteça, as atividades


exercidas nestes setores devem estar em harmonia. Por isso, chamamos de
sistema empresa. Um conjunto no qual diversas partes, cada uma com sua função
(no caso da empresa, como exemplo, os setores de produção, compras, vendas,
administrativo, financeiro, dentre outros) formam um todo (no caso da empresa, o
resultado é o produto final).

Tomemos como exemplo um conjunto de funções relacionadas ao setor


de projetos de uma empresa, em que os funcionários têm a função de elaborar
o desenho de um determinado tipo de produto. A área de projetos, com base
nas dimensões estruturadas, identificará os tipos de materiais necessários
à produção desse produto. O setor de administração da produção necessita
dessas informações para elaborar as planilhas de cálculo do tempo estimado da
produção e saber quais os tipos de materiais que serão utilizados. Prosseguindo
nessa cadeia de atividades, o departamento de compras realizará as cotações de
preços e pesquisará os fornecedores com melhores preços, prazos e qualidade,
para ter uma noção de quanto se gastaria na aquisição de insumos e matéria-
prima necessária à fabricação do produto. Por sua vez, a área de custos apurará
os valores necessários para a produção e identificará a margem de lucratividade
ideal para manter a perenidade (a sobrevivência) da empresa no mercado.

Para entendermos como uma empresa transforma recursos materiais,


humanos, financeiros, tecnológicos, dentre outros, em produtos e serviços que
são destinados ao mercado, considerando o conceito de sistema empresa,
observemos a Figura 15:

199
Administração Financeira

Figura 15 – Visão sistêmica da empresa

Fonte: Adaptado de Catelli (1999, p. 39).

Na figura anterior você pode visualizar, de forma bastante simplificada, que a


empresa é percebida como um sistema.

Note que os recursos naturais, materiais, financeiros, de tecnologia e de


informação geram impactos no processo produtivo da empresa. Esse processo
produtivo se resume na elaboração de produtos e serviços que serão disponibilizados
ao mercado consumidor. A geração de produção e oferta ao mercado consumidor é
o que proporcionará o Resultado Econômico para a empresa.

Naturalmente, também diversos fatores externos à empresa, como o


governo, as políticas econômicas, a relação entre fornecedores e clientes, podem,
frequentemente, alterar a sua dinâmica. Isso significa que, ao mesmo tempo
em que a empresa precisa interagir no seu ambiente interno, também sofre a
influência do ambiente externo, conforme podemos observar na figura a seguir:

200
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

Figura 16 − A influência do ambiente interno e externo na empresa (macrossistema)

Fonte: Disponível em: <http://juliobattisti.com.br/tutoriais/


lucineiagomes/som001.asp>. Acesso em: 21 nov. 2011.

De acordo com a figura anterior, há influência do governo com determinações


legais e fiscais, do sistema financeiro por causa da oferta de recursos financeiros,
do sindicato porque tem a função de intervir nas negociações salariais
dos funcionários, da tecnologia porque possibilita otimizar processos, dos
consumidores porque anseiam por qualidade e inovações, da comunidade porque
busca o seu desenvolvimento local e regional para o desenvolvimento da cidade,
da concorrência que traz a competitividade e a disponibilização da mão de obra
com o objetivo de atingir o planejamento da produção da empresa.

CaracterÍsticas Do Sistema
OrganiZacional De Uma Empresa
A partir das considerações do item anterior, entendemos que a união dos
departamentos integrantes de uma empresa resulta em um sistema organizacional,
dentro do qual existe uma ordem hierárquica a ser respeitada em decorrência do
agrupamento humano integrante da organização.

Para que o sistema empresa tenha um bom funcionamento, é dividido em


vários subsistemas, que são os seguintes:

a) Institucional: também denominado de matriz, responsável pelos


demais subsistemas, compreende a missão, assim como crenças e valores da
organização.

201
Administração Financeira

b) Gestão: é o responsável pelo processo de tomada de decisões, pois


abrange as atividades de planejamento, gerenciamento e mecanismo de controle
interno.

c) Organização: é como a empresa está organizada, o tipo de estrutura


empregada (vertical ou horizontal), o grau de autoridade e atribuição de
responsabilidade. O objetivo é assegurar que todas as atividades da organização
sejam desenvolvidas de forma ética, sendo influenciadas pelo subsistema
institucional.

d) Social: abrange o quadro funcional da empresa, incluindo-se nessa


esfera a cultura e demais características inerentes ao capital intelectual da
organização. Guerreiro (1996, p. 171) destaca os seguintes fatores que envolvem
este subsistema: “necessidades dos indivíduos; criatividade; objetivos individuais;
motivação; liderança; treinamento, etc.”.

e) Informação: tendo em vista a atual dinâmica dos mercados como um


todo, este subsistema aparece com considerável importância, pois consiste no
conjunto de dados necessários para uma melhor tomada de decisão dos gestores
da empresa. Guerreiro (1996, p. 172) enfatiza que:

[...] dentre as inúmeras atividades executadas no âmbito


da empresa, existem aquelas que objetivam basicamente a
manipulação de informações. Elas geram essas informações
através da manipulação (processamento) de dados derivados
da execução das diversas atividades necessárias ao
desenvolvimento das funções empresariais básicas. Essas
atividades se caracterizam por três aspectos básicos: recebimento
de dados, processamento e geração de informações.

Os dados gerados nesta categoria buscam um elevado grau de excelência,


eliminando a criação de atividades desnecessárias, o que resulta em um melhor
procedimento de gestão.

f) Físico-operacional: compreende as instalações físicas e equipamentos


necessários para a realização das atividades inerentes à produção de bens
e serviços desenvolvidos pela empresa. Nesse contexto, ficam excluídos os
funcionários, pois estão vinculados ao modus operandi do know how. Como
exemplos de operacionalização das atividades “físico-operacional”, citamos os
procedimentos de compras, produção, vendas, finanças, manutenção, entre outros.

202
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

Missão Da Empresa
A missão de cada empresa encontra-se ligada ao seu respectivo motivo
básico de existência, notadamente correlacionado aos produtos e serviços
oferecidos por ela junto ao mercado, visando à satisfação de seu público-alvo.

O próprio conceito de sistema envolve a ideia de partes que


interagem para alcançar um objetivo em comum. Assim, os
diversos componentes do sistema empresa interagem, para
que esta atinja seus objetivos. Por objetivo entende-se o alvo
ou desígnio a que se quer atingir. São vários os objetivos de
uma empresa, que poderiam ser classificados por hierarquia de
importância e temporaneidade. O objetivo fundamental, isto é,
o mais importante e permanente, é a sua missão (MOSIMANN;
ALVES; FISCH, 1993, p. 19).

De acordo com Padoveze (2009), a missão constitui o propósito da empresa


e do seu negócio, portanto, deve comunicar interna e externamente. Ela deve ser
escrita de forma objetiva e breve, compreendendo as atividades da empresa, o
mercado de atuação, os produtos e serviços oferecidos, a sua diferenciação e o seu
papel em relação a seus concorrentes e às principais conquistas que se quer atingir.

Como exemplo, veja a transcrição da missão da empresa Petrobras:

Missão da Empresa Petrobras

Atuar na indústria de petróleo e gás de forma ética, segura e


rentável, com responsabilidade social e ambiental, fornecendo
produtos adequados às necessidades dos clientes e contribuindo
para o desenvolvimento do Brasil e dos países onde atua.

Fonte: Disponível em: <http://www.petrobras.com.br/pt/quem-


somos/estrategia/>. Acesso em 10 maio 2016.

Veja também a missão da empresa de cosméticos Avon:

203
Administração Financeira

Missão da Empresa Avon

- Ser líder global em beleza


- Ser a marca de escolha das mulheres
- Ser líder em vendas diretas
- Ser o melhor lugar para se trabalhar
- Ser a maior Fundação para as mulheres
- Ser a empresa mais admirada

Fonte: Disponível em: <http://www.avon.com.br/aavon>. Acesso em 10 maio 2016.

É importante que a missão seja definida com muita clareza, uma vez que
para ela convergirá o sistema organizacional da empresa por meio dos seus
subsistemas.

A Empresa Como Sistema ABerto


Em todos os setores empresariais, as empresas apresentam as concepções
de um sistema aberto. Os fatores externos influenciam de forma relevante nas
empresas, segundo Tung (1974, p. 27), que diz o seguinte:

No regime de livre comércio, o alvo da empresa é o maior


lucro possível, conciliável com o seu crescimento a longo
prazo e também com o bem-estar da coletividade, mediante
o atendimento das suas necessidades. Para atingir esse
objetivo, a tarefa da empresa seria a de determinar quais as
necessidades ou desejos desta mesma coletividade, para
depois organizar-se do ponto de vista da produção e da
comercialização. Essa tarefa é contínua, pois as necessidades
e os desejos dos homens sofrem alterações permanentes. Para
que a empresa consiga maior lucro, cada setor de atividade
deverá procurar aplicar métodos eficientes, a partir de uma
análise acuradamente elaborada.

Então, o que acontece fora da empresa pode influenciar nas decisões


tomadas pelos gestores de cada departamento dentro da empresa.

Para reforçar essa concepção, Bio (1985, p. 18) ressalta que:

Uma das implicações críticas dos conceitos de sistemas na


Administração é justamente a concepção da empresa como

204
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

um sistema aberto, pois tal visão ressalta que o ambiente em


que vive a empresa é essencialmente dinâmico, fazendo com
que um sistema organizacional, para sobreviver, tenha de
responder eficazmente às pressões exercidas pelas mudanças
contínuas e rápidas do ambiente.

É importante ressaltar que cada decisão tomada, inclusive por dirigentes


políticos, pode afetar o andamento das empresas e implicar a necessidade de
tomadas de decisões, mudando estratégias e ações já previstas. Por exemplo,
se determinadas empresas exportam alguns tipos de produtos, e na política
econômica daquele país foi aplicada alguma lei protecionista referente a estes
produtos, essas empresas deverão rever seus planos de expansão, pois,
assim, não terão condições de buscar esses mercados. Por isso, é importante
simular diversos cenários e analisar como a empresa reagiria a determinados
acontecimentos no mercado. Isso poderia evitar diversos problemas futuros.

Chiavenato (2000, p. 552) afirma que o Orçamento Empresarial:

[...] é perfeitamente aplicável à organização empresarial. A


organização é um sistema criado pelo homem e mantém uma
dinâmica interação com seu meio ambiente, sejam clientes,
fornecedores, concorrentes, entidades sindicais, órgãos
governamentais e outros agentes externos.

As empresas que atuam no mercado nacional e internacional têm a


necessidade de sempre estarem atualizadas e preparadas para as constantes
e inevitáveis mudanças de mercado, as quais estão relacionadas aos aspectos
financeiros, políticos, econômicos e fatores macroeconômicos, entre muitos
outros aspectos e fatores que influenciam diretamente no seu desenvolvimento.

Enfim, podemos afirmar que são as constantes mutações internas


e externas das organizações, decorrentes do ambiente em que estão A amplitude de
inseridas, o motivo que as levam à sobrevivência no mercado competitivo. acontecimentos
nacionais e
internacionais
A amplitude de acontecimentos nacionais e internacionais implica implica diretamente
diretamente a empresa, o que a leva a realizar intercâmbios com o a empresa, o que
meio, por intermédio dos quais angaria pontos importantes necessários a leva a realizar
à viabilidade da entidade, capacidade reprodutiva e adaptativa, intercâmbios com o
resultando em sua continuidade. meio, por intermédio
dos quais angaria
pontos importantes
O mercado mundial é dinâmico e, diante disso, Kochanski (2000, p. necessários à
54) afirma categoricamente que: “aquelas que ainda não se adequaram viabilidade da
ou ainda não estão se adequando a este novo contexto mercadológico, entidade, capacidade
irão sentir-se forçadas a adaptarem-se ou irão desaparecer do mercado reprodutiva e
rapidamente [...]”. adaptativa, resultando
em sua continuidade.

205
Administração Financeira

Schein (1987 apud NAKAGAWA, 1993, p. 23-24) também estabelece a sua


concepção de empresa a partir do sistema aberto da seguinte forma:

a) a empresa deve ser concebida como um sistema aberto,


o que significa que ela se encontra em constante interação
com todos os seus ambientes, absorvendo matérias-primas,
recursos humanos, energia e informações, transformando-
se em produtos e serviços, que são exportados para esses
ambientes;

b) a empresa deve ser concebida como um sistema de


múltiplas finalidades ou funções, que envolvem múltiplas
interações entre ela e seus diversos ambientes. Muitas
atividades dos subsistemas existentes na empresa não podem
ser compreendidas sem que se considerem essas múltiplas
interações e funções;

c) a empresa é constituída de muitos subsistemas que estão


em interação dinâmica uns com os outros. Em vez de se
analisarem os fenômenos organizacionais em termos de
comportamento individual, cada vez se torna mais importante
analisar o comportamento desses subsistemas, que sejam
considerados em termos de coalizões, grupos, funções ou de
outros elementos conceituais;

d) devido ao fato de que os subsistemas, em graus variáveis,


são interdependentes, as modificações ocorridas em um
sistema, provavelmente, afetam o comportamento dos outros
subsistemas;

e) a empresa existe dentro de um conjunto de ambientes,


alguns maiores, outros menores do que ela. Os ambientes,
de diversos modos, fazem exigências e oferecem restrições
à empresa e a seus subsistemas. O funcionamento total da
empresa não pode ser compreendido, portanto, sem explícita
referência a essas exigências e restrições e a maneira como
ela os enfrenta a curto, médio e longo prazos;

f) as numerosas vinculações entre empresa e seus ambientes


tornam difícil especificar claramente seus limites.

Brito (2003, p. 31) aborda que o relacionamento entre os cenários poderá


implicar a continuidade da empresa, pois ele entende que “[...] o processo de
montagem de cenários deve ser visto como processo evolutivo, no qual frequência
e disciplina são muito importantes [...]”.

Portanto, de acordo com o autor, entende-se que a empresa, no seu processo


de continuidade das atividades no mercado, deverá sempre criar novos cenários,
conforme a realidade econômica de sua área de atuação. Esses cenários poderão
contribuir para a definição de estratégias com vistas ao alcance de melhores
resultados da empresa.

206
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

A Empresa Como Sistema DinÂmico


Para entendermos o chamado “movimento sistêmico” que mantém a empresa
em constante formação ou transformação, é importante estudar o que é empresa
como um sistema dinâmico. A palavra “DINÂMICA” significa que todas as coisas
se transformam com a influência de outros fatores ou mecanismos existentes. A
empresa processa, executa e operacionaliza as suas atividades a partir do momento
em que os gestores utilizam a força decisória para a tomada de decisões.

Isso quer dizer que as coisas somente acontecem quando alguma pessoa do
comando da empresa “FAZ ACONTECER”.

Catelli (1999, p. 39) corrobora que “[...] a empresa encontra-se


permanentemente interagindo com seu ambiente. Como um sistema dinâmico,
realiza uma atividade, ou um conjunto de atividades, que a mantém em constante
mutação e requer que seja constantemente orientada ou reorientada para a sua
finalidade principal”.

O autor afirma que todas as atividades da empresa precisam ser mapeadas


e replanejadas, ou eliminadas (se necessário). A empresa está em um constante
processo de mutação, o qual é necessário de acordo com o seu plano de negócios.

Isso requer constante acompanhamento do processo orçamentário da


empresa, pois deve-se avaliar mensalmente (de preferência) o que foi planejado e
o que foi realizado, e esse resultado realizado (as mutações do resultado), quando
for positivo ou negativo e tiver certa discrepância com o que foi planejado, sempre
deverá ser investigado.

Atividades de Estudos:

1) Para se elaborar o orçamento, a empresa precisa contar com


uma equipe eficaz que contribua para o melhor desenvolvimento
do processo orçamentário. Porém há alguns fatores limitativos
nesse processo. Discorra sobre esses fatores limitativos.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

207
Administração Financeira

2) As atividades operacionais da empresa são geradas de acordo


com o conceito de SISTEMA EMPRESA. É importante que
esse conceito esteja inserido no modelo de gestão da empresa.
Explique como podem ser identificadas as atividades do SISTEMA
EMPRESA.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

Tipos De Orçamento e Suas


AplicaçÕes
Com as mudanças na sociedade, o desenvolvimento tecnológico e do
mercado, aumentou a complexidade no desenvolvimento das atividades nas
empresas. Dessa forma, tornou-se necessário aumentar o volume de informações
com qualidade, para possibilitar aos gestores o controle do processo de produção
e tomar decisões estratégicas, podendo prever o seu futuro.

Nos tempos atuais, os empresários (os gestores) têm necessidade de


planejar as ações e buscar o controle da empresa, e o processo orçamentário
torna-se indispensável na administração de qualquer negócio.

O processo orçamentário envolve a elaboração de planos detalhados


de operações a serem cumpridas na empresa com o objetivo de obter lucro.
Esses planos envolvem a previsão dos custos e despesas dentro da estrutura
das políticas existentes, além de fixar padrões para a atuação dos gestores com
responsabilidades no negócio.

O orçamento pode ser conceituado como um planejamento de


operações detalhado em todas as suas fases para um período futuro,
buscando retratar formalmente políticas, planos e metas estabelecidas
pelos administradores, expressos em forma quantitativa.

208
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

Portanto, orçar significa processar todos os dados constantes do sistema


de informação e apresentá-los em forma de relatórios gerenciais, permitindo aos
gestores terem uma visão do futuro da organização (de forma quantitativa) e poderem
acompanhar de forma sistemática o cumprimento ou não do que foi orçado.

Para Atkinson et al. (2000, p. 465), os orçamentos representam o seguinte:

Um papel semelhante no planejamento e no controle para


gerentes que estão dentro de unidades empresariais e que
são parte central no projeto e na operação de sistema de
contabilidade gerencial. [...] Os orçamentos nas empresas
refletem as condições quantitativas de como alocar recursos
financeiros para cada subunidade organizacional, com base
em suas atividades e nos objetivos de curto prazo. [...] Assim,
um orçamento é uma expressão quantitativa das entradas
de dinheiro para determinar se um plano financeiro atingirá
os objetivos organizacionais. Orçamentação é o processo de
preparação dos orçamentos.

Em síntese, o orçamento é o instrumento que descreve o plano geral das


operações, orientado por objetivos e metas propostos pela alta cúpula diretiva da
empresa para um determinado período.

Também podemos entender que o orçamento é o método de planejamento


e controle financeiro, vinculado aos planos operacionais e/ou de investimentos,
com a finalidade de aperfeiçoar o rendimento de recursos físicos e monetários da
empresa. Isso significa compreender de forma quantitativa o que “pode acontecer”
com os recursos e resultados da empresa, em períodos futuros.

De certa forma, podemos tirar como conclusão que:

Orçamento nada mais é do que colocar à frente aquilo que


está acontecendo hoje, processando todos os dados constantes
do sistema de informação contábil de hoje e introduzindo os dados
previstos para o próximo período, de acordo com as ferramentas
para projeção que os gestores utilizam.

O orçamento não deixa de ser uma pura repetição dos relatórios gerenciais
atuais, só que com os dados previstos. Vejamos o que Lunkes (2003, p. 37) diz
sobre o orçamento, seu desenvolvimento e importância nas empresas:

209
Administração Financeira

- Na primeira fase predominou o orçamento empresarial,


que teve como ênfase a projeção dos resultados e posterior
controle. É um plano projetado para atender a um nível de
atividade do próximo período.
- A segunda fase privilegiou o orçamento contínuo, que tem
como ênfase a revisão contínua, removendo-se os dados do
mês recém-concluído e acrescentando-se dados orçados para
o mesmo mês do ano seguinte. A aplicação desse método está
se tornando bastante frequente nas empresas.
- O passo seguinte foi o surgimento do orçamento de base
zero (OBZ), com a projeção dos dados como se as operações
estivessem começando da estaca zero e tivessem necessidade
de justificar os gastos. No orçamento de base zero os gestores
estimam e justificam os valores orçados como se a empresa
estivesse iniciando suas operações.
- A quarta etapa apresenta o orçamento flexível em destaque
com a projeção dos dados das peças orçamentárias em vários
níveis de atividade. O orçamento flexível é projetado para
cobrir uma gama de atividades, portanto, pode ser usado para
estimar custos em qualquer nível de atividade.
- Posteriormente, surgiu o orçamento por atividades como uma
extensão do custeio baseado em atividades, com projeção
dos recursos nas atividades e o uso de direcionadores para
estimar e controlar resultados. O orçamento por atividades usa
a informação sobre os direcionadores no planejamento e no
processo de avaliação.
- Finalmente, o orçamento perpétuo, que prevê o uso dos
recursos fundamentado na relação causa-efeito.
- Pode-se ainda considerar outros métodos, como o orçamento
padrão, orçamento de tendência e orçamento incremental.

A importância do sistema orçamentário está basicamente no modo de


conduzir de forma ordenada as ideias e progredir, passo a passo, nas ações.

Salientamos que o sistema orçamentário está ligado às constantes mudanças


que ocorrem no mundo globalizado, especificamente na área tecnológica. Dentro
desse contexto, é importante que as empresas planejem os seus objetivos e suas
atividades sempre considerando a necessidade de adaptar-se às novas realidades.

No Brasil, o orçamento passou a ser foco de estudo a partir de 1940, mas


apenas a partir de 1970 as empresas o adotaram com mais frequência em suas
atividades.

De modo geral, o processo orçamentário foi sendo adaptado às tendências


das modernas teorias de gestão e, atualmente, deve apresentar as seguintes
características:

• Projetar o futuro da empresa no seu mercado de atuação;

210
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

• Flexibilizar sua aplicação de modo a facilitar sua operacionalização e


compreensão dos resultados;

• Ter a participação direta dos responsáveis na sua elaboração,


acompanhamento e análise;

• Ter um grau de acerto aceitável dentro da realidade da empresa e do


mercado;

• Ser adaptado ao ciclo operacional, o que possibilita verificar o custo X


benefício dos investimentos;

• Demonstrar capacidade para apresentar com rapidez possíveis problemas


na relação entre gastos e retornos financeiros; e

• Permitir o seu imediato ajuste operacional com encaminhamentos


corretivos.

A partir da década de 80, com o acentuado processo de globalização, as


distâncias desapareceram e as fronteiras deixaram de ser um obstáculo para
o mundo dos negócios. Isso permitiu que as empresas começassem a buscar
matérias-primas e montar suas fábricas onde os custos são menores e com
a possibilidade de oferecer seus produtos e serviços em qualquer parte do
mundo. Como consequência, os padrões de consumo foram massificados e o
capital financeiro passou a buscar uma melhor rentabilidade global. Contudo,
a competição nunca foi tão acirrada. O mercado recebe constantemente novos
produtos importados ou de concorrentes locais com preços mais baixos, e, com
isso, a necessidade de maior produtividade e redução dos custos é cada vez
maior. Figueiredo e Caggiano (2008) abordam que todo este processo impacta
no contexto externo das relações contratuais das empresas e, também, no seu
ambiente interno, criando a demanda por melhores práticas de gestão.

Podemos dizer que a empresa é uma instituição econômica que tem o


objetivo de prover a sociedade dos produtos e serviços necessários ou desejados
pelas pessoas, de acordo com a sociedade onde elas vivem. No entanto, esses
objetivos somente serão viabilizados se o lucro for alcançado. Assim, as atividades
das empresas devem estar sintonizadas com as metas fixadas ao invés de serem
realizadas de forma aleatória, isto é, necessitam ser planejadas e controladas.

211
Administração Financeira

OBJetiVos Dos Orçamentos


Os Orçamentos possuem objetivos direcionados para o bom funcionamento
das empresas. Para entendermos melhor o que significam esses objetivos e sua
aplicabilidade, buscamos os conceitos de alguns autores.

Segundo Padoveze (1997, p. 354), o objetivo do plano orçamentário:

[...] não é apenas prever o que vai acontecer e seu posterior


controle. Ponto básico e, entendemos, fundamental, é o
processo de estabelecer e coordenar objetivos para todas
as áreas da empresa, de forma tal que todos trabalhem
sinergicamente em busca dos planos de lucros. [...] No
estabelecimento de objetivos haverá o envolvimento de
todos, numa gestão participativa, ao mesmo tempo em que se
delegará responsabilidades. Com isso, será possível a etapa
final, que é o controle do orçamento e a análise do desempenho
e de suas variações.

O autor afirma que deve existir o envolvimento de todos os setores e todos


os responsáveis de cada departamento, e as atividades deverão “estar alinhadas”
de forma congruente. Warren, Reeve e Fees (2001, p. 179) abordam que “o
orçamento envolve (1) o estabelecimento de metas específicas, (2) a execução
de planos para atingir suas metas e (3) a comparação periódica dos resultados
efetivos com as metas”.

O orçamento é O orçamento é constituído de planos específicos em datas e


constituído de planos
unidades monetárias que visam atingir objetivos programados. É o
específicos em
datas e unidades plano financeiro para implantar a estratégia da empresa em determinado
monetárias exercício e, portanto, é uma ferramenta básica de gestão, que pode ser
que visam de curto prazo ou de longo prazo.
atingir objetivos
programados. O orçamento de curto prazo (geralmente um ano) é bastante
detalhado e subdividido de acordo com as áreas da empresa. Sua função é
quantificar os planos e estabelecer as metas operacionais que determinam o que
fazer, quando fazer, como fazer e quais recursos utilizar.

O orçamento de longo prazo orienta a realização dos objetivos estratégicos.

Com o sistema orçamentário, podem-se emitir diversos tipos de relatórios


que contêm informações gerenciais importantes para a gestão de uma empresa,
como os seguintes:

• Relatórios de análise de desempenho por áreas de responsabilidade;

212
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

• Relatórios de análise de resultados, como a margem de contribuição por


produto;

• Relatórios de investimentos em imobilizado, que possibilitam a


identificação do pay-back;

• Relatórios de performance econômica e financeira da empresa, como o


ROAL - Retorno Operacional sobre os Ativos Líquidos - que é o resultado
gerado em relação aos investimentos dos ativos, descontando-se os
impostos recuperáveis conforme sua aquisição;

• Demonstrações financeiras, como o balanço patrimonial, a demonstração


de resultado de exercício e a demonstração do fluxo de caixa projetados.

Quando se tratam de metas, na verdade, estamos falando em estabelecê-las


para o resultado da empresa de forma global, mas sempre buscando “conectar” as
atividades de cada departamento, uma vez que cada setor da empresa também
possui suas metas individuais a serem atingidas.

Em gestão, podemos compreender as metas como uma função


administrativa de planejamento, a execução dos planos e das
ações, de acordo com o processo orçamentário, como uma função
administrativa de direção e a comparação dos resultados como uma
função administrativa de controle.

Em outras palavras, o Orçamento envolve: PLANEJAMENTO


 DIREÇÃO CONTROLE

a) Planejamento

O Planejamento é um conjunto de metas estabelecidas de acordo com as


ações individuais e coletivas.

Segundo Figueiredo e Caggiano (2008), ele é definido como o processo de


reflexão precedido da ação, dirigido para a tomada de decisões com vistas no futuro.
Para os autores, o processo de planejamento pode ser dividido em cinco etapas:

213
Administração Financeira

1 -Estabelecer os objetivos da empresa.

2 -Avaliar os possíveis cenários, relacionando os fatores internos e externos


que poderão afetar as operações da empresa.

3 -Avaliar os recursos existentes para o uso eficiente (mão de obra,


máquinas, investimentos, tecnologia, estoque, capital, etc.).

4 -Definir a estratégia para alcançar os objetivos estabelecidos.

5 -Delinear um programa de ação e discriminar os recursos necessários.

Em síntese, o processo de planejamento deve responder às seguintes


perguntas: O que deve ser feito? Quando deve ser feito? Como deve ser feito?
Quem deve fazê-lo?

Para Sanvicente e Santos (1983), planejar é estabelecer com antecedência


as ações a serem executadas para que sejam alcançados satisfatoriamente os
objetivos por ventura fixados para uma empresa e suas diversas unidades.

O processo de planejamento pode ser dividido em três atividades:

• Planejamento Estratégico: Avalia os riscos e oportunidades que o setor


produtivo oferece e os pontos fortes e fracos da organização com vistas a
definir as diretrizes políticas, os objetivos e os princípios da empresa.

• Planejamento Programa: é um planejamento de longo prazo,


normalmente de três a dez anos.

• Planejamento Orçamentário: é elaborado com um nível de detalhes


superior às necessidades mais imediatas. Normalmente, é o primeiro ano
do planejamento de longo prazo, previsto e acompanhado mensalmente.

O orçamento é uma ferramenta que demonstra uma ampla visão financeira


da empresa e o seu acompanhamento possibilita identificar possíveis resultados
fora do planejado. Nesse caso, providenciam-se os acertos necessários, evitando,
assim, possíveis problemas futuros.

b) Direção

A Direção pode ser compreendida como o “tomar cuidado” para que as


ações individuais e grupais sejam coordenadas da melhor forma possível. E essa
direção deve ser bem orientada através das reuniões dos comitês de avaliação.

214
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

c) Controle

O controle é um sistema de verificação do desempenho obtido com os


objetivos traçados, de forma que ações corretivas possam ser implementadas.
Sua existência é fundamental tanto para a execução de planejamento de curto
como de longo prazo. Embora a maior ênfase esteja nas atividades de controle
das operações de curto prazo, nas situações de planejamento de longo prazo, ele
permite verificar os avanços realizados e a necessidade de rever suas metas.

Para Welsch (1983, p. 29), “controle é exercer continuamente um controle


dinâmico, agressivo e flexível das operações para assegurar conformidade
realista com os planos e objetivos”.

Dessa forma, o controle tem a função de assegurar que as atividades sejam


executadas em conformidade com os planos traçados. A Figura 17 demonstra a
relação entre os elementos no processo de planejamento e, posteriormente, o
controle durante a sua execução.

Figura 17 - Relacionamento entre os elementos no processo


de planejamento de uma empresa

Fonte: Steiner (1979, p.17) adaptado por Frezatti (2009, p. 15).

De acordo com a figura anterior, todas as informações do passado da


empresa, assim como a avaliação das necessidades dos gestores e dos
investidores devem estar de acordo com a avaliação da atuação da empresa
no mercado (riscos e oportunidades), e contribuir para a definição das novas
estratégias. Por sua vez, essas estratégicas devem ser mapeadas em um plano
orçamentário (o qual deve estar alocado em um banco de dados do Sistema de
Informações Gerenciais) com o acompanhamento dos resultados dos eventos
orçados e realizados da empresa.

215
Administração Financeira

O controle é uma fiscalização exercida sobre as atividades, a fim de evitar que


elas se desviem das normas e metas pré-estabelecidas. O ideal é fazer o controle na
medida em que as atividades vão se realizando, mas isso depende da implantação
de um sistema de controle, que envolve custos de implantação e operação.

Para termos uma ideia sobre a necessidade dos controles das operações
por meio dos processos orçamentários e dos cuidados com a qualidade e o tipo
de controle ideal para exercer em uma empresa, vamos observar o que Ricardo
Semler (2002) descreve a partir da sua experiência sobre a emissão de relatórios,
análise e decisões tomadas com base nas informações deles extraídos. Ricardo
narra sua experiência como administrador da empresa que herdou da família.

Em 1982 fomos visitados pelo presidente de uma poderosa


empresa, uma das maiores dos EUA, que ao cabo de uma visita
pela fábrica folheou nossos sistemas de relatórios mensais e
orçamento.
Naquela época tínhamos os números no quinto dia útil do
mês em pastinhas organizadíssimas. Se você quisesse
saber quanto tinha sido o consumo de café na subseção de
Usinagem Leve III, era só procurar na página 67, quadro 112.6.
O homem ficou impressionadíssimo e disse que não esperava
encontrar tanta eficiência numa empresa brasileira, que era
muitas vezes maior que nós, que gostaria de ver este mesmo
sistema instalado na empresa deles.
A partir deste dia andávamos como pavões, declarando a
quem quisesse ouvir que o nosso sistema de orçamento era
estado-da-arte, que o presidente de um grande grupo norte
americano... Vocês com certeza conseguem imaginar a cena.
Com o passar dos anos fomos percebendo que esses
relatórios eram tão completos e sofisticados que aconteciam
dois fenômenos: um, descobrimos que nossas despesas eram
altas demais e nunca abaixava porque tava lotado de neguinho
na contabilidade que só fazia isto; dois, que tinha tanto número
dentro da pasta que quase nenhum gerente lia – uma reunião
para discutir um só departamento levava a tarde toda, e
ninguém admitia que não tinha lido ou estudado os números (o
que, por sinal, era humanamente impossível).
Para encurtar uma longa história, o período em que menos
soubemos o que realmente acontecia na empresa foi aquele.
Alguns anos depois, essa poderosa empresa norte americana,
sofrendo graves dificuldades financeiras, foi perdendo
participação no mercado e dinheiro, e atualmente está sendo
dissolvida e vendida em pedaços.
Moral da história: hoje temos um sistema simples, com poucas,
mas relevantes informações, e somos capazes de agir sobre
elas. Cortamos de quatrocentos para cinquenta centros de
custo, decapitamos centenas de classificações contábeis,
dezenas de linhas de demonstrativos, e agora está finalmente
dando para enxergar a empresa.
Poucos e grandes números, e disposição para agir sobre eles
– o resto é estética (SEMLER, 2002, p. 73).

216
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

Observamos que, para um bom controle, é essencial a emissão de relatórios


de acompanhamento orçamentário e gerencial, mas de nada adianta que sejam
enormes e complexos, com muitas informações a ponto de dificultar a sua
interpretação e utilização dos dados na tomada de decisões.

Tipos De Orçamentos
Existem diversos tipos de orçamento para serem utilizados conforme a
realidade da empresa e o seu campo de atuação. Dentre eles citamos: orçamento
estático, orçamento flexível, orçamento de tendências e orçamento base zero.

a) Orçamento Estático

O ORÇAMENTO ESTÁTICO é baseado a partir de um determinado volume


de produção e vendas que a empresa deseja atingir.

Se ocorrerem mudanças no ambiente do sistema empresa, os orçamentos


para um determinado período perdem sua validade, já que estarão “engessados”
de acordo com o volume de produção e vendas que outrora foram definidos.

Segundo Padoveze (1997, p. 383), “caso a empresa, durante o período,


considere que tais volumes não serão atingidos, parcela significativa das peças
orçamentárias tende a perder valor para o processo de acompanhamento,
controle e análise das variações”.

Se ocorrer qualquer incidente no mercado do mundo globalizado, como


uma catástrofe natural, ou problemas na economia mundial ou em determinados
países, isso poderá afetar de forma negativa os Orçamentos Estáticos. Mas, se
ocorrerem fatores positivos na economia global ou de determinado país, isso
também poderá afetar de forma negativa os Orçamentos Estáticos.

Desse modo, eles NÃO PODERÃO SER ALTERADOS, a própria palavra já


o define: ESTÁTICO  IMÓVEL.

O orçamento estático é mais apropriado para planos com metas a serem


atingidas em curto prazo, como períodos bimestrais ou trimestrais, mais facilmente
observadas em sazonalidade ou moda. Esse tipo de orçamento torna-se inviável
para períodos de um ano ou mais, pois os ajustes tornam-se necessários e o
estático não possui essa “flexibilidade”.

217
Administração Financeira

b) Orçamento Flexível

Como o período do exercício social nas empresas é de 12 meses, muitas


vezes, a instituição precisa realizar ajustes no seu plano orçamentário para
equilibrar seus objetivos e metas de resultados. Por isso, o orçamento não
pode estar “engessado”. Vamos tomar como exemplo empresas do ramo
eletrodoméstico em que o governo, por um decreto, reduz a alíquota do IPI no
mês de junho de um determinado ano. Dessa forma, a redução da alíquota do IPI
reduz o preço de venda do produto, o que leva ao possível aumento da procura no
mercado. Desse modo, todas as previsões de vendas e de volume de produção
precisam ser revistas para esse exercício social, pois será necessária maior
aquisição de insumos, resultando no aumento de seus custos, além de outros
custos e despesas que poderão ser necessários.

O ORÇAMENTO O ORÇAMENTO FLEXÍVEL pode ser ajustado de acordo com as


FLEXÍVEL pode necessidades da empresa e com as mudanças de mercado.
ser ajustado de
acordo com as
Como a empresa é dividida em departamentos, ela possui níveis de
necessidades da
empresa e com atividades executadas por seus responsáveis. De acordo com Warren,
as mudanças de Reeve e Fees (2001, p. 184-185), “pode-se pensar num orçamento
mercado. flexível como uma série de orçamentos estáticos para diferentes níveis
de atividades”. Esses níveis de atividades são níveis de processamento e requerem
profundo conhecimento de custos, pois se ocorrerem mudanças no mercado que
possam afetar o “turn-over” (rotatividade de funcionários) da empresa, afetará todas
as peças orçamentárias de custos, envolvendo: salários, matéria-prima empregada
para maior ou menor consumo, impostos ou encargos sociais de acordo com o
volume a ser apurado em relação à nova realidade da empresa.

Conforme Padoveze (1997, p. 383), “para tanto é necessário um profundo


conhecimento dos padrões de comportamento dos custos”. Por conseguinte,
essas mudanças afetarão tanto o planejamento do resultado da empresa como o
planejamento dos seus recursos financeiros.

c) Orçamento de Tendências

O ORÇAMENTO DE TENDÊNCIAS é uma prática orçamentária que utiliza


dados passados para projetar o futuro, pois situações ocorridas no passado,
decorrentes da estrutura organizacional já existente, servem de base para projetar
situações futuras, uma vez que se corre o risco de tais situações acontecerem
novamente. Nesse aspecto, é importante fazer uma média dos acontecimentos
em um período de alguns exercícios sociais.

Tal prática tem fornecido bons resultados em várias organizações

218
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

empresariais. Mas, para haver sucesso neste tipo de planejamento orçamentário,


deve-se levar em consideração que a realidade é muito dinâmica e que
constantemente novos elementos surgem no processo, os quais também devem
ser previstos.

Conforme Padoveze (1997, p. 383-384),

Na execução do orçamento de tendências sempre existirão


eventos passados de conhecimento da empresa, que não
se repetirão e que, portanto, não serão reproduzidos no
orçamento. Da mesma forma, existirão eventos futuros que não
terão um passado onde se possa basear novas estimativas,
que deverão ser orçados de outra maneira.

Muitas vezes, a empresa possui um mix padrão de produção e vendas.


Por exemplo, a produção de barras de aço em determinadas bitolas torna-se
um padrão e, assim, não há muitas mudanças no seu mix de produção. Para
facilitar a elaboração do processo orçamentário, pode-se utilizar o orçamento de
tendências, utilizando-se dados passados para projetar o futuro.

d) Orçamento Base Zero

O ORÇAMENTO BASE ZERO (OBZ) é uma proposta conceitual que, apesar


de ser muito pouco difundida entre os gestores das empresas, tem apresentado
uma contribuição relevante para o processo orçamentário. A própria expressão
base-zero tem relação com a ideia de reavaliação de todos os programas e
despesas propostos.

Esse orçamento surgiu como uma contrapartida ao orçamento de tendências,


pois, enquanto este se apoia em dados passados, o orçamento base zero parte de
um novo estudo da empresa no mercado. Consiste em buscar novos elementos
e nunca deve partir da observação dos dados passados. Serve como instrumento
de questionamento das atividades existentes e de reflexão para a criação de
outras mais eficazes, por isso, é considerado, também, como uma metodologia
gerencial para o planejamento e controle orçamentário.

O OBZ muda a concepção de que o orçamento é igual ao já realizado com


alguns acréscimos e supressões. Mas, por quê? Porque, para alguns estudiosos
do tema, eles podem conter ineficiências que o orçamento de tendências pode
perpetuar. Padoveze (1997, p. 384, grifo do autor) diz que:

A proposta do orçamento Base Zero está em rediscutir toda


a empresa toda vez que se elabora o orçamento. Está em
questionar cada gasto, buscando verificar a real necessidade.
Resumindo, a questão fundamental permanente para o

219
Administração Financeira

orçamento base zero é a seguinte: não é porque aconteceu


que deverá acontecer.
[...]
Nesta linha de pensamento, cada atividade da empresa será
rediscutida, não em função de valores maiores ou menores,
mas na razão ou não de sua existência.

A partir da existência da atividade, será realizado um estudo, partindo-se do


zero, de quanto deveria ser o gasto para manutenção daquela atividade. Na figura
a seguir, observamos o conjunto das principais atividades.

Figura 18 – Referência conceitual utilizada para descrever a atividade de uma empresa

Fonte: Boisvert (1999, p. 63).

Todas as atividades existentes na empresa têm uma razão de existir, e


somente haverá a transformação de novos produtos e serviços se ocorrerem
produção e vendas, por consequência, também às atividades administrativas de
apoio e gerenciamento. Por esse motivo, o processo de acompanhamento das
despesas define responsabilidades claras com base na avaliação do "Previsto
x Realizado". Assim sendo, todos os desvios são tratados e analisados por
meio de relatórios que visam mostrar com clareza as causas dos desvios e o
desenvolvimento de um plano de ação para eliminá-los. Através desta prática,
o orçamento da empresa passa a ser baseado em regras bem definidas, com
intensa participação dos funcionários na redução de despesas.

A desvantagem do OBZ é o seu processo trabalhoso. Exige-se um longo


tempo de preparação em comparação com outros orçamentos tradicionais e pode
envolver um processo burocrático bastante extenso, pois todas as atividades
operacionais da empresa precisam ser repensadas e planejadas. É como se a

220
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

empresa estivesse iniciando suas atividades a cada novo exercício social, o que
não é viável para as empresas que possuem atividade contínua. Na maioria das
empresas, seu uso é pouco frequente, contudo, pode ser aplicado a todas as
empresas, públicas ou privadas, de qualquer porte. Esse tipo de orçamento pode
ser útil na elaboração de projetos, ou seja, a cada projeto novo se realiza um
orçamento a partir do zero.

O orçamento base zero tem as seguintes características, conforme Lunkes


(2010, p. 87):

• analisar o custo-benefício de todos os projetos, processos e


atividades, partindo de uma base ‘zero’;
• focalizar objetivos e metas das unidades de negócio cujos
recursos são consequência do caminho ou direção planejada;
• assegurar a correta alocação de recursos com base no foco e
nos fatores-chaves do negócio;
• aprovar o nível de gastos após a elaboração com base em
critérios previamente definidos;
• desenvolver forma participativa, com intensa comunicação
entre as áreas; e
• fornecer subsídios decisórios inteligentes para a gestão.

Para o seu desenvolvimento, Lunkes (2010) propõe sete etapas básicas, que
são:

1ª etapa: Definição das estratégias, objetivos e metas das unidades.


2ª etapa: Identificação dos pacotes de decisão.
3ª etapa: Definição da matriz de responsabilidade.
4ª etapa: Elaboração das PBZs (Pacotes Base Zero), NBZs (Núcleos Base
Zero), e VBZs (Variáveis Base Zero).
5ª etapa: Priorização dos pacotes de decisão.
6ª etapa: Aplicação dos recursos.
7ª etapa: Acompanhamento do OBZ.

Para compreender melhor a elaboração das PBZs (Pacotes Base Zero), dos
NBZs (Núcleos Base Zero), e das VBZs (Variáveis Base Zero), vamos buscar a
contribuição de alguns autores.

Pyhrr (1981 apud SANTANA, 2010, p. 12-13) “define o pacote de base zero
(PBZ) como um documento que identifica e descreve uma atividade específica
de modo a que o gestor possa: (1) avaliá-la e priorizá-la em relação a outras
atividades que concorram para a obtenção dos recursos imediatos; e (2) decidir
aprová-la ou rejeitá-la”.

221
Administração Financeira

Lunkes (2009 apud SANTANA, 2010, p. 13) exemplifica o pacote, dizendo


que “podem-se utilizar: pacote aluguéis, pacote utilidades, pacote pessoal e
pacote fretes, entre outros. O pacote de decisão pode ser dividido em unidades
menores chamadas de NBZ e VBZ”.

Prosseguindo, Santana (2010, p. 13) aborda que “a variável base zero (VBZ)
é a menor unidade de acumulação dos gastos, como a conta contábil que registra
consumo de recursos. Pode-se utilizar como exemplo a conta ‘cartuchos para
impressora’, ‘canetas’, ‘disquetes’, entre outros, comenta o autor”.

“O núcleo base zero (NBZ) é a junção de várias VBZ por apresentarem


natureza de gasto semelhante e, também, para facilitar o controle pelo responsável.
Um exemplo seria as VBZ citadas anteriormente classificadas na NBZ ‘material de
escritório’”, exemplifica Lunkes (2009 apud SANTANA, 2010, p. 13).

As vantagens do OBZ estão relacionadas com melhores planos e orçamentos,


benefícios posteriores (obtidos durante o ano operacional) e desenvolvimento
da equipe administrativa. Todavia, o OBZ não é muito comum nas empresas,
pois demanda tempo de estudos e análises, e, atualmente, com a escassez de
recursos financeiros, torna-se dispendioso manter esse modelo orçamentário.

Sistema De Orçamentos
O Sistema de Orçamentos é o modelo de mensuração que avalia e
demonstra, sob um formato contábil, as projeções de desempenhos econômicos
e financeiros de uma empresa. Sua função é compilar as informações advindas
de cada setor da empresa e apresentar os resultados da execução dos planos de
ação que foram aprovados por cada gestor. Vamos demonstrar essa interação
entre cada departamento na figura a seguir.

222
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

Figura 19 – Sistemas de informações gerenciais

Fonte: Adaptado de Oliveira (1999, p. 248).

Observe que o sistema de orçamentos relaciona todos os dados físicos


relativos ao volume total de produção e vendas com os padrões das receitas,
custos e despesas de cada área de responsabilidade, cada departamento.

Após serem aprovados pela administração da empresa, com os respectivos


planos de ação, são confiados aos responsáveis por sua execução.

Observamos, na figura anterior, que o FATURAMENTO gera informações


para o sistema CONTÁBIL e para o sistema de CONTAS A RECEBER. Por
conseguinte, INVENTÁRIO FÍSICO, VENDAS/DISTRIBUIÇÃO e CUSTOS
também geram informações para o sistema CONTÁBIL. Os RECEBIMENTOS
dos materiais para a produção geram informações para o sistema de CONTAS
A PAGAR e para o sistema CONTÁBIL. O processo REPETITIVO, tais como
erros na produção e reprocesso, o CONTROLE FABRIL e as informações da
ORDEM DE PRODUÇÃO também possuem reflexo na CONTABILIDADE. Por
conseguinte, todas informações do sistema da CONTABILIDADE são processadas
e encontram-se na CONSOLIDAÇÃO dos informes para a gestão da empresa.

O ReFleXo Dos Orçamentos na


Empresa
Os orçamentos refletem a necessidade da empresa – dos seus
administradores - em comunicar aos seus gerentes ou responsáveis os planos

223
Administração Financeira

de ação que devem ser executados de acordo com as políticas e diretrizes nele
atribuídos. Deverão dar origem aos resultados projetados para avaliação e análise.
Portanto, o que os orçamentos refletem são as políticas, que estão presentes nas
seguintes áreas:

• Compras: busca no mercado a melhor relação de aquisição, tempo de


entrega e preço;

• Estoques: melhora cada vez mais a política de inventários, reduzindo-


os para atender da melhor forma possível ao ponto de ressuprimento -
que é o estoque mínimo que a empresa deve possuir sem afetar o custo
financeiro da estocagem e do planejamento e controle de produção;

• Vendas: busca novas frentes de mercado. Uma das formas que as


empresas encontraram para solucionar seus problemas de custos e
despesas fixas é a diluição destes em um maior volume de produção, o
que só pode ser atingido com o aumento do volume de vendas;

• Qualidade: produtos de qualidade possuem mercado garantido, pois


qualidade é sinônimo de cliente satisfeito com sua durabilidade e garantia
de conforto e bem-estar;

• Seleção e remuneração do pessoal: para atender à demanda de trabalho


da empresa, ela precisa contratar os profissionais mais qualificados no
mercado, e profissionais qualificados requerem uma melhor remuneração;
por conseguinte, isso reflete na qualidade dos produtos;

• Contabilidade por área de responsabilidade: todos os resultados


deverão ter sua transparência evidenciada em relatórios contábeis por
áreas de responsabilidades, pois o sistema de informação gerencial facilita
essa “conversa” entre cada departamento.

O orçamento refletirá se o sistema de informações está adequadamente


estruturado e capaz de mostrar aos gerentes os desvios que estão ocorrendo,
merecendo ações corretivas ou não. Ressalta-se que os “desvios” são os
resultados realizados que não estão de acordo com o planejado/orçado de forma
relevante. O padrão aceitável para as variações dos valores do resultado realizado
em relação ao orçado são de 10%, o que estiver acima desse percentual é o que
se entende por desvios e estes devem ser investigados.

224
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

Por Que PreVer?


A previsão orçamentária deve ser uma prática constante e necessária, mas a
verdadeira previsão deve ser bem pensada, bem planejada, e apoiar-se em bases
concretas, para que se possam medir todas as consequências.

Quando elaboramos um orçamento, devemos levar em


consideração que o principal objetivo da empresa é a venda, mas
esta será efetivada somente se estiver precedida de um conjunto
completo de previsões.

Até a década de 90 tinha-se a compreensão de que a aquisição de um


bem do ativo imobilizado – máquinas e equipamentos – permitia o aumento da
produção com a redução de pessoal, ou seja, produzir mais com menos pessoal
empregado, sem haver a preocupação se o mercado seria capaz de absorver esse
aumento de produção ou não. Aqui, encontramos um problema, que é identificar
os custos do capital aplicado - a taxa de juros ou taxa de recuperação do capital -,
demais gastos de funcionamento da máquina e se não seriam superiores à receita
futura advinda dessa produção excedente. Dessa forma, seria possível adquirir
uma nova máquina, produzir e TENTAR vender os produtos?

A palavra “tentar” coloca dúvida. Não é mais possível tentar algo, como no
passado. Arriscar para dar certo? Na tentativa e erro? Entende-se que não porque
o custo de capital é muito elevado.

Por que prever? A resposta está em evitar desperdícios


desnecessários, pois não há mais como errar em um mundo
competitivo como esse em que vivemos.

Como PreVer?
Existe no meio gerencial uma pergunta constante: Como prever?

225
Administração Financeira

Podemos compreender com as seguintes respostas:

- É salutar que um planejamento orçamentário seja decomposto em


períodos curtos, preferencialmente anuais ou semestrais.

- A velocidade das informações e do mercado pode causar efeitos na


elaboração das previsões orçamentárias.

- As atividades da empresa – de cada departamento – deverão ser


definidas, planejadas e harmonizadas.

Perguntas frequentes como:

a) Quais são as bases da previsão?


b) Quais são os limites orçamentários?

Essas perguntas sobre COMO PREVER somente têm fundamento na definição


dos produtos ou serviços nos quais a empresa possa garantir suas vendas.

Garantia de Vendas  CARRO-CHEFE

O orçamento O orçamento necessita de dados numéricos que reflitam a situação


necessita de dados do mercado atual e permitam planejar o crescimento que a empresa
numéricos que pretende para o ano seguinte. No orçamento de vendas, por exemplo,
reflitam a situação a empresa faz as previsões de acordo com o mercado de atuação e,
do mercado atual e com isso, saberá os recursos necessários para atender a demanda
permitam planejar o
da produção. Tung (1975, p. 88) diz que no planejamento de vendas,
crescimento que a
empresa pretende “a empresa procura inteirar-se das suas próprias experiências, que
para o ano seguinte.poderão servir de indicação para maiores análises e investigações”.
Para Sanvicente e Santos (1983, p. 53), “os critérios de detalhamento
do orçamento de vendas são três: tempo, área geográfica e produto”.

Em seguida, é importante que se faça uma previsão por produto e por


período, levando em consideração o que o mercado pode absorver.

Essa previsão comercial é fundamental para o sucesso do empreendimento


e sua elaboração resulta da síntese de um conjunto de informações que são
extraídas das seguintes áreas:

a) Contabilidade: análise dos relatórios financeiros e de vendas (por


períodos anteriores);

226
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

b) Das estatísticas do departamento de vendas: principalmente da


análise dos relatórios das vendas individuais ou em grupos de clientes,
por períodos de entrega dos produtos;

c) Do estudo dos mercados: uma expectativa realística só pode ser


determinada se o mercado responder através da sua capacidade em
absorver seus produtos.

Com isso, pode-se entender que o Processo Orçamentário de uma empresa


é de fundamental importância para criar um direcionador, ou seja, implementar
determinados padrões de consumo e de resultados para que a empresa possa
alcançá-los dentro do seu mercado de atuação.

Atividades de Estudos:

1) O eficaz desempenho das atividades operacionais da empresa


é definido de acordo com PLANEJAMENTO, DIREÇÃO e
CONTROLE. Discorra sobre o Planejamento na elaboração do
orçamento empresarial.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

2) Existem diversos tipos de Orçamentos a serem implantados e


utilizados pelas empresas. Cada um possui particularidades
que melhor possam atender às necessidades dos gestores das
empresas. Dentre os tipos de orçamentos existentes, discorra
sobre o Orçamento Base Zero.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

227
Administração Financeira

Implantação Do Orçamento
Empresarial
Quando falamos em plano orçamentário, devemos estar atentos ao
orçamento e ao processo de gestão como ferramenta para direcionamento das
atividades da empresa. Os gestores também devem compreender a utilidade das
ferramentas orçamentárias e implementá-las.

A mudança da mentalidade para aceitar os princípios fundamentais da


elaboração dos orçamentos e sua implementação possibilita aos gestores ter
condições de criar cenários necessários para prever possíveis acontecimentos na
empresa e adequar as ferramentas orçamentárias a essa realidade.

Orçamento e Processo De Gestão


Ao tratarmos de processo de gestão, precisamos, primeiramente, definir o
sistema empresa envolvido na elaboração e execução do orçamento empresarial.

Sabemos que quanto menor for o porte da empresa, mais fácil será o acesso
das informações ao administrador do negócio, a partir do profissional responsável
pela elaboração do orçamento, pois a troca de informações praticamente acontece
de forma instantânea.

Em um processo de gestão, a avaliação das áreas de responsabilidades deve


ser realizada em concordância com os objetivos da empresa, uma vez que estes
objetivos devem atender às premissas do mercado. Por exemplo, se a empresa
atua no ramo têxtil, o objetivo desta empresa é o atendimento do mercado
neste segmento. Padoveze (2005, p. 22) afirma que “o processo de gestão tem
por finalidade permitir à empresa alcançar resultados dentro de um conjunto
coordenado de diretrizes, para atingir as metas e os objetivos explicitados na
declaração da visão empresarial”.

Feito isso, cada área tem sua participação e cada uma delas deve ser
avaliada de acordo com suas funções. Por exemplo:

• A área financeira deve ser avaliada diariamente para identificar se houve


sobra ou falta de caixa, conforme as informações que foram geradas da
movimentação do setor de contas a receber e a pagar.

228
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

• O setor de contas a receber deve avaliar se as cobranças previstas


ocorreram com coerência e avaliar os clientes inadimplentes. Isso é
necessário, pois o setor financeiro necessita da previsão de cobrança
para programar a entrada de recursos financeiros no caixa.

• O setor de contas a pagar fornece as informações de previsão de


pagamentos para o setor financeiro. Se ocorrerem distorções de
informações, pode prejudicar o andamento das atividades do setor
financeiro, pois as contas a pagar que não estão previstas ocasionam falta
de recursos no caixa e, possivelmente, atrasos na sua liquidação.

• O departamento de vendas deve ser avaliado de acordo com o Orçado x


Realizado, pois, apesar da sinalização que o mercado oferece à empresa,
uma previsão de vendas errônea coloca em risco a geração de receita e,
possivelmente, leve à falta de caixa. Uma venda prevista e não realizada é
um recurso financeiro que deixa de ser registrado no caixa.

Imagine você fazendo a previsão de uma receita de recursos financeiros para


a sua conta corrente pessoal. Você, com certeza, planejará onde investir esse
dinheiro. Caso isso não ocorra, ficará frustrado, já que havia uma EXPECTATIVA
de obter um determinado resultado.

Imagine esta situação acontecendo com uma empresa. Uma EXPECTATIVA


FRUSTRADA pode colocar em risco toda a credibilidade da empresa perante
os subalternos e a sociedade. O gestor não acreditará com tanta facilidade nos
resultados previstos de um próximo processo orçamentário, além de colocar em
risco a credibilidade do trabalho do responsável na elaboração do orçamento.

Mas o que se pode fazer para evitar esse tipo de expectativa frustrada?
Existe uma maneira, que se chama PROCESSO DECISÓRIO. É por meio do
processo decisório que se tem a oportunidade de utilizar um modelo de gestão
centralizado ou descentralizado.

O processo decisório centralizado determina que somente uma O processo decisório


pessoa decida e encaminhe todas as atividades inerentes à elaboração centralizado determina
do orçamento. Mas, ao centralizar esta competência para apenas uma que somente uma
pessoa, existirão dificuldades entre profissionais ou até mesmo setores, pessoa decida e
dificultando a obtenção de informações necessárias à elaboração do encaminhe todas as
atividades inerentes
orçamento, uma vez que não terá o envolvimento de todos no processo.
à elaboração do
orçamento.
Em um processo decisório descentralizado, acontece a delegação
de responsabilidade e autoridade. Isso se chama ACCOUNTABILITY, amplamente
estudado em Controladoria, que consiste na obrigação que têm as pessoas

229
Administração Financeira

envolvidas no processo decisório e operacional de prestar contas dos resultados


obtidos, em função das suas responsabilidades vinculadas às suas funções, que
decorrem da delegação de poder. Nesse sentido, Nakagawa (1994, p. 19) diz que:

[...] sempre que alguém (principal) delega parte de seu poder


ou direitos a outrem (agente), este assume a responsabilidade
de, em nome daquele, agir de maneira coerente com relação
ao objeto da delegação e, periodicamente, até o final do
mandato, prestar contas de seus desempenhos e resultados. A
esta dupla responsabilidade, ou seja, agir de maneira coerente
e prestar contas de desempenhos e resultados dá-se o nome
de accountability.

As responsabilidades de cada funcionário da empresa são determinadas em


todos os níveis da organização, desde o operacional até o estratégico, ao mesmo
tempo em que são delegados poderes específicos e fornecidos os recursos
necessários para o cumprimento das suas atribuições.

Dentro dessa cadeia de accountability, a expectativa será sempre atingir a


gestão eficiente e eficaz dos negócios da empresa. Todos os envolvidos estarão
engajados na consecução dos objetivos e nas metas estabelecidas dentro de seu
âmbito de autoridade e responsabilidade.

Para os níveis de chefia da empresa, as responsabilidades de cada cargo


estão normalmente explicitadas em descrições das atribuições do cargo, que
delimitam claramente os níveis e limites de autoridade, com detalhamento dos
resultados que a empresa espera obter.

A prestação de contas dos resultados alcançados corresponde à obrigação


derivada dessa delegação de autoridade, ou seja, cada parte envolvida no
processo tem uma meta para atingir.

A expectativa, neste nível de delegação de poder (autoridade), é que os


gestores contratados sempre procurarão otimizar os interesses dos acionistas e
investidores da empresa, além de buscar a sua satisfação pessoal e profissional.

A responsabilidade (accountability), como se pode perceber, corresponde


sempre à obrigação de executar algo e apresentar resultados que decorrem da
autoridade delegada, e somente são quitadas com a prestação de contas.

A autoridade é a base fundamental da delegação de poder e a responsabilidade


corresponde ao compromisso e obrigação que a pessoa envolvida deve ter com
um desempenho eficiente e eficaz. Portanto, responsabilidade é a obrigação
que o executor tem de realizar as atividades e prestar contas dos resultados
obtidos. A autoridade pode ser delegada, mas a responsabilidade não, porque a

230
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

responsabilidade dos resultados obtidos é, única e exclusivamente, atribuição das


pessoas envolvidas na delegação de autoridade.

Conforme Perez Júnior, Pestana e Franco (1995, p. 33-34), o conceito de


autoridade e responsabilidade na gestão de negócios das empresas pode ser
esclarecido utilizando uma cadeia de accountability, conforme exposto a seguir,
na Figura 20:

Figura 20 – Cadeia de accountability


1 Responsabilidade e Autoridade
Agente Assume a Responsabilidade de Delega a Autoridade
Ao Conselho de Administração,
Acionista Eleger o Conselho de
para administrar o negócio e
Majoritário Administração da entidade.
nomear a diretoria da entidade.
À diretoria da entidade, para
Conselho de Gerir o negócio e nomear a
dirigir as atividades do negócio e
Administração diretoria da entidade.
contratar a gerência.
À gerência, para gerenciar o
Dirigir o negócio e contratar a
Diretoria negócio e contratar supervisores e
gerência.
assistentes.
Gerenciar as atividades do Aos supervisores e assistentes,
Gerência negócio e contratar supervisores para executar as operações do
e assistentes. negócio.
2 Prestação de Contas
Agente Executa Reporta
À gerência, o resultado de suas
Supervisores As atividades operacionais do
atividades através de documentos
e assistentes negócio.
e relatórios.
À diretoria, o resultado de suas
Gerência O gerenciamento do negócio. atividades através de relatórios
gerenciais.
Ao Conselho de Administração,
o resultado de suas atividades
Diretoria A direção do negócio. através das demonstrações
contábeis e dos relatórios
gerenciais.
Aos acionistas majoritários e
minoritários, o resultado de
Conselho de
A administração do negócio. suas atividades através das
Administração
demonstrações contábeis e do
relatório da administração.
Fonte: Perez Junior, Pestana e Franco (1995, p. 33-34).

231
Administração Financeira

A figura anterior apresenta uma noção da delegação de autoridade e


cobranças de responsabilidade.

Crozatti (apud PADOVEZE, 2005, p. 21) estabelece que:

O modelo de gestão ideal deve ser estruturado considerando-


se os seguintes aspectos: o processo de gestão do sistema
empresa (planejamento, execução, controle); a avaliação
das áreas de suas responsabilidades; o processo decisório
(centralização ou descentralização); o comportamento dos
gestores (motivação, empreendedores).

Crozatti (apud PADOVEZE, 2005) aborda, ainda, sobre a importância do


comportamento dos gestores e afirma que existem dois fatores importantes:
a MOTIVAÇÃO e o EMPREENDEDORISMO. A motivação tem relação com a
satisfação pessoal e envolve diversos fatores, inclusive pessoais e familiares,
durante a sua vida cotidiana.

A MOTIVAÇÃO precisa estar sempre presente. O gestor deve


estar motivado e não pode ser desmotivado por causa das pressões
exercidas de seus superiores em busca de resultados.

A inovação é a constante busca de novos valores profissionais e de resultados


e está vinculada com o perfil EMPREENDEDOR. No processo de gestão, tem-se
a necessidade de estar sempre inovando.

Ser um gestor EMPREENDEDOR é administrar a empresa


como se fosse sua.

Como vimos até agora, ter MOTIVAÇÃO e ser EMPREENDEDOR são


qualidades importantes para o gestor que pretende alcançar o sucesso
empresarial, ou mesmo em outras áreas de sua vida.

É fundamental, no processo de gestão, que os profissionais envolvidos


estejam motivados e que tenham o espírito empreendedor, para que a empresa
alcance os resultados almejados. Conforme Padoveze (2005, p. 22), o “modelo de

232
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

gestão é produto do subsistema institucional e pode ser definido como o conjunto


de normas e princípios que devem orientar os gestores na escolha das melhores
alternativas para levar a empresa a cumprir sua missão com eficácia”.

O processo de gestão tem relação com PLANEJAMENTO  EXECUÇÃO 


CONTROLE. Assim, Padoveze (2005, p. 22) afirma que:

O processo de gestão não se limita ao planejamento; inicia-


se a partir deste e incorpora todas as etapas da execução das
atividades, bem como do controle da execução destas. O controle,
por sua vez, não se limita a eventos passados, mas deve permitir
controles antecedentes e posteriores aos eventos realizados.

É possível perceber que PLANEJAMENTO  EXECUÇÃO 


CONTROLE têm relação com Accountability.

A delegação da autoridade e a responsabilidade de apresentar


os melhores resultados contribuem na elaboração do Modelo de
Gestão e na elaboração e implantação do Orçamento Empresarial.

PrincÍpios FunDamentais Do Sistema


De Orçamentos
A execução das ferramentas do Orçamento Empresarial compreende
os princípios fundamentais do sistema de orçamentos. Como o processo
orçamentário é formado por pessoas, cada membro envolvido responde por
diversos estímulos e necessidades que o próprio mercado estabelece e a empresa
(sistema empresa) deve se adequar.

Atualmente, os resultados que a empresa obtém, interna ou


externamente, estão relacionados com os estímulos provocados
pelas constantes mudanças de mercado.

233
Administração Financeira

Segundo Nakagawa (1994), existem alguns princípios fundamentais que


refletem os orçamentos e podem ser definidos da seguinte forma:

a) Envolvimento dos gerentes: pressupondo que os gerentes venham a


aderir à filosofia, às crenças e aos valores da empresa, este princípio preconiza
que os gerentes devam participar ativamente do processo de planejamento e
controle. Podemos observar que o gestor deve possuir espírito MOTIVACIONAL
e perfil de EMPREENDEDOR.

b) Adaptação organizacional: é importante a compatibilidade entre


a estrutura organizacional e o processo de tomadas de decisões, buscando
harmonizar as atividades entre os gestores de cada departamento. A estrutura
organizacional deve ser suficientemente compatível com o estilo de tomada
de decisões da empresa. As atividades de cada gestor devem fluir de forma
satisfatória ao atendimento das necessidades da gestão dos negócios.

c) Contabilidade por áreas de responsabilidades: os sistemas de


informações gerenciais, contendo informações do orçado e do realizado, devem
ser estruturados por áreas de responsabilidade. A elaboração e aprovação dos
planos e o controle de sua execução são atribuídos aos responsáveis de cada
área, correspondendo à adaptação organizacional. No sistema empresa cada
departamento responde por suas ações, contribuindo para a geração do resultado
global da empresa. A Contabilidade por áreas de responsabilidade permite a
cada gestor o acompanhamento dos resultados do seu setor como se fosse uma
empresa.

d) Orientação para objetivos: o sistema de orçamentos deve ser


compreensível e objetivo, permitindo melhor entendimento dos seus usuários, e
contribuir para que, na elaboração e aprovação dos planos de ação, as políticas
e diretrizes estejam de acordo com os objetivos da empresa e que possam atingir
os resultados de forma satisfatória.

e) Comunicação integral: o sistema de orçamentos deve possuir uma


linguagem de fácil compreensão, pois para verificar a efetiva comunicação das
políticas e diretrizes, dos planos e dos objetivos da empresa em todos os níveis
de gerência, é preciso compatibilizar o sistema de informações, o processo de
tomada de decisões e a estrutura organizacional. Entre outras palavras, deve ser
acessível a todos, pois a pessoa responsável por cada setor possui sua própria
percepção e assimilação das informações. Se a linguagem for acessível, isso
facilitará o atendimento das premissas do Accountability.

f) Expectativas realísticas: as pessoas buscam desafios para o seu


fortalecimento e engrandecimento, tanto pessoal quanto profissional. Portanto,

234
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

para que os objetivos do sistema de orçamentos sejam motivadores, eles


precisam ser desafiadores. Os padrões de produtividade, eficiência (fazer algo
ou alguma coisa) e eficácia (fazer essa coisa com bons resultados) devem ser
elevados, mas não impossíveis de serem alcançados. Serão estabelecidos com
base em valores compatíveis com a realidade da empresa e de seu ambiente, de
acordo com a capacidade do seu pessoal envolvido. E permitir, também, que as
pessoas envolvidas possam se sentir úteis, de modo que contribuam com novas
ideias e perspectivas e não trabalhar de forma “engessada”.

g) Oportunidade: Cada etapa do sistema de orçamentos deve possuir um


tempo de início e fim de atividades. Nada é mais desastroso para a confiabilidade
e a eficácia do sistema orçamentário do que os planos de ação ou relatórios de
avaliação de desempenhos que chegam às mãos dos gestores somente após
o início das atividades, ou muito tempo após seu término. É interessante para
o gestor de negócios que tenha as informações para o processo de decisão no
menor tempo possível. Com as constantes mudanças nos cenários de mercado,
torna-se necessária uma maior agilidade na tomada de decisões. Assim, quanto
mais rápido as informações forem geradas, melhor.

h) Aplicação flexível: o sistema de orçamentos é um guia para ações de


forma racional e sistematizada, mas não pode ser instrumento de dominação. O
sistema deve permitir correções, ajustes, revisões de orçamentos, revisões de
planos e de ações, enfim, ser flexível. Um orçamento que não permite flexibilização
poderá inviabilizar o processo decisório.

i) Reconhecimento dos esforços individuais e de grupos: Os gerentes


são contratados com a expectativa de serem empreendedores, tomadores
de decisões, e, para mantê-los sempre motivados, é preciso reconhecer seus
esforços individuais ou em grupos. Para isso, é necessário que a empresa possua
políticas e planos de incentivos adequados e claramente definidos, podendo ser
por reconhecimento remuneratório ou por promoções. Para um profissional estar
sempre motivado, é importante o reconhecimento dos seus esforços, sendo,
muitas vezes, este reconhecimento pautado em bônus ou incentivos financeiros.

j) Acompanhamento: este princípio reforça o desenvolvimento dos


gerentes, uma vez que as atividades em execução precisam ser mensuradas,
avaliadas e controladas com vistas a três objetivos: (1) no caso de desempenho
inferior, dar início a ações corretivas e de ajustes necessários, incluindo-se,
também, o preparo e treinamento de pessoal; (2) no caso de desempenho
favorável, reconhecê-lo e permitir a transferência do conhecimento aos gerentes
de outras áreas, inclusive, com promoção de políticas de premiação e vantagens
com foco no negócio do empreendimento; e (3) aperfeiçoar o próprio processo de
tomada de decisões, pois melhorias sempre serão possíveis se todos estiverem

235
Administração Financeira

engajados e direcionados para o objetivo principal da empresa, com utilização


das ferramentas orçamentárias. No acompanhamento de resultados, deve-se
estar atento para que sejam assimilados pelos gestores de forma a promover as
melhorias necessárias.

Criação De NoVas MentaliDaDes


Quando falamos em novas mentalidades, devemos focar na melhoria
contínua dos processos, estando em consonância com a elaboração dos
orçamentos. Ao se implantar um projeto desse nível, os gestores devem estar
aptos a aceitar e por em prática as novas filosofias, novas mentalidades.

Geralmente, nas empresas, as atividades funcionam ao estilo top-down. Se


as mudanças partem de cima, do topo da administração, os demais funcionários
assimilam e acatam, mas não incorporam uma nova mentalidade. É fundamental
ressaltar que não serão bem-sucedidas as mudanças propostas com as filosofias
orçamentárias se não ocorrer a incorporação de uma nova cultura orçamentária.
Sanvicente e Santos (1983, p. 28) afirmam que é necessário destacar a educação
orçamentária, ressaltando o “[...] destaque à exigência de um processo simultâneo
de educação orçamentária, ou de criação, dentro da empresa, de uma atitude
apropriada ao aproveitamento das vantagens do sistema”.

Vejamos o que Sanvicente e Santos (1983, p. 28) entendem por Educação


Orçamentária:

Entendemos por educação orçamentária um programa de


comunicação aos administradores já envolvidos ou que
virão a se envolver com o uso do sistema orçamentário, de
seus benefícios, tanto para a empresa quanto para o melhor
desempenho de suas tarefas específicas na organização.

A educação orçamentária está voltada para atender à necessidade de


conscientização, principalmente dos gestores, na mesma linha de comando,
ou seja, conscientizar primeiramente a Diretoria, ou, no caso, a Gerência. É
importante que isso aconteça, porque é a gerência que dá credibilidade à atuação
dos demais gestores. De nada adiantaria implantar um orçamento que a diretoria
não utiliza, nem o valida.

236
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

É importante que a conscientização aconteça no nível dos


gestores de escalões mais altos da empresa, como diretores ou
gerentes, para depois envolver os demais cargos subordinados.

Outro ponto a destacar trata-se da busca de apoio dos entusiastas, porque


esse grupo de profissionais está voltado para uma mentalidade mais aberta em
assimilar e divulgar mudanças. E mesmo porque, quando os resultados são
satisfatórios, há maior facilidade em divulgar e convencer os demais grupos de
gestores que permanecem de forma cética à mudança cultural.

[...] dois pontos táticos talvez sejam importantes para


melhorar a disposição apresentada pelos administradores
para usar o sistema orçamentário: (1) na sua implantação é
aconselhável iniciar pelas áreas em que estejam concentrados
os ‘entusiastas’, para que os resultados satisfatórios facilitem a
aceitação pelas demais; (2) é interessante programar contatos
diretos entre os administradores de linha e o gerente de
orçamentos, para que este compreenda melhor as realidades
operacionais da empresa e não acabe projetando um sistema
orçamentário que não condiga com a situação em que a
empresa atua, além de poder cercear a liberdade de ação
dos administradores; ou seja, a empresa acabará sendo ‘tão
bem controlada’ que ficará afogada em relatórios, podendo
até mesmo vir a perder oportunidades legítimas de lucro
(SANVICENTE; SANTOS, 1983, p. 28).

Ainda de acordo com Sanvicente e Santos (1983), outra forma de melhorar o


nível de comunicação interna na empresa é estabelecer formas de contato entre
o responsável pela elaboração dos orçamentos e as diversas áreas da empresa.
Isso facilita o desenvolvimento das atividades e minimiza os impactos negativos
gerados por qualquer falta de acesso do gestor orçamentário às situações que
tenham certa influência no processo das atividades.

É fundamental que o responsável pelo processo da elaboração


dos orçamentos tenha acesso a todas as áreas da empresa, e que
conheça a realidade de mercado, pois isso pode afetar os resultados
propostos no processo orçamentário.

237
Administração Financeira

ADeQuação Do Sistema De
Orçamentos À Estrutura
OrganiZacional
Para o sistema de orçamentos alcançar o sucesso na empresa e ser
reconhecido como uma ferramenta útil à gestão de negócios, é importante que a
empresa adote uma estrutura organizacional que seja de fácil visualização em um
organograma. O organograma apresenta a estrutura das funções da empresa e
possibilita identificar todos os envolvidos neste processo.

O estudo do organograma é tema da área de Controladoria.

Vejamos, Sanvicente e Santos (1983, p. 28) afirmam que:

Planejamento e controle, as atividades administrativas


particularmente favorecidas pelo uso de um sistema orçamentário,
pressupõem também a designação de níveis de autoridade, e de
responsabilidade pelas decisões, além de medidas necessárias
para que sejam alcançados os objetivos da empresa.

Estes níveis de autoridade e responsabilidade devem apresentar-se na


estrutura organizacional de forma simples, objetiva e permitir a identificação de
quais são as pessoas responsáveis em cada setor da empresa. Dessa forma, torna-
se mais acessível o contato com os profissionais, além de facilitar a comunicação
interna. Conforme Sanvicente e Santos (1983, p. 29), “essa designação de
autoridade e responsabilidade, qualquer que seja o critério adotado (produto, função
ou região), é o que chamamos de estrutura organizacional da empresa”.

Não importa qual o nível de implantação do sistema de orçamento. Se este


está sendo implantado por tipos de produtos ou por nível de mercados regionais,
dentre outros. O importante é poder identificar os responsáveis por cada segmento.

Tais orçamentos devem indicar [...] o que deve ser feito, como e
quando, para que sejam devidamente alcançados os objetivos
de desempenho da empresa; também devem identificar
indivíduos específicos que possam ser posteriormente
responsabilizados ou que prestem contas de desempenhos
efetivos considerados satisfatórios ou não (SANVICENTE;
SANTOS, 1983, p. 29).

238
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

Esta é uma premissa importante no processo orçamentário: identificar o


responsável de cada setor ou área envolvida, acompanhar o processo do seu
desempenho e, por conseguinte, reconhecer esses responsáveis pelo bom
desempenho ou cobrar melhorias nos resultados em momentos oportunos.

Não podemos esquecer que toda a elaboração das peças orçamentárias tem
por base a contabilidade como fonte dos dados. “A fonte de dados para o controle
é a contabilidade [...]” (SANVICENTE; SANTOS, 1983, p. 29).

É a Contabilidade que fornece os dados para a elaboração das


fontes de informações no sistema orçamentário.

É na estrutura organizacional (no organograma) que se


identificam quem são os responsáveis por cada área/setor, para
facilmente premiar ou cobrar melhores resultados.

ProJeçÕes Orçamentárias
A criação de cenários faz parte de um bom processo orçamentário. Mas,
afinal, qual é a finalidade da criação de cenários?

É importante que, ao implantar o plano orçamentário, a direção da empresa


e os demais envolvidos tenham ciência de que o Plano é pautado em situações
IMAGINÁVEIS ou PREVISÍVEIS.

Uma situação imaginável em um processo orçamentário significa criar cenários


que PODEM OCORRER. Para criar os cenários, primeiramente, devemos efetuar
uma “leitura” de como está o ambiente do mercado. “A construção de cenários é
uma etapa posterior à leitura do ambiente. [...] O objetivo da construção de cenários
é fundamentar as premissas orçamentárias” (PADOVEZE, 2005, p. 54).

Para elaborar um plano orçamentário, o gestor deve observar o ambiente


macroeconômico, pois é importante saber como o mercado está se comportando.

Mas de que forma se podem obter os dados para a criação desses cenários?
Uma das formas é a observação das informações que são divulgadas na mídia,
como revistas, jornais, internet, televisão, rádios e outros meios.

239
Administração Financeira

Os dados para a construção de cenários são os existentes na


mídia, nas publicações especializadas das associações de classe
e entidades governamentais, etc., devendo ser analisados e
transformados em informações que permitam indicar os caminhos
mais prováveis a se seguir (PADOVEZE, 2005, p. 55).

As projeções orçamentárias permitem aos gestores perceberem os possíveis


comportamentos nos quais a empresa possa incorrer no mercado. Dessa
maneira, é importante que o responsável pela elaboração do orçamento da
empresa acompanhe as movimentações políticas, econômicas, principalmente
dos mercados internacionais, que terão reflexos na capacidade produtiva da
empresa; mesmo que esta empresa não seja exportadora de produtos, mas, se
estiver fornecendo produtos e serviços para uma empresa exportadora, qualquer
redução nas exportações trará reflexos no resultado econômico da empresa.

Premissas Para a ElaBoração De


Orçamentos
Estudados os cenários para a elaboração do plano orçamentário, agora
podemos verificar os pontos necessários para a sua elaboração. As premissas
são todas as coisas que antecedem a elaboração do orçamento e acontecem de
acordo com o cenário escolhido. Conforme Leone (2000), os aspectos inerentes
às premissas para a elaboração do plano orçamentário são os seguintes:

1. Criação de um setor que se encarregará de implantar o sistema


orçamentário.

2. Esse setor deverá preparar todos os passos necessários para a instalação


do processo.

3. Reuniões com os membros da diretoria para a definição das metas básicas


sobre as quais o orçamento será estabelecido. Essas metas poderão ser
traduzidas, resumidamente, pelos seguintes pontos:

a) participação no mercado;
b) lucro líquido sobre vendas;
c) retribuição do investimento;
d) assistência aos empregados;
e) ampliação das instalações;
f) novos produtos e retirada de outros.

240
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

4. Levantamento de dados gerais, tais como indicadores econômicos e


sociais, tendências da indústria na qual a empresa opera e políticas de
governo.

5. Preparação de manuais de orçamento em que deverão constar os


objetivos do orçamento, os diversos passos e as técnicas de preparação
das estimações.

6. Estimativa das vendas em termos quantitativos. As quantidades de cada


produto a serem vendidas deverão ser analisadas mensalmente por
territórios de vendas.

7. Estimativas das vendas em termos monetários. Os preços de venda


deverão ser determinados levando-se em conta o mercado. Essas
estimações poderão ser corrigidas no próprio trabalho de preparação do
orçamento, depois que todos os custos tenham sido previstos.

8. Estimativas das despesas de propaganda e das despesas relacionadas à


atividade comercial.

9. Estimativas dos estoques da produção em termos quantitativos.

10. Estimativas dos materiais a consumir, das compras, da mão de obra


necessária e dos custos indiretos.

11. Estimativas das despesas administrativas.

12. Estimativas dos gastos de capital: aquisição e alienação de ativos


permanentes, recuperações e manutenção.

13. Estimativas das cobranças.

14. Estimativas dos pagamentos a fazer, com as datas em que deverão ser
efetivados.

15. Estimativas do fluxo de caixa.

16. Preparação da Demonstração de Resultados por período.

17. Levantamento dos balanços mensais para conhecimento da situação


financeira e patrimonial geral após o decurso de cada período.

241
Administração Financeira

Portanto, pode-se perceber que para elaborar um orçamento empresarial,


é necessário conhecer o mercado onde a empresa está inserida, e a partir daí,
planejar o montante de vendas que esta deseja atingir e dar seguimento a todas
as etapas do planejamento e elaboração do orçamento empresarial, tais como:
planejar as horas da produção, planejar a quantidade de materiais a ser utilizada
no processo produtivo, dentre outras.

Os EFeitos InFlacionários nas


ProJeçÕes Orçamentárias
Quando tratamos de projeções orçamentárias, devemos tomar o cuidado de
identificar o comportamento do mercado e sua demanda, suas perspectivas de
consumo, produção e venda. Mas não só isso, temos que nos preocupar, também,
com os efeitos nocivos ao poder aquisitivo da moeda, ou seja, a inflação.

A inflação é o aumento persistente e generalizado no valor dos


preços. Quando a inflação chega a zero dizemos que houve uma
estabilidade nos preços. A inflação pode ser dividida em:

Inflação de Demanda

É quando há excesso de demanda agregada em relação à


produção disponível. As chances de a inflação da demanda acontecer
aumentam quando a economia produz próximo do emprego de
recursos.

Para a inflação de demanda ser combatida, é necessário que


a política econômica se baseie em instrumentos que provoquem a
redução da procura agregada.

Inflação de Custos

É associada à inflação de oferta. O nível da demanda permanece


e os custos aumentam. Com o aumento dos custos ocorre uma
retração da produção, fazendo com que os preços de mercado
também sofram aumento. As causas mais comuns da inflação de
custos são: os aumentos salariais, porque fazem com que o custo
unitário de um bem ou serviço aumente; o aumento do custo de

242
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

matéria-prima, porque provoca um super aumento nos custos da


produção, fazendo com que o custo final do bem ou serviço aumente;
e, por fim, a estrutura de mercado, porque algumas empresas
aumentam seus lucros acima da elevação dos custos de produção.

Índices de Inflação

A inflação possui vários índices, entre eles: o IGP (Índice Geral


de Preços), IPA (Índice de Preços no Atacado), INPC (Índice Nacional
de Preços ao Consumidor), IPCA (Índice de Preços ao Consumidor
Amplo), INCC (Índice Nacional do Custo da Construção), CUB (Custo
Unitário Básico).

Fonte: Disponível em: <http://www.brasilescola.com/economia/


inflacao.htm>. Acesso em: 29 maio 2016.

A inflação pode ser apurada a partir dos índices oficiais divulgados pelo
governo, assim como podem ser medidos internamente na empresa. Esses
índices referem-se à economia em geral e aos mercados ligados aos negócios
da empresa de forma específica. Dentre os indicadores econômicos relativos à
inflação, os que mais se destacam são: taxa de juros, política salarial, crescimento
dos mercados, investimentos dos governos, política cambial (principalmente para
setores exportadores) entre outros.

Para apurar a taxa de inflação interna da empresa, conforme o Quadro 25,


é importante coletar todos os gastos que a empresa possui e avaliar a variação
percentual referente à majoração desses valores durante o período avaliado.
Também se faz necessário identificar o peso relativo de cada gasto sobre o
componente principal avaliado, que pode ser o produto ou serviço. Dessa forma,
pode-se apurar a variação percentual interna da inflação da empresa, que, muitas
vezes, é a real inflação da empresa, pois a inflação divulgada pelo governo pode
não contemplar itens que a empresa contempla.

243
Administração Financeira

Quadro 25 − Apuração da inflação interna da empresa

Fonte: O autor.

Observe o Insumo A. O seu valor de aquisição de R$ 56,00 no mês 1 teve


uma majoração de preços de R$ 58,00 para o mês 2. Sua variação de preços foi
de 3,5714%.

Feita essa comparação, é necessário identificar o peso relativo do produto na


composição do cálculo, que significa “quanto compõe o produto A” para o produto
final. O insumo A contribui em 12% na composição do produto final, e, dessa
forma, a variação do preço de aquisição de 3,5714% terá um impacto de 0,4286%
(0,4286% corresponde a 12% de 3,5714%) na avaliação final da inflação.

Percebe-se, no quadro anterior, que o percentual final apurado é de 5,0511%,


que é a soma da inflação de todos os insumos deste produto.

Definição de Inflação

Inflação é um conceito econômico que representa o aumento de


preços dos produtos num determinado país ou região, durante um
período. Num processo inflacionário o poder de compra da moeda cai.

Exemplo: num país com inflação de 10% ao mês, um trabalhador


compra cinco quilos de arroz num mês e paga R$ 10,00. No mês
seguinte, para comprar a mesma quantidade de arroz, ele necessitará
de R$ 11,00. Como o salário deste trabalhador não é reajustado
mensalmente, o poder de compra vai diminuindo. Após um ano, o
salário deste trabalhador perdeu 120% do valor de compra.

244
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

A inflação é muito ruim para a economia de um país. Quem


geralmente perde mais são os trabalhadores mais pobres, que não
conseguem investir o dinheiro em aplicações que lhe garantam
a correção inflacionária. Podemos citar as seguintes causas da
inflação:

- Emissão exagerada e descontrolada de dinheiro por parte do


governo;
- Demanda por produtos (aumento no consumo) maior do que a
capacidade de produção do país;
- Aumento nos custos de produção (máquinas, matéria-prima,
mão de obra) dos produtos.

No Brasil, existem vários índices que medem a inflação. Os


principais são: IGP ou Índice Geral de Preços (calculado pela
Fundação Getúlio Vargas), IPC ou Índice de Preços Ao Consumidor
(medido pela FIPE - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas),
INPC ou Índice Nacional de Preços ao Consumidor (medido pelo
IBGE) e IPCA ou Índice de Preços ao Consumidor Amplo (também
calculado pelo IBGE).

Fonte: Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/o_que_e/


inflacao.htm>. Acesso em: 29 maio 2016.

Mas, como pode ser realizado esse tipo de levantamento? Com base em
Padoveze (1997, p. 315), “as alterações nos custos e despesas da empresa
também podem ser obtidas através do levantamento periódico dos custos dos
produtos”. Esse tipo de levantamento, portanto, pode contribuir para que a
empresa faça análises comparativas com os diversos indicadores inflacionários
do mercado. Observe o exemplo da Tabela 6.

Tabela 6 – Apuração da inflação trimestral

Fonte: O autor.

245
Administração Financeira

Tomamos como exemplo um determinado produto X que a empresa esteja


adquirindo ou comercializando. Ao levantarmos o histórico dos seus valores,
identificamos que o mesmo produto teve uma variação de R$ 28,09 ao trimestre,
ou seja, uma inflação de aproximadamente 1,404%.

Nesse caso, ocorreu a perda aquisitiva da moeda, pois as perdas monetárias


“corroeram” o ganho de compra do mesmo produto do período 1 até o período “n”.

Mesmo em economias estáveis, com inflação controlada, é necessário utilizar


determinadas taxas inflacionárias, pois, ainda que reduzidos os percentuais
inflacionários, existe a perda monetária.

EstimatiVas De InFlaçÕes Futuras


Para diversos tipos de economias, inflacionárias ou não, uma ferramenta que
pode contribuir para melhor projetar os resultados econômicos e financeiros da
empresa pode ser a criação de uma tabela de estimativas de inflações futuras.

Dessa forma, podemos estimar alguns principais indexadores que influenciam


os componentes de um balanço patrimonial e da demonstração de resultados.
Buscamos em Padoveze (1997) alguns tipos de exemplos de indicadores, que
são os seguintes:

• Inflação aplicada para a atualização dos excedentes de caixa (que podem


ser determinados pelo indicador de rentabilidade futura, pois os recursos
financeiros excedentes de caixa deverão ser aplicados em algum tipo de
ativos com liquidez garantida).

• Inflação aplicada para a correção dos débitos fiscais (esse tipo de correção
faz jus aos débitos fiscais em atraso, que podem gerar perdas monetárias).

• Inflação aplicada para a correção de salários (esse tipo de inflação é


importante observar, pois cada variação terá impacto nos custos dos
produtos).

• Inflação aplicada para as demais despesas (aqui as despesas têm impacto


na formação do mark-up para a formação dos preços de vendas. Esse
item é importante ser analisado, pois a variação nos preços pode gerar
perdas monetárias pela não reposição das perdas inflacionárias, tendo
como consequência a falta na geração de riqueza da empresa).

246
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

• Inflação que será aplicada para outros itens patrimoniais ou de resultados,


que tenham relevância para demais gastos a serem orçados.

O que podemos compreender, segundo Padoveze (1997), é que a empresa


deveria utilizar-se da taxa de inflação e aplicá-la a cada tipo de indicador do
Balanço Patrimonial, em decorrência da perda monetária (poder de compra) que
incide nos valores monetários deste demonstrativo contábil e financeiro.

Você observou, neste item, que a inflação tem aspecto relevante para a
elaboração dos orçamentos, pois os orçamentos elaborados para um determinado
exercício social (ano 1 ou ano 2) sofrerão perdas de valores monetários ao longo
dos seus 12 meses projetados.

DemonstratiVo De Custos e
Despesas ProJetaDos
Neste item, abordaremos o demonstrativo de custos e despesas projetados.
Mas, para isso, é necessário apurar o histórico das operações da empresa para
identificar os fatos passados e estimar as operações futuras da empresa.

a) Orçamento de despesas operacionais

As despesas ou gastos operacionais envolvem os gastos de produção e


podem ser definidos como os gastos fixos utilizados no processo produtivo.

Conforme Zdanowicz (1989, p. 103), “o orçamento de despesas operacionais


constitui-se de todas as despesas que serão pagas ou incorridas para vender
produtos e administrar a empresa. Assim, todos os itens estarão vinculados ao
processo produtivo, mas irão representar despesas ou desembolsos de caixa”.

No processo produtivo, esses gastos são os indiretos, tais como: No processo


supervisão de produção, manutenção geral da fábrica, aluguel, dentre produtivo, esses
outros. gastos são os
indiretos, tais
como: supervisão
Também como gastos de produção, podemos identificar as
de produção,
aquisições das matérias-primas, e no modelo de orçamento de produção manutenção geral da
abordado neste capítulo, os gastos com aquisição de matérias-primas fábrica, aluguel, dentre
são os seguintes: outros.

247
Administração Financeira

Quadro 26 – Aquisição de matérias-primas com impostos

Fonte: O autor.

No quadro anterior, observamos que os custos das matérias-primas adquiridas


para o período 1 é de R$ 4.809.113,58 e do período 2 é de R$ 4.746.848,42. O
valor dos impostos creditados é de R$ 1.711.718,39 para o período 1 e de R$
1.689.556,22 para o período 2, que representam um percentual de 26,25%, os
quais estão distribuídos da seguinte forma:

 PIS - Programa de Integração Social:


1,65%
 COFINS - Contribuição ao Financiamento da Seguridade Social: 7,65%
 ICMS - Imposto sobre Circulação das Mercadorias e Serviços: 17,00%

A soma de 1,65% + 7,65% + 17,00% perfaz um total de 26,25%.

Para apurarmos o valor do imposto creditado das compras, dividimos o valor


das compras líquidas por 1 – 0,2625, que tem por fator divisor 0,7375.

Logo, para o período 1, conforme o Quadro 26:


R$ 4.809.113,58 / 0,7375 = R$ 6.520.831,97

Portanto, o valor total das compras é de R$ 6.520.831,97.

Vejamos a prova real:

Período 1: Valor das Compras de Fornecedores: R$ 6.520.831,97 x 26,25%


= R$ 1.711.718,39

Para o período 2, conforme o Quadro 26:

R$ 4.746.848,42 / 0,7375 = R$ 6.520.831,97

Portanto, o valor total das compras é de R$ 6.520.831,97.

248
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

Vejamos a prova real:

Período 2: Valor das Compras de Fornecedores: R$ 6.520.831,97 x 26,25%


= R$ 1.711.718,39

O valor total das compras será reconhecido em Fornecedores, o valor dos


impostos das compras será recuperado do valor dos impostos das vendas e o
valor líquido das compras será reconhecido em conta de estoque de mercadorias.

b) Orçamento de despesas administrativas

As despesas administrativas são, em geral, todos os gastos fixos na


prestação de serviços a todos os setores operacionais da empresa, e não estão
relacionados com o desempenho de uma única função. Dentre as características
do orçamento na área administrativa, podemos citar:

a) Ser flexível quanto ao crescimento que por ventura a empresa possa ter.
b) Ter as suas atividades expostas para possíveis reduções das metas da
empresa.
c) O setor deve ter bem clara a descrição dos seus objetivos.
d) Possuir os relatórios básicos de custos por centro de custo dos setores.

Em síntese, o orçamento das despesas administrativas pode ter certa


complexidade para a sua elaboração, mas é de fundamental importância, pois
terá impacto na geração do Resultado Operacional da empresa.

c) Orçamento de despesas com vendas

Neste orçamento se incluem todas as despesas para colocar o produto no


mercado. Nesse raciocínio, Sanvicente e Santos (1983, p. 117) afirmam que “as
despesas de vendas compreendem todos os gastos efetuados com a venda e a
distribuição dos produtos”. Vejamos, a seguir, algumas despesas de vendas:

a) despesas com marketing;


b) despesas administrativas como, salários, encargos, telefones, internet,
comissão;
c) despesas com fretes, comissões, vendedores, estadas, visitas a clientes, etc.

Estas despesas de vendas ocorrem devido à necessidade de a empresa


acompanhar seu produto no mercado e, também, verificar o grau de inovações
dos concorrentes para possíveis reestruturações dos seus produtos.

249
Administração Financeira

d) Orçamento de despesas financeiras

De acordo com Zdanowicz (1989, p. 108), “no orçamento de despesas


financeiras serão incluídos os juros, o desconto e a correção monetária, além de
outros tipos de gastos financeiros, como oriundos de aplicações temporárias em
títulos e as taxas de abertura de crédito pela empresa”.

Para a elaboração das projeções orçamentárias, utilizaremos dois períodos,


o Período 1 (1º semestre do exercício social avaliado) e o Período 2 (2º semestre
do exercício social avaliado). Primeiramente, vamos apurar os dados históricos
da empresa, fazer uma simulação com esses dados, e, em seguida, elaborar a
projeção dos resultados.

Esse tipo de procedimento é interessante aplicar, pois, com o


Orçamento FLEXÍVEL, é possível adequar as metas orçamentárias à
realidade da empresa no mercado, não a deixando “engessada” em
um orçamento que, talvez, não seja possível alcançar.

250
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

Tabela 7 – Dados históricos do exercício social 20x0 (períodos 1 e 2)

Fonte: O autor.

251
Administração Financeira

Na Tabela 7, constam dados históricos de custos e despesas que ocorreram


no ano de 20X0. Isso é apenas uma simulação, que permite encontrar indicadores
médios para projeções dos gastos e despesas para o período a ser orçado. Com
essas informações, temos condições de avaliar qual é a distribuição dos custos e
despesas fixos e variáveis, para fins de projeção orçamentária.

Tabela 8 – Distribuição dos custos/despesas fixas e variáveis - ano 20x0 (período 1)

Fonte: O autor.
252
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

Na tabela anterior, podemos identificar a distribuição dos custos fixos e


variáveis durante o período histórico do exercício social de 20X0 (período 1, ou
seja, o 1º semestre).

Para fins orçamentários, é importante conhecer esse assunto,


pois é relevante na identificação e previsão dos gastos relativos à
produção e à comercialização.

Em outras palavras, quanto mais à empresa vende, mais ela


gasta. Esse é um conceito geral de gastos variáveis, e o gasto fixo,
por sua vez, independe do seu volume de produção. O seu próprio
nome diz isso: Fixo.

Vamos para uma rápida análise: O coeficiente “X”, logo abaixo do valor do
faturamento de R$ 4.942.896,70, de acordo com a Tabela 8, demonstra qual
é a participação dos gastos variáveis (em custos e despesas) em relação ao
faturamento.

Em outras palavras:

 Custo dos Produtos Vendidos do produto DAC 622 – Deck Autoclavado


100 x 50 = R$ 578.409,55 / R$ 4.942.896,70 = 0,117018
 Propaganda e Publicidade = R$ 6.000,00 / R$ 4.942.896,70 = 0,001214

Esse cálculo deverá ser realizado apenas nos gastos


VARIÁVEIS, dividindo-o sempre pelo montante do faturamento.

Portanto, o coeficiente final de 0,968119 serve para apurarmos uma média


dos gastos variáveis que TIVERAM participação no montante de faturamento de
R$ 4.942.896,70 para o exercício social de 20X0, 1º semestre.

O mesmo irá ocorrer para o 2º período do exercício social de 20X0. Vamos


analisar os resultados:

253
Administração Financeira

Tabela 9 – Distribuição dos custos/despesas fixas e variáveis - ano 20x0 (período 2)

Fonte: O autor.

Na Tabela 9, podemos identificar a distribuição dos custos fixos e variáveis durante


o período histórico do exercício social de 20X0 (período 2, ou seja, o 2º semestre).

Vamos para uma rápida análise: O coeficiente “X”, logo abaixo do valor do
faturamento de R$ 5.239.470,47, de acordo com a Tabela 9, demonstra qual é a

254
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

participação dos gastos variáveis (em custos e despesas) em relação ao faturamento.

Em outras palavras:

 Custo dos Produtos Vendidos do produto DAC 622 – Deck Autoclavado


100 x 50 = R$ 611.554,49 / R$ 5.239.470,47 = 0,116721
 Propaganda e Publicidade = R$ 8.100,00 / R$ 5.239.470,47 = 0,001546

Esse cálculo deverá ser realizado apenas nos gastos


VARIÁVEIS, dividindo-o sempre pelo montante do faturamento.

Portanto, o coeficiente final de 0,966004 serve para apurar uma média dos
gastos variáveis que TIVERAM PARTICIPAÇÃO no montante de faturamento de
R$ 5.239.470,47 para o exercício social de 20X0, 2º semestre.

Esses procedimentos de cálculos podem ser utilizados para a elaboração


das ferramentas orçamentárias para todos os exercícios sociais da empresa.

Em seguida, iremos apurar a média dos coeficientes existentes nos dados


históricos.

Tabela 10 – Média dos coeficientes históricos

Fonte: O autor.

255
Administração Financeira

Na Tabela 10, foram apuradas as médias dos coeficientes históricos do 1º e


2º semestres do exercício social 20X0. Observe que os coeficientes da conta de
Custo dos Produtos Vendidos e da conta de Propaganda e Publicidade encontram-
se nesta tabela, e foram apuradas as suas médias devidas.

Vamos, com esses dados, elaborar a Projeção dos Gastos para o período
20X1 (períodos 1 e 2).

Identificaremos como ficarão demonstrados os gastos da empresa para o


período projetado, de acordo com a apuração das médias dos coeficientes dos
gastos variáveis.

Tabela 11 – Demonstrativo de classificação dos gastos projetados – 20x1

Fonte: O autor.

256
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

De acordo com a Tabela 11, podemos elaborar um orçamento projetado dos


gastos gerais da empresa.

As médias dos coeficientes dos gastos variáveis, apuradas na Tabela 10,


agora estão sendo utilizadas na Tabela 11.

Veja, por exemplo, que de acordo com o valor das vendas projetadas totais
em R$ 10.182.367,13, aplicando-se as médias dos coeficientes dos gastos
variáveis das mesmas contas que estudamos nas Tabelas 8 e 9, vamos verificar
os seus resultados.

Em outras palavras:

 Custo dos Produtos Vendidos do produto DAC 622 – Deck Autoclavado


100 x 50 = R$ 11.774.138,04 (previsão de vendas) x 0,116870 (coeficiente
médio) = R$ 1.376.043,51 de gastos projetados para esta conta.

 Propaganda e Publicidade = R$ 11.774.138,04 (previsão de vendas) x


0,001380 (coeficiente médio) = R$ 16.248,31 de gastos projetados para
esta conta.

Os mesmos procedimentos são adotados para todas as contas contábeis


com gastos variáveis.

A riqueza das informações obtidas de acordo com a Tabela 11 nos permite


identificar o Resultado Operacional Projetado, que é o valor apurado pela empresa
após descontar todos os gastos fixos e variáveis, que são os esforços utilizados
para a geração das receitas.

O Resultado Operacional Projetado é uma importante


informação a ser projetada nos Orçamentos, a qual permite identificar
a possibilidade (viabilidade) de a empresa prosseguir no mercado.

Com essas informações, você pode projetar os resultados por períodos


(semestres), utilizando as projeções de vendas.

257
Administração Financeira

Demonstração Do ResultaDo Do
EXercÍcio ProJetaDo
Na Demonstração do Resultado do Exercício Projetado você terá como
projetar (orçar) um nível de detalhamento maior de gastos fixos e variáveis, e,
assim, apurar a Margem de Contribuição projetada para o próximo período.

É uma importante ferramenta orçamentária. Buscamos em Padoveze (1997,


p. 381) sua contribuição quanto a esses aspectos:

O Orçamento operacional contém a maior quantidade de peças


orçamentárias a serem trabalhadas. Nele estão contidas as
previsões dos gastos departamentais (dos centros de custos),
que, por sua vez, apresentam o orçamento da maior parte das
despesas da empresa.

Devemos tomar por base, para o cálculo desse orçamento, o montante das
vendas. O processo orçamentário inicia-se no ORÇAMENTO DE VENDAS.

Com as informações geradas através do Demonstrativo de Resultado do


Exercício Projetado, é possível avaliar a eficácia do planejamento geral da empresa.

258
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

Tabela 12 – Demonstrativo do resultado projetado – períodos 1 e 2 (ano: 20x1)

Fonte: O autor.

259
Administração Financeira

Com a Tabela 12, podemos observar a distribuição dos resultados projetados,


de acordo com os gastos fixos e variáveis para os dois semestres orçados
(ano 20X1). Para termos uma clara ideia do que essa tabela permite identificar,
tomemos novamente as duas contas contábeis que analisamos nas Tabelas 8 e 9.

Veja, por exemplo, que, de acordo com o valor das vendas projetadas totais
em R$ 11.774.138,04, aplicando-se as médias dos coeficientes dos gastos
variáveis das mesmas contas, vamos verificar os seus resultados.

Em outras palavras:

 Custo dos Produtos Vendidos do produto DAC 622 – Deck Autoclavado


100 x 50 = R$ 11.774.138,04 (previsão de vendas) x 0,116870 (coeficiente
médio) = R$ 1.376.043,51 de gastos projetados para esta conta.

 Propaganda e Publicidade = R$ 11.774.138,04 (previsão de vendas) x


0,001380 (coeficiente médio) = R$ 16.248,31 de gastos projetados para
esta conta.

O Resultado Operacional de R$ 267.619,79 permite identificar seus


resultados respectivos para o período 1 e 2 do ano de 20X1.

Os gastos fixos são os mesmos valores apurados na Tabela 11, mas de


forma mais detalhada, aberta em dois semestres.

a) Orçamento de despesas tributárias

O orçamento de despesas tributárias varia de acordo com o ramo de atividade


e a percentagem de recolhimento sobre o faturamento da indústria, do comércio
e dos serviços. Conforme Zdanowicz (1989, p. 110), “os tributos de maneira em
geral podem ser classificados em despesas fixas e despesas variáveis. Este
conhecimento antecipado poderá facilitar a elaboração do orçamento de despesas
financeiras”.

O orçamento dos impostos das vendas para o período projetado de 20X1 é


de R$ 3.503.061,96, pois as vendas líquidas dos impostos com a aplicação do
Mark-up dos impostos de 0,7707 geram esses valores.

 Impostos das Vendas = 22,93%


 Identificação do Mark-up divisor = 1 – 0,2293
 Mark-up divisor = 0,7707

260
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

Dessa forma:

 Vendas Líquidas = R$ 11.774.138,04 / 0,7707 = R$ 15.277.200,00


 Apuração dos impostos das vendas = R$ 15.277.200,00 x 22,93%
 Valor dos impostos das vendas = R$ 3.503.061,96

Outra informação importante que podemos extrair dessa ferramenta


orçamentária é a apuração do Imposto de Renda, em que foi aplicado um
percentual de 34% e representa, respectivamente:

 Alíquota do Imposto de Renda: 15%


 Adicional da Alíquota do Imposto de Renda: 10%
 Alíquota da Contribuição Social do Lucro Líquido: 9,00%
 Alíquota do Imposto de Renda e Contribuição Social do Lucro Líquido:
15% + 10% + 9% = 34%.

Desse modo, aplicando-se a alíquota de 34% sobre o Resultado Operacional


de R$ 267.619,79, teremos um valor de Imposto de Renda de R$ 90.990,73.

Demonstração Do FluXo De CaiXa


ProJetaDo
O fluxo de caixa projetado é a peça que junta todos os orçamentos,
traduzindo, em um resumo, todo o orçamento operacional e adicionando as peças
orçamentárias do orçamento de vendas, orçamento de produção, de perspectivas
de compras de insumos e demais gastos fixos ou variáveis.

O orçamento do fluxo de caixa é muito importante para as empresas pelo


fato de estar relacionado diretamente ao pagamento de compromissos em
períodos determinados. Para Zdanowicz (1989, p. 115), “os desembolsos serão
realizados principalmente para fins de compra de matérias-primas, pagamentos
de mão de obra direta com os encargos sociais respectivos, despesas indiretas de
fabricação, acréscimos de capital, resgate de dívidas e pagamentos de dividendos
aos acionistas”.

Planejar a disponibilidade de caixa para efetuar o pagamento dos


compromissos é fundamental, pois demonstrará com antecedência a situação do
caixa em um determinado período.

Vejamos algumas vantagens do orçamento de fluxo de caixa:

261
Administração Financeira

a) se houver falta de caixa, a empresa terá tempo para negociar com o


mercado financeiro;

b) determina a quantidade desejada de caixa para um determinado período,


de modo a evitar problemas;

c) fornece a dimensão exata de recursos disponíveis para a compra de


matérias-primas;

d) Quando há sobra de caixa, pode-se aplicar o saldo no mercado financeiro.

Dentro do orçamento de caixa, tem-se o último dado necessário para a


elaboração da projeção de resultados, que são as receitas financeiras.

Na Tabela 12, apuramos as seguintes informações:

 Resultado do Período Projetado de 20X1:

Resultado Financeiro: R$ 180.142,06

Esse é o resultado que “sobrará” no caixa para o período projetado de 20X1,


pois não ocorrem desembolsos para as despesas com depreciação.

Para o período de 20X1, projetamos os seguintes valores de Custo de


Produção, de acordo com o consumo dos seguintes insumos:

 Na Tabela 12, orçamos o valor de Custo de Produção dos quatro produtos


em fabricação no valor de: R$ 1.376.043,51 + R$ 1.675.165,49 + R$
1.032.639,00 + R$ 6.835.687,77 = R$ 10.919.535,77.

Se aplicarmos os valores dos impostos das compras de acordo com o


coeficiente divisor em 0,7375, teríamos o valor das compras de fornecedores
projetado em R$ 14.806.150,20.

R$ 10.919.535,77 / 0,7375 = R$ 14.806.150,20

Assim como a Demonstração do Fluxo de Caixa Projetado, podemos também


projetar o Balanço Patrimonial, que é um demonstrativo em que a empresa
apresenta todos os recursos contidos no grupo de contas do Ativo, Passivo e
Patrimônio Líquido.

As contas no grupo do Ativo são representadas por recursos investidos na


empresa e utilizam contas como:

262
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

− caixa e bancos;
− duplicatas a receber;
− estoques;
− imobilizado (máquinas e equipamentos, veículos, móveis e utensílios,
dentre outros bens que a empresa utiliza para suas atividades
operacionais).

As contas no grupo do Passivo são representadas por recursos oriundos de


terceiros, ou seja, dívidas ou compromissos financeiros assumidos pela empresa,
para “tocar” o empreendimento. O Passivo apresenta contas como:

- fornecedores;
- empréstimos e financiamentos;
- salários e encargos a pagar;
- impostos a recolher, dentre outros.

As contas no grupo do Patrimônio Líquido são representadas por recursos oriundos


dos seus investidores, ou seja, os sócios ou proprietários. Esses recursos investidos
são apresentados na conta contábil de Capital Social. E no grupo do Patrimônio Líquido
também se apresentam os valores oriundos do resultado da empresa.

O estudo das contas patrimoniais, seus conceitos e objetivos


são estudados em uma disciplina específica de CONTABILIDADE ou
CONTABILIDADE GERAL.

O que você acabou de ler referente a Ativo, Passivo e Patrimônio


Líquido serve para situá-lo(a) no assunto referente Balanço Patrimonial.

Balanço Patrimonial ProJetaDo


Ao ser elaborado, o Balanço Patrimonial Projetado contribuirá com elementos
patrimoniais ao orçamento do processo operacional da empresa, de forma a informar
a liquidez orçada e a capacidade da geração do resultado econômico da empresa.

No quadro a seguir, apresentamos um exemplo de Balanço Patrimonial.

263
Administração Financeira

Quadro 27 – Demonstração do balanço patrimonial projetado

Fonte: O autor.

Os valores apresentados na Demonstração do Balanço Patrimonial sofrem


alterações todas as vezes que se processam operações na empresa. Conforme
mencionado anteriormente, os valores constantes em algumas contas contábeis
no Quadro 26 são meramente ilustrativos, mas a estrutura de contas contábeis
apresentadas neste quadro pode ser utilizada para projeções.

Lembrando sempre que os resultados projetados serão apresentados na conta


contábil de Lucros Acumulados (podendo ocorrer também Prejuízos Acumulados).

Análise Das VariaçÕes


As projeções orçamentárias são pautadas de acordo com o que se IMAGINA
que possam ocorrer na empresa. Isto é um risco e, em alguns casos, leva o
gestor à frustração quando elabora e analisa as variações ocorridas. Essa

264
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

análise é realizada após a conclusão de todas as projeções orçamentárias da


empresa, ou seja, quando o gestor encontra-se na etapa de CONTROLE. Nessa
etapa, verificamos se os objetivos previstos foram realmente alcançados. Por
intermédio de análises de variações, é avaliado o desempenho das áreas de
responsabilidades, possibilitando fazer eventuais correções apontadas.

Segundo Padoveze (2005, p. 221):

Tendo como base as informações levantadas pelos relatórios


de controle orçamentário, faz-se a análise das variações, a
qual busca identificar em maior detalhe os principais motivos
que causaram a variação em valor de cada item orçado,
fundamentando sua justificativa pelos gestores responsáveis
pelos orçamentos e operações.

Um exemplo clássico de análise das variações pode ser observado Um exemplo clássico
na tabela seguinte, na qual apuraremos essas variações entre o de análise das
ORÇADO e o REALIZADO de cada conta contábil. variações pode ser
observado na tabela
seguinte, na qual
Essas variações somente poderão ser apuradas à medida que
apuraremos essas
forem sendo realizadas as operações previstas. Portanto, de acordo variações entre
com o projetado para 20X1, vamos comparar com o que foi efetivamente o ORÇADO e o
projetado. Na tabela a seguir, temos uma previsão de gastos para o REALIZADO de cada
exercício social de 20X1 e uma coluna com valores “realizados” para conta contábil.
20X1. Esse exemplo serve apenas para visualizar de que forma se compara as
contas contábeis entre o Orçado e o Realizado e, por conseguinte, identificar as
maiores variações ocorridas.

265
Administração Financeira

Tabela 13 – Análise das variações entre orçado x realizado - exercício social 20x1

Fonte: O autor.

266
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

Observe que, na Tabela 13, utilizamos, praticamente, a mesma base de


dados das projeções para o exercício social de 20X1. Porém, a diferença desta
tabela está em separar a coluna “ORÇADO” e “REALIZADO” e apurar a diferença
entre elas, que se chama VARIAÇÕES.

De posse das informações, chamadas de VARIAÇÕES, o gestor De posse das


de cada departamento deve buscar respostas para as variações e informações,
partir para as atividades de CONTROLE, cujo objetivo é evitar que chamadas de
discrepâncias enormes possam ocorrer e influenciar negativamente as VARIAÇÕES, o
gestor de cada
peças orçamentárias.
departamento deve
buscar respostas para
As respostas a estas variações deverão ser investigadas e as variações e partir
solucionadas em caso de erros em projeções, ou ineficiências para as atividades
operacionais. de CONTROLE,
cujo objetivo é evitar
que discrepâncias
Quando tratamos do orçamento empresarial como uma ferramenta
enormes possam
de gestão, isso nos remete a refletir que todas as variações que ocorrer e influenciar
ocorrerem e que não estiverem de acordo com as premissas operacionais negativamente as
da empresa devem logo ser investigadas, pois ineficiências podem peças orçamentárias.
corresponder a um mau planejamento da produção.

Atividades de Estudos:

1) Implantar uma ferramenta orçamentária para que possa servir na


melhoria da qualidade da gestão requer um complexo trabalho
de treinamento e conscientização de todos os colaboradores.
Para isso, há a necessidade de criar um ambiente com NOVAS
MENTALIDADES. Discorra sobre esse aspecto das novas
mentalidades.
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

2) A inflação é talvez um dos piores cenários que a economia


pode enfrentar. A inflação, nesse caso, corrói parte dos valores
monetários e financeiros das empresas e da sociedade. Porém
existem alguns tipos de mecanismos que provocam a aceleração da
inflação, uma desses mecanismos é a INFLAÇÃO DA DEMANDA.
Discorra sobre as características da inflação da demanda.

267
Administração Financeira

____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________

Algumas ConsiDeraçÕes
Prezado(a) acadêmico(a), finalizamos o capítulo 4.

Neste capítulo você conheceu as ferramentas orçamentárias existentes,


assim como alguns modelos para que você possa aplicar na sua profissão.

Lembre-se! Todo o planejamento existente na empresa deve ser feito com


base no mercado de atuação, na política governamental do país onde a empresa
desenvolve as suas atividades, dentre outros fatores abordados neste capítulo.

Também é importante refletirmos sobre que efeitos inflacionários deverão


ser previstos na elaboração das peças orçamentárias e atentar para as variações
ocorridas entre as previsões orçamentárias e os resultados efetivamente
alcançados em períodos anteriores (deverão ser investigados para permitir as
devidas correções que se façam necessárias).

ReFerÊncias
ATKINSON, Anthony A. et al. Contabilidade gerencial. Trad. de Management
Accounting. São Paulo: Atlas, 2000.

BEER, Stafford. Cibernética e administração industrial. Rio de Janeiro: Zahar,


1969.

BIO, Sérgio Rodrigues. Sistemas de informação: um enfoque gerencial. São


Paulo: Atlas, 1985.

BOISVERT, Hugues. Contabilidade por atividades: contabilidade de gestão -


práticas avançadas. São Paulo: Atlas, 1999.

268
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

BRITO, Osias Santana de. Controladoria de risco: retorno em instituições


financeiras. São Paulo: Saraiva, 2003.

CATELLI, Armando (Coord.). Controladoria: uma abordagem da gestão


econômica - GECON. São Paulo: Atlas, 1999.

CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da administração. 6. ed.


Rio de Janeiro: Campus, 2000.

CROZATTI, Jaime. Planejamento Estratégico e Controladoria: um modelo para


potencializar a contribuição das áreas da organização. In: PADOVEZE, Clóvis
Luís. Controladoria avançada. São Paulo: Thomson, 2005.

FIGUEIREDO, Sandra; CAGGIANO, Paulo César. Controladoria: teoria e


prática. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

FREZATTI, Fábio. Orçamento empresarial: planejamento e controle gerencial.


5. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

GUERREIRO, Reinaldo. A meta da empresa: seu alcance sem mistérios. São


Paulo: [s.n.], 1996.

KOCHANSKI, Djone. Sistemas de gestão empresarial distribuídos como ferramenta


competitiva. Leonardo: Órgão de Divulgação Científica e Cultural da Associação
Educacional Leonardo da Vinci-ASSELVI, Indaial, v. 1, n. 1, p. 53-58, jul./dez. 2000.

LEONE, George Sebastião Guerra. Custos: um enfoque administrativo. Rio de


Janeiro: Editora FGV, 2000.

LUNKES, Rogério João. Manual de orçamento. São Paulo: Atlas, 2003.

______. Manual de orçamento. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

______. Manual de orçamento. In: SANTANA, Leonel Garcia. Proposta de


aplicação do orçamento base zero em um departamento financeiro de
uma empresa multinacional. 2010, 27 f. Trabalho de Conclusão (Graduação
em Contabilidade) - Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais,
Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre, 2010. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/
handle/10183/27214/000763258.pdf?...1>. Acesso em: 17 jul, 2016.

MOSIMANN Clara P.; ALVES Osmar de C.; FISCH, Sílvio. Controladoria: seu papel
na administração de empresas. Florianópolis: Ed. UFSC – ESAG, 1993.

269
Administração Financeira

NAKAGAWA, Masayuki. ABC - Custeio baseado em atividades. São Paulo: Atlas,


1994.

OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Sistemas de informações


gerenciais: estratégias, táticas, operacionais. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

PADOVEZE, Clóvis Luis. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de


informação contábil. São Paulo: Atlas, 1997.

______. Controladoria avançada. São Paulo: Thomson, 2005.

______. Controladoria estratégica e operacional. São Paulo: Cengage


Learning, 2009.

PASSARELLI, João; BOMFIM, Eunir de Amorim. Orçamento empresarial: como


elaborar e analisar. São Paulo: Editora Thomson, 2004.

PEREZ JÚNIOR, José Hernandez; PESTANA, Armando Oliveira; FRANCO,


Sérgio Paulo Cintra. Controladoria de gestão: teoria e prática. São Paulo: Atlas,
1995.

PYHRR, Peter. Orçamento base zero: um instrumento administrativo prático


para avaliação das despesas. In: SANTANA, Leonel Garcia. Proposta de
aplicação do orçamento base zero em um departamento financeiro de
uma empresa multinacional. 2010, 27 f. Trabalho de Conclusão (Graduação
em Contabilidade) - Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais,
Faculdade de Ciências Econômicas, Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre, 2010. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/
handle/10183/27214/000763258.pdf?...1>. Acesso em: 17 jul 2016.

SANTANA, Leonel Garcia. Proposta de aplicação do orçamento base zero


em um departamento financeiro de uma empresa multinacional. 2010,
27 f. Trabalho de Conclusão (Graduação em Contabilidade) - Departamento
de Ciências Contábeis e Atuariais, Faculdade de Ciências Econômicas,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2010. Disponível em:
<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/27214/000763258.pdf?...1>.
Acesso em: 17 jul 2016.

SANVICENTE, Antônio Zoratto; SANTOS, Celso da Costa. Orçamento na


administração de empresas: planejamento e controle. 2. ed. São Paulo: Atlas,
1983.

270
Capítulo 4 Orçamento Empresarial

SCHEIN, Edgar H. Psicologia organizacional. In: NAKAGAWA, Masayuki.


Introdução à controladoria: conceitos, sistemas, implementação. São Paulo:
Atlas, 1993.

SEMLER, R. Virando a própria mesa. Rio de Janeiro: Rocco, 2002.

TUNG, Nguyen H. Controladoria financeira das empresas: uma abordagem


prática. 4. ed. São Paulo: Ed. Universidade de São Paulo, 1974.

______. Orçamento empresarial no Brasil: para empresas industriais e


comerciais. 2. ed. São Paulo: Edições Universidade Empresa , 1975.

WARREN, Carl S.; REEVE, James M.; FESS, Philip E. Contabilidade gerencial.
Trad. Managerial Accounting. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001.

WELSCH, Glenn Albert. Orçamento empresarial. Trad. Antônio Zoratto


Sanvicente. 4. ed. São Paulo: Atlas,1983.

ZDANOWICZ, José Eduardo. Orçamento operacional: uma abordagem prática.


3. ed. Porto Alegre: Sagra, 1989.

271

Você também pode gostar