Fichamento PCN EF História

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Levando em consideração os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino

Fundamental I, os objetivos do processo de ensino-aprendizagem são:


 compreender a cidadania como participação social e política, assim como
exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia-a-dia,
atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando o outro
e exigindo para si o mesmo respeito;
 posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes
situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de
tomar decisões coletivas;
 conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais
e culturais como meio para construir progressivamente a noção de identidade
nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao País;
 conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem
como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se contra
qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe social, de
crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e sociais;
 perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente,
identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente
para a melhoria do meio ambiente;
 desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança
em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação
pessoal e de inserção social, para agir com perseverança na busca de
conhecimento e no exercício da cidadania;
 conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando hábitos saudáveis
como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com
responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva;
 utilizar as diferentes linguagens — verbal, matemática, gráfica, plástica e
corporal — como meio para produzir, expressar e comunicar suas ideias,
interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e privados,
atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação;
 saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para
adquirir e construir conhecimentos;
 questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-los,
utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade
de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação.
- Perspectiva histórica da construção da História como disciplina escolar:
A partir da promulgação da constituição de 1824, a História tem sido constante no
currículo da escola elementar (ensino primário ou básico) no Brasil.
O Decreto das Escolas de Primeiras Letras, de 1827, a primeira lei sobre a
instrução nacional do Império do Brasil, estabelecia que “os professores
ensinariam a ler, a escrever, as quatro operações de aritmética (...), a
gramática da língua nacional, os princípios de moral cristã e de doutrina da
religião católica e apostólica romana, proporcionadas à compreensão dos
meninos; preferindo, para o ensino da leitura, a Constituição do Império e
História do Brasil. O texto do decreto revelava que a escola elementar
destinava-se a fornecer conhecimentos políticos rudimentares e uma
formação moral cristã à população. (p.14)
No período do Império do Brasil, não havia distinção entre as ideias morais e religiosas
das histórias políticas e nem dos costumes e culturas de outros povos, o que prevalece é
o ensino religioso no currículo escolar, muito em consonância com a proposta do
Império em dar legitimidade a aliança entre Estado e Igreja.
A constituição da História como disciplina escolar autônoma ocorreu apenas
em 1837, com a criação do Colégio Pedro II, o primeiro colégio secundário
do País, que apesar de público era pago e destinado às elites. Como a
regulamentação da disciplina seguiu o modelo francês, a História Universal
acabou predominando no currículo, mas se manteve a História Sagrada.(p.
14)
Somente em 1870, com o florescimento das ideias republicanistas no Brasil, assim
como o surgimento da defesa do cientificismo, o programa de ensino foi ampliado com
a "com a incorporação das disciplinas de ciências físicas, de História Natural, com a
adoção dos preceitos metodológicos das chamadas “lições de coisas” e a inclusão de
tópicos sobre História e Geografia Universal, História do Brasil e História Regional."
Ao final da década de 1870, o ensino de História passaria por uma nova reformulação,
em que buscava-se substituir a História Sagrada pela História Profana. O PCN afirma
que isso ocorria pois "tal fato traduzia a atmosfera das discussões sobre o fim da
escravidão, a transformação do regime político do Império para a República e a
retomada dos debates sobre o ensino laico, visando dessa vez a separação entre o Estado
e a Igreja Católica e sua ampliação para outros segmentos sociais." (p. 15).
O PCN afirma que na prática existia um grande abismo entre as propostas de ensino e o
que de fato, era ensinado em sala de aula. Neste sentido, prevaleceu o ensino da História
Sagrada sobre a História Civil Nacional.
Os programas de História do Brasil seguiam o modelo consagrado pela
História Sagrada, substituindo as narrativas morais sobre a vida dos santos
por ações históricas realizadas pelos heróis considerados construtores da
nação, especialmente governantes e clérigos. A ordem dos acontecimentos
era articulada pela sucessão de reis e pelas lutas contra os invasores
estrangeiros, de tal forma que a história culminava com os “grandes
eventos” da “Independência” e da “Constituição do Estado Nacional”,
responsáveis pela condução do Brasil ao destino de ser uma “grande
nação”. Os métodos de ensino então aplicados nas aulas de História eram
baseados na memorização e na repetição oral dos textos escritos. Os
materiais didáticos eram escassos, restringindo-se à fala do professor e aos
poucos livros didáticos compostos segundo o modelo dos catecismos com
perguntas e respostas, facilitando as arguições. Desse modo, ensinar
História era transmitir os pontos estabelecidos nos livros, dentro do
programa oficial, e considerava-se que aprender História reduzia-se a saber
repetir as lições recebidas. (p. 15)
Já no final do século XIX, com a implantação da República, abolição da escravatura, a
racionalização das formas de trabalho e o processo migratório buscavam novas
mudanças na configuração do processo educacional. Nesse sentido, a escola elementar
seria um motor de construção de uma nação, na busca pela eliminação do analfabetismo
etc.
No plano do currículo, os embates e disputas sobre a reelaboração de
determinados conteúdos foram essenciais para a definição das disciplinas
escolares, dividindo aqueles que o desejavam baseado em disciplinas mais
científicas, portanto, mais técnicas e práticas, adequadas à modernização, e
aqueles que defendiam as disciplinas literárias, entendidas como formadoras
do espírito. Como resultado das disputas, as disciplinas escolares foram
obtendo maior autonomia, afirmando seus objetivos, formando um corpo
próprio de conhecimentos, desenvolvendo métodos pedagógicos. A História
passou a ocupar no currículo um duplo papel: o civilizatório e o patriótico,
formando, ao lado da Geografia e da Língua Pátria, o tripé da
nacionalidade, cuja missão na escola elementar seria o de modelar um novo
tipo de trabalhador: o cidadão patriótico. (p. 20)
Nesse sentido, a ideia de trabalhar a História Universal foi sendo substituída pela
História da Civilização, ou seja, o currículo do ensino de História passou a contemplar o
Estado como principal motor do processo civilizatório, desvinculando a história das
religiões. Por exemplo, deixamos de estabelecer uma linha do tempo em torno dos
acontecimentos bíblicos para configurar em torno da formação dos Estados. A História
Pátria ganha maior importância, pois temos a busca pela formação do cidadão
patriótico, assim como a moral passa a ser substituída pela construção do civismo, a
ideia de cidadania.
A partir de 1930, temos a criação do Ministério da Saúde e Educação Pública e a
Reforma Francisco Campos, o que acentuou o fortalecimento do Estado e o controle
sobre o processo educacional. Influenciados pelas propostas do movimento
escolanovista1 ocorreu a incorporação dos chamados Estudos Sociais no ensino
elementar, em substituição a História e Geografia.
Ao longo desse período, poucas mudanças aconteceram em nível
metodológico. Apesar das propostas dos escolanovistas de substituição dos
métodos mnemônicos pelos métodos ativos, com aulas mais dinâmicas,
centradas nas atividades do aluno, com a realização de trabalhos concretos
como fazer maquetes, visitar museus, assistir a filmes, comparar fatos e
épocas, coordenar os conhecimentos históricos aos geográficos, o que
predominava era a memorização e as festividades cívicas que passaram a ser
parte fundamental do cotidiano escolar.
Portanto, o que de fato predominou no ensino cotidiano foi a memorização, o "saber as
lições de cor" em consonância com a necessidade de saber conteúdos para admissão no
ensino superior etc.

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O movimento conhecido como escolanovista teve como objetivo contrapor as ideias da metodologia de ensino
tradicional (baseado na memorização). A grande diferença é que na década de 1920 a escola renovada pretendia a
incorporação de toda a população infantil. O aluno assumia o centro dos processos de aquisição do conhecimento
escolar. A aquisição da escrita tornou-se imprescindível dentro das capacidades fundamentais para o indivíduo.
Deveria ser uma técnica mais racional, seguindo os princípios de Ferrier, para não causar uma “fadiga inútil”.
Ocorreu uma modificação nos traços e nas formas de escrita. As preocupações com a leitura também ocuparam
espaço nas discussões escolanovistas. A leitura oral, prática presente em todo o período anterior de nossa história,
principalmente devido ao pequeno número de letrados e de livros, deveria ser substituída pala prática da leitura
silenciosa. “O domínio da leitura silenciosa possibilitava ao indivíduo o acesso a um número maior de informações,
concorrendo para potencializar a ampliação de sai experiência individual”. (Vidal, 2003, p. 506) O ler e o escrever
passaram a ser associados e racionalizados. Por outro lado, o conhecimento era adquirido através da experiência. Os
alunos eram levados a observar fatos e objetos com o intuito de conhecê-los.
http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/glossario/verb_c_pedagogia_escolanovista.htm

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