Biblioteca Inova
Biblioteca Inova
Biblioteca Inova
autor do original
MARCO FÁBIO POLLI
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2015
Conselho editorial fernando fukuda, luis di marcello, jeferson ferreira fagundes
Diagramação fabrico
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.
ISBN 978-85-60923-43-4
Prefácio 7
3. Empreendedorismo 54
Empreendedorismo e inovação 55
Características do comportamento empreendedor 58
Mitos sobre os empreendedores 64
Impactos sociais e econômicos do empreendedorismo. 65
O empreendedorismo no Brasil 68
Razões para empreender 70
Conhecendo os obstáculos 70
4. Criatividade 82
A importância da criatividade 82
A imprevisibilidade do processo criativo 83
Criatividade e recombinações 84
Criatividade, inovação e comportamentos 87
Tipos de inovação e direcionamento da criatividade 93
5. Solução de Problemas e
Intraempreendedorismo 100
Bons estudos!
7
1
Conhecimento e a sua
Gestão
1 Conhecimento e a sua Gestão
Um dos principais desafios das organizações deste século será buscar ferra-
mentas ou práticas sistematizadas para administrar a autotransformação. Para
Drucker (2002), as organizações devem aprender a criar novos conhecimentos
por meio de processos sistematizados de melhoria contínua, mediante o de-
senvolvimento de novas aplicações com base em seus sucessos e manter uma
inovação contínua visando responder aos desafios atuais a aumentar continua-
mente sua competitividade.
Veremos neste capítulo, técnicas de conversão do conhecimento mundialmen-
te conhecidas, estudadas e aplicadas nas empresas para se proporcionar o ge-
renciamento do conhecimento do indivíduo.
OBJETIVOS
• Conhecer a técnica SECI.
• Entender o funcionamento e aplicação da técnica.
• Conhecer as fases de conversão do conhecimento.
• Compreender a importância dos papéis e dos sujeitos envolvidos.
• Compreender a importância da cultura para o sucesso da GC.
REFLEXÃO
Você já leu algum texto sobre vantagem competitiva? Como as empresas se diferenciam das
concorrentes e mantêm essa diferenciação? Busque relacionar esses questionamentos com
o conteúdo que será visto ao longo deste capítulo.
10 • capítulo 1
1.1 Google e a importância do conhecimento
capítulo 1 • 11
1.2 Os tipos de conhecimento
12 • capítulo 1
partilhado. Uma das definições usadas por Nonaka e Takeuchi (2008a, p.19)
para conhecimento tácito é:
capítulo 1 • 13
tunidade de perguntar a ele como fazia o que fazia – isto é, como ele sabia onde
deveria estar, aonde deveria ir, como driblava os adversários e chutava a bola da
maneira correta para marca o gol – Pelé provavelmente diria que: esse era o tipo
de coisa que ele simplesmente fazia.
Para resumir, a dimensão técnica pode ser englobada em grande parte pelo
termo know-how. Elementos como insights, intuições, palpites e inspirações
adquiridas por meio da experiência corporal estão profundamente atrelados a
essa dimensão.
A segunda dimensão, a cognitiva, é constituída pelas nossas crenças, percep-
ções, ideias, valores, emoções e modelos mentais. Tais elementos estão tão entra-
nhados em nos que comumente os consideramos naturais, como se tivéssemos
nascidos com eles. Ignoramos assim, que eles foram adquiridos e moldados ao
longo de nossas vidas e também foram determinados por nossas escolhas (sobre-
tudo, as inconscientes). Paradoxalmente, esses elementos também são responsá-
veis pela forma como vemos ou moldamos o mundo e, em consequência, pelas
escolhas (inconscientes e conscientes) que fazemos.
Sobre a dimensão cognitiva do conhecimento tácito, Nonaka e Takeuchi
(1997, p.66) afirmam:
14 • capítulo 1
Para que se possa ser compartilhado dentro das organizações o conhecimento tácito
deve ser convertido de tácito para explícito e vice-versa. Durante essa conversão é que
o conhecimento organizacional é criado (ZABOT & SILVA, 2002). Esta conversão não
só possibilita a geração do conhecimento como também dá um passo além, gerando a
aprendizagem organizacional, onde através de processos sistemáticos é possível fazer
com que todos os participantes de uma empresa possam trocar informações, conheci-
mentos e experiências por meio desta técnica.
capítulo 1 • 15
mas, sobretudo, porque culturalmente somos conduzidos a trabalhar com estru-
turas lógicas e sistêmicas e a identificar os paradoxos como erros.
Essa afirmação, contudo, não pode ser generalizada, afinal, o conhecimen-
to tácito é muito valorizado em mercados essencialmente intangíveis, como
esportes, artes, mídias em geral e alguns serviços especializados. Muitas vezes,
isso leva a uma situação completamente avessa a que colocamos anteriormen-
te. No texto de um crítico sobre uma pintura abstrata, por exemplo, dificilmen-
te você encontrará elementos relacionados ao conhecimento explícito.
A tendência a ignorar o conhecimento tácito nas empresas ainda é grande, porém, aos
poucos, muitas organizações vem descobrindo que ele não é nenhum bicho de sete ca-
beças e que está presente o tempo todo em nosso cotidiano. A intuição, por exemplo, já é
aceita por muitos como um elemento importante nas tomadas de decisão.
16 • capítulo 1
serviria de base para os setores de produção, serviços e informações e que cabe-
ria às organizações o papel de criar conhecimentos de diversas maneiras para
continuarem ativas (DRUCKER, 1994). Os termos “trabalho do conhecimento”,
“trabalhador do conhecimento” e “sociedade do conhecimento”, cunhados por
ele, deixam bem clara sua visão sobre a importância do conhecimento nas orga-
nizações de negócios modernas, como nesta afirmação (DRUCKER, 1991, p.69):
O maior desafio com o qual os gerentes dos países desenvolvidos se deparam é au-
mentar a produtividade dos trabalhadores do conhecimento e da área de serviços. Tal
desafio, que dominara a agenda gerencial durante varias das próximas décadas, acabara
determinando o desempenho competitivo das empresas. Mais importante, determinara a
própria estrutura da sociedade e a qualidade de vida de todos os países industrializados.
Nos estudos das organizações que aprendem, nos quais Peter Senge merece
grande destaque, a necessidade de mudança continua nas organizações tam-
bém é de suma importância. Em geral, essa teoria compreende o aprendizado
como composto para duas atividades:
• A primeira é a obtenção de know-how com o intuito de se usar as premis-
sas existentes na organização para resolver problemas específicos
capítulo 1 • 17
• A segunda é o estabelecimento de novos paradigmas, modelos mentais
ou perspectivas que anulem as premissas existentes, dando lugar a novas
premissas.
Houve, é claro, além de Drucker e Senge, outros teóricos que ajudaram a con-
ferir ao conhecimento a posição de protagonista nas novas teorias administra-
tivas e organizacionais. Entretanto, preferimos manter sua atenção focada no
assunto deste livro, pois uma lista de nomes e teorias que, embora interessante,
pouco ajudaria, basta entender que as teorias de Drucker e Senge foram impor-
tantes para criar o cenário propício ao surgimento da gestão do conhecimento.
A gestão do conhecimento, como a entendemos aqui, veio ao mundo em 1991
nas páginas de “The Knowledge-creating company”, um artigo de Ikujiro Nonaka
publicado na Harvard BUSINES Review, que, em 1995 serviu como base para um
livro homônimo lançado no Brasil como Criação de conhecimento na empresa,
da editora Campus, escrito pelo mesmo autor e por Hirotaka Takeuchi. Este livro
estrutura as bases do processo de criação e disseminação de conhecimento den-
tro das organizações, isto é, a essência da gestão do conhecimento.
Quando as organizações inovam, elas não só processam informações, de fora para den-
tro, com o intuito de resolver os problemas existentes e se adaptar ao ambiente em trans-
formação. Elas criam novos conhecimentos e informações, de dentro para fora, a fim de
redefinir tanto os problemas quanto as soluções e, nesse processo, recriar seu meio.
Para tanto, o primeiro passo dos autores foi definir a distinção entre conhe-
cimento explícito e conhecimento tácito, como você mesmo deve se lembrar.
18 • capítulo 1
Segundo eles, “o segredo da criação do conhecimento esta na mobilização e na
conversão do conhecimento tácito” (NONAKA; TAKEUCHI, 1997, p.62). O pro-
cesso que permite essa mobilização e conversão é composto por quatro modos
que se alternem em um movimento de espiral. Para que ocorra esta conversão do
conhecimento, Nonaka e Takeuchi (1997) apresentam quatro formas que com-
põem esta transformação denominada Técnica SECI (Socialização, Externaliza-
ção, Combinação e Internalização). Segundo eles, a interação social é fator deter-
minante na criação e expansão do desenvolvimento humano nas organizações.
CONEXÃO
Uma vez que estamos falando de criação de conhecimento, você provavelmente já deve ter
considerado que o conhecimento não é algo que simplesmente existe por ai a priori. De fato,
para um termo abstrato, ele apresenta algumas características bem orgânicas; por exemplo,
ele começa (é criado) desenvolve-se (é convertido) e, depois de ser utilizado ou consumido,
invariavelmente acaba (é aniquilado por outro conhecimento recém criado). Foi assim com os
dinossauros, foi assim com os chapéus-coco e foi assim também com os desenhos animados
da Disney antes da Pixar. No entanto, como gostamos de repetir, essas coisas simplesmente
não acontecem sozinhas (CARVALHO, 2012).
capítulo 1 • 19
Em seguida, quando houver um grupo de indivíduos comovidos em torno
do mesmo conhecimento, que ainda é tácito, a tendência é que a interação en-
tre eles (conversas, discussões e reflexões) leve a uma externalização do conhe-
cimento. Trata-se de cristalizar o conhecimento tácito de cada um na criação de
um novo conceito. Em outras palavras, é a conversão do conhecimento tácito
em conhecimento explícito.
Segundo Nonaka e Takeuchi (1997, p.73), a chave para a criação do conhe-
cimento reside nessa conversão, pois é aqui que são criados os conceitos novos
e explícitos a partir do conhecimento tácito. Não se trata, contudo, de um pro-
cesso simples, como apontam os mesmos autores em outra obra (2008b. p.62):
20 • capítulo 1
Uma vêz que um grupo de indivíduos explicitou o conhecimento por meio
de um novo conceito, cabe à organização disponibilizar este conhecimento ex-
plícito de modo que todos os demais grupos sejam capazes de fazer a combina-
ção deste conhecimento explícito com outros que já existem em seu ambiente
interno e externo. Assim, eles poderão combinar os conjuntos de conhecimen-
tos explícitos e sistematizar cada conceito em um sistema de conhecimento.
A esta altura, já deve ter ficado bem claro que estamos falando da conversão
de conhecimento explícito em conhecimento explícito. Esse processo acontece
com extrema frequência nas organizações, afinal, nós trocamos e combinamos
conhecimentos por meio de documentos, telefonemas, e-mails, reuniões etc.
Como você pode perceber, as redes de comunicação computadorizadas e as ba-
ses de dados são, portanto, ferramentas que podem facilitar muito este processo.
Cabe ressaltar que a combinação não diz respeito apenas a juntar conheci-
mentos; ela também pode incluir a decomposição de conceitos, como afirmam
Nonaka e Toyama (2008, p. 97):
capítulo 1 • 21
A internalização tem o objetivo de permitir a criação de novos modelos
mentais e a expansão de know how do indivíduo. Para isso, além dos méto-
dos citados no parágrafo anterior, também são válidas outras práticas que
possibilitam a incorporação do novo conhecimento, como, uma simulação, a
leitura de uma história de sucesso ou um estudo de um caso.
Em linhas gerais, o que acabamos de apresentar aqui foram os quatro mo-
dos de conversão de conhecimento, segundo a modelo SECI – Socialização, Ex-
ternalização, Combinação e Internalização – de Nonaka e Takeuchi.
Diálago
Conhecimento
Tácito
Socialização Externalização
Conhecimento Compartilhado Conhecimento Conceitual
Construção do campo
Conhecimento o Explícito
Associação do
do
Internalização Combinação
Conhecimento Operacional Conhecimento Sistêmico
Conhecimento
Explícito
Conhecimento
em Conhecimento
Tácito Explícito
Aprender fazenda
22 • capítulo 1
reuniões, telefonemas e redes de comunicação. A educação e o trei-
namento formal são considerados dentro deste modo de conversão.
d) Internalização (conversão do conhecimento explícito em conhecimento
tácito): está relacionada ao “aprender fazendo”. Trata-se da internaliza-
ção por parte dos indivíduos, de modelos mentais e Know-how técnico
compartilhado. Ocorre através da verbalização e diagramação do conhe-
cimento sob a forma de documentos, manuais ou histórias orais.
ext
ern
o Adaptação da aliz
zaçã comunidade
açã
o
ali
soci
Comunidades
informais
Aprendizado Adaptação
individual organizacional
Organizações
int
ern
formais
ção
aliz
bina
realização de valor
Nota-se também que esta técnica funciona em espiral. Por isso é chamada
de Espiral do Conhecimento. Isso se deve ao fato de acontecer de forma cíclica
e contínua, integrando os conhecimentos tácito e explícito nesta dinâmica.
capítulo 1 • 23
Em primeiro lugar, o modo da socialização normalmente começa desenvolvendo um
‘campo’ de interação. Esse campo facilita o compartilhamento das experiências e mo-
delos mentais dos membros. Segundo, o modo de externalização é provocado pelo
“diálogo ou reflexão coletiva” significativos, nos quais o emprego de uma metáfora ou
analogia significativa ajuda os membros da equipe a articularem o conhecimento tácito
oculto que, de outra forma, é difícil de ser comunicado. Terceiro, o modo de combinação
é provocado pela colocação do conhecimento recém-criado e do conhecimento já exis-
tente provenientes de outras seções da organização em uma “rede”, cristalizando-os
assim em um novo produto, serviço ou sistema gerencial. Por fim, o aprender fazendo
provoca a internalização. (NONAKA e TAKEUCHI, 1997 p.80).
A figura a seguir, traduz de forma mais didática o que acabamos de ver sobre
a técnica SECI:
24 • capítulo 1
Deve-se notar que os próprios autores desta técnica destacam uma dificulda-
de grande de se trabalhar com o armazenamento e compartilhamento do conhe-
cimento tácito entre os trabalhadores de uma organização. Isso porque o tão valo-
rizado “conhecimento”, adquirido sobretudo mediante experiências vividas, não
são facilmente transmitidos ou socializados. Para isso os autores recomendam a
criação de equipes autogeridas a fim de facilitar o processo, seja por redundância
de informações como por compartilhamento de intenções organizacionais.
capítulo 1 • 25
Externalização
A
I
I I Exp
ito líci
Tác O
I G I
to
I I
I
A
G
Combinação
Socialização
I I G O G
G
O
G
Exp
to i I líci
Tác to
I = Indivíduo
A G = Grupo
Internalização O = Organização
A = Ambiente
Takeuchi e Nonaka (2008) apontam cinco condições para que a criação do co-
nhecimento individual e em grupo seja facilitada:
1. Intenção. No nível organizacional, é necessário haver vontade para se
atingirem metas bem definidas e visão clara sobre o conhecimento que
se quer desenvolver.
2. Autonomia. Os indivíduos devem ter liberdade para agir de forma autô-
noma, sendo limitados apenas por circustâncias de fato necessárias.
Ainda, é essencial motivação própria para gerar e adquirir conheci-
mento.
3. Flutuação e caos criativo. A desordem aparente do ambiente externo à
empresa (flutuação) pode ser um estímulo poderoso para que os mem-
bros internos busquem aprender e se renovar. Da mesma forma, po-
de-se imprimir intencionalmente uma sensação de crise (caos criativo),
provocando respostas inusitadas diante de um contexto desafiador.
26 • capítulo 1
4. Redundância. Deve-se haver sobreposição e excesso de informações e
responsabilidades. Para que o conhecimento seja criado, conceitos e
informações de utilidade não imediata devem estar à disposição dos in-
divíduos. Outra prática importante é a rotação de pessoal por diversas
áreas, promovendo a aquisição de múltiplas perspectivas.
5. Variedade. Para os dois autores, a variedade é promovida se os mem-
bros internos possuem acesso rápido e o mais direto possível a uma
gama de informações.
CONEXÃO
O aprendizado é, portanto, tido como a principal vantagem competitiva organizacional. O co-
nhecimento e a informação, diferentemente do petróleo e do ferro, crescem quando são
compartilhados. Uma ideia ou habilidade, quando dividida com alguém, não se perde, mas
sim aumenta, possibilitando recursos ilimitados às empresas. Para o autor, conhecimento é
a base para o progresso organizacional e, ainda mais – conclui o autor –, é o seu maior ativo
(SVEIBY, 1998).
ATIVIDADE
1. Faça uma lista de suas atividades diárias e identifique ocasiões de conversão de conhe-
cimento.
2. Pesquise na Internet a lista das empresas mais valiosas do mundo segundo a Forbes e
identifique as tecnologias e os conhecimentos em que se baseiam.
capítulo 1 • 27
3. Discuta por que uma sensação de crise está ligada à criação de conhecimento.
4. O esforço das corporações em dar segurança à sua infraestrutura de tecnologia de infor-
mação relaciona-se, principalmente, a que tipo de conhecimento? Justifique.
5. De acordo com o contéudo do capítulo e uma pesquisa própria, identifique quais são os
principais obstáculos para a criação de conhecimento em uma empresa.
REFLEXÃO
A Gestão do Conhecimento trata-se de um processo moderno e sistemático de aprendiza-
gem organizacional e distribuição do saber coletivo, apoiado na geração, codificação, disse-
minação e apropriação de conhecimentos e habilidades individuais, baseado num processo
de inovação contínua, de modo a fazer com que a informação certa chegue à pessoa certa,
na hora certa, buscando a excelência organizacional e a valorização do ser humano. Desse
modo, deve fazer parte da estratégia organizacional e ter sua implantação garantida e patro-
cinada pela alta gerência, a quem deve estar subordinado todo o processo de gestão do co-
nhecimento (SVEIBY, 1998, pág. 211).
LEITURA
Artigo: O modelo inovador japonês de Gestão do Conhecimento, Por Pierre Fayard. Disponível
em: <http://sbgc.org.br/sbgceduc/?p=635> – Acesso julho / 2012.
28 • capítulo 1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, F. C. A. Gestão do Conhecimento. Cidade: Editora Perason, 2012.
______. Desafios gerenciais para o século XXI. São Paulo: Pioneira, 1999.
FINKLE, T. A. Corporate Entrepreneurship and Innovation in Silicon Valley: the case of Google,
Inc. Entrepreneurship Theory and Practice, p. 863-868, jul. 2012.
capítulo 1 • 29
LEVY, S. In the Plex – How Google Thinks, Works, and Shapes our Lives. Nova York: Simons
& Schuster, 2011.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo, passaremos a entender a inovação tecnológica e a sua relação com o
conhecimento. Compreenderemos o processo de inovação e os modelos para a sua gestão.
30 • capítulo 1
2
Fundamentos da
Gestão da Inovação
2 Fundamentos da Gestão da Inovação
Neste capítulo, conheceremos o que é inovação, em quais situações ela pode
ser desenvolvida e como a empresa pode gerenciá-la. Ao contrário do que mui-
tos pensam a inovação não é resultado apenas da atividade de grandes empre-
sas, mas também de pequenos negócios cujos fundadores são empreendedo-
res extremamente criativos.
Também se enganam aqueles que pensam que a inovação está presente apenas em
produtos altamente sofisticados e que incorporam tecnologia de ponta. Na verda-
de, melhoramentos em produtos e processos ou a implementação de novos arran-
jos organizacionais e de modelos de negócio são atividades inovadoras e que, sem
eles, a nossa sociedade não teria muitas facilidades das quais temos acesso hoje.
O que deve ficar claro é que a inovação não é fruto do acaso, do destino ou de
um simples golpe de sorte. É sim consequência de conhecimento, experiência,
observação, visão de futuro e muito trabalho. Empresas inovadoras trabalham
todos os dias para descobrir como resolver problemas ainda sem solução ou,
então, como resolver problemas cujas respostas existentes não são satisfatórias.
Por esse motivo dizemos que inovação e empreendedorismo caminham juntos.
Lembre-se de que o empreendedor é um indivíduo insatisfeito. Acredita que é
capaz de desenvolver uma solução nova ou melhor do que aquela existente.
Assim, dado o padrão de competição global no qual as empresas encontram-se
inovar parece ser o caminho certo para aquelas que desejam manterem-se com-
petitivas no mercado. E há inúmeros exemplos, sejam de pequenas, médias ou
grandes empresas que fazem isso muito bem. O que se verifica é que em todas
elas há uma gestão comprometida e sistemática para com o processo de inova-
ção e uma busca incessante por novas soluções e oportunidades de mercado.
OBJETIVOS
Discutir a importância da inovação para a competitividade das empresas do nosso século,
bem como identificar as categorias e as fontes de inovação e compreender os modelos para
gerenciá-la.
32 • capítulo 2
REFLEXÃO
Como você deve recordar, uma figura arquétipa do cinema e da televisão é o “cientista
louco”, o qual trabalha de forma isolada em um laboratório e que possui um comportamento
excêntrico. Com base na importância estratégica e na complexidade da tecnologia nos dias
de hoje, você considera que essa figura corresponde à realidade?
capítulo 2 • 33
2.2 O que é inovação?
34 • capítulo 2
TIPOS DE O QUE SIGNIFICAM EXEMPLOS
INOVAÇÃO
Experiência Mudar a forma de interação com o
Drive-thru do Mc Donald’s
do cliente cliente
Vale dizer que ideia, invenção e inovação são coisas diferentes. Uma ideia é
um pensamento. É, portanto, algo abstrato e intangível. A invenção é a conver-
são da ideia em algo concreto (um produto, processo, modelo de negócio) que se
torna inovação quando é aceita pelo mercado. Você pode ter uma ideia brilhante,
desenvolver um produto fantástico e, por outro lado, o mercado não aceitá-lo. Ou
seja, você teve uma ideia, fez uma invenção, mas não viabilizou uma inovação. A
inovação pressupõe a apropriabilidade de seus benefícios pela sociedade.
ATENÇÃO
Deve-se destacar que uma inovação pode ser: a) para a própria empresa, que passou a incorporá
-la em seu portfólio ainda que ela já existisse no mercado; b) para o mercado nacional, mediante
a introdução de uma inovação no país, porém já presente em mercados externos e c) para o mer-
cado mundial, resultado de uma criação única ainda não existente em nenhuma parte do mundo.
1 Informação fornecida por Cabral na palestra intitulada Financiamento da Ação Inovadora para o Programa
Gestão para o Empreendedorismo Inovador, em 2011.
capítulo 2 • 35
mente viável e a sociedade não poderá usufruir dos seus benefícios. Da mesma
forma, dizemos que a inovação depende da viabilidade econômica, pois uma
determinada invenção pode custar tão caro que praticamente ninguém poderia
pagar por ela. Ou seja, o mercado não se beneficiaria de seu consumo.
CONEXÃO
Conheça algumas das melhores inovações desenvolvidas no Brasil. Acesse o link <http://
exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/0856/noticias/as-10-melhores-inovacoes-
brasileiras-m0078609> e saiba mais!
36 • capítulo 2
dicais é resultado de fatores como a forte orientação para os clientes existen-
tes, forte ênfase nos riscos da inovação radical e postura imediatista quanto
ao retorno do investimento.
• Falta de um processo formal de desenvolvimento de novos produtos. Mesmo
empresas que têm fôlego financeiro para conduzir projetos de elevado con-
teúdo tecnológico mantêm em seu portfólio de projetos um conjunto signifi-
cativo de inovações incrementais.
As empresas podem utilizar diferentes estratégias para inovar, cada qual com um
determinado nível de esforço e, consequentemente, de resultados decorrentes das
inovações. Embora Freeman (1982 apud REIS, 2004, p. 91) tenha desenvolvido uma
série de classificações para essas estratégias, podemos analisar duas principais: a
estratégia ofensiva ou de liderança e a estratégia defensiva ou de seguimento.
Na estratégia ofensiva a empresa busca alcançar uma posição de liderança
técnica e de mercado. Empresas que adotam essa estratégia possuem um de-
partamento formal voltado para inovação, que tem uma relevante importância
dentro da estrutura organizacional e recebem investimentos permanentes para
a realização dos projetos. A mão de obra tende a ser muito qualificada e a em-
presa valoriza o sistema de patentes, muitas vezes fruto das atividades de P&D.
Como resultado, são empresas que estão mais predispostas a desenvolverem
inovações radicais.
Por sua vez, na estratégia defensiva as empresas procuram se aproveitar dos
eventuais erros dos pioneiros e evitar a defasagem em termos de mudanças
técnicas. Essas empresas também realizam atividades de P&D, porém utilizam
suas capacidades para responder às mudanças e se adaptar às inovações intro-
duzidas pelos líderes. Consequentemente, desenvolvem inovações incremen-
tais baseadas naquelas já existentes.
capítulo 2 • 37
O quadro 2.2 apresenta as principais vantagens e desvantagens de cada es-
tratégia. Convém esclarecer que a empresa não precisa necessariamente iniciar
suas atividades de inovação baseada na estratégia de liderança. Ela pode adqui-
rir experiência a partir da estratégia defensiva e assim fortalecer e consolidar
seu nível de comprometimento com as atividades inovativas para atingir a lide-
rança ao longo do tempo.
ATENÇÃO
“Patente é um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade, ou-
torgado pelo Estado aos inventores ou autores ou outras pessoas físicas ou jurídicas detento-
ras de direitos sobre a criação” (INPI, 2012). A patente serve para proteger uma invenção e por
meio dela previne-se a ação desleal de competidores. No Brasil, é passível de patenteamento
produtos, processos ou ambos.
OU DE consumidores antes de
– A experiência da empresa
LIDERANÇA ocorrer a competição por
provê informações para os se-
preços.
guidores (estes podem se apro-
– Acúmulo de recursos e
veitar de soluções já prontas).
capacitações críticas pio-
neiramente. – Possibilidade de investimen-
– Chances de fidelizar os tos fixos em tecnologias que
clientes em determinado serão logo ultrapassadas.
produto primeiramente.
– Maior grau de incerteza em
– Respeitabilidade asso-
diversas dimensões.
ciada ao inovador.
38 • capítulo 2
ESTRATÉGIA – Necessidade de investi- – Deverá competir com base
capítulo 2 • 39
Figura 5 – Modelo linear do processo de inovação tecnológica – technology push.
Fonte: Nuchera, Serrano e Morote (2002, p. 67).
40 • capítulo 2
promovida pela globalização, a internacionalização e mobilidade do conheci-
mento, os avanços tecnológicos, as limitações internas para a ampliação das
atividades de P&D e a proliferação dos fundos de capital de risco contribuíram
para o surgimento de um novo paradigma para o gerenciamento do processo
de inovação: a inovação aberta (SCHERER; CARLOMAGNO, 2009).
Dada a nova configuração por meio da qual algumas empresas passaram a
gerenciar a inovação, Chesbrough (2003) sistematizou o modelo de inovação
aberta (Open Innovation), apresentado na figura 8. Por meio dele a empresa
pode desenvolver e comercializar tanto as suas próprias invenções, como tam-
bém os inventos gerados por outras organizações. Isso porque ao longo do pro-
cesso de desenvolvimento algumas tecnologias podem ser viabilizadas, mas
não fazem parte do negócio central das empresas. Assim, suponha que a sua
empresa tenha desenvolvido algo que não tenha interesse em comercializar.
Você pode negociar esse invento e vendê-lo para que outra empresa o comercia-
lize como também pode comprar uma tecnologia desenvolvida por outra orga-
nização que não queira levar o projeto adiante.
ATENÇÃO
Os fundos de capital de risco são formados por investidores que apostam em empresas ino-
vadoras e aportam recursos “em uma etapa muito inicial para ajudar a formar e acelerar o
desenvolvimento da empresa”. Esses investidores tornam-se sócios no empreendimento com a
expectativa de que obterão retorno a partir do investimento realizado (DORNELAS; TIMMON;
SPINELLI, 2010, p. 24).
capítulo 2 • 41
Fronteira da empresa
Novo
mercado
Projetos de Mercado
pesquisa atual
Pesquisa Desenvolvimento
Uma das grandes contribuições do trabalho do autor é que ele observou que
P&D externos podem vir a criar grande valor para a empresa, de maneira que cabe
a ela definir a melhor combinação de P&D internos e externos, com grandes pos-
sibilidades de levá-la ao sucesso. Ou seja, os esforços internos de P&D podem ser
responsáveis por apenas uma parte do valor a ser criado. Chesbrough (2003, p.
38) notou que “na verdade, o lócus da inovação [...] migrou para além dos limi-
tes dos laboratórios de P&D das maiores companhias e agora está situado entre
várias startups, universidades, consórcios de pesquisa e outras organizações”.
ATENÇÃO
Empresas startups são empresas nascentes – que atuam há pouco tempo no mercado –
cujos recursos são focados para a operacionalização do empreendimento (XAVIER; CAN-
CELLIER, 2008). Dornelas, Timmon e Spinelli (2010) sublinham que a fase de startup geral-
mente contempla os primeiros dois ou três anos, podendo chegar até sete anos e é o estágio
mais crítico da empresa.
42 • capítulo 2
de diferentes fontes de tecnologia, informação e conhecimento tanto de ori-
gem interna quanto externa” (TIGRE, 2006, p. 93), pois esse equilíbrio permite
compartilhar custos e riscos. No contexto da inovação aberta, em especial, há
um grande esforço da empresa no sentido de combinar fontes internas e ex-
ternas para a viabilização da inovação, ainda que empresas que gerenciam seu
processo de inovação apoiadas em outros modelos podem utilizar fontes ex-
ternas de conhecimento. Segundo o Manual de Oslo da OECD (2005), as fontes
para transferência de conhecimento e tecnologia para inovação mais impor-
tantes estão apresentadas no quadro 2.3.
FONTES PARA
FONTES PARCEIROS
COMPRA DE
TIPOS DE FONTES ABERTAS DE PARA
CONHECIMENTO
INFORMAÇÃO COOPERAÇÃO
E TECNOLOGIA
P&D X
Produção X
Marketing X
Distribuição X
Concorrentes X X X
Clientes ou consumidores X X
capítulo 2 • 43
FONTES PARA
FONTES PARCEIROS
COMPRA DE
TIPOS DE FONTES ABERTAS DE PARA
CONHECIMENTO
INFORMAÇÃO COOPERAÇÃO
E TECNOLOGIA
Consultores/empresas de
X X
consultoria
Fornecedores de equipamen-
X X X
tos, materiais, componentes
Softwares ou serviços X X X
Laboratórios comerciais X X X
Divulgação de patentes X
44 • capítulo 2
FONTES PARA
FONTES PARCEIROS
COMPRA DE
TIPOS DE FONTES ABERTAS DE PARA
CONHECIMENTO
INFORMAÇÃO COOPERAÇÃO
E TECNOLOGIA
Conferências profissionais,
encontros, publicações es- X
pecializadas e jornais
Feiras e exibições X
Associações profissionais,
X
sindicatos trabalhistas
capítulo 2 • 45
cais. O que indica que as empresas brasileiras pouco cooperam com universi-
dades e institutos de pesquisa para o desenvolvimento de projetos de inovação.
CONEXÃO
Promulgada em 2004 e regulamentada em 2005, a Lei de Inovação determina que qualquer Ins-
tituição Científica e Tecnológica* (ICT) tenha seu próprio Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT),
ou em associação com outra ICT (BRASIL, 2004), com a finalidade de facilitar a transferência de
tecnologia das universidades para as empresas, dentre outras atribuições. Assim, os bancos de
patentes das universidades ganharam visibilidade e as empresas com interesse em licenciá-las
podem acessar alguns deles na Internet. Acesse e conheça o banco de tecnologias da Unicamp
(http://www.inova.unicamp.br/bancodepatentes/) e da USP (http://www.patentes.usp.br/).
46 • capítulo 2
* Para os efeitos da Lei, considera-se ICT o órgão ou a entidade da administração pública que te-
nha por missão institucional, dentre outras, executar atividades de pesquisa básica ou aplicada de
caráter científico ou tecnológico. Abrange, portanto, as universidades e institutos de pesquisa.
ATIVIDADE
1. O que é inovação?
capítulo 2 • 47
4. Explique o que é uma empresa startup e mencione porque o estágio inicial de um empre-
endimento é a fase mais perigosa.
5. Faça uma pesquisa para definir o que são incubadoras de empresas e parques tecnológicos.
6. O que são fontes de inovação? Qual é a importância de equilibrar as fontes internas e
externas?
REFLEXÃO
Leia o seguinte trecho retirado do texto de Clemente Nobrega, publicado na revista Épo-
ca Negócios, de outubro de 2009.
Mesmo com o iPhone na cola, o BlackBerry vende e cresce mais em termos absolutos
(cresce o mesmo percentual do iPhone, mas sobre uma base maior). No entanto, as
apostas, segundo a revista Fortune, são de que o iPhone vai ganhar. É que seu modelo de
negócio não depende (só) de um aparelho genial, mas envolve uma rede de desenvolve-
dores de aplicações que são baixadas em uma loja virtual (Apple Store). Hoje, há 65 mil
ofertas. O BlackBerry somente inaugurou sua loja em abril passado, e “só” com 2 mil ofer-
tas. A Nokia também entrou fraco e tarde. Estão atrasados no modelo, não nos aparelhos.
A briga será ganha por quem tiver a melhor “arquitetura”: aparelho/rede de desenvolve-
dores/loja virtual. Com o iPod já tinha sido assim: antes dele já havia aparelhos sexy e estilo-
sos, mas ao combinar o iPod com a loja iTunes via acordos com gravadoras (facilitando o ato
de baixar música), criou-se um negócio de US$ 10 bilhões em três anos. Tecnologia bacana
embrulhada num bom modelo é a combinação vencedora. Habilidade em orquestrar redes faz
a diferença para a IBM, o iPhone, o BlackBerry e um monte de empresas de todos os setores.
Foi inovação “em modelo” que fez a fortuna de Wal-Mart, Target e Toyota. Idem para a
SouthWest Airlines, em aviação. Isso sinaliza que inovação em modelo de negócio é mais
importante do que em artefatos tecnológicos. Estudos da Economist Intelligence Unit e da
própria IBM confirmam isso. Lembro Peter Drucker: a mais importante inovação do século 20
não foi antibiótico, computador, telefone ou internet. Foi a que possibilitou que essas tecno-
logias produzissem seus efeitos – a disciplina de gestão. O processo de embutir artefatos em
arquiteturas de negócio novas é mais importante que os artefatos em si. No Brasil, políticas
48 • capítulo 2
de fomento à inovação ignoram isso quase totalmente. Inovação, para elas, é artefato, mas é
da inovação em processos e modelos que virá a riqueza.
Não é computador em sala de aula que vai mudar a educação, mas um arranjo que em-
brulhar software educacional (computador) e outros elementos “não sala de aula” em novos
formatos. Não são novos aparelhos de diagnóstico que vão revolucionar a saúde. São novos
arranjos envolvendo atores não médicos, em lugares que não serão hospitais ou consultórios.
Todo mundo sabe disso, só falta começarmos a dar mais importância à inovação que real-
mente conta, e capacitar nossos empreendedores em gestão.
Com base no trecho apresentado, reflita sobre outros exemplos de empresas que im-
plementaram um modelo de negócio inovador. Quais são as características desse modelo?
Quais elementos o tornam diferente do que existia no mercado? Que dificuldades a empresa
provavelmente encontrou para colocá-lo em prática? Como você acredita que ela superou
esses obstáculos?
LEITURA
O texto a seguir é um trecho retirado da Revista Exame. Não deixe de acessá-lo na íntegra.
Uma usina de inovações
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ENDIMENTOS INOVADORES. Disponível em: <http://www.anprotec.org.br/publicacaoconheca.
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capítulo 2 • 49
BRASIL. Lei 10.973, de 02 de dezembro de 2004. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil,
Poder Executivo, Brasília, DF, 03 dez. 2004. Seção 1, pp. 2.
CHESBROUGH, H. The era of open innovation. MIT Sloan Management Review, v. 44, pp. 35-
41, 2003.
DORNELAS, J.; TIMMON, J. A.; SPINELLI, S. Criação de novos negócios: empreendedorismo para
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GERTNER, J. The Idea Factory: Bell Labs and the great age of american innovation. Nova York:
Penguin, 2012.
HARMS, R.; MEIERKORD, T. “Don’t rest on your laurels”: an inquiry into the barriers to radical follow-
up innovation in New Technology Based Ventures. International Journal of Technology Intelligence
and Planning, v. 4, pp. 39-54, 2008.
MILLER, W. L.; MORRIS L. Fourth generation R&D: managing knowledge, technology, and innovation.
New York: Jonh Wiley & Sons, 1999.
50 • capítulo 2
OECD – ORGANISATION FOR ECONOMIC, CO-OPERATION AND DEVELOPMENT. Manual
de Oslo: proposta de diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação. 3. ed. 2005.
Disponível em: <http://www.mct.gov.br/upd_blob/0026/26032.pdf>. Acesso em: 06 out. 2009.
PORTO, G; COSTA, P. R. da. Abordagens da inovação. IN: PORTO, .G (Org.). Gestão da inovação e
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TIDD, J.; BESSANT, J.; PAVITT, K. Gestão da inovação. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2008.
TIGRE, P. B. Gestão da inovação: a economia da tecnologia do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.
ZEN, A. C.; HAUSER, G.; VIEIRA, C. R. B. Parques Tecnológicos: três modelos internacionais e a
perspectiva para o movimento no Brasil. In: XIV Seminário ANPROTEC, 14, 2004. Anais... Porto de
Galinhas: Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores, 2004.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo, entenderemos como a figura do empreendedor está ligada à inovação e ao
desenvolvimento econômico. Examinaremos práticas e características comuns aos empreende-
dores e as vantagens e desvantagens desse rumo profissional..
capítulo 2 • 51
3
Empreendedorismo
3 Empreendedorismo
Despertar o perfil empreendedor dentro de cada um de nós é de importância ím-
par, uma vez que cada vez mais nos é cobrado pelas organizações nas quais traba-
lhamos habilidades para identificar oportunidades de negócios e propor novas
soluções. A vantagem competitiva das organizações deste século está fortemente
baseada na inovação e, portanto, é desejável que os indivíduos que nelas traba-
lham tenham condições de transformar boas ideias em empreendimentos dife-
renciados, por meio do oferecimento de produtos e serviços inovadores e de um
modelo de negócio competitivo. Além do mais, é comum em algum momento de
nossas vidas pensarmos em abrir a própria empresa. Por que não?!
Para isso, nada melhor do que nos prepararmos e desenvolvermos habilida-
des técnicas e gerenciais que nos permitam criar novos negócios. O empreende-
dorismo é um brilhante movimento que “permite que as pessoas busquem e re-
alizem seus sonhos, fracassem e tentem de novo e busquem oportunidades que
se encaixem em quem elas são, o que querem ser e como e onde querem viver”
(DORNELAS; TIMMON; SPINELLI, 2010, p.18). Assim, o empreendedor passa a
ser o agente principal responsável pelo seu sucesso e muitas vezes pelo sucesso
de outras pessoas com as quais trabalha, construindo o seu próprio sonho e o
de outras pessoas que integram e que possam vir a integrar o empreendimento.
Sem sombra de dúvidas, o movimento empreendedor é uma forma de re-
compensar o talento e o desempenho, e de proporcionar mobilidade econô-
mica e social (DORNELAS; TIMMON; SPINELLI, 2010). Aqui, a criatividade é
um elemento-chave para o sucesso do negócio e do próprio empreendedor, que
combina recursos de forma inteligente para atender a uma necessidade da so-
ciedade. Por sua vez, o empresário visionário persegue as metas profissionais e
pessoais, as quais podem lhe proporcionar um espaço de maior posição econô-
mica e social.
OBJETIVOS
Depois de estudar este capítulo, você será capaz de compreender o que é o empreendedorismo e
a sua importância para o desenvolvimento da sociedade capitalista. Também conhecerá os traços
do comportamento empreendedor, os mitos do empreendedorismo e os motivos que levam ao
comportamento empreendedor.
54 • capítulo 3
REFLEXÃO
Atualmente, há muitas premiações relacionadas a novos empreendedores. Você se lembra de al-
guns dos vencedores? Que ideia de négocio lhe chamou mais atenção? Há algum empreendedor
estabelecido que lhe serve de inspiração?
capítulo 3 • 55
Atributos desejáveis
Inteligência Capacidade
Atributos essenciais de inspirar
Coragem
Compromisso e determinação
Liderança
Obsessão pela oportunidade
Tolerância ao risco, à ambiguidade e
à incerteza
Criatividade, autossuficiência e
adaptabilidade
Motivação para se destacar Valores
Criatividade e
inovação
Energia, saúde e
estabilidade emocional
ATENÇÃO
Assim como existem os atributos essenciais e desejáveis ao empreendedor, há também os atribu-
tos não empreendedores. São eles: controle externo, invulnerabilidade, sabe tudo, ser rigoroso e
mandão, perfeccionismo, impulsividade, dentre outros (DORNELAS; TIMMON; SPINELLI, 2010).
56 • capítulo 3
Embora alguns estudiosos limitem a definição de capacidade empreende-
dora à promoção de negócios de alta tecnologia, adotaremos que a capacidade
empreendedora está relacionada à realização de uma oportunidade por meio
da criação de valor. A capacidade empreendedora, de acordo com Stevenson
(2001), repousa em seis dimensões do comportamento gerencial, a saber:
• Orientação estratégica – o empreendedor é orientado para resultados e cria
condições de alcançá-lo por meio de um plano que enfatiza a oportunidade.
• Comprometimento com a oportunidade – refere-se à capacidade de agir.
Há pessoas criativas que não levam suas ideias à frente. Os empreende-
dores estão dispostos a agir e assumir os riscos do empreendimento.
• Comprometimento dos recursos – diz respeito à capacidade do empre-
endedor de maximizar a criação de valor a partir do conjunto de recursos.
• Controle sobre os recursos – os bons empreendedores sabem combinar
bem os recursos e têm consciência de que é necessário acessar recursos
de outras fontes. Conhecem os recursos que devem possuir ao longo do
tempo e suas respectivas fontes.
• Estrutura administrativa – diz respeito à capacidade de desenvolver redes
formais e informais para a coordenação dos recursos.
• Filosofia de recompensas – como as empresas empreendedoras têm foco
na criação de valor, elas tendem a estabelecer uma política de remunera-
ção baseada no desempenho.
capítulo 3 • 57
ATENÇÃO
Uma inovação é “a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativa-
mente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método
organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações
externas” (OECD, 2005)..
REFLEXÃO
Pense em algum empreendedor de sucesso : que características essa pessoa possui?
58 • capítulo 3
• Persistência: o empreendedor age repetidamente ou muda de estratégia
a fim de enfrentar um desafio ou superar um obstáculo;
• Assume riscos calculados: o empreendedor avalia alternativas e calcula
os riscos. Age para reduzir os riscos ou controlar os resultados. Coloca-se
em situações que implicam desafios ou riscos moderados;
• Exigência de qualidade e eficiência: o empreendedor encontra formas de
fazer as coisas de maneira eficiente, mais rápidas ou mais baratas. Age de
maneira a fazer coisas que satisfazem ou excedem padrões de excelência.
Desenvolve ou utiliza procedimentos para assegurar que o trabalho seja ter-
minado a tempo ou que o trabalho atenda a padrões de qualidade previa-
mente combinados;
• Comprometimento: o empreendedor faz sacrifícios pessoais ou despen-
de esforços extraordinários para completar uma tarefa. Colabora com os
subordinados ou até mesmo assume o lugar deles para terminar um tra-
balho. Esmera-se para manter os clientes satisfeitos;
• Busca de informações: o empreendedor dedica-se pessoalmente a obter
informações sobre clientes, fornecedores e concorrentes. Investiga pes-
soalmente como fabricar um produto ou prestar um serviço. Ele consul-
ta especialistas para obter assessoria técnica ou comercial;
• Estabelecimento de metas: o empreendedor estabelece metas e obje-
tivos que são desafiantes e que têm significado pessoal. Define com
clareza e objetividades as metas de longo prazo. Define metas de curto
prazo mensuráveis;
• Planejamento e monitoramento sistemáticos: o empreendedor planeja
dividindo tarefas de grande porte em subtarefas com prazos definidos.
Revisa seus planos constantemente, levando em conta os resultados ob-
tidos e as mudanças circunstanciais;
• Persuasão e rede de contatos: o empreendedor utiliza estratégias para
influenciar ou persuadir os outros. Utiliza pessoas-chave como agentes
para atingir seus objetivos, desenvolver e manter relações comerciais;
• Independência e autoconfiança: o empreendedor busca autonomia em re-
lação a normas e procedimentos. Mantém seu ponto de vista mesmo dian-
te da oposição ou de resultados desanimadores. Expressa confiança na sua
própria capacidade de completar uma tarefa difícil ou de enfrentar desafios.
capítulo 3 • 59
CONEXÃO
Se você quiser testar seu perfil empreendedor, acesse o site:
<www.sebrae.com.br/br/parasuaempresa/testeaquiseuperfilempreendedor.asp>
• São dedicados: dedicam-se 24 horas por dia, 7 dias por semana ao seu ne-
gócio. Comprometem o relacionamento com amigos, com a família e até
mesmo com a própria saúde. São trabalhadores exemplares, encontrando
energia para continuar, mesmo quando se deparam com problemas . São in-
cansáveis e loucos pelo trabalho.
• São otimistas e apaixonados pelo que fazem: o otimismo faz com que
sempre enxerguem o sucesso, em vez de imaginar o fracasso. Além disso,
adoram o trabalho que realizam. É o amor pelo que fazem que os man-
tém cada vez mais animados e autodeterminados.
60 • capítulo 3
• São independentes e constroem o próprio destino: querem ser independen-
tes, em vez de subordinados. Querem estar à frente das mudanças e ser do-
nos do próprio destino, criando algo novo e determinando os próprios pas-
sos, abrindo os próprios caminhos. Querem ser líderes e gerar empregos.
capítulo 3 • 61
Agora que você aprendeu algumas das características do comportamento
empreendedor, leia o Exemplo 1, que apresenta o prospecto de um empreen-
dedor de sucesso.
EXEMPLO
Exemplo 1: CHINA IN BOX
Em 1992, o ex-dentista Robinson Shiba teve a ideia de abrir a China in Box, ao perceber que
não existia no Brasil um serviço de entrega de comida chinesa em domicílio.
Para viabilizar a ideia, precisou importar aquelas caixinhas que antes só apareciam em filmes
policiais norte-americanos. O negócio “pegou” e caiu no gosto popular.
Entusiasmado com a boa aceitação, Robinson Shiba decidiu criar uma franquia – o modelo
mais rápido de expansão de negócios sem a necessidade de tirar dinheiro do próprio bolso
ou de recorrer a empréstimos.
Hoje a China in Box é a maior franquia de comida chinesa do País, com 117 lojas no Brasil e
uma no México (outras estão para ser abertas...) e muitos empreendedores buscam tornar-se
franqueados da rede, porém eles precisam, entre outras coisas, satisfazer as seguintes qualida-
des exigidas por Robinson Shiba:
• Criatividade: ele alerta que para ter o próprio negócio o empreendedor terá de en-
frentar uma longa e cotidiana série de imprevistos, problemas e adversidades que só
poderá superar com muita imaginação e criatividade.
• Criatividade para, por exemplo, fazer muito com pouco, quer dizer, tocar o seu negócio
com pouco dinheiro para fazer uma boa divulgação. E imaginação para fazer parcerias
que alavanquem os negócios.
• Ética: Todo empreendedor deve saber que a ética vale para os negócios em qualquer
área. Ética é lealdade. Não há necessidade de enfatizar qual é comumente o fim das
pessoas desleais...
• Humildade: Robinson Shiba destaca que este é um requisito fundamental. Significa
compreender que você não sabe nada e que há muito a aprender todos os dias, com
o trabalho em equipe, ouvindo as sugestões de pessoas que têm mais contato com o
público do que o próprio empreendedor.
• Atitude: este é um requisito vital, incluindo-se aí a postura de vencedor. Muitas vezes
só com a sua atitude o empreendedor pode executar o que planejou, driblando todos
os percalços que surgem no seu caminho.
62 • capítulo 3
• Paixão: sem dúvida essa é a característica mais importante. Um negócio próprio só dá
certo quando a pessoa que o abre gosta do que vai fazer. A paixão acompanhada de
prazer faz com que o empreendedor fique continuamente motivado e empolgado. Se
ele não gosta do seu negócio pode parar por aqui, pois é prejuízo na certa.
capítulo 3 • 63
• Sobrecarga de responsabilidades: O empreendedor tem uma carga de tra-
balho e responsabilidades diferente da dos empregados assalariados. Nas
empresas, os empregados têm companheiros que ocupam o mesmo cargo
com os quais podem trocar informações e que podem ajudar-se mutua-
mente. O empreendedor está sozinho “no topo”. Não há ninguém no em-
preendimento que tenha, como ele, apostado todas as fichas.
• Pequena margem de erro: Muitas decisões tomadas por empreendedo-
res revelam-se incorretas, e não lucrativas, prejudicando os resultados
do negócio. No entanto, as grandes empresas sobrevivem porque têm
recursos financeiros que podem compensar as perdas. Em negócios pe-
quenos ou emergentes, uma decisão errada pode resultar em falência.
(MAXIMIANO, 2006)
Vantagens Desvantagens
• Autonomia • Sacrifício pessoal
• Desafio • Sobrecarga de
• Controle Financeiro responsabilidades
• Pequena margem de
erro
64 • capítulo 3
Mito 1: Empreendedores não são feitos, nascem.
Realidade: a capacidade criativa de identificar e aproveitar uma oportunidade
vem depois de anos de experiência, tempo que conduz a um reconhecimento de pa-
drões. O empreendedor se faz através da acumulação das habilidades, da aquisição
de experiência e do estabelecimento de contatos em um período de alguns anos,
sendo possível alguém aprender a ser empreendedor.
capítulo 3 • 65
300.000
193.604
200.000 177.308
165.881 144.938
187.208 94.211
100.000 147.741 146.949
121.332 128.417
46.749
0
jan/11 fev/11 mar/11 abr/11 mai/11 jun/11 jul/11 ago/11 set/11 out/11 nov/11 dez/11
–100.000
–200.000
–222.192
–300.000
66 • capítulo 3
Esses setores transformam toda a economia e essas pequenas empresas,
muitas vezes, apresentam elevadas possibilidades de se tornarem grandes gru-
pos empresariais. Lembrando que empresas de setores tradicionais lideradas
por fundadores com características empreendedoras também têm oportunida-
des reais de crescimento. Isto é, não são apenas as empresas atuantes em novos
setores que têm chances de alcançar o sucesso.
capítulo 3 • 67
Novos
negócios
(empreendedores)
Concorrência: Inovação
saídas, fusões,
inovações nas
firmas existentes
Desempenho
Nova estrutura da firma
do mercado,
mais eficiência
Desempenho econômico:
crescimento do PIB e do
emprego
68 • capítulo 3
Porém, o artigo publicado em 14/11/2002 pela Folha de São Paulo e intitula-
do “Empreendedorismo no Brasil acontece por necessidade, revela estudo” diz
outra coisa e aponta que o empreendedorismo em países em desenvolvimento
é predominantemente causado por necessidade, ou seja, as pessoas nesses pa-
íses encontram dificuldade para se inserir no mercado de trabalho e acabam
sendo levadas a abrir o seu próprio negócio, por não terem alternativa.
Dornellas (2005) já diz que os motivos para o crescimento e para o grande vo-
lume do empreendedorismo brasileiro foram as oportunidades de negócio e a
bolha da informática que ocorreu nos anos de 1999 e 2000. Isso pode ser obser-
vado na pesquisa do GEM em 2005 a qual mostra que dos 13 milhões de empre-
endedores, mais da metade, 7 milhões, empreenderam por visualizar uma opor-
tunidade de negócio e não por uma questão de necessidade e falta de alternativa.
Obviamente, é importante para um país que o empreendedorismo de
oportunidade seja maior que o empreendedorismo por necessidade, pois o
primeiro quase sempre se dá de forma mais planejada, mais estruturada e por
isso tende a dar certo e findar naquilo que o empreendedorismo serve para
uma economia: promover o desenvolvimento de um país (DORNELAS, 2005).
De qualquer forma, o Brasil tem se mostrado um país de empreendedores.
Mas, na verdade, o empreendedorismo no Brasil começou na década de 1990,
pois antes disso o ambiente econômico e político do país não favorecia a cria-
ção de pequenas empresas e não havia nenhuma ação dedicada do governo
brasileiro no sentido de apoiar ou treinar empreendedores (DORNELAS, 2005).
Mas foi no início da década de 90 que algumas instituições do governo foram
criadas para desenvolver o empreendedorismo no Brasil e duas delas são bastan-
te importantes para os nossos estudos: Sebrae e Softex (DORNELAS, 2005).
O mais conhecido, o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio a Empresas) existe
desde 1972 com o nome de Cebrae (Centro Brasileiro de Assistência Gerencial
à Pequena Empresa) e foi criado pelo governo brasileiro para dar suporte, de
alguma forma, às pequenas e médias empresas. Porém no governo Sarney e
Collor (1985-1990) o Cebrae passou por um período de “desativação”.
Mas, em 1990, o então conhecido Cebrae passou a ser chamado de SEBRAE
e se desligou da administração pública, tornando-se uma entidade privada,
sem fins lucrativos, de utilidade pública e que hoje atua no apoio e suporte da
criação e desenvolvimento de milhares de micro empresas e pequenos negó-
cios no país (SEBRAE, 2009).
capítulo 3 • 69
3.6 Razões para empreender
De forma geral, os indivíduos podem empreender por duas grandes razões: por
oportunidade ou por necessidade. Quando analisamos o conceito de empre-
endedorismo, logo chegamos à conclusão de que o comportamento empreen-
dedor surge a partir da identificação de uma oportunidade. Assim, em razão
das características e habilidades pessoais, o empreendedor organiza recursos
para atingir um resultado com base em um plano detalhadamente elaborado
(SHANE, 2003). Muzika (2001) define oportunidade como um conceito de negó-
cio que, quando transformado em produto (bem ou serviço) oferecido por uma
empresa, resultará em lucro financeiro.
Por sua vez, o empreendedorismo por necessidade surge a partir da neces-
sidade de sobrevivência ou de algum tipo de insegurança do indivíduo. “Os
empreendedores por necessidade consistem naqueles que iniciam negócios
motivados pela falta de alternativa satisfatória de ocupação e renda” (SANTOS
et al., 2007, p. 4).
Mas qual seria o melhor motivo para iniciar um empreendimento? Pa-
rece claro que o empreendedorismo por oportunidade é sim preferível ao
empreendedorismo por necessidade. Primeiro porque o fato de o empreen-
dedor vislumbrar uma boa oportunidade é o primeiro passo para aumentar
as chances de sucesso do negócio. Uma análise meticulosa da oportunidade
e a realização de um plano detalhado do negócio podem aumentar significa-
tivamente as probabilidades de sucesso.
Já o empreendedor por necessidade encontra-se, muitas vezes, em uma si-
tuação delicada seja pela falta de renda ou de estabilidade financeira. Assim, é
um indivíduo que está predisposto a se envolver em um empreendimento sem
que dedique muito esforço para identificar uma oportunidade ou, tão impor-
tante quanto, realizar os estudos de planejamento e viabilidade do negócio.
70 • capítulo 3
A falta de tempo
O tempo, sem sombra de dúvidas, é o maior inimigo do empreendedor. Na fase
de início da empresa é comum o próprio dono – ou algumas poucas pessoas –
realizar todas as atividades. Assim, é ele quem tira cópias, vai ao correio, faz te-
lefonemas, mas também realiza as previsões de vendas, faz pagamentos e toma
decisões importantes.
Além disso, na maioria das vezes
capítulo 3 • 71
duto ser muito inovador também dificulta a realização das projeções, já que
nunca se vendeu um produto parecido e, dessa forma, não há como prever com
exatidão a reação do público.
Fazê-las, por sua vez, é especialmente importante para dar um norte e orien-
tar a tomada de decisão. As primeiras previsões podem não ser tão próximas da
realidade, mas conforme a experiência do empreendedor aumenta, elas possi-
velmente serão mais precisas. Portanto, em hipótese alguma elas devem deixar
de ser realizadas.
Crescimento atropelado
Os empreendedores conhecem seus produtos mais do que ninguém e, dessa
forma, são vendedores empenhados quando as coisas começam a ficar difíceis.
Contudo, é importante deixar claro que o aumento das vendas exige produzir
mais. E produzir mais enseja em maiores custos de produção, pois são necessá-
rios mais insumos. Como as empresas em geral oferecem prazo de pagamento
ao consumidor é necessário conciliar o crescimento das vendas com os prazos
de recebimento, o que nem sempre é uma tarefa fácil. Além disso, quando as
coisas estão ruins é comum o empreendedor reduzir os preços e, consequente-
mente, as margens. Uma vez reduzidas, é difícil recuperá-las.
CONEXÃO
O tamanho da empresa influencia muito na construção de relacionamentos fortes com for-
necedores, motivo pelo qual as empresas devem buscar aumentar a escala de produção e,
consequentemente, seu porte. Leia no link a seguir a forma que a Ford encontrou para receber
72 • capítulo 3
pontualmente o fornecimento de bancos para seus automóveis: <http://exame.abril.com.br/
revista-exame/edicoes/0633/noticias/estoque-zero-nao-e-coisa-de-japones-basta-combi-
nar-direitinho-com-o-fornecedor-m0049475>.
capítulo 3 • 73
se beneficiam com a participação nos resultados. Assim, essas pessoas se sen-
tem mais motivadas para fazer a empresa dar certo, pois passam a ser sócias no
empreendimento. Há que se destacar, contudo, a importância de se estabelecer
uma relação de confiança muito grande antes de tomar esse tipo de decisão.
ATENÇÃO
Ao se deparar com um conflito o empreendedor nunca deve ignorá-lo. Seja ele simples ou com-
plexo, a primeira coisa a se fazer é resolver a situação, conhecendo as suas possíveis causas que,
na maioria das vezes, têm origem no medo e na necessidade de autoproteção. Assim, as chefias
devem atribuir mais ênfase ao diálogo e à flexibilidade como mecanismo de apoio à solução de
problemas, facilitando a comunicação (ARRUDA et al., 2008).
74 • capítulo 3
As pressões sobre o empreendedor são contínuas
Com tantas atividades para fazer, decisões para tomar, pessoas para geren-
ciar e tudo o mais que é exigido de um empreendedor, é de se esperar que as
pressões sobre ele sejam muito grandes. Afinal, ele é o responsável por tudo
e por todos. Dessa forma, encontrar o equilíbrio entre a rotina profissional e
a vida pessoal é, por mais difícil que possa parecer, essencial. Se você deci-
diu seguir a carreira empreendedora, reserve tempo para estar com a família,
manter contato com os amigos, cuidar-se, desenvolver-se espiritualmente e
fazer coisas que lhe agrade. Somente assim estará revigorado para lidar com
os problemas do dia a dia além de que o trabalho é apenas parte de sua vida.
Agora que já tem uma boa ideia dos obstáculos que provavelmente enfren-
tará no processo de gerenciamento da sua empresa, é hora de planejar sua ex-
pansão e consolidação. A partir desse momento, aceite que o único caminho
para sua empresa é o crescimento e a transforme em um grande negócio.
ATIVIDADE
1. O que é empreendedorismo?
3. De que forma o empreendedorismo contribui para melhorar a vida das pessoas?
4. Faça uma pesquisa e determine se o comportamento empreendedor pode ser desenvol-
vido ou se é um traço pessoal nato. Qual a sua opinião? Justifique.
REFLEXÃO
O Brasil possui uma das taxas de juros mais altas do mundo. Qual é o impacto desse fato
para a atividade empreendedora nacional? Se tomarmos como ponto de comparação os
EUA ou o Japão, que possuem juros próximos de zero, como se apresenta o risco relativo de
capítulo 3 • 75
empreender e inovar no Brasil?
LEITURA
O texto a seguir é um trecho retirado da Revista Exame PME. Não deixe de acessá-lo na íntegra.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARRUDA, A. L.; COSTA, B. K.; CAMARGO, S. H. R. V.; NOHARA, J. J. Apoio na solução
de conflitos e pressões. In: FARAH, O. E.; CAVALCANTI, M.; MARCONDES, L. P. (Orgs.).
Empreendedorismo estratégico: criação e gestão de pequenas empresas. São Paulo: Cengage
Learning, 2008, pp. 239-251.
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DOLABELA, Fernando. Oficina do empreendedor. 6. ed. São Paulo: Editora de Cultura, 1999.
______. Plano de negócios: seu guia definitivo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
JOHNSON, R. M. Superando os obstáculos de uma empresa iniciante. In: BIRLEY, S.; MUZIKA,
D. (Orgs.). Dominando os desafios do empreendedor. São Paulo: Pearson Education do Brasil,
2001, pp. 105-109.
O ESTADO DE SÃO PAULO, São Paulo, 15 mar. 2006. Economia e negócios, B4, ano 127,
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SEBRAE. O que é que é uma microempresa e empresa de pequeno porte? São Paulo, SEBRAE.
Disponível em: <http://www.sebraesp.com.br/faq/criacao_empresa/criacao_empresa/mpe_
epp>. Acesso em: 21 jul. 2009.
capítulo 3 • 77
OECD – ORGANISATION FOR ECONOMIC, CO-OPERATION AND DEVELOPMENT. Manual
de Oslo: proposta de diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação. 3. ed.
2005. Disponível em: <http://www.mct.gov.br/upd_blob/0026/26032.pdf>. Acesso em: 06
out. 2009.
78 • capítulo 3
______. Pedagogia empreendedora: o ensino do empreendedorismo na educação básica,
voltado para o desenvolvimento sustentável. São Paulo: Editora de Cultura, 2003.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo, vamos discutir a prática da inovação. Serão apresentadas técnicas para es-
timular a criação de novas ideias, assim como parâmetros para a sua seleção.
capítulo 3 • 79
4
Criatividade
4 Criatividade
Nos capítulos anteriores, entendemos o que é inovação, e a sua importância para
as empresas e a sociedade. Embora a inovação não se limite à geração de novas
ideias, estas são um ponto de partida. Assim, mais e mais, exige-se criatividade
dos indivíduos e das empresas. Coloca-se o desafio de compreender e gerenciar
os processos de criação, sejam realizados de forma individual seja colaborativa.
Neste capítulo, vamos explorar ambas as dimensões, preocupando-se em olhar a
criatividade não como uma característica nata de alguns poucos indivíduos, mas
como um comportamento que deve ser estimulado e aperfeiçoado.
OBJETIVOS
• Entender a importância da criatividade para as carreiras individuais e as organizações.
• Identificar a ligação entre criatividade e recombinações.
• Compreender os comportamentos comuns do inovador.
• Conhecer a diversidade de pessoas e papéis em equipes inovadoras.
• Ser estimulado a pensar de forma criativa.
REFLEXÃO
Que ideia ou atitude qual você considerou criativa ? o último produto ou serviço que você
também considerou criativo? Tente se lembrar de uma de suas ideias, mas que não tenha sido
implementada.Quais foram os motivos?
DRUCKER, 2008, p. 8.
82 • capítulo 4
O termo criatividade guarda a mesma origem do verbo criar, denotando a
capacidade de produzir algo novo (HOUAISS, 2009). É fácil associarmos a cria-
tividade com expressões no campo da arte ou com elaboradas teorias científi-
cas. Figuras históricas como Pablo Picasso e Albert Einstein rapidamente são
lembradas quando se fala sobre o tema. Contudo, deve-se ter uma visão mais
ampla, como indica Robert Weisberg:
Gerar ideias e elementos novos não pode ser comparado, por exemplo, a um
processo gerencial ou de produção já estabelecido. Neste caso, sabe-se que, a
partir de certas entradas (matéria-prima, energia, mão de obra etc.), você terá
certas saídas após um determinado tempo: produtos, resíduos etc. Já em um
processo criativo, procura-se sobretudo algo inédito como resultado. Além dis-
so, o tempo e as entradas necessárias também não possuem uma definição
precisa. Como consequência, mesmo reunindo gente qualificada em um am-
capítulo 4 • 83
biente devidamente equipado, você não sabe se terá uma solução para um pro-
blema, muito menos o tempo que isso irá consumir (JOHNSON, 2011; WEIS-
BERG, 2006; WEISBERG & REEVES, 2013).
Pelas suas especificidades, controlar e recompensar projetos criativos e de
inovação da mesma forma que atividades operacionais é um erro gerencial e
tende a comprometer esses esforços (GOVINDARAJAN e TRIMBLE, 2010). As-
pecto relacionados à gestão da criatividade nas corporações serão retomados
no capítulo 5.
Verificação
Iluminação
Incubação
Preparação
Inspiração
Inicial
Baxter (2011) salienta que o processo criativo não é direto, mas envolve eta-
pas bem diversas (figura 14). Inicia-se, geralmente, com um problema a ser re-
solvido, e com uma inspiração inicial para encaminhar a sua solução. Em se-
guida, há uma coleta ampla de dados e informações que preparam a mente do
indivíduo. Essas informações e experiências são, por sua vez, a base, do estado
de incubação. Esse estado perdura até que finalmente uma solução seja criada.
Para este ponto, usa-se o termo iluminação ou insight, mas não se deve negli-
genciar o preparo que foi feito antes. Por fim, verifica-se se a ideia, de fato, serve
ao problema implementado.
84 • capítulo 4
lugar, ele construiu um cenário de uma economia sem inovações: nela haveria
um fluxo circular dos elementos, e tudo seria usado da mesma forma em todo
o ciclo. O que seria, pois, uma inovação? Inserida no ambiente pelos empreen-
dedores, uma inovação mudaria justamente a forma de usar esses elementos,
tal como acontece em novos produtos ou processos. Ou seja, seria uma recom-
binação dos elementos anteriores.
capítulo 4 • 85
CONEXÃO
Veja o vídeo “De onde vem as boas ideias?, que resume o livro homônimo de Steve John-
son:<https://www.youtube.com/watch?v=ICxBDZDQ7LQ&feature=kp>
86 • capítulo 4
• A tecnologia touchscreen da Apple estava sendo desenvolvida inicialmente
para apoiar o design de tablets. Foi uma decisão de Steve Jobs trazer a tec-
nologia para o smartphone e lançá-lo da forma mais rápida possível. Com
o iPhone, o celular integrou como nenhum outro aparelho anterior funcio-
nalidades de comunicação por voz, Internet e uso de softwares aplicativos
(MORITIZ, 2010; LASHINSKY, 2012; KAHNEY, 2013; VOGELSTEIN, 2013).
• Os aparelhos médicos tradicionais, como as máquinas que fazem eletro-
cardiogramas (ECG), são pensados para pacientes com acesso regular a
hospitais. No caso de localidades na Índia e China, a GE percebeu que
esse pressuposto era irrealista e desenvolveu um ECG portátil a um custo
bem mais baixo. Posteriormente, esse produto se mostrou competitivo
fora dos mercados originais, como, por exemplo, na América do Norte e
na Europa (GOVINDARAJAN e TRIMBLE, 2012).
capítulo 4 • 87
tica, ideias, produtos e serviços. A outra dimensão trata do repertório de
experiências diversificas que os inovadores gostam de acumular.
• Networking (conectar-se). o inovador busca pessoas com opiniões e expe-
riências diferentes para aprender, colaborar e confrontar suas ideias.
Questionar Observar
Associar
Experimentar Networking
Ainda, foi sob a direção executiva de Jobs que a Pixar lançou Toy Story (1995),
o primeiro longa-metragem de animação digital.
88 • capítulo 4
Figura 16 – Steve Jobs no lançamento do Macbook Air
Uma das qualidades mais evidentes de Steve Jobs era a de se associar com pes-
soas de grande talento, como foi o caso Steve Wozniak, cofundador da Apple que
desenhou o revolucionário circuito do Apple II. Na fase mais recente da empresa,
deve-se citar o designer inglês Jony Ive, responsável pelo minimalismo e pela união
entre forma e função que distingue os produtos da companhia desde o iMac de
1997 (LINZMAYER, 2004; MORITIZ, 2010; LASHINSKY, 2012; KAHNEY, 2013).
Relacionando-se com essas pessoas, Steve Jobs oferecia visões únicas de pro-
dutos e de sua utilização, combinando elementos antes considerados distantes.
Quando a microinformática era olhada antes de tudo como uma forma de pro-
cessar cálculos e dados, Jobs insistia nas possibilidades de expressão pessoal,
artística e de comunicação, criando relações novas entre o usuário e as interfaces
de conteúdos digitais (MORITIZ, 2010; LASHINSKY, 2012; KAHNEY, 2013).
A Pixar era anteriormente voltada para a concepção e venda de hardware e sof-
tware para arquivos gráficos digitalizados. Depois da sua compra por Jobs, é que ela
foi progressivamente se voltando à produção de conteúdo (LINZMAYER, 2004). E
se empresas como a Dell e HP ainda são conhecidas como fabricantes de computa-
dores pessoais e laptops, Jobs conseguir levar a Apple para uma posição privilegia-
da em uma era digital multiplataforma.
capítulo 4 • 89
4.4.2 O perfil de pessoal requerido por empresas inovadoras
90 • capítulo 4
Steve Jobs podem ser inspiradoras, mas também paralisantes se virmos suas
qualidades e seu contexto de atuação como inatingíveis.
As organizações precisam de talentos que possam contratar, desenvolver
e que trabalhem de forma colaborativas em seu ambiente. Tom Kelley, da re-
nomada empresa de consultoria IDEO, voltada a design e inovação, escreveu
uma obra muito discutida, em que são delineadas dez “personas” integrantes
do processo de inovação (KELLEY, 2006). As personas não devem ser tomadas
como tipos estáticos e caricaturais, mas com funções ou papéis que são exerci-
dos nos processos práticos de criação (quadro 4.1).
capítulo 4 • 91
Tom Kelley (2006) considera que há três tipos de ações principais no processo
de inovação, com as personas ligadas a uma delas: aprendizagem, organização
ou construção. No caso da aprendizagem, esses tipos de pessoas reconhecem a
necessidade da atualização constante, do monitoramento contínuo do ambiente
e da necessidade de rupturas no modo de pensar e agir. A primeira persona liga-
da a essa categoria é o antropólogo, que baseia o seu aprendizado na observação
atenta de outras pessoas. Já o experimentador está rotineiramente testando suas
ideias na esfera prática. Por fim, o polinizador conecta-se a culturas e setores di-
ferentes, “contrabandeando” conhecimento entre os mesmos.
As personas ligadas à organização têm consciência de que as ideias não
fluem por si próprias, mas precisam ter apoio de gestão. As ideias competem
por atenção, infraestrutura, recursos financeiros e humanos. Sem a devida or-
ganização, as melhores ideias podem, sem dúvida, fracassarem. O saltador de
obstáculos é uma persona caracterizada pela perseverança em desenvolver uma
ideia, estando plenamente ciente de que a inovação é um processo caracteri-
zado por mais erros do que acertos. A persistência ainda é necessária, devida
à necessidade de convencimento e da constante escassez de recursos. A perso-
na do colaborador consegue congregar pessoas bastante distintas, inclusive de
campos de conhecimento e de atuação diversos. O diretor, por sua vez, tem a
capacidade de reunir talentos e também estimular a sua criatividade.
A última categoria se refere aos construtores, que ajudam a canalizar o apren-
dizado e os recursos trazidos pelas outras personas para que a inovação se realize.
O designer de cenários cria ambientes favoráveis para que a equipe possa exercer
a sua criatividade. No caso da IDEO e outras empresas voltadas à inovação, salas
que facilitam a comunicação livre, painéis e outras ferramentas visuais são de uso
corrente. Já o cuidador conhece bem o usuário e antecipa as suas necessidades,
oferecendo um serviço que extrapola os competidores e as próprias expectativas
do beneficiado. A última persona se refere ao contador de histórias, o qual, por
sua capacidade narrativa, apoia o moral e os valores das equipes e dos clientes.
92 • capítulo 4
Kelley (2006) salienta o aspecto dinâmico das personas no contexto prático,
alertando que não se deve rotular os membros da equipe simplesmente como
um tipo ou outro:
“As pessoas podem assumir papéis múltiplos. Não são necessárias equipes cujos inte-
grantes correspondam um a um às personas, e, com certeza, nem toda equipe precisa
ter dez pessoas. Igualmente, é improvável que cada persona seja representada em to-
das equipes que são constituídas.”
Foi visto no segundo capítulo, que as inovações podem se dar em diversas ca-
tegorias, como produto, processo, modelos de negócio, entre outras (TIGRE,
2006; OSTERWALDER, 2011). Vamos aqui discutir algumas implicações dessas
categorias para o esforço criativo.
capítulo 4 • 93
No caso de inovações de produtos, deve se ter uma atenção grande à experiên-
cia do usuário, inclusive na dimensão sensorial (BAXTER, 2011). Designers buscam
ter um visão completa do uso do produto em diversos contextos, sem descuidar
ainda de aspectos de fabricação industrial e de transporte. Alguns designs inova-
dores marcaram a sua época, como as cadeiras Eames Lounge na década de 1950.
Vale citar o caso da empresa brasileira Clever Pack, que criou tampas de garrafas
que podem ser reusadas como peças semelhantes a conjuntos Lego, ganhando di-
versos prêmios de design (REVIPACK, 2013).
Inovações de processos e mudanças organizacionais podem ser muitas ve-
zes realizadas a partir de recombinações de atividades conhecidas. Diversas
técnicas japonesas de gestão de qualidade não requerem mudanças radicais,
mas sim uma melhor comunicação entre operadores, cuidado com detalhes e
comprometimento (RODRIGUES, 2012). Novamente, a atenção às pessoas que
vão proceder e controlar o processo é fundamental. Já no caso de inovações de
modelos de negócio, como fez a Netflix comentada anteriormente, é preciso
uma visão sistêmica sobre criação, entrega e captura de valor. Para tanto, na
seção “Leitura Recomendada” resumimos uma obra que oferece ferramentas
para esse esforço. Deve-se comentar ainda que a abordagem de design thinking é
muito usada no processo de criação de novos produtos e modelos de negócios,
sendo descrita no próximo capítulo.
CONEXÃO
Assista a um vídeo sobre as tampas reusáveis da Clever Pack: <https://www.youtube.com/
watch?v=dF4dQTlbXtw>
ATIVIDADE
1. Escolha um produto ou serviço com o qual você não esteja satisfeito. Tente listar alternati-
vas para que ele seja melhorado mantendo o mesmo nível de preço.
2. Faça uma autoavaliação sobre quais comportamentos típicos do inovador você pratica
mais e quais você pratica menos.
94 • capítulo 4
3. Você considera que as dez personas descritas por Tom Kelley são suficientes para se ter
uma equipe inovadora? Caso contrário, busque definir novos tipos.
REFLEXÃO
É factível que todos membros de uma empresa possam exercer a criatividade? Pensando em
termos opostos: é conveniente separar os membros de uma organização entre aqueles respon-
sáveis por novas ideias e aqueles que só as executam? Quais seriam as limitações em cada
uma dessas situações?
LEITURA
Livro: OSTERWALDER, A. Inovação em modelos de negócios. Rio de Janeiro: Alta Books, 2011.
Um modelo de negócio descreve como uma organização cria, entrega e captura valores. Nes-
ta obra bastante influente, é apresentado o “Modelo Canvas” para modelos de negócio, uma
estrutura que serve tanto para o entendimento quanto como uma ferramenta para atividades
empreendedoras. Com uso intensivo de esquemas visuais, o modelo de negócio é apresentado
pelos seguintes componentes:
• proposição de valor: o que a organização tem a oferecer.
• segmentos de clientes: para quem a proposição de valor é voltada;
• canais: como a proposição de valor chega ao cliente;
• relacionamento com clientes: interações além da compra/venda;
• fluxo de receitas: forma de capturar valor, ou seja, entrada de fluxo monetário;
• atividades-chave: ações mais relevantes para o modelo de negócio, especialmente ativida-
des operacionais;
• ecursos principais: elementos mais importantes exigidos pelo modelo de negócio, como equi-
pamentos, recursos humanos, plataformas etc;
• estrutura de custos: demanda por capital tanto fixo quanto variável;
• parceiros-chave: rede de parcerias e fornecimento.
capítulo 4 • 95
Para que uma inovação ocorra, é importante lembrar que não basta haver uma novidade de
produto ou serviço, mas sim existir um modelo de negócio atrativo, que esteja funcionando no
mercado. Além disso, algumas inovações acontecem não na proposição de valor em si, mas
em outros componentes do modelo de negócio. A Netflix, comentada anteriormente, inovou
justamente ao usar primeiramente os correios e depois a Internet para distribuir filmes por
assinatura. Assim, tanto o canal quanto a forma de captura de valor foram uma alternativa à lo-
cação tradicional de filmes. O livro de Osterwalder exemplifica o uso de várias técnicas ligadas
ao design thinking e de estímulo à geração de novas ideias.
Alternativa gratuita: SEBRAE. Quadro de modelo de negócios. Brasília: SEBRAE, 2013. Dis-
ponível em: <http://www.cepro.com/article/itunes_dominates_download_market_streaming_
audio_grows/>. Acesso em: 3 jan. 2014.
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Insights from the Chemical Industry, Nova York: John Wiley & Sons, 1998.
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CORAL, E.; OGLIARI, A.; ABREU, A. F. (orgs.). Gestão integrada da inovação. São Paulo:
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GOVINDARAJAN, V.; TRIMBLE, C. The other side of innovation: solving the execution challenge.
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KEATING, G. Netflixed: The Epic Battle for America’s Eyeballs. Nova York: Penguin, 2012.
LEVY, S. In the Plex – How Google Thinks, Works, and Shapes our Lives. Nova York: Simons &
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LINZMAYER, O. W. Apple Confidential 2.0 – The definitive history of the world’s most colorful
company. São Francisco: No Starch, 2004.
capítulo 4 • 97
MORITIZ, M. O fascinante império de Steve Jobs. São Paulo: Universo dos Livros; 2010.
REVIPACK. Clever Caps – like Lego!, blog, 31 dez 2013. Disponível em: <http://revipackonline.
wordpress.com/2013/12/30/clever-caps-like-lego/>. Acesso em: 15 jun. 2014.
SIMON, P. The Age of the Platform: How Amazon, Apple, Facebook, and Google Have Redefined
Business. Las Vegas: Motion Publishing, 2011.
TIDD, J.; BESSANT, J.; PAVITT, K. Gestão da inovação. Porto Alegre: Bookman, 2008.
VOGELSTEIN, F. Dogfight: How Apple and Google Went to War and Started a Revolution. Nova
York, Sarah Crichton, 2013.
WEISBERG, R. W; REEVES, L. M. Cognition: From Memory to Creativity. Nova York: Wiley, 2013.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo, vamos discutir a prática da inovação nas organizações, identificando
estruturas que favorecem essa prática, assim como os obstáculos mais comuns.
98 • capítulo 4
5
Solução de
Problemas e
Intraempreendedo-
rismo
5 Solução de Problemas e
Intraempreendedorismo
OBJETIVOS
• Entender as organizações como solucionadoras de problemas.
• Reconhecer o papel da criatividade e da inovação para resolver problemas que podem garantir
a competitividade das empresas.
• Aplicar técnicas do diagrama de causa e efeito, brainstorming, e da estrutura do design thinking.
• Entender o conceito de intraempreendedorismo.
• Identificar obstáculos e estímulos ao intraempreendedorismo.
REFLEXÃO
O conceito de empreendedorismo, estudado em capítulos anteriores, relaciona-se a
oportunidades de negócio, inovações e criação de novas empresas. Como uma empresa
já estabelecida pode ser empreendedora? Você consegue citar exemplos?
100 • capítulo 5
5.1 Empresas como solucionadoras de problemas
capítulo 5 • 101
diversas variáveis e causas que podem ser consideradas e, além disso, há
diversas linhas para se buscar uma solução: mudar o produto, baixar o preço
por inovação de processo, baixar o preço diminuindo a margem de venda,
investir em propaganda, etc. Temos aqui um problema maldefinido e que
geralmente requer a mobilização da empresa de forma integral e desafiado-
ra. Nesses casos menos triviais, deve-se comentar que as empresas conse-
guem se diferenciar de fato dos seus competidores.
Para ser competitiva, uma empresa deve saber analisar os problemas mais
relevantes e encaminhar a geração de soluções. Não é por acaso que há uma
pesquisa grande de métodos, ferramentas e dinâmicas para esses fins (TERRA,
2013; GRAY et al., 2012; SILVERSTEIN et al., 2012). Aqui vamos descrever pri-
meiramente o diagrama de causa e feito, muito usado na gestão de processos,
mas que também pode ser direcionado para produtos e problemas em geral.
Depois, vamos tratar do brainstorming, uma das técnicas mais difundidas para
a geração de novas ideias. Por fim, vamos sumarizar o design thinking, usado
geralmente para problemas de grande escopo, como inovações ambiciosas de
produto e novos modelos de negócio (KELLEY, 2013; OSTERWALDER, 2011;
KAPLAN, 2012).
102 • capítulo 5
MEDIÇÃO MATERIAIS MÃO DE OBRA
EFEITO
6MS 4PS
Máquina Política
Matéria-prima Procedimento
Mão de obra Pessoal
Método Planta (layout)
Medição
Meio ambiente
capítulo 5 • 103
Exemplo: na sequência, a figura 19 apresenta um diagrama de causa e efei-
to para o problema de pintura danificada. Esse problema relaciona-se a uma
manufatura e, para construirmos o diagrama, utilizamos a regra dos seis Ms:
máquina, mão de obra, meio de medida, material, método e meio ambiente.
MÃO DE MEIO DE
MÁQUINA
OBRA MEDIDA
Ganchos Operador
muito próximos Gacheiras sem treino Distância de pintura
Temperatura errada
Sem da estufa
controle
Falta de
manutenção Filtro Operador Manômetro
sujo Equipamento não capacitado Manuseio com defeito Pressão
Bico de pintura errado errada
Falta de Entupido PINTURA
manutenção
DANIFICADA
Tinta Preparo da Corrosão após
Excesso de Decapagem superfície Excesso de decapagem
Falta solvente Tempo umidade
dosador inadequado
Lixamento
Grana
inadequada
MEIO
MATERIAL MÉTODO AMBIENTE
5.2.2 Brainstorming
104 • capítulo 5
Vamos definir o que é exatamente brainstorming.
capítulo 5 • 105
O estímulo à geração de grande quantidade de ideias é característica central do brains-
torming, porém isso pode levar a sessões improdutivas. Naturalmente, o resultado dessa
técnica dependerá da qualidade dos participantes, mas Osterwalder (2011) e Baxter
(2006) também apontam outros fatores a serem considerados para aumentar a produ-
tividade dessa técnica:
• Um grande esforço deve ser feito para elaborar uma declaração clara e objetiva do
problema.
• Sem uma preparação adequada, que possibilite a compreensão detalhada do proble-
ma e da perspectiva do usuário, dificilmente serão geradas boas ideias.
• O líder deve garantir o espírito de fluidez de ideias, mas também que as elas não fujam
do problema colocado.
• As regras básicas, como “não julgar” e “a quantidade é valorizada”, devem ser refor-
çadas ao longo da sessão.
• Deve ser dado algum tempo de incubação à equipe, com duração de ao menos um
dia, para retomada das atividades.
• O uso de ferramentas visuais para organização e discussão de ideias é importante
para a dinâmica dos trabalhos.
106 • capítulo 5
5.2.3 Design thinking
CONEXÃO
Como exemplo de ferramenta para colaboração visual, conheça o aplicativo baseado na nu-
vem Mural.ly: <https://mural.ly/>
Gerar Testar
Incorporar a
múltiplas soluções
perspectiva
soluções da forma
do usuário
para o mais
para o
problema e completa
problema.
selecioná-las. possível.
capítulo 5 • 107
A etapa de imersão serve para compreender o problema a ser resolvido e, prin-
cipalmente, incorporar a perspectiva do usuário sobre esse problema. Várias téc-
nicas podem ser usadas para esse propósito, desde que o princípio de orientação
ao usuário seja cumprida. É comum que os membros da equipe busquem simular
a experiência do cliente com o produto ou serviço (VIANA, 2013). Ao ser desafiada
a reinventar o carrinho de supermercado, a Ideo buscou antes de mais nada en-
tender bem as limitações do carrinho convencional na experiência prática (KEL-
LEY, 2001). Uma forma de registrar e discutir os resultados dessas simulações é por
meio do mapa da empatia, esquematizado na figura 22 (OSTERWALDER, 2011).
Nesse mapa, geralmente usado como um painel em grande escala na sala da equi-
pe, são identificadas as experiências sensoriais básicas e os sentimentos de ganho
e de perda. No caso do brainstorming, notas do tipo de post-it facilitam a organiza-
ção de ideias e fluidez das discussões.
Pensa e Pensa e
sente? sente?
Além do usuário, não devem ser descartadas outras fontes de ideias e infor-
mações (HIRICH et al., 2009; TERRA, 2013):
• Produtos e serviços existentes. É preciso olhar de forma crítica o que
o consumidor tem à disposição, identificando fatores positivos e ne-
gativos. Muitos produtos dominantes no mercado hoje foram versões
modificadas de produtos concorrentes, usando uma estratégia defen-
siva (TIGRE, 2006) ao explorar problemas da primeira inovação.
108 • capítulo 5
• Canais de distribuição. Muitas vezes, aqueles que são responsáveis por
entregar o produto ou serviço aos clientes conseguem perceber proble-
mas e soluções (HIRICH et al., 2009).
• Pesquisa e desenvolvimento de universidades, fornecedores e parceiros.
Um exemplo: pelo contato que tinha com fabricantes asiáticos na virada
do milênio, a Apple soube de um sistema de armazenamento digital de
alta capacidade e portátil. Esse foi um dos componentes que permitiram
o lançamento do iPod em 2001 (LIZMAYER, 2004). A inovação aberta
busca justamente intensificar as parcerias no processo inovador.
• Redes sociais. A Internet fornece uma grande quantidade de dados em
tempo real que serve tanto para monitorar tendências gerais, quanto
para identificar problemas específicos (TERRA, 2013).
CONEXÃO
Veja a palestra TED de David Kelley, “How to build your creative confidence”. (Obs.: depois
de pressionar “play”, abra o menu “subtitle” para escolher a legenda em português do
Brasil, “Portuguese, Brazilian”. http://www.ted.com/talks/david_kelley_how_to_build_your_
creative_confidence
capítulo 5 • 109
Na indústria química, por exemplo, frequentemente faz-se uso de plan-
tas-piloto, que possuem uma escala reduzida, para testar e desenvolver os
processos. No setor de software, é comum o lançamento de versões beta de
programas para que os usuários usem e forneçam sugestões. A empresa Ideo
tem como política a montagem e o teste de protótipos de forma acelerada,
encurtando os ciclos para seleção e melhoria de ideias. Se uma imagem vale
por mil palavras, segundo Tom Kelley, na Ideo se descobriu que um protóti-
po vale por mil imagens (KELLEY, 2001).
Deve-se perceber que um protótipo pode ter graus variados de fidelidade em
relação ao produto ou serviço final, como também do contexto de teste (VIANA,
2012). Por exemplo, um produto alimentício matinal recebe determinada nota
em um teste isolado de degustação na empresa, porém a sua aceitação pode ser
bem diferente no café da manhã, em que entram fatores como praticidade e
integração com outros alimentos.
5.3 Intraempreendedorismo
Comprometimento com
De curta duração, revolucionário. Longa duração, evolucionário.
a oportunidade.
110 • capítulo 5
DIMENSÃO FOCO (INTRA)EMPREENDEDOR EXEMPLOS
Baseado na responsabilida-
Filosofia de recompensa. Baseado na criação de valor.
de e tempo na empresa.
capítulo 5 • 111
Regulada por lei e acordos internacionais, a patente é um título provisório, concedido
pelo Estado, que garante ao titular o controle da exploração econômica de um produto
ou processo. No Brasil, uma patente é concedida pelo INPI por um período de 20 anos
(BRASIL, 2006). São requisitos para a concessão de uma patente (INPI, 2008):
• novidade;
• atividade inventiva;
• aplicação industrial;
• suficiência descritiva.
CONEXÃO
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3minovacao.com.br/>
112 • capítulo 5
Nível da alta ● Validar estratrégias, objetivos e metas.
● Aprovar investimentos e recursos.
administração ● Decidir sobre alianças estratégicas.
ATIVIDADE
1. O diagrama de causa e efeito é adequado para todos os tipos de inovações?
5. Considerando as situações do exercício anterior, indique propostas para melhorar a ex-
periência do usuário.
capítulo 5 • 113
REFLEXÃO
É comum nas empresas nascentes americanas que o funcionário receba ações da companhia
(e/ou opções de compra de ações). Essa é uma forma para que essas organizações – carentes
de recursos humanos qualificados, mas sem capacidade de pagar salários compatíveis – possam
atrair talentos. A ideia é que se o modelo de negócio da companhia der certo, todos sairão com
vantagem, pois todos possuem parte da companhia. No Brasil, esses tipos de mecanismos são
muito menos usados. Seria justo e praticável recompensar e estimular um funcionário por uma
ideia inovadora no contexto brasileiro?
LEITURA
Livro: TERRA, J. C. (org.) 10 dimensões da gestão da inovação – Uma abordagem para a
transformação organizacional. Rio de Janeiro, 2013.
A gestão da inovação tecnológica é um campo relativamente novo e não há um livro único que
cubra os tópicos principais, assim como acontece com Administração Financeira ou Gestão
de Recursos Humanos.Deve-se comentar que há pouco consenso sobre quais seriam esses
tópicos. No mercado, o livro organizado por José Cláudio Terra destaca-se por propor uma
visão integrada das dimensões ligadas aos processos de inovação. Por capítulo, cada uma das
seguintes dimensões é explorada. Observe:
1. Estratégias de inovação.
2. Governança.
3. Recursos financeiros.
4. Gestão de pessoas.
5. Gestão do conhecimento e TI.
6. Geração de ideias
7. Processos e frameworks de implantação.
8. Métricas e reconhecimento
9. Cultura da organização
10. Trabalho colaborativo dentro e fora da organização
O livro explicita como a gestão da inovação termina por requer que toda a administração da
empresa seja transformada. Não se trata de possuir um departamento de pesquisa ou algumas
equipes voltadas à inovação, é preciso haver um alinhamento profundo de todos os processos.
114 • capítulo 5
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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engenharia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
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lenge. Harvard Business Press, 2010.
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capítulo 5 • 115
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Nova York: Columbia University, 2011.
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fined business. Las Vegas: Motion Publishing, 2011.
116 • capítulo 5
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capítulo 5 • 117