História Da Psicologia Ana Maria Jacó-Vilela PDF
História Da Psicologia Ana Maria Jacó-Vilela PDF
História Da Psicologia Ana Maria Jacó-Vilela PDF
História da Psicologia
no Brasil: Uma
Narrativa por Meio de
seu Ensino 1
History Of Psychology In Brazil:
A Narrative From Its Teaching
Universidade do
Estado do Rio de
Janeiro
Artigo
Resumo: O texto pretende apresentar uma história da Psicologia no Brasil relacionando-a às tramas de
períodos históricos vividos pelo País, procurando mostrar, em cada um deles, como ocorreu o ensino e a
difusão dos saberes psi. Nesse sentido, faz a opção por uma história local, ou história nativa, pois, como
Certeau aponta, reconhece a particularidade do lugar de onde se fala, a partir de que posição – social ou
geográfica – o pesquisador se pronuncia. O texto tem, pois, um caráter ensaístico, e é um subproduto de
leituras e pesquisas sobre a história da Psicologia no Brasil. O texto parte do Brasil colônia e do ensino
jesuítico, desenvolvido nos seminários e nos colégios e difundido principalmente através de pregações,
explora as teses de Medicina no século XIX, ao mesmo tempo produto do ensino e difusão do conhecimento
psicológico entre nós, detém-se nos manuais de Psicologia voltados para as Escolas Normais e ressalta a
importância da Biblioteca de Educação no sentido de divulgar a Psicologia nos anos 30. Finalmente, discorre
sobre as primeiras obras voltadas para o ensino de Psicologia nos recém-criados cursos nos anos 1950 a
1970 e sobre as formas de difusão do novo campo do saber em um momento já de institucionalização.
Palavras-chave: História da Psicologia – Brasil. Ensino Superior. Ensino da Psicologia. Educação.
Abstract: The text aims to present a history of psychology in Brazil related to the plots of the historical
periods experienced by the country, trying to point out how the psychological knowlegde was taught and
disseminated. In this sense, chooses a local history, or native history to, as Certeau points out, recognize the
particularity of the place where it comes from, and the point of view – social or geographical – under which
the researcher speaks. The text has therefore an essayistic character and is a subproduct of readings and
research about the history of psychology in Brazil. Part of colonial Brazil and the jesuit teaching, developed
in seminaries and colleges and spread primarily through preaching, explores the theses of medicine courses
in the nineteenth century, which are at the same time product of education and dissemination of the
psychological knowledge among us; it is also presented in Psychology books directed to Normal Schools and
points out the importance of the Education’s Library disclosure of Psychology in the 30s. Finally, it discusses
the early work that is focused on the teaching of psychology in the newly created courses in the years 1950
to 1970 and on the ways of spreading the new field of knowledge at a time when the institutionalization
of the field was already driven.
Keywords: History of Psychology – Brazil. Higher education. Psychology Education. Education.
Resumen: El texto pretende presentar una historia de la Psicología en el Brasil relacionándola a las tramas de
períodos históricos vividos por el País, procurando mostrar, en cada uno de ellos, como ocurrió la enseñanza
y la difusión de los saberes psi. En ese sentido, opta por una historia local, o historia nativa, pues, como
Certeau apunta, reconoce la particularidad del lugar de donde se habla, a partir de qué posición – social o
geográfica – el investigador se pronuncia. El texto tiene, pues, un carácter ensayístico, y es un subproducto
de lecturas y pesquisas sobre la historia de la Psicología en el Brasil. El texto parte del Brasil colonia y de
la enseñanza jesuítica, desarrollada en los seminarios y en los colegios y difundida principalmente a través
de sermones, explora las tesis de Medicina en el siglo XIX, al mismo tiempo producto de la enseñanza y
difusión del conocimiento psicológico entre nosotros, se tienen en los manuales de Psicología dirigidos
para las Escuelas Normales y resalta la importancia de la Biblioteca de Educación en el sentido de divulgar
la Psicología en los años 30. Finalmente, discurre sobre las primeras obras destinadas para la enseñanza de
Psicología en los recién creados cursos en los años 1950 a 1970 y sobre las formas de difusión del nuevo
campo del saber en un momento ya de institucionalización.
Palabras clave: História de la Psicología – Brasil. Educación superior. Ensenanza de psicología. Educación.
Meu interesse pela história da Psicologia saberes psi através dos tempos, permitiria a
emergiu de um lugar muito específico, o da desnaturalização de nossas ideias e práticas.
formação de psicólogos e da consequente
preocupação com o caráter centrado Foi estudando a história da Psicologia no
em modelos europeus e estadunidenses Brasil e seus diferentes desenvolvimentos,
dessa formação, em que impera o valor as abordagens diversas dadas pelos (ainda)
1 Versão preliminar intimista, do indivíduo livre, autônomo. poucos autores que se dedicam a essa
desse texto foi A história da Psicologia pareceu-me um temática, que fui fazendo algumas escolhas
apresentada no VIII
excelente dispositivo que, historicizando os do caminho a seguir. Por um lado, Certeau
Encontro Nacional da
ABEP, em Goiânia, 2011. diferentes seres humanos estudados pelos (1988) logo veio servir de guia ao alertar sobre
nova metafísica. No caso do Brasil, esse Assim, com o prestígio das ciências naturais
processo de hegemonização da ciência e biológicas e do evolucionismo de Darwin,
recebe um grande suporte com a chegada o homem pode ser estudado como um
do positivismo. organismo, da mesma forma que os outros
seres vivos. Perde-se a unidade entre corpo
Se as produções sobre a alma advêm e alma; esta deve ser conhecida através
principalmente do clero, a nova ciência é daquele, principalmente através da fisiologia
uma construção dos médicos, normalmente do cérebro, órgão onde se localizam as
filhos de grandes latifundiários, com algum propriedades e funções da alma. Como a
tipo de formação na Europa – no início, ciência implica regularidades mensuráveis,
sobretudo na França –, de onde voltam o conhecimento não é mais produto da
imbuídos de “um bando de ideias novas” autorreflexão, do voltar-se da alma para si
(Romero, 1926): evolução, materialismo, mesma. No movimento das ideias psicológicas,
progresso, positivismo, ciência e, por que podemos então apontar um segundo tempo,
não? Psicologia. São eles principalmente os um tempo do organismo, um discurso do
especialistas que ocupam o lugar dos literatos. corpo (Keide e Jacó-Vilela, 1999): a alma do
A Geração de 70 havia iniciado o entusiasmo discurso religioso colonial é progressivamente
pela ciência e, com ele, pelo progresso, pela objetivada, agora pelo discurso da ciência.
evolução, pela mudança. O que se conhece são os produtos de um
funcionamento interno que, ele próprio,
Em sua chegada a Salvador, Dom João VI não podendo ser percebido pelo sujeito, só
havia criado a Escola de Cirurgia da Bahia pode ser conhecido pelo outro através de
e, logo em seguida, ao chegar ao Rio de mensurações.
Janeiro, a Escola Anatômica, Médica e
Cirúrgica do Rio de Janeiro. Estas sofrem Nas Faculdades de Medicina, o ensino é feito
diferentes alterações curriculares, instalam- principalmente através de livros importados
se em diversos locais e, em 1832, são e da sapiência dos professores catedráticos,
transformadas em Faculdades de Medicina. normalmente experts em alemão e francês,
Nesse momento, institui-se a obrigatoriedade os principais idiomas da época. É interessante
de defesa de teses para a obtenção de observar, nas teses da Faculdade de Medicina
título de Doutor em Medicina, prática que do Rio de Janeiro, o quanto o conhecimento
perdura até 1932. Aqui encontramos ainda psicológico desenvolvido na Europa e nos
a presença do discurso católico que, aos Estados Unidos chega rápido e é citado, muitas
poucos, vai sendo substituído pelo discurso vezes de forma complementar, a autores de
científico. Já em 1841, na Faculdade de outras origens. Encontramos com frequência
Medicina do Rio de Janeiro, Antonio Pereira a mençao a autores da psicologia alemã,
D’Araújo Pinto apresentava uma tese sobre principalmente Wundt – “É a Wundt que a
frenologia, a doutrina criada por Gall ao final psychologia experimental deve os seus mais
do século XVIII que procurava estabelecer a bellos florões” (Roxo, 1900, p. 15) – embora
localização cerebral das diferentes faculdades Humbolt e Fechner também sejam citados.
humanas: “para cada faculdade especial, A psicologia francesa, sem dúvida, é a mais
para cada instinto primitivo, para cada assídua, não tanto Ribot, mas principalmente
sentimento particular, há no cérebro um Charcot, Pierre Janet e a Escola de Nancy,
órgão próprio, uma circunvolução que, pela que estão presentes nas teses sobre histeria e
sua proeminência, se revela na forma exterior hipnotismo, como as de Fajardo Júnior (1889)
do crânio” (Gonçalves de Magalhães, 1876, e de Ribeiro (1886). A antropologia criminal,
p. 10). de Lombroso, também se fará presente, com
as noções de estigmas físicos (Corrêa, 1905) literatos, todos estão interessados em elevar o
enquanto a teoria da degenerescência de País a um patamar que o afaste de suas origens
Morel é uma constante (Corrêa, 1905; Velho, viciosas – aqui consideradas, pela maioria dos
1905). Destaque, todavia, deve ser dado à autores da época, como a herança africana
tese intitulada Duração dos atos psíquicos e, em menor grau, a indígena2. Trata-se de
elementares nos alienados, de Henrique uma geração de intelectuais que pretendiam
Roxo, primeiro trabalho de Psicologia “reinventar o País, organizá-lo em novas
experimental realizado e publicado no Brasil bases, fazê-lo transpor rapidamente as
(1900). Roxo mede o tempo de reação dos enormes barreiras arcaicas que o separavam
internos no Hospício Nacional de Alienados da civilização contemporânea” (Campos,
utilizando-se, para isso, do psicômetro de 2002, p. 24).
Buccola, um instrumento hoje desconhecido.
Coube, pois, aos intelectuais engajados na
As teses são, pois, resultado de um processo causa republicana a reforma do Estado para
de ensino e, ao mesmo tempo, fator de superar os desafios de um país que viam
difusão do novo conhecimento psicológico. como atrasado econômica e culturalmente
Não à toa, são investigadas até hoje, não e conduzi-lo ao modelo civilizado de uma
só por pesquisadores da Psicologia como nação europeia. Nesse sentido, considera-
também por pesquisadores de outras se que a redução e/ou eliminação do
áreas, como Educação, Educação Física, analfabetismo seja fundamental. Estima-se
Arquitetura, Nutrição, além da própria que em torno de 65% da população brasileira
Medicina. São elas, sem dúvida, que criam, era analfabeta em princípios do século XX,
em solo brasileiro, o hábito de produção de em contraposição, por exemplo, à situação
textos, que, muitas vezes, são ambivalentes argentina, em que parcela relevante da
e contraditórios, mas constituem uma forma população era alfabetizada em função não só
própria de se apropriar daquele bando dos esforços civilizatórios como também da
2 Ver, a respeito, a de ideias que vêm fervilhar em um país imigração selecionada de meados do século
excelente análise do
pensamento social agrário, de matriz conservadora, escravagista, XIX (Fausto & Devoto, 2004).
brasileiro efetuada religioso, defensor da hierarquia entre os
por Dante Moreira
homens e da superioridade da raça branca. É A elite política e intelectual dedica-se à
Lima (1954/1969). É
importante ressaltar necessário conciliar contrários, e os médicos educação. No ano seguinte à proclamação da
também a exceção república, nova legislação modifica o sistema
representada por se encarregam de sanear a nação com tais
Manoel Bomfim conhecimentos. de ensino (Brasil, 1890), pois observa-se que
(1868-1932), em a educação é deficitária, no sentido de ser
seu livro A América
arcaica, artificial, baseada na memorização
Latina: males de Um período turbulento. A
origem (1905/1993). e nos castigos físicos (Gondra, 2004), com
Bomfim não só é educação como resposta pouco conteúdo das novas ciências.
uma voz dissonante
no discurso racialista
de sua época As novas ideias demonstraram, entre outras É nesse contexto que surgem as primeiras
como estabelece
laços fraternos
coisas, que o País estava doente: povoado propostas de educação, concretizadas
entre os países por uma população inculta, que habitava naquela legislação citada acima, conhecida
latinos, ao propor
uma explicação
centros urbanos longe dos graus mínimos de como Reforma Benjamim Constant, e que
psicossocial para a civilidade europeia, era necessário higienizar levam à criação do Pedagogium, museu
diferença entre o
desenvolvimento
as cidades, os corpos e as mentes (Schwarcz, pedagógico ao estilo dos existentes em
europeu e o latino: 1993; Herschmann & Pereira 1994). Esse é diversos países europeus e cuja direção será
a colonização
parasitária realizada
o esforço a que se dedicam os intelectuais ocupada por Manoel Bomfim, médico que
pelos países ibéricos. na Primeira República – médicos, juristas, abandona a carreira e se dedica à educação.
No Pedagogium, Bomfim cria, em 1906, das condições de vida das camadas mais
aquele que é reconhecido como o primeiro pobres da população. Assim, pela análise
Laboratório de Psicologia Experimental no País. da história de vida e de compromissos
Certamente outros laboratórios já existiam, de muitos dos participantes da Liga, era
embora de forma menos institucionalizada, quase uma impossibilidade afastar-se do
pois, como dissemos, Henrique Roxo produz pensamento higiênico naquele momento.
uma tese resultante de trabalho experimental, Isso é diferente da década de 30, quando a
em 1900, e Lourenço Filho registra a proposta Liga assume um caráter eugênico e muitos
de criação de um laboratório no Rio de dos personagens que citamos dela se retiram.
Janeiro, em 1897, anotando também a reação Ulisses Pernambucano, por exemplo,
de um dos opositores da ideia: “Seria ridículo simplesmente separa a Liga de Pernambuco
pretender levar as faculdades da alma à análise da Liga Brasileira.
de aparelhos” (Lourenço Filho, 1955/2004,
p. 74). É conveniente, no entanto, lembrar a
importante contribuição da Liga para a
Mas, para que a educação frutifique, é produção e a disseminação do conhecimento
necessário que o terreno seja fértil. Assim, em Psicologia, em uma seara que havia surgido
os intelectuais se dedicam à prevenção, seja no começo do século na Europa e que somente
pelo sanitarismo – a limpeza da cidade –, nos anos 20 e 30 se desenvolverá no Brasil: os
seja pela higiene mental. A Liga Brasileira de testes psicológicos. São muitas as publicações
Higiene Mental, criada por Gustavo Riedel nos Archivos Brasileiros de Higiene Mental
no Rio de Janeiro, em 1923, tem destacados sobre esse tema, enfatizando principalmente
membros da elite médica e intelectual a necessidade de estandardização dos testes
entre seus filiados. Muitos personagens para a realidade brasileira (Leme Lopes,
relevantes na história da Psicologia brasileira 1930; Leme Lopes, 1932; Lopes, 1931).
ocupam posições em seus quadros, como: Um artigo interessante a esse respeito é de
Plinio Olinto, professor de Psicologia na autoria de Ulisses Pernambucano e Anita
Escola Normal, responsável pelo Serviço de Barreto: os autores relatam seus esforços para
Psicologia, do qual farão parte Maria Brasília a adaptação do teste de Ballard à realidade
Leme Lopes e Idalina de Abreu Fialho; Ulisses pernambucana e o intercâmbio realizado com
Pernambucano, representante da Liga em Helena Antipoff, que estava fazendo a mesma
Pernambuco; Manoel Bomfim, professor adaptação em Belo Horizonte: os três visavam
Catedrático de Psicologia na Escola Normal, a tradução mais adequada de determinadas
que se encontra na Seção de Deficiência palavras (Pernambucano & Barreto, 1931).
Mental; Maurício de Medeiros, professor de
Psicologia da Escola Normal, está na Seção Se os Archivos são úteis para difundir os testes,
de Medicina Legal, Indigência e Vadiagem sem dúvida, o instrumento que permitirá a
(Archivos Brasileiros de Higiene Mental, visibilidade da prática psicológica, o ensino
1925). de Psicologia ocorrerá principalmente
nas Escolas Normais, visando à formação
Consideramos importante resgatar a presença das futuras professoras primárias. Ele será
desses nomes na Liga porque raramente é baseado nas aulas dos professores, que
mencionada a estreita relação da Psicologia continuam autodidatas, experts em idiomas
com o higienismo, como se esse fosse um fato estrangeiros, dentre os quais o inglês inicia
vergonhoso na história da área. Entretanto, a sua participação. Mas começam a ser
o movimento higienista aparece com um publicados manuais voltados para o ensino
caráter missionário, progressista, de melhoria de Psicologia nas Escolas Normais, o que
Outras editoras também começam a publicar obras de Psicologia. Ainda são em pequeno
número, normalmente livros inseridos em coleções destinadas à educação, como a
Atualidades Pedagógicas, da Companhia Editora Nacional. Nas Faculdades de Filosofia e
em outras Faculdades, como a de Educação Física da Universidade do Brasil, surgem as
cátedras de Psicologia, o que favorece o mercado editorial, pois o ensino de Psicologia não
se restringe mais às Escolas Normais.
O ensino continua, pois, centrado na expertise do professor. Muitos deles, abnegadamente, traduzem
textos estrangeiros para os alunos3. Quando estes têm condições, importam/compram livros,
principalmente os publicados por editoras argentinas (notadamente a Paidós e a Kapelusz). Mas, aos
poucos, o mercado editorial brasileiro, até então voltado para a Psicologia que interessava à educação,
descobre os cursos de Psicologia. Nesse sentido, muito devemos a algumas editoras – como a Nacional,
a Herder, a Pioneira, a Zahar – bem como a alguns professores, que se dedicaram a traduzir livros
básicos, manuais que cobrissem a ampla gama de disciplinas que compunham/compõem a grade
curricular do curso de Psicologia. Destes, damos destaque a dois: Dante Moreira Leite e Carolina
Martuscelli Bori, pelo volume de traduções que realizaram. Não conseguimos obter uma lista precisa
das traduções realizadas por esta última. Assim, colocamos abaixo somente as traduções realizadas
por Leite nas décadas de 50 e 60.
Tabela 2. Traduções de manuais de psicologia por Dante Moreira Leite nas décadas de 50 e 60
Asch, S. E. (1960). Psicologia social (D. M. Leite & M. M. Leite, Trads.). São Paulo: Nacional (Obra
original publicada em 1952).
Personalidade: manual para o seu estudo, organizado com leituras básicas de psicologia da
personalidade. (1963). (D. M. Leite & M. M. Leite, Trads.). Biblioteca Universitária; Série Ciências
Sociais, nº 10). São Paulo: Nacional (Obra original publicada de um número de artigos em inglês).
Krech, D., & Crutchfield, R. S. (1963). Elementos de psicologia (D. M. Leite, Trad.). São Paulo:
Pioneira.
Noll, V. H. (1963). Medidas educacionais (D. M. Leite & M. M. Leite, Trads.). São Paulo: Pioneira.
Anastasi, A. (1964). Testes psicológicos: teoria e aplicação (D. M. Leite, Trad., Coleção Ciências
do Comportamento). São Paulo: Herder.
Allport, G. W. (1966). Personalidade (D. M. Leite, Trad.). São Paulo: Herder.
Mouly, G. J. (1966). Psicologia educacional (D. M. Leite & M. M. Leite, Trads.). São Paulo: Pioneira
(Obra original publicada em 1963).
Selltiz, C. (1967). Métodos de pesquisa nas relações sociais (D. M. Leite & M. M. Leite, Trads.).
São Paulo: Herder.
Cartwright, D., & Zander, A. (Orgs.). (1967/1972). Dinâmica de grupo (Vols. 1-2, D. M. Leite &
M. M. Leite, Trads.). São Paulo: Herder.
3 Esta foi minha
experiência em
Morse, W. C., Wingo, G. M. (Orgs.). (1968). Leituras em psicologia educacional (D. M. Leite,
minha graduação Trad., Atualidades Pedagógicas, nº 93). São Paulo: Nacional.
na UFMG no final
O’Dea, T. F. (1969). Sociologia da religião (D. M. Leite, Trad., Biblioteca Pioneira de Ciências
dos anos de 1960
e início dos anos Sociais). São Paulo: Pioneira.
de 1970. Neste Parsons, T. (1969). Sociedades: perspectivas evolutivas e comparativas (D. M. Leite, Trad.). São
sentido, este texto
é também um Paulo: Pioneira.
tributo tardio à Krech, D. et al. (1969). O indivíduo na sociedade: um manual de psicologia social (D. M. Leite
professora Natalia,
de meu primeiro & M. M. Leite, Trads.). São Paulo: Pioneira.
ano de Psicologia,
que se desdobrava
Fonte: Centro de Memória do Instituto de Psicologia da USP. Disponível em http://citrus.uspnet.usp.br/
mimeografando
traduções para nós. centrodememoriaip/?q=node/326
Esse foi, pois, um momento de absorção do multivariada que gera seu próprio efeito
conhecimento já existente, já produzido, de perverso: embora o estudante de Psicologia
se assegurar do campo conhecido. Outras compreenda – e, aparentemente, aprove – a
coleções e livros individuais aparecerão na diversidade da Psicologia, o conhecimento
década de 70. sobre a disciplina é disperso, visto não haver
mais a preocupação com um conteúdo
O crescimento da publicação em Psicologia, mínimo do qual o psicólogo deva dar conta.
e sua adoção nos cursos e no ensino, todavia,
somente ocorrerá a partir de meados dos Considerações finais
anos 80. Diversos fatores desencadearão esse
processo: a pós-graduação que, iniciada em Como dito inicialmente, meu interesse
1964, na UnB, e logo abortada, se firma a primordial se situa na formação de psicólogos.
partir de 1967 com o curso da PUC-Rio, o Este texto, por sua vez, é um subproduto das
crescente número de cursos de graduação, diferentes pesquisas que tenho realizado
a psicologização da sociedade brasileira a nos últimos anos. É um olhar para trás, que
partir dos anos 70, como já foi analisado por reflete sobre como teria sido ensinar Psicologia
diversos autores (ver, por exemplo, Figueira, quando a disciplina Psicologia não existia, não
1981; Duarte, 1986; Russo, 1993), que leva a existiam livros, não existia curso, não existia
um interesse cada vez maior pela Psicologia. o profissional psicólogo. É uma tentativa de
Começa, então, um processo de reflexão não reduzir nossa história aos últimos 50
sobre a necessidade de maior conhecimento anos e procurar trazer à memória pessoas,
da realidade brasileira e, em consequência, livros, processos, dispositivos, enfim, tudo
de produções e de ensino de Psicologia aquilo que tornou possível, em determinadas
baseados nessa realidade. condições históricas, que pudéssemos agora,
em 2012, comemorar uma data – escolhida
Penso ser esse o momento em que ainda nos dentre tantas outras possíveis – na história da
encontramos. Há, entretanto, uma produção Psicologia que se constrói no Brasil.
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