Santana, Ivani. O Corpo Do Tempo Dança Telemática PDF
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
SANTANA, I. O Corpo do Tempo: Dança Telemática. ILINX - Revista do LUME, Núcleo
Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais – UNICAMP, n. 2, nov. 2012. ISSN: 2316.8366
1
“Limerick”, poesia non-sense escrita na palestra Space and Time Warps, de Stephan Hawking.
Disponível em: <http://www.hawking.org.uk/space-and-time-warps.html>. Acesso em: 10 maio 2012.
2
Por essa razão, em nada nos interessa as divisões da semiologia, ou de qualquer outra natureza,
entre o auditivo e o visual, pois não os compreendemos de forma separada no campo da física e
muito menos nas questões biológicas e do humano.
3
www.poeticatecnologica.ufba.br
4
Tais como Bergson (1913), Being and Time, de Heidegger (1927), Edmond Husserl (1964) e sua
"percepção do tempo", Julios Thomas Fraser (1969), Barbara Adam (1999), apenas para citar alguns.
5
“Like Bergson, Husserl did not accept the idea that time could be perceived (measured and
categorized) as a series of successive nows. He argued that the essence of time is derived from our
subjective experience of time (HUSSERL, 1964). In other words, the essence of time is how we
perceive it, not as a universal and absolute process as Newtonian-based thinking would have it.”
(HASSAN; PURSER, 2007, p.6)
6
“It is clear that we move unthinkingly with the rhythm of clock time, so deeply do we experience it. It
is clear also that to a significant degree in controls us and synchronizes us to its mathematical
rhythms. Less clear is how consciously think about other forms of time express our thoughts about the
experience of these. [...] Clock time, as an abstract form of time, has been the time of modernity and of
capitalist industrialism. It is a form of time reckoning that has inserted itself into our subconsciousness
to the extend that most of us consider (when we do consider) that this is what time is.” (HASSAN;
PURSER, 2007, p. 6)
7
“[...] en E3 no habrá diarios, ni tampoco periódicos en el sentido actual. Un buen medio de
información telemático habrá de actualizar su información continuamente (multicrónicamente), y no de
modo diario o periódico. Buena parte de esa actualización se hará automáticamente, por inserción
directa de contenidos a cargo de los redactores autorizados para ello. Cuando los conceptos básicos
(prensa, diario, periódico…) cambian, algo muy profundo está cambiando. Aun así, mantendremos el
término periódico, pero pensando en que los períodos no serán regulares y dando por supuesto que
los periódicos electrónicos serán un híbrido entre prensa-radio-televisión-Internet.” (ECHEVERRÍA,
1999; 2000).
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Meu recorte de pesquisa na dança sempre assumiu o interesse pelas pesquisas que compreendem
a relação desse campo mediado pela tecnologia, e não apenas pelo uso desta última. Vale ressaltar
que, a meu ver, mesmo o uso totalmente ilustrativo e utilitário da tecnologia ainda assim estará
fadado à implicação mútua entre os sistemas. A diferença entre essas duas abordagens é uma
questão de grau de contaminação (de quanto haverá embodiment, embeddedness, extension,
explicado adiante no texto).
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A viabilização tecnológica do Arthron ficou ao encargo do Laboratório de Vídeo Digital (UFPB),
coordenado pelo Dr. Guido Lemos, a partir dos meus conceitos de Arte em Rede já testados com a
obra VERSUS (2005). Desde então, temos utilizado o Arthron para a realização de nossas criações
de Arte em Rede e o LAVID continua sendo um dos grandes parceiros nos projetos. Vale ressaltar
que o sucesso do Arthron levou-o para a Telemedicina, que está contando com o desenvolvimento de
uma versão adaptada para as necessidades da área da saúde.
10
Cf. em: <www.terena.org/activities/network-arts/barcelona/>.
11
Coordenado pela Dra. Walmeri Ribeiro e Dr. Hector Briones.
12
Coordenado pelo Dr. Carlos Augusto Nóbrega.
13
“re-thinking of this communication model and argue for a framework that, contrary to the often
holistic approach to performing in the net, favors glances, fragments and desires.” (REBELO;
SCHRODER, 2009, p. 1)
14
A obra “Frágil” foi apresentada no evento Desafios de Arte em Rede, realizado no dia 4 de
dezembro de 2011, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. O espaço foi compartilhado pelo
Grupo de Pesquisa Poéticas Tecnológicas, de Salvador, e pelo Nano, da UFRJ. Tantos entre esses
grupos como com os parceiros de Fortaleza, a relação foi estabelecida pelas redes avançadas
disponibilizadas pela RNP. O evento foi uma realização do Ministério da Cultura em parceria com a
RNP pelo projeto de Redes de Laboratórios Integrados.
Rush está certo ao considerar o tempo como matéria-bruta das artes surgidas
com a Cultura Digital. Desde a relação da fotografia, passando pelo cinema até a
chegada das TICs, termos como velocidade, aceleração, atraso, delay, apenas para
citar alguns, são discutidos em todas as instâncias e também nas Artes. Entretanto,
tais ponderações parecem ainda implicadas com o entendimento de tempo do
relógio. São normais frases no meio social como “o cotidiano está acelerado” ou “a
rede está lenta”. O tempo é estilhaçado pelas diversas janelas que se sobrepõem na
tela do computador, ou quando várias ações são realizadas simultaneamente, como
escrever em redes sociais, falar ao telefone e escutar música ao mesmo tempo.
Janelas abertas não para o espaço simplesmente, mas para tempos (físicos e
simbólicos) distintos de cada uma dessas ações. Ações que determinam a
percepção, o sistema sensório-motor do sujeito imerso no terceiro entorno.
A dança telemática surge desse contexto informacional que se apresenta não
mais por uma temporalidade fixa, mas pela múltipla convergência de vários tempos
que se sobrepõem pelas redes avançadas de telecomunicação. Analisar o “Corpo-
em-Arte” em configurações como dança telemática é perceber as demandas de um
corpo que vivencia e discute as possibilidades de articulação do tempo. No projeto16
que desenvolvemos entre Chian Mai (Tailândia/UTC +7)17, Barcelona (Espanha/UTC
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“Networked cultures and societies are now confronted with the historical opportunity to not only
‘control’ time once more through our own contextual self-creation of it but also to rediscover and
connect with natural world. In other words through the temporal worlds constructed by information
technologies we stand on the brink of a new with time”. (HASSAN, 2007, p. 46).
16
Performance telemática apresentada no “The 33rd APAN Meeting”, 13 a 17 de fevereiro de 2012.
Disponível em: <http://www.apan.net/meetings/ChiangMai2012/>.
17
Desde janeiro de 1972, o Tempo Universal Coordenado (UTC) é a base de tempo para fins de
natureza civil e fornece todas as zonas horárias do mundo: os fusos horários, ou seja, as vinte e
quatro áreas em que se divide a Terra e que seguem a mesma definição de tempo. Pelo acordo na
Conferência Internacional Meridiana de 1884, realizada em Washington (EUA), o fuso horário tem
como ponto zero a região do meridiano central que passa por Greenwich (Inglaterra), onde se localiza
o Royal Observatory, e varia de 0h a + 12h, para leste deste ponto, e de 0h a - 12h, para o oeste
+1) e Salvador (Brasil/UTC -3), o que esteve em jogo foi a convergência tanto entre
os fusos horários distintos que alcançavam 10 horas de diferença, como as várias
sensações temporais disponibilizadas naquele contexto. Enquanto nós brasileiros
dormimos literalmente no nosso laboratório para aguardar até às 5 horas da manhã,
quando iniciaria a reconexão entres os países e a apresentação na sequência,
nossos companheiros orientais estavam acordadíssimos no estresse com os
preparativos da noite.
O dia encontra-se com a noite sem perder sua própria condição!
A dança telemática potencializa a visualização dessa convergência do tempo
quando é construída através de camadas de imagens de lugares que, antes de
trazer seus aspectos quanto espaço, eles impõem, inevitavelmente, o fator tempo.
As diferenças de tempo não se revelam apenas pelo fuso horário entre países, mas
também estão presentes em locais nem tão distantes assim. Operamos com
convenções de tempo e não com o sentido de temporalidade como deveria ser
desejado. Se verificássemos o tempo solar no local que nos encontramos,
provavelmente obteríamos uma medida diferente do que o relógio marca. A Cultura
Digital, com seus artefato cognitivos (Clark, 2003), redimensionou e tornou visível as
diferenças temporais do mundo que hoje se colapsam pela globalização e
expandem nosso aparato perceptivo. Trata-se de corpos e dança expandidos pela
Cultura Digital, pelo “terceiro entorno” que promoveu o corpo eletrônico e seus novos
sentidos (infossentidos, telessentidos).
(ex.: o Brasil abrange três fusos horários UTC -2, UTC -3, UTC -4), instituindo-se assim o Greenwich
Mean Time (GMT).
REFERÊNCIAS
CLARK, Andy. Being there: putting brain, body, and world together again.
Cambridge; London: Bradford Book, MIT Press, 1997.
______. Los Señores del Aire. Telépolis y el Tercer Entorno. Barcelona: Destino.
1999.
HASSAN, Robert. Network Time. In: 24/7 Time and Temporality in the network
society. Stanford: Stanford University Press, 2007.
______.; PURSER, Ronald E. (ed) 24/7 Time and Temporality in the network society.
Stanford, California: Stanford University Press. 2007
LAKOFF, George, JOHNSON, Marc. Philosophy in the Flash: The embodied mind
and its challenge to western thought. New York: Basic Books. 1999.
RUSH, Michael. Novas mídias na arte contemporânea. São Paulo: Martins Fontes,
2006.