Soja - Reg. Crescimento PDF
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DANILA COMELIS BERTOLIN (2*); MARCO EUSTÁQUIO DE SÁ (3); ORIVALDO ARF (3);
ENES FURLANI JUNIOR (3); ADRIANA DE SOUZA COLOMBO (2);
FRANCIELLE LOUISE BUENO MELO DE CARVALHO (2)
RESUMO
( 1) Recebido para publicação em 5 de março de 2008 e aceito em 22 de dezembro de 2009. Parte da dissertação de mestrado
de Danila Comelis Bertolin apresentada à Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, Universidade Estadual Paulista, para
obtenção do título de mestre em Sistemas de Produção.
( 2) Programa de Pós-graduação em Produção Vegetal da UNESP, campus de Ilha Solteira. Departamento de Fitotecnia,
Tecnologia de Alimentos e Sócio-Economia, Faculdade de Engenharia, Universidade Estadual Paulista (Unesp), Caixa
Postal 31, 15385-000 Ilha Solteira (SP), Brasil. E-mail: [email protected] (*) Autora correspondente. Bolsista CAPES.
( 3) Departamento de Fitotecnia, Tecnologia de Alimentos e Sócio-Economia, Faculdade de Engenharia, Universidade Estadual
Paulista (UNESP), Ilha Solteira, Ilha Solteira (SP), Brasil.
ABSTRACT
INCREASE OF THE PRODUCTIVITY OF THE SOYBEAN CROP WITH THE
APPLICATION OF BIOSTIMULANTS
The use of biostimulants increases plant development although few studies relate this practice to
the physiological aspects of the plant. An experiment was carried out to evaluate the use of a biostimulant
(cytokinin, indolebutyric acid, gibberellic acid), applied on soybean seeds and leaves at different
phenological growth stages for a conventional variety (Conquista) and a genetically modified (Valiosa
RR). The treatments were constituted by cultivars, applications of 6 mL of the commercial product per
kilogram of seeds, and of 025 L ha-1 on leaves at the stages V 5 , R1 and R 5, and combination of these
factors, comprising a total of 30 treatments. The experimental design was a randomized block with 4
replications. The height of plants, insertion of the first pod, number of branches per plant, number of
pods per plant, and number of grains per pod were evaluated. The conventional variety was more
productive than the genetically modified variety. The use of the biostimulant increased the number of
pods per plant and seed yield although the application via seeds and on leaves was similar. The
biostimulant increased grain yield by 37 % compared to the control. Plant growth provides increase in
the number of pods per plant and grain yield in both applications the leaves and seeds, confirming the
hypothesis of this study. However, higher productivity is not related to increased shoot growth,
considering the plant height, branches per plant, height of first pod. Regarding to the increase in g the
productivity plant growth, biostimulant is more, effective when applied during the reproductive growth
stage.
Key words: plant regulators, phenology, transgenic plant, Glycine max (L.) Merrill.
dos quais envolvem interações biossintéticas, temperatura e umidade relativa média do ar, de
catabólicas que, juntas, controlam a homeostase dos 26,4 °C e 80,7%, respectivamente, estão de acordo
hormônios vegetais (C R O Z I E R , 2000). Os efeitos com as necessidades da cultura para um
isolados dos hormônios vegetais foram bastante rendimento satisfatório (EMBRAPA , 1996).
estudados e já conhecidos, sendo apresentados
efeitos positivos e negativos de acordo com as
quantidades aplicadas, períodos de aplicação,
região de aplicação e culturas. No entanto, o efeito
de alguns hormônios em conjunto é desconhecido,
e visto das propriedades promissoras destas
moléculas em culturas que já atingiram alto nível
tecnológico são necessários maiores estudos.
A hipótese deste estudo é de que o
bioestimulante promoverá aumento da produtividade
da soja devido ao maior crescimento da planta. Figura 1. Médias diárias de temperatura do ar (T),
Adicionalmente, a ação dos hormônios vegetais é umidade relativa do ar (UR) e precipitação total diárias
(P) durante o ciclo da soja em Selvíria (MS), 2006/2007.
variável conforme o estádio de desenvolvimento, sendo
mais efetiva logo na emergência das plântulas e no
desenvolvimento inicial.
Foram utilizadas sementes de duas cultivares,
Tendo em vista a obtenção de aumento de uma convencional de ciclo médio, Conquista, e outra
produtividade, este estudo objetivou avaliar a geneticamente modificada, Valiosa RR.
produção de grãos de soja em função da aplicação de
O espaçamento foi de 0,50 m entre linhas
um bioestimulante com a seguinte composição: 0,009%
e a densidade calculada para 300.000 plantas por
de cinetina, 0,005% de ácido giberélico e 0,005% de
hectare. As sementes foram submetidas à
ácido indolbutírico, aplicado via sementes e via foliar
inoculação com Bradyrhizobium, específico para
em três estádios fenológicos da cultura, V5 , R1 e R 5,
sementes de soja, na dose de 250 g por 60 kg -1 de
em duas cultivares, sendo uma cultivar convencional
sementes. A semeadura foi realizada
(Conquista) e a outra geneticamente modificada
manualmente e os tratamentos via sementes foram
(Valiosa RR).
aplicados pouco antes da semeadura. As parcelas
tinham seis linhas de 5 m, e a área útil de quatro
2. MATERIAL E MÉTODOS linhas centrais a 0,5 m de cada extremidade. O
experimento foi mantido livre de pragas através
O experimento foi instalado em 23 de de controle químico e de plantas daninhas através
novembro de 2006, na Fazenda Experimental de de capina manual.
Ensino, Pesquisa e Extensão da Faculdade de
O bioestimulante é composto por três
Engenharia de Ilha Solteira, localizada no município
hormônios vegetais: 0,009 % de cinetina, 0,005
de Selvíria (MS). O solo foi classificado como
% de ácido giberélico e 0,005 % de ácido
Latossolo Vermelho Distrófico, argiloso (E MBRAPA,
indolbutírico, e disponível com o nome comercial
1999). As características químicas do solo da área
de Stimulate®.
experimental na camada de 0-20 cm de profundidade
foram as seguintes: M.O. 24 g dm-3; pH CaCl2 5,3; P As aplicações do bioestimulante foram
resina 18 mg dm-3; V% 64 e K, Ca, Mg, H+Al, e Al realizadas via sementes, pouco antes da semeadura,
respectivamente 2,2; 33; 14; 28 e 0 mmolc dm-3, valores e depois por via foliar em três estádios de
considerados adequados para a cultura (MASCARENHAS desenvolvimento, sendo um estádio vegetativo (V5), e
e TANAKA, 1997). A área foi cultivada com milho nos dois reprodutivos (R1 e R5 ). As combinações destes
dois anos agrícolas anteriores e antes da semeadura fatores, constituíram 15 tratamentos por cultivar
da cultura de soja foi aplicado 250 kg ha -1 da (Tabela 1), perfazendo total de 30 tratamentos.
formulação NPK (08-28-16).
O delineamento utilizado foi o de blocos ao
O fornecimento de água, quando necessário, acaso com quatro repetições. A dose utilizada na
foi efetuado por aspersão e os dados médios diários aplicação via sementes foi de 6 mL do produto
de temperatura, umidade relativa do ar e de comercial por quilo de sementes, a dose aplicada
precipitação pluvial ocorridos durante o ciclo da via foliar foi a de 0,25 L do produto comercial
cultura estão na figura 1. A precipitação pluvial por hectare (2,5 mL do produto comercial por litro
ocorrida durante o ciclo foi de 926 mm e a de água).
TS=tratamento de sementes.
A escala de F EHR e CAVINESS (1977) foi usada vagens, foi determinado o número de grãos por
para identificar os estádios fenológicos da cultura vagem.
antes de cada aplicação.
Produtividade de grãos: foi obtida na
A altura de plantas, inserção da primeira colheita das plantas de três linhas centrais em cada
vagem, o número de ramos e de vagens por planta parcela. As plantas foram trilhadas em trilhadeira
(verdes, secas e total), o número de grãos por vagem, mecânica estacionária, sendo os grãos resultantes
e a produtividade de grãos foram avaliadas pelos limpos e pesados. Os dados foram transformados
procedimentos descritos na sequência. em kg ha -1.
Altura de plantas: foi avaliada por ocasião da A análise de variância foi feita para verificar
colheita em 10 plantas, em 1 m da segunda linha de se houve pelo menos uma diferença entre as cultivares
cada parcela, utilizando-se fita métrica graduada em e os tratamentos e realizado contraste ortogonal para
cm. analisar as diferenças entre tratamentos. Para as
Altura de inserção da primeira vagem: foram variáveis número de vagens verdes, número de vagens
utilizadas as mesmas 10 plantas colhidas. Foi medida secas, número total de vagens e número de grãos por
a distância da base de cada planta até da primeira vagem, os dados foram transformados em raiz
vagem do caule, utilizando-se fita métrica em cm. quadrada de x + 0,5 (BANZATTO e KRONKA, 2006).
Número de ramos por planta: foram contados Na análise estatística dos tratamentos foram
os ramos no caule principal de cada uma das dez formulados 14 contrastes ortogonais: C1=+14T1-1T2-1T3-
plantas de cada parcela. 1T4-1T5-1T6-1T7-1T8-1T9-1T10-1T11-1T12-1T13-1T14-1T15,
C2=+1T1-1T2, C3=+3T1-1T3-1T4-1T5, C4=+3T2-1T3-1T4-
Número de vagens por planta: determinado 1T5, C5=+2T3-1T4-1T5, C6=+1T4-1T5, C7=+2T6-1T7-1T8,
através de contagem das vagens verdes e secas de C8=+1T7-1T8, C9=+2T11-1T9-1T10, C10=+1T9-1T10,
cada planta. C11=+2T14-1T12-1T13, C12=+1T12-1T13,
Número de grãos por vagem: as vagens foram C13=+1T3+1T4+1T5-1T6-1T7-1T8, C14=+1T3+1T4+1T5-
debulhadas, sendo contados os grãos em contador 1T9-1T10-1T11. O programa estatístico utilizado foi o
eletrônico e, pela relação entre número de grãos e de Sanest (ZONTA e MACHADO, 1991).
Tabela 2. Quadrados médios, valores de F, coeficientes de variação e valores médios para as variáveis vagens verdes,
vagens secas, número total de vagens, número de grãos por vagem e produtividade de grãos, em relação às cultivares
Conquista e Valiosa RR. Selvíria (MS), 2006/2007
Cultivares Vagens verdes Vagens secas Total de vagens Grãos por vagem Produtividade de grãos
unidade kg ha-1
Conquista 6,89 109,18 120,61 2,96 4.905
Valiosa RR 6,29 76,48 86,86 3,02 3.143
Q.M.Cult. 10,76* 330,85** 347,29** 0,09 23.443,18**
F 3,94 53,80 66,73 0,87 44,30
CV (%) 25,06 12,19 11,87 10,61 18,24
Tabela 3. Quadrados médios, valores de F, coeficientes de variação e valores médios para as variáveis altura de
plantas, ramos por planta e altura de inserção da primeira vagem nas cultivares Conquista e Valiosa RR em Selvíria
(MS), 2006/2007
Cultivares Altura de plantas Ramos por planta Altura de inserção da primeira vagem
cm unidade cm
Conquista 86,78 14,10 13,71
Valiosa RR 78,60 13,93 15,08
Q.M.Cultivares 2.005,73** 0,8003 56,4440*
F 27,56 0,19 8,51
CV(%) 10,32 14,59 17,89
Tabela 4. Quadrados médios para tratamentos, valores de F, coeficientes de variação e médias de tratamentos para as
variáveis vagens verdes, vagens secas, número total de vagens, grãos por vagem e produtividade de grãos em
Selvíria (MS), 2006/2007
Tratamentos Vagens verdes Vagens secas Total de vagens Grãos por vagem Produtividade de grãos
unidade kg ha-1
01. Testemunha 8,8 72,4 81,5 2,1 2.578
02. TS 8,9 97,2 106,3 1,9 4.331
03. V5 9,2 80,1 89,4 2,7 4.382
04. R1 11,9 114,9 127,0 1,8 4.500
05. R5 11,6 98,2 110,2 1,6 3.540
06. TS+V5 12,1 89,5 101,7 2,0 3.984
07. TS+R1 11,4 114,5 122,5 1,9 4.391
08. TS+R5 10,3 97,6 108,1 1,9 4.987
09. V5+R1 13,6 77,5 94,8 1,9 3.510
10. V5+R5 7,4 79,7 87,3 1,9 3.395
11. R1+R5 10,0 83,2 93,4 2,4 4.479
12. TS+V5+R1 13,2 90,8 104,7 2,1 3.201
13. TS+V5+R5 9,7 98,9 108,9 2,1 4.428
14. TS+R1+R5 9,0 93,4 102,6 1,8 4.345
15. TS+V5+R1+R5 13,1 99,3 112,6 1,7 3.957
Q.M.Trat. 2,5958 0,2568 12,3213 0,2568 866,781
F 0,95 2,54* 53,80** 2,54 1,63*
CV(%) 25,0 10,61 12,2 10,6 18,24
Tabela 5. Quadrados médios para tratamentos, valores de F, coeficientes de variação e médias de tratamentos para as
variáveis altura de plantas, número de ramos por planta e altura de inserção da primeira vagem em Selvíria (MS),
2006/2007
Tratamentos Altura de plantas Ramos por planta Altura de inserção da primeira vagem
cm unidade cm
01. Testemunha 85,36 14,45 15,27
02. TS 75,56 12,99 12,80
03. V5 80,79 13,86 14,56
04. R1 87,77 14,24 15,65
05. R5 86,42 14,86 13,66
06. TS+V5 65,71 13,27 11,87
07. TS+R1 78,70 14,91 14,24
08. TS+R5 90,10 14,11 13,54
09. V5+R1 89,47 13,66 15,79
10. V5+R5 91,95 14,00 16,17
11. R1+R5 89,20 16,41 15,65
12. TS+V5+R1 79,22 13,07 16,06
13. TS+V5+R5 70,14 13,40 15,07
14. TS+R1+R5 79,17 13,87 12,20
15. TS+V5+R1+R5 90,74 13,15 13,44
Q.M.Trat. 503,3893 6,4574 16,1306
F 6,9164** 1,5436 2,4319**
CV(%) 10,3 14,6 17,9
Tabela 6. Quadrados médios para contraste F entre tratamentos para as variáveis altura de plantas, altura de inserção
da primeira vagem, número de vagens secas, número total de vagens, número de grãos por vagem e produtividade
de grãos. Selvíria (MS), 2006/07
Tabela 7. Número relativo de vagens secas por planta, total de vagens por planta e produtividade de grãos em função
dos contrastes ortogonais significativos entre os tratamentos