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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONSTRUÇÃO CIVIL

ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO

KARLA CRISTINA DUARTE PEREIRA

APLICAÇÃO DA FERRAMENTA APR EM ATIVIDADES DA


CONSTRUÇÃO CIVIL

MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAÇÃO

CURITIBA

2015
KARLA CRISTINA DUARTE PEREIRA

APLICAÇÃO DA FERRAMENTA APR EM ATIVIDADES DA


CONSTRUÇÃO CIVIL

Monografia apresentada para obtenção do título de


Especialista no Curso de Pós Graduação em Engenharia de
Segurança do Trabalho, Departamento Acadêmico de
Construção Civil, Universidade Tecnológica Federal do
Paraná, UTFPR.

Orientador: Prof. M.Eng. Massayuki Mário Hara

CURITIBA

2015
KARLA CRISTINA DUARTE PEREIRA

APLICAÇÃO DA FERRAMENTA APR EM ATIVIDADES DA


CONSTRUÇÃO CIVIL

Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do título de Especialista no Curso
de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, Universidade Tecnológica
Federal do Paraná – UTFPR, pela comissão formada pelos professores:

Banca:

_____________________________________________
Prof. Dr. Rodrigo Eduardo Catai
Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR – Câmpus Curitiba.

________________________________________
Prof. Dr. Adalberto Matoski
Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR – Câmpus Curitiba.

_______________________________________
Prof. M.Eng. Massayuki Mário Hara (orientador)
Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR – Câmpus Curitiba.

Curitiba
2015

“O termo de aprovação assinado encontra-se na Coordenação do Curso”


RESUMO

No presente trabalho buscou-se analisar os riscos envolvidos nas atividades de instalação de


forro de gesso em placas; instalação de paredes em drywall; assentamento de porcelanatos;
pintura de paredes e forros e instalação de luminárias de embutir, através da aplicação da
metodologia da APR (Analise Preliminar de Riscos). Este estudo teve início depois de
observar que o cenário da construção civil nos últimos anos apresentou grande demanda por
profissionais executores destes serviços. O “inchaço” do mercado e a procura constante por
profissionais do ramo acabou aumentando a leva de trabalhadores, que em sua maioria não
são capacitados para a função e consequentemente despreparados ou pouco conscientizados
quanto à maneira de executar tais operações de forma segura. Para realizar a pesquisa, foi
observada a rotina de trabalho dos profissionais e feita a analise dos serviços e das operações
envolvidas no processo de execução de cada atividade. Tabelas foram adequadas à realidade
da empresa, para assim possibilitar a identificação dos riscos preliminares existentes e para
posteriormente fazer a aplicação da APR. Vale ressaltar a não existência de um único método
excelente na identificação de perigos e riscos, cabe a cada profissional selecionar e combinar
as ferramentas disponíveis para tal. A tabela da APR, entre as demais metodologias
existentes, se mostra como uma maneira simples e eficaz para auxiliar no trabalho de detecção
e prevenção, pois permite um diagnóstico geral e coerente com os riscos atuais da empresa e a
adoção de procedimentos de precaução para dar maior segurança ao trabalhador durante a
operação. A necessidade de uma mudança na cultura operacional dentro das empresas é tão
importante quanto a adoção de medidas preventivas e de controle de perigos e ricos. É preciso
conscientizar funcionários e patrões quanto aos riscos de acidentes existentes no dia a dia de
trabalho e da importância da engenharia de segurança e de seu papel na implementação de
medidas que visam o controle e a minoração dos riscos no ambiente de trabalho.

Palavras chave: Gerenciamento de Riscos, APR, Riscos, Análise de Falhas.


ABSTRACT

This thesis intended to analyze the risks involved in the activities of installation of
plasterboard ceilings; installation of drywalls walls; settlement of ceramic tiles; painting of
walls and ceilings and installation of can lights through the application of the preliminary risk
analysis (PRA) methodology. This study began after analyzing the construction scenario over
the past years, in which a growing demand for those services raised the need of professionals
from the field. Most of those workers are not skilled or prepared for the service and therefore
not unprepared or unaware of safety procedures while working. To complete de research,
those workers routine and operation steps were observed, services were analyzed and the
whole process involving the activity. Schedules were adapted to the company´s scenario to
able identify the preliminary risks and apply the preliminary risk analysis (PRA) methodology
afterwards. It´s noticeable that there isn´t one excellent method for risk and danger analysis,
it´s up to each professional to select and combine the available tools to do so. The PRA
schedule, among all the other existing methods, shows and easy and effective tool to help
detecting and preventing risks, it provides a general and coherent diagnosis and provides
measures to enhance safety during the activity. It´s also important to change the company
safety culture itself, workers and leaders need to comprehend the existing risks of their
working environment and how important the work of a Safety Engineer is on controlling,
preventing and minoring accidents.

Key-words: Risks Management, PRA, Risks, Failure Analisys


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 8

1.1 OBJETIVO ........................................................................................................... 9

1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 9

1.1.2 Objetivos Específicos .................................................................................... 9

1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 9

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 11

2.1 TRABALHO ...................................................................................................... 11

2.2 ACIDENTES DE TRABALHO ......................................................................... 11

2.3 PERIGO E RISCO ............................................................................................. 13

2.3.1 Tipos de riscos de acidentes de trabalho ..................................................... 13

2.3.2 Risco Ambiental .......................................................................................... 14

2.3.3 Risco Físico ................................................................................................. 14

2.3.4 Risco Biológico ........................................................................................... 15

2.3.5 Riscos Ergonômicos .................................................................................... 15

2.3.6 Riscos Químicos.......................................................................................... 15

2.4 GESTÃO, IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DE RISCOS................................. 16

2.5 Faillure Mode and effect analysis (FMEA) ........................................................ 21

2.6 Análise de árvore de falhas ................................................................................. 21


2.7 Análise de operabilidade de perigos – método hazop ........................................ 23

2.8 Análise Preliminar de Riscos (APR) .................................................................. 23

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 29

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................... 31

4.1 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES AVALIADAS ........................................... 31

4.1.1 Instalação de forro de gesso em placas ....................................................... 31

4.1.2 Instalação de paredes em drywall................................................................ 33

4.1.3 Assentamento de porcelanatos .................................................................... 39

4.1.4 Pintura de paredes e forros .......................................................................... 46

4.1.5 Instalação de luminárias de embutir. ........................................................... 50

4.2 Aplicação da ferramenta APR ............................................................................ 54

4.3 Identificação e avaliação dos riscos.................................................................... 57

5 CONCLUSÕES ........................................................................................................ 67

REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 69
8

1 INTRODUÇÃO

As questões de saúde e segurança no trabalho são objetos de atenção contínua nos


diversos segmentos industriais, pois as consequências apresentadas pelos acidentes e doenças
do trabalho afetam tanto aos trabalhadores, a indústria, o governo e a sociedade, como um
todo. Artur João Donato (Presidente CNI)

Com o objetivo de garantir que as operações laborais, nas mais diversas atividades de
transformação e produção econômicas, ocorram de forma segura, a Engenharia de Segurança
tem como meta prevenir acidentes e incidentes, evitando perdas e prejuízos, pessoais e
materiais, respectivamente.

Dentre tantos outros setores, a indústria da construção civil vem apresentando


considerável importância na economia e tem sido palco de discussões crescentes do que diz
respeito a investimentos em segurança do trabalho, sofrendo constantes readequações legais
que impactam na maneira de execução serviços em todo o território nacional.

O caráter das instalações temporárias, qualificação de mão de obra, não capacitação do


pessoal envolvido nas frentes de trabalho, terceirização dos serviços, passam a ser analisados
mais de perto por serem apontados entre outros, como alguns dos potenciais geradores de
acidentes de trabalho na área da construção civil.

Considerando este panorama, os requisitos legais de segurança do trabalho têm sido


revisados e atualizados constantemente, objetivando promover melhorias e reduções nos altos
índices de acidentes. Este panorama reflete a necessidade de mudança na abordagem dos
profissionais. Parte dos acidentes é causada por não se utilizar metodologias adequadas para
análise prévia dos riscos a que os trabalhadores estão expostos. O resultado disso são
prejuízos para todas as partes envolvidas nos processos, entre paralisação nas frentes de
trabalho, decréscimo nos lucros, prejuízos físicos, psicológicos e até a perda de vidas caso
esses riscos não sejam gerenciados.
9

1.1 OBJETIVO
1.1.1 Objetivo Geral

O presente trabalho tem por objetivo analisar os riscos e gerar recomendações de


melhorias nos processos de execução de cinco atividades da indústria da construção civil
(instalação de forro de gesso em placas; instalação de paredes em drywall; assentamento de
porcelanatos; pintura de paredes e forros e instalação de luminárias de embutir), através da
aplicação da ferramenta APR (Análise Preliminar de Riscos).

1.1.2 Objetivos Específicos

- Observar e apresentar as atividades e sequência das etapas de trabalho dos


trabalhadores envolvidos na execução de cinco atividades da indústria da construção civil.
- Avaliar quais os riscos inerentes às atividades.
- Gerar em tabela da APR, recomendações para a maneira mais segura de exercer as
atividades relacionadas acima.

1.2 JUSTIFICATIVA

Conforme observa Piza (N/E pag.9), um dos grandes desafios e maiores dificuldades
para os profissionais que se dedicam à atividade de prevenção é:
“...convencer as partes envolvidas nas relações
capital x trabalho que prevenção de acidentes e doenças
no trabalho é mais que um investimento: é uma
economia real que interfere diretamente na
produtividade, qualidade do produto e viabilização da
empresa dentro do mercado.”

A evolução das grandes organizações e da indústria como um todo, demonstra uma


crescente preocupação com a utilização de técnicas de gestão mais ágeis e confiáveis em
todos os setores da economia. A profissão do engenheiro de segurança vem ocupando
posição de destaque dentro do cenário corporativo à medida que são criadas legislações e
normas visando prevenir e atenuar os riscos à saúde e à vida do trabalhador e também
desenvolver uma cultura de segurança no ambiente de trabalho. O profissional responsável
10

pela segurança no trabalho deve ser capaz de identificar os riscos aos quais os trabalhadores
estão ou estarão expostos, aliando os conhecimentos técnicos inerentes à sua função, para
assim poder propor as técnicas mais adequadas na identificação e prevenção dos riscos
presentes na fase operacional.

Voltando-se para a engenharia de segurança do trabalho no setor da construção civil,


pode se afirmar que ainda são muito grandes os desafios na missão de evitar acidentes. São
inúmeros os riscos a serem neutralizados e controlados nos canteiros de obras, especialmente
se observarmos empresas de menor porte, onde os “olhos” da fiscalização não estão
frequentemente presentes.

A partir deste cenário, foi proposto o presente trabalho, o qual contempla um estudo
sobre os riscos inerentes a cinco atividades da construção civil, assim como a apresentação da
pesquisa das principais ferramentas utilizadas para a análise de riscos, destacando a Análise
Preliminar de Riscos – APR, a qual será utilizada e indicada para o diagnóstico e para a
prevenção dos riscos identificados.

Na missão de identificação de perigos e avaliação de riscos, seja de processos, sistemas,


áreas, operações ou atividades, o estudo das ferramentas de análise de riscos se faz necessário,
pois possibilita a análise detalhada do objeto, potencializando a minimização de danos.

A ferramenta APR é uma metodologia de fácil aplicação, documentada, testada e


frequentemente utilizada nas empresas para obterem resultados de qualidade e confiabilidade
na prevenção de acidentes. Por isso se torna relevante pesquisar sua utilização e contribuição
par a indústria da construção civil, onde ainda existe negligência quanto há importância da
segurança na execução das atividades pela falta de profissionais voltados à gestão de riscos.

Este estudo visa ser referência para outros trabalhos de gerenciamento e análise de riscos
na construção civil, mostrando que existem riscos inerentes nas atividades mais “básicas” do
setor, e que através da utilização da ferramenta APR e por sua simples aplicação, é fácil
identificá-los e preveni-los.
11

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 TRABALHO

Além de ser visto como um meio de sustento do homem e de sua família, o trabalho
pode ser considerado também com um importante meio de satisfação pessoal. Através dele é
possível ao homem expressar sua criatividade, exercitar seu potencial analítico e formular
pensamentos, dando assim significado para o cotidiano das atividades que realiza. O trabalho
provoca também a interação social, o desenvolvimento de hábitos e a busca por novos
conhecimentos que visam atender as necessidades da sociedade, sendo elemento fundamental
para sua crescente evolução. (BARBOSA FILHO, 2008 p.52)

2.2 ACIDENTES DE TRABALHO

Segundo a legislação trabalhista brasileira, Lei nº 8.213, de 24 de Julho de 1991 da


Previdência Social - Artigo 19, acidente de trabalho é o que for decorrente do exercício do
trabalho quando a serviço da empresa, podendo provocar lesão corporal ou perturbação
funcional, que cause falecimento, perda ou diminuição, permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho. São considerados por esta lei, a existência de três tipos de
acidente de trabalho; acidentes típicos, doenças profissionais e acidentes de trajeto.
(RODRIGUES et al. 2011 p.35).

Conforme descreve Fernandes (2006), a classificação dos acidentes de trabalho se dá


da seguinte forma:

• Acidente de trajeto: Qualquer infortúnio que possa ocorrer com o trabalhador


antes do início, após o término, ou durante a jornada de trabalho quando o
mesmo estiver em deslocamento/locomoção, seja com veículo da empresa ou
de sua propriedade. Sendo necessário para sua configuração considerar o
itinerário habitual e o tempo gasto pelo trabalhador para seu deslocamento
(Art. 21, inciso IV da Lei n.8.213/91).
• Doença relacionada ao trabalho: Toda doença que for adquirida ou
desencadeada por conta das condições em que o trabalho é executado. Ex:
12

Silicose, ocasionada pela exposição à sílica, pelo ambiente, e não pelo


exercício do trabalho.
• Doenças profissionais: Este tipo de doença ocorre pelo exercício efetuado, pela
atividade específica na execução do trabalho. Ex: tendinite.

Porém, Rodrigues et al. (2011 p.36) ainda observa que é recomendável adotar também
outra conceituação para o evento, com foco prevencionista, que considere não somente os
casos cobertos pela legislação, mas que também englobe todas as ocorrências inesperadas e
indesejáveis que interrompam a rotina normal de trabalho, passíveis de perdas pessoais,
materiais ou pelo menos de tempo, como acidente de trabalho. Ele explica também que o
acidente de trabalho se inicia quando durante o processo de trabalho algum elemento
apresentando uma disfunção, deixando de funcionar conforme o planejamento.

Norman (2006 p.8) assegura que a maior parte dos acidentes são derivados de falha
humana, e explica que este erro, em todos os casos, se apresentou como consequência da má
qualidade do design. Ou seja, decorrentes de concepções inadequadas de objetos e de
ambientes que aumentam a probabilidade da ocorrência de falhas e de acidentes.

Além dos erros advindos da inadequada configuração dos maquinários ou dos


ambientes, os acidentes também podem ser originados por intervenções inadequadas ou
intenção de cometer erro. O comportamento do indivíduo diante de situações que resultam em
ato inseguro pode ser definido de três maneiras distintas. Por imprudência, onde se comete um
ato inseguro de maneira consciente, por Imperícia, onde o ato ocorre de forma inconsciente e
finalmente por Negligência, onde o ato inseguro tem lugar pela omissão da medida de
segurança. (BARBOSA FILHO, 2008 pag.176)

Sendo assim, conforme Barbosa Filho (2008, pag.177) explica, são diversas as
variáveis que nos expõem a situações que podem causar danos a nossa integridade e a nossa
saúde, como por exemplo, o ambiente, as ferramentas, as máquinas e as posturas assumidas
no dia a dia.
13

Mas a concretização desses danos pode ser evitada à medida que podemos estimar as
chances de ocorrência desses danos através medidas ou estratégias de ação que objetivam
minorar e até eliminar seu acontecimento. Como ponto de partida deverá ser feita a
identificação de toda e qualquer possibilidade de risco à que o trabalhador e processo de
trabalho estão submetidos objetivando posteriormente a adoção dos métodos mais adequados
na prevenção destes acidentes.

2.3 PERIGO E RISCO

Piza (s/d p.85) explica que, a palavra perigo, do inglês danger, representa uma posição
relativa a um risco, que propicia a ocorrência do acidente.
Conforme Barbosa Filho (2001), o perigo é o potencial que um componente do
trabalho (materiais, equipamentos, métodos e práticas), tem para causar acidentes. Já a
palavra risco é definida pelo mesmo autor como a uma possibilidade de perigo que ameaça
pessoas ou a coisa, mas que mesmo incerto, pode ser previsto.
Para Piza (s/d p.85) risco pode ser definido como as condições de um componente de
trabalho com capacidade para gerar danos. Por danos entende-se a ocorrência de prejuízos a
equipamentos ou estruturas, lesões a pessoas, desperdícios de materiais, também a diminuição
no desempenho de uma função.
Ainda segundo Pizza (s/d p.85) diversos autores explicam também que mesmo apesar
de um risco se mostrar presenta, ele pode apresentar reduzido nível de perigo se precauções
forem tomadas. Sendo assim, se faz necessária a análise das atividades para que ocorra o
levantamento dos perigos e posterior identificação de riscos para o gerenciamento dos
mesmos na execução das atividades, visando assim à eliminação ou minoração dos acidentes
e doenças decorrentes do trabalho.

2.3.1 Tipos de riscos de acidentes de trabalho

O conceito de risco pode ser visto sob duas dimensões, o prisma quantitativo, o qual
permite levantar e analisar a possibilidade de ocorrência de um acidente, como também pode
ser avaliado sob o aspecto qualitativo, que indica qual o perigo gerado pela disfunção. Não é
possível dizer que existe uma única forma de classificar os riscos do trabalho, pois os riscos
14

podem e devem ser analisados considerando as mais diversas variáveis de acordo com a
atividade a ser executada. Apesar da NR10 Classificar os riscos em Risco Ambiental, Risco
Físico e Risco Biológico, é recomendável levar em consideração outras classificações de
riscos, que podem ser avaliados de acordo com cada atividade a ser exercida, mesmo que não
sejam legalmente reconhecidos, como por exemplo, Riscos Químicos e Riscos Ergonômicos.
(RODRIGUES et al. 2011 p.37)

Para que possamos identificar os riscos das atividades, deve-se conhecer o que as
normas regulamentadoras determinam como responsabilidades, direitos e deveres de
empresas e trabalhadores. (PIZA, s/d p32.)

2.3.2 Risco Ambiental

Conforme explica Barbosa Filho (2011), todas as variáveis do ambiente de trabalho,


como por exemplo, ferramentas, máquinas, posturas assumidas entre outros, podem
representar oportunidades de danos à integridade ou saúde de uma pessoa em seu ambiente de
trabalho, esses fatores podem ser considerados como riscos ambientais.
Pode-se dizer que os riscos ambientais podem ser decorrentes da presença de
oportunidades de danos a que está exposto o meio. (BARBOSA FILHO, 2008)

2.3.3 Risco Físico

Variáveis como o ruído, vibrações, temperaturas extremas (altas e baixas), pressões


anormais, radiações ionizantes e não ionizantes provocam danos que podem ser definidos ou
classificados como riscos físicos, explica Barbosa (2008 p.54).

Riscos físicos são causados por agentes que atuam com a transmissão de energia sobre
o organismo, à medida que a quantidade e sua velocidade aumentam maiores são os danos
causados à saúde. (FERNANDES, 2006, pag.8)
15

2.3.4 Risco Biológico

São causados por organismos vivos conhecidos como patogênicos. Estes organismos
tem a capacidade de causar doenças no corpo humano. Bactérias, fungos, helmintos,
protozoários, vírus, entre outros são alguns exemplos destes patogênicos explica Barbosa
(2008 p.54.).

2.3.5 Riscos Ergonômicos

Para Fernandes (2006 p.8) os riscos ergonômicos fazem relação com a ausência de
conforto, de segurança e de eficácia em uma atividade. Eles são ocasionados pela falta de
adaptação do posto ou ambiente de trabalho com relação ao trabalhador que nele atua.
Caracterizam-se pela ação em pontos específicos do ambiente e agem sobre quem esta
exercendo a atividade, em geral provocando lesões crônicas e que podem ter origem
psicofisiológia, explica Rodrigues et al (2011 p.39).

Barbosa (2013, pag.54) diz que “os riscos ergonômicos podem assumir uma variada
gama de particularidades, indo desde inadequações antropométricas...até discussões acerca da
prescrição de tarefas e das informações fornecidas para seu cumprimento...”. Para a prevenção
deste tipo de risco, deve ser feita entre outros, a análise da jornada de trabalho observando as
exigências individuais de cada trabalhado, levando em consideração adequações com
mobiliários, condições de conforto de vestimentas e calçados, rotinas de trabalho, posturas
viciosas, adaptando o posto e meio de trabalho ao executor da tarefa. Esses entre outros
fatores levam a crer que a investigação ergonômica deve ir além do que estabelece o conteúdo
da NR-17. (BARBOSA, 2008 p.54)

2.3.6 Riscos Químicos

Para Rodrigues (2011 p.38), agentes que alteram a composição química do meio
ambiente e que são capazes de atingir pessoas, mesmo que não estejam em contato direto com
a fonte provocando lesões mediatas ou doenças, são caracterizados como riscos químicos.
16

Geralmente são invisíveis a olho nu, e são liberados do lento efeito de processos
naturais espontâneos como a diminuição de oxigênio, aumento do gás metano e nitrogênio,
em processos de decomposição de matéria orgânica em decomposição (PICKLER, 2013 apud
DE CICCO e FANTAZINN, 1994).
Os riscos químicos são constituídos pelas poeiras, fumaças, gases, vapores, e
aerodispersóides (FERNANDES, 2006 p.8)
As principais vias de penetração dessas substâncias no organismo humano são a pele e
os aparelhos respiratório e digestório (RODRIGUES et al. 2011).

2.4 GESTÃO, IDENTIFICAÇÃO E ANÁLISE DE RISCOS.

Podendo ser implementada durante o desenvolvimento da estratégia, a gestão de riscos


pode ser vista como um dos pontos centrais da gestão estratégica de uma organização, explica
Rodrigues (2011, p.61).
Para Fernandes (2006) os principais objetivos do gerenciamento dos riscos
ocupacionais para o trabalhador são:
• Identificar e combater no ambiente de trabalho os riscos de reconhecida
nocividade;
• Adaptar as necessidades e limitações técnicas, anatômicas, fisiológicas e
psicológicas de cada trabalhador de acordo sua capacidade física e mental;
• Melhorar a capacidade de resistência e minorar as condições de
vulnerabilidade dos trabalhadores frente aos riscos do meio ambiente através
da adoção de medidas de proteção;
• Levantar e corrigir as condições de trabalho que possam prejudicar a saúde dos
trabalhadores para minimizar ou eliminar a ocorrência de mortes e acidentes no
ambiente de trabalho;
• Alertar e guiar as empresas e os trabalhadores sobre com cumprimento de suas
responsabilidades e obrigações quanto à proteção e promoção de saúde dentro
da empresa.
• Gerar e aplicar programas de ação que ajudem o serviço público a elevar os
padrões mínimos de saúde da coletividade.
17

Para o sucesso da gestão, a organização deve analisar os riscos inerentes às atividades


passadas, presentes e futuras prevendo o tratamento destas. Esta prática deve estar na cultura
da organização e ser conduzida por uma política e programa eficaz, explica Rodrigues et al
(2011).
Uma das principais referências sobre gestão de riscos e base para desenvolvimento da
ISO 31000:2009, segundo Rodrigues (2011), é a norma AS/NZS 4360:2004, utilizada na
Austrália e Nova Zelândia. Ela fornece um conjunto de diretrizes para um modelo de gestão
integrada de risco que pode ser utilizado por organizações de diferentes tipos, segmentos e
dimensões. (LIMA et al, 2011 p.61).

A figura 1 apresenta uma visão geral do processo de gestão de risco, segundo a


AS/NZS 43360:2004 e ISSO 31000:2009.

Figura 1 - Processo de Gerenciamento de Riscos

Fonte: AS/NZS 4320:2004 e ISSO 31000:2009 apud LIMA et al (2011).


18

Conforme ilustrado acima, os principais elementos do processo de gerenciamento de


riscos são:

Comunicação e consulta – Deve acontecer entre os colaboradores internos e externos,


em cada etapa do processo de gerenciamento de riscos, em igualdade com a preocupação do
processo como um todo.

Estabelecimento dos contextos – Estabelecer os critérios de avaliação e estrutura de


análise para cada risco dentro do processo.

Identificação dos riscos – Identificar os acontecimentos que poderiam atrapalhar,


impedir, postergar ou comprometer de alguma maneira a concretização do processo.

Análise dos riscos – Verificar os controles existentes e sua eficácia, determinando


consequências e possibilidade de aumento de riscos.

Avaliação dos riscos – Com base em critérios pré-estabelecidos, compara os níveis de


riscos buscando avaliar os benefícios potenciais e os resultados desconformes.

Tratamento dos riscos – Criação e implementação de estratégias específicas para


aumentar os benefícios e reduzir custos.

Monitoramento e análise crítica – Visando a melhoria continua, é necessário que


exista o monitoramento de todas as etapas do processo de gerenciamento de riscos para
assegurar sua efetividade.

As identificações dos riscos ocupacionais relacionados com as atividades constituem


um passo importante dentro da saúde ocupacional e da prevenção de acidentes. Segundo
Fernandes (2006) apud Araújo (2005), a saúde ocupacional pode ser definida em três fases
importantes:
• Antecipação: constitui em identificar riscos que poderão ocorrer no ambiente
de trabalho, prever os riscos futuros durante todo o processo de projeto,
19

instalação, ampliação, instalação de novos equipamentos ou processos. Essa


etapa está relacionada à qualidade.
• Reconhecimento: reconhecimento dos riscos presentes em todo o processo,
avaliando matérias primas, produtos intermediários e finais, as condições do
processo, equipamentos e método de trabalho. Etapa qualitativa.
• Avaliação: quantificação dos agentes agressivos identificados nas etapas de
antecipação e reconhecimento. Para tal devem ser utilizados instrumentos e
metodologias que permitam analisar se o trabalhador está exposto além dos
limites de tolerância estabelecidos pela NR9.
O desprendimento de recursos da organização para a melhoria das condições de
trabalho deve ser visto com um investimento a ser realizado. O resultado será o crescimento
quantitativo e qualitativo da produção e elevação dos benefícios para a empresa.
(RODRIGUES et al, 2011)
Quando da ocorrência de acidentes de trabalho, é de responsabilidade da CIPA
(Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) em conjunto com assistência do SESMT
(Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho), estudar sua
origem e causas para propor medidas que previnam a ocorrência de outros acidentes
semelhantes. (BARSANO e BARBOSA, 2012)
Atualmente é possível a identificação de diferentes técnicas ou metodologias de
identificação e Análise de Riscos. Estas vêm sendo desenvolvidas visando à identificação de
condições inseguras, eliminação ou redução de acidentes de trabalho, e tornam possível
controlar um maior número de fatores que intervém no processo à medida que permitem a
quantificação da perda máxima provável, da probabilidade de ocorrência do risco e de suas
consequências e/ou gravidade. (LIMA et al, 2011)
Para executar um bom gerenciamento de riscos, pode-se utilizar de diferentes
ferramentas. Listadas abaixo estão algumas delas: (BARBOSA FILHO, 2008)
• Diagrama de causa e efeito – Espinha de Peixe/Ishikawa
• Série de riscos;
• Análise Preliminar de Riscos (APR);
• Análise e Revisão de Critérios;
20

• Diagramas e Análise de Fluxo;


• Análise de Modos de Falhas e Efeitos (AMFE) = FMEA (Failure Mode
and Effect Analysis);
• Análise de Componentes Críticos;
• Técnicas de Incidentes Críticos (TIC);
• Análise de Ambientes;
• Análise de Procedimentos;
• Análise de Árvore de Falhas (AAF)
• Matriz de Análise de Riscos;
• Métodos de Gustav-Purt e de Gretner, para avaliação do risco de
incêndios;
• Índices de Mond e de Dow, também aplicados à avaliação do risco de
incêndios;
• Método de Fine (grau de periculosidade – GR, magnitude de risco -
MR ou nível esperado de risco potencial – NERP);
• Análise de Operabilidade de Perigos - Método Hazop (Hazard and
Operability Studies).

Dentro os citados acima, outros importantes métodos de avaliação de riscos para Lima et
al (2011) são:

• Técnica de Incidentes Críticos;


• Análise “What-if?” (WI);
• FMEA (Failure Mode and Effect Analysis);
• Análise de Árvore de Causas (AAC);
• Análise de Causas e Consequências (ACC).

Entre os métodos para investigação de acidentes de trabalho citados acima, foram


escolhidas as principais técnicas utilizadas atualmente, as quais serão descritas com maior
detalhamento com o objetivo de analise e escolha da técnica que melhor se enquadra para a
elaboração deste trabalho.
21

2.5 FAILLURE MODE AND EFFECT ANALYSIS (FMEA)

A FMEA permite analisar de quais maneiras podem ocorrer falhas nos componentes
de um equipamento ou sistema. Através deste método é possível classificar as taxas de falha,
determinar os efeitos das falhas e determinar quais mudanças devem ser feitas para melhorar a
segurança e proporcionar funcionamento mais satisfatório do equipamento, deixando processo
com maior confiabilidade. (LIMA et al, 2011)

2.6 ANÁLISE DE ÁRVORE DE FALHAS

Para a identificação de perigos e análise de riscos, esta técnica estabelece combinações


de falhas e condições que podem ocasionar um acidente. Pode ser feito de forma quantitativa
ou qualitativa, sendo que o evento alvo da análise pode ser escolhido ao acaso. Desenha-se
uma malha de falhas que resultando em determinado evento final, através de taxas em cada
item componente da árvore que levam a uma probabilidade final. Sua sequência é lógica.
(BARSANO e BARBOSA, 2012)

Lima et al. (2011) explica que a AAF pode ser aplicada por alguns passos apresentados
abaixo:

1. Escolha de um evento indesejável que apresente probabilidade de ocorrência.


2. Avaliação dos fatores diversos como o ambiente, características do processo ou
projeto, entre outros fatores identificando falhas o deficiências que poderiam propiciar
a ocorrência do acidente.
3. Elaboração de uma “árvore” de acontecimentos que se relacionam de forma a
contribuir para a ocorrência do evento final.
4. Representação das “entradas” das Árvores de falhas, através do uso de expressões de
matemáticas (Álgebra Booleana).
5. Estabelecer para cada componente da árvore, a probabilidade de falhas ou da
ocorrência de falhas, através do uso de tabelas ou de outras formas que representem
com eficácia.
22

6. Aplicação das probabilidades à expressão simplificada para cálculo da chance de


ocorrência do acidente.
O quadro abaixo mostra a simbologia lógica de uma Árvore de Falhas e representa a
álgebra booleana.

Quadro 1 – Simbologia lógica de uma Árvore de Falhas.

Fonte: BARSANO e BARBOSA, (2012).


23

2.7 ANÁLISE DE OPERABILIDADE DE PERIGOS – MÉTODO HAZOP

Está entre os métodos mais conhecidos na indústria química. Trata-se de um


procedimento indutivo qualitativo entre a equipe de profissionais, onde o processo é
examinado e perguntas são geradas a respeito dele. É uma forma criativa de identificar falhas
de riscos e problemas operacionais em subsistemas do processo, guiada por uma lista de
palavras-guias. (BARSANO e BARBOSA, 2012)

2.8 ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS (APR)

A APR é uma analise inicial qualitativa, durante a fase de concepção ou


desenvolvimento de um novo sistema, processo ou produto, com o objetivo de se eliminar os
riscos que poderão aparecer durante a fase operacional. Esta ferramenta é utilizada na
identificação de fontes de perigo, no levantamento de suas consequências e para propor
medidas corretivas. Sua técnica tem aplicação simples, sem muito aprofundamento técnico, o
que acaba resultando em tabelas de fácil leitura. Seu procedimento é de relevante importância
quando feita a analise de sistemas novos e/ou pouco conhecidos se comparados com outros já
existentes, cuja experiência em riscos na sua operação ainda é pouca. (LIMA et al. 2011)

A Análise Preliminar de riscos tem por objetivo responder as seguintes perguntas:


(CATAI, 2014)

• O que pode acontecer de errado?


• Com que frequência isto pode acontecer?
• Quais as suas consequências?
• Precisamos reduzir riscos e de que modo isto pode ser feito?

Segundo Moraes (2010), a APR é uma técnica estruturada voltada para a identificação
dos perigos presentes em uma Organização, com efeitos indesejáveis e pode ser aplicada em
instalações na fase inicial de obra, nas etapas de projeto ou mesmo em unidades em operação.

Conforme explicam De Cicco e Fantazzini (1982), a ferramenta APR também pode ser
utilizada como um instrumento de revisão geral de segurança em sistemas operacionais,
24

delatando aspectos que podem acabar passando sem ser percebidos; em instalações existentes
de grandes dimensões; e, quando não se deseja utilizar de técnicas complexas para a
priorização de riscos. Sua analise é normalmente qualitativa, podendo também ser utilizada
em cenários de acidentes onde serão empregados estudos de análise quantitativa na obtenção
de índices de risco.

Para o desenvolvimento de uma APR, recomenda-se seguir os seguintes passos:


(FARIA, 2011)

1. Descrever os riscos e fazer sua caracterização;


2. Identificar as causas; (agentes e efeitos/consequências) possibilitando a
adoção de medidas de prevenção ou correção das falhas detectadas;
3. Priorização das ações; de acordo com caracterização do grau do risco, será
definido quão rapidamente ele deve ser solucionado.

Para o desenvolvimento de uma análise de riscos, pode-se se aplicar duas diferentes


formas análise, uma mais simplificada e outra mais complexa e completa.

A 1ª Forma prevê a aplicação da seguinte tabela, a qual deve ser preenchida de acordo
com os dados da analise e classificada de acordo com o Quadro 02. (FARIA, 2011)

Tabela 1- Modelo de Tabela APR – 1ª Forma de Análise

Fonte: FARIA (2011).


25

Quadro 2 – Categorias de Risco.

Fonte: DE CICCO e FANTAZZINI, (1993).

Para a 2ª Forma de análise, a tabela acontece de forma diferenciada e mais completa, para
esta serão necessários analisar três quadros. (FARIA, 2011)

Quadro 03 - Nível de Severidade dos acidentes que possam ocorrer.

Quadro 04 - Freqüência ou Probabilidade de Ocorrência de acidente/dano.

Quadro 05 - Índice de risco e gerenciamento das ações.


26

O Quadro 03 considera o nível de severidade do acidente ou dano que pode ocorrer no


processo ou atividade, quantificando-a de acordo com seu grau de severidade de acordo com
sua descrição e necessidade recuperação.

NÍVELDE SEVERIDADE
GRAU EFEITO DESCRIÇÃO AFASTAMENTO

Acidentes que não provocam lesões (batidas leves,


01 Leve Sem afastamento.
arranhões).

Acidentes com afastamento e lesões não Afastamento de 01 a 30


02 Moderado
incapacitantes (pequenos cortes, torções leves). dias.

Acidentes com afastamentos e lesões incapacitantes,


Afastamento de 31 a 60
03 Grande sem perdas de substâncias ou membros (fraturas,
dias.
cortes profundos)

Acidentes com afastamentos e lesões incapacitantes,


Afastamento de 61 a 90
04 Severo com perdas de substâncias ou membros (perda de
dias.
parte do dedo).

Não há retorno à
05 Catastrófico Morte ou invalidez permanente.
atividade laboral.

Quadro 3 – Nível de Severidade dos acidentes que possam ocorrer.

Fonte: FARIA, (2011).

No Quadro 4, é analisada a freqüência com que o acidente ou dano ocorre no ambiente de


trabalho e a probabilidade de acontecimento do mesmo.
27

FREQUÊNCIAOU PROBABILIDADE DE OCORRÊNCIA

GRAU OCORRÊNCIA DESCRIÇÃO FREQUÊNCIA

01 Improvável Baixíssima probabilidade de ocorrer o dano Uma vez a cada 02 anos

02 Possível Baixa probabilidade de ocorrer o dano Uma vez a cada 01 ano

03 Ocasional Moderada probabilidade de ocorrer o dano Uma vez a cada semestre

04 Regular Elevada probabilidade de ocorrer o dano Uma vez a cada 03 meses

05 Certa Elevadíssima probabilidade de ocorrer o dano Uma vez por mês

Quadro 4 - Freqüência ou Probabilidade de Ocorrência de acidente/dano.

Fonte: FARIA, 2011.

Finalmente no Quadro 5 classifica-se o índice de risco envolvido na atividade em


seguida aponta-se qual o nível de ação e sua prioridade, urgência em ser executada.
28

ÍNDICE DE RISCO E GERENCIAMENTO DE AÇÕES


INDICE DE RISCO Tipo de risco NÍVEL DE AÇÕES

Não necessitam ações especiais, nem preventivas, nem de


até 03 (severidade < 03) Riscos Triviais
detecção.

Não requerem ações imediatas. Poderão ser


de 04 a 06 (severidade < 04) Riscos Toleráveis implementadas em ocasião oportuna, em função das
disponibilidades de mão de obra e recursos financeiros.

Riscos Requer previsão e definição de prazo (curto prazo) e


de 08 a 10 (severidade < 05) responsabilidade para a implementação das ações.
Moderados

Exige a implementação imediata das ações (preventivas e


de detecção) e definição de responsabilidades. O trabalho
Riscos pode ser liberado p/ execução somente c/
de 12 a 20 acompanhamento e monitoramento contínuo. A
Relevantes
interrupção do trabalho pode acontecer quando as
condições apresentarem algum descontrole.

Os trabalhos não poderão ser iniciados e se estiver em


Riscos curso, deverão ser interrompidos de imediato e somente
> 20
Intoleráveis poderão ser reiniciados após implementação de ações de
contenção.

Quadro 5 – Índice de risco e gerenciamento das ações.

Fonte: FARIA, 2014.

A partir da aplicação deste método, onde são levantados de forma mais detalhada os
riscos levantando sua classificação quanto à severidade, probabilidades de ocorrência e
índices de risco, parte-se para a elaboração de recomendações específicas a cada atividade, as
quais visam garantir que a execução das tarefas ocorra de forma segura.
29

3 METODOLOGIA

As técnicas de análise de riscos, conforme visto durante a pesquisa bibliográfica, são


métodos eficazes no fornecimento de dados concretos para subsidiar o processo de análise e
decisões de atitudes quanto à redução de riscos. As técnicas possuem fácil aplicação dada à
grande generalidade e abrangência, podendo ser utilizadas em quaisquer ambientes
produtivos.

A APR, por ser uma ferramenta de análise preliminar de caráter inicial e de origem
qualitativa, de torna-se ideal aplicação neste estudo. Seu escopo é básico e de fácil aplicação
funcionado muito bem na revisão geral de segurança em sistemas operacionais.

A abordagem qualitativa da pesquisa, cuja característica é não ser estruturada portanto


não há tratamento estatístico para os dados levantados, considera interpretações de
gerenciamento de risco e o entendimento dos processos como um dos objetivos da análise.
Conforme explica Luciano (2001), este tipo de abordagem avalia a relação entre a realidade e
o sujeito, sendo que esta relação entre sujeito subjetivo e o fenômeno objeto, é indissociável e
não possível de ser traduzida em números.

Pode-se classificar a pesquisa como descritiva, devido ao foco do estudo. A premissa é


observar, registrar e analisar os fenômenos e buscar a resolução de problemas melhorando as
práticas por meio da observação, análise e descrições objetivas, através de entrevistas com
peritos para a padronização de técnicas e validação de conteúdo, explica Thomas et al (2007).
Sendo assim é feita uma análise completa desses dados para que se chegue a uma conclusão
ou o estabelecimento de relações entre variáveis.

Quanto aos procedimentos técnicos utilizados na pesquisa, foram feitos estudos de


Campo, conforme explica GIL (2008) neste busca-se o aprofundamento de uma realidade
específica, através da observação direta das atividades e de entrevistas para captar as
explicações e interpretações das ocorrências no grupo estudado. Ainda, confere-se à pesquisa
um caráter bibliográfico, já que foram usados materiais publicados como livros e materiais
disponibilizados na rede eletrônica.
30

No intuito de aplicar os conhecimentos adquiridos através da pesquisa bibliográfica


realizada, este trabalho foi elaborado aplicando em exemplos práticos a utilização da técnica
APR para o gerenciamento de riscos em obras da construção civil.

Foram feitas visitas in loco para acompanhar os serviços envolvidos na execução de obras
da construção civil. Assim selecionaram-se cinco atividades usualmente envolvidas em uma
obra de reforma ou personalização de um imóvel.

A empresa, cujos profissionais foram analisados, segundo a Classificação Nacional de


Atividades Econômicas tem o CNAE (Classificação Nacional de Atividade Econômica)
Principal 41.20-4-00 Construção de Edifícios. Está sediada na cidade de Curitiba estado do
Paraná, de sociedade limitada, iniciou suas atividades no ano de 2013, sendo seu foco
principal dentro da construção civil, a execução de obras de reforma, ampliação ou construção
de edificações de pequeno porte ligadas ao setor público ou privado. Práticas de saúde
ocupacional e segurança vem crescentemente sendo implementadas na cultura da empresa à
medida em que ganha porte e profissionais qualificados que buscam a melhoria dos ambientes
de trabalho na empresa.

Dentre os diversos serviços existentes, os escolhidos para estudo e para a aplicação da


APR foram: colocação de forro de gesso em placas; instalação de paredes em drywall,
assentamento de porcelanatos; pintura de paredes e forros e a instalação de luminárias de
embutir.

Através de visitas à obra para observação da rotina de trabalho dos profissionais do ramo
e também com a ajuda de referencias bibliográficas coletadas, foi feita a analise dos serviços e
das operações envolvidas no processo de execução de cada um dos trabalhos.

Durante a observação foram feitos questionamentos e anotações, visando assim esclarecer


dúvidas, compreender a execução e os elementos constituintes do processo. Criou-se assim o
passo a passo de execução do serviço e avaliou-se as ferramentas e maquinários utilizados
pela equipe de montagem.
31

Feito isto, foi possível a identificação dos riscos preliminares existentes em cada
atividade e posteriormente a aplicação da Análise Preliminar de Riscos – APR.

Não houve apresentação formal da pesquisadora, elucidando os motivos da pesquisa, pela


familiaridade da mesma com os funcionários da empresa e por se tratarem de colegas de
trabalho.

Não foram apresentados formulários para preenchimento, nem foram utilizadas perguntas
pré-formuladas durante a observação dos serviços. As questões eram formuladas, através de
conversa, esta escolha foi feita para deixar os trabalhadores mais à vontade e para que as
respostas não fossem influenciadas.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES AVALIADAS
4.1.1 Instalação de forro de gesso em placas

Forros de gesso são utilizados atualmente em grande escala, tanto em edificações de uso
residencial ou comercial. Seu uso além de caráter estético, pois é utilizado para criar desenhos
e detalhes diferenciados no forro com uso também de iluminação, permite ocultar instalações
diversas que necessitam ficar presas ao teto.

As placas de gesso têm normalmente 60 cm x 60 cm, tamanho padrão podendo receber


variações. Em suas laterais, é possível observar que apresentam encaixes para montagem
intertravada.

Dependendo do fabricante, as placas podem possuir ganchos de ferro nas quatro


extremidades, esses ganchos são utilizados para a fixação das placas, porém o mais comum de
se encontrar são placas sem estes elementos.

Antes do início da instalação do forro, é necessário que se verifique onde ficarão os


pontos de fixação dos pendurais, as posições das luminárias, juntas de dilatação, entre outros
elementos que podem influenciar a montagem e o resultado final. Para isso é fundamental que
se estude o projeto arquitetônico previamente.
32

O trabalho de colocação de gesso, dificilmente ocorre sem que haja a necessidade de


montagem de andaimes. Os cuidados e tipos de andaimes utilizados podem variar de acordo
com a altura do forro a ser executado. Conforme cita a Norma Regulamentadora 35 (NR35),
toda atividade executada acima de 2,00m (dois metros) de altura, onde haja risco de queda, é
considerada trabalho em altura e deve seguir as medidas de proteção estabelecidas pela
mesma. A obra escolhida para avaliação da execução dos serviços de montagem de forro em
gesso, por apresentar pé-direito de 3m de altura, dispensou a necessidade de andaime, pois a
distância do nível inferior deste com relação ao piso não ultrapassa o limite estabelecido pela
norma, sendo então utilizados cavaletes com tapumes rígidos para auxiliar no trabalho.

Para a marcação na laje do local onde são feitos os furos para pendurar as placas, alguns
profissionais optam por “tiros” na laje com buchas expansivas. Em casos onde a laje é maciça
ou acabada para a fixação das placas executam-se furos feitos por furadeira convencional com
a colocação de bucha e gancho parafusável. No caso da obra visitada, a laje era pré-moldada e
com o tijolo aparente, neste caso optou-se por executar 02 pequenos furos nos tijolos,
utilizando uma talhadeira.

Feitas essas verificações, são executadas demarcações nas paredes. Criando assim
referências de nível e de alinhamento para as placas, levando em consideração sempre a cota
de nível do piso pronto e tomando como base a cota do nível do forro (face inferior).

A marcação do nível do forro nas paredes da obra acompanhada foi feita através do uso
de mangueira de nível e linha de bater. Linhas de nylon foram esticadas, ao longo das
carreiras de gesso, e fixadas de uma parede à outra. Alguns profissionais fazem uso do nível a
laser para esta função.

Colocação do negativo ou destaque. Junto às paredes é colocado um perfil de gesso acima


do nível do forro, com a função de arremate visual e de junta de dilatação, evitando que ao
encostar o gesso diretamente na alvenaria, ocorram fissuras. Visualmente, o efeito é de que
forro fica suspenso na laje, preso apenas à laje pelos tirantes de arame.
33

Furação das placas de gesso. A primeira fiada deve receber mais apoios, para garantir
estabilidade de nível, fazem-se então quatro duplas de furos, utilizando a espátula, sendo uma
em cada canto da placa. As demais placas apoiam-se nas anteriores pelo encaixe macho e
fêmea, recebendo apenas uma dupla de furos em cada uma delas. Entre os furos, faz-se um
sulco utilizando o serrote, que alojará o arame de fixação, sendo depois recoberto com gesso.

Para fixação das placas, arames galvanizados são cortados com alicate e passados nos
furos da laje e pelos orifícios feitos nas placas de gesso. Ele é enrolando entre si próprio até
obter o nível desejado para a placa.

A união entre as placas foi feita por uma mistura com pó de gesso, água e fibra de sisal.
Essa pasta é passada nas emendas da parte superior das placas, conseguindo-se assim a união
delas. Isso ocorre por toda a extensão do forro.

Nas emendas da parte inferior das placas, foi empregada pasta de gesso ou gesso de
fundição, cobrindo-se juntas e sulcos. Após a secagem, é feita a lixação e então é aplicada a
pintura.

O recorte de placas, quando houve necessidade, foi feito com a utilização de lápis, régua
e cortado com o serrote.

Materiais utilizados: chapa de gesso, tirante, buchas de sisal, gesso de fundição e água.

Ferramentas utilizadas: pinos de fixação, balde para água, bacia de preparo, régua de
alumínio, martelo, desempenadeira de aço, espátula, talhadeira, serrote, linha de nylon, linha
de bater, trena, lápis de carpinteiro, nível de mangueira, cavaletes.

EPI´s utilizados: Botas de borracha.

4.1.2 Instalação de paredes em drywall

Uma tendência cada vez mais comum nos novos empreendimentos imobiliários é a
utilização do drywall em paredes e também em forros. Este sistema industrializado é
34

composto por estrutura de aço galvanizado e chapas de gesso acartonado parafusadas em


ambos os lados. Este sistema que já é muito utilizado no exterior chegou há 20 anos ao Brasil,
e por ser limpo, rápido, econômico e racional, se comparado aos métodos tradicionais da
construção civil, vem ganhando o mercado aos poucos e mudando o conceito de paredes e o
processo da construção.

Apesar de parecerem frágeis, as chapas de gesso acartonado, que possuem os dois versos
de cartão e o recheio de gesso aditivado, são resistentes. O pó de gesso é a rocha gypsita
desidratada, e esta quando em contato com a água vira pedra novamente.

A utilização do drywall se dá somente em ambientes internos das edificações. O sistema é


menos resistente a impactos que a alvenaria, porém atende a normas técnicas estipuladas pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) quanto a quesitos de desempenho de
peso, impacto, resistência a fogo e a isolamento acústico.

Para a sustentação de prateleiras o para que a parede receba cargas pesadas, o sistema
prevê a utilização de acessórios apropriados e reforços nas chapas, sempre colocados por um
profissional capacitado.

Na questão acústica e térmica, o material possui desempenho superior ao da alvenaria,


pois o colchão de ar formado entre as placas, ou mesmo o recheio de lã de vidro ou de rocha,
que pode ser instalado neste espaço, propicia maior isolamento e consequentemente maior
conforto ao ambiente.

A forma de montagem das paredes e os componentes utilizados permitem que a parede


seja configurada para atender a diferentes níveis de desempenho, de acordo com as exigências
ou necessidades de cada ambiente.

O tamanho padrão das chapas é de 1,2 m x 2,4 m. Algumas empresas oferecem chapas
com tamanhos especiais que vão de 3 até 3,5 m de largura. A espessura convencional do
drywall é de 1,5 cm a 1,2 cm. Os perfis estruturais ou chamados montantes têm espessuras de
35

48, 70 ou 90 mm. Para as paredes que vão receber cargas pode ser feito reforço com madeira
tratada ou com chapa de aço galvanizada.

Com todas as informações coletadas sobre a utilização do material, foi possível levantar
em obra quais os materiais componentes do sistema, as ferramentas que são utilizadas e o
método de execução, avaliando-se assim os riscos envolvidos na montagem.

O sistema em drywall permite a execução de alguns sistemas diferentes de paredes, o


caso observado em obra é de uma montagem de paredes simples.

Após de estudado o projeto arquitetônico, para iniciar a instalação, os trabalhadores


iniciam pela marcação da posição das paredes, com o uso de trena, nível a laser e linha de
bater. Na sequência, é feita a medição das peças e corte das mesmas, e antes de totalmente
fixados os perfis, utiliza-se prumo de face para verificar o nivelamento destes. Assim
parafusam-se as guias com intervalos máximos de 60 cm e sem que os parafusos fiquem
alinhados.

Para melhor desempenho acústico, a banda acústica, que é uma fita de espuma, é colada
em todo o perímetro da estrutura de paredes, nas guias. Ela serve para absorver vibrações e
compensar as irregularidades da superfície e fazer com que fique perfeitamente vedado o
contato entre os perfis estruturais e superfície de contato (lajes, pilares ou vigas).

Assim que fixadas as guias, parte-se para a fixação dos montantes. O início da colocação
se dá pelos cantos das paredes e a paginação a ser respeitada é de 60 cm entre os perfis. Esse
intervalo é indicado para garantir a resistência das paredes, podendo ser menor se necessário,
mas sempre observando a largura das chapas para a fixação. Para prender os montantes nas
guias, podem-se utilizar parafusos metal-metal ou alicate prendedor de perfil, os profissionais
observados utilizam a primeira opção.
36

Figura 2 – Perfis de drywall já fixados.

Fonte: A autora (2014).

Pode haver a necessidade de emendar perfis, esta emenda pode ser feita de maneiras
diferentes. No caso da obra, o profissional optou por fazer a emenda com transpasse entre dois
perfis, sobrepondo os perfis e fazendo um transpasse de aproximadamente 30cm entre eles e
utilizando dois parafusos metal-metal em cada lado.

Figura 3 – Transpasse de perfis.

Fonte: Knauf vídeo (2014).


37

Para uma boa fixação do batente das portas, que garantam a firmeza e estabilidade da
porta são utilizados montantes duplos e a guia é dobrada na parte inferior do perfil
transpassando em pelo menos 20cm o comprimento do montante, sendo então parafusadas
com a parafusadeira. A travessa superior, que limita a altura da porta recebe acima dela
montantes auxiliares para reforço.

Figura 4 - Dobra da guia em vãos de porta

Fonte: Knauf vídeo (2013).

Na instalação de um sistema de paredes com uma chapa de cada lado, como observado na
obra, as juntas de uma face devem ser desencontradas com relação à junta da outra face. No
caso de vãos de portas e janelas, as juntas das chapas devem ser desencontradas do
alinhamento das esquadrias para evitar fissuras

Figura 5 - Encontro errado de chapas em vãos de portas ou janelas.

Fonte : Knauf vídeo (2013).


38

Para o corte da chapa de drywall, utiliza-se uma régua, lápis e estilete, marca-se a medida
exata, vinca e pressiona a peça até que ela quebre. Posteriormente utiliza-se o raspador
manual ou plaina de superfície e lixa, assim são retiradas as rebarbas para o perfeito
alinhamento e acabamento das placas na instalação.

Figura 6 - Fixação das chapas de drywall.

Fonte: A autora (2015).

Para fixação das chapas, posicionam-se as peças na vertical, apoiando-as nos montantes e
deixando uma folga de 01 cm junto ao piso. Em seguida é feito o aparafusamento da chapa
em todo o seu contorno com distanciamento entre 25 a 30cm.

O tratamento de juntas é feito no encontro das placas para garantir um acabamento


perfeito. Aplica-se a massa de rejuntamento com a desempenadeira de aço, em seguida
coloca-se a fita para drywall com o auxílio da espátula. Após a secagem da primeira demão
aplica-se mais uma camada de massa para ocultar a fita. Os parafusos também são
preenchidos com a massa com a utilização da espátula.
39

Materiais utilizados foram placas de gesso acartonado, perfis de alumínio galvanizado


(montantes e guias), fita de borda para drywall microperfurada, bucha para drywall, pregos
revestidos, fita de isolamento (banda acústica) e massa de rejuntamento/tratamento misturada.

As ferramentas utilizadas pelos funcionários foram; tesoura pra corte de perfis em


drywall; parafusadeira; raspador manual; estilete; desempenadeira e espátula em aço
inoxidável; misturador; esquadro; lápis; trena; nível a laser; linha de bater; alicate; prumo de
face; serra copo; serra tico-tico. Os EPI´s utilizados foram botas de borracha.

4.1.3 Assentamento de porcelanatos

Antes da chegada do porcelanato ao mercado nos anos 90, eram os azulejos que
dominavam o mercado dos revestimentos. Com a introdução do novo revestimento no
mercado, o qual se apresentou como um material nobre, resistente e de custo relativamente
baixo quando comparado ao granito e mármore, o mercado dos revestimentos foi remodelado
dando a esse grande fatia no mercado.

Os porcelanatos começaram a ser fabricados no país em 1995, sendo a principal diferença


entre este e as cerâmicas comuns, sua grande resistência química, mecânica, à abrasão, a
variações de temperatura, pouca porosidade e sua alta durabilidade. Esses diferenciais são
resultado da alta tecnologia envolvida em seu processo de fabricação. Outras importantes
características são os cantos das peças que podem ser retificados, permitindo o assentamento
com juntas menores; e a possibilidade de fabricar peças de acabamento polido, que dão efeito
brilhoso e espelhado, resultando em acabamento mais sofisticado.

Os porcelanatos podem ser divididos em três categorias:

Semi-Polidos: semi-polidos ou acetinados, o processo de fabricação não chega ao


polimento completo, portanto não há brilho;

Polidos: trazem um brilho que agrega efeito espelhado oferecendo a sensação de


amplitude;
40

Peça Rústica: As peças rústicas oferecem maior resistência ao escorregamento, mas


dificulta a limpeza.

Na a obra visitada, foi possível observar a aplicação de duas dimensões diferentes de


porcelanatos, sendo uma com as dimensões de 120x60cm e a oura com 120x20cm, ambas
com acabamento rústico. Não existe padronização para o tamanho de peças de porcelanato,
pois podem variar muito de acordo com a proposta estética de cada fabricante.

Para a iniciação dos serviços de assentamento de porcelanato, algumas medidas foram


tomadas. Foi feita a limpeza dos pisos e de todo o ambiente e posteriormente foram
verificadas as superfícies onde seria feita a colocação das peças, avaliando se estavam
regulares e livres de caroços e imperfeições.

Por se tratar de ambientes internos, a Argamassa para Porcelanato Interna foi o tipo
utilizado. O preparo da argamassa é feito em uma bacia de aplicação onde a água é adicionada
à massa e misturada, com ajuda de uma ferramenta conhecida por misturador, até obter uma
massa uniforme.

Figura 7 - Modelo de misturador de argamassa utilizado.

Fonte: Preçolandia (2015).


41

Enquanto a massa descansava por alguns minutos, verificou-se o ponto de início do


assentamento das peças indicado no projeto de paginação feito pelo escritório de arquitetura.

Durante o processo de limpeza e preparo de massa, não se observou a utilização de


qualquer equipamento de proteção individual (EPI), como luvas, óculos ou máscaras faciais.

Antes de iniciar a colocação, foi verificado se o ambiente a receber o porcelanato estava


no esquadro, ou seja, com as paredes paralelas e os encontros formando um ângulo de 90°
(ângulo reto), utilizando uma linha de pedreiro, trena, o próprio esquadro de 90° e a própria
peça como referência. No caso, as paredes não estavam perfeitamente alinhadas, assim foram
feitos pequenos desgastes nas paredes, que serão cobertos pelos rodapés posteriormente,
buscando o alinhamento perfeito e menor quantidade de recortes.

A aplicação das peças é feita sobre o contra-piso ou piso–zero, já curado há bastante


tempo. A massa é espalhada com a utilização de uma desempenadeira de aço, inicialmente
com seu lado liso e posteriormente com seu lado dentado para formação de sulcos paralelos.
Os trabalhadores ficam posicionados de joelhos no chão, utilizam papelão ou pedaço de
isopor encontrado no local para apoio.

Figura 8 – Aplicação argamassa com desempenadeira

Fonte: A autora (2015).


42

Na sequência as peças são aplicadas e movimentadas até encaixarem nos espaçadores até
se fixarem na posição correta. Um martelo de borracha é utilizado para que a peça assente
completamente sobre a argamassa. Excessos da massa são retirados com uma colher de
pedreiro. Para o perfeito nivelamento do porcelanato 120x60, foram utilizados clipes e cunhas
e um nível de bolha.

Figura 9 - Assentamento das peças com martelo de borracha.

Fonte: A autora (2015).


43

Figura 10 – Utilização do nível de bolha, clipes e cunha para verificação do nivelamento do


piso.

Fonte: A autora (2015).

As peças que necessitam recorte são medidas com a ajuda da trena e marcadas a lápis
para serem cotadas. A máquina de corte utilizada foi a ZAP 200, conforme pode se observar
nas imagens na sequência.
44

Figura 11 - Recorte de porcelanato, máquina ZAP 200.

Fonte: A autora (2015).

No caso da aplicação da peça de 120x60cm, o apoio na mesa da máquina de corte ficou


pequeno, sendo improvisada uma mesa com madeiras e tijolos onde fica apoiado o retalho de
45

peça cortada. A mesa possui uma mangueira que joga água na cerâmica para diminuir a
suspensão de pó durante o corte. Os calçados utilizados são tênis comuns, não havendo
proteção nos pés no caso da queda das peças. Não é utilizado luva, óculos ou qualquer outro
elemento para proteção do trabalhador durante o manuseio da máquina.

Durante o processo de instalação, a superfície das peças é limpa com uma esponja, até a
remoção de todo o resíduo de argamassa. Após a secagem da argamassa, que descansou de
um adia para o outro, finalmente, o rejunte é aplicado com auxílio de uma espátula, um balde
de água e uma esponja. À medida que o rejunte vai sendo aplicado na junta dos porcelanatos e
por trechos, para não secar antes do desejado, passa-se a esponja molhada para retirar os
excessos e limpar bem as peças, procede-se desta maneira até finalizar a aplicação em todo o
ambiente. A profissional fica posicionada em seus joelhos durante todo o trabalho, e para
maior conforto utiliza joelheiras.

Figura 12 - Aplicação e limpeza de rejunte

Fonte: A autora (2015).


46

As ferramentas utilizadas fora, nível de bolha, lápis, trena de pedreiro, espátula, colher de
pedreiro, desempenadeira de aço, martelo de borracha, misturador, esponja, balde, espaçador,
clipes e cunha. Materiais utilizados, porcelanato, argamassa para porcelanato interno, rejunte
e água. EPI´s usados foram as joelheiras.

4.1.4 Pintura de paredes e forros

Diferentemente da pintura artística, é difícil encontrar conteúdos que expliquem


claramente a história do surgimento do ofício da pintura de paredes. De acordo com fonte
encontrada na internet, a que mais fez sentido na tentativa de explicar a origem do ofício,
pode-se dividir em três denominações diferentes o personagem que pinta paredes durante a
história. O denominado Pintor era a pessoa que pintava as paredes internas e externas de uma
edificação, dando um acabamento decorativo, como efeitos marmorizados por exemplo.
Chamava-se de Caiador, a pessoa que aplicava o leite da cal, com ou sem pigmentos ou
corantes, nas paredes internas e externas, muitas vezes ainda com as argamassas de
revestimentos frescas. E finalmente temos o Artista Pintor, cujo personagem era encarregado
da elaboração das pinturas artísticas nas paredes, através de painéis ou afrescos, em forros de
madeira ou estuque e nos portais.

Além de sua importância decorativa, estudiosos explicam que a pintura com diferentes
cores influenciam o nosso estado de espírito, inconscientemente, sendo capazes de possível
diferentes sensações, reações e sentimentos.

Atualmente, a técnica da pintura de paredes é muito usada em todo o mundo, se tornando


um dos serviços mais básicos para o acabamento de uma edificação, por seu ótimo custo x
benefício e facilidade de aplicação.

O processo de pintura de uma parede deve levar em consideração alguns passos que
influenciam no resultado final do trabalho, levando em consideração se a pintura será em
ambiente externo ou interno e o tipo de acabamento desejado.
47

Para iniciar os trabalhos, avalia-se a superfície a receber a tinta, observando se a parede


sofre infiltrações, se já foi pintada anteriormente ou se é a primeira pintura. Pisos, teclas,
interruptores e luminárias são protegidos com lona e fita crepe.

Figura 13 - Proteção com fita crepe

Fonte: SUPER INTERESSANTE (2011).

No caso da obra visitada, mesmo as paredes e forro sendo novos, observou-se que
sofreram intervenções pela alteração de pontos de elétrica e no projeto de paginação do forro
em drywall. Estas acabaram acarretando na necessidade da aplicação de uma camada de
argamassa nas paredes, e de duas demãos no forro, para regularizar as imperfeições existentes
e as marcas das fitas das placas em drywall.
48

Após a secagem da massa, forros e paredes são lixados, ficando com a superfície lisa.
Durante o processo de emassamento e lixamento, não é observada a utilização de EPI´s por
parte dos trabalhadores.

Figura 14 - Pintor lixando o forro

Fonte: A autora (2015).

Antes de iniciar a pintura de paredes de forro, as superfícies são limpas com pano úmido
para evitar surgimento de manchas ou de “caroços”, e é aguardada a secagem das paredes.

É aplicado com rolo, um fundo preparador, utilizado para diminuir a porosidade da


parede e evitar que a massa puxe muita tinta e manche a parede. A primeira aplicação de tinta
é feita com um pincel nos limites das paredes e na sequência é utilizado o rolo completando a
49

parede como todo. Após 03 (três) horas, é aplicada a segunda demão de tinta e posteriormente
uma última aplicação de massa em imperfeições pontuais, lixamento e terceira demão para a
cobertura completa da parede. Pincéis e trinchas são usados para recortes e acabamentos.

Figura 15 - Acabamento com pincel e rolo pequeno

Fonte: A autora (2015).

Para a pintura do forro, o processo é o mesmo. Este processo é um pouco mais


desconfortável para o profissional, que utiliza mais a escada e trabalha a maior parte do tempo
com o pescoço flexionado e os braços estendidos, ficando muito mais exposto à recepção de
ciscos ou fagulhas em sua face e corpo.

As ferramentas utilizadas foram rolo de lã, pincel de 2 polegadas, trincha, caçamba para
tinta, bandeja para tinta, misturador de tinta ou uma ripa quadrada de madeira escada e um
50

extensor de rolo.Os materiais utilizados foram tinta, fundo preparador, massa regularizadora,
solvente, lixa de parede 220, fita crepe de 50 mm x 50m (grossa), pano para limpeza, lona
preta para proteção piso e paredes. Não foram utilizados EPI´s.

4.1.5 Instalação de luminárias de embutir.

Com a crescente utilização de forros em drywall e em gesso, é possível a instalação de


luminárias embutidas no forro. Essas luminárias são cada vez mais utilizadas, pois
proporcionam melhor acabamento e são de fácil instalação, à medida que são apenas
encaixadas por presilhas nas aberturas feitas no forro.

Para iniciar a instalação de luminárias, verificam-se alguns passos iniciais. A planta de


forro fornecida pelo escritório de arquitetura junto do projeto arquitetônico identifica o
modelo de luminárias especificadas. Leva-se em consideração o peso, tamanho e
posicionamento de cada luminária no forro. Em casos de luminárias pesadas, pode haver
necessidade de reforços no gesso ou drywall, que devem ser previstos antes da instalação.

Feita a verificação inicial do tipo de luminárias, o profissional marca o posicionamento


destas no forro ao longo de todo o ambiente. Guiando-se pelo projeto e considerando a
intenção de iluminação, como por exemplo, iluminar a cuba do banheiro. Para auxiliar na
marcação, utiliza-se lápis, trena e o prumo de ponta (quando necessário). Para a instalação da
luminária em alinhamento com algum objeto específico, utiliza se o prumo, este é posicionado
ao centro do objeto e esticado até encostar-se ao forro para que seja feita e demarcação do
local a perfurar.

Depois de mapeado o forro com a localização das luminárias, parte-se para o recorte das
placas. Deve-se observar a especificação da luminária, que contém o tamanho do nicho (furo
para encaixe da peça) a ser executado. A instalação avaliada neste estudo foi de luminárias
Dicróicas, cujos spots circulares permitem que os recortes no forro sejam feitos com o uso de
uma ferramenta chamada Serra Copo. Em casos de peças maiores, com o auxílio de um
compasso é possível fazer o desenho circular no forro para posteriormente efetuar o recorte
com o auxílio de uma serrinha tico-tico pequena.
51

O recorte do forro produz bastante pó. Não se observa a utilização de nenhum EPI
(equipamento de proteção individual) que previna olhos ou a inalação do resíduo.Feito o furo
para o encaixe da luminária, parafusa-se o acabamento para o forro, que vem junto à
luminária, e parte-se para a conexão dos fios, neutro e fase. Os interruptores são desligados
para a não passagem de energia, porém o disjuntor ainda ficou ligado.

Figura 16 – Recorte e preparos fios.

Fonte: A autora (2015).

Os fios, neutro e fase têm suas extremidades desencapadas, com o auxílio de um alicate, e
prontas para serem engatados no spot de luminária dicróica. Conecta-se um fio primeiro e o
outro na sequência, e com a ajuda de uma chave de fenda parafusa-se o suporte que segura o
fio preso ao spot. A luminária está pronta e pode ser encaixada no forro, o procedimento
repete-se em todas as luminárias do ambiente.
52

Figura 17 - Recorte fios e preparo para conexão.

Fonte: A autora (2015).

Figura 18 - Conexão fios luminária.

Fonte: A autora (2015).


53

Figura 19 - Luminária conectada, pronta para encaixe no forro.

Fonte: A autora (2015).

Para execução da atividade, as ferramentas utilizadas foram o lápis, a trena, o prumo de


ponta, a alicate, a serra tico-tico e a serra copo. Os materiais usados foram luminárias, fio e a
fita isolante. Para EPI´s os funcionários usavam bota de borracha e capacete.
54

4.2 APLICAÇÃO DA FERRAMENTA APR

Para a aplicação da Ferramenta APR, foram executadas visitas à obra e pesquisas


bibliográficas e na internet, com o objetivo de acompanhar e compreender os serviços de
execução das atividades de instalação de forro de gesso em placas, instalação de paredes em
drywall, assentamento de porcelanatos, pintura de paredes e forros e instalação de luminárias
de embutir. Sendo possível assim avaliar as etapas envolvidas e identificar os riscos
preliminares de cada atividade.

Para maior entendimento do processo, descreveram-se as etapas, materiais e ferramentas


envolvidas no processo de execução dos serviços e na realização do trabalho de pesquisa,
foram seguidas as seguintes etapas, conforme descrito a seguir.

- Observação do processo, avaliando materiais utilizados, ferramentas envolvidas e o


método para a utilização das mesmas. Para a anotação da sequência dos serviços, contou-se
com a explanação dos trabalhadores durante o processo e com o auxílio de câmera para
fotografar detalhes e para a filmagem;

- Preparo de dados coletados: após coletadas informações e imagens, foram descritas as


etapas passo a passo para organização do material e elaboração do processo de levantamento
de riscos e falhas;

- Avaliação do processo descrito, levantamento dos riscos envolvidos.

- Aplicação de tabela com categorias de classificação da severidade de riscos adaptada à


realidade dos serviços prestados pela empresa, avaliação da frequência e depuração da
urgência no gerenciamento dos riscos, conforme mostrado na sequência de tabelas 2, 3 e 4.
55

Tabela 2 - Frequência ou probabilidade de ocorrência do acidente

FREQUÊNCIA OU PROBABILIADE DE OCORRÊNCIA DO ACIDENTE


GRAU OCORRÊNCIA DESCRIÇÃO FREQUÊNCIA
Baixíssima probabilidade de uma vez a cada
1 Improvável
ocorrer o dano 02 anos
Baixa probabilidade de uma vez a cada
2 Ocasional
ocorrer o dano 01 ano
Moderada probabilidade de uma vez a cada
3 Possível
ocorrer o dano semestre
Elevada probabilidade de uma vez a cada
4 Regular
ocorrer o dano 03 meses
Elevadíssima probabilidade de
5 Certa uma vez por mês
ocorrer o dano

Fonte: A Autora (2015) adaptado de FARIA, (2011).

Tabela 3- Grau de Severidade do acidente

SEVERIDADE DO ACIDENTE
GRAU EFEITO DESCRIÇÃO AFASTAMENTO
Acidentes que não provocam lesões corporais que
proporcionem dificuldades motoras ou Não há necessidade
1 leve
perturbação funcional (batidas leves, arranhões, de afastamento.
choques leves).
Acidentes com afastamento e lesões que
Necessário
provocam dificuldades motoras ou perturbação
2 moderado afastamento, entre
funcional (cortes medianos, alergias fortes,
01 a 30 dias.
torções leves).
Acidentes com afastamentos e lesões Necessário
3 grande incapacitantes, sem perdas de substâncias ou afastamento, entre
membros (fraturas, cortes profundos) 31 a 60 dias.
Acidentes com afastamentos e lesões Necessário
4 severo incapacitantes, com perdas membros (perda de afastamento, entre
parte do dedo, choques de intensidade média). 61 a 90 dias.
Não há possibilidade
Invalidez permanente, incapacitação física a longo de retorno laboral,
5 catastrófico
prazo ou morte. prejuízos à
longevidade.

Fonte: A autora (2015) adaptado de FARIA, (2011).


56

Tabela 4 – Índice de riscos e gerenciamento de ações

ÍNIDICE DE RISCO E GERENCIAMENTO DE AÇÕES


INDICE DE RISCO TIPO DERISCO NÍVEL DE AÇÕES
até 03 Não necessitam ações imediatas, nem preventivas, nem
Riscos Triviais
(severidade < 03) de detecção.
Não requerem ações imediatas. Devem ser previnidas e
de 04 a 06
Riscos Toleráveis detectadas, porém poderão ser implementadas
(severidade < 04)
gradualmente (longo prazo).

de 08 a 10 Requer previsão e definição de prazo (curto prazo) e


Riscos Moderados
(severidade < 05) responsabilidade para a implementação das ações.

Exige a implementação imediata das ações


(preventivas e de detecção) e definição de
responsabilidades. O trabalho pode ser liberado p/
de 12 a 20 Riscos Relevantes execução somente c/ acompanhamento e
monitoramento contínuo. A interrupção do
trabalho pode acontecer quando as condições
apresentaremalgumdescontrole.
Os trabalhos não poderão ser iniciados e se estiver em
curso, deverão ser interrompidos de imediato e
> 20 Riscos Intoleráveis
somente poderão ser reiniciados após implementação
de ações de contenção.

Fonte: A autora (2015) adaptado de FARIA, (2011).

As tabelas acima são tidas como referência para a avaliação dos riscos, frequência,
severidade e grau de prioridade na adoção de ações. Sua implementação permite que medidas
sejam tomadas para que a severidade dos riscos seja atenuada ou extinta. Pode-se observar na
sequência do estudo e aplicação da ferramenta que, quanto maior for a probabilidade de
ocorrência e a severidade do dano, maior será o risco e mais urgente será a necessidade da
tomada e medidas de correção ou de detecção do erro.

Pode-se dizer que para avaliar a ocorrência de um risco, deve-se pensar da seguinte
maneira:

1 – Na ocorrência de um evento (acidente).

2 – Na probabilidade de acontecimento ou reincidência do evento.

3 – No Impacto causado pela ocorrência do evento.


57

O registro de todos os possíveis eventos que possam ocorrer, sua probabilidade e


frequência a as consequências consistem uma das etapas fundamentais na elaboração da APR,
a identificação de riscos.

Em um segundo momento, deve-se qualificar e priorizar os riscos identificados


previamente para finalmente quantificar a probabilidade do impacto associados a cada risco
levantado.

Assim, criam-se as tabelas de APR, ferramenta que compõem todas as variáveis


levantadas no estudo relativas a cada atividade, visando um resultado final onde se possa
controlar, monitorar, priorizar e minorar os riscos associados à segurança do trabalhador e a
obra.

É importante ressaltar que as planilhas são modelos de referência e que podem e devem
ser adaptados à realidade e severidade das atividades executadas pela empresa ou profissional
em estudo. Sendo assim o resultado do gerenciamento de riscos fica sujeito à determinação
dos níveis de tolerância e aceitabilidade definidos pela empresa ou profissional responsável
pela análise, os quais determinam quais seriam os aceitáveis ou inaceitáveis.

4.3 IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DOS RISCOS

Diversas são as ferramentas existentes para auxiliar as corporações dentro da avaliação e


análise de riscos existentes nos processos de trabalho. Cabe ao profissional responsável
avaliar quais são as mais apropriadas dentro das necessidades da empresa e tipo de atividade
executada. A ferramenta pode ser utilizada durante a fase de concepção ou desenvolvimento
preliminar de um novo projeto ou sistema, mas também se mostra eficaz quando aplicada em
atividades já em pleno funcionamento e que necessitam de detecção dos possíveis riscos
existentes durante sua fase operacional, revelando aspectos que às vezes passariam
despercebidos.

A aplicação da técnica APR apresentou-se como o primeiro passo evolutivo para


cuidados com a engenharia de segurança do trabalho na empresa. O estudo e análise foram
58

dirigidos individualmente, sem colaboração dos demais setores da engenharia. Para a análise
ser a mais fiel possível, levando em consideração todas as possibilidades de riscos
provenientes das práticas profissionais, foi feito um trabalho de observação de cada serviço à
medida que era executado pelas equipes de trabalhadores. Filmagens, questionamentos e
anotações foram realizados visando à elucidação de dúvidas e a explanação mais detalhada
sobre os processos.

Durante todo o processo de elaboração das tabelas de análise de riscos, as seguintes


perguntas foram constantemente realizadas; O que pode acontecer de errado? Com que
frequência isto pode acontecer? Quais as suas consequências/danos? De que modo podemos
reduzir os riscos identificados? E para cada risco levantado, avaliou-se sua classificação:
riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes.

Adaptar as tabelas de referência de riscos, severidade e frequência à realidade dos


serviços executados pela empresa é um dos maiores desafios do processo, porém de
fundamental importância para agregar maior fidelidade à análise. A classificação da
severidade de cada risco, por exemplo, varia de acordo com o tipo de atividade onde umas
podem apresentar riscos mais severos que outras, por isso devem ser avaliadas
individualmente.

A quantificação dos riscos, à medida que enumera a intensidade dos danos, nos direciona
para a adoção de medidas de prevenção de acidentes ou de correção de erros, nos fornecendo
diversas probabilidades de melhora no processo. A abrangência dos riscos deve incluir todas
as possibilidades dentro da operação, inclusive considerar os desvios possíveis dentro do
procedimento padrão de execução.

Nas tabelas 05, 06, 07, 08 e 09, apresentam-se as APR´s (Análise Preliminar de Risco)
realizadas para cada uma das atividades avaliadas em campo. Estas visam à implementação de
estratégias de controle e prevenção, através de uma gama de ações para o gerenciamento de
riscos, as quais podem proporcionar diversas mudanças nos processos construtivos
59

Tabela 5 - APR – Riscos envolvidos na atividade de Instalação de forro de gesso em placas.

ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS (APR)


ATIVIDADE: INSTALAÇÃO DE FORRO DE GESSO EM PLACAS
RISCO CAUSA CONSEQUÊNCIAS FREQ. SEV. RIS. PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS/ MEDIDAS PREVENTIVAS
corte e uso de serra para corte do gesso, *Manter o ambiente de trabalho limpo. Armazenar ferramentas em um
lesões, perfurações perda
perfurações ferramentas e materais posicionados 3 1 3 suporte/mesa.
de membros.
dedos/mãos/pés no chão. *Utilização de luvas adequadas para função e de bota de borracha.
*Limpeza das placas antes da instalação para minimizar o despreendimento
irritações oculares,
lesões oculares pó ou ciscos do gesso 5 4 20 de partículas.
alergias, cegueira.
*Utilização de proteção ocular, óculos tranparente (EPI).
*Evitar o contato da pele com os agentes dermatógenos.
*Realizar a limpeza imediata da área em contato com o agente
alergias, manuseio de materiais, produtos coceiras, vermelhidão,
4 2 8 dermatogênico.
dermatoses químicos sensibilidade
*Prezar sempre pela manutenção e limpeza do vestuário, substituindo-o se
atingido por qualquer agente químico;
cavalete mal instalado, falta de *Manutenção dos cavaletes para que estejam sempre em bom estado de
queda de luxações, entorces,
manutenção nas peças do cavalete, 3 2 6 conservação.
funcionário fraturas de membros.
trabalho em nível diferente *Verificação de segurança após finalizada a montagem do cavalete.
queda de Postura de trabalho, posicionamento *Auxílio de ajudante na fixação e elevação das placas de gesso.
luxações, esmagamentos
material ou de materiais e ferramentas suspensa 4 1 4 *Determinar local para apoio das ferramentas.
leves.
ferramentas sobre funcionário. *Usar capacete (EPI).
lordose, escoliose, hérnia *Fazer paradas para alongar braços, pescoço, mãos (ginástica laboral).
lesões na coluna,
Postura inadequada de disco, problemas 5 3 15 *Revezar funcões entre os funcionarios durante a instalação a cada 15
membros
ciculatórios nos braços minutos.
Doenças Pneumoconioses, * Utilizar proteção respiratória durante a execução do serviço, máscaras
Inalação de poeiras, resíduos. 5 5 25
respiratórias dificuldade respiratória. simples (EPI).

Fonte: A Autora (2015).


60

Tabela 6 - APR - Riscos envolvidos na atividade de Instalação de paredes em drywall

APR - ANALISE PRELIMINAR DE RISC0


ATIVIDADE: INSTALAÇÃO DE PAREDES EM DRYWALL
RISCO CAUSA CONSEQUÊNCIAS FREQ. SEV. RIS. PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS/ MEDIDAS PREVENTIVAS
uso de estilete, de serra copo e alicate
corte e perfurações para corte das chapas e perfis metálicos. cortes, lesões, perfurações, *Fazer corte das chapas em superfície firme e regular.
3 1 3
dedos/mãos Uso de parafusadeira elétrica na fixação perda de membros. *Utilização de luvas adequadas para função e de bota de borracha.
de perfise montantes.
irritações oculares, alergias, *Utilização de proteção ocular, óculos tranparente (EPI), durante o corte de
lesões oculares fagulhas das placas de gesso 5 4 20
cegueira. placas e perfis.
*Evitar o contato da pele com a massa.
alergias, coceiras, vermelhidão, *Realizar a limpeza da área em caso de contato com o agente dermatogênico.
manuseio de massa, produto químico 4 2 8
dermatoses sensibilidade *Prezar sempre pela manutenção e limpeza do vestuário.
*Utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPI);
*Cuidados com a manutenção das escadas.
escada instável, em má conservação ou *Fixar a escada antes de subir para trabalhar.
queda de luxações, entorces, fraturas
mal apoiada, trabalho em altura sem 4 4 16 *Utilizar andaime normatizado quando trabalhar acima de 2m de altura.
funcionário de membros.
proteção. *Utilização de cinto e talabarte para atividades acima de 2m de altura,
capacete (EPI).
*Auxílio de ajudante na fixação e elevação das chapas.
armazenamento materiais e ferramentas
queda de material lesões, pancadas, cortes, *Suporte para ferramentas quando trabalhando em escada ou altura.
ao trabalhar acima de escada que podem 5 4 20
ou ferramentas esmagamentos. *Isolar perímetro de trabalho evitando passagem abaixo da escada.
cair sob quem estiver posicionado abaixo.
*Usar capacete (EPI).
lordose, escoliose, hérnia de *Fazer paradas para alongar braços, pescoço, mãos (ginástica laboral).
lesões na coluna, Postura inadequada, esforço exagerado,
disco, lesões nas 5 4 20 *Não elevar placas de drywall sozinho (20kg cada).
membros execesso de peso.
articulações. *Sempre trabalhar em 02 pessoas no mínimo.

Fonte: A autora (2015).


61

Tabela 7 - APR - Riscos envolvidos na atividade de Assentamento de Porcelanatos.

APR - ANALISE PRELIMINAR DE RISC0


ATIVIDADE:ASSENTAMENTO DE PORCELANATOS
RISCO CAUSA CONSEQUÊNCIAS FREQ. SEV. RIS. PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS/ MEDIDAS PREVENTIVAS
*Fazer corte das cerâmicas somente em superfície firme e plana. onde a máquina e
corte e
uso de máquina para corte de peças foquem bem apoiadas.
amputações cortes, lesões, perda de membros. 5 4 20
cerâmicas, manuseio de cerâmicas. *Utilização de luvas adequadas para função e de bota de borracha (EPI).
dedos/mãos
*Manter ambiente de trabalho limpo, sem cacos no piso.
fagulhas das peças de cerâmica
lesões oculares irritações oculares, alergias, cegueira. 4 4 16 *Utilização de proteção ocular, óculos tranparente (EPI), durante o corte de peças.
podem se projetar no rosto/olhos.
*Evitar o contato da pele com a argamassa e rejunte.
alergias, *Realizar a limpeza da área em caso de contato com o material.
manuseio de argamassa e rejunte coceiras, vermelhidão, sensibilidade 2 1 3
dermatoses *Prezar sempre pela manutenção e limpeza da vestimenta de trabalho.
*Utilização de luvas, capacete, equipamento de proteção individual (EPI);
queda de lesões, pancadas, cortes, *Não transportar cargas acima de 10kg sozinho.
carregar excesso de peso 5 3 15
material esmagamentos. *Utilizar-se de 02 trabalhadores para o assentamento da cerâmica.
luxações, quebra de membros, *Utilizar-se de 02 trabalhadores para auxiliar no transporte e no assentamento da
esmagamento manuseio de peças pesadas 4 3 12
arranhões. cerâmica.
*Providenciar local com superfície plana para a instalação da máquina de corte de
Tombamento do apoio inadequado do maquinário amputações, quebra de membros,
5 5 25 peças. *Fixar
equipamento de corte esmagamento.
mesa de corte.
*Fazer paradas para alongar coluna, pernas e braços, pescoço, mãos sempre que
sentir desconforto (ginástica laboral).
lesões na coluna Postura inadequada, posição longe lordose, escoliose, hérnia de disco,
5 3 15 *Não transportar cargas acima de 10kg sozinho.
e joelhos de ser ideal, execesso de peso. lesões nas articulações.
*Utilizar-se de 02 trabalhadores para o assentamento da cerâmica, revezando
funções. *Utilizar
ruído do equipamento de corte das dores de cabeça, surdez temporária, *Utilizar proteção auricular sempre que for manusear a máquina de corte de
lesões auditivas 3 3 9
peças redução da capacidade de auditiva. cerâmicas (EPI).
Fonte: A autora (2015).
62

Tabela 8 - APR - Riscos envolvidos na atividade de Pintura de paredes e forros

APR - ANALISE PRELIMINAR DE RISC0


ATIVIDADE: PINTURA DE PAREDES E FORROS
RISCO CAUSA CONSEQUÊNCIAS FREQ. SEV. RIS. PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS/ MEDIDAS PREVENTIVAS
lesões projeção de partículas e pó ao lixar o irritações oculares, *Utilização de proteção ocular, óculos tranparente (EPI), durante
5 3 15
oculares forro podem cair nos olhos. alergias, cegueira. execução de todo o serviço.
Pneumoconioses,
Doenças Inalação de poeiras, resíduos e * Utilizar proteção respiratória durante a execução do serviço,
dificuldade respiratória, 5 5 25
respiratórias produtos químicos (tintas e selador) máscaras (EPI).
tonturas, mal estar.
*Evitar o contato da pele com a massa, tintas e selador.
alergias, manuseio e respingos de massa e coceiras, vermelhidão, *Realizar a limpeza da área em caso de contato com o material.
5 2 10
dermatoses tinta. sensibilidade *Prezar sempre pela manutenção e limpeza da vestimenta de trabalho.
*Utilização de luvas, equipamento de proteção individual (EPI);
*Cuidados com a manutenção das escadas.
*Fixar a escada antes de subir para trabalhar.
escada instável, em má conservação
queda de luxações, entorces, *Utilizar andaime normatizado quando trabalhar acima de 2m de
ou mal apoiada, trabalho em altura 4 4 16
funcionário fraturas de membros. altura. *Utilização
sem proteção.
de cinto, talabarte e capacete para atividades acima de 2m de altura
(EPI).
lordose, escoliose,
Postura inadequada, esforço *Fazer paradas para alongar coluna, pernas e braços, pescoço, mãos
lesões na lesões por esforço
repetitivo lixando e pintando paredes 5 3 15 sempre que sentir desconforto (ginástica laboral).
coluna repetitivo, lesões nas
e forros *Sempre trabalhar em 02 pessoas no mínimo, revezando funções.
articulações.
Fonte: A autora (2015).
63

Tabela 9 - APR - Riscos envolvidos na atividade de Instalação de luminárias de embutir

APR - ANALISE PRELIMINAR DE RISC0


ATIVIDADE: INSTALAÇÃO DE LUMINÁRIAS DE EMBUTIR
RISCO CAUSA CONSEQUÊNCIAS FREQ. SEV. RIS. PROCEDIMENTOS RECOMENDADOS/ MEDIDAS PREVENTIVAS
*Antes de iniciar a atividade, desligar o quadro de energia.
manuseio de fios sem desligamento choque elétrico, *Verificar se a rede está desenergizada, desligar interruptor.
choque elétrico 5 5 25
da energia queimaduras, óbito. *Colocar cadeado no disjuntor para evitar que religuem a energia antes da
conclusão dos serviços.
corte uso de máquina serra copo, serrinha *Fazer corte com procedimento e atenção para evitar cortes.
cortes, lesões. 3 1 3
dedos/mãos para corte do forro e alicates. *Utilização de luvas adequadas para função (EPI).
projeção de partículas e pó ao lixar o irritações oculares, *Utilização de proteção ocular, óculos tranparente (EPI), durante execução
lesões oculares 5 3 15
forro podem cair nos olhos. alergias, cegueira. de todo o serviço.
*Auxílio de ajudante para alcance de ferramentas
armazenamento materiais e
lesões, pancadas, *Suporte para armazenamento/apoio de ferramentas para trabalho em
queda de ferramentas ao trabalhar acima de
cortes, 5 4 20 altura.
material escada que podem cair sob quem
esmagamentos. *Isolar perímetro de trabalho evitando passagem abaixo da escada.
estiver posicionado abaixo.
*Usar capacete (EPI).
*Cuidados com a manutenção das escadas.
escada instável, em má conservação luxações, entorces,
queda de *Fixar a escada antes de subir para trabalhar.
ou mal apoiada, trabalho em altura fraturas de 4 4 16
funcionário *Utilizar andaime normatizado quando trabalhar acima de 2m de altura.
sem proteção. membros.
*Utilização de cinto e talabarte para atividades acima de 2m de altura (EPI).
lordose, escoliose,
Postura inadequada, esforço *Fazer paradas para alongar coluna, pernas e braços, pescoço, mãos
lesões na lesões por esforço
repetitivo lixando e pintando paredes 5 3 15 sempre que sentir desconforto (ginástica laboral).
coluna repetitivo, lesões nas
e forros *Sempre trabalhar em 02 pessoas no mínimo, revezando funções.
articulações.
Fonte: A autora (2015).
64

Na tabela 5, relativa a Analise dos Riscos envolvidos na Instalação de forro de gesso em


placas, é possível observar com o preenchimento da tabela, que os riscos mais relevantes
durante a execução da atividade de instalação de gesso em placas, apresentam sintomas
prejudiciais nos trabalhadores a médio e longo prazo, ou seja, após algum período em que os
mesmo se encontre na execução da atividade. Estes riscos, que são os de lesões na coluna e
membros, provenientes da má postura durante a atividade; risco de aquisição de doenças
respiratórias pela inalação de poeiras e resíduos; e risco de lesões oculares pela entrada de
ciscos nos olhos, devem ser tratados de forma preventiva, pois é facilmente possível evitar a
ocorrência de tais danos.

A prevenção dos danos provenientes desta operação pode ser feita através da utilização
de EPI´s bem como através do planejamento de execução da atividade, onde o simples
revezamento de funções e do tempo de permanência de execução já garantem maior conforto
ao trabalhador.

Para a atividade de Instalação de paredes em drywall, a leitura da tabela 6 da APR, nos


mostra que assim como na instalação de forro de gesso em placas, existem danos que
apresentam bastante relevância e que podem surgir a médio e longo prazo, como lesões
posturais e oculares. Porém neste caso, pode-se observar que riscos como o de queda de
funcionário e queda de materiais também devem receber atenção especial no trabalho de
prevenção. As placas de drywall são grandes e pesadas, portanto de difícil manuseio,
principalmente quando instaladas em área mais elevadas, sendo assim o cuidado deve ser
elevado.

Buscando evitar acidentes, é possível estabelecer algumas medidas preventivas. Cuidados


com a fixação das escadas, utilização de andaimes e EPI´s para trabalhos em altura, e a
execução da atividade sempre em 02 pessoas ou mais para ajudar no levantamento do
material, assim como para fazer o revezamento de funções durante a operação, já ajudariam a
minimizar riscos e desconfortos posturais.
65

Os riscos envolvidos no assentamento de porcelanatos, conforme observado na Tabela 7,


podem ser considerados em sua grande maioria, riscos de alta relevância. O porcelanato, além
de se tratar de um material bastante pesado, é bastante cortante, agravando o resultado dos
acidentes provenientes de seu manuseio.

É importante ser muito cuidadoso para evitar esmagamentos, cortes, amputações e


projeção de partículas advindas do mal uso dos equipamentos e da falta de EPI´s. Lesões
posturais e auditivas também podem se tornar um problema a médio e longo prazo caso não
seja feito o revezamento de funções, alongamento e a utilização de dispositivos de proteção
auditiva.

Durante a observação da execução da pintura de paredes e forros, na obra em questão,


onde não havia a execução de trabalhos em altura, o maior risco observado foi o do
aparecimento de doenças respiratórias. A inalação de poeiras e de resíduos químicos pode
acarretar no surgimento de dificuldades respiratórias, rinites, pneumoconiozes além de
tonturas e mal estar a curto, médio e longo prazo. Além deste risco, é importante evidenciar a
necessidade de cuidados com a utilização de escadas, com a projeção de partículas e poeira
nos olhos e a atenção com o conforto postural, entre outros riscos listados.

A utilização de máscara facial, óculos de proteção, fixação da escada, revezamento de


atividades para descanso postural, são medidas simples que podem ser tomadas com baixo
custo de implementação e que certamente garantem a preservação da saúde do trabalhador.

Avaliando a tabela 9 de análise preliminar dos riscos presentes na instalação de


luminárias de embutir, pode-se concluir que o risco de maior severidade levantado é o de
choque elétrico. Um erro comumente cometido por trabalhadores do ramo é o não
desligamento do quadro de energia antes de iniciar a execução dos serviços. É de fundamenta
importância que não haja a transmissão de energia na rede durante o serviço, a fim de evitar
acidentes. Recomenda-se também que seja colocado um cadeado no disjuntor que for
desligado, assim evita-se que alguém o acione novamente durante o processo de instalação da
luminária, isso se aplica para a execução de qualquer serviço que envolva o manuseio da rede
elétrica.
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Por envolver a utilização de escada, no caso da instalação das luminárias da obra objeto
de estudo, é eminente o risco de queda de funcionários, de objetos e de lesões posturais. Com
o objetivo de prevenir tais ocorrências, medidas como cuidados com a manutenção e fixação
das escadas, a utilização de suportes ou apoios para ferramentas e revezamentos de funções e
alongamentos posturais devem ser incluídas nos procedimentos da atividade.
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5 CONCLUSÕES

Através da avaliação das atividades selecionadas, fica evidenciado que muitos dos
funcionários desconhecem as normas de segurança e os corretos procedimentos para
realização dos processos de trabalho de forma adequada. De acordo coma NR4 e a
classificação da empresa no CNAE quanto ao risco e número de funcionários, não há
necessidade da composição de um SESMT ficando os cuidados com o cumprimento das
normas a cargo dos gestores da empresa. O carácter das atividades exercidas,
predominantemente de obras de menor porte, residenciais e principalmente em áreas internas
é outro agravante no não cumprimento de normas de segurança, pois a fiscalização
dificilmente ocorre.

Tal fato destaca a importância de uma metodologia que possa ser facilmente adaptada nas
empresas e que possibilite aos profissionais da área de segurança ou gestores encarregados
destes cuidados, avaliar e controlar os riscos identificados no ambiente trabalho. A ferramenta
APR, se mostra uma maneira simples, eficiente e de fácil aplicação na identificação e controle
de riscos.

Após a utilização da técnica de APR identificou-se que os riscos de maior incidência são:
cortes nas mãos, lesões posturais, queda de materiais e de funcionários. Sendo também
identificados outros fatores de risco de elevada relevância como: lesões oculares, inalação de
resíduos, choques elétricos, esmagamentos, alergias e dermatoses, esmagamentos e
tombamentos de equipamentos. Para estes riscos detectados, foram sugeridas algumas
medidas para controle e prevenção coletiva, como manutenção preventiva de equipamentos,
divisão e revezamentos de tarefas, paradas para descanso e alongamento, bem como o uso de
equipamentos de proteção individual (EPI), como as botas de borracha, capacete, óculos de
proteção, luvas, protetores auriculares, joelheiras, entre outros.

Podendo as tabelas ser adaptadas à realidade e interpretação de cada profissional e


empresa, as atividades e os riscos dos trabalhadores envolvidos na execução das atividades
avaliadas são em sua maioria interpretados como moderados, relevantes e intoleráveis. A
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classificação de riscos intoleráveis foi adaptada e quaisquer atividades que incapacitem


mesmo que a longo prazo, serão consideradas inaceitáveis pela empresa.

A identificação dos riscos possibilitou revisões no sentido de prever os riscos e adotar


procedimentos de precaução para dar maior segurança ao trabalhador durante a operação.
Estes devem ser colocados em prática o quanto antes, tendo em vista que atualmente não
existem procedimentos de segurança. Funcionários devem ser treinados e conscientizados
quanto aos riscos de acidentes que estão sujeitos no dia a dia, principalmente quando não
operam de maneira segura.
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SUPER INTERESSANTE: 8 truques que os pintores não contam para você.


Disponível em: http://super.abril.com.br/cotidiano/8-truques-pintores-paredes-nao-contam-
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