Dissertação Rev05 Final

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SÉRGIO JOSÉ ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE

LOUREIRO RISCOS EM TRABALHOS DE


NOGUEIRA DA DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA
CRUZ TERRAPLENO

Projeto submetido como requisito para obtenção


do grau de Mestre em Segurança e Higiene no
Trabalho

Júri
Presidente: Profª. Adjunta Olga Costa, Escola
Superior de Tecnologia de Setúbal
Orientador: Prof. Coordenador Filipe Didelet,
Escola Superior de Tecnologia de Setúbal
Arguente: Profª. Adjunta Aldina Soares, Escola
Superior de Tecnologia de Setúbal

Dezembro de 2021
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

RESUMO

A escolha do presente tema prende-se com o facto da atividade de dragagem e bombagem


dos sedimentos para terraplenos ser cada vez mais procurada, quando se pretende ganhar
área ao mar, nomeadamente, para a implantação de novos projetos portuários,
aeroportuários, industriais, imobiliários e nas atividades de defesa costeira.

Como qualquer atividade laboral, esta também comporta os seus perigos e inerentes riscos.

Assim, o trabalho proposto tem como objetivo identificar exaustivamente os perigos e


riscos inerentes a este tipo de atividade, propor medidas mitigadoras devidamente
implementadas com recurso a um Plano de Formação direcionado às tarefas que mais
riscos acarretam.

A identificação de perigos e consequentes riscos será feita por um método misto, que
engloba a observação direta em obra e o brainstorming, através de reuniões efetuadas com
a presença de todos os intervenientes em obra, como sendo a Fiscalização, a Coordenação
de Segurança e colaboradores do Empreiteiro. Desta investigação será elaborada uma
matriz de risco, a qual inclui uma avaliação de risco e a proposta de medidas mitigadoras
desse risco. A avaliação do risco será efetuada recorrendo ao método semi-quantitativo de
dois fatores, onde o risco é igual ao produto da probabilidade pela severidade.

Será efetuada uma análise dos resultados obtidos, quer na fase Pré-Controlo, quer na fase
Pós-Controlo, com vista a averiguar os resultados da aplicação das medidas mitigadoras.

Tendo em vista a implementação em obra das medidas de mitigação do risco, será ainda
proposto um Plano de Formação continua de todos os colaboradores.

Finalmente, será efetuada uma conclusão do trabalho efetuado, evidenciando as


dificuldades encontradas, os resultados obtidos e sua utilidade na aplicação em futuros
trabalhos desta natureza.
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Pretende-se assim, que o resultado final deste trabalho possa futuramente integrar os
Planos de Segurança e Saúde em obra para as atividades de dragagem e terraplanagem
costeiras, contribuindo dessa forma para a redução do número de acidentes de trabalho e
doenças profissionais.

Palavras-chave: Análise de Riscos, Identificação de Perigos, Avaliação e Análise de


Riscos, Terraplanagem, Aterro Hidráulico, Dragagem, Acidente de Trabalho.

III
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

ABSTRACT

The choice of this theme is related to the fact that the activity of dredging and pumping
sediments ashore is increasingly sought after, when the intention is to gain land from the
sea, namely, for the implementation of new harbors, airports, industrial plants, real estate
projects and in coastal defense activities.

Like any work activity, this one also carries its dangers and inherent risks.

Thus, the proposed work aims to exhaustively identify the dangers and risks inherent in
this type of activity, propose mitigating measures properly implemented using a Training
Plan directed at tasks that entail the most risks.

The identification of hazards and consequent risks will be done by a mixed method, which
includes direct observation on site and brainstorming, through meetings held with the
presence of all stakeholders on site, such as the Inspection, the Safety Coordination and the
Contractor’s employees. From this investigation, a risk matrix will be elaborated, which
includes a risk assessment and the proposal of mitigating measures for that risk. The risk
assessment will be performed using the semi-quantitative two-factor method, where the
risk is equal to the product of probability and severity.

An analysis of the results obtained will be carried out, both in the Pre-Control and Post-
Control phases, with a view to ascertaining the results of the application of mitigating
measures.

With a view to implementing risk mitigation measures on site, a continuous training plan
for all employees will also be proposed.

Finally, a conclusion of the work carried out will be made, highlighting the difficulties
encountered, the results obtained and its usefulness in the application in future works of
this nature.

IV
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

It is intended, therefore, that the final result of this work may in the future integrate the
Safety and Health Plans at work for the activities of coastal dredging and earthmoving,
thus contributing to the reduction of the number of work accidents and occupational
diseases.

Keywords: Risk Analysis, Hazards Identification, Risk Assessment, Earthworks,


Hydraulic Landfill, Dredging, Accident at Work.

V
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

ÍNDICE GERAL
RESUMO ............................................................................................................................................ II
ABSTRACT ....................................................................................................................................... IV
ÍNDICE GERAL ................................................................................................................................ VI
ÍNDICE DE TABELAS ..................................................................................................................... VII
ÍNDICE DE FIGURAS .................................................................................................................... VIII
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .......................................................................................... IX
INTRODUÇÃO................................................................................................................................... 1
Objetivos ......................................................................................................................................... 2
Metodologia .................................................................................................................................... 3
Estrutura do Trabalho ..................................................................................................................... 3
1. RESENHA DO ESTADO DA ARTE ............................................................................................ 5
2. METODOLOGIA ...................................................................................................................... 15
2.1. Contextualização ................................................................................................................... 15
2.2. Método de identificação de riscos ......................................................................................... 15
2.3. Método de avaliação de riscos .............................................................................................. 16
2.4. Métodos escolhidos ............................................................................................................... 18
3. CASO DE ESTUDO ................................................................................................................... 19
3.1. Importância das condições locais para a segurança ....................................................... 20
3.2. Identificação dos equipamentos envolvidos ..................................................................... 20
3.3. Identificação dos recursos humanos envolvidos .............................................................. 24
3.4. Horário de laboração ........................................................................................................ 25
3.5. Desenvolvimento dos trabalhos – principais tarefas ........................................................ 26
4. AVALIAÇÃO DE RISCOS ........................................................................................................ 35
4.1. Identificação de Perigos ........................................................................................................ 35
4.2. Identificação de Riscos .............................................................................................................. 37
4.3. Análise e avaliação de riscos ...................................................................................................... 41
5. ANÁLISE DE RESULTADOS ................................................................................................... 43
5.1. Matrizes de risco ....................................................................................................................... 43
5.2. Plano de formação..................................................................................................................... 51
5.2.1. Levantamento das necessidades de formação ........................................................................ 51
5.2.2. Programa do Plano de Formação .......................................................................................... 54
5.2.3. Plano da sessão ................................................................................................................... 55
5.2.4. Ação de Formação .............................................................................................................. 55
5.2.5. Avaliação da ação de formação ............................................................................................ 58
CONCLUSÃO................................................................................................................................... 59
BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................... 61
LEGISLAÇÃO E NORMAS ............................................................................................................. 62
GLOSSÁRIO .................................................................................................................................... 63

VI
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Acidentes graves por setor de atividade ............................................................................ 6
Tabela 2 - Acidentes mortais por setor de atividade .......................................................................... 6
Tabela 3 - Recursos humanos em obra............................................................................................. 25
Tabela 4- Tarefas e perigos associados à operação na draga ........................................................... 35
Tabela 5 - Tarefas e perigos associados à operação no terrapleno ................................................... 36
Tabela 6 - Perigos e respetivos Riscos associados à operação na draga .......................................... 37
Tabela 7 – Perigos e respetivos Riscos associados à operação no terrapleno .................................. 40
Tabela 8 – Escalas de Probabilidade e Severidade........................................................................... 41
Tabela 9 – Níveis de aceitação do risco ........................................................................................... 41
Tabela 10 – Medidas a tomar em função do nível de risco .............................................................. 42
Tabela 11 – Matriz de Riscos para as tarefas desenvolvidas no terrapleno ..................................... 44
Tabela 12 – Matriz de Riscos para as tarefas desenvolvidas a bordo da draga ................................ 47
Tabela 13 – Tabela de tarefas a integrar o Plano de Formação em obra .......................................... 53
Tabela 14 – Tabela resumo do Plano de Formação em obra............................................................ 57

VII
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Acidentes de trabalho fatais e não fatais nos países da EU em 2018................................ 7


Figura 2 – Plataforma de transferência de tripulantes ...................................................................... 10
Figura 3 – Sistema de acoplamento automático de pipelines flutuantes .......................................... 11
Figura 4 - Plataforma hidráulica de recolha dos detritos removidos da cabeça de dragagem .......... 12
Figura 5 – Spreder modular adaptável a vários comprimentos de tubos .......................................... 12
Figura 6 – Sistema de engate adaptado ao tipo de flange usado pela empresa ................................ 13
Figura 7 – Berços com batentes reguláveis para assentamento dos tubos ....................................... 13
Figura 8 – Draga de sucção em marcha (TSHD) em operação de dragagem ................................... 19
Figura 9 – Operação de montagem do pipeline no terrapleno.......................................................... 21
Figura 10 – Sinalização de segurança instalada na delimitação do local da obra ............................ 22
Figura 11 – Equipamentos de movimentação de terras em operação .............................................. 23
Figura 12 – Compressor de alto débito ............................................................................................ 23
Figura 13 – Operação de colocação do pipeline na água ................................................................. 24
Figura 14 – Sinalética de aviso de horário de trabalho .................................................................... 26
Figura 15 – Descarregamento de tubos ............................................................................................ 27
Figura 16 – Aparafusamento dos tubos topo a topo com auxílio das máquinas giratórias .............. 28
Figura 17 – Polpa água/sedimentos a serem descarregados no terrapleno para constituir a pilha de
areia .................................................................................................................................................. 29
Figura 18 – Códigos de marcas e de luzes para sinalização de embarcação com capacidade de
manobra restrita ................................................................................................................................ 30
Figura 19 – Tarefa de acoplamento do pipeline à embarcação ........................................................ 30
Figura 20 – Equipamento enterrado nas areias saturadas................................................................. 31
Figura 21 – Antes ............................................................................................................................. 32
Figura 22 – Depois ........................................................................................................................... 32
Figura 23 – Desmobilização dos tubos de aço ................................................................................. 33

VIII
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS


ACT - Autoridade para as Condições do Trabalho;
AR – Avaliação de Riscos;
AT – Acidente de Trabalho;
CCP – Código dos Contratos Públicos;
CEE – Comunidade Económica Europeia;
DL - Decreto-lei;
DP - Doença Profissional;
DDS – Diálogo Diário de Segurança;
EU – União Europeia;
EN – Norma Europeia;
EPC - Equipamento de Proteção Coletiva;
EPI - Equipamento de Proteção Individual;
IADC – International Association of Dredging Companies;
IMO - International Maritime Organization;
ISO - International Organization for Standardization;
ISM Code – International Safety Management;
ISPS Code – International Ship and Port Facility Security;
MAP – Medidas de Autoproteção;
MARAT – Método de avaliação de riscos e acidentes de trabalho;
NP – Norma Portuguesa;
OHSAS - Occupational Health and safety Management Systems;
OIT - Organização Internacional do Trabalho;
OMS - Organização Mundial de Saúde;
PIB – Produto Interno Bruto;
SHST - Segurança, Higiene e Saúde do Trabalho;
SOLAS - International Convention for the Safety of Life at Sea;
SST - Segurança e Saúde do Trabalho.

IX
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

INTRODUÇÃO

Com a globalização e o aumento das trocas comerciais em redor do globo, diversas


infraestruturas logísticas tiveram de se adaptar à nova realidade. Portos e aeroportos
tiveram de ser construídos e/ou ampliados.
Tendo em conta que são infraestruturas que necessitam de áreas de implantação de
dimensões generosas, por norma estas áreas são conquistadas ao mar.

Também o setor imobiliário tem recorrido à constituição de novos terraplenos para


aumentar a área de construção. Exemplos amplamente conhecidos são as ilhas artificiais
construídas em alguns países dos Emiratos Árabes Unidos.

Outro setor da economia que recorre fortemente à dragagem de sedimentos arenosos é o


setor petrolífero. Países que exploram petróleo próximo à costa, optam por criar a
infraestrutura de exploração sobre ilhas artificiais, construídas com recurso à dragagem de
sedimentos do leito do mar.

Por outro lado, também é prática comum, fazer armazenamento de areia para futuros
trabalhos de aterros, alimentação de praias, comercialização para a construção civil ou em
alguns casos, para a indústria cimenteira.

A construção de qualquer das infraestruturas atrás referidas exige grandes quantidades de


sedimentos arenosos, na ordem das centenas de milhões de metros cúbicos, pelo que a
forma natural para as obter é recorrer a trabalhos de dragagem com bombagem para os
locais a aterrar.

O presente Projeto aborda as questões de segurança, higiene e saúde no trabalho,


especificamente na avaliação e análise de riscos inerentes aos trabalhos de dragagem e
bombagem dos sedimentos para constituição de terraplenos. Este tipo de atividade em
Portugal enquadra-se como um trabalho de construção civil, pelo que estão sujeitos à
aplicação de um leque vasto de legislação sobre SHST, nomeadamente, o Decreto-Lei nº
273/2003, de 29 de outubro, que estabelece as regras gerais de planeamento, organização e

1
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

coordenação para promover a segurança, higiene e saúde no trabalho em estaleiros da


construção, o Decreto-Lei nº 102/2009, de 10 de setembro que regulamenta o regime
jurídico da promoção e prevenção da segurança e da saúde no trabalho e o Decreto-Lei nº
50/2005, de 25 de fevereiro, que estabelece as prescrições mínimas de segurança e de
saúde para a utilização pelos trabalhadores de equipamentos de trabalho.

O presente tema assume extrema importância na atualidade, por se tratar de uma atividade
pouco desenvolvida, principalmente em Portugal, pelo que a análise dos riscos subjacentes
não está totalmente explorada. Acresce ainda, que se trata de um tipo de operação que está
sujeita aos elementos da natureza, que frequentemente se desenvolve num regime de
trabalho de 24/7 (24 horas por dia, 7 dias por semana) e que em parte é executada num
ambiente não controlado.

Frequentemente, os acidentes resultam do facto de as entidades empregadoras não


patrocinarem uma análise adequada dos riscos nos postos de trabalho. Assim sendo, e para
garantir a saúde e segurança de todos os intervenientes, os empregadores devem ter em
especial atenção os princípios gerais de prevenção em matéria de SHST.

A prevenção dos acidentes de trabalho deve ser um tema de grande preocupação para todos
os atores do mundo empresarial, uma vez que estes acarretam elevados custos sociais e
económicos, afetando não só os trabalhadores e suas famílias, como também as próprias
entidades empregadoras, a sociedade e a economia.

Objetivos

Os principais objetivos deste trabalho são os seguintes:

• Identificar os perigos decorrentes da atividade em estudo;


• Identificar e avaliar os riscos inerentes aos perigos encontrados;
• Sintetizar numa matriz os perigos e riscos identificados;
• Apresentar um conjunto de medidas preventivas para diminuir os acidentes de
trabalho e doenças profissionais, contribuindo, assim, para uma melhoria contínua;
• Apresentar um Plano de Formação focado nas tarefas que mais riscos comportam.
2
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Metodologia

O presente Projeto resultou de um trabalho de investigação, distribuído pelas seguintes


etapas:

• Pesquisa bibliográfica relevante para a elaboração do fundamento teórico;


• Acompanhamento direto da execução dos trabalhos de dragagem, bombagem e
constituição de uma pilha de armazenamento de areia sob terrapleno já existente;
• Participação em reuniões de segurança com a presença de todos os intervenientes
em obra (Fiscalização, Coordenação de Segurança e Empreiteiro);
• Participação em diversos DDS1 (Diálogo Diário de Segurança).

Estrutura do Trabalho

A organização do trabalho refletiu-se na metodologia de investigação prévia, pelo que


inclui cinco capítulos, para além de uma introdução e das conclusões, segundo o seguinte
esquema:

Introdução, que inclui o enquadramento ao tema, objetivo, metodologia e estrutura do


trabalho;

Capítulo 1 – Resenha do estado da arte sobre a atualidade da Segurança, Higiene e Saúde


no Trabalho em Portugal e na Europa, bem como a atual legislação aplicável;

Capítulo 2 Metodologias disponíveis para efetuar a identificação e avaliação de riscos e as


metodologias eleitas para elaboração do presente trabalho;

Capítulo 3 – Caso de Estudo;

Capítulo 4 – Avaliação de riscos;

1
DDS – Diálogo Diário de Segurança, tem por finalidade instigar no colaborador a consciencialização envolvendo as suas atividades
quotidianas referentes à sua segurança.

3
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Capítulo 5 – Análise e apresentação dos resultados;

Conclusão.

4
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

1. RESENHA DO ESTADO DA ARTE

Segundo Majumder et al (2013), desde o início da revolução industrial, o risco em locais


de construção continua a ser uma grande preocupação não só devido a um grande número
de acidentes que ocorreram naquela altura, mas também pelas consequências fatais
daqueles acidentes. Atualmente, a maioria das empresas considera a saúde e a segurança
dos seus colaboradores como uma das suas atividades de gestão. A sensibilização do
mercado a esta temática tem de certo modo impulsionado a que as empresas invistam na
gestão do risco, bem como em outras áreas como a qualidade e o ambiente. Diversas
empresas nos seus processos de Procurement exigem que os seus fornecedores sejam
certificados em diversas áreas, tais como a Qualidade (ISO 9001), Ambiente (ISO 14001) e
em Gestão SST (ISO 45001).

A forte concorrência entre empresas em diversos setores, acentuada pela crise financeira
que se iniciou em 2008, tem levado a que diversas empresas tenham procurado formas de
se destacarem das restantes. Uma dessas formas, foi um investimento em sistemas de
gestão controlados e certificados, tais como os acima referidos. Pode-se inferir assim, que
a crise financeira foi um impulsionador da SHT em diversas empresas. Infelizmente esta
conclusão não pode ser generalizada, uma vez que também são conhecidos casos de
empresas que por falta de recursos financeiros, descoraram a aquisição de equipamentos de
proteção individual e coletiva e colocaram os prazos de entrega à frente da segurança.

De acordo com os dados estatísticos da Autoridade para as Condições no Trabalho (ACT),


em 2020 ocorreram 340 acidentes de trabalho graves, sendo o setor da construção
responsável por 118 (35%) dessas ocorrências. Igualmente no mesmo período, ocorreram
121 acidentes mortais, sendo o setor da construção responsável por e 39 dessas mortes
(32%).
Desde o início de 2021 até 1 de Junho foram registados um total de 68 acidentes graves, 25
dos quais no setor da construção e 37 acidentes mortais, 15 dos quais referentes a este
setor.

5
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Tabela 1 - Acidentes graves por setor de atividade Tabela 2 - Acidentes mortais por setor de atividade
CAE 2018 2019 2020 2021 CAE 2018 2019 2020 2021

- CAE ignorada 3 1 2 0 - CAE ignorada 0 1 1 0

A - Agricultura, A - Agricultura,
Produção Animal, Caça, 28 23 16 1 Produção Animal, Caça, 15 16 12 4
Floresta e Pesca Floresta e Pesca

B - Indústrias Extrativas 8 7 8 3 B - Indústrias Extrativas 4 3 2 3

C - Indústrias C - Indústrias
170 154 88 22 37 18 17 10
Transformadoras Transformadoras
D - Eletricidade, Gás, D - Eletricidade, Gás,
Vapor, Água Quente e 3 0 0 1 Vapor, Água Quente e 2 1 0 0
Fria e Ar Frio Fria e Ar Frio
E - Captação, E - Captação,
Tratamento e Tratamento e
Distribuição de Água; 11 12 5 2 Distribuição de Água; 5 2 6 0
Saneamento, Gestão de Saneamento, Gestão de
Resíduos e Despoluição Resíduos e Despoluição

F - Construção 131 153 118 25 F - Construção 44 37 39 15

G - Comércio por G - Comércio por


grosso e a retalho; grosso e a retalho;
Reparação de veículos 64 41 36 3 Reparação de veículos 10 8 10 2
automóveis e automóveis e
motociclos motociclos
H - Transportes e H - Transportes e
28 23 11 2 17 13 12 1
Armazenagem Armazenagem
I - Alojamento, I - Alojamento,
21 9 0 0 5 5 2 0
restauração e similares restauração e similares
J - Atividades de J - Atividades de
Informação e de 2 0 1 0 Informação e de 0 0 1 0
Comunicação Comunicação
K - Atividades K - Atividades
Financeiras e de 1 0 1 0 Financeiras e de 1 0 0 0
Seguros Seguros
L - Atividades L - Atividades
1 4 1 0 0 0 0 0
Imobiliárias Imobiliárias
M - Atividades de M - Atividades de
Consultoria, Científicas, 5 12 8 1 Consultoria, Científicas, 6 0 0 1
Técnicas e Similares Técnicas e Similares
N - Atividades N - Atividades
Administrativas e dos 58 47 30 7 Administrativas e dos 13 8 11 1
Serviços de Apoio Serviços de Apoio
O - Administração O - Administração
Pública e Defesa; Pública e Defesa;
8 9 6 0 2 4 6 0
Segurança Social Segurança Social
Obrigatória Obrigatória

P - Educação 0 0 0 0 P - Educação 0 0 0 0

Q - Atividades de Saúde Q - Atividades de Saúde


2 5 4 0 0 2 0 0
Humana e Apoio Social Humana e Apoio Social
R - Atividades Artísticas,
de Espetáculos, S - Outras Atividades de
4 2 2 1 0 2 2 0
Desportivas e Serviços
Recreativas
T - Atividades das
Famílias Empregadoras
S - Outras Atividades de de Pessoal Doméstico e
2 4 3 0 0 1 0 0
Serviços Atividades de Produção
das Famílias para Uso
Próprio
Total 550 506 340 68 Total 161 121 121 37

Fonte: ACT (Junho de 2021)

6
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

No entanto, este cenário não é exclusivo do mercado de trabalho português. Vários autores
consideram que o setor da construção é uma das indústrias mais perigosas do mundo
(Dong et al., 1995; Brunette, 2004; Waehrer et al. 2007; Sacks et al, 2009).

De acordo com a Eurostat, em 2018 o setor da construção foi o que representou maior
número de acidentes fatais e não fatais com gravidade. Do total de acidentes ocorridos
neste setor, mais de 20% foram fatais e cerca de 12% foram não fatais com gravidade.
Os setores dos transportes e logística e da indústria seguem nas posições seguintes.

Figura 1 – Acidentes de trabalho fatais e não fatais nos países da EU em 2018


Nota: Para a elaboração do gráfico foi assumido acidente não fatal aquele que implicou pelo menos 4 dias de afastamento
do trabalho. Os acidentes não fatais de menor gravidade não fazem parte da estatística deste gráfico.
Fonte: Eurostat (2021)

De acordo com a Autoridade para as Condições no Trabalho, nos países onde existem
elevados níveis de Segurança e Saúde no Trabalho a competitividade das empresas
aumenta e diminuem os custos com os acidentes e as doenças profissionais.

7
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Com a transposição da Diretiva 89/391/CEE, para o direito interno português através do


Decreto-Lei n.º 441/91, de 14 de Novembro, posteriormente alterado pelo Decreto-Lei n.º
133/99, de 21 de Abril, ambos entretanto revogados pela atual Lei n.º 102/2009, de 10 de
Setembro, foram incluídos nove princípios gerais atribuídos às entidades empregadoras,
relativos à prevenção dos riscos profissionais e à proteção da segurança e da saúde, à
eliminação dos fatores de risco e de acidente, ao dever de informação, à consulta e à
participação dos trabalhadores.

Constatou-se na fase de investigação para a execução do presente trabalho que existe uma
lacuna de investigação e informação sobre o tema da segurança, no que se refere às obras
marítimas. Aparentemente, as empresas do setor têm desenvolvido os seus PSS com base
na experiência própria, que têm adquirido ao longo dos anos e não com base em estudos de
investigação, que tenham tido origem em equipas multidisciplinares, por forma a ter um
documento robusto que abarque todas as especialidades das obras marítimas.
Vale ressaltar que as empresas dragadoras, por operarem navios sem restrições de
navegação ao redor do mundo, já estão sujeitas ao cumprimento de diversos tratados,
regulamentos e convenções, tais como, a International Convention for the Safety of Life at
Sea (SOLAS), a International Maritime Organization (IMO), o International Ship and Port
Facility Security (ISPS) Code, o International Safety Management (ISM) Code, para citar
os mais importantes.

Ao nível da literatura de investigação foi encontrada uma publicação sobre este tema,
(Cruickshank, I., Cork, S.,2005), intitulada “Construction health and safety in coastal and
maritime engineering”, e patrocinada por diversas entidades públicas e privadas britânicas.
É uma investigação genérica sobre diversos tipos de trabalhos marítimos, focando-se
bastante na
Esta publicação foi, assim, financiada pelo Departamento de Comércio e Indústria (Dti),
Agência Ambiental (EA), Departamento de Meio Ambiente, Alimentos e Assuntos Rurais
(Defra), entre mais de uma dezena de organismos públicos do Reino Unido e diversas
empresas privadas do setor. Segundo os seus autores,
“Os trabalhos de construção costeira e marítima são particularmente
perigosos devido à natureza hostil e por vezes imprevisível do ambiente em que

8
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

são realizados. No momento, há pouca orientação específica relacionada à


saúde e segurança disponível para ajudar projetistas, supervisores de
planeamento, empreiteiros e outras partes interessadas a garantir que o
trabalho neste setor seja realizado de maneira segura.”

Ainda assim, aquele documento apenas aborda as questões de segurança em traços gerais,
deixando recomendações a projetistas e empreiteiros, cabendo a estes aprofundar os
perigos e os inerentes riscos de cada especialidade das obras marítimas.

Por forma a sustentar a credibilidade deste trabalho, a investigação foi direcionada para as
empresas atuantes no setor internacional de dragagens, tendo sido possível obter excertos
de Planos de Segurança elaborados por essas empresas, nomeadamente, matrizes de risco
focadas nas tarefas dentro de navios. Não sendo bibliografia de acesso público, foi
assumida neste projeto como informação bastante credível, não fosse a mesma
desenvolvida pelas partes com maior experiência em avaliar riscos e a procurar processos
de os minimizar ou suprimir.

Numa investigação mais alargada, foi encontrada nas regulares publicações da


International Association of Dredging Companies (IADC) a atribuição do prémio IADC
SAFETY AWARDS, que visa premiar as empresas que desenvolvem novos equipamentos
e metodologias de operação que minimizam os acidentes de trabalho e as doenças
profissionais.
As empresas do setor têm demonstrado grande interesse em apostar continuamente na
prevenção de acidentes e doenças profissionais, levando em 2015 a IADC a criar um
prémio anual para as empresas que desenvolveram equipamentos e processos de operação
que visem diminuir ou suprimir os riscos de acidente no desenvolvimento de diversas
tarefas.
Em 2021 aquela associação recebeu 15 submissões de processos inovadores relacionados à
segurança e higiene no trabalho, provenientes de diversas empresas atuantes no setor. As
submissões poderão ser consultadas na web page da IADC em https://www.iadc-
dredging.com/news/nominations-safety-award-2021/

9
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

A título de exemplo, transcreve-se algumas inovações premiadas nos últimos anos por
aquela Associação (IADC Safety Awards):

Em 2021 a empresa Jan de Nul foi premiada pela conceção de uma plataforma para fazer a
transferência de tripulantes entre os cais e as embarcações e vice-versa, adaptada a todos os
cabeços de amarração, minimizando o risco de queda à água.
Fonte: Website da IADC em https://www.iadc-dredging.com/news/jan-de-nul-and-keppel-fels-
winners-of-the-iadc-safety-awards-2021/

Figura 2 – Plataforma de transferência de tripulantes

Em 2020 o IADC Safety Awards foi cancelado devido ao estado pandémico provocado pelo
COVID19.

Em 2019 a empresa Boskalis BV foi a premiada pela conceção de um sistema de conecção de


pipelines flutuantes, eliminando os riscos da operação manual.

Fonte: Website da IADC em https://www.iadc-dredging.com/news/floating-line-


connecting-system-of-boskalis-winner-of-the-iadc-safety-award-2019/

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Figura 3 – Sistema de acoplamento automático de pipelines flutuantes

2018 a empresa Van Oord foi premiada por conceber uma plataforma de recolha dos
detritos removidos da cabeça de dragagem, evitando que a tripulação tenha que os carregar
manualmente para a área de depósito. Esta plataforma tem um funcionamento hidráulico,
levando os detritos até à área de depósito automaticamente.
Fonte: Website da IADC em https://www.iadc-dredging.com/video/safety-award-van-
oord-debris-removal-platform/

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Figura 4 - Plataforma hidráulica de recolha dos detritos removidos da cabeça de dragagem

Em 2017 a empresa Jan de Nul foi premiada pela conceção de sistema mais seguro para o
carregamento dos tubos de aço em camiões, evitando que os colaboradores tenham que se
aproximar dos mesmos para auxiliar na operação. O sistema inclui um spreder com o mesmo
comprimento dos tubos, ganchos de engate desenhados para encaixar perfeitamente nas flanges
que a empresa usa nos seus tubos e berços com batentes regulaveis para assentamento dos
tubos, podendo ser adaptado para diversos diâmetros.

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=VlixFOCiWGA

Figura 5 – Spreder modular adaptável a vários comprimentos de tubos

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Figura 6 – Sistema de engate adaptado ao tipo de flange usado pela empresa

Figura 7 – Berços com batentes reguláveis para assentamento dos tubos

Após uma breve consulta ao website da IADC, nomeadamente, na aba referente ao Safety é
possível perceber que, apesar de academicamente não existir informação relacionada com
a higiene e segurança dedicada a este tipo de atividade, as empresas do setor têm
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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

demonstrado uma grande dinâmica em redor das inovações tecnológicas em prol da


segurança dos seus funcionários. Desde 2015, ano que foi criado o IADC Safety Awards,
são apresentadas anualmente mais de uma dezena de inovações tecnológicas relacionadas à
higiene e segurança no trabalho.
Informações mais detalhadas sobre os processos premiados e os demais concorrentes,
podem ser consultados no website da IADC em https://www.iadc-
dredging.com/tag/article+safety/

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2. METODOLOGIA

2.1. Contextualização

A NP ISO 31000:2018 que estabelece as linhas orientadoras para a Gestão do Risco, define
que a apreciação do risco (risk assessment) divide-se em 3 elementos; a identificação do
risco, a análise do risco e a avaliação do risco.
A NP EN 31010:2016 estabelece as técnicas de apreciação de risco e assume que a
apreciação do risco é efetuada de acordo com a estrutura e o processo de gestão de risco
descritos na ISO 31000.
Cabe a cada organização estabelecer os seus parâmetros básicos para gerir o risco,
nomeadamente a aceitabilidade do risco, ou seja, qual o limite de risco que a organização
considera aceitável. Este estabelecimento de parâmetros é elaborado tendo em conta a
política de segurança da empresa, os seus valores e a sua missão. Mas não só os fatores
internos deverão ser tidos em conta. Fatores externos, tais como, os culturais, políticos,
legais, concorrenciais e os valores das partes interessadas (por exemplo os clientes da
organização), devem ser tidos em conta aquando do estabelecimento dos parâmetros de
aceitabilidade do risco.
Para a elaboração do presente trabalho foram estabelecidos os parâmetros de aceitabilidade
do risco constantes do ponto 5, Avaliação de Riscos.

2.2. Método de identificação de riscos

Para a identificação de perigos e riscos inerentes a qualquer atividade estão à disposição


diversos métodos; entre os mais utilizados estão o brainstorming, as entrevistas aos
colaboradores, listas de verificação (checklist) já existentes, revisão de dados históricos,
realização de inquéritos, metodologia HAZOP2, metodologia DELPHI3, observação direta
do desenvolvimento dos trabalhos e da forma como são executadas as tarefas, entre outros.

2 HAZOP - Hazard and Operability Study é uma forma sistemática de identificar possíveis perigos num
processo. Este método tem uma grande aplicação na indústria química.
3 A metodologia Delphi é um procedimento para obter um consenso fiável das opiniões de um grupo de

peritos.
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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Para a elaboração do presente trabalho optou-se por um método misto, envolvendo a


observação direta em obra e o brainstorming, através de reuniões efetuadas com a presença
de todos os intervenientes em obra (Fiscalização, Coordenação de Segurança e
colaboradores do Empreiteiro) e os DDS com todos os colaboradores, onde no início de
cada turno, um colaborador tinha a incumbência de falar para o grupo durante 5 minutos
sobre as tarefas diárias a desenvolver e os riscos inerentes a essas tarefas, bem como sobre
as precauções a tomar e os EPI’s a usar.

Previamente à identificação dos riscos torna-se necessário identificar os perigos existentes


em cada tarefa. Para tal foi recolhida diversa informação sobre a atividade, nomeadamente:

• Projeto de execução;
• Condições locais (marés, correntes, ventos e previsões meteorológicas diárias)
• Condicionantes do local (vias de acesso, existência ou não de dunas, plataforma de
areia disponível para execução dos trabalhos preparatórios);
• Procedimentos gerais de segurança para a atividade;
• Equipamentos em obra;
• Meios humanos disponíveis;
• Formação disponibilizada.

Na etapa seguinte foi reunida e analisada toda a informação obtida, a qual permitirá
elaborar uma checklist com os perigos que foram identificados e os consequentes riscos daí
advindos.

2.3. Método de avaliação de riscos

Os métodos de avaliação de riscos podem ser qualitativos, quantitativos ou semi-


quantitativos.

Os métodos qualitativos baseiam-se em dados estatísticos prévios associados aos riscos


profissionais (por exemplo, informação da sinistralidade dentro da organização, dados de
sinistralidade desse setor de atividade, fornecidos por entidades credíveis ou baseados em

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

informações prestadas pelos trabalhadores). São adequados para avaliações simples e


podem ser complementadas posteriormente com outros métodos. Descrevem ou
esquematizam os fatores de risco e medidas preventivas ou corretivas, mas não se procede
à quantificação.

Os métodos quantitativos têm como objetivo obter um resultado numérico da magnitude


do risco, ou seja, quantificá-lo, usando técnicas de cálculo matemático, que assimilam
dados sobre as variáveis consideradas. No entanto, estas técnicas podem ser complexas,
trabalhosas, consumirem muitos recursos e serem dispendiosas (além de exigirem dados
prévios fiáveis e representativos). A quantificação do risco é feita através da probabilidade
de ocorrência do acidente e a respetiva valoração, sendo por vezes também estimados os
danos expectáveis. Neste grupo podem ser referidos os modelos de falhas, método de
Gretener, HAZOP, “árvores lógicas”, entre outros.

Por sua vez, nos métodos semi-quantitativos, são criados índices para situações de risco e
são elaborados planos de atuação para hierarquizar o risco. Os mais comuns são o método
de William T. Fine e a Metodologia de Avaliação de Riscos e Acidentes de Trabalho
(MARAT). Este método deve ser escolhido quando os métodos qualitativos são
insuficientes e quando os quantitativos não são adequados (por exemplo pela
complexidade, custo e insuficiência de recursos). Este método estima o Nível do Risco
(NR) através da multiplicação Nível de Severidade (NS) pelo Nível de probabilidade (NP).
Por sua vez o Nível de Severidade é calculado multiplicando o Nível de Exposição (NE)
pelo Nível de Deficiência (ND).

Tendo em conta que o tipo de atividade em estudo é repetitiva, independentemente do local


do globo onde se desenvolva, os perigos e os riscos associados são muito similares, ou
seja, a experiência dos técnicos de segurança neste tipo de atividades é muito importante.
Ainda assim, quando se trata de segurança, nunca esta deve ser descurada pelo facto de
haver uma elevada experiência por parte dos executantes … os acidentes acontecem
também por excesso de confiança.

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Neste sentido, para a avaliação dos riscos optou-se pelo método semi-quantitativo de dois
fatores, onde o risco corresponde á multiplicação da probabilidade pela severidade.

2.4. Métodos escolhidos

Para a identificação dos perigos optou-se por um método misto tendo em conta que se
torna mais abrangente relativamente a outros métodos mais complexos e baseados em
estudos existentes, que no caso particular e como já citado, não foi possível encontrar. Por
outro lado, o método misto adapta-se perfeitamente à atividade em análise, uma vez que
envolve diretamente todos os intervenientes no processo.

Relativamente ao método escolhido para efetuar a avaliação de riscos, optou-se por um


método semi-quantitativo porque a utilização de somente dois fatores permite uma fácil
interpretação dos resultados obtidos, possibilitando uma rápida intervenção na prevenção
dos riscos.
Apesar da sua simplicidade, este método adapta-se perfeitamente à dinâmica da atividade
em apreço, tendo em conta que os trabalhos desenvolvem-se em áreas amplas, ao nível do
solo e os perigos e riscos não se alteram significativamente com a mudança de local. Por
outro lado, métodos com mais variáveis, como por exemplo considerar o tempo de
exposição, tornam-se menos percetíveis para quem consulta e apresentam uma maior
dificuldade de interpretação dos resultados, para um documento que se espera de fácil
leitura e entendimento, para todos os intervenientes no processo.

Desta forma, os métodos escolhidos para identificação dos perigos e análise dos riscos, são
os mais adequados à atividade em análise, apesar de não serem os mais complexos e
provavelmente os mais cientificamente acreditados, de entre os disponíveis na esfera da
Segurança e Saúde no Trabalho.

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

3. CASO DE ESTUDO

O Caso Estudo é uma obra de dragagem de manutenção de uma bacia portuária, na


Península de Setúbal, em que os sedimentos dragados foram bombeados para um
terrapleno adjacente ao cais, com vista a criar uma pilha de armazenamento de areia que no
futuro poderá servir para múltiplos fins, nomeadamente, a alimentação artificial de praias.

Uma atividade com estas características tem duas frentes de trabalho; uma em meio
marinho e; outra em meio terrestre.
Desta forma, também os equipamentos se definem por equipamentos marítimos e
equipamentos terrestres.
No que toca aos equipamentos marítimos, nesta empreitada foi utilizada uma draga de
sucção em marcha TSHD (trailling suction hopper dredger) com capacidade de porão de
1500 m3 e potência total instalada de 5046 kW, dos quais 2350 kW estão associados à
potência de bombagem.
O navio tem 75 metros de comprimento e é operado por 7 tripulantes.

Figura 8 – Draga de sucção em marcha (TSHD) em operação de dragagem

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

A área de estudo deste trabalho abrange não só os trabalhos desenvolvidos em terra, bem
como a atividade dentro da embarcação, muito embora esta já seja regulamentada por
convenções, tratados e regulamentos internacionais específicos.

3.1. Importância das condições locais para a segurança

As empreitadas de obras marítimas, pela sua localização física e pelos tipos de


equipamentos usados, sempre mereceram uma especial atenção no que toca à segurança
(ou falta dela) e saúde no trabalho, relativamente a outro qualquer tipo de obras de
construção. Se por um lado são obras que se desenvolvem junto ao mar e estão sujeitas a
todo o tipo de fenómenos da natureza, por outro, utilizam equipamentos de grande porte,
terrestres e marítimos, tais como gruas, dumpers, buldozers, pontões flutuantes, batelões,
docas secas, rebocadores, dragas, entre outros, que envolvem outros tipos de riscos. Por
esta razão, quando acontecem acidentes, estes têm sempre dimensões e consequências
devastadoras.

O caso em estudo é um caso particular de obra marítima. São vários os fatores que o
tornam particular, destacando-se o facto de se desenvolver em regime de 24 horas, o solo
onde circulam máquinas e pessoas é areia solta e instável podendo ser movediça, estar
permanentemente sujeita à variação de maré, que afeta diretamente as operações a cada 6
horas, os trabalhos desenvolvem-se numa área onde são descarregados milhares de metros
cúbicos de mistura água/areia em apenas uma hora, acarretando riscos acrescidos da
existência de areias movediças e a existência de máquinas de grande porte a operar sobre
uma pilha de areia com vários metros de altura.
Excluindo as operações com equipamentos terrestres de grande porte, que é comum a
qualquer obra marítima, este caso estudo em particular é ainda afetado pelos fatores acima
referidos.

3.2. Identificação dos equipamentos envolvidos

Conforme já referido, como equipamento principal e fundamental na execução deste


trabalho, foi utilizada uma draga de sucção em marcha com porão de 1500 m3 de

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

capacidade. Neste tipo de atividade este equipamento é classificado como de pequeno


porte, tendo em conta que existem no mercado equipamentos com capacidades de porão
superiores a 40.000 m3.
Na construção do pipeline foi utilizada uma escavadora giratória de 30 toneladas para
movimentação dos tubos e colocação dos mesmos na posição de acoplamento.

Figura 9 – Operação de montagem do pipeline no terrapleno

Este pipeline é constituído por tubos de aço de 12 metros de comprimento e 660 mm de


diâmetro, aparafusados topo a topo, até perfazer o comprimento necessário. Nesta obra foi
necessário preparar um pipeline com 300 metros de comprimento, constituído pelos tubos
de aço acima referidos e por alguns tubos de borracha, uma vez que é necessário haver
flexibilidade para fazer curvas e atenuar esforços.

Relativamente ao estaleiro, este é composto por um contentor ferramentaria e alguns


acessórios e tem de acompanhar a frente de obra, ou seja, não se trata de um estaleiro
tradicional fixo. Todo o terrapleno de intervenção de obra foi devidamente vedado com
rede plástica e colocada a sinalização de segurança conveniente a evitar a entrada de
pessoas estranhas à obra.

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Figura 10 – Sinalização de segurança instalada na delimitação do local da obra

Na execução dos trabalhos encontram-se os tradicionais equipamentos de movimentação


de terras; buldózeres, escavadoras giratórias, bem como ainda, compressores, geradores e
diversas ferramentas manuais.

Nesta obra para a movimentação e acondicionamento dos sedimentos na pilha foram


utilizados dois buldózeres e duas escavadoras giratórias a operar 24 horas.

Para a execução do trabalho noturno foi usado um gerador para alimentação de diversos
pontos de luz para possibilitar o trabalho noturno com segurança.

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Figura 11 – Equipamentos de movimentação de terras em operação

Previamente ao início dos trabalhos de dragagem e bombeamento dos sedimentos foi


necessário colocar o pipeline na água, uma vez que o mesmo foi montado em terra. Para
esta operação foi usado um compressor de alto rendimento, com o qual foi injetado ar
dentro da tubagem para que a mesma ficasse em flutuação e desta forma fosse possível
rebocá-lo para a posição correta.

Figura 12 – Compressor de alto débito

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Esta operação foi efetuada com uma escavadora giratória do lado de terra e com o apoio da
draga do lado do mar. Após alinhar o pipeline na posição que se pretendia, o ar foi retirado
do seu interior e o mesmo afundou naquela posição.

Figura 13 – Operação de colocação do pipeline na água

3.3. Identificação dos recursos humanos envolvidos

Muito embora este tipo de atividade tenha uma forte componente mecânica, a mão de obra
é indispensável, sendo que os principais perigos estão na articulação entre estas duas
componentes.
No entanto, há um fator favorável, que se prende com o facto dos trabalhos se
desenvolverem numa área exterior, ampla, ao nível do solo e sem acumulação de
colaboradores em simultâneo na mesma atividade.
Nesta empreitada, na operação dos trabalhos terrestres, intervieram um Engenheiro
Responsável Técnico (Civil), um Técnico Superior de Segurança e Higiene no Trabalho,
um Encarregado, um Chefe de Equipa, seis Manobradores de Máquinas e três Serventes,
em turnos de 8 horas. No entanto, em simultâneo estiveram apenas entre 4 a 6
colaboradores em obra, distribuídos por uma área significativa. Sempre que possível, cada
tarefa que envolva manuseamento de tubos e equipamentos pesados, não deve de ser

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

executada por mais de dois colaboradores, por forma a reduzir as consequências em caso
de acidente.
Na operação da draga intervieram um Comandante, um Imediato, um Engº de Máquinas,
três Marinheiros e um Cozinheiro.
Na tabela abaixo é apresentada a compilação da equipa de colaboradores intervenientes em
obra:
Tabela 3 - Recursos humanos em obra

Categoria Profissional/Função Nº de colaboradores

Engenheiro Responsável Técnico (Civil) 1


Engenheiro de Segurança e Higiene no Trabalho 1
Encarregados 1
Chefes de equipa 1
Operadores de máquinas 6
Serventes 3
Comandante 1
Imediato 1
Engº de Máquinas 1
Marinheiros 3
Cozinheiro 1

3.4. Horário de laboração

Tratando-se de uma atividade que envolve equipamentos marítimos, com custos de


aquisição, amortização e operação avultados, este tipo de atividade desenvolve-se no
regime de horário de trabalho 7/24, ou seja, 7 dias por semana, 24 horas por dia. Desta
forma, os colaboradores operam em regimes de turnos, de acordo com os contratos
coletivos de trabalho e a legislação laboral nacional.

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Figura 14 – Sinalética de aviso de horário de trabalho

3.5. Desenvolvimento dos trabalhos – principais tarefas

Em traços gerais o desenvolvimento dos trabalhos é executado em três fases principais;


chegada dos tubos de aço para montagem do pipeline; dragagem e bombagem dos
sedimentos para terra; desmontagem do pipeline e carregamento dos tubos em veículos
pesados articulados.

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Figura 15 – Descarregamento de tubos

As principais tarefas inerentes à primeira fase são as que acarretam mais riscos,
principalmente devido a duas causas; a primeira está ligada com a inexperiência de alguns
dos colaboradores, porque em muitos casos, nunca trabalharam numa obra desta natureza e
a segunda causa, de carater técnico, refere-se às condições físicas do local disponível para
executar a descarga dos tubos, uma vez que os veículos pesados que os transportam e a
máquina giratória, podem não estar a operar em terreno firme e plano.
Os veículos pesados chegam à obra com um peso bruto a rondar as 30 toneladas e a
máquina giratória pesa entre 25 a 30 toneladas. Quando o terreno não é firme e plano,
existe um risco considerável de queda dos tubos, quando são retiradas as cintas de
transporte. Esta operação tem de ser sempre coordenada pelo encarregado e nenhuma cinta
poderá ser desapertada sem a sua ordem.
Nesta fase ainda se incluem o transporte e a distribuição dos tubos pelo terrapleno e os
trabalhos de aparafusamento topo a topo dos tubos, que comportam diversos riscos devido
à proximidade entre os trabalhadores e os tubos de aço que são movimentados pelas
máquinas giratórias. Acidentes como entalamentos ou esmagamentos podem ser frequentes
se a operação não obedecer a todas as regras de segurança. É imprescindível que todos os

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

intervenientes estejam concentrados na operação e que os operadores das máquinas tenham


dentro do seu campo de visão, todos os funcionários.
A terminar esta fase dos trabalhos preparatórios está a operação de colocação do pipeline
em meio imerso, com recurso aos equipamentos pesados em terra e à draga no mar (Figura
13).

Figura 16 – Aparafusamento dos tubos topo a topo com auxílio das máquinas giratórias

A segunda fase de desenvolvimento dos trabalhos pode-se considerar que é a que comporta
um menor número de acidentes, muito embora, quando ocorrem, possam ser de maior
gravidade. É a fase de dragagem e repulsão da mistura água/areia da draga para terra e o
seu espalhamento de acordo com o perfil de pilha constante do projeto de execução.

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Figura 17 – Polpa água/sedimentos a serem descarregados no terrapleno para constituir a pilha de areia

Aparentemente parece não haver nada de extraordinário nesta tarefa, não fosse o facto de a
cada 2 horas serem bombeados cerca de 5.000 m3 de mistura água/areia. A água é
devolvida ao meio hídrico e os 1500 m3 de areia de cada carga ficam retidos na pilha de
sedimentos. Este é o ritmo de trabalho durante 24 horas por dia, 7 dias por semana, 30 dias
por mês.

Uma vez que uma draga do tipo da usada nesta empreitada é classificada como sendo um
navio, embora com especificidades diferentes dos navios de transporte de mercadorias, esta
está sujeita a todos os regulamentos internacionais como qualquer navio, acrescidos de
regulamentos específicos para trabalhos de dragagem no mar. Entre as normas de
segurança a serem atendidas sobressai a sinalização da draga enquanto está a executar
operações de dragagem, ou seja, as outras embarcações precisam ser avisadas que há um
equipamento de dragagem naquele local, a navegar a baixa velocidade e em manobras
constantes de mudança de rumo. Uma vez que a draga opera de dia e de noite existem dois
tipos de avisos à navegação para a identificar; de dia são usadas as marcas no mastro
principal da draga (círculo, losango, círculo) e no período noturno é ainda usado o código
de luzes verticais vermelha, branca, vermelha, conforme mostrado na Figura 18.

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Figura 18 – Códigos de marcas e de luzes para sinalização de embarcação com capacidade de manobra
restrita

Conforme já referido, esta fase dos trabalhos é a que acarreta menos perigos, embora sejam
de destacar essencialmente dois; a operação de acoplamento/desacoplamento do pipeline
na draga a cada descarga e a movimentação dos equipamentos de terraplanagem dentro da
bacia de decantação da pilha de sedimentos.

Figura 19 – Tarefa de acoplamento do pipeline à embarcação

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

A operação de acoplamento e desacoplamento do pipeline é um trabalho em que os


tripulantes têm de operar sobre passarela metálica existente na proa da draga e operar os
guinchos que içam a balljoint de acoplamento. Uma vez que esta operação é efetuada sob
qualquer condição de mar e sob qualquer condição atmosférica, a mesma pode tornar-se
perigosa em função dessas condições.

Relativamente à operação de acondicionamento dos sedimentos na pilha, esta requer que as


máquinas tenham que se movimentar dentro da bacia de decantação, que frequentemente
fica saturada com água, tornando-se um local com pouca resistência a cargas pesadas.
Quando este fenómeno acontece é frequente que as máquinas fiquem enterradas. Por
norma, estes incidentes não são graves e raramente se perde definitivamente um
equipamento ou ocorre algum dano físico ao operador do mesmo.

Nesta empreitada tal situação ocorreu uma vez, tendo uma escavadora giratória ficado
enterrada. O operador foi de imediato retirado de dentro do equipamento. Com a
colaboração de outra máquina similar foi possível recuperar o equipamento acidentado sem
qualquer dano para o mesmo.

Figura 20 – Equipamento enterrado nas areias saturadas

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Conforme já referido, em termos de segurança, esta fase dos trabalhos é a que apresenta
menos riscos. Isto porque, por um lado estão em permanência poucos colaboradores em
obra e por outro, quase todas as tarefas são executadas pelos equipamentos de
terraplanagem, havendo pouca intervenção de trabalho braçal. Salvo qualquer imprevisto,
somente as operações de acoplamento de novos tubos ao pipeline e os deslocamentos do
mesmo, carecem da presença dos colaboradores junto das máquinas.
Desta forma, a reduzida exposição dos colaboradores aos riscos, reduz a probabilidade de
ocorrência de acidentes.
Como medida preventiva, no período de trabalho noturno não são efetuadas manobras de
movimentação da tubagem, uma vez que é uma manobra que comporta alguns riscos e
mesmo havendo uma iluminação adequada, é de todo desaconselhado qualquer destas
atividades.

Após 45 dias de operação foi possível concluir os trabalhos, tendo sido dragados mais de
460.000 m3 de sedimentos e acondicionados em duas pilhas de armazenamento.
Nas figuras 21 e 22 abaixo é notória a diferença do terrapleno antes e depois de concluída a
empreitada.

Figura 21 – Antes Figura 22 – Depois

Relativamente a incidentes, não houve a registar qualquer incidente ou quase acidente com
os colaboradores presentes na empreitada. Apenas há a referir o incidente com a
escavadora giratória, que por acontecer com regularidade neste tipo de atividade, é
encarado com tranquilidade, seguindo-se os procedimentos pré-definidos para retirar o
operador em segurança e posteriormente o recuperar o equipamento.

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

A terceira fase de execução dos trabalhos é a desmobilização de todos os equipamentos. O


pipeline tem de ser colocado em flutuação e removido da água para terra para que a equipa
de montadores possa dar início à separação dos tubos. Os tubos de aço com os seus 12
metros de comprimento e cerca de 2 toneladas cada um, são transportados pelas máquinas
giratórias até ao local de carregamento nos veículos pesados. Esta fase, como a primeira,
também comporta diversos riscos, sendo que os principais fatores são o cansaço e a
ansiedade de terminar os trabalhos, podendo levar a precipitações e a contornar as regras
de segurança.

Figura 23 – Desmobilização dos tubos de aço

Se descarregar os tubos no início dos trabalhos comporta diversos riscos, a tarefa de os


carregar, infelizmente, não comporta menos. Os tubos têm de ser colocados nos camiões e
nem sempre é possível estabilizar os veículos completamente nivelados. Esta operação é
efetuada com recurso a travessas e palmetas de madeira que permitem estabilizar cada tubo
antes de colocar o próximo. Cada camião transporta 8 tubos num perfil de carga de 3+3+2,
devidamente cintados. Apenas quando estão colocados os três tubos da primeira fila,
podem ser colocadas as primeiras cintas, para garantir que não há queda da carga. A
segunda e terceira filas de tubos seguem a mesma metodologia, mas em maior altura.

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

O apoio ao carregamento é efetuado com dois colaboradores no chão e um em cima do


camião. Este último tem de estar sempre no campo de visão do operador da escavadora,
por forma a poderem comunicar por sinais, previamente acordados. O condutor do camião
deve manter-se afastado da operação e apenas pode intervir para colocar e apertar as cintas.

De um modo geral foram estas as tarefas mais significativas no processo de dragagem e


repulsão de sedimentos com o objetivo de constituir uma pilha de armazenamento de areia,
para diversas utilizações futuras.
Genericamente as atividades aqui referidas são as mesmas em trabalhos desta natureza,
independentemente do local de execução. A metodologia pode ter algumas alterações, em
função da capacidade da draga alocada, da tipologia do terreno e das condicionantes locais
(granulometria da areia, área disponível e agitação marítima), mas as tarefas principais são
as aqui enunciadas.

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

4. AVALIAÇÃO DE RISCOS

4.1. Identificação de Perigos

Conforme referido anteriormente, para a identificação dos perigos e dos riscos optou-se
por um método misto, envolvendo a observação direta em obra e o brainstorming, sendo a
informação recolhida cruzada com matrizes de risco desenvolvidas por empresas
internacionais atuantes no setor das dragagens, principalmente no que toca às tarefas
desenvolvidas a bordo de dragas de sucção em marcha (TSHD).
Dessa investigação foram produzidas as tabelas abaixo com a identificação de todos os
perigos a bordo da draga e na operação terrestre.

Tabela 4- Tarefas e perigos associados à operação na draga

TAREFAS PERIGOS

Formação das tripulações • Tripulações sem formação


Uso de vestuário adequado (EPI) • Uso incorreto dos EPI
Conformidade com as políticas específicas • Não conformidade com as políticas e
do cliente e seus Procedimentos internos procedimentos do cliente
Operação a bordo das embarcações • Tripulações sem formação
Navegação e/ou manobras • Presença de embarcações de recreio
durante as operações.
• Falha no motor da embarcação ou na
rede de energia.
Operação na casa de máquinas • Ruídos e vibrações. Partes móveis.
Ambiente com altas temperaturas.
Presença de combustível, óleo e
lubrificantes.
Pontos de esmagamento. Superfícies
ou elementos escorregadios.
Condições meteorológicas • Chuva forte
• Eventos climáticos extremos
• Ondulação
• Trovoadas elétricas
• Calor/Humidade
Produção de resíduos a bordo • Resíduos
Manuseamento e armazenamento de • Hidrocarbonetos e seu
hidrocarbonetos ou produtos químicos. armazenamento.
Transferência de tripulantes draga/terra e • Embarcação em movimento,
vice-versa ondulação, correntes

35
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

• Queda à água
• Queda no convés
Emergência médica • Procedimentos e exercícios de
emergência não treinados
Abastecimento de combustível • Fogo
• Explosão
• Derramamento de combustível
Entrar e/ou trabalhar em espaços • Potencial presença de fumos
confinados. • Níveis baixos de oxigênio
• Combustíveis e contaminantes
tóxicos presentes no ar.
Trabalhos com altas temperaturas • Eletrocussão
• Cortes
• Proximidade à água
• Inalação de vapores
• Faíscas
• Pó de esmerilamento e/ou limalhas.
Operações com o(s) tubo(s) de sucção • Corrente
• Águas rasas
• Tubos de sucção subindo e descendo
do convés
Operação de limpeza das cabeças de • Proximidade à água
dragagem • Guindaste do navio
• Objetos em queda (resíduos de
dragagem)
• Trabalhos em altura

Tabela 5 - Tarefas e perigos associados à operação no terrapleno

TAREFAS PERIGOS

Montagem, manutenção e desmontagem do • Máquinas em movimento com


estaleiro cargas suspensas
Movimentação de terras • Máquinas em movimento
• Geradores em operação no horário
noturno
Montagem e desmontagem das linhas de • Máquinas em movimento com
tubagem para repulsão dos sedimentos cargas suspensas
dragados • Movimentação de tubos de aço ao
nível do solo
• Trabalho braçal de aperto de
parafusos ø 32 mm
Soldaduras e cortes de tubagens em • Operação com máquinas de soldar
ambiente próximo à linha de maré • Operação com rebarbadoras
• Operação com maçaricos

36
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Deslocamentos do pipeline • Máquinas em movimento com


cargas arrastadas
• Injeção de ar comprimido no
pipeline para flutuação do mesmo
Repulsão da mistura água/sedimentos para o • Areias movediças na zona de
terrapleno descarga do pipeline
Vedação da área de intervenção • Presença de pessoas estranhas à obra
na envolvente da mesma
Carregamento de tubos de aço em veículos • Máquinas em movimento com
pesados articulados cargas suspensas
• Movimentação de veículos
rodoviários pesados
• Trabalhos em altura
• Acondicionamento da carga

4.2. Identificação de Riscos

Partindo dos perigos atrás identificados, foram considerados os riscos inerentes, conforme
tabelas abaixo, igualmente separadas pelo tipo de atividade; dentro da embarcação e no
terrapleno.
Tabela 6 - Perigos e respetivos Riscos associados à operação na draga

PERIGOS RISCOS

Tripulações sem formação • Violação de procedimentos,


resultando em lesões nos
colaboradores e/ou danos no
equipamento
Uso incorreto dos EPI • Lesões corporais
Não conformidade com as políticas e • Violação de procedimentos,
procedimentos do cliente resultando em lesões nos
colaboradores e/ou danos no
equipamento
Tripulações sem formação • Colisão com outras embarcações ou
infraestruturas portuárias, resultando
em ferimentos ao pessoal, danos ou
perda de equipamentos ou danos ao
meio ambiente.
Presença de embarcações de recreio durante • Colisão resultando em ferimentos
as operações. dos tripulantes, danos ou perda do
Falha no motor da embarcação ou na rede de equipamento, danos ao meio
energia ambiente e danos à reputação do
projeto e das empresas envolvidas.
• Falha do motor ou falha de energia.
• A propulsão da embarcação não

37
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

funciona corretamente, fazendo com


que a capacidade de manobra da
embarcação diminua ou cesse,
resultando em encalhe ou colisão.
• Falha de energia provocando a falha
dos auxílios à navegação, resultando
em encalhe ou colisão.
Ruídos e vibrações. • Incidente na sala de máquinas
Partes móveis. resultando em ferimentos aos
Ambiente com altas temperaturas. tripulantes.
Presença de combustível, óleo e • Os incidentes incluem tropeçar ou
lubrificantes. bater contra componentes na casa
Pontos de esmagamento. das máquinas, exposição ao ruído,
Superfícies ou elementos escorregadios. contato com peças móveis e
exposição ao calor.
Chuva forte • Escorregamentos, tropeções e quedas
Eventos climáticos extremos devido a superfícies escorregadias,
Ondulação resultando em ferimentos aos
Trovoadas elétricas tripulantes.
Calor/Humidade • Eventos climáticos extremos
resultando em danos nos
equipamentos e no meio ambiente,
ou ferimentos ou morte dos
tripulantes.
• Embarcações em alto mar movendo-
se excessivamente, resultando em
danos no equipamento e no meio
ambiente, queda de objetos e
ferimentos dos tripulantes
• Quedas de raios resultando em danos
ao equipamento elétrico e ao meio
ambiente, e ferimentos ou morte dos
tripulantes
• Pessoal exposto ao calor e à
humidade ficando desidratado ou
sofrendo de insolação.
Resíduos • Armazenamento e remoção
incorretos de resíduos gerais,
resultando numa situação anti-
higiénica, causando doenças à
tripulação
• Poluição devido a resíduos que não
são armazenados ou manuseados de
forma correta
• Lançamento não autorizado de
esgoto não tratado ao mar
Hidrocarbonetos e seu armazenamento. • Derramamento de hidrocarbonetos
ou produtos químicos, resultando em
38
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

ferimentos ao pessoal e/ou danos


para o meio ambiente.
Embarcação em movimento, ondulação, • Esmagamento entre embarcações,
correntes escorregamentos, quedas na água/no
Queda à água convés, afogamento, quase
Queda no convés afogamento, lesões corporais várias
Procedimentos e exercícios de emergência • Execução inadequada dos
não treinados procedimentos de emergência,
resultando em ferimentos nos
tripulantes, fatalidade e/ou perda da
embarcação.
Fogo • Fontes de ignição causando
Explosão explosão.
Derramamento de combustível • Contaminação do meio hídrico
Potencial presença de fumos • Entrar e/ou trabalhar num espaço
Níveis baixos de oxigênio confinado inadequadamente
Combustíveis e contaminantes tóxicos equipado e/ou ser exposto a
presentes no ar. elementos perigosos, o que pode
resultar em ferimentos ou morte.
Eletrocussão • Acidentes por manuseio incorreto de
Cortes equipamentos, danos ao
Proximidade à água equipamento, lesões nos olhos,
Inalação de vapores lesões nas mãos, lesões nos pés,
Faíscas demais lesões corporais.
Pó de esmerilamento e/ou limalhas.
Corrente • Danos no tubo de sucção devido à
Águas rasas corrente que empurra o tubo de
Tubos de sucção subindo e descendo do sucção para baixo da draga
convés • Acumulação de resíduos na cabeça
de dragagem
• Tubos que atingem o pessoal
enquanto são baixados para a água
ou levantados para o convés.
• Possíveis ferimentos e tempo de
inatividade devido aos eventos
indesejados acima referidos.
Proximidade à água • Queda à água
Guindaste do navio • Lesões na cabeça / costas; Lesões
Objetos em queda (resíduos de dragagem) corporais (cortes/entalamentos) nas
Trabalhos em altura mãos/dedos/pés.
• Munições de grande porte presas nas
cabeças de dragagem

39
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Tabela 7 – Perigos e respetivos Riscos associados à operação no terrapleno

PERIGOS RISCOS

Máquinas em movimento com cargas • Atropelamento


suspensas • Queda de carga em altura
• Entalamento e/ou esmagamento
• Ruído e vibrações
• Colisão entre equipamentos
Máquinas em movimento • Atropelamento
• Entalamento e/ou esmagamento
• Soterramento
• Ruído e vibrações
• Colisão entre equipamentos
Máquinas em movimento com cargas • Atropelamento
arrastadas • Ruído e vibrações
• Colisão entre equipamentos
Movimentação de tubos de aço ao nível do • Entalamento e/ou esmagamento
solo • Contusões/fraturas
• Colisão entre equipamentos
Trabalho braçal de aperto de parafusos ø 32 • Contraturas musculares
mm • Entalamento e/ou esmagamento
Geradores em operação no horário noturno • Eletrocussão
• Incêndio
• Ruído
Injeção de ar comprimido no pipeline para • Contusões/fraturas
flutuação do mesmo (rebentamento de um • Projeção de partículas de areia
tubo)
Operação com máquinas de soldar • Eletrocussão
• Queimaduras
• Inalação de gases
• Projeção de partículas
incandescentes
Operação com rebarbadoras • Inalação de poeiras
• Eletrocussão
• Cortes ou perfurações
• Projeção de partículas
incandescentes
• Ruído e vibrações
Operação com maçaricos • Projeção de partículas
incandescentes
• Queimaduras
• Inalação de gases
• Explosão
Areias movediças na zona de descarga do • Soterramento
pipeline • Afogamento

40
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

• Hipotermia
Presença de pessoas estranhas à obra na • Atropelamento
envolvente da mesma • Entalamento e/ou esmagamento
• Soterramento
• Projeção de partículas
• Queda da carga em altura
Trabalhos em altura • Queda em altura
Movimentação de veículos rodoviários • Atropelamento
pesados
Acondicionamento da carga • Entalamento e/ou esmagamento

4.3. Análise e avaliação de riscos

Conforme já referido, sendo aplicado nesta análise e avaliação de risco, o método


simplificado, onde o risco corresponderá à multiplicação da probabilidade pela severidade,
importa antecipadamente definir as escalas destas duas variáveis.

Tabela 8 – Escalas de Probabilidade e Severidade

Escala de frequência/probabilidade
Escala de Severidade (S)
(P)
Ocorrência altamente improvável 1 Pequenas Lesões
Possibilidade remota de ocorrência 2 Lesão superficial sem paragem de trabalho
Ocorrência ocasional 3 Lesões graves com paragem de trabalho
Ocorre com frequência e regularidade 4 Lesão grave com sequela
Ocorrência muito provável 5 Ferimentos múltiplos graves com sequelas
Ocorre de certeza 6 Morte

Através da aplicação das escalas acima, obtemos os resultados constantes das tabelas 7 e 8,
relativos aos níveis de aceitação do risco e às respetivas medidas a tomar.
Tabela 9 – Níveis de aceitação do risco

Severidade
R= PxS 1 2 3 4 5 6
1 1 2 3 4 5 6
Frequência (P)
Probabilidade/

2 2 4 6 8 10 12
3 3 6 9 12 15 18
4 4 8 12 16 20 24
5 5 10 15 20 25 30
6 6 12 18 24 30 36
41
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Tabela 10 – Medidas a tomar em função do nível de risco

Risco Mínimo
Risco considerável aceitável, não necessitando de medidas adicionais
para o controlo e prevenção
Baixo Risco
Será necessário tomar medidas de médio prazo, para o controlo e
prevenção.
Risco Médio
Será necessário tomar medidas de curto prazo, de forma a reduzir o risco.
Alto Risco
O trabalho deverá ser imediatamente suspenso até que se tenham posto
em prática medidas de forma que o risco se torne aceitável.

42
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

5. ANÁLISE DE RESULTADOS

Após a identificação dos perigos e consequentes riscos, bem como da definição das escalas
de probabilidade de ocorrência e severidade dos prováveis acidentes, foram elaboradas as
Matrizes de Risco, na fase Pré-Controlo por forma a analisar quais os riscos que careciam
de intervenção prevenção e/ou proteção.
Após análise dos resultados obtidos, observa-se que, no que toca aos trabalhos em terra,
77% das tarefas encontram-se no grau de risco médio e 23% no grau de risco baixo.
Já no que toca às tarefas desenvolvidas a bordo da embarcação, 50% situam-se no grau de
risco alto e 48% no grau de risco médio.
Com estes resultados, obviamente que tiveram que ser tomadas medidas de
prevenção/proteção, as quais estão elencadas nas Matrizes de Risco a seguir reproduzidas.

5.1. Matrizes de risco

Face ao exposto, apresentam-se a seguir as tabelas referentes às matrizes de risco para os


trabalhos realizados no terrapleno e para os trabalhos a bordo da draga.

43
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Tabela 11 – Matriz de Riscos para as tarefas desenvolvidas no terrapleno

Aceitabilidade/

Aceitabilidade/
Probabilidade

Probabilidade
Grau de Risco

Grau de Risco
Severidade

Medidas de

Severidade

Medidas de
Tarefa Perigos Riscos Medidas de Prevenção/Protecção

Os colaboradores deverão estar atentos e despertos para os


sinais sonoros de máquinas em movimento. Os operadores
Atropelamento 6 3 18 deverão manter contato visual com o chefe de equipa ou com 6 1 6
quem o substitua no acompanhamento das operações.

Os colaboradores deverão usar luvas (marca CE) de acordo


com a Norma EN 388, nivel de desempenho 4421 na lingagem
Entalamento e/ou das cargas. O operador do equipamento de elevação não
5 4 20 4 2 8
esmagamento deverá iniciar o levantamento/movimento da carga antes do
colaborador se afastar.
Montagem, manutenção e Máquinas em movimento Manter contacto visual com os operadores de outros
desmontagem do estaleiro com cargas suspensas equipamentos. Estar atento aos sinais sonoros e luminosos dos
Colisão entre
3 4 12 outros equipamentos. A operação de máquinas com cargas 3 1 3
equipamentos
suspensas não poder ser efetuada no turno noturno.

Os colaboradores deverão certificar-se de que os ganchos ficam


devidamente introduzidos nos orificios de engate das cargas a
Queda da carga em
6 3 18 levantar. O operador do equipamento de elevação não deverá 6 1 6
altura
iniciar o levantamento/movimento da carga antes do colaborador
se afastar.
Utilização de equipamentos CE. Utilização de bancos
Ruído e Vibrações 2 6 12 2 3 6
ergonómicos. Manutenção periódica dos equipamentos.
Os colaboradores deverão estar atentos e dispertos para os
sinais sonoros de máquinas em movimento. Os operadores
Atropelamento 6 3 18 deverão manter contato visual com o chefe de equipa ou com 6 1 6
quem o substitua no acompanhamento das operações

Na movimentação de terras é expressamente proibido a


Entalamento e/ou permanência dos colaboradores junto dos equipamentos, com
5 3 15 exceção do que estiver a dar opoio direto ao operador. Este 5 1 5
esmagamento
deverá manter contato visual permanente.
Na movimentação de terras é expressamente proibido a
Máquinas em movimento permanência dos colaboradores junto dos equipamentos, com
Soterramento 4 3 12 exceção do colaborador que estiver a dar opoio direto ao 4 1 4
operador. Este deverá manter contato visual permanente.

Manter contacto visual com os operadores de outros


Colisão entre equipamentos e estar atento aos avisos sonoros. No período
3 4 12 noturno manter contato visual com a iluminação de aviso dos 3 1 3
equipamentos
outros equipamentos.
Movimentação de terras Utilização de equipamentos CE. Utilização de bancos
Ruído e Vibrações 2 6 12 ergonómicos. Manutenção periódica dos equipamentos. 2 2 4

Antes do início de cada turno noturno deverão ser verificados


todos os cabos e fichas/tomadas. Em caso de deficiência,
Eletrocussão 5 3 15 5 1 5
substituir os orgãos danificados ou não operar com o
equipamento deficiente
Utilização de equipamentos CE. Manutenção periódica dos
Geradores em operação Ruído 2 6 12 2 2 4
equipamentos.
no horário noturno
O abastecimento de combustível deverá obrigatoriamente ser
efetuado antes do início da jornada noturna. Expressamente
Incêndio 3 2 6 proibido abastecer de combustível os geradores sem os mesmos 3 1 3
arrefecerem. A tarefa tem que ser efetuada com a presença de
extintores.
Os colaboradores deverão obrigatoriamente usar vestuário
adequado à temperatura e vento que ocorra no local dos
Raios solares e vento trabalhos.
Queimaduras cutâneas 4 5 20 4 1 4
maritimo As partes do corpo que não fiquem protegidas pelo vestuário,
deverão ser protegidas com protetor solar 50 SPF no minimo.

44
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Os colaboradores deverão estar atentos e dispertos para os


sinais sonoros de máquinas em movimento. Os operadores
Atropelamento 6 3 18 deverão manter contato visual com o chefe de equipa ou com 6 1 6
quem o substitua no acompanhamento das operações.

Na movimentação de terras é expressamente proibido a


Entalamento e/ou permanência dos colaboradores junto dos equipamentos, com
5 4 20 4 1 4
esmagamento exceção do que estiver a dar opoio direto ao operador. Este
deverá manter contato visual permanente.
Máquinas em movimento Manter contacto visual com os operadores de outros
com cargas suspensas Colisão entre equipamentos e estar atento aos avisos sonoros. A operação de
3 4 12 3 1 3
equipamentos máquinas com cargas suspensas não poder ser efetuada no turno
noturno.
Os colaboradores deverão certificar-se de que os ganchos ficam
devidamente introduzidos nos orificios de engate das cargas a
Queda da carga em
5 2 10 levantar. O operador do equipamento de elevação não deverá 5 1 5
altura
iniciar o levantamento/movimento da carga antes do colaborador
se afastar.
Utilização de equipamentos CE. Utilização de bancos
Ruído e Vibrações 2 6 12 ergonómicos. Manutenção periódica dos equipamentos. 2 2 4

Montagem e desmontagem das linhas Na movimentação de terras é expressamente proibido a


de tubagem para repulsão dos Entalamento e/ou permanência dos colaboradores junto dos equipamentos, com
5 4 20 exceção do que estiver a dar opoio direto ao operador. Este 3 2 6
sedimentos dragados esmagamento
deverá manter contato visual permanente.
Manter contacto visual com os operadores de outros
Colisão entre equipamentos e estar atento aos avisos sonoros. No período
3 4 12 3 1 3
Movimentação de tubos equipamentos noturno manter contato visual com a iluminação de aviso dos
de aço ao nível do solo outros equipamentos
Aquando do movimento dos tubos para a posição de soldar
topo a topo, é expressamente proibido a permanência de
colaboradores na área circundante, à exceção do colaborador
Contusões/fraturas 5 4 20 que orientará a manobra de posicionamento do tubo. Manter 5 2 10
sempre o contato visual com o operador da maquina.

Antes de iniciar qualquer esforço de aperto de parafusos, os


Contraturas musculares 4 4 16 3 2 6
colaboradores deverão posicionar os pés afastados e procurar
uma superficie plana debaixo dos mesmos. Esta operação
deverá ser efetuada por dois colaboradores. Usar EPI´s
Trabalho braçal de
adequados (marca CE), nomeadamente luvas de acordo com a
aperto dos parafusos ø
Entalamento e/ou Norma EN 388, nivel de desempenho 4421. Não deverão
32 mm 5 3 15 3 2 6
esmagamento aproximar-se dos tubos antes do operador da máquina terminar
o seu posicionamento. Em caso de ajuste no posicionamento
dos tubos, os colaboradores deverão afastar-se dos mesmos
durante esse ajuste.
Utilização de equipamentos CE. Não deverão haver cabos
descarnados ou fichas/tomadas partidas. Em caso de dano em
Eletrocussão 5 3 15 algum orgão, o equipamento deverá ser retirado para fora do 5 1 5
estaleiro até que seja reparado ou substituído.
Os soldadores deverão usar os EPI's adequados à sua atividade
Queimaduras 4 3 12 (marca CE), nomeadamente, avental e manga de couro e luvas 4 1 4
Operação com máquinas (Marcação CE) de acordo com a Norma EN 407, com nível de
de soldar proteção 113344 e mascara completa para soldadura.
Inalação de gases 4 4 16 Os soldadores deverão procurar a posição de trabalho que evite 4 1 4
a inalação dos gases da soldadura. Na impossibilidade, deverão
usar mascaras tipo ABEK da classe FFP2 (Norma 14387), com
Projeção de particulas marcação CE.
4 4 16 4 1 4
incandescentes

Uso obrigatório de mascaras descartáveis com marcação CE da


Inalação de poeiras 4 3 12 classe FFP3 P3 (alta eficiência para poeiras com partículas de 2 3 6
ferro) (Norma EN 143).
Utilização de equipamentos CE. Não deverão haver cabos
descarnados ou fichas/tomadas partidas. Em caso de dano em
Eletrocussão 4 2 8 3 2 6
algum orgão, o equipamento deverá ser retirado para fora do
estaleiro até que seja reparado ou substituído.
Os colaboradores deverão usar os EPI's adequados à sua
atividade, nomeadamente manga e luvas de acordo com a
Operação com Cortes ou perfurações 4 2 8 4 1 4
Norma EN 388, nivel de desempenho 4421 e oculos para
rebarbadoras
proteção contra partículas. As rebarbadoras deverão estar em
Soldaduras e cortes de tubagens em perfeito estado de conservação e não deverão ser usados discos
ambiente próximo à linha de maré fraturados ou com desgaste assimétrico. Qualquer equipamento
Projeção de partículas com deficiências deverá ser retirado da obra e só ser readmitido
3 4 12 3 1 3
incandescentes após correção das anomalias.

Deverão ser utilizados equipamentos com marcação CE. Não


Ruído e Vibrações 3 6 18 deverão ser usados discos fraturados ou com desgaste 3 2 6
assimétrico, que provocam vibrações acrescidas.
Os soldadores deverão usar os EPI's adequados à sua atividade
Projeção de partículas
4 4 16 (marca CE), nomeadamente, avental e manga de couro e luvas 4 2 8
incandescentes
(Marcação CE) de acordo com a Norma EN 407, com nível de
proteção 113344 e mascara completa para soldadura.
Queimaduras 5 4 20 Os soldadores deverão procurar a posição de trabalho que evite 5 1 5
a inalação dos gases da soldadura. Na impossibilidade, deverão
usar mascaras tipo ABEK da classe FFP2 (Norma 14387), com
Inalação de gazes 4 4 16 marcação CE. 4 1 4
Operação com
maçaricos As garrafas dos gazes deverão estar suficientemente afastadas
do local de corte dos tubos de modo a não serem atingidas por
particulas incandescentes. Deverão ser usadas válvulas anti-
retorno nas mangueiras dos gases. As garrafas só deverão ser
Explosão 5 2 10 adquiridas a empresas ceritificadas e deverão estar em 5 1 5
conformidade com as normas aplicáveis. Obrigatório a
colocação de extintores de água e/ou pó seco junto das frentes
de trabalho com maçarico.

45
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Os colaboradores deverão estar atentos e dispertos para os


sinais sonoros de máquinas em movimento. Os operadores
Atropelamento 6 3 18 deverão manter contato visual com o chefe de equipa ou com 6 1 6
quem o substitua no acompanhamento das operações.

Máquinas em movimento
Manter contacto visual com os operadores de outros
com cargas arrastadas
Colisão entre equipamentos e estar atento aos avisos sonoros. No período
3 3 9 noturno manter contato visual com a iluminação de aviso dos 3 1 3
equipamentos
outros equipamentos.
Deslocamentos do pipeline
Utilização de equipamentos CE. Utilização de bancos
Ruído e vibrações 3 6 18 3 2 6
ergonómicos. Manutenção periódica dos equipamentos.
As mangueiras do compressor deverão ser verificadas antes de
Injeção de ar cada utilização, bem como as válvulas e os respetivos
comprimido no pipeline Contusões/fraturas 4 3 12 acoplamentos. Em caso de existirem danos nos equipamentos ou 4 1 4
para flutuação do mesmo acessórios, parar o trabalho até que sejam repostas as
(rebentamento de um condições de segurança.
tubo) Projeção de partículas de Esta operação deverá ser efetuda com oculos de proteção
3 3 9 contra partículas projetadas. 3 1 3
areia
Na movimentação de terras é expressamente proibido a
permanência dos colaboradores junto dos equipamentos, com
Soterramento 5 3 15 exceção do colaborador que estiver a dar opoio direto ao 5 1 5
operador. Estes deverão manter-se em contato visual
permanente.
Não é permitida a presença de nenhum colaborador junto à
Areias movediças na saída da mistura de repulsão água/sedimentos. Qualquer
Repulsão da mistura água/sedimentos Afogamento colaborador que venha a executar por qualquer trabalho junto à
zona de descarga do 5 3 15 5 1 5
para o terrapleno linha de maré deverá usar colete salva vidas autoinsuflável.
pipeline

Todos os colaboradores deverão usar os EPI's obrigatórios que


constam do fardamento disponibilizado pela entidade
Hipotermia 3 2 6 empregadora, sendo que no período noturno, recomenda-se o 3 1 3
uso do fardamento térmico (calça e casaco).

É expressamente proibida a entrada de pessoas estranhas à obra


Atropelamento 6 3 18 dentro da vedação do troço de trabalho. No isolamento de cada 6 1 6
troço de obra será montada uma vedação em rede plástica cor
laranja suportada por prumos metálicos. Esta vedação terá que
Presença de pessoas
Entalamento e/ou ser do tipo amovível, tendo em conta o número de vezes que é
Vedação da área de intervenção estranhas à obra na 5 3 15 5 1 5
esmagamento necessário movimentar a frente de obra.
envolvente da mesma
Deverá ser colocada sinalização de proibição e de informação
sobre os riscos existentes dentro da área de trabalho.
Soterramento 5 2 10 Todos os colaboradores deverão estar atentos à entrada de 5 1 5
pessoas estranhas à obra, caso se venha a verificar tal situação.
Os colaboradores deverão estar atentos e dispertos para os
sinais sonoros de máquinas em movimento. Os operadores
Atropelamento 4 2 9 deverão manter contato visual com o chefe de equipa ou com 4 2 9
quem o substitua no acompanhamento das operações.

Os colaboradores deverão certificar-se de que os ganchos ficam


devidamente introduzidos nos orificios de engate dos cargas a
levantar. O operador do equipamento de elevação não deverá
Queda de carga em iniciar o levantamento/movimento da carga antes do colaborador
5 2 10 5 1 5
altura se afastar. A operação de máquinas com cargas suspensas não
poder ser efetuada no turno noturno.

Máquinas em movimento
Usar EPI´s adequados (marca CE), nomeadamente luvas de
com cargas suspensas acordo com a Norma EN 388, nivel de desempenho 4421. Não
deverão aproximar-se dos tubos antes do operador da máquina
Entalamento e/ou
4 2 8 terminar o seu posicionamento. Em caso de ajuste no 4 2 8
esmagamento
posicionamento dos tubos, os colaboradores deverão afastar-se
dos mesmos durante esse ajuste.

Carregamento de tubos de aço em Utilização de equipamentos CE. Utilização de bancos


veículos pesados articulados Ruído e vibraçoes 3 4 12 ergonómicos. Manutenção periódica dos equipamentos. 3 2 6

Manter contacto visual com os operadores de outros


Colisão entre equipamentos e estar atento aos avisos sonoros. No período
3 2 6 noturno manter contato visual com a iluminação de aviso dos 3 1 3
equipamentos
outros equipamentos.
Os colaboradores deverão estar atentos e dispertos enquanto a
manobra dos veículos estiver a decorrer. Os motoristas deverão
Movimentação de manter contato visual com o chefe de equipa ou com quem o
Atropelamento 5 3 15 5 1 5
veículos pesados substitua no acompanhamento das manobras.

Os colaboradores durante a operação de carga só deverão subir


Trabalhos em altura Queda em altura 5 4 20 acima da carga, para retirar os ganchos, quando esta estiver 5 1 5
estabilizada pelo operador da giratória.
As cunhas de madeira para estabilizar a carga deverão ser
colocadas no pavimento da galera antes do carregamento de
Acondicionamento da Entalamento e/ou cada tubo e nunca depois do tubo estar carregado. Nesta fase
5 4 20 5 1 5
carga esmagamento apenas é permitido o aconchego da cunha a ser feito com uma
ferramenta que permita fazê-lo sem colocar as mãos entre os
tubos.

46
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Tabela 12 – Matriz de Riscos para as tarefas desenvolvidas a bordo da draga

PRÉ-CONTROLO PÓS-CONTROLO
CONTROLO DO RISCO
DO RISCO DO RISCO

Aceitabilidade/

Aceitabilidade/
Probabilidade

Probabilidade
Grau de Risco

Grau de Risco
Severidade

Medidas de

Severidade

Medidas de
Tarefa Perigos Riscos Medidas de Prevenção/Protecção

Palestras a bordo das embarcações para comunicar áreas


restritas e perigosas.
Exercícios de emergência de acordo com as instruções
permanentes, incluindo;
- Homem ao mar
Violação de - Evacuação médica
procedimentos, - Combate a incêndio
Tripulações sem resultando em lesões nos - SOPEP
Ações de formação das tripulações 5 5 25 5 1 5
formação colaboradores e/ou - Evacuação de emergência
danos no navio e nas "Watch Bridge" conforme STCW95.
infraestruturas portuárias Entrada em espaço confinado, incluindo resgate e teste
atmosférico.
Trabalho seguro em altura e resgate em altura.
Uso seguro de ferramentas elétricas.
Gestão da fadiga e stress devido ao calor e à exposição aos
elementos
Uso de EPI adequado a cada operação e/ou função:
Capacete com aba opcional.
Protetor solar minimo 30SPF.
Desenvolver qualquer tipo de tarefa
Proteçao auricular.
sem o uso de vestuário adequado Uso incorreto dos EPI Lesões corporais 5 5 25 3 2 6
Camisa de manga comprida e calças reflexivas ou macacão.
(EPI)
Luvas.
Botas de biqueira de aço/botas de borracha.
Casaco e calças impermeáveis.
Violação de Planos de Gestão de Projetos.
Desenvolver tarefas sem o
Não conformidade com procedimentos, Fichas de procedimentos de segurança,
cumprimento das políticas específicas
as políticas e resultando em lesões nos 4 3 12 Fichas de procedimentos de segurança para Riscos Especiais 4 2 8
do cliente e seus Procedimentos
procedimentos do cliente colaboradores e/ou Permissões de trabalho
Internos
danos no equipamento Auditorias de clientes
Comandantes e Imediatos devidamente certificados pelas
autoridades maritimas competentes.
Formação adequada.
Colisão com outras Comunicação com a Pilotagem Portuária sobre cronograma de
embarcações ou movimentos do navio.
infraestruturas portuárias, Exercícios de emergência de acordo com as instruções em vigor.
Tripulações sem resultando em ferimentos Navegabilidade do navio devidamente inspecionada e
Operação a bordo das embarcações 6 4 24 certificada. 6 1 6
formação ao pessoal, danos ou
perda de equipamentos Sistema de Manutenção Preventiva (FMS).
ou danos ao meio Iluminação e símbolos da embarcação em bom estado de
ambiente. funcionamento. "Watch Bridge" conforme Convenção STCW95.
Deverão ser seguidos os procedimentos marítimos
internacionais.

Usar pilotos locais sempre que se verifique mais seguro.


Prática de navegação defensiva. Tocar a buzina quando outros
navios se aproximam. Reduzir a velocidade. A tripulação deve
incentivar o público a se afastar.
Deve ser emitido pelas autoridades locais os respetivos "Aviso
aos Navegantes".
Colisão resultando em Código ISPS. Todas as embarcações não anunciadas devem ser
ferimentos dos avisadas.
tripulantes, danos ou Comandantes e Imediatos competentes, devidamente
Presença de
perda do equipamento, certificados de acordo com os requisitos internacionais.
embarcações de recreio 6 4 24 6 1 6
danos ao meio ambiente Exercícios de emergência de acordo com as instruções em vigor.
durante as operações.
e danos à reputação do A navegabilidade do navio deverá ser inspecionada e certificada.
projeto e das empresas Sistema de manutenção preventiva (FMS).
envolvidas. Iluminação e símbolos da embarcação em bom estado de
funcionamento. "Watch Bridge" conforme STCW95.
Deverão ser seguidos procedimentos marítimos internacionais.
Inspeções anuais relevantes realizadas por inspetores
Navegação e/ou manobras qualificados. Exercícios de emergência.

Manutenção regular dos sistemas de propulsão da embarcação


Falha dos motores ou (motores e demais equipamentos auxiliares).
falha de energia. Informações de inspeção atualizadas regularmente para o
A propulsão da departamento de manutenção.
embarcação não Promover o processo de resposta a emergências.
funciona corretamente,
com redução ou
Falha no motor da
cessação da capacidade
embarcação e na rede de 6 4 24 6 1 6
de manobra, resultando
energia.
em encalhe ou colisão.
Falha de energia
provocando a falha dos
equipamentos de
navegação, resultando
em encalhe ou colisão.

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EPI: Proteção auricular, luvas, calçado de segurança e máscara.


Ruídos e vibrações 4 4 16 Proteção de máquinas e peças móveis e pontos de 4 1 4
esmagamento.
Ações de integração da embarcação a visitantes, que deverão
Partes móveis. Incidente na sala de 5 4 20 3 2 6
estar sob escolta em todos os momentos.
máquinas resultando em
Instruções permanentes a serem seguidas em todas as
ferimentos aos
Ambiente com altas manutenções e reparos.
tripulantes. 4 4 16 2 2 4
temperaturas. Todos os guindastes de pórtico e equipamentos de manutenção
Os incidentes incluem
devem ser arrumados corretamente quando não estiverem em
Operação na casa de máquinas tropeçar ou bater contra
uso e protegidos quando em uso.
Presença de combustível, componentes na casa das
5 5 25 Tripulação qualificada e competente na casa de máquinas, 3 2 6
óleo e lubrificantes. máquinas, exposição ao
verificações diárias, semanais e mensais realizadas de acordo
ruído, contato com peças
com as Instruções de Manutenção.
móveis e exposição ao
Pontos de esmagamento. 5 5 25 Exercícios regulares e teste de alarme realizados de acordo com 3 2 6
calor.
Instruções de Segurança a bordo.

Superfícies ou elementos
5 5 25 3 2 6
escorregadios.
EPI para chuva (calçado de segurança, roupas de chuva).
Escorregamentos,
Limpeza (zonas de circulação limpas e desobstruídas)
tropeções e quedas
devido a superfícies
Chuva forte 3 4 12 3 2 6
escorregadias, resultando
em ferimentos aos
tripulantes.

Plano de gestão de ciclones a bordo de todas as embarcações.


Eventos climáticos Consciecialização durante a aproximação ao local dos trabalhos.
extremos resultando em As amarrações ciclônicas deverão ser projetadas para resistir a
Eventos climáticos danos nos equipamentos eventos climáticos extremos. Exercícios de ciclone devem ser
4 5 20 executados com regularidade, principalmente quando o local dos 4 2 8
extremos e no meio ambiente, ou
ferimentos ou morte dos trabalhos se situa em locais propensos a esses eventos.
tripulantes.

Embarcações em alto Serviço de limpeza


Condições meteorológicas mar movendo-se
excessivamente, Armazenamento e segurança de objetos no convés e nos
resultando em danos no compartimentos de arrumação.
Ondulação 4 5 20 4 2 8
equipamento e no meio
ambiente, queda de Previsões atmosfericas em tempo real
objetos e ferimentos dos
tripulantes
Atualizações meteorológicas em tempo real.
Quedas de raios Uso de radar.
resultando em danos aos
Trovoadas elétricas equipamentos elétricos e 5 4 20 4 2 8
eletronicos e ferimentos
ou morte dos tripulantes

Pessoal exposto ao calor Pausas regulares, áreas frescas, sombra no convés.


e à humidade ficando Disponibilidade de água potável.
Calor/Humidade 2 4 8 2 1 2
desidratado ou sofrendo
de insolação.
Instalações adequadas para armazenamento de resíduos a
Armazenamento e
bordo.
remoção incorretos de
resíduos, resultando
3 4 12 Plano de Gestão de Resíduos (adesão ao): Despejo e Limpeza 3 2 6
numa situação anti-
regular dos recipientes de resíduos.
higiénica, causando
Resíduos descartados corretamente: Entrega em porto a
doenças à tripulação
empresa certificada para a operação.
Poluição devido a
Produção de resíduos a bordo Resíduos Desarrumação: Cozinha e áreas de acomodação mantidas em
resíduos que não são
armazenados ou 4 3 12 boas condições e limpeza e manutenção regulares. 4 1 4
manuseados de forma
correta
Esgoto da embarcação será bombeado para terra e entregue a
Lançamento não
empresa de recolha de resíduos certificada.
autorizado de esgoto não 6 4 24 6 1 6
Em caso de libertação no mar, o navio deve navegar a mais de
tratado ao mar
12 nm da costa.
Armazenamento adequado (bacias de retenção e ventilação).
Derramamento de Uso adequado de EPI ao manusear hidrocarbonetos e produtos
hidrocarbonetos ou químicos.
Manuseamento e armazenamento de
Hidrocarbonetos e seu produtos químicos, Fichas de Segurança disponíveis para as substâncias
hidrocarbonetos ou produtos 5 4 20 5 2 10
armazenamento. resultando em ferimentos armazenadas/manuseadas.
químicos.
ao pessoal e/ou danos
para o meio ambiente.

Procedimento de transferência de navio para navio.


Embarcação em
Usar somente pontos de transferência adequados.
movimento, ondulação, 5 4 20 4 2 8
Esmagamento entre Manter sentado até que o navio esteja atracado.
correntes
embarcações, Transferir apenas quando:
escorregamentos, quedas 1. O capitão do navio autoriza que é seguro transferir e
Transferência de tripulantes draga/terra 2. A embarcação está ancorada com segurança ao lado
Queda à água na água/no convés, 5 4 20 4 2 8
e vice-versa 3. Sentir-se confortável com as condições da transferência
afogamento, quase
afogamento, lesões Existir três pontos de contato em todos os momentos
corporais várias Usar EPI (colete salva-vidas, calçado de segurança, luvas).
Queda no convés 5 4 20 4 2 8

Execução inadequada Planos de Emergência da embarcação e da Empresa.


dos procedimentos de Plano de resposta a emergências, exercícios de emergência para
Procedimentos e emergência, resultando navios, formação adequada, com reciclagens regulares
Emergência médica exercícios de emergência em ferimentos nos 5 4 20 4 2 8
não treinados tripulantes, fatalidade
e/ou perda da
embarcação.
Lista de verificações para abastecimentos de embarcações.
Fogo 6 4 24 Motoristas dos camiões cisternas ou das embarcações tanque 4 2 8
Fontes de ignição devidamente certificados para exercer a atividade.
causando explosão. Seguir os Procedimentos e Métodos de Abastecimentos
Abastecimento de combustível Explosão 6 4 24 Seguros. 4 2 8
Sistema Dry Break instalado.
Utilização de mangas absorventes na área da tomada de
Derramamento de Contaminação do meio combustível e em redor da embarcação de for o caso
6 4 24 3 2 6
combustível hídrico (determinação das autoridades locais)

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Somente pessoas certificadas e treinadas para entrar em espaços


confinados, estão em conformidade com os padrões ISO e
Potencial presença de regulamentos internacionais para a navegação.
5 5 25 A entrada num espaço confinado é realizado de acordo com as 5 2 10
fumos,
instruções permanentes do Engº de máquinas da embarcação.
Isolar e etiquetar conforme adequado ao espaço em questão.
Entrar e/ou trabalhar num
Deverá ser cumprido o Sistema de Permissão de Entrada em
espaço confinado
Espaços Confinados da empresa (RN CS entry permit system),
inadequadamente
desenvolvido para cada embarcação da frota da empresa.
Entrar e/ou trabalhar em espaços equipado e/ou ser
Níveis baixos de oxigênio 6 5 30 Usar os EPI constantes do RN CS entry system. 6 1 6
confinados. exposto a elementos
Medir os níveis de oxigénio no espaço confinado
perigosos, o que pode
Plano de resgate preparado e equipamento montado.
resultar em ferimentos ou
O plano de resgate deverá ser comunicado a todos os tripulantes
morte.
envolvidos, antes do início das operações.
Combustíveis e
contaminantes tóxicos 5 5 25 5 2 10
presentes no ar.

Deverão ser seguidas as instruções das Fichas de Procedimentos


Eletrocussão 6 4 24 de Segurança para Riscos Especiais para trabalhos a quente. 4 1 4
As garrafas devem ser manuseadas com cuidado, fixadas na
posição vertical com as tampas sempre colocadas e colocadas
Cortes 5 5 25 4 2 8
em local longe das faiscas ou do calor. Ter disponível no local
Acidentes por manuseio equipamentos de combate a incêndios e EPI de combate a
Proximidade à água, incorreto de 5 5 25 incêndios. 3 2 6
equipamentos, danos ao O soldador deve garantir que todas as válvulas e conexões da
Trabalhos com altas temperaturas equipamento, lesões nos mangueira estejam em boas condições. Deverão ser usadas
Inalação de vapores olhos, lesões nas mãos, 6 5 30 válvulas antirretorno nas mangueiras dos gases. Deverá ser 3 2 6
lesões nos pés, demais garantida uma boa ventilação do local de trabalho.
lesões corporais. Usar EPI adequado, oculos, mascaras, luvas manguitos de
Faíscas 5 5 25 3 2 6
couro, auriculares. Examinar os discos quanto a danos e
providenciar a substituição se necessário.
Pó de esmerilhamento
5 5 25 3 2 6
e/ou limalhas.

Supervisão adequada e monitorização constante dos sistemas de


maré e profundidades.
Uso de cartas náuticas atualizadas.
Corrente 4 5 20 Reuniões internas para comunicar quais os trabalhos e perigos 4 2 8
Danos no tubo de sucção
associados (correntes fortes).
devido à corrente que
Levantamentos hidrográficos da área de trabalhos com
empurra o tubo de
regularidade
sucção para baixo da Considere os cálculos da corrente e das marés durante as
draga
operações
Acumulação de resíduos Em áreas de águas rasas, operar nas áreas com maior
na cabeça de dragagem profundidade.
Águas rasas 5 5 25 5 2 10
Operações com o(s) tubo(s) de Seguir as instruções das Fichas de procedimentos de Segurança
sucção internas para operações de dragagem em águas rasas.

Tubos que atingem o Formação sobre os procedimentos a bordo das embarcações.


pessoal enquanto são Reuniões internas de segurança antes do início dos trabalhos.
baixados para a água ou Ter presente as Fichas de procedimentos de Segurança.
levantados para o Definir zonas de exclusão para a permanências de tripulantes.
Tubos de sucção subindo convés.
4 3 12 4 1 4
e descendo do convés Possíveis ferimentos e
tempo de inatividade
devido aos eventos
indesejados acima
referidos.
Fichas de procedimentos de Segurança para limpeza da cabeça
de dragagem.
Proximidade da água Queda à água 4 3 12 Confirmação da colocação dos pinos de travamento antes do 3 1 3
guindaste retirar a carga.

Pessoal não essencial fora da área.


Guindaste do navio
5 3 15 3 1 3
Inspeção visual previa antes de qualquer remoção de resíduos
Operação de limpeza das cabeças de Lesões na cabeça / da cabeça de dragagem.
dragagem costas; Lesões corporais
(cortes/entalamentos) nas Usar os EPI adequados a esta operação (capacete, luvas, botas
Objetos em queda
mãos/dedos/pés. 4 5 20 de segurança, oculos de proteção e colete salva-vidas). 3 3 9
(resíduos de dragagem)
Munições de grande
porte presas nas cabeças Plano de emergência previamente articulado com as autoridades
de dragagem marítimas para os procedimentos a seguir em caso de serem
encontradas munições presas na cabeça de dragagem (UXO).
Trabalho em altura 4 3 12 3 1 3

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Pela análise das Matrizes de Risco e com base no Nível de Aceitabilidade do Risco
definidas, após a aplicação das medidas de prevenção/proteção, na generalidade os riscos
inerentes à atividade exercida no terrapleno encontram-se no Grau de Risco Baixo (61%).
Não existem tarefas com Grau de Risco Médio e Elevado e existe um número considerável
de tarefas com Grau de Risco Mínimo (39%).

Relativamente à atividade exercida dentro da draga, e após a aplicação das medidas de


prevenção/proteção, com base no mesmo Nível de Aceitação do Risco, na generalidade as
tarefas situam-se no Grau de Nível Baixo (80%). Existem 20% de tarefas enquadradas no
Grau de Nível Mínimo e não existem tarefas com Grau de Nível Alto e Elevado.

Vale salientar, que pela análise do Grau de Risco das tarefas antes da aplicação das
medidas de prevenção/proteção, verifica-se que os níveis de risco são bastante mais
elevados, principalmente nas tarefas executadas dentro da draga, onde 50% das tarefas
tinham um Grau de Risco Alto e nenhuma tarefa tinha um Grau de Risco Mínimo.
De facto, não há qualquer dúvida que as tarefas executadas dentro de navios, na
generalidade são tarefas que acarretam riscos muito elevados, principalmente por se
tratarem de equipamentos flutuantes, com uma estabilidade diretamente afetada pelas
condições de mar, toda a sua construção é feita em aço (propicio a agravar as
consequências de quedas e de choques com a estrutura) e todos os equipamentos
operacionais são de elevado porte.
Estas análises permitem-nos ainda concluir que as medidas de prevenção e proteção são
fundamentais para a diminuição dos acidentes de trabalho e as doenças profissionais.

De acordo com os critérios estabelecidos relativamente às medidas a tomar em função do


Grau de Aceitação do Risco, verifica-se que na generalidade as tarefas apresentam um
Grau de Risco Baixo, pelo que carecem de medidas minimizadoras do risco (reduzir a
probabilidade ou a severidade dos acidentes) a médio prazo. Torna-se assim necessário
procurar soluções alternativas que reduzam a exposição dos colaboradores a determinados
riscos, como sejam por exemplo, a implementação de novos procedimentos na execução
das tarefas.

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Paralelamente, de futuro deverão ser implementados planos de formação dos


colaboradores, tendo em vista minimizar os acidentes de trabalhos decorrentes das tarefas
que revelam maior perigosidade, apesar das medidas de prevenção/proteção propostas.

5.2. Plano de formação

Conforme atrás referido, dever-se-á prever a implementação de um plano de formação com


periodicidade mensal, com vista a abordar as medidas mitigadoras de acidentes de trabalho
relativamente às tarefas que se revelam mais problemáticas em termos de segurança.

5.2.1. Levantamento das necessidades de formação

Pela análise das matrizes de risco, foram selecionadas as tarefas que, embora se encontrem
num nível baixo de risco, se aproximam do nível médio, nomeadamente as tarefas com
grau de risco igual ou superior a 9. Desta forma, foram selecionadas as tarefas constantes
da Tabela 13 a seguir apresentada, para integrarem o Plano de Formação a implementar em
obra.

Analisando agora cada uma das tarefas constantes da referida tabela optou-se por enfatizar
a formação em duas atividades consideradas mais críticas em termos de mitigação dos
riscos, nomeadamente, a “montagem e desmontagem das linhas de tubagem para repulsão
dos sedimentos dragados” e “operações com o(s) tubo(s) de sucção” em “águas rasas”.
Para estas atividades será proposta uma ação de formação direcionada e em momentos
diferentes da formação geral, que será ministrada para as restantes tarefas.

Assim, para todas as atividades a integrar o Plano de Formação serão realizadas ações de
formação mensais e para as duas tarefas selecionadas como críticas serão realizadas ações
de formação semanais. Estas serão direcionadas para todos os colaboradores a operar em
terra no que respeita à ação de formação relativa à tarefa “montagem e desmontagem das
linhas de tubagem para repulsão dos sedimentos dragados” e direcionada para o
Comandante e Imediato da draga no que toca à tarefa “operações com o(s) tubo(s) de

51
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

sucção” em “águas rasas”. Esta última seleção prende-se com o facto de que somente o
Comandante e o Imediato operam a draga.

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Tabela 13 – Tabela de tarefas a integrar o Plano de Formação em obra

TRABALHOS EM TERRA (OPERAÇÃO NO TERRAPLENO)

PRÉ-CONTROLO PÓS-CONTROLO
CONTROLO DO RISCO
DO RISCO DO RISCO

Aceitabilidade/

Aceitabilidade/
Probabilidade

Probabilidade
Grau de Risco

Grau de Risco
Severidade

Medidas de

Severidade

Medidas de
Tarefa Perigos Riscos Medidas de Prevenção/Protecção

Aquando do movimento dos tubos para a posição de soldar


Montagem e desmontagem das linhas topo a topo, é expressamente proibido a permanência de
Movimentação de tubos
de tubagem para repulsão dos Contusões/fraturas 5 4 20 colaboradores na área circundante, à exceção do colaborador 5 2 10
de aço ao nível do solo
sedimentos dragados que orientará a manobra de posicionamento do tubo. Manter
sempre o contato visual com o operador da maquina.
Os colaboradores deverão estar atentos e dispertos para os
Carregamento de tubos de aço em Máquinas em movimento sinais sonoros de máquinas em movimento. Os operadores
Atropelamento 4 2 9 4 2 9
veículos pesados articulados com cargas suspensas deverão manter contato visual com o chefe de equipa ou com
quem o substitua no acompanhamento das operações.

TRABALHOS MARITIMOS (OPERAÇÃO NA DRAGA)

PRÉ-CONTROLO PÓS-CONTROLO
CONTROLO DO RISCO
DO RISCO DO RISCO
Aceitabilidade/

Aceitabilidade/
Probabilidade

Probabilidade
Grau de Risco

Grau de Risco
Severidade

Medidas de

Severidade

Medidas de
Tarefa Perigos Riscos Medidas de Prevenção/Protecção

Armazenamento adequado (bacias de retenção e ventilação).


Derramamento de Uso adequado de EPI ao manusear hidrocarbonetos e produtos
hidrocarbonetos ou químicos.
Manuseamento e armazenamento de
Hidrocarbonetos e seu produtos químicos, Fichas de Segurança disponíveis para as substâncias
hidrocarbonetos ou produtos 5 4 20 5 2 10
armazenamento. resultando em ferimentos armazenadas/manuseadas.
químicos.
ao pessoal e/ou danos
para o meio ambiente.

Somente pessoas certificadas e treinadas para entrar em espaços


confinados, estão em conformidade com os padrões ISO e
regulamentos internacionais para a navegação.
A entrada num espaço confinado é realizado de acordo com as
Potencial presença de
5 5 25 instruções permanentes do Engº de máquinas da embarcação. 5 2 10
fumos,
Entrar e/ou trabalhar num Isolar e etiquetar conforme adequado ao espaço em questão.
espaço confinado Deverá ser cumprido o Sistema de Permissão de Entrada em
inadequadamente Espaços Confinados da empresa (RN CS entry permit system),
Entrar e/ou trabalhar em espaços equipado e/ou ser desenvolvido para cada embarcação da frota da empresa.
confinados. exposto a elementos Usar os EPI constantes do RN CS entry system.
perigosos, o que pode Medir os níveis de oxigénio no espaço confinado
resultar em ferimentos ou Plano de resgate preparado e equipamento montado.
Combustíveis e morte. O plano de resgate deverá ser comunicado a todos os tripulantes
contaminantes tóxicos 5 5 25 envolvidos, antes do início das operações. 5 2 10
presentes no ar.

Supervisão adequada e monitorização constante dos sistemas de


maré e profundidades.
Uso de cartas náuticas atualizadas.
Reuniões internas para comunicar quais os trabalhos e perigos
Danos no tubo de sucção associados (correntes fortes).
devido à corrente que
Levantamentos hidrográficos da área de trabalhos com
empurra o tubo de regularidade
Operações com o(s) tubo(s) de
Águas rasas sucção para baixo da 5 5 25 5 2 10
sucção Considere os cálculos da corrente e das marés durante as
draga operações
Acumulação de resíduos
Em áreas de águas rasas, operar nas áreas com maior
na cabeça de dragagem profundidade.
Seguir as instruções das Fichas de procedimentos de Segurança
internas para operações de dragagem em águas rasas.

Fichas de procedimentos de Segurança para limpeza da cabeça


de dragagem.
Confirmação da colocação dos pinos de travamento antes do
Lesões na cabeça / guindaste retirar a carga.
costas; Lesões corporais Pessoal não essencial fora da área.
(cortes/entalamentos) nas Inspeção visual previa antes de qual
Operação de limpeza das cabeças de Objetos em queda Usar os EPI adequados a esta operação (capacete, luvas, botas
mãos/dedos/pés. 4 5 20 3 3 9
dragagem (resíduos de dragagem) de segurança, oculos de proteção e colete salva-vidas).
Munições de grande
porte presas nas cabeças Plano de emergência previamente articulado com as autoridades
de dragagem maritimas para os procedimentos a seguir em caso de serem
encontradas munições presas na cabeça de dragagem (UXO).

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

5.2.2. Programa do Plano de Formação

Antes do início dos trabalhos será ministrada uma ação de formação destinada a todos os
colaboradores que irão operar em terra, bem como aos tripulantes. De salientar que deverá
ser dada especial atenção aos colaboradores menos experientes nesta atividade e aos que
eventualmente tenham alguma dificuldade para entender a língua portuguesa.

Posteriormente deverão ser programadas formações intercalares mensais até à conclusão


da empreitada. Conforme já referido, semanalmente será efetuada uma ação de formação
especifica e direcionada às duas atividades de maior dificuldade em controlar o risco.
Desta forma, o número de sessões de formação será em função da duração da empreitada.
Previamente a cada ação de formação deverá ser preparado um programa de formação que
enquadre nomeadamente:
• Objetivos do Plano de Formação;
• Formadores internos ou externos à organização;
• Tarefas sobre as quais a ação de formação irá incidir;
• Calendarização das ações de formação;
• Seleção dos recursos didáticos (mormente vídeos didáticos de como fazer
corretamente e de como não deve ser feito, carta náutica, batimetria atualizada,
preferencialmente realizada com transdutor multifeixe a 200 kHz, histórico de
acidentes náuticos na região e Avisos à Navegação em vigor);
• Local onde será apresentada a ação de formação;
• Duração da ação de formação.

O Programa das ações de formação deverá ser comunicado aos colaboradores através da
afixação do mesmo na vitrina de obra.

Todos os participantes nas ações de formação deverão, no final das mesmas, assinar a
folha de presenças, a qual será incorporada no DPPSS (Desenvolvimento Prático do Plano
de Segurança e Saúde) em obra.

54
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

5.2.3. Plano da sessão

Previamente deverá ser preparada a ação de formação e elaborado um plano da sessão,


onde, entre outros, seja tido em conta:
• Identificação da ação de formação:
o Tema;
o Destinatários;
o Duração da sessão;
• Objetivo Geral;
• Objetivos Específicos;
• Pré-Requisitos para os participantes;
• Materiais e Equipamentos a utilizar para ministrar a formação;
• Conteúdos Programáticos;
• Metodologia a adotar na exposição da ação de formação;
• Avaliação da ação de formação.

5.2.4. Ação de Formação

Cumpridas todas as etapas preparatórias de uma ação de formação, segue-se a sua


exposição aos colaboradores selecionados para o efeito. Essa exposição deverá ser
efetuada com recurso a material didático adequado. Os vídeos por norma funcionam muito
bem, uma vez que os colaboradores podem observar como as tarefas devem ser executadas
e que cuidados deverão ter. Podem também ser mostrados vídeos com acidentes de
trabalho similares, muito embora devam ser cuidadosamente selecionados, uma vez que é
frequente este tipo de material ter imagens que podem impressionar pela negativa.

A ação de formação direcionada ao Comandante e Imediato da embarcação carecerá de


material técnico, nomeadamente carta náutica, levantamento hidrográfico atualizado e
demais informação geológica da área de dragagem e de navegação. Esta última
informação, na maioria das vezes, é recolhida junto das autoridades portuárias, pescadores
e outros navegantes locais. Quando se opera em águas rasas é crucial recolher todas as
informações relativas aos fundos onde vai ser efetuada a operação, uma vez que fundos

55
ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

rochosos podem provocar acidentes graves, com todas as consequências que se podem
imaginar, desde o pequeno incidente até à perda da embarcação e dos seus tripulantes.

Conforme já referido, a ação de formação geral deverá preceder o arranque dos trabalhos,
sendo desejável que a mesma ocorra com a presença de todos os colaboradores que irão
intervir na empreitada.
Caso não seja possível reunir todos os colaboradores numa mesma sessão, nomeadamente
os tripulantes das dragas, que só chegam ao local dos trabalhos quando todos os trabalhos
preparatórios já foram executados, deverá ser prevista uma segunda ação de formação para
a tripulação. O encarregado da empreitada, que é o elemento que faz o interface entre a
equipa terrestre e a tripulação, deverá estar presente nas duas ações de formação.

As ações de formação deverão ser realizadas no escritório do estaleiro e a bordo da draga e


deverão abordar os temas pré-definidos no levantamento das necessidades e seguir o plano
da sessão, ou seja, centrarem-se na metodologia de execução das tarefas com maior grau
de risco, EPC’s e EPI’s a usar e os procedimentos de segurança a ter em conta durante a
execução das mesmas.
As ações de formação mensais deverão ter uma duração não superior a 30 minutos, que se
considera ser o tempo suficiente para passar a mensagem, sem que se torne cansativo e
desinteressante para os participantes.
As ações de formação semanais em terra terão a mesma duração das ações mensais, ou
seja, 30 minutos, enquanto a ação de formação a bordo da draga com o Comandante e o
Imediato poderão ter duração superior, uma vez que se torna necessário durante a ação de
formação consultar diversa documentação que carece de análise minuciosa, principalmente
a carta náutica e o levantamento hidrográfico.
Na tabela seguinte resumem-se as características das ações de formação exemplificadas
anteriormente:

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Tabela 14 – Tabela resumo do Plano de Formação em obra

Ação de Formação Periocidade Destinatários Duração Tópicos Principais da ação de formação


(minutos)
Tarefas com maior grau de Todos os Metodologia de execução das tarefas, EPC’s e EPI’s a usar e
risco (Grau de Risco Baixo) Mensal colaboradores 30 os procedimentos de segurança a ter em conta. Troca de
contributos entre os participantes.
Montagem e desmontagem Metodologia de execução das tarefas, EPC’s e EPI’s a usar e
das linhas de tubagem para Semanal Colaboradores 30 os procedimentos de segurança a ter em conta. Troca de
repulsão dos sedimentos em terra contributos entre os participantes e treino na execução das
dragados tarefas.
Operações com o(s) tubo(s) Análise da carta náutica, do levantamento hidrográfico, dos
de sucção” em “águas rasas Semanal Comte 60 Avisos à Navegação em vigor e da recolha de informação

Imediato geológica junto da Autoridade Marítima local, pescadores e


demais navegantes locais (possíveis afloramentos rochosos).

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

5.2.5. Avaliação da ação de formação

Após a conclusão de cada ação de formação todos os intervenientes deverão assinar a folha
de presenças e responder a um teste de avaliação da eficácia da ação de formação, que terá
como finalidade a aplicação de ações corretivas para as próximas sessões.

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

CONCLUSÃO

Procurou-se com este trabalho fazer uma avaliação de riscos numa atividade atualmente
pouco comum, mas com tendência de crescimento no futuro, não só tendo em vista a
implantação de novos projetos portuários, aeroportuários e industriais, mas também devido
à necessidade de promover a proteção costeira contra a subida do nível médio das águas do
mar.

Por outro lado, as previsões ambientais para o futuro não são muito promissoras. Com o
aquecimento global, a subida do nível médio da água do mar parece ser uma consequência
inquestionável, obrigando as entidades responsáveis pela proteção do território a tomarem
medidas para a proteção das populações litorâneas, promovendo a proteção costeira com
areia dragada no mar e colocada sobre a linha de costa na recomposição de praias e dunas
primárias.

Durante a investigação bibliográfica efetuada para a elaboração deste trabalho, verificou-se


a dificuldade em encontrar informação focada na segurança e higiene neste tipo de obra
marítima.

Por forma a sustentar a credibilidade deste trabalho, a investigação foi direcionada para as
empresas atuantes no setor internacional de dragagens, tendo sido possível obter excertos
de Planos de Segurança elaborados por essas empresas, nomeadamente, matrizes de risco
focadas nas tarefas a bordo dos navios. Não sendo bibliografia de acesso público, foi
assumida neste projeto como informação bastante credível, não fosse a mesma
desenvolvida pelas partes com maior experiência em avaliar riscos e a procurar processos
de os minimizar ou suprimir.

Desta forma, elaborar este trabalho foi um desafio, dada a falta de informação
sistematizada, tendo obrigado a desenvolver as matrizes de risco quase de raiz.

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Da análise das matrizes de risco há a salientar os efeitos práticos bastante positivos das
medidas de mitigação dos riscos associados às tarefas. Na fase de Pós-Controlo de riscos
verifica-se que, tanto nas atividades desenvolvidas a bordo da draga, quanto nas atividades
desenvolvidas em terra, há uma diminuição acentuada dos riscos a que os trabalhadores
estão expostos.

Este trabalho é assim, uma modesta contribuição para que no futuro a matriz de risco
produzida, possa ser aplicada em Planos de Segurança e Saúde de obras desta natureza.

Por forma a colocar em prática toda a investigação realizada para a elaboração do presente
trabalho, é proposto um Plano de Formação em obra que retratará as tarefas com grau de
risco mais elevado.
Estão previstas diversas ações de formação, quer de caracter mais geral destinada a todos
os colaboradores, quer de caracter mais restrito, destinadas às atividades desenvolvidas
apenas por alguns colaboradores.

Procura-se com essas ações de formação não só dar a conhecer os riscos inerentes às
atividades e as ações propostas para prevenir/reduzir acidentes de trabalho e doenças
profissionais, bem como recolher informações dos colaboradores sobre os riscos que
eventualmente não foram contemplados nas matrizes apresentadas, uma vez que se
pretende que sejam documentos dinâmicos.

Pretende-se desta forma que todos os colaboradores possam terminar cada jornada de
trabalho no mesmo estado de saúde com que a iniciaram.

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

BIBLIOGRAFIA

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Hispanic workforce. Injury Prevention 10 (4), 244-248;

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engineering. Thomas Telford Publishing, UK.

Dong, W., Vaughan, P., Sullivan, K., Fletecher, T., (1995). Mortality study of construction
workers in UK. International Journal of Epidemiology 24 (4), 750-757,
https://doi.org/10.1093/ije/24.4.750;

Eurostat Statistics Explained. Acedido em 08 de março de 2021


https://ec.europa.eu/

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Laboratory, White Oak Maryland, USA.

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614, https://doi.org/10.1016/j.protcy.2013.12.401

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2021, https://www.iadc-dredging.com/

Sacks, R., Rozenfeld, O., Rosenfeld, Y., (2009). Spatial and temporal exposure to safety
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https://doi.org/10.1061/(ASCE)0733-9364(2009)135:8(726)

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Waehrer, G. M., Dong, X. S., Miller, T., Halie, E., Men, Y., (2007). Costs of occupational
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1258-1266, https://doi.org/10.1016/j.aap.2007.03.012

LEGISLAÇÃO E NORMAS

NP ISO 31000:2018 de 16/04/2018, que estabelece as linhas orientadoras para a Gestão do


Risco.

NBR IEC 31010:2021 de 30/08/2021 (versão em português da norma internacional norma


internacional ISO 31010:2021), que apresenta 42 técnicas para o processo de avaliação de
riscos.

Decreto-Lei n.º 441/91, de 14 de novembro, que estabelece o regime jurídico do


enquadramento da segurança, higiene e saúde no trabalho;

Decreto-Lei n.º 133/99, de 21 de abril, relativo aos princípios da prevenção de riscos


profissionais;

Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, que estabelece o regime jurídico da promoção da


segurança e saúde no trabalho;

Decreto-Lei nº 273/2003, de 29 de outubro, que estabelece as regras gerais de


planeamento, organização e coordenação para promover a segurança, higiene e saúde no
trabalho em estaleiros da construção

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

GLOSSÁRIO

Ação Corretiva – Ação para eliminar a causa de uma não-conformidade detetada ou de


outra situação indesejável (para evitar ocorrências).

Ação Preventiva – Ação para eliminar a causa de uma potencial não-conformidade ou de


outra potencial situação indesejável (para prevenir ocorrências).

Acidente - Em sentido lato, o acidente é um acontecimento não planeado no qual a ação ou


a reação de um objeto, substância, indivíduo ou radiação, resulta num dano pessoal ou na
probabilidade de tal ocorrência. Este conceito surge como uma generalização da noção
clássica de acidente sendo também designado por incidente.

Acidente de Trabalho - Acidente que se verifique no local e tempo de trabalho e produza


direta ou indiretamente lesão corporal, perturbação funcional ou doença de que resulte
redução na capacidade de trabalho ou de ganho ou a morte.
1

Análise de Riscos – Estudo detalhado de um objeto (organização, área, sistema, processo,


atividade, intervenção) com a finalidade de identificar perigos e avaliar os riscos
associados.

Avaliação de Riscos – Processo que mede os riscos para a segurança e saúde dos
trabalhadores decorrentes de perigos no local de trabalho. É uma análise sistemática de
todos os aspetos relacionados com o trabalho, que identifica aquilo que é suscetível de
causar lesões ou danos, a possibilidade de os perigos serem eliminados e, se tal não for o
caso, as medidas de prevenção ou proteção que existem, ou deveriam existir, para controlar
os riscos.

Auditoria - Processo sistemático, independente e documentado para obter «evidências de


auditoria» e respetiva avaliação objetiva, com vista a determinar em que medida os
critérios da auditoria são satisfeitos.

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Avaliação do risco - Processo global de estimativa da grandeza do risco e de decisão sobre


a sua aceitabilidade.

Conformidade – Quando o objeto é produto da ação do Homem e as suas características


são especificadas de acordo com necessidades e interesses (estado normal de acordo com o
padrão definido).

Controlo – Tomada de ações para manter as operações e atividades de acordo com um


padrão estabelecido e ajustar quando necessário, a partir da comparação com o padrão. A
função controlo pode ser desdobrada em controlo da frequência e controlo da consequência
do evento perigoso.

Dano – Alteração indesejável do estado do objeto que resulta da ação de um agente


qualquer. Os danos podem ser pessoais, patrimoniais e ambientais.

Dano para a Saúde – Condição física ou mental identificável e adversa resultante de/ou
consequência da realização do trabalho e/ou situação relacionada com o trabalho.

Factor de Risco - Condição de trabalho (estado físico, falha, comportamento,


agressividade do agente) que pode provocar um risco para a segurança e a saúde dos
trabalhadores.

Higiene do Trabalho - Propõe-se a combater, dum ponto de vista não médico, as doenças
profissionais, identificando os agentes ambientais que podem afetar o ambiente do trabalho
e o trabalhador, visando eliminar ou reduzir os riscos profissionais (condições inseguras de
trabalho que podem afetar a saúde, segurança e bem-estar do trabalhador).

Identificação do perigo – Processo de reconhecer a existência de um perigo e de definir as


suas características.

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Incidente - Acontecimento(s) relacionado(s) com o trabalho que, não obstante a


severidade, originou ou poderia(m) ter originado dano para a saúde.

Monitorizar – Medir ou avaliar ao longo do tempo. Verificação periódica dos atributos de


um objeto. Requer o uso de instrumentos como diagnóstico, auditorias e indicadores. Se o
risco resulta de duas forças contrárias, o perigo e a segurança, a monitorização deve ter
indicadores de perigo, da segurança e do risco.

Não conformidade – Não satisfação de um requisito. Qualquer desvio do desejado


(padrão definido previamente).

Organização - companhia, sociedade, firma, empresa, autoridade ou instituição, ou parte


ou combinação destas, de responsabilidade limitada ou com outro estatuto, pública ou
privada, que tenha a sua própria estrutura funcional e administrativa.

Organização Internacional do Trabalho (OIT) - A OIT está sediada em Genebra, na


Suíça, sendo a única agência das Nações Unidas onde os membros participativos são
representantes dos Governos, empregadores e trabalhadores. A OIT tem como objetivos
específicos os seguintes: promover os princípios fundamentais e direitos no trabalho
através de um sistema de supervisão e de aplicação de normas; promover melhores
oportunidades de emprego/renda para mulheres e homens em condições de livre escolha,
de não discriminação e de dignidade; aumentar a abrangência e a eficácia da proteção
social; fortalecer o tripartismo e o diálogo social.

Organização Mundial de Saúde (OMS) - é uma instituição especializada da Organização


das Nações Unidas (ONU). Surgiu após a Segunda Guerra Mundial no México, tendo sido
fundada a 7 de abril de 1948. A sua sede é em Genebra, Suíça. A sua principal missão é
desenvolver a melhoria das condições de saúde de todo o ser humano de qualquer parte do
planeta. As ações da OMS prendem-se com o controlo de epidemias, o emprego de
medidas de quarentena, a estandardização de medicamentos, a regulamentação sanitária, e

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

o planeamento e a execução de campanhas de vacinação, rastreio e prevenção de doenças,


nomeadamente através da informação prestada às populações.

Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) - A Autoridade para as Condições do


Trabalho (ACT) é um organismo nacional da administração central, que tem como lema
promover a melhoria das condições de trabalho. Para a promoção da melhoria das
condições de trabalho, a ACT desenvolve as seguintes ações: controla o cumprimento das
normas em matéria laboral no âmbito das relações laborais privadas; promove políticas de
prevenção dos riscos profissionais em todos os sectores de atividade públicos ou privados.
Esta linha de atuação tem por base os Princípios Gerais da Prevenção; controla o
cumprimento da legislação relativa à segurança e saúde no trabalho em todos os sectores
de atividade e nos serviços e organismos de administração pública central, direta e indireta.

Perigo – Fonte ou situação com um potencial para o dano, em termos de lesões ou


ferimentos para o corpo humano ou de danos para a saúde, para o património, para o
ambiente do local de trabalho, ou uma combinação destes.

Plano de ação – Conjunto de ações integradas para atingir determinada meta, com
indicação de quem, quando e onde serão executadas.

Procedimento – Descrição detalhada de como executar um processo. Pode ser


organizacional ou operacional.

Quase-Acidente - Acidente em que não ocorram quaisquer danos para a saúde,


ferimentos, danos materiais, ou qualquer outra perda.

Registo – Documento que expressa resultados obtidos ou fornece evidência das


atividades realizadas.

Risco –Possibilidade elevada ou reduzida, de alguém sofrer danos provocados pelo perigo.

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DE RISCOS EM TRABALHOS DE DRAGAGEM E BOMBAGEM PARA TERRAPLENO

Saúde e Segurança do Trabalho - Condições e fatores que afetam, ou podem afetar, a


segurança e saúde dos empregados e de outros trabalhadores (incluindo os trabalhadores
temporários e pessoal subcontratado), dos visitantes e de qualquer outra pessoa que se
encontre no local.

Segurança – atividade que tem por finalidade reduzir danos e perdas provocados por
agentes agressivos. É uma variável inversamente proporcional ao risco. Quanto maior o
risco, menor a segurança e vice-versa e, aumentar a segurança significa reduzir riscos. A
função segurança desdobra-se nas funções auxiliares de controlo de riscos e controlo de
emergências.

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