Farmacoeconomia - Conceitos e Aplicação Na Auditoria

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FARMACOECONOMIA

Conceito e sua aplicação em Auditoria


Contexto Mundial da Saúde

• Necessidades tendem a ser ilimitadas;


• Recursos finitos;
• Custos crescentes.

Importância de obter a máxima


eficiência no uso dos recursos
materiais, humanos e financeiros.
FARMACOECONOMIA
Economia em
Saúde

Avaliação
Econômica em
Saúde

Avaliação
Tecnológica em
Saúde

Farmacoeconomia
Pilares para formulação da política de
Medicamentos
Política de Saúde
(Eficácia, Qualidade e
Acesso)

Política da Inovação Política Industrial


Ciência e (Preço e
Tecnologia Competitividade)
FARMACOECONOMIA

Ferramenta que auxilia o processo de decisão na


escolha entre opções sanitárias quando os recursos são
escassos frente á demanda.

Busca da melhor relação entre


investimentos e resultados.
Farmacoeconomia: a quem interessa?

Fonte
Gestor de Profissional Paciente e Indústria
financiadora
Saúde de saúde Sociedade Farmacêutica
tratamento
Inserção da Farmacoeconomia na
Auditoria em enfermagem

• É o processo de avaliação sistemática do atendimento, visando


uma melhor qualidade para paciente com um custo compatível
com a assistência prestada;

• Baseada na utilização racional de materiais e medicamentos,


buscando evitar o desperdício e excessos;

• A auditoria deve ser sempre embasada em evidências científicas,


portanto os conceitos a serem aplicados no dia a dia do auditor:
MBE e análises farmacoecônomicas.
Necessidades farmacoeconômicas no
tratamento médico terapêutico

• Apoiar e disciplinar os processos de decisão ao nível do


prescritor, visando a escolha de tecnologias consagradas
e a harmonização e adequação das formas de uso;

• Racionalizar o consumo;

• Favorecer os processos administrativos.


Porque inserir a Farmacoeconomia no
contexto da saúde?

• Fontes pagadoras estão cada vez mais preocupadas com


os cuidados em saúde e custos farmacêuticos.

• Análises de custos efetividade podem prover ás fontes


pagadoras: reembolso, seleção de tratamentos e
seleção de população de pacientes.

• Novas tecnologias oferecem benefícios potenciais ou


não, porém sempre com custos adicionais.
Grande desafio da Farmacoeconomia

CUSTOS
NECESSIDADES X
ADM. / MÉDICAS QUALIDADE
Elementos de estudo da
Farmacoeceonomia

Custo Avaliação e comparação de


Resultado
alternativas terapêuticas

-Custos diretos -Resultados Econômicos


-Custos indiretos -Resultados Clínicos
-Custos intangíveis -Resultados Humanísticos

Estudos
Farmacoeconômicos
Filtros necessários para otimizar as
relações entre custos e benefícios

• Ética
– Acesso garantido e eqüitativo.
– Foco nas necessidades essenciais e não na mera
contenção de custos.
• Gestão
– Boas práticas de administração.
• Técnica
– Uso racional de recursos.
– Metodologia.
Tipos de estudos farmacoeconômicos

• Minimização de custos

• Análise custo-benefício

• Análise custo-efetividade

• Análise custo-utilidade
Minimização de custos

• Mais simples e mais utilizada;


• Compara somente os custos;
• Compara produtos farmacêuticos de mesma eficácia ou
efetividade;
• Desfecho: semelhantes

Desvantagem

• Difícil de se encontrar produtos totalmente


equivalentes
Análise custo-benefício

• Custos e resultados são mensurados em unidades


monetárias;
• Avalia qual a melhor opção financeira para determinado
investimento;
• Desfecho: resultado econômico: lucro / economia.

Desvantagem

• Não avalia os elementos clínicos ou satisfação.


• Difícil de se converter e estimar resultado em saúde em
unidade monetária.
Análise custo-efetividade

• Avalia qual produto obtém melhor resultado clínico por


cada unidade monetária;
• Desfecho: resultados clínicos.

Desvantagem

• Somente permite a comparação entre opções similares


com resultados medidos nas mesmas unidades.
Análise custo-utilidade

• Avalia a satisfação do paciente em relação ao tratamento


empregado em termos de qualidade de vida;
• Compara diferentes tipos de intervenções ou programas
sanitários;
• Desfecho: resultados humanísticos relacionados com a
qualidade de vida.

Desvantagem

• Dificuldade de quantificação dos valores subjetivos como


dor, capacidade de trabalho e satisfação.
EXEMPLOS DE ANÁLISES
FARMACOECONÔMICAS
Simulação de análise de minimização de
custos

Critérios – ATB A Preço unit. Consumo diário Valor do item

Bolsa IV 600 mg R$ 214,04 2 R$ 428,08

Equipo simples
R$ 10,98 1 R$ 10,98
infusão

CP 600 mg via
R$ 158,23 2 R$ 316,46
oral

* Revista Panamericana de Infectologia/2005


Simulação de análise de minimização de
custos
Critérios – Consumo
Preço unit. Valor do item
ATB B ref. diário
1 g IV R$ 47,73 2 R$ 95,46
Ser. + agulha R$ 1,50 2 R$ 3,00
Diluente R$ 0,56 2 R$ 1,12
Equipo p/ R$ 76,82 1 R$ 76,82
bomba inf.
Bomba infus. R$ 70,73 1 R$ 70,73
Diluente p/ R$ 3,94 2 R$ 7,88
infus.
Total R$ 255,01
* Revista Panamericana de Infectologia/2005
Simulação de análise de minimização de
custos
Critérios – Consumo
Preço unit. Valor do item
ATB B gen. diário
1 g IV R$ 28,90 2 R$ 57,80
Ser. + agulha R$ 1,50 2 R$ 3,00
Diluente R$ 0,56 2 R$ 1,12
Equipo p/ R$ 76,82 1 R$ 76,82
bomba inf.
Bomba infus. R$ 70,73 1 R$ 70,73
Diluente p/ R$ 3,94 2 R$ 7,88
infus.
Total R$ 217,35
* Revista Panamericana de Infectologia/2005
Simulação de análise de minimização de
custos
Critérios ATB A ATB B ref. ATB B gen.

Internação 8x350=2800 16x350=5600 16x350=5600

Visita médica 8x54= 432 16x54=864 16x54=864


4x439=1756
Terapia IV + 14x255=3570 14x217=3038
11x316=3476
Custo Total
R$ 8.464,00 R$ 10.034,00 R$ 9.502,00
tratamento

* Revista Panamericana de Infectologia/2005


Simulação de análise custo - benefício
Vacinação contra gripe em uma empresa

• Empresa com 1000 funcionários;


• Cada vacina R$ 20,00/funcionário: R$ 20.000,00
• 400 funcionários com gripe com 3 dias licença (1200
dias trabalho perdido);
• Valor dia funcionário parado R$ 50,00: prejuízo R$
60.000,00/ano.
• Vacinação reduz 75% casos – 300 faltas/ano - R$
15.000,00.
• Resultado: 60.000–(20.000+15.000)= Economia R$
25.000,00 ao ano
Simulação de análise custo - efetividade
Comparação hipotética entre custo e efetividade de 3
medicamentos no número de vidas salvas
Razão custo-
Custo p/ Número vidas
efetividade
Medicamento tratar 100 salvas /100
(custo/vida
pacientes pacientes
salva)

A R$ 30.000 10 R$ 3.000

B R$ 20.000 4 R$ 5.000

C R$ 18.000 18 R$ 1.000
Simulação de análise custo - utilidade

Item Antidepressivo A Antidepressivo B


Custo-dia
R$ 1,30 R$ 2,50
tratamento
Escore QOL 0,5 0,8

Extensão vida 20 anos 30 anos

Índice AVAQ 10 24
Custo anual
R$ 474,50 R$ 912,50
tratamento
Relação custo
R$ 47,45 / AVAQ R$ 38,02 / AVAQ
utilidade
Tabela de escolhas baseada na relação
entre custo e eficácia

Mais barato Mesmo custo Mais caro

Maior eficácia Dominante Preferencial ?

Mesma eficácia Preferencial Livre escolha Dispensável

Menor eficácia ? Dispensável Excluído


Farmacoeconomia: O que padronizar?

• Itens
Medicamentos e materiais;

• Processos
Procedimentos técnicos;
Sistemas de administração;

• Diretrizes
Evidências adequadas;
Custos suportáveis;
Ética.
Medicamentos (teicoplanina x vancomicina)
Mensuração: Eventos Adversos (nefrotoxicidade maior na
vancomicina)

• Teicoplanina e vancomicina são eficazes no tratamento de pessoas


com infecção comprovada ou suspeita;
• A incidência de efeitos adversos, incluindo NEFROTOXICIDADE foi
menor com teicoplanina
– Considerar o uso da Teicoplanina em pacientes com maior
risco de IRA necessitando de diálise.
Procedimentos técnicos enfermagem, médico-hospitalar (falta de ajuste de
dose, proporcionando um mau controle glicêmico)

Mensuração: aumento do risco de complicações em diabetes

20 Retinopatia
Nefropatia
15 Neuropatia
13 Microalbuminúria
Risco Relativo

11
9
7
5
3
1
6 7 8 9 10 11 12
A1c(%)

DCCT, Diabetes Control and Complications Trial.


1. Adaptado de Skyler JS. Endocrinol Metab Clin North Am. 1996;25:243-254.
2. DCCT. N Engl J Med. 1993;329:977-986. 29
3. DCCT. Diabetes. 1995;44:968-983.
Diretrizes (protocolo cirúrgico de prevenção de tromboembolismo venoso-TEV, após
cirurgia ortopédica de ALTO CUSTO (uso de próteses ortop.)

Mensuração: manter a qualidade do processo cirúrgico no pós operatório, empregando


profilaxia de TEV adequada. Amin A, et al. J Throm Haemost. 2007;5(8):1610-6

Ex. profilaxia: mecânica (meias elásticas), medicamentosa


(enoxaparina sódica 40mg 1 x dia)
Sistemas de administração (medidas de prevenção em acidentes de
trabalho, com materiais perfurocortantes – determinação NR32)

mensuração: identificar números de acidentes trabalho, afastamento trabalho,


contaminação, adquirir novos produtos, etc

Medidas Preventivas (adquirir


produtos com dispositivo segurança)
sem aumento de custo

Acidentes mais comuns


Obstáculos a serem superados

• Poucos estudos comparativos;


• Necessidades de decisões rápidas;
• Falta de dados sobre efetividade;
• Formular a pergunta correta pois quem não sabe o que
procura, não consegue interpretar o que encontra.
Cuidados a serem considerados

• Revisão sistemática da literatura não é revisão para


procurar artigos para justificar uma negativa de
cobertura;
• Nem tudo o que é publicado é bom;
• Qualidade das publicações científicas deixa muito a
desejar;
• Cuidado para não desvirtuar a MBE,
• Aprender a avaliar criteriosamente.
Paradigmas a serem quebrados

• “O importante é comprar o mais barato”.


• “Estudos farmacoeconômicos são aplicados só a
produtos caros”.
• “Custo tratamento= preço x tempo”.
• “Preço é o mesmo que custo”.
• “ Tudo o que é mais caro é a melhor opção”
Tendências para otimização do Sistema
de Saúde

• Uso racional de novas tecnologias.


• Controle de taxas e duração da internação.
• Redução dos custos hospitalares.
• Programas de prevenção.
• Medicina Baseada em Evidência.
• Farmacoeconomia.
Conclusões
• Permite uma avaliação objetiva na tomada das decisões.

• Mostra que nem tudo que é mais moderno ou mais caro é indispensável ou
produz melhor efeito.

• Mostra que alternativas que a primeiro momento parecem onerosas,


podem ser mais vantajosas.

• Conscientiza profissionais que é possível criar um modelo assistencial mais


racional com menores custos.

• O melhor emprego da farmacoeconomia se faz em sistemas coletivos de


saúde. Decisões individuais continuarão sob o discernimento médico,
desde que fundamentadas em critérios defensáveis.
“Aprender é a única coisa de que a mente
nunca se cansa, nunca tem medo e nunca
se arrepende”

Leonardo da Vinci
Obrigada

Carla Tozato
Farmacêutica- Intercâmbio
[email protected]

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