Aula 4 Comportamento Anormal
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PSICOPATOLOGIA
A psicopatologia é o ramo da Psicologia que se ocupa dos fenômenos psíquicos
patológicos e da personalidade desajustada. A psicopatologia estuda o comportamento
anormal, sua gênese, sintomas, dinâmica e as possíveis terapias.
Karl Jaspers, o responsável por tornar a psicopatologia uma ciência autônoma e
independente da psiquiatria, afirmava que o objetivo desta é “sentir, apreender e refletir sobre o
que realmente acontece na alma do homem”. Por isso, ela é considerada, a nível teórico e
clínico, o coração da psiquiatria.
DSM-IV refere-se ao Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.
CID-10 é a classificação usada no Brasil nos serviços de saúde para referenciar todos
os quadros de enfermidades e doenças, inclusive os transtornos mentais.
3º. Reação à tensão crônica de situação - Até agora apresentamos situações agudas
de tensão. Porém há perturbações transitórias e situacionais provocadas por situações de
tensão crônica. A tensão crônica existe quando o indivíduo permanece por longo tempo num
ambiente em que se sente inseguro, insatisfeito, hostilizado, ameaçado, inadequado. Poderiam
servir de exemplo: o marido que não se sente bem com seu casamento, o funcionário que
odeia seu trabalho, o jovem que se considera oprimido pelo autoritarismo ou superproteção dos
pais, o estudante decepcionado com a carreira escolhida, o velho que se vê abandonado por
todos, a criança rejeitada pelos pais.
A forma de reagir à tensão crônica do ambiente varia de acordo com a idade e a
personalidade de cada um. A criança rejeitada pode se mostrar muito manhosa, o adolescente
talvez escolha o caminho da rebeldia ou hostilidade, o adulto passa a sentir fadiga crônica, o
velho seja mais impertinente do que o normal.
PERTUBAÇÕES NEURÓTICAS
“Neurose é uma alteração na qual permanece relativamente intacta a apreciação da
realidade”.
Segundo Freud, deve-se procurar a causa das neuroses na repressão do impulso
instintivo (libido) por parte do “ego” consciente. Adler vê a causa das neuroses na inferioridade
orgânica. Jung as explica como expressão de gosto ou preconceito da integridade da
personalidade que reúne em si as antíteses. Para Kunkel as neuroses derivam da atitude
egoísta do homem que foge e desanima diante das responsabilidades. Speer coloca-as numa
elaboração defeituosa da experiência. Ringel aponta a essência das neuroses no conflito
psíquico entre tendências conscientes e inconscientes.
PERTUBAÇÕES PSICÓTICAS
A psicose é uma forma extrema de desorganização da personalidade. “A pessoa
psicótica típica tem delírios e alucinações. Falta-lhe o discernimento da natureza do seu
estado, sente-se desorientada quanto ao tempo, ao lugar e à pessoa e requer constante
supervisão ou internamento numa instituição adequada”.
“A psicose é uma grave alteração da função psicológica com deficiência na faculdade
do indivíduo para distinguir, avaliar e apreciar a realidade”.
As psicoses se dividem em duas categorias:
a) Psicoses psicogênicas ou funcionais (Esquizofrenia, Psicose maníaco-depressiva ou
Bipolar, Paranoia);
b) Psicoses orgânicas (Demência senil, psicose alcoólica,arteriosclerose cerebral).
2º. A psicose maníaco depressiva (bipolar) está em segundo lugar, entre as psicoses
funcionais mais comuns. É responsável por cerca de 10% das admissões em hospitais de
doenças mentais. Ë assinalado por atividade e excitamento. Os maníacos são cheios de
energia, inquietos, barulhentos, faladores e têm ideias bizarras, uma após a outra. Nos casos
hiperagudos, os pacientes se tornam selvagens, delirantes e completamente impossíveis de
manejar. O estado depressivo, ao contrário, é caracterizado por inatividade e desalento, muitas
vezes com sentimentos de culpa e preocupação com a morte. O depressivo autêntico está
sempre em perigo de um suicídio.
3°. A paranoia é uma psicose caracterizada, sobretudo por ilusões fixas. É um sistema
delirante durável. As ilusões de perseguição e grandeza são mais duradouras e mais
sistematizadas do que na esquizofrenia paranoide. Os ressentimentos são profundos e o
paranoico procura agredir aqueles que estiveram presentes em seus conflitos. É um tipo
perigoso para a sociedade: egocêntrico e destruidor, conhece seus inimigos e julga que sua
grandeza depende da eliminação de pessoas que o prejudicam. A verdadeira paranoia é
relativamente rara, sendo responsável por apenas cerca de 2% de casos em hospitais de
doenças mentais. Antigamente, todos os pacientes que tinham delírios eram classificados
como paranoico; atualmente, os delírios são conhecidos como sendo comuns na esquizofrenia
e em outros transtornos.
O paranoico é agressivo, mas não se dá conta de sua agressividade; está sempre se
defendendo e atribui motivos malévolos a quem não lhe aprecia; acredita que o fim justifica os
meios, é incapaz de solicitar carinho, não confia em ninguém.
b. Psicoses orgânicas
Demência senil, psicose alcoólica,arteriosclerose cerebral
1º. A demência senil não está vinculada a nenhuma idade determinada. A enfermidade
começa em alguns aos 40 ou 50 anos e em outros aos 80. Não é verdade que todo o mundo
se torna demente senil ao alcançar certa idade. O sintoma principal dessa demência, originada
pelas alterações que experimenta o cérebro com a idade, é a perturbação da capacidade de
fixação. Os enfermos não podem guardar em sua memória o que observam e estão
desorientados em sua própria casa, confundem as portas, esquecem tudo em seguida e
enchem as lacunas de sua memória com fantasias, confabulações, porque lhes resulta
desagradável reconhecer que perderam a recordação do que aconteceu num período de
tempo.
As recordações com intensa carga efetiva guardam melhor, porém também
desaparecem pouco a pouco da memória.
2º. A psicose alcoólica é gerado pelo uso excessivo de entorpecentes e álcool (delirium
tremens) que “é habitualmente marcada por violenta intranquilidade, acompanhada de
alucinações de uma natureza aterradora”. O cérebro é o órgão que mais álcool recebe.
Três mitos
Apesar das pesquisas realizadas nas últimas décadas, três grandes equívocos sobre o
conceito de psicopatia persistem entre os leigos.
O primeiro é a crença de que todos os psicopatas são violentos. No entanto, a maioria
dos psicopatas não é violenta e grande parte das pessoas violentas não é psicopata.
Mas, o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-IV-TR) reforça
ainda mais a confusão entre psicopatia e violência. Nele o transtorno de personalidade
antissocial (TPAS), caracterizado por longo histórico de comportamento criminoso e muitas
vezes agressivo, é considerado sinônimo de psicopatia.
O segundo mito diz que todos os psicopatas sofrem de psicose. Ao contrário dos casos
de pessoas com transtornos psicóticos, em que é frequente a perda de contato com a
realidade, os psicopatas são quase sempre muito racionais. Eles sabem muito bem que suas
ações imprudentes ou ilegais são condenáveis pela sociedade, mas desconsideram tal fato
com uma indiferença assustadora. Além disso, os psicóticos raramente são psicopatas.
PSICOTERAPIA
“Terapia é o nome usado para qualquer tentativa de tratar de uma moléstia ou
perturbação. Quase todas as terapias para perturbações do comportamento empregam
técnicas psicológicas e, por isso, são chamadas de psicoterapias”.
“Psicoterapia é o conjunto de técnicas de tratamento das perturbações de caráter
psicológico, como a psicanálise, a comportamentistas, etc”. A psicoterapia visa à cura dos
comportamentos anormais.
As terapias mais importantes são: Terapia psicanalítica Freudiana; Terapia Centrada no
cliente (terapia não diretiva de Gari Rogers); Terapia de modificação do comportamento;
Terapia médica; Terapia ocupacional; Terapia de grupo.
2º. Terapia Centrada no cliente (terapia não diretiva de Rogers) - Para Rogers, “o
indivíduo, dentro de si mesmo, tem a capacidade e o impulso para curar-se, bastando-lhe para
isto libertar-se das ameaças que obstam à autocompreensão à autoaceitação e à
autorrealização”. O objetivo do terapeuta é o de encorajar o paciente a ser mais
completamente ele mesmo, para organizar a si mesmo, de maneira a atingir a autorrealização.
O terapeuta n resolve problema algum do paciente, mas providencia uma oportunidade para
que ele desenvolva seus próprios métodos de ajustamento. O indivíduo, n o problema, é o
foco, O terapeuta é o orientador; compete ao cliente assumir a responsabilidade da direção e
progresso da própria terapia.
4°. Terapia médica - As drogas, a cirurgia ou outros meios físicos são recursos
empregado para o tratamento do paciente na terapia médica, mas somente por psiquiatras
formados em Medicina e que tenham treinamento nessas técnicas. As duas formas mais
comuns de tratamento médico nas perturbações do comportamento são o choque elétrico e a
terapia de drogas
5º. Terapia ocupacional - É a psicoterapia em que o paciente executa uma série de
tarefas, mormente trabalhos manuais. O objetivo do tratamento é liberar a pessoa do ambiente
em que vive, reativando e reequilibrando suas atividades. É uma técnica correlata a um
tratamento de maior profundidade.
6º. Terapia de grupo - Existem várias espécies de terapias de grupo. A forma tradicional
consiste em reunir um grupo de pacientes e fazer com que conversem entre si sob a orientação
de um terapeuta. O papel do terapeuta é manter a discussão focalizada em certos tópicos sem
que ele mesmo domine a conversação. Os pacientes conversam sobre seus problemas e os
membros do grupo comentam a respeito, assim cada um contribui com um pouco de suas
experiências. O objetivo é ajudar os membros a considerar situações interpessoais a partir de
diferentes pontos de vista.