Lei de Conservacao
Lei de Conservacao
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ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 4
2. Definições ................................................................................................................................................... 4
3. Áreas de conservação em Moçambique – Generalidades .................................................................... 5
4. Administração das áreas de conservação ................................................................................................ 9
5. Zonas de protecção .................................................................................................................................14
5.1 Classificação......................................................................................................................................15
5.2 Áreas de conservação de uso sustentável...........................................................................................17
5.3 Áreas de conservação transfronteiriça ................................................................................................21
6. Zona tampão.............................................................................................................................................21
7. Actividades nas áreas de conservação ...................................................................................................22
7.1 Exercício de actividades nas zonas de conservação .........................................................................22
7.2 Legislação aplicável às actividades nas zonas de conservação ........................................................23
7.3 Modalidades de caça..............................................................................................................................23
7.4 Instrumentos e meios de caça..............................................................................................................25
7.5 Períodos de defeso ................................................................................................................................25
7.6 Concessões para actividade cinegética................................................................................................25
8. Gestão das áreas de conservação ...........................................................................................................25
8.1 Regime de usos ......................................................................................................................................25
8.2 Normas de gestão ..................................................................................................................................26
8.3 Plano de maneio ....................................................................................................................................26
9. Recuperação e restauração da diversidade biológica ......................................................................27
10. Gestão de espécies ameaçadas de extinção ......................................................................................28
10.1 Espécies de flora e fauna ameaçados de extinção ..........................................................................28
10.2 Importação exportação de espécies ameaçadas de extinção .........................................................28
11. Reassentamento populacional ............................................................................................................29
12. Taxas ......................................................................................................................................................29
13. Fiscalização ...........................................................................................................................................29
14. Infracções e penalizações....................................................................................................................30
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Manual sobre a Aplicação da Lei da Conservação
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1. INTRODUÇÃO
O destaque vai para aspectos relativos à aplicação prática da Lei da Conservação e para alguns
procedimentos legais a observar na realização de actividades nas áreas de conservação. Para além
disso o manual procura ilustrar de forma geral os principais conceitos e preocupações respeitantes às
áreas de conservação, fazendo por isso referência a outros instrumentos normativos que versam
sobre a mesma matéria.
O presente manual tem de ser lido em conjunto com o relatório, em anexo ao mesmo, que efectua
uma análise e levantamento das questões relevantes na Lei de Conservação.
Além da Lei da Conservação ser nova e até agora pouco testada, coloca constrangimentos adicionais
o facto dela remeter o destinatário da mesma à regulamentação. O facto de a lei ainda não ter sido
regulamentada, pode condicionar a implementação de algumas das suas disposições até que seja
aprovado o regulamento, que se espera tenha lugar dentro de 180 dias após a entrada em vigor da
Lei da Conservação, concretamente 24 de Outubro de 2014 1.
2. Definições
1 Importa referir que, geralmente, o Governo não tem conseguido regulamentar as leis dentro do prazo legal
estabelecido. Há casos de regulamentos que só foram aprovados anos depois da entrada em vigor da lei a que dizem
respeito.
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a. Antecedentes
Os antecedentes do regime jurídico da conservação da biodiversidade são constituídos por uma série
de políticas e instrumentos legais citados ao longo do manual.
b. Legislação aplicável
A conservação é uma matéria transversal, porquanto tem tratamento em vários instrumentos legais,
conforme se aludiu acima. Portanto, para além da Lei da Conservação, podem também ser aplicadas
às matérias da conservação os seguintes instrumentos jurídicos:
A Lei n.º 20/97, de 1 de Outubro, que aprova a Lei do Ambiente (“Lei do Ambiente”)
estabelece os princípios básicos gerais da política ambiental, dentre outros, a utilização e
gestão racionais dos componentes ambientais de forma a promover a melhoria da qualidade
de vida dos cidadãos e a valorizar as tradições e o saber das comunidades locais.
68/2009, de 29 de Dezembro.
7 Lei n.º 3/90, de 26 de Setembro – Lei das Pescas; Política de Monitorização, Controlo e Fiscalização da Pesca.
8 Lei n.º 4/2004, de 17 de Junho – Lei do Turismo.
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ambiente, de prevenção dos danos ambientais, dos direitos e deveres dos cidadãos em
matéria ambiental, actuando também, nas questões de conservação.
A Lei n.º 19/97, de 1 de Outubro, que aprova a Lei de Terras (“Lei de Terras” ou “LT”),
recorrendo-se ao princípio do domínio público plasmado na CRM, classifica certas áreas
como zonas de protecção total e parcial, integrando-as no âmbito do domínio público do
Estado. Esta lei indica igualmente quais as áreas que constituem zonas de protecção total e
parcial.
A Lei n.º 10/99, de 7 de Julho, que aprova a Lei de Florestas e Fauna Bravia (“LFFB” ou Lei
10/99”), determina no seu artigo 2 que a mesma define os princípios e normas básicas sobre
a protecção, conservação e utilização sustentável dos recursos florestais e faunísticos no
âmbito de uma gestão integrada, com vista ao desenvolvimento socioeconómico do país.
A Lei n.º 3/90, de 26 de Setembro, que aprova a Lei de Pescas (“Lei de Pescas”) determina
que os recursos pesqueiros das águas jurisdicionais moçambicanas são de domínio público.
Esta lei consagra ainda medidas de conservação dos recursos pesqueiros e define as
competências para a aprovação da regulamentação sobre a matéria.
A Lei n.º 16/91, de 3 de Agosto, que aprova a Lei de Águas (“Lei de Águas”) determina que
as águas interiores constituem o domínio público hídrico do Estado. Entre as suas normas, a
Lei de Águas determina medidas para prevenção e controlo de contaminação das águas,
licenciamento de actividades nas zonas de protecção adjacentes aos recursos hídricos e regras
para autorização de despejo de efluentes.
A Lei n.º 4/96, de 4 de Janeiro, que aprova a Lei do Mar (“Lei do Mar”) determina as
competências do Estado moçambicano relativamente ao mar, incluindo competências
relativas a protecção e prevenção do meio ambiente marinho.
A Lei do Turismo, aprovada pela Lei n.º 4/2004, de 17 de Junho, estabelece o quadro legal
para o fomento e exercício de actividades turísticas. Esta lei determina ainda que as
actividades turísticas devem ser desenvolvidas respeitando o ambiente e com vista ao
crescimento económico sustentável.
Lei n.º 20/2014, de 18 de Agosto – A Lei de Minas estabelece normas que regulam a
actividade mineira, os direitos e deveres dos titulares de títulos mineiros relativos ao uso e
aproveitamento de recursos minerais, incluindo a água mineral.
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Decreto n.º 45/2004, de 29 de Setembro, com as alterações introduzidas pelo Decreto n.º
42/2008, de 8 de Novembro, que aprova o Regulamento sobre o Processo de Avaliação do
Impacto Ambiental: estabelece os procedimentos e condições para o licenciamento
ambiental e classifica as actividades e os impactos que podem ser causados dependendo do
bem em causa em categorias, determinando em consequência a necessidade de um estudo de
impacto ambiental, um estudo ambiental simplificado ou, casos de isenção de licença
ambiental, devendo observar as normas básicas de gestão ambiental.
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Convenção das Nações Unidas sobre a Biodiversidade, aprovada pela Resolução n.º 2/94, de
24 de Agosto (“UNCBD”). Esta Convenção tem como objectivos a conservação da
diversidade biológica, o uso sustentável das suas componentes e a partilha justa e equilibrada
dos benefícios gerados da utilização dos recursos genéticos12.
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A lei preconiza um sistema nacional das áreas de conservação, que é constituído pelos (i) órgãos de
administração das áreas de conservação, (ii) os mecanismos de financiamento das áreas de
conservação e (iii) a rede nacional das áreas de conservação.
Esse sistema visa (i) articular as instituições públicas, privadas ou mistas na administração e
financiamento das áreas de conservação, (ii) contribuir para a manutenção da diversidade biológica e
dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais e (iii) promover o
desenvolvimento sustentável com base nos recursos naturais e práticas de conservação da
biodiversidade nos processos de desenvolvimento.
a. Órgãos competentes
A administração das áreas de conservação é feita pelo Estado, através do Ministério do Turismo13, e
cabe a este estabelecer mecanismos adequados para garantir a participação de entidades públicas,
privadas e comunitárias na administração das áreas de conservação.
Através do Decreto n.º 11/2011, de 25 de Maio, foi criada a Administração Nacional das Áreas de
Conservação (ANAC)14, pessoa colectiva do Direito Público, dotada de autonomia administrativa,
patrimonial e financeira, tutelada pelo Ministro que superintende o sector das áreas de conservação.
13 Cfr. art. 2, al. b) do Decreto Presidencial nº 1/2000, de 17 de Janeiro, conjugado com o art. 1, al. c) e Diploma
Ministerial nº 126/2000, de 13 de Setembro.
14 Em 2013, através do Decreto n.º 9/2013, de 10 de Abril, foram introduzidas alterações ao Decreto de criação da
ANAC.
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Para prosseguir com os seus objectivos, à ANAC é atribuída, entre outras, as seguintes
funções;
Assegurar a articulação com todas as entidades com interesses convergentes, bem como a
cooperação com entidades internacionais com o intuito de cumprir o Direito Internacional;
Criar os Conselhos de Gestão das Áreas de Conservação que, entre outros, contribuirão no
desenvolvimento das parcerias com o sector privado e com as comunidades locais;
Note-se ainda que, caberá à ANAC, através do seu Conselho Directivo, deliberar sobre a contratação
de empréstimos junto das entidades públicas e privadas; autorizar as actividades condicionadas nas
áreas de conservação, tendo em atenção o respectivo plano de maneio e demais legislação aplicável;
aprovar as normas e procedimentos administrativos e financeiros da ANAC; entre outros.
A ANAC tem como receitas, entre outros: uma percentagem da entrada nas áreas de conservação;
taxas e tarifas das actividades turísticas nestas áreas; taxas das licenças especiais emitidas nestas áreas;
taxas cobradas no âmbito de contrato de concessões nestas áreas; taxas advenientes de actividades de
caça nestas áreas; taxas pelos serviços prestados; dotações orçamentais; financiamentos; doações;
entre outras fontes legalmente viáveis.
Em 2014, através da Resolução n.º 8/2014, de 13 de Junho, foi aprovada pela Comissão
Interministerial da Função Pública, o Estatuto Orgânico da ANAC.
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A estrutura da ANAC comporta cinco serviços, relativos à (1) protecção dos recursos naturais; (2)
estudos e desenvolvimento; (3) licenciamento e promoção; (4) administração e finanças e (5)
recursos humanos.
Destacámos os serviços de Licenciamento e Promoção, aos quais cabe, entre outros, conduzir os
concursos para as concessões; licenciar actividades na sua competência; criar imagem atractiva das
áreas em questão para gerar fluxo de visitantes e investidores.
A Lei da conservação preconiza uma gestão participativa das áreas de conservação, e a criação de
órgãos de apoio à administração das áreas de conservação – os conselhos de gestão das áreas de
conservação.
Uma gestão participativa significa uma gestão das áreas de conservação com a participação das
comunidades, do sector privado, dos órgãos locais do Estado, etc.
O Conselho de Gestão das Áreas de Conservação (CGAC), um órgão consultivo, deverá ser
constituído por representantes das comunidades locais, do sector privado, das associações e dos
órgãos locais do Estado, que sob supervisão do ANAC e apoia na gestão e maneio da respectiva área
de conservação.
Como forma de minimizar os prejuízos e aumentar os benefícios aos níveis local, nacional e
internacional, foram adoptados mecanismos de financiamento das áreas de conservação.
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Através da Resolução n.º 69/2011, de 29 de Dezembro, foi criada a Fundação para a Conservação da
Biodiversidade (BIOFUND), pessoa colectiva do Direito Privado, dotada de personalidade jurídica
autonomia administrativa, patrimonial e financeira, com o estatuto de Utilidade Pública (Resolução
8/2012 de 13 de Abril).
Ora é importante referir que as entidades (públicas ou privadas) que exploram os recursos minerais,
energéticos, florestais (e outros) nas áreas de conservação ou numa zona tampão (beneficiária da
protecção proporcionada por uma área de conservação) devem contribuir financeiramente para a
protecção da biodiversidade na respectiva área de conservação. Essas entidades têm igualmente o
dever de compensar pelos seus impactos com vista a assegurar que não haja perda líquida da
biodiversidade. A esta ideia está subjacente o princípio poluidor pagador15.
15Trata-se de um princípio do Direito do Ambiente, o qual se encontra plasmado no art. 4, al. g) da Lei do Ambiente. A
Política Nacional do Ambiente também contempla expressamente este princípio, estabelecendo que “o poluidor deve
repor a qualidade do ambiente danificado e/ou pagar os custos para a prevenção e eliminação da poluição por si
causada”. O mesmo princípio encontra-se plasmado no artigo 11 da lei da Conservação.
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Relativamente aos estoques de carbono, convém explicar que quando há diminuição de emissão de
gases que provocam o efeito estufa e o aquecimento global em nosso planeta, emite-se uma espécie
de certificado – o crédito de carbono.
Nos termos do Protocolo16, funciona da seguinte forma: o Protocolo determina uma quota máxima
de GEE17, que os países desenvolvidos podem emitir. Por sua vez, os países desenvolvidos criam leis
que restringem as emissões de GEE. Porém, aqueles países ou indústrias que não conseguem atingir
as metas de reduções de emissões de GEE determinadas pelo Protocolo tornam-se compradores de
créditos de carbono. Por outro lado, aqueles países ou indústrias que conseguiram diminuir as suas
emissões abaixo das quotas determinadas pelo Protocolo podem vender, a preços de mercado, o
excedente de “redução de emissões” no mercado nacional ou internacional, e são geralmente
comprados por empresas de países que não conseguem reduzir a emissão dos gases poluentes,
permitindo-lhes manter ou aumentar a emissão.
Um crédito de carbono equivale a uma tonelada de CO2 (dióxido de carbono) que deixou de ser
produzido. Aos outros gases reduzidos são emitidos créditos, utilizando-se uma tabela de carbono
equivalente.
A quantidade permitida de emissão de gases poluentes e as leis que regem o sistema de créditos de
carbono foram definidas durante as negociações do Protocolo (discutido e negociado no Japão em
1997).
A rede nacional das áreas de conservação é constituída pelas áreas de conservação total e a área de
conservação de uso sustentável (conceitos abordados no ponto a seguir).
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5. Zonas de Protecção18
No ponto a seguir apresentamos a classificação das zonas de protecção. Essa classificação legal
relativamente às zonas de protecção visa garantir a conservação representativa dos ecossistemas e
espécies e a coexistência das comunidades locais com outros interesses e valores a conservar.
18 Cfr. art. 13 da Lei de Conservação. Este artigo revoga o art. 10 da LFFB sobre zonas de protecção.
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Note-se que em alguns diplomas, nomeadamente a Lei de Terras, a Lei do Ambiente, inclusive a
CRM, usam-se conceitos como “zonas de protecção total”19, “áreas de protecção ambiental”20, e
zonas de protecção da natureza”21 para referir-se às zonas de protecção, que é um conceito mais
abrangente.22
5.1 Classificação
São áreas de domínio público, destinadas à preservação dos ecossistemas e espécies sem intervenção
de extracção dos recursos, admitindo-se somente o uso indirecto dos recursos naturais.
As áreas de conservação total podem ser classificadas em: reserva natural integral; parque nacional; e
monumento cultural e natural.
É uma área de conservação total, de domínio público do Estado, delimitada, destinada à preservação
da natureza, à manutenção dos processos ecológicos, do financiamento dos ecossistemas e das
espécies ameaçadas ou raras.
Excepto por razões científicas destinadas à fiscalização ou para a prática de turismo de contemplação
que não envolva a implantação de infra-estruturas, é rigorosamente proibido nestas áreas a prática
das seguintes actividades:
c) Parque nacional
É uma área de conservação total de domínio público do Estado, delimitada, destinada a propagação,
protecção, conservação, preservação e maneio da flora e fauna bravias bem como à protecção de
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Excepto por razões científicas ou por necessidades de maneio, é proibida a prática das seguintes
actividades nos parques nacionais:
Todo o acto que, pela sua natureza, causar perturbações à manutenção dos processos
ecológicos, à flora, fauna e ao património cultural;
Diferentemente da Reserva Natural Integral, admite-se a presença do Homem nestas zonas, nos
termos previstos no plano de maneio, contanto que tal não constitua ameaça à preservação dos
recursos naturais e da diversidade biológica. Permite-se também a investigação científica controlada e
monitoria dos seus recursos naturais para fins de gestão da área.
É uma área que contém um ou mais elementos com valor natural, estético, geológico, religioso,
histórico ou cultural excepcional ou único, em áreas inferiores a 100 hectares que, pela sua
singularidade e raridade, exigem a sua conservação e manutenção da sua integridade. O monumento
cultural e natural pode ser de domínio público, autárquico, comunitário ou privado,
São também considerados monumentos naturais as árvores de valor ecológico, estético, histórico e
cultural.
Os monumentos visam (i) proteger ou conservar elementos naturais ou culturais específicos, (ii)
proporcionar a realização de actividades de ecoturismo, recreação, educação e investigação científica,
(iii) garantir a preservação e reprodução das espécies ou formações vegetais raras, endémicas,
protegidas e em via de extinção, (iv) prevenir ou eliminar qualquer forma de ocupação ou exploração
incompatível com o objecto da tutela de monumento, (v) contribuir para o desenvolvimento
económico e social local, pela promoção do turismo e da participação das comunidades locais nos
benefícios resultantes dessas actividades.
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As áreas de conservação de uso sustentável podem ser classificadas em: reserva especial, área de
protecção ambiental, coutada oficial, área de conservação comunitária, santuário, fazenda do bravio,
parque ecológico municipal.
a) Reserva especial
Todo o acto que, pela sua natureza, causar perturbações a manutenção dos processos
ecológicos, à flora, fauna e ao património cultural;
Portanto, é proibida, na reserva especial, a exploração de quaisquer recursos, com excepção dos
recursos cuja exploração é permitida pelo plano de maneio.
Note-se que é admissível a presença do Homem nas reservas especiais, nos termos previstos no
plano de maneio, contanto que tal não constitua ameaça à preservação dos recursos naturais e da
diversidade biológica. É também permitida a investigação científica controlada e monitoria dos seus
recursos naturais para fins de gestão da área.
É uma área de conservação de uso sustentável, de domínio público, delimitada, gerida de forma
integrada, onde a interacção entre a actividade humana e a natureza modelam a paisagem com
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Numa área de protecção ambiental podem ser explorados os recursos naturais, em conformidade
com o plano de desenvolvimento integrado.
A área de protecção ambiental pode abranger áreas terrestres, águas lacustres, fluviais ou marítimas e
outras zonas naturais distintas. Note-se que podem existir outras categorias de áreas conservação
dentro de uma área de protecção ambiental, como por exemplo o santuário, coutada oficial, parque
ecológico municipal, etc.
c) Coutada oficial
A gestão duma coutada oficial dever ser realizada de acordo com um plano de maneio devidamente
aprovado pelo Ministério do Turismo, sob proposta da ANAC.
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Porém, é permitido o uso de recursos florestais e faunísticos pelas comunidades locais, desde que
realizado de forma sustentável com fins de subsistência e não comprometa os objectivos da coutada
oficial (conforme indicados acima).
É uma área de conservação de uso sustentável, do domínio público comunitário, delimitada, sob
gestão de uma ou mais comunidades locais onde estas possuem o direito de uso e aproveitamento da
terra, destinada à conservação da fauna e flora e uso sustentável dos recursos naturais.
A gestão dos recursos naturais existentes na área de conservação comunitária é feita de acordo com
as regras e práticas costumeiras das respectivas comunidades locais, sem prejuízo do cumprimento
da legislação nacional.
O licenciamento para o exercício das actividades de exploração de recursos a terceiros deve ser feito
com prévio consentimento das comunidades locais, após processo de auscultação, que culmine na
celebração de um contrato de parceria.
e) Santuário
É uma área de domínio público do Estado ou de domínio privado, destinada à reprodução, abrigo,
alimentação e investigação de determinadas espécies de fauna e flora.
23 Os artigo 82 et seg. do RLFFB dispõem sobre o repovoamento das espécies.
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O santuário pode ser demarcado dentro de uma área de conservação já criada ou fora dela.
A exploração de recursos existentes no santuário pode ser feita mediante licença especial,
exceptuando as espécies que se pretendam proteger, desde que estejam em conformidade com o
plano de maneio ou com a lei. Os procedimentos para o licenciamento serão estabelecidos por
regulamento.
f) Fazenda do bravio
É uma área de domínio privado vedada e destinada a conservação de fauna e flora em que o direito
de caçar é limitado ao respectivo titular do direito de uso e aproveitamento da terra (DUAT) ou
àqueles que tiverem autorização dos titulares do DUAT – tanto os titulares de DUAT como os
autorizados por aqueles que carecem da respectiva licença para o exercício da caça, emitida pela
entidade competente.
Colocar animais em cativeiro, sendo responsável pela sua alimentação, saúde e manutenção;
24 Art 82 e seg.
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Estimular a educação ambiental, recreação e lazer dos munícipes bem como a prática de
ecoturismo;
Note-se que nestas áreas é permitida a presença do Homem, contanto que não ponha em causa os
objectivos que presidiram à sua criação.
É uma área que atravessa uma ou mais fronteiras entre Estados25 e é composta por áreas de
conservação ou outras formas de uso da terra, que contribuem para a protecção e manutenção da
diversidade biológica e dos recursos naturais associados, e promove o desenvolvimento económico.
A prossecução dos objectivos de cada categoria de área de conservação e que são integrados
nas áreas de conservação transfronteiriça;
Importa referir que a área de conservação transfronteiriça é estabelecida por tratado ou acordo
celebrado e aprovado pelos órgãos do Estado.
6. Zona tampão
É uma porção territorial delimitada à volta da área de conservação, formando uma faixa de transição
entre a área de conservação e a área de utilização múltipla com o objectivo de controlar e reduzir os
25 Como, por exemplo, o Parque Transfronteiriço do Grande Limpopo, entre África do Sul, Moçambique e Zimbábuè.
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Promoção da educação ambiental servindo como base para consolidar a atitude de respeito
às actividades e necessidades ligadas à conservação e a qualidade de vida;
A prática de qualquer actividade susceptível de afectar a biótica da zona tampão, deve ser
previamente aprovada pelo Ministério do Turismo e está sujeita ao licenciamento ambiental, nos
termos da legislação específica.
A lei permite o exercício de actividades nas áreas de conservação, quando a necessidade, utilidade ou
interesse público o justifiquem. Para além das actividades permitidas nas categorias de áreas
indicadas acima, incluem-se também:
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Apicultura;
Investigação científica.
Podem também ser autorizadas outras actividades que estejam previstas no plano de maneio.
As concessões para o exercício das actividades turística, cinegética, pesca, exploração florestal,
apicultura e investigação científica são implementadas obedecendo a legislação específica, as
permissões e restrições impostas pela Lei de Conservação (indicadas nas várias categorias, descritas
nos pontos acima) e o plano de maneio da respectiva área de conservação.
São modalidades de caça a (i) caça por licença, (ii) caça desportiva e (iii) caça comercial.
Os termos e condições e as quotas anuais de abate de animais bravios, bem como os instrumentos
permitidos para a prática de caça nas modalidades referidas é fixado por diploma específico.
A caça por licença simples é exercida pelas comunidades locais, nas áreas de conservação de uso
sustentável e nas zonas tampão, e visa o consumo próprio.
O licenciamento de caça para os membros das comunidades locais é feito pelos conselhos locais de
acordo com as normas e práticas costumeiras e em coordenação com o Ministério do Turismo.
Nos termos do RLFFB, são condições para obtenção da licença os seguintes requisitos:
Não padecer de anomalia psíquica ou deficiência fisiológica que torne perigosos o exercício
de actos venatórios; e
Declaração do requerente em como não está, por disposição legal ou decisão judicial,
proibido do exercício de actos venatórios ou de porte e uso de armas de fogo.
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O período de validade;
A proibição ou não de porte e uso de arma de fogo, e outras condições impostas por Lei
para o titular,
b) Caça desportiva
A caça desportiva é exercida por pessoas singulares nacionais e estrangeiras, nas coutadas oficiais,
nas fazendas do bravio e em outras áreas de conservação de uso sustentável e zonas tampão, em
conformidade com o plano de maneio.
O pedido de licença para a prática da caça desportiva é feito pelos concessionários das coutadas
oficiais ou das respectivas fazendas do bravio, em nome dos caçadores beneficiários conforme a
quota estabelecida para o concessionário e é dirigido ao Director Nacional de Florestas e Fauna
Bravia respectivamente, conforme se trate de coutadas oficiais ou fazendas do bravio.
Os requisitos legais necessários à atribuição da licença (as mesmas condições para a obtenção
da licença simples, acima);
A quota de espécies a que foi atribuída para a respectiva época venatória, ou para o caso das
fazendas do bravio, plano de maneio aprovado;
A indicação das espécies que se pretende caçar bem como os instrumentos e meios a serem
utilizados na caça e o caçador guia responsável.
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c) Caça comercial
A caça comercial é exercida por pessoas singulares ou colectivas nas fazendas do bravio, visando a
obtenção dos despojos ou de troféus para a comercialização, através da criação de animais bravios
nos termos da lei de conservação.
É permitida a caça em defesa de pessoas e bens, contra ataques actuais ou iminentes de animais
bravios quando não seja possível o afugentamento ou captura.
Esta modalidade deve ser exercida prontamente após o conhecimento dos factos, pelas brigadas
especializadas do Estado ou pelo sector privado e pelas comunidades locais devidamente
autorizadas.
O RLFFB26 estabelece um período de defeso geral para a exploração florestal de espécies nativas de
1 de Janeiro à 31 de Março.
A actividade cinegética é a actividade de caça. As condições para a realização da caça nas coutadas
oficiais, fazendas de bravio serão apresentadas adiante, no nº 8.3., abaixo.
Os usos ou exercício de actividades numa área de conservação devem obedecer ao previsto na Lei de
Conservação e no respectivo regulamento, ou ao plano de maneio.
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Manual sobre a Aplicação da Lei da Conservação
Os usos compatíveis com a área podem ser sujeitos a autorização directa da administração da área
desde que previstos pelo plano de maneio. Quando os pedidos de autorização provêm de outros
órgãos do Estado, estes carecem do parecer da administração da área e tem carácter vinculativo.
Note-se que os usos incompatíveis com a finalidade da área de conservação, ficam fora da respectiva
ordenação e devem ser eliminados com a maior urgência.
Cabe à administração da área salvaguardar os valores que motivaram a criação da área, manter a
qualidade ambiental e, na medida do possível, restaurar o meio.
Dar maior atenção as espécies catalogadas que se encontrem no interior de uma área de
conservação, com vista à recuperação da sua população e eliminação dos factores de ameaça;
Garantir que o aproveitamento dos recursos naturais, onde sejam localizados, se faça de
maneira controlada e sustentável;
A classificação da área e seus limites geográficos e o mapa da área junto com zoneamento, se
for aplicável;
Os usos que são considerados proibidos e aqueles submetidos à autorização em função das
necessidades de protecção da área;
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Os planos especiais que devam ser elaborados para tratar em detalhe qualquer aspecto da
infra-estrutura ou necessidade de gestão da área;
Os estudos necessários para conhecer melhor a área, contendo o seguimento das condições
ambientais e de uso necessários para apoiar a gestão e a projecção económica das inversões
correspondentes, se houver;
O plano de maneio deve abranger a área de conservação, a sua zona tampão, incluindo medidas com
o fim de promover a sua integração à vida económica e social das comunidades locais.
Como medida transitória, enquanto não houver ou se prepara o plano de maneio, a área de
conservação pode ser gerida através duma declaração de intenções de maneio, que deve incluir uma
descrição dos valores dos recursos naturais e culturais significativos e existentes na área e uma
proposta de gestão e uso.
Note-se que o plano de maneio possui a mesma força legal que o plano de gestão ambiental e o
plano de ordenamento territorial.
O critério geral definido pela lei para a recuperação e restauração da biodiversidade biológica:
Importa referir que nas áreas de conservação não é permitida a transformação da área degradada
para outra finalidade de uso devendo esta ser restaurada à sua condição anterior.
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Cabe ao Estado promover a pesquisa e investigação sobre o estado da diversidade biológica do país
para fornecer informação para a tomada de decisões sobre a gestão das espécies.
A lista de espécies protegidas e de espécies cuja utilização é permitida deverá ser estabelecida por
decreto específico. Vide em anexo a lista das espécies ameaçadas de extinção27.
Note-se que esta lista encontra-se desactualizada, pois há muitos animais, sobretudo aves, que não
figuram na lista.
A importação de espécimes previstas no Apêndice I28 pode ser feita mediante a observação dos
seguintes requisitos29:
20/81, de 30 de Dezembro.
31 Idem.
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A exportação de espécimes dos Apêndices II e III requer licença de exportação emitida pela
autoridade nacional, o ANAC.
Quando a presença das populações seja incompatível com o estatuto jurídico da área de conservação
ou impeça o seu bom maneio, o Estado pode realizar o reassentamento. Às populações abrangidas
pelo reassentamento devem ser garantidas condições de vida iguais ou superiores as que possuem na
área em que vivem, através de uma justa compensação acompanhada de medidas que promovam
meios de vida.
12. Taxas
O acesso e utilização de recursos naturais são feitos mediante taxas. O pagamento dessas taxas visa a
compensação ao esforço da conservação e pelos serviços ecológicos da área de conservação.
O Conselho de Ministros deverá fixar os valores das taxas acima referidas, bem como para a emissão
de licença para o exercício de actividades e demais autorizações, incluindo as sobretaxas do
repovoamento.
As comunidades locais beneficiam de percentagens dos valores provenientes das taxas de acesso e
utilização de recursos, a qual deverá ser fixada pelo Conselho de Ministros, em valores não inferiores
a 20%.
Note-se que as comunidades locais são isentas do pagamento de taxas pela utilização dos recursos
naturais, desde que os utilizem para fins não comerciais e em áreas que tais actividades sejam
permitidas.
13. Fiscalização
A protecção, conservação, preservação, uso sustentável, transporte e maneio dos recursos existentes
nas áreas de conservação são sujeitos à fiscalização.
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A fiscalização das áreas de conservação é exercida por fiscais do Estado, agentes comunitários e
fiscais ajuramentados, incluindo as forças de defesa e serviços de segurança do Estado.
São infracções puníveis com pena de multa de 1 a 10 salários mínimos da função pública as
seguintes:
Recepção de recursos existentes nas zonas de conservação sem que tenha documento
comprovativo da autorização do vendedor ou transportador;
Transporte ilegal de animais da condição camuflada de forma a não reconhecer seu sexo e
espécie.
São infracções puníveis com pena de multa de 11 a 50 salários mínimos da função pública as
seguintes:
Constituem igualmente infracções puníveis com pena de multa de 50 a 100 salários mínimos da
função pública a realização de exploração, armazenamento, transporte ou comercialização ilegais de
espécies constantes da lista de espécies protegidas do país.
Abaixo se seguem algumas questões que julgamos ser uma das mais importantes e mais frequentes
relativamente a Lei da Conservação:
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R: A lei não prevê de forma clara essa restrição. Porém, tratando-se de uma espécie protegida,
independentemente de a mesma se encontrar fora de uma área de conservação, beneficia da
proteção da Lei da Conservação. O mesmo aplica-se aos troféus apanhados fora da área de
conservação.
3. Tem que se provar a proveniência do material como vindo das áreas de conservação para se
poder aplicar a Lei da Conservação?
4. A zona tampão faz parte ou não da rede nacional das áreas de conservação?
R: A rede nacional das áreas de conservação é constituída por áreas de conservação. No entanto,
a lei não classifica a zona tampão como área de conservação. Nessa lógica, a zona tampão não
faz parte da rede nacional das áreas de conservação.
Conforme se pôde depreender das linhas transactas, particularmente o ponto 3.2 deste manual, a
Lei da Conservação não é a sede exclusiva da matéria da biodiversidade, há outros instrumentos
legais que tratam da mesma matéria e que jogam o importante papel de complementaridade
relativamente à Lei da Conservação.
17. Anexos
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18. Bibliografia
2. Legislação
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3. Outras referências
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