Aula3 - Acidos e Bases Duros e Macios
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1. Introdução
A primeira consideração que se deve ter a respeito dos ácidos e bases é que as chamadas
"teorias" de ácido-base são, na realidade, conceitos de ácidos ou de bases; elas não são teorias no
sentido da teoria da ligação de valência ou da teoria de orbitais moleculares. Na verdade podemos
fazer um ácido ser qualquer coisa que queiramos - as diferenças entre os vários conceitos não se
referem ao "certo", mas ao uso mais conveniente em uma situação particular. Todas as definições
do comportamento ácido-base são compatíveis umas com as outras. De fato, um dos objetivos na
apresentação que se segue, das várias definições diferentes, é enfatizar seus paralelismos e assim
dirigir o estudante na direção de uma atitude cosmopolita diante dos ácidos e bases, o que dará a ele
uma boa posição para lidar com as várias situações químicas, seja solução aquosa de íons, reações
orgânicas, titulações não aquosas ou qualquer outra.
A palavra ácido provém do latim acidus, que significa azedo ou adstringente. Foi
empregada originalmente para referir-se ao vinagre, fabricado desde as primeiras civilizações
mediante a fermentação de sucos de frutas, especialmente uva, produzindo assim o vinho, que
contém álcool etílico (CH3CH2OH). Ao deixar “azedar” o vinho, forma-se o vinagre, uma solução
aquosa diluída de ácido acético (CH3COOH). As bases, por outro lado, têm sabor amargo e dão a
impressão de serem escorregadias, como o sabão. A palavra base vem do inglês arcaico debase, que
significa rebaixar, significando abaixar o valor de alguma coisa, por outro lado, a palavra álcali é
proveniente do árabe al-qali, que significa cinzas de plantas.
Ácidos e bases podem ser reconhecidos, e, portanto, classificados, por um conjunto de
reações químicas específicas. Estas classificações de ácidos e bases são baseadas em reações
químicas que muitas vezes têm uma aplicação geral, outras vezes se prestam para situações
particulares de aplicações restritas. Mais comumente ácidos e bases são classificados de acordo com
a teoria de Arrhenius (1884), Brønsted-Lowry (1923) ou de Lewis (1923). Para compostos
inorgânicos, uma conceituação alternativa de ácidos e bases é a classificação em duros e macios,
proposta por Pearson em 1963 que originalmente foram identificados por S. Ahrlande, J. Chat e
N.R. Davies como classe a e classe b.
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Química Inorgânica I – Conceitos de Ácidos e Bases
2 Conceitos Elementares de Ácidos e Base
De acordo com a definição de ácidos e bases de Arhhenius, uma reação entre um ácido
e uma base, processo químico denominado de reação de neutralização, é descrita pela seguinte
equação na forma iônica:
Uma equação iônica é, logicamente, aquela que mostra íons. Nestes tipos de equações,
no lado esquerdo são apresentadas somente as espécies que, em solução, realmente reagem e do
lado direito as espécies que são formadas. Note que na equação [3], em solução aquosa, os íons Na+
e Cl- não são escritos, isto não significa que eles não estão presentes, somente que eles não são
consumidos ou formados na reação química, ou seja:
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Química Inorgânica I – Conceitos de Ácidos e Bases
2.2 Definição de Brønsted–Lowry (1923)
As espécies químicas que diferem uma da outra pelo próton transferido formam um par
ácido e base conjugados. Portanto, na equação acima HCl/Cl− constitui um par de ácido/base
conjugado, designados como ácido1 e base1, assim como, H3O+/H2O representam o outro par de
ácido e base conjugados. Em todas as reações ácido–base de Brønsted – Lowry, há necessariamente
a produção de dois pares ácido/base conjugados.
Como um segundo exemplo, a amônia, NH3, é uma base de Brønsted–Lowry porque em
solução aquosa ela recebe um próton da água como pode ser verificado na equação abaixo:
Os pares ácido/base conjugados na reação [6] são: NH4+/ NH3 e H2O / OH− .
No contexto da definição de Brønsted-Lowry, há a possibilidade de se ter uma espécie
capaz de doar ou receber prótons; esta é uma espécie denominada de anfiprótica. Como exemplo de
compostos anfipróticos tem-se a água e o hidrogenocarbonato (bicarbonato). Podemos verificar,
pelas reações [5] e [6], que a água pode atuar como uma base (para formar o ácido conjugado H3O+)
ou como um ácido (para formar a base conjugada OH−). O mesmo ocorre com o
hidrogenocarbonato, cujas reações em que ele funciona, respectivamente, como ácido e base são:
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Química Inorgânica I – Conceitos de Ácidos e Bases
HCO3-(aq) + H3O+(l) < H2CO3 > + HOH(aq) [7]
Os pares ácido/base conjugados na reação [9] são: HCl / Cl− e NH4+ / NH3 .
Mesmo na ausência de um solvente podemos ter uma reação de ácido e base. Por
exemplo, a reação ácido-base entre HCl e NH3 ocorre na fase gasosa. Tanto o cloreto de hidrogênio
como a amônia são facilmente produzidos na fase gasosa: basta abrir um frasco contendo uma
solução concentrada dessas substâncias em uma capela, para se observar a formação de uma névoa
branca, devido à formação do sólido cloreto de amônio, NH4Cl. A reação que ocorre é descrita pela
equação [10]:
HCl (g ) + NH3(g) → NH4Cl(s) [10]
Um processo de neutralização, pode agora ser racionalizado como aquele em que ocorre
uma transferência de prótons entre dois pares ácido/base conjugados. Portanto, todas as reações
apresentadas para exemplificar as definições de Brønsted–Lowry, podem ser chamadas de reações
de neutralização.
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Química Inorgânica I – Conceitos de Ácidos e Bases
corresponde é a sua maior tendência para doar um próton, enquanto que a força de uma base é
medida por sua tendência para receber um próton. Como um exemplo, considere a dissolução de
ácido sulfúrico (H2SO4) em água:
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Química Inorgânica I – Conceitos de Ácidos e Bases
Pelas posições relativas na Tabela 1, o ácido clorídrico tem uma maior tendência em
reagir com a amônia para formar os íons amônio NH4+(aq) e Cl −(aq) (reação [13]) do que reagir com
−
a própria água (o solvente) para formar os íons H3O+(aq) (hidrônio) e Cl (aq), (reação [12]). Como
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Química Inorgânica I – Conceitos de Ácidos e Bases
uma segunda comparação, nas reações [12] e [14], pelas posições relativas que ocupam na Tabela 1,
o ácido sulfúrico H2SO4 tem um poder maior para reagir com a água do que o ácido clorídrico HCl.
Outra observação importante, ácidos como o ácido sulfúrico, H2SO4, carbônico, H2CO3
ou o ácido fosfórico, H3PO4, entre vários outros, podem, em solução aquosa, comportar-se como
ácidos de Brønsted-Lowry doando mais que um próton. São os chamados ácidos polipróticos.
Porém, pela Tabela 1, podemos verificar que as forças dos ácidos sucessivamente formados são
bastante diferentes. Por exemplo, o ácido sulfúrico é um ácido relativamente forte (a segunda
posição na Tabela 1) para formar a base conjugada, o íon hidrogenossulfato ,HSO4−. Esse íon, por
sua vez, pode atuar como um ácido para formar como base conjugada o íon sulfato, SO42−. O HSO4−
é, entretanto, o sétimo ácido em força na classificação da Tabela 1, enquanto que o íon hidrônio,
H3O+, é o quinto, nesta classificação. Portanto, a rigor, muito pouco do íon HSO4− é esperado reagir
com água para produzir íons SO42−. Esquematicamente temos:
com as forças fácido relativa de todos os ácidos participantes do processo químico, comportando-se
como :
fácido(H2SO4) > fácido(H3O+) > fácido(HSO3−) .
Em uma reação onde ácidos e bases participam, pode não ser integralmente completada
no sentido de que todo o reagente adicionado transforma-se em produtos. Normalmente um
equilíbrio químico é estabelecido; ora há uma predominância de regentes ora dos produtos. Em
água, essas situações são esperadas para os casos em que um ácido que se encontra em uma posição
inferior ao íon hidrônio H3O+, na Tabela 1. Nestes casos, o par reagirá fracamente, como no
exemplo a seguir:
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Química Inorgânica I – Conceitos de Ácidos e Bases
HSO4−(aq) + H2O(l) H3O+(aq) + SO42−(aq) [17]
Tratando-se de uma base, a mesma regra pode ser aplicada, porém, devemos observar a
posição relativa da base de interesse que deve estar, na Tabela 1, acima do íon hidroxila, OH−. O
exemplo [18] ilustra este caso:
Nestes exemplos, a água reage em pequena extensão com o ácido acético e com a
amônia, embora suas posições relativas na tabela (consulte a Tabela 1) não sejam favoráveis. Como
sabemos, o ácido acético é um ácido fraco (ver Tabela 2) enquanto que a amônia é uma base fraca
(ver Tabela 3). Para essas espécies a dissociação em água é pequena.
Resumindo, ao observar a posição dos ácidos: HClO4, H2SO4, HCl e HNO3, na Tabela
1, verificamos que eles estão acima do íon H3O+ e que portanto, estes quatro ácidos têm maior
tendência em doar prótons do que o íon H3O+. Ou seja, estes quatro ácidos reagem completamente
com a água para formar o íon H3O+. Portanto, em solução aquosa, o íon H3O+ é o ácido mais forte
que pode existir. Paralelamente, qualquer base mais forte do que o OH− reage completamente com a
água, formando OH−. Portanto, em solução aquosa, o íon OH- é a base mais forte que pode existir.
Como em solução aquosa, os ácidos HClO4, H2SO4, HCl e HNO3 estão totalmente
dissociados, podemos dizer que são todos igualmente fortes e que o solvente, no caso a água, exerce
um efeito nivelador sobre suas forças ácidas.
Em um solvente menos básico do que a água, como por exemplo, ácido acético, é
possível diferenciar as forças de ácidos fortes nele dissolvidos. Em um solvente menos básico, a
tendência de cada ácido em transferir seu próton é menor.
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Química Inorgânica I – Conceitos de Ácidos e Bases
Ácidos fracos são aqueles que não estão completamente dissociados em solução aquosa.
[22]
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Química Inorgânica I – Conceitos de Ácidos e Bases
Bases fracas são aquelas que não estão completamente dissociadas em solução aquosa.
Segundo Brønsted – Lowry, base é uma substância que recebe prótons. Considerando B
como uma base, a equação correspondente à dissociação pode ser representada como:
A constante de dissociação de uma base, Kb, pode ser expressa em termos da constante
de equilíbrio da respectiva reação de dissociação. Para a reação da equação [25] temos que:
[26]
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Química Inorgânica I – Conceitos de Ácidos e Bases
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Química Inorgânica I – Conceitos de Ácidos e Bases
4. Definição de Ácidos e Bases pelo Sistema Solvente
De modo semelhante ao que ocorre com a água, muitos solventes se autodissociam com
a formação de espécies catiônicas e aniônicas:
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Química Inorgânica I – Conceitos de Ácidos e Bases
Nos exemplos apresentados, equações químicas [30] a [32], o HClO4 é um ácido porque
aumenta a concentração de H3O+ e NH4+ que são os cátions característicos do solvente, água e
amônia líquida. O íon carbonato é uma base porque aumenta a concentração de OH – que é o ânion
característico do solvente, no caso água.
Quantitativamente, pode-se tratar as constantes de equilíbrio características de sistemas
formados por solventes não aquosos de forma análoga ao desenvolvido para os sistemas onde o
solvente é a água. Por exemplo, se
[33]
é a constante do produto iônico de um solvente não-aquoso AB geral. Na eq. [34], [A+] e [B-] são
as concentrações das espécies catiônicas e aniônicas, características de um solvente AB de
interesse.
Escalas logarítimas análogas à escala de pH (= −log[H+], onde [H+] é a concentração de
íons H+ em solução) utilizadas em sistemas aquosos podem ser construídas. Neste caso, o chamado
ponto neutro é, por definição, igual a –½ log KAB . No casos de sistemas aquosos, o ponto neutro
corresponde à concentração de íons H+ igual 10−7 ( [H+] = 10−7). Este número corresponde à
concentração de íons H+ presentes na água pura à temperatura de 25oC e pressão de 1 atm. Alguns
exemplos das características ácido-bases de solventes não aquosos são apresentados na Tabela 4.
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Química Inorgânica I – Conceitos de Ácidos e Bases
5. Definição de Lewis (1923)
Na reação química [35] o íon H+ não possui elétron e pode, assim, receber um par de
elétrons; r outro lado, a molécula de água tem dois pares de elétrons não compartilhados. Um dos
pares de elétrons da água pode ser compartilhado entre o íon H+ e a molécula de H2O, formando
uma ligação H2O⎯H, dando origem ao íon hidrônio (H3O+).
+
H
Nesta reação, a molécula de amônia tem um par de elétrons não compartilhado, o qual é
compartilhado entre o íon H+ e NH3, formando uma ligação H3N⎯H, dando origem ao íon amônio
(NH4+).
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Química Inorgânica I – Conceitos de Ácidos e Bases
+ N N
H
H H H H H H
Um exemplo mais elaborado tem o íon cobalto(III) como um ácido para receber 6
moléculas de amônia (base), ou seja, seis pares de elétrons, e formar o complexo aniônico
hexaaminocobalto(III):
Nesta reação,, o átomo de boro na molécula BF3 apresenta uma deficiência de 2 elétrons
para ter seu nível de valência completo com 8 elétrons e, assim, pode receber um dos quatro pares
de elétrons disponíveis no íon fluoreto, F−,, para formar íon BF4−.
Em geral, nas reações ácido-base de Lewis, os ácidos são cátions ou moléculas neutras
que apresentam pelo menos uma vacância no seu nível eletrônico de valência que pode receber um
ou mais pares de elétrons. Bases são ânions ou moléculas neutras com pelo menos um par de
elétrons disponível para ser doado.
O conceito de ácidos e bases de Lewis, por ser mais abrangente, tem muitas aplicações
na compreensão da formação de ligações químicas, a estabilidade e formas geométricas de
moléculas e suas reatividades em processos envolvendo reações do tipo ácido e base. Este conceito
engloba todas as reações incluindo íon hidrogênio ou interações com solventes, em geral, assim
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Química Inorgânica I – Conceitos de Ácidos e Bases
como a formação de adutos do tipo ácido-base e complexos inorgânicos, como veremos nas
próximas aulas.
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Química Inorgânica I – Conceitos de Ácidos e Bases
Esta ordenação empírica é muito útil para avaliar e, até certo ponto, prever as
estabilidades relativas de complexos. Por exemplo, fosfinas (R3P) e tioéteres (R2S) têm tendência
muito maior a se coordenarem com Hg2+, Pd2+ e Pt2+ enquanto que amônia (NH3), aminas (R3N),
água e fluoreto preferem Be2+, Cr3+, Fe3+ .
Pearson observou que seria possível generalizar e incluir uma faixa mais ampla de
interações ácido-base. Sugeriu o termo duro para descrever os membros da classe a e macio para
descrever os membros da classe b. Notou que os íons metálicos do tipo (a) – ácidos duros – eram
espécies pequenas, pouco polarizáveis com alta carga positiva e que preferiam ligantes também
pequenos, que apresentavam baixa polarizabilidade e alta eletronegatividade os quais foram
denominados de bases duras. Inversamente, os íons metálicos do tipo (b) – ácidos macios – eram
espécies maiores, mais polarizáveis com pequena carga positiva ou zero e que preferiam ligantes
também maiores, que apresentavam alta polarizabilidade e baixa eletronegatividade os quais foram
denominados de bases macias.
Uma explicação simples das interações duro-duro seria considerá-las como interações
iônicas ou eletrostáticas em princípio, enquanto que, as interações macio-macio o fator
predominante é a covalência.
Uma regra simples, chamada Princípio de Pearson ou Princípio de Ácidos e Bases
Duros e Macios, permite fazer uma previsão qualitativa da estabilidade de complexos: ácidos duros
preferem se ligar a bases duras e ácidos macios preferem se ligar a bases macias.
Provavelmente o primeiro a apresentar um exemplo da regra acima foi Berzelius que
tinha verificado que nos minerais, alguns metais tais como: magnésio, alumínio e cálcio são
encontrados como óxidos ou carbonatos enquanto que outros como: cobre, mercúrio e cádmio como
sulfetos. Aplicando o que foi visto, podemos dizer que os íons magnésio, alumínio e cálcio são
ácidos duros por isso eles se combinam com óxidos e carbonatos que são bases duras, enquanto que,
os íons cobre, mercúrio e cádmio são ácidos macios e preferem se ligar ao íon sulfeto que é uma
base macia.
Outro exemplo interessante é quando se utiliza SCN− como ligante. O íon tiocianato se
liga através do enxofre ao se complexar com a platina(II) – [Pt(SCN)4]2− – ao passo que, com
ferro(III) a coordenação ocorre através do nitrogênio – [Fe(NCS)6]3−. A platina(II) por ser um ácido
macio prefere o enxofre que é uma base macia, entretanto o ferro(III) que é um ácido duro prefere
uma base dura, no caso o nitrogênio.
As Tabelas 7 e 8 apresentam uma série de ácidos e bases de Lewis que podem ser
classificados como duros ou macios. Naturalmente, como há uma variação contínua na dureza e na
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Química Inorgânica I – Conceitos de Ácidos e Bases
maciez, não há uma linha divisória nítida entre eles, portanto é necessária uma terceira categoria
denominada de ácidos e bases intermediários ou de fronteira.
Tabela 7 - Classificação dos ácidos
Ácidos duros:
H+, Li+, Na+, K+, (Rb+, Cs+)
Be2+, Be(CH3)2, Mg2+, Ca2+, Sr2+, (Ba2+) . Sc3+, La3+, Ce4+, Gd3+, Lu3+, Th4+, U4+, UO22+, Pu4+
Ti4+, Zr4+, Hf4+, VO2+, Cr3+, Cr6+, MoO3+, WO4+, Mn2+, Mn7+, Fe3+, Co3+
BF3, BCl3, B(OR)3, Al3+, Al(CH3)3, AlCl3, AlH3, Ga3+, In3+
CO2, RCO+, NC+, Si4+, Sn4+, CH3Sn3+, (CH3)2Sn2+
N3+, RPO2+, ROPO2+, As3+
SO3, RSO2+, ROSO2+
Cl3+, Cl7+, I5+, I7+
HX (moléculas com ligação hidrogênio)
Ácidos intermediários:
Fe2+, Co2+, Ni2+, Cu2+, Zn2+
Rh3+, Ir3+, Ru3+, Os2+
B(CH3)3, GaH3
R3C+, C6H5+, Sn2+, Pb2+
NO+, Sb3+, Bi3+
SO2
Ácidos moles
Co(CN)53-, Pd2+, Pt2+, Pt4+
Cu+, Ag+, Au+, Cd2+, Hg+, Hg2+, CH3Hg+
BH3, Ga(CH3)3, GaCl3, GaBr3, GaI3, Tl+, Tl(CH3)3
CH2, carbenos
Aceitadores π: trinitrobenzeno, cloroanil, quinonas, tetracianoetileno, etc.
HO+, RO+, RS+, RSe+, Te4+, RTe+
BR2, Br+, I2, I+, ICN, etc.
O, Cl, Br, I, N, RO•, RO2•
M0 (átomos metálicos) e metais volumosos
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Química Inorgânica I – Conceitos de Ácidos e Bases
Bases intermediárias
C6H5NH2, C5H5N, N3-, N2
NO2-, SO32-
Br-
Bases moles
H-
R-, C2H4, C6H6, CN-, RNC, CO
SCN-, R3P, (RO)3P, R3As
R2S, RSH, RS-, S2O32-
I-
Não se deve confundir a força de um ácido e de uma base com o caráter duro e macio
que se referem em especial à estabilidade das interações duro - duro e macio - macio. Os íons OH− e
F− são bases duras, entretanto o íon hidróxido é uma base muito mais forte do que o fluoreto. É
possível um ácido ou base forte deslocar o mais fraco, mesmo que isto pareça violar o princípio de
Pearson. A reação [ 39 ] é um exemplo do que acabamos de afirmar.
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Química Inorgânica I – Conceitos de Ácidos e Bases
uma base intermediária teria dificuldade de deslocar o fluoreto uma base dura, de um ácido duro
(H+), para formar o íon hidrogenossulfito (HSO3−). Entretanto, o sulfito é uma base mais forte do
que o fluoreto (Tabela 1), neste caso, a força das bases é o fator preponderante fazendo com que o
equilíbrio seja deslocado para a direita, apesar das considerações sobre dureza e maciez.
Quando se tem uma situação de competitividade nas quais ambas, força e dureza-
maciez, estão em jogo, a regra duro-duro / macio-macio predomina, como mostrado no exemplo
[40].
De modo similar, a molécula dura BF3 vai preferir se ligar a um outro íon fluoreto, mas
o ácido mole BH3 vai preferir o íon hidreto mais mole:
BF3 + F- BF4- [41]
Em uma reação competitiva, portanto, a seguinte reação vai ocorrer para a direita:
-
BF3H + BH3F- BF4- + BH4- [43]
7. Bibliografia
Huheey, J.E.; Keiter, .A.A.; & Keiter, R.L.; "Inorganic Chemistry - Principles of Structure and
Reactivity"; Fourth Edition - Harper Collins College Publishers (1993).
Russel, J.B.; “Química Geral – volume 1”; 2ª Edição – Makron Books (1994).
Russel, J.B.; “Química Geral – volume 2”; 2ª Edição – Makron Books (1994).
Shriver, D.F. et al.; “Química Inorgânca”; 4ª Edição – Bookman (2008).
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