Captação Água Da Chuva
Captação Água Da Chuva
Captação Água Da Chuva
RIO DE JANEIRO
MARÇO DE 2014
APROVEITAMENTO DE ÁGUA DE CHUVA ATRAVÉS DE UM
SISTEMA DE COLETA COM COBERTURA VERDE:
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DRENADA E
POTENCIAL DE ECONOMIA DE ÁGUA POTÁVEL
Examinada por:
_________________________________________
Profa. Dra. Elaine Garrido Vazquez (Orientadora)
_________________________________________
Prof. Dr. Luis Otávio Cocito de Araújo
_________________________________________
Profa. Laís Alves Amaral
III
DEDICATÓRIA
Agradeço em primeiro lugar à minha família, em especial aos meus pais que
além da imensa paciência que tiveram comigo nessa longa caminhada me deram todas
condições emocionais para que eu possa superar os momentos mais difíceis e que nunca
me deixaram esquecer dos meus objetivos nos momentos de quase desistência.
Aos amigos do Escritório da Civil que sempre fizeram com que longa e árdua
jornada fosse menos dolorosa, sempre incentivando, ajudando e também não me
permitindo desistir nos momentos mais difíceis. Convívio esse que rendeu grandes, fortes
e eternos laços de amizade
V
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte dos
Março/2014
a qualidade que a água deve ter e o tipo de tratamento mais adequado de acordo com o
uso. Para cada tema foi descrito uma pequena introdução sobre a sua importância e de
complementação ao consumo diário, de modo a diminuir o uso da água potável para fins
não potáveis. Técnicas compensatórias, como os telhados verdes, são consideradas uma
de água de chuva. Podem ser capazes de fazer percolar a água da chuva através de suas
camadas e são considerados filtros naturais, porém existe a possibilidade que os nutrientes
do substrato possam ser levados por essa água para os reservatórios. O presente trabalho
pretende demonstrar que o uso de telhado verdes para aproveitamento da água de chuva
necessita de mais estudo uma vez que a qualidade da água capitada depende da
nutrientes do substrato.
VI
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the
March/2014
This paper presents a literature review on the use of rainwater on roofs with green roofs,
in order to technically enable the quality that the water must have, and the most
appropriate treatment according to the use. For each subject was described a short
introduction about its importance and how the adoption of sustainable practices enables
the use of this water as a complement to the daily intake in order to reduce the use of
potable water for non-potable purposes. Compensatory techniques such as green roofs,
harnessing rainwater. May be able to percolate rainwater through its layers and are
considered as natural filters, but there is the possibility that nutrients from the substrate
can be carried by the water to the reservoirs. The present work aims to demonstrate that
the use of green roof to use rain water needs more study since captured water quality
depends on the capacity of the filter substrate, retaining compounds greeted by rain and
VII
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................1
1.2 OBJETIVO......................................................................................................6
RETENÇÃO................................................................................18
2.4.4 RESERVATÓRIO.............................................................................32
VIII
3. QUALIDADE DA ÁGUA CAPITADA...........................................................39
3.4.1.1 TURBIDEZ.................................................................................57
3.4.1.2 pH................................................................................................58
3.4.1.3 D.Q.O...........................................................................................58
3.4.1.4 D.B.O...........................................................................................58
3.4.1.5 NITROGÊNIO.............................................................................59
3.4.1.7 FÓSFORO...................................................................................59
3.4.1.8 FERRO........................................................................................60
3.4.1.9 MANGANÊS...............................................................................60
3.4.1.10 COLIFORMES..........................................................................60
3.4.1.11 CLORETOS...............................................................................60
3.4.1.12 SÓLIDOS...................................................................................61
4.1 INTRODUÇÃO.............................................................................................65
IX
4.2 APROVEITAMENTO DA ÁGUA DE CHUVA PELO TELHADO
VERDE..........................................................................................................66
4.2.2 SUBSTRATO....................................................................................72
4.4 ANÁLISE.....................................................................................................74
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................89
5.1 LIMITAÇÕES.....................................................................................................90
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................92
REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS..............................................................................97
X
1. INTRODUÇÃO
O ser humano não consegue viver longe da água que bebe e dos resíduos que produz.
Essa parece ser uma preocupação que acompanha as civilizações desde as épocas mais
remotas. Embora, com o passar dos tempos, a humanidade tenha aperfeiçoado muitas
técnicas para coletar água e afastar os detritos, o problema permanece até os dias de hoje.
Os povos primitivos utilizavam métodos simples para recolher as águas das chuvas, dos
Com o caminhar natural evolutivo do homem, o homem deixa de ser nômade e começa a
começando a fortalecer, o homem deixa de caçar para começar a criar seus suprimentos
estabeleceram perto de rios de grande volume pois além de precisarem de água para
Na figura 1, são encontradas as primeiras cidades tal como são conhecidas surgiram no
Oriente e pode-se dizer que a primeira delas foi Uruk, às margens do Rio Eufrates, por
volta de 4500 e 3750 a.C. na região chamada Mesopotâmia. Hoje essa cidade é Warka e
1
FIGURA 1 – Localização de uma das Primeiras Civilizações.
água vem se tornando cada vez maior, assim sendo caracterizado como um recurso
entanto esta riqueza tem se tornado cada vez mais escassa. De toda a água existente do
planeta, apenas quase 3% é doce e a maior parte desse percentual está em geleiras. Mas
(www.meioambienteagua.pbworks.com, 2014).
A quantidade de água doce na Terra que não está presa nas geleiras da Antártida e da
2
como rios, lagos, glaciares, aquíferos subterrâneos e pântanos. Essa pequena fração do
todo é mais do que suficiente, segundo os cientistas, para abastecer os 6,5 bilhões de
estima que todos os terrestres precisam de “apenas” 8 mil km3 de água anualmente. Pelos
cálculos da ONU, cada pessoa necessita de 5 litros diários de água para sobreviver em
um clima moderado, e no mínimo 50 litros por dia para beber, cozinhar, banhar-se e usar
em higiene. O consumo doméstico representa 10% do volume da água usada pelo homem.
(www.revistaplanetaterra.terra.com.br, 2009).
água subir cerca de seis vezes nas últimas cinco décadas. A má gestão da água, por seu
lado, tem reduzido os estoques aproveitáveis. Ao interromperem o livre fluxo dos cursos
d’água em que se localizam, cerca de 845 mil represas em todo o mundo restringem a
evaporação. O desperdício com vazamentos atinge até 50% da água. Segundo a ONU,
substâncias químicas e metais pesados despejados na água por indústrias e fazendas estão
envenenando mais de 100 milhões de pessoas. E o regime de chuvas está mudando para
que na maior parte da Terra há déficit de recursos hídricos e isso ocorre porque há
3
O Brasil por possuir 53% de toda a água doce da América Latina pode ser considerado
um país privilegiado. Porém essa distribuição não é igual em algumas regiões do país,
elevados, outras sofrem com a falta de chuva, como no Semiárido (Clima no Brasil,
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), a população mundial passará
de 6,6 bilhões para 9,1 bilhões de habitantes em 2050. Caso a população mundial aumente
para 10 bilhões, nos próximos 50 anos, teremos 70% dos habitantes enfrentando
fontes e tecnologias para que o volume usado para consumo seja controlado e diminuído,
assim o aproveitamento de água de chuvas para fins não potáveis, sendo uma alternativa
Países como Alemanha e Japão, já fazem uso da água de chuva para fins não potáveis,
águas subterrâneas, pois este é o recurso mais utilizado para o abastecimento público. O
sistema, subsidiado pelas prefeituras, consiste na captação da água pelos telhados e sua
reservação em cisternas de concreto de 6m3. Esta água é utilizada para descarga nos
banheiros, lavação de roupas entre outros propósitos e o excesso desta água é infiltrada
4
de Manutenção da Lufthansa-Technik AG, é uma referência internacional na recuperação
aproveitamento da água da chuva na cidade é o Estádio Tokyo Dome, que foi construído
para a Copa do mundo de 2002 e possui um ousado e criativo projeto arquitetônico que
prevê a captação da água pluvial. Sua cobertura funciona como uma lona gigante, feita
de plástico ultra resistente que pode ser inflada a qualquer momento para colher a água
da chuva, proporcionando uma área de captação de cerca de 16.000 m². A água captada é
(SILVEIRA, 2008).
No Brasil, em especial na região Nordeste, já se faz uso das águas de chuva para o
5
FIGURA 2 – Sistema de Coleta e Armazenagem de água Pluvial.
(FONTE: http://fdamiaonoticias.blogspot.com.br/2012/10/semarh-comecara-
construcao-de-1300.html, 2012)
1.2 - OBJETIVOS
uso não potável da água, o nível da qualidade que uma água deve ter e o tipo de tratamento
encontrados na atmosfera e nas áreas de captação que podem afetar a qualidade da água
captada. Essa análise será feita através de uma área de captação coberta com um telhado
verde.
deve ter.
O estudo de caso será feito através do telhado verde que está em experimento no Instituto
capacidade de retenção de água, a qualidade desta água após passar pela substrato do
6
telhado verde para um fim não potável como fonte de recurso hídrico complementar,
ETAPA OBJETIVO
A qualidade da água captada através do uso do telhado verde para o fim descrito
7
verde escolhido e a água captada terá sua qualidade avaliada em um laboratório localizado
na Escola Politécnica.
Este sistema complementará o sistema de água potável nos usos não potáveis, como em
descargas de vasos sanitários e regas de jardim. Como fonte alternativa será utilizada a
melhor visão quanto ao uso da água da chuva coletada, não no âmbito da quantidade, mas
atuam na área, normas nacionais e internacionais para uma melhor para que haja uma
Após a revisão bibliográfica foi feita a divisão nas etapas: descrição do objeto de estudo,
dos parâmetros de qualidade da água de acordo com o uso previsto para as águas
coletadas.
8
1.4 – ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO
Este trabalho está estruturado em seis capítulos que compreendem das considerações
capítulo, além de mais duas partes que integram o corpo do trabalho, a saber: referências
breve introdução ao tema, são apresentados suas vantagens e desvantagens. Além disso,
legislações para o Brasil e para o Rio de janeiro assim como a descrição das etapas de um
Nesse capítulo são citados os poluentes presentes na atmosfera e nas áreas de coletas,
No quarto capítulo é onde foi feito o estudo de caso, foi feita uma breve introdução sobre
a edificação que é o objeto de estudo. Nesse capítulo encontra-se o tipo de telhado verde
9
Também será abordado no capítulo a eficiência do sistema. As formas de tratamento desse
volume captado para cada uso será indicado e será feita uma previsão de quantas pessoas
determinados.
10
2. APROVEITAMENTO DA AGUA DA CHUVA
Além disso, para projetar tal sistema devem-se levar em conta as condições ambientais
locais, clima, fatores econômicos, finalidade e usos da água, buscando não uniformizar
as soluções técnicas.
Água da Chuva.
(FONTE: http://creaconstruir.blogspot.com.br/2012/05/inicial-produtos-agua-e-esgoto-
ete-trat.html )
11
Tem como principais vantagens a diminuição do volume despejado nas galerias pluviais
exemplo, fazem parte da proposta de ser sustentável. Além do uso de materiais que podem
ser reaproveitados, o setor ainda usa a tecnologia como aliada na criação de dispositivos
É importante que o sistema da água da chuva e o da rua não sejam misturados já que
trabalham com tipos diferentes de água. Esse sistema pode poupar de 30 a 50% de água
pela revista Exame e os dados são confirmados pelo maior órgão internacional dessa área,
o United States Green Building Council (USGBC). De 2007 até agora, o país contabiliza
526 empreendimentos sustentáveis, com essa marca ocupa a quarta colocação no ranking
de água para consumo e atualmente contamos com o Programa Água Para Todos
desenvolvido em 2012.
12
O armazenamento da água da chuva nessas regiões também é incentivado e financiado
que, atualmente, desenvolve projetos como o “Programa Uma Terra e Duas Águas
(P1+2)” e “Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC)” programa esse que tem por
objetivo beneficiar cinco milhões de pessoas e destinado às famílias com renda até meio
salário mínimo por membro da família, incluídas no Cadastro Único do governo federal
De acordo com a ABNT NBR 15527:2007, após o devido tratamento a água das chuvas
podem ser utilizadas nos seguintes fins não-potáveis: descargas em bacias sanitárias,
ruas, limpeza de pátios, espelhos d'água e usos industriais, a seguir um exemplo do uso
(FONTE: http://designraizbrasileira.blogspot.com.br/2013_03_01_archive.html )
13
Para cada finalidade do reuso da água da chuva existe um nível específico de qualidade
de coberturas em áreas urbanas para fins não potáveis - Requisitos”. Este documento, de
urbanas para fins não potáveis. Aplica-se a usos não potáveis em que as águas de chuva
podem ser utilizadas após tratamento adequado como, por exemplo, descargas em bacias
Água da Chuva - que trata do assunto com um foco maior no problema das enchentes,
mas já é uma iniciativa que posteriormente poderá motivar a utilização deste recurso,
No estado do Rio de Janeiro há a lei 4248 que institui O Programa de Captação de Águas
Pluviais que tem como finalidade oferecer, aos habitantes das cidades do Estado do Rio
14
de Janeiro, educação e treinamento visando à captação de águas pluviais, permitindo que
consumo de água potável (apud KOENIG, 2003). Esses sistemas, captam a água da chuva
posterior utilização.
(FONTE: http://www.clareando.com.br/interno.asp?conteudo=solucoes )
Além da captação comum existente podem ser também utilizados ecodrenos que podem
15
FIGURA 6 – Ecodrenos.
(FONTE: http://www.ecotelhado.com.br/Por/ecodreno/default.aspx )
(FONTE: http://www.ecotelhado.com.br/Por/ecodreno/default.aspx )
Esse armazenamento da água traz vantagens econômicas aos usuários, pois esta água pode
ser aproveitada para usos não muito nobres. Além disso, torna-se um dispositivo
importante que pode auxiliar no combate das cheias urbanas, uma vez que, ao armazenar
16
determinado volume de água de chuva, pode reduzir a quantidade de água que vai para
seguintes formas de sistema de coleta de chuvas: Sistema de Fluxo Total, Sistema com
Solo.
de armazenamento, passando antes por um filtro ou por uma tela. A chuva que extravasa
17
2.4.1.2 – SISTEMA COM DERIVAÇÃO
casos, instala-se um filtro ou uma tela na derivação. Assim como no sistema descrito
com o objetivo de evitar inundações. Neste sistema, uma válvula regula a saída de água
figura 10.
18
FIGURA 10 – Sistema com Volume Adicional de Retenção.
armazenamento, passando antes por um filtro ou por uma tela. O volume de chuva que
19
Qualquer que seja a técnica, os componentes principais do sistema de aproveitamento da
água da chuva são: a área de captação, telas ou filtros para remoção de materiais
armazenamento.
inclinadas produzem um escoamento mais rápido. Uma cobertura com uma leve
mínima de 0,5% para garantir o escoamento até os pontos previstos para realizar a
Caso a área de captação possua uma grande área pode se fazer necessário a divisão em
Os dados relativos às áreas de captação de água de chuva são muito importantes, pois a
água de chuva.
A captação da chuva se dará pelo direcionamento realizado pelo telhado, elemento que
cobertura de uma edificação, pode ser de telhas (cerâmica, metálicas, fibrocimento, vidro,
20
plástico, cimento, pedra, madeira e materiais recicláveis) quando não há telhado, a
acústico na edificação.
21
Cada material da cobertura do telhado fornece um coeficiente superficial que impacta
Telhado verde, cobertura verde ou jardim suspenso é um sistema construtivo que consiste
em uma cobertura vegetal feita com grama ou plantas, pode ser instalada em lajes ou
internos.
telhado verde (cobertura verde) visam quantificar a atuação do mesmo, pois retém parte
A norma 15527 se refere ao aproveitamento das águas da chuva porém o uso dos telhados
verde ou cobertura verde é absorver volumes de água das chuvas e liberá-las aos poucos
descargas das edificações na rede coletora pluvial. Como função secundária uma maneira
Essas considerações vai de encontro com o que é instituído pelo decreto municipal e lei
22
FIGURA 14 – Edifício na cidade de Nova York.
(FONTE: http://arquiteturapaisagismo.blogspot.com.br/2011_02_01_archive.html)
se for feito de telhas de cerâmica, é preciso retirá-las e colocar placas de compensado que
servirão de base para a cobertura vegetal. Ali serão colocados a terra e o adubo para o
crescimento das plantas. Mantas onduladas, para impedir que o substrato escorra, mantas
A capacidade de retenção de água pela cobertura verde também tem sido mencionada em
diversos trabalhos e se trata de outra interessante característica, que tanto colabora com a
23
Estudos já realizados por diversos profissionais e que possuem semelhanças com os
protótipos a serem construídos (NETO, 2012) indicam que a retenção nesse tipo de
implementação do mesmo.
O descarte da primeira chuva pode vir a ser desconsiderado devido a ação filtrante do
substrato, areia e brita. Essa camada também pode vir a funcionar como um biofiltro
tabela 1 podem ser utilizados para subdividir três formas diferentes de Telhados Verdes
24
Tabela 1 – Tipos de Telhados Verdes.
(FONTE:http://www.greenroofplants.com/wordpress/wp-
content/uploads/2010/03/Green-Roof-Structure.jpg, 2014)
25
FIGURA 16 – Cobertura Verde do tipo Extensiva e Intensiva.
(FONTE: http://telhadoverdeufpr.blogspot.com.br/p/introducao-os-telhados-
verdes.html, 2014)
Os Telhados Verdes Extensivos geralmente são aplicados onde o ambiente será visitado
ou visto por pessoas e tem sua beleza espelhada em um parque gramado. Tem como
O sistema se caracteriza por ter vegetação de solo médio com filtro geotêxtil sintético de
Por esses motivos tem um impacto menor de sobrecarga sobre os elementos da cobertura,
26
FIGURA 17 – Telhado Verde Extensivo da Escola de Arte, Design e Multimídia da
(FONTE: http://arquiteturapaisagismo.blogspot.com.br/2011_02_01_archive.html)
(figura 18), por comportarem plantas de nível médio a grande precisam de uma estrutura
que comportem maior capacidade de carga. A vegetação varia desde pequenas plantas a
num jardim comum. Neste tipo de vegetação, o telhado verde também protege a cobertura
27
FIGURA 18 – Telhado Verde Intensivo em um edifício em Toronto-Canada.
FONTE: http://axelgrael.blogspot.com.br/2011/02/grandes-cidades-se-rendem-aos-
telhados.html )
Os telhados verdes semi-intensivos, conforme figura 19, é o tipo de telhado que apresenta
USA.
28
2.4.3 – CALHAS E CONDUTORES
A água captada pela cobertura se dirige para o ponto mais baixo, seja o beiral ou o
encontro com outros planos inclinados (encontro de águas) ou ralos, nestes devem ser
As área de captação quando planas devem ser capazes de conduzir as aguas para um ponto
evitar que os detritos sólidos presentes nos telhados, como folhas e objetos, entrem nas
sistema na conexão entre a e a tubulação, sendo que essa proteção pode ser um ralo
(FONTE: http://www.solostocks.com.br/venda-produtos/outros/ralo-tipo-abacaxi-
741799 )
29
Quando há a necessidade da instalação de uma calha para direcionamento da água
captada, a mesma por ser aberta, deve também possuir um equipamento de proteção,
como por exemplo uma grade ou tela (figura 21) em todo o seu comprimento.
(FONTE: http://portuguese.alibaba.com/product-gs/leaf-gutter-guard-383991950.html)
30
A manutenção/limpeza destes elementos do sistema influenciará diretamente na
deve ser feito, de acordo com Werneck (2006), como em qualquer edificação,
De acordo com a NBR 10844/89, As calhas devem ser feitas de chapas de aço
galvanizado, (NBR 7005, NBR 6663), folhas-de-flandres (NBR 6647), chapas de cobre
(NBR 6184), aço inoxidável, alumínio, fibrocimento, PVC rígido, fibra de vidro, concreto
ou alvenaria.
Os condutores verticais, devem ter tubos e conexões de ferro fundido (NBR 8161),
fibrocimento, PVC rígido (NBR 10843, NBR 5680), aço galvanizado (NBR 5580, NBR
5885), cobre, chapas de aço galvanizado (NBR 6663, NBR 7005), folhas-de-flandres
(NBR 6647), chapas de cobre (NBR 6184), aço inoxidável, alumínio ou fibra de vidro.
Nos condutores horizontais, devem ser empregados tubos e conexões de ferro fundido
(NBR 8161), fibrocimento (NBR 8056), PVC rígido (NBR 10843, NBR 5680), aço
galvanizado (NBR 5580, NBR 5885), cerâmica vidrada (NBR 5645), concreto (NBR
Para que não ocorra transbordamento de água é necessário que seja feito o correto
verticais, para que o sistema opere com a eficiência esperada e não traga problemas tanto
31
O dimensionamento das calhas e condutores verticais devem ser feitos levando-se em
conta a Equação da Intensidade de Chuva, a Vazão uma vez que o sistema deverá de ser
capaz de suportar e drenar a máxima precipitação que foi deduzida, ou seja, são
2.4.4 – RESERVATÓRIO
O sistema por ser similar ao de água potável pode ser do tipo Indireto com reservatório
abolindo o sistema indireto com reservatório inferior e superior devido à grande carga
32
FIGURA 24 – Sistema Indireto com RS e RI.
descarte da primeira chuva, que pode ser basicamente um terceiro reservatório, cuja única
precipitada.
chuva captada. Além de ser responsável por aproximadamente 50 a 60% do custo total
melhor opção para o reservatório e a determinação apropriada do seu volume são itens
33
cruciais para tornar o sistema de aproveitamento de água de chuva exequível e viável
economicamente.
Os materiais podem ser concreto, alvenaria armada, materiais plásticos como polietileno,
PVC, fibra de vidro e aço inox. Sempre serão vedados a luz solar. Os reservatórios de
polietileno são os mais utilizados para esse fim, pois além de serem móveis, o sistema
Os reservatórios de grande porte são usualmente de concreto armado porém podem ser
(FONTE: http://eduardonickel.wix.com/eduardo-nickel?_escaped_fragment_=works,
2014)
34
FIGURA 26 – Reservatório de Concreto.
(FONTE: http://aguasdejoinville.blogspot.com.br/2012/02/reservatorio-do-morro-do-
finder-perto.html, 2014)
35
Os de menor porte são de fibra de vidro, pvc e polietileno, a seguir uma figura
exemplificando.
(FONTE: http://www.solostocks.com.br/venda-produtos/outra-maquinaria/reservatorio-
em-fibra-de-vidro-851003, 2014)
mínimo uma vez por ano de acordo com a ABNT NBR 5626/98.
36
O volume não aproveitável da água de chuva, pode ser lançado na rede de galerias de
águas pluviais, na via pública ou ser infiltrado total ou parcialmente, desde que não haja
A água reservada deve ser protegida contra a incidência direta da luz solar e calor, bem
A água de chuva não deve ser considerada a única fonte de abastecimento, pois devido a
água potável para garantir o abastecimento dos pontos de utilização para fins não
potáveis. Assim sendo o reservatório quando alimentado com água de outra fonte de
suprimento de água, deve possuir dispositivos que impeçam a conexão cruzada, para que
apenas a água potável tenha interaja com as águas da chuva e não o contrário.
De acordo com a NBR 15527 O volume dos reservatórios deve ser dimensionado com
37
Os melhores métodos para dimensionamento ou mais eficazes seriam aqueles que tem
como dados de entrada a demanda desejada a suprir, que seriam o Rippl, da Simulação e
o Prático Australiano.
A análise levará em conta que toda água não retida será armazenada, e como o telhado
funciona como um filtro, não haverá descarte da primeira chuva, logo o reservatório
deverá ser tal que possa reservar a maior média de chuva do período analisado.
38
3.0 – QUALIDADE DA ÁGUA CAPTADA
a padrões de qualidade que dependerão do tipo de uso dessa água coletada, uma vez que
que as pessoas podem vir a ter algum tipo de contato com essa água que tem seu uso mais
restrito.
qualidade desta água. Todo sistema de aproveitamento da água de chuva deve ser clorada
e todo ponto de utilização deve ser identificado como sendo de uso não potável, ou seja,
quaisquer outros produtos que podem vir (direta ou indiretamente) a ameaçar a saúde
quando se liberta torna-se perigoso para os organismos vivos. Um dos perigos comuns
deste gás é a sua acumulação em cavidades de casas situadas sobre certos tipos de rochas
que em reação com o Urânio vêm a libertar o Radão, é por isso que este está presente em
quase 20% das casas americanas em concentrações perigosas ao ponto de poder causar
cancro pulmonar.
39
Historicamente os países mais industrializados são aqueles responsáveis pela maior parte
das emissões globais de gases do efeito estufa. Os EUA por ser o país mais industrializado
era aquele que emitia a maior quantidade de gases, porém nos últimos anos, os países do
BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) tem se posicionado como grandes emissores, muito
sofrendo.
e forte industrialização em 2006 ultrapassou os EUA como o maior emissor com 1,66
O Brasil em particular ganha destaque nesse ranking devido à grande liberação de CO2
(FONTE: http://www.ipam.org.br/saiba-mais/abc/mudancaspergunta/Quem-sao-os-
grandes-emissores-de-gases-de-efeito-estufa-/16/7, 2006)
40
3.1.1 – POLUIÇÃO NO BRASIL
Em outubro de 2012 foi divulgado pela ONU um estudo sobre a situação das cidades na
aproveita e dedica um capítulo inteiro para a questão ambiental. O estudo mostra que, em
uma comparação entre grandes países e regiões do continente, o Brasil é o segundo maior
México são responsáveis por mais da metade das emissões de poluentes latino-
(www.noticias.r7.com, 2011).
De acordo com o mesmo estudo, a cidade do Rio de Janeiro possui um ar muito mais
poluído que a cidade de São Paulo. Essas informações foram compiladas a partir de dados
coletados pelos próprios órgãos responsáveis por esse monitoramento nas cidades.
(FONTE: http://colunas.revistaepoca.globo.com/planeta/2012/08/21/brasil-e-o-segundo-
maior-poluidor-da-america-latina/)
41
Na figura 30 encontra-se o ranking das cidades brasileiras, apenas Belo Horizonte entre
as grandes cidades, tem baixa concentração de poluentes no ar, enquanto as outras cidades
Mundial da Saúde.
que monitora todo o estado desde 1967, quando foram instaladas, no município do Rio,
Janeiro, é composta pela rede automática, com 21 estações, que realizam amostragens de
gases (NOx, CO, SO2, O3, HC, VOC) e material particulado, continuamente, e a rede
concentrações de material particulado no ar, seja total (PTS), inalável (PI) ou respirável
Além destas, a rede de monitoramento do Estado ainda conta com estações que são
Em setembro de 2011 a OMS emitiu um estudo que indicava que o Rio de Janeiro, possuía
uma atmosfera muito mais tóxica que a de São Paulo. Esse estudo é feito a partir de dados
42
3.2 – POLUENTES NO AR
estar público, danos aos materiais, à fauna e à flora ou prejudicial à segurança, ao uso e
presentes no ar. A variedade das substâncias que podem ser encontradas na atmosfera é
(FONTE: http://colunas.revistaepoca.globo.com/planeta/2012/08/21/brasil-e-o-segundo-
maior-poluidor-da-america-latina/)
43
Para medir ou qualificar a qualidade do ar, foram escolhidos alguns poluentes que por
aparecerem com uma maior frequência de ocorrência e feitos, e que foram aceitos
DIÓXIDO DE
NITROGÊNIO μg/m3 320 1 hora 200 1 hora
(NO2)
MONÓXIDO DE
Ppm 35 8 horas 10 8 horas
CARBONO (CO)
MATERIAL média
PARTICULADO μg/m3 - - 10 aritmética
(MP2,5) anual
MATERIAL
PARTICULADO μg/m3 150 24 horas 20 ANUAL
(MP10)
Partículas Totais
μg/m3 240 24 horas 20 24 horas
em Suspensão
As chuvas atuam com muita eficiência na remoção dos poluentes do ar, em maior ou
menor grau, dependendo da sua intensidade, ocasionando o efeito conhecido como chuva
44
montanhas, a precipitação pluviométrica passa a ser o único mecanismo capaz de remover
os poluentes do ar, uma vez que sob tais circunstâncias estes não sofrem a ação dos
Além dos poluentes presentes nos telhados há também os poluentes presentes no ar que
carregados pela chuva, que dependendo da intensidade da chuva pode contribuir com o
instalados no sistema, tais como peneira, grade, entre outros. Já a remoção de partículas
45
de granulometria menor, que não foram retidos por aqueles dispositivos, é realizada
através do descarte dos primeiros milímetros de chuva, definido por Martinson e Thomas
O primeiro fluxo de água escoado por uma superfície após o período de estiagem
reduzir substancialmente.
Em alguns países, como Alemanha, Austrália, Estados Unidos, entre outros, estudos
aferem quanto a qualidade da água de chuva para fins não potáveis e relatam que o sistema
conjugado ao telhado verde tem potencial para alcançar esse padrão, viabilizando a
mesmos estudos reportam que a passagem da água de chuva pelo telhado verde pode
armazenada.
No caso do telhado verde, o descarte dos primeiros milímetros de chuva poderia ser
subtraído devido à ação de filtro imposta pela camada de substrato, areia e brita. Fato que
46
encontra respaldo nos resultados obtidos por Köhler e Schmidt (2003), que apresentam a
tamanho médio de partículas. Além do mais, o telhado verde funciona como um biofiltro,
aplicação do telhado verde para captação de água de chuva poder ia-se evitar o
Do ponto de vista da capacidade hídrica seu experimento indicou que os telhados verdes
podem ser sim uma opção para o aproveitamento das águas das chuvas.
Do ponto de vista da qualidade verificou-se que o telhado verde foi capaz de filtrar os
seus efeitos, porém foi diagnosticado que uma quantidade dos componentes do substrato
analisados para avaliar a qualidade da água de escoamentos (pH, CE, P, NO3, NH4, Ca,
Mg, Cu, Fe, Mn, Zn, Cr, Co, Ni) ficaram acima dos valores comumente encontrados na
Teemusk e Mander (2007) explicaram que os poluentes presentes na água de chuva são
intensa. Assim as amostras da água de chuva que escoaram pelo telhado verde
elevadas, devido à presença dessas substâncias no substrato. Outras, tais como fósforo,
47
nitrogênio, DBO e DQO, apresentaram concentrações mais baixas em relação às amostras
que o grau de lixiviação, medido através das concentrações efluentes ao telhado verde,
no substrato (mm/m²).
Moran, Hunt e Jennings (2004) mostraram que não houve incremento da qualidade da
água de chuva captada através do telhado verde, contradizendo a hipótese original de que
o telhado verde seria capaz de reter nutrientes e metais pesados. Ao contrário, as análises
TOMAZ, (2005), Köhler e Schmidt (2003) já haviam alertado para o fato de que a camada
água armazenada.
Devido a esse nível dos compostos acima do permitido na água percolada seu uso tornou-
a qualidade da água lixiviada por cada componente dos substratos, individualmente, a fim
se poluentes. Pode ser considerada a remoção de algum (s) dos componentes presentes na
48
MacMillan (2004) acrescenta que, de maneira geral, o telhado verde pôde aumentar a
A composição do substrato foi o principal fator apontado por Moran, Hunt e Jennings
(2004) como responsável pela baixa qualidade da água que passa pelo telhado verde.
eventos chuvosos.
aproveitável, e não perda, respalda-se no fato de que esta água não é lançada no sistema
de drenagem urbana, como ocorre nos casos de descarte e/ou extravasamento de sistemas
49
Tendo como base o estudo de Costa (2012), verifica-se que enquanto não houver um
filtros e não desconsiderar o first flush mesmo que o telhado verde funcione como um
A chuva ácida é causada pela presença de gases, principalmente óxidos ácidos de enxofre
e nitrogênio, que saem das chaminés industriais e são solúveis em água. Misturados à
água presente no ar hidrolisam formando ácidos que caem sobre a terra juntamente com
a chuva.
A chuva não afetada pela atividade humana é pouco ácida, tendo pH em torno de 5,7.
Esta acidez baixa é devida à presença de ácido carbônico, H2CO3, formado pela
dissolução de CO2 em H2O. Estes níveis de acidez não são prejudiciais ao meio ambiente.
(FONTE: http://lutarpelaliberdade.blogspot.com.br/2010/07/chuva-acida.html)
50
No Brasil o exemplo mais marcante de poluição ambiental por chuva ácida foi a
destruíram a vegetação. Neste caso, a relação de causa – efeito era óbvia. A região de
Cubatão era uma das mais poluídas em todo o mundo, como pode ser verificado na figura
34.
(FONTE: http://lutarpelaliberdade.blogspot.com.br/2010/07/chuva-acida.html)
Após um enorme esforço feito por parte da comunidade científica, das primeiras
51
FIGURA 35 –Natureza reaparecendo ao redor do complexo industrial, 2010.
(FONTE: http://lutarpelaliberdade.blogspot.com.br/2010/07/chuva-acida.html)
Entretanto, não são apenas as indústrias que poluem com estes gases. As grandes cidades,
com seus inúmeros carros, também são importantes produtoras de chuva ácida.
Como dito anteriormente, para que haja aproveitamento da água da chuva é necessário
que haja o pavimento impermeável, mesmo que a técnica utilizada seja o telhado verde
ou pavimentos impermeáveis. É aconselhável que essa captação seja feito nos telhados,
estacionamento por exemplo, uma vez que possuem uma carga menor de poluentes.
52
conforme mencionado anteriormente, além da poeira, fuligem, materiais orgânicos que
de forma que a mesma não entre em contato com a chuva seguinte, menos poluída, que
reservatório final, que tenha passado apenas por este tratamento simplificado, deve ter
53
FIGURA 37 – Dispositivo de Desvio da Primeira Chuva
O descarte da primeira chuva pode também estar associado a uso de um filtro e de uma
aproveitamento.
54
FIGURA 39 – Sistema de Descarte da Primeira Chuva com filtro de Separação de
Sólidos.
(FONTE: http://eficienciaenergetic.blogspot.com.br/2010/12/eficiencia-energetica.html,
2014)
Costa (2012) avaliou a quantidade retida e a qualidade da água percolada e drenada desde
a primeira chuva, ou seja, no first flush quando os poluentes que se encontram no meio
permanecem inertes por um longo período e uma primeira precipitação “lava” estes
elementos para fora, tornando a qualidade da água lixiviada neste primeiro escoamento
inferior aos subsequentes. A coloração da água coletada não foi analisada mas pode ser
55
FIGURA 40 – Coloração da água percolada de um dos ensaios de coluna.
Observa-se que a água destinada ao consumo humano pode ter dois fins distintos, parte
da água que abastece uma residência é utilizada para higiene pessoal, para beber e
cozinhar alimentos, sendo estes usos designados como usos potáveis, a outra parcela da
mesma água que chega às residências é destinada aos usos não potáveis, como lavagem
mostram que o consumo de água destinado aos usos não potáveis em uma residência varia
O uso de fontes alternativas de suprimento é citado como uma das soluções para o
da água da chuva caracteriza-se por ser uma das soluções mais simples e baratas para
56
Diante da necessidade e do crescente interesse pelo aproveitamento da água da chuva, é
Caso o aproveitamento das águas pluviais seja para fins potáveis, será necessário um
Existem certos parâmetros relacionados a qualidade da água que devem ser analisados
para que a mesma possa vir a ser tratada de acordo com o uso que será dado.
normas NBR 15527 e NBR 13969 que regem a qualidade da água para os fins não
potáveis, são:
3.4.1.1 – TURBIDEZ
57
Medida pelo uso do turbodímetro ou nefômetro, que consiste em comparar o
3.4.1.2 – pH
Potencial Hidrogenionico que vem a ser uma escala logarítmica que mede o grau de
corrosivo para a maioria dos metais, para o calcário e outras substâncias. No Brasil chuvas
3.4.1.3 - D.Q.O
orgânica de uma amostra por meio de um agente químico, como o dicromato de potássio.
industriais. Muito mais útil quando utilizado juntamente com a DBO pois como seu valor
é superior e o resultado é obtido no mesmo dia da coleta, pode ser usado para parear as
3.4.1.4 – DBO
matéria orgânica por decomposição microbiana aeróbia para uma forma inorgânica
estável.
58
Um elevado valor da DBO pode indicar um incremento da microflora presente e interferir
os filtros de areia.
3.4.1.5 – NITROGÊNIO
Sua presença em grande quantidade na água leva a eutrofização. Pode ser oriundo de
Águas com alto índice de nitrogênio são prejudiciais ao homem e em concentrações acima
indicador da qualidade da água, como exemplo pode ser citado a mortandade de peixes
3.4.1.7 – FÓSFORO
59
3.4.1.8 – FERRO
Apesar de não constituir um tóxico, gera problemas para o uso da água com ferro em
3.4.1.9 – MANGANÊS
(atividades exercidas pelo homem) são responsáveis pela contaminação por esse
3.4.1.10 – COLIFORMES
3.4.1.11– CLORETOS
É o ânion Cl- que se apresenta nas águas subterrâneas. Nas águas superficiais são fontes
importantes as descargas de esgotos sanitários, sendo que cada pessoa expele através da
60
urina cerca 6 g de cloreto por dia, o que faz com que os esgotos apresentem concentrações
“salgado” na água, sendo o cloreto de sódio o mais restritivo por provocar sabor em
concentrações da ordem de 250 mg/L, valor este que é tomado como padrão de
cloreto superior a 1000 mg/L. Embora haja populações árabes adaptadas ao uso de águas
contendo 2.000 mg/L de cloreto são conhecidos também seus efeitos laxativos.
3.4.1.12– SÓLIDOS
Sólidos nas águas correspondem a toda matéria que permanece como resíduo, após
Para que se possa aproveitar todo o benefício da coleta e utilização da água da chuva de
forma segura é preciso estabelecer os padrões de qualidade que a mesma deve atender,
devendo este ser de acordo com os usos a que a mesma for destinada.
vantagens trazidas por esse sistema, como a conservação da água, através da redução do
61
consumo de água potável nas edificações e o controle de enchentes, auxiliando os
sistemas de drenagem.
usos não potáveis aonde essas águas captadas em uma cobertura urbana, podem ser
utilizadas após tratamento adequado como, por exemplo, descargas em bacias sanitárias,
A NBR 13.969/97 descreve acerca do reuso de esgoto doméstico tratado, indicando o seu
uso para fins que exigem qualidade de água não potável e sanitariamente segura, tais
como irrigação dos jardins, lavagem de pisos e dos veículos automotivos, na descarga dos
vasos sanitários, na manutenção paisagísticas dos lagos e canais com água, na irrigação
Nas tabelas 3 é descrito os parâmetros de qualidade que as águas de chuva devem ter para
norma 13969.
62
Tabela 3 – Parâmetros do Aproveitamento da Água de Chuva Para Uso Não Potável.
ABNT NBR
ABNT NBR 13.969:1997
15527:2007
PARAMETROS
VALOR
VALOR
classe 1 classe 2 classe 3 classe 4
< 2,0
, para usos
Turbidez (UNT) < 5,0 < 5,0 < 5,0 -
menos
restritivos < 5,0
Cloro Residual
0,5 a 3,0 0,5 a 1,5 < 0,5 - -
(mg/L)
totais e
Coliformes Fecais termotolerantes
< 200 < 500 < 500 < 5000
(NMP/100mL) ausência em 100
ml
63
CLASSE 3 reuso nas descargas dos vasos sanitários;
64
4.0 – ESTUDO DE CASO – APROVEITAMENTO DE ÁGUA PLUVIAL EM
4.1 - INTRODUÇÃO
telhado verde, será feito a partir da instalação desse telhado em um dos dois módulos
UFRJ – IVIG.
65
O IVIG é um centro ancorado na COPPE/UFRJ, que desenvolve estudos e pesquisas em
O IVIG é uma instituição multidisciplinar, que opera em rede com grupos, articulando
telhado verde escolhido, dois ralos localizados na parte mais baixa da cobertura que são
responsáveis pela captação da água drenada pelas camadas, dois condutores verticais de
100 mm de diâmetro e comprimento de 1,9 m até chegar a um joelho de 90° (φ100 mm).
Este joelho direcionará a água para uma tubulação horizontal de 1,6 m de comprimento e
diâmetro de 100 mm até encontrar outro joelho de 90º (φ100 mm) que levará a água até
66
De acordo com NETO (2012) o tipo de telhado verde escolhido para a casa módulo IVIG
uma camada de lona Sansuy que será posta logo acima da laje, no caso da casa módulo
bancada experimental. Esta lona garante maior segurança no que diz respeito à
drenagem de 5 cm de espessura formada por argila expandida e, acima desta, haverá uma
As plantas que serão cultivadas nas coberturas verdes foram escolhidas observando suas
características de adaptação ao clima local. Desta forma, conforme sugerido pela própria
empresa que tem experiência no assunto, optou-se pela Callisia fragrans e Neogrelia
CLASSIFICAÇÃO DO TELHADO
1. Quanto aos Componentes EXTENSIVO
2. Quanto a Inclinação PLANO (2%)
CAMADAS DO SISTEMA COMPLETO
(TECNOLOGIA PATENTEADA PELA GREENWALL )
1. Estrutura de Suporte Laje de Concreto (IVIG)
2. Impermeabilização Lona de Plástico
3. Drenagem Argila Expandida
Eco-almofada de tecidos recicláveis com
4. Substrato
substrato leve especial
5. Vegetação Callisia Fragans e Neogrelia Comapacta
(FONTE: NETO, 2012)
67
4.2.1 – APROVEITAMENTO DA ÁGUA DA CHUVA
A partir dos dados pluviométricos disponíveis na época, da figura 41, NETO (2012)
68
Figura 43 - Precipitações mensais (mm), em ordem crescente, da época chuvosa.
69
Figura 45- Volumes armazenado e descartado por coberturas verdes em função de
O módulo experimental que receberá a cobertura verde já se encontra com a parede verde
qualidade da água que é drenada por uma cobertura verde e da quantidade da água que
71
A precipitação utilizada para o dimensionamento do reservatório deverá ser estimada
considerando a sazonalidade dos eventos de chuva e a regra de operação que será imposta
A ideia é estabelecer, para cada época do ano, uma regra para medições e esvaziamento
extravasamentos. Assim, nas épocas mais secas dos anos (com pouca chuva), o
A partir desses dados e dessa proposta, NETO (2012) chegou a dois valores de volumes
A primeira é um reservatório com 3.000 litros, com a seguinte regra de operação: deverá
A segunda opção é utilizar um reservatório de 2.000 litros, que deverá ser operado da
seguinte maneira: seu esvaziamento deverá ser feito de 20 em 20 dias na época seca e, de
4.2.2 - SUBSTRATO
72
substratos são: granulação, porcentagem de matéria orgânica, estabilidade estrutural,
facilita a drenagem do excesso de águas pluviais (IGRA apud FERRAZ; LEITE, 2011).
da água de chuva no telhado verde como volume aproveitável, e não perda, respalda-se
73
no fato de que esta água não é lançada no sistema de drenagem urbana, como ocorre nos
Com relação aos aspectos qualitativos, os resultados demonstraram que o telhado verde
pode tanto reter quanto carrear poluentes, e que a composição do substrato, vazão do
escoamento dos substratos (pH, CE, P, NO3, NH4, Ca, Mg, Cu, Fe, Mn, Zn, Cr, Co, Ni)
composições aqui adotadas para os substratos podem implicar em uma fonte de poluição
hídrica.
substrato escolhido e o quanto essa água captada poderia substituir a água potável para
4.4 – ANÁLISE
Segundo Soares et al., (1999) apud May (2004), o sistema de aproveitamento de água de
74
É necessário conhecer o consumo específico por atividade para a determinação da
viabilidade de utilização das águas pluviais, pois determinadas atividades requerem maior
edifícios multifamiliares.
A demanda que se deseja atender com este tipo de água influencia no sistema de
no volume do reservatório.
75
Tabela 5 – Demanda de água em instalações comerciais.
FAIXA DE VAZÃO
Vazão Típica
USUÁRIO UNIDADE LITROS/UNIDADE/
LITROS/UNIDADE/DIA
DIA
Aeroporto Passageiro 15 a 19 11
Asilo Empregado 19 a 57 38
Auditórios Assento 8 a 15 11
Banheiro
Usuário 11 a 23 19
público
Cinemas Assento 8 a 15 11
Escolas Aluno 38 a 76 57
Escritório Funcionário 30 a 76 57
Hospitais Funcionários 19 a 57 38
Posto de
Empregado 30 a 57 49
gasolina
Posto de Veículos
30 a 57 38
gasolina servidos
Prisão Funcionário 19 a 57 34
Restaurante
Cliente 30 a 38 34
convencional
76
Restaurante
Cliente 11 a 30 23
rápido
Shopping
Estacionamento 4 a 11 8
Center
Shopping
Funcionário 30 a 49 38
Center
Segundo Coscarelli (2010), o consumo médio de água por atividades específicas nos
77
Tabela 7 – Consumo Médio de Uma residência Mutlifamiliar com até 4 habitantes.
Uso do Chuveiro 30 a 60 30
Bacia Sanitária 30 a 60 30
Bebida 2 1 a 1,5
Cozinha 5 a 10 5 a 10
Limpeza domiciliar 10 a 20 5 a 10
BELO
COPASA/MG 181,2
HORIZONTE
78
Utilizando os dados de Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos – 2011 fornecidos
por sua vez é vinculada a MINISTÉRIO DAS CIDADES, verifica-se que para a cidade
do Rio de Janeiro um consumo per capta de água potável na ordem de 298,1 L/hab/dia.
água de chuva.
Usos da água potável tais como bacias sanitárias, lavagem de automóveis, lavagem de
calçadas, rega de jardins, lava roupas, etc. podem ser substituídos por águas pluviais. No
entanto, deve-se atentar para a necessidade dessa água passar por uma análise, a fim de
De acordo com NETO (2012) existem duas possibilidades para o reservatório que captará
as águas drenadas pelo telhado verde, um de 3000 e outro de 2000 litros com regras de
esvaziamento, porém o regime de chuvas não é uniforme o que pode tornar essa regra
ineficiente e como há a possibilidade de que essa água não seja usada apenas para uma
suficiente para o consumo não potável de pessoas que ali trabalham e para uma rega de
jardim.
79
Tabela 9 – Volume Aproveitável x Reservatórios Sugeridos por NETO(2012).
VOLUME RESERVATORIO
RESERVATORIO
MESES APROVEITAVEL EPOCA CHUVOSA
EPOCA SECA (L)
PRECIPITADO (L) (L)
JAN
2577,14
3000 2000
80
Gráfico 1 – Volume Precipitado e Reservatórios.
Volume Aproveitável
3500
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Tomando como base o mês de janeiro de 2014 que possui 31 dias, e por se tratar de uma
dias de utilização de uma vaso sanitário hipotético, logo o volume necessário para suprir
Demanda = 828 L
81
Assim encontra-se que para suprir a demanda mensal de uma pessoa em um mês será
necessário 828 L.
Como dito no capítulo referente a qualidade da água, os dados a serem analisados seriam
Com relação a qualidade da água precipitada foi desenvolvido nos anos de 2003 e 2004,
semanal das águas das chuvas na cidade (MAIA; DE MELLO, 2004). Esse projeto visava
caracterizar com mais detalhes o quão comprometida estava a atmosfera urbana do Rio
Janeiro quanto nos municípios vizinhos face às inúmeras fontes de emissões de NOx e
SO2. A questão mereceu atenção pelo fato de não se ter conhecimento de qualquer tipo
de monitoramento prévio que pudesse esclarecer quanto aos níveis de qualidade do ar,
bem como da ocorrência ou não de chuvas contaminadas por ácido sulfúrico e/ou ácido
APS78100, conforme apresentado na figura 49, nos mesmos locais onde foram instaladas
Cardeal Arco Verde), Tijuca (Praça Saens Peña), Centro (Largo da Carioca) e São
82
evitando a mistura de águas de sistemas distintos e uma caracterização físico-químicas
para o estabelecimento das devidas correlações com os resultados das análises físico-
Janeiro.
83
Tabela 10 – Resultado das Análises da Qualidade do Ar.
Quando a área de captação utilizar materiais convencionais de acordo com a norma NBR
15527 faz-se necessário o descarte dos primeiros 2mm de chuva. Esse procedimento
conhecido como first flush, e necessário para que os poluentes existentes na cobertura não
qualidade que se deseja para o uso dessa água poderá haver ou não a necessidade de um
84
Dependendo do uso da cobertura, a finalidade da água reservada pode ser classificada.
Classificação do
grau Usos aconselháveis
Tipo de área de coleta
de pureza
85
Tabela 12 – Tratamento Recomendado pela NBR 13969 de acordo com a classe de uso.
86
Tabela 13 – Tipos de Tratamento nas Etapas do Sistema de Aproveitamento.
TÉCNICAS DE TRATAMENTO
Método
Local Resultado
Filtração
Desinfecção
Elimina micro-organismos
Fervura/destilação Antes do uso
Tratamento No reservatório ou no
químico (cloro ou bombeamento (líquido, Elimina micro-organismos
lodo) tablete/pastilha ou granulado
Elimina micro-organismos
Ozonização Antes da torneira
87
Caso a sedimentação no reservatório não seja suficiente para oferecer uma melhoria
significativa na qualidade da água adota-se filtros de areia como alternativa para a redução
filtragem com areia não é suficiente. Nesses casos, recomenda-se a desinfecção da água
De acordo com a ABNT NBR 15527/2007, para a desinfecção pode-se utilizar derivado
clorado, raios ultravioleta, ozônio e outros, desde que o residual de cloro se concentre
A norma alemã DIN 1989-1:2001-10 (1989) (apud ABNT) indica a floculação, flotação
e separação por membranas como uma sequência de etapas eficientes de tratamento até
Ressalta-se que qualquer método de tratamento deve ser avaliado quanto à sua
88
5.0 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve por objetivo estudar o aproveitamento pluvial através de uma cobertura
com telhado verde. Observando se o volume aproveitável seria capaz de servir como
Caso essa água captada seja aproveitada para um consumo humano não potável existe a
necessidade do uso de um filtro de acordo com a qualidade que se deseja atingir e que
que durante os meses de estiagem (de abril a outubro), o sistema deverá ser
água drenada, não há necessidade de filtro e a mesma pode ser utilizada apenas para rega
de plantas.
2500
2000
1500
1000
500
0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
De acordo com Neto (2012) há duas possibilidades de reservatório para reservar a água
drenada, uma de 3000 litros e outro de 2000 cada um com sua regra de esvaziamento.
89
Após a análise do volume mensal aproveitável drenado chega-se à conclusão que um
reservatório de 2000 litros seria suficiente para reservar esse volume e dar um futuro uso
não potável a essa água, seja ela rega de um jardim ou uso em descargas.
5.1 - LIMITAÇÃO
composição de substratos.
Não foi feito nenhum estudo da qualidade da água drenada pelo telhado verde selecionado
alguma análise sobre a qualidade da água que irá ser drenada através do telhado verde e
Através do teste de batelada e usando substratos mais conhecidos do mercado fazer o teste
com diferentes proporções dos componentes para investigar a influência destes materiais
90
nas características físico-químicas e fazer análise qualitativa da água em contato com cada
tipo de cobertura.
91
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SP, 2007.
atividade industrial: estudo de caso de uma edificação a ser construída, Rio de Janeiro,
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KOENIG, K. Rainwater harvesting public need or private pleasure? Water 21, London:
93
KÖHLER, M., SCHMIDT, M. Study of an Extensive “Green Roofs” in Berlin. Part. III:
Chuvas na Cidade do Rio de Janeiro – Relatório Final, Fundação José Pelúcio Ferreira –
PCRJ/SMAC, 2004.
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Green roof Runoff Quantity, Runoff Quality and Plant Growth, 2004.
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de Chuva: Projeto de Dois Protótipos para Futuros Estudos Sobre esta Técnica
TEEMUSK, A., MANDER, U., Rainwater Runoff Quantity and Quality Performance
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TOMAZ, P. Aproveitamento de água de chuva em áreas urbanas para fins não potáveis.
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– USP, 2008.
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99
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