O Decesso de Inanna Ao Inferno, Por Artur Felisberto
O Decesso de Inanna Ao Inferno, Por Artur Felisberto
O Decesso de Inanna Ao Inferno, Por Artur Felisberto
Neti falou: "Fique aqui, Inanna, vou falar com a minha rainha.
Vou lhe dar a sua mensagem."
Neti, o porteiro principal do mundo inferior,
Entrou em casa da sua rainha Ereshkigal e diz-lhe:
Como o pai Nanna não se pôs a seu lado, partiu para Eridu.
Em Eridu, ao entrar na casa de Enki,
Perante Enki ele chora:
"Ó pai Enki, que a tua filha não seja morta no mundo inferior,
Que o teu bom metal não se cubra da poeira do mundo inferior,
Que o teu bom lápis-lazúli não seja quebrado dentro da pedra do canteiro,
Que a caixa de madeira não seja destruída dentro da madeira do lenhador,
Que a donzela Inana não seja morta no mundo inferior".
"Quando ela gritar "Ai, ai, meu coração", vocês chorem também:
"Ai, ai, minha querida, muito dói o seu coração"!
Quando ela gemer "Ai, ai meu fígado", vocês devem gemer assim:
"Ai, ai minha querida, muito dói o seu fígado"!
Então a rainha ficará satisfeita e perguntará:
"Quem sois vós? Falando do meu coração ao vosso coração,
Do meu fígado ao vosso fígado
Se vós sois deuses, deixem-me falar convoco;
Se vós sois mortais, que um destino vos seja agora decretado.
"Façam-na jurar isso pelo céu e pela Terra”.
Eles – os deuses do mundo inferior
Oferecer-vos-ão a água do rio, não a aceitem,
Oferecer-vos-ão o grão do campo, não o aceitem,
Digam a Ereshkigal: "Dá-nos o corpo pendurado no gancho da parede".
Um de vós derrame sobre ela o "alimento da vida",
O outro a "água da vida",
Então Inana erguer-se-á".
Figura 2: Selo sumério que mostra o deus Dumuzid sendo torturado no submundo por
demónios galla.
Damuz chorou, seu rosto tornou-se verde,
Para o Céu, para Utu – deus do Sol – ergueu a mão:
"Ó Utu, tu és o irmão de minha mulher,
Eu sou o marido de tua irmã,
Eu sou aquele que traz a nata do leite a casa de tua mãe,
Eu sou aquele que traz o leite a casa de Ningal,
Transforma a minha mão numa serpente,
Transforma os meus pés nas patas dum dragão,
Que eu escape aos gala demónios,
Que eles não me apanhem".
“O SONHO DE DAMUZ”
Seu coração estava cheio de mágoas quando foi para a estepe.
O coração do pastor estava cheio de mágoas quando foi para a estepe.
O coração de Damuz estava cheio de mágoas quando foi para a estepe.
Damuz tropeçou nas estevas, chorando:
"Oh, estepe, prepara-te para mim!
Oh, caranguejos no rio, lamentem por mim!
Oh, rãs no rio, coaxem por mim!
Oh, minha mãe, Sirtur, chora por mim!
Se ela não encontrar os cinco pães,
Se ela não encontrar os dez pães,
Se ela não sabe o dia em que estou morto,
Oh, estepe, diga a ela, diga a minha mãe.
Na estepe, minha mãe derramará lágrimas para mim.
Na estepe, minha irmãzinha vai lutar por mim."
Gesht-Inana falou:
"Meu irmão, não me diga seu sonho.
Damuz, não me diga tal sonho que não lhe é favorável.
Os juncos que se levantam sobre si,
Os juncos que se engrossam sobre si,
São os demónios que o irão perseguir e atacar.
A única cana em crescimento que treme por si
É nossa mãe? Ela vai chorar por si.
O junco de crescimento duplo, do qual um, depois o outro é removido,
Damuz, são você e eu! Primeiro um, depois o outro.
Ambos seremos retirados à vida.
No bosque arborizado, o terror de altas árvores
Que se elevam acima de si
São o galla demónios;
Eles vão descer sobre si em redemoinho.
Quando o fogo é colocado no seu coração sagrado,
O rebanho se tornará uma casa desolada.
Quando o fundo da sua batedeira de manteiga cair,
Vós sereis levados pelos galla.
Quando seu copo de bebida cai de seu suporte,
Vós ireis cair na terra, nos joelhos da nossa mãe.
Quando o criminoso do seu pastor desaparecer,
Os galla farão com que tudo murche.
A águia que apreende um cordeiro no redil
É o galla que vai arranhar as suas faces.
O falcão que pega um pardal na cerca de junco
É o galla que saltará a cerca para o levar.
Damuz, que minhas cabras arrastam as barbas afiadas no pó,
Quer dizer que por vós meu cabelo girará como um polvorinho.
Se minhas ovelhasraspam a terra com os pés curvados,
Oh Damuz, eu vou arranhar as minhas faces com muita dor por si.
A batedeira de manteiga fica em silêncio; nenhum leite é derramado.
A taça está quebrada; Damuz não é mais.
O gado é dado aos deus dar."
Os galla disseram:
“Vamos para Kubiresh!”
Os galla chegaram em Kubiresh.
Damuz escapou de seus demônios.
Ele fugiu para Old Belili.
O galla disse:
"Vamos para Old Belili!"
Damuz entrou na casa de Old Belili. Ele disse a ela:
"Velha. Não sou um mero mortal.
Eu sou o marido da deusa Inana.
Verta água para eu beber.
Polvilhe farinha para que eu coma."
Depois que a mulher velha derramou água
E farinha polvilhada para Damuz,
Ele saiu da casa.
Quando os galla a viram partir, eles entraram na casa.
Deumuzi escapou de seus demónios.
Ele fugiu para o redil de sua irmã, Gesht-Inana.
Quando Gesht-Inana encontrou Damuz no rebanho, ela chorou.
Ela aproximou a boca do paraíso.
Ela aproximou a boca da terra.
Sua tristeza cobriu o horizonte como uma peça de vestuário.
RETORNO
Há um luto na casa.
Há uma dor nas câmaras interiores.
A irmã preambulou pela cidade, chorando por seu irmão.
Gesht-Inana vagueou pela cidade, chorando por Damuz:
"Ó meu irmão! Quem é sua irmã?
Eu sou sua irmã.
Oh Damuz! Quem é sua mãe?
Eu sou sua mãe.
O dia que amanhece para vós também amanhecerá para mim.
O dia em que vós o vereis eu também o vejo.
Eu encontraria meu irmão! Eu o confortaria!
Eu compartilharia seu destino!"
Quando Anu ouviu o que Ishtar havia dito, ele lhe deu o Touro dos Céus
para o levar de cabresto até Uruk: Quando chegaram aos portões de Uruk, o
Touro foi ao rio; com as primeiras fendas abertas na terra pelo seu bafo
resfolegante cem jovens caíram até à morte. Com as segundas rachaduras
abertas do mesmo modo duzentos jovens caíram até a morte. Com as três fendas
de bafo resfolegante abertas, Enkidu se dobrou, mas recuperou
instantaneamente, esquivou-se e saltou sobre o Touro e agarrou-o pelos chifres.
Em boa verdade nós não sabemos se Ereshkigal vai ser mãe porque era
susposto a rainha dos infernos ser estéril pelo que a descrição do texto pode ser
uma metáfora das dores do trabalho de parto para usada por Enki para descrever
o estado de dor em que se encontrava a rainha dos infernos a fazer o luto da
morte recente de seu marido o touro do céu Gugalanna.
Joshua J. Mark
A freelance writer and former part-time Professor of Philosophy at Marist
College, New York, Joshua J. Mark has lived in Greece and Germany and
traveled through Egypt. He has taught history, writing, literature, and philosophy
at the college level.