A Entrada de Portugal Na CEE
A Entrada de Portugal Na CEE
A Entrada de Portugal Na CEE
(Mário Soares fala após a assinatura do Tratado de Adesão de Portugal e Espanha, à CEE. A cerimónia
decorreu no Mosteiro dos Jerónimos em Lisboa a 12 de junho de 1985 – fonte:
http://150anos.dn.pt/2014/07/31/1986-adesao-a-cee/ )
Resumo
Portugal seria, na atualidade, um país diferente sem a entrada nas Instituições Europeias.
O momento da integração efetiva só aconteceu a 1 de janeiro de 1986, mas a assinatura
do Tratado de Adesão, a 12 de junho de 1985, foi o penúltimo passo para Portugal e
Espanha conseguirem pertencer à Comunidade Económica Europeia. As duas datas estão
cunhadas no passado recente das duas nações e marcam um alargamento europeu à
Europa do Sul. Perceber que importância e que consequências tiveram os dois
acontecimentos, ao mesmo tempo que analisamos a cobertura mediática dada por dois
jornais portugueses, são as premissas da investigação que aqui se apresenta.
Abstract
Portugal would be, nowadays, a different country without joining the European
Institutions. The moment of effective integration just happened at January 1, 1986, but
the signature of the Accession Treaty on 12 June 1985 was the penultimate step to
Portugal and Spain get belong to the European Economic Community. The two dates are
minted in the recent past of both nations and mark a European enlargement to southern
European. Realize the importance and the consequences that had the two events, while
we analyze the media coverage given by two Portuguese newspapers, are the premises of
the research presented here.
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Índice
1.Introdução 4
2.Desenvolvimento 6
2.1. Antecedentes 6
3. Entrevistas 10
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1.Introdução
Na produção que apresentamos procurámos aliar a vertente teórica, com uma mais
prática, mais “jornalística”. Assim, para além de revisitarmos os acontecimentos,
anteriormente referidos, através de pesquisa online, bibliográfica e das capas dos jornais
(o Diário de Notícias (DN) e o semanário, Expresso) da altura – no momento da
assinatura do Tratado de Adesão (8,11, 12, 13 e 15 de junho de 1985) e da integração
efetiva na CEE (28 e 31 de dezembro de 1985, 1, 2 e 4 de janeiro de 1986) –,
entrevistámos dois professores de renome nacional, em matérias relacionadas com a
história contemporânea da Europa, e que lecionam na Universidade de Coimbra (UC), o
Professor Doutor, António Martins da Silva, e a Professora Catedrática da UC, Maria
Manuela Tavares Ribeiro.
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A nossa pergunta de partida para esta análise foi: “Que impacto tiveram nas capas
dos jornais da altura, estes dois acontecimentos com implicações, não só na narrativa
histórica de Portugal, como da própria CEE?”.
No final do trabalho esperamos ter uma noção mais real da importância dos dois
momentos, bem como uma perceção da cobertura jornalística que foi feita.
2 Camões, Luís Vaz de. “Os Lusíadas”. (texto original 1572) versão utilizada da Porto Editora (2014). Coleção:
Clássicos Porto Editora. 288pp. Canto I – estrofe 1 verso 2.
3 Silverman, David. Interpretação de dados qualitativos: métodos para análise de entrevistas, textos e interações.
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2. Desenvolvimento
2.1. Antecedentes
Depois do fim da Segunda Grande Guerra Mundial (1945), Portugal foi membro
cofundador da NATO (1949), EFTA (1960) e da OCDE (1961), saindo da EFTA em
1986. Tudo isto demonstra que, mesmo estando o país a viver num regime ditatorial, não
abdicava de manter uma ligação com organismos internacionais. O Governo português,
já com Marcelo Caetano na liderança, tentou, inclusive, negociar “um acordo comercial,
aprovado em 22 de julho de 1972, para entrar em vigor no início do ano seguinte5”,
contudo, “mais não seria possível, em virtude da natureza não democrática do regime
vigente em Portugal6”.
5 Martins da Silva, António «História da Unificação Europeia: A Integração Comunitária (1945-2010)», Imprensa da
Universidade de Coimbra (pag.167)
6
idem
7 A 11 de março de 1975 existiu também uma tentativa de um golpe militar, que acabou por fracassar. Sob o comando
do general António de Spínola, “dois aviões T6 e quatro helicópteros oriundos da BA 3, sediada em Tancos,
sobrevoaram e atacaram com rajadas de metralhadora o quartel do RAL1, perto do aeroporto de Lisboa”. O resultado
foi a derrota de António Spínola e a afirmação do processo revolucionário, “Às 17h, Spínola, escapava-se de helicóptero
para Talavera de La Reina, em Espanha, e dali, mais tarde, para um longo exílio no Brasil.” Análise de Rui Ochôa no
jornal Expresso, dia 8 de março de 2009, intitulada: “11 de Março de 1975 - O golpe do general”. Disponível através
do link: http://expresso.sapo.pt/blogues/blogue_um_olhar/11-de-marco-de-1975-o-golpe-do-general=f500702
[consultado a 20 de junho de 2015]
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crescendo em solo nacional. Há durante este período, que demorou mais de 8 anos,
diversas fações que assumiram um papel preponderante para ajudar a consolidar o ideal
democrático, não só nas instituições governamentais portuguesas, como na própria
sociedade. As eleições presidenciais de 27 de junho de 1976, que elegeram António
Ramalho Eanes8, como o primeiro Presidente da República democraticamente eleito após
o 25 de Abril de 1974, por sufrágio universal, são um exemplo do caminho que começava
a ser trilhado.
“Até à assinatura do tratado em 1985, decorreram cerca de oito anos de negociações que exigiram
grandes adaptações internas10”. (Ferreira Pinto, F.M.R.F. 2011)
8 António Ramalho Eanes fizera parte da tentativa de golpe militar, aconteceu em Portugal, no 25 de novembro de
1985.
9 Ideia retirada de Ferreira Pinto, F.M.R.F. 2011 Dissertação de Mestrado “A Integração de Portugal nas
Comunidades Europeias” FLUC sob a orientação do Professor Doutor António Martins da Silva, visionada
em:https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/19158/1/A%20Integra%C3%A7%C3%A3o%20de%20Portugal%20
nas%20Comunidades%20Europeias%20-%20Fernanda%20Pinto.pdf , no dia 20/6/2015.
10 Ferreira Pinto, F.M.R.F. 2011 Dissertação de Mestrado “A Integração de Portugal nas Comunidades Europeias”.
P.FLUC sob a orientação do Professor Doutor António Martins da Silva, visionada em:
https://estudogeral.sib.uc.pt/bitstream/10316/19158/1/A%20Integra%C3%A7%C3%A3o%20de%20Portugal%20nas
%20Comunidades%20Europeias%20-%20Fernanda%20Pinto.pdf , no dia 20/6/2015.
11 Dias, Sara. FLUC. 2002/2003. Mestrado em História Económica e Social Contemporânea. “Portugal e a Europa: o
Parlamento Português e a adesão à CEE”, professor responsável: Silva, António Martins da
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12 Cronologia retirada do Diário de Notícias, dia 1 de julho de 2007, disponível online através de:
http://www.dn.pt/especiais/interior.aspx?content_id=992164&especial=Presid%EAncia%20da%20UE&seccao=MU
NDO. Consultada em 20/6/2015.
13 Ibidem
14 Machado, G. 2005 «O primeiro dia europeu de Portugal: Cenas da união selada pela televisão», Campo das Letras
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“claro que a entrada do país só terá lugar concomitantemente com Espanha15”. Este hiato
temporal serviu para a Comunidade observar como se consolidava a democracia em solo
nacional, sendo a principal mudança, o agravamento da situação económica. O nosso país
só conseguiu equilibrar “as contas externas ao fim de dois acordos com o FMI [Fundo
Monetário Internacional] ”16. Mário Soares, logo em 1977, antevia os grandes obstáculos
que a candidatura iria despontar em todos os envolvidos.
“ «Em primeiro lugar desafio para Portugal, pois não ignoramos de modo algum as nossas
fraquezas nem as nossas actuais dificuldades. Desafio também para a Europa, pois, ao bater-lhe à porta,
sentimos que exprimimos a dimensão europeia das mudanças políticas e sociais ocorridas ou em curso no
Sul da Europa. Ignorar esta realidade nova só iria aumentar as diferenças que separam ainda, em termos
económicos, esta Europa do sul da Europa do norte, com todos os perigos de desintegração e de ruptura
para a Europa, a longo prazo.»” (Soares, M., excerto de alocução, 11 de março de 1977)17
A perda do mercado colonial, após o 25 de Abril de 1974, fez com que as receitas
financeiras do nosso país diminuíssem, algo que veio acentuar a contínua dependência
dos mercados externos. É neste contexto que se explica a aproximação ao mercado
europeu, que tem como resultado o pedido de adesão formal, logo em 1977. Só na década
seguinte é que se viria a consumar a plena integração (1986), em simultâneo com a
Espanha.
15 Idem
16 Idem ibidem
17 Declaração retirada da página online do Centro de Informação Europeia Jacques Delors, disponível em:
http://www.eurocid.pt/pls/wsd/wsdwcot0.detalhe?p_cot_id=339. Visitada em 21/6/2015.
18 Dado recolhido através da notícia de Vasco Gandra, no dia 12 de junho de 2015. Disponível em:
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Com este terceiro alargamento, agora para Sul, a Europa comunitária ficou mais
heterogénea, na medida em que “a estrutura das receitas e das despesas do orçamento
comunitário criava desigualdades acentuadas de benefícios entre os montantes entregues
e os valores recebidos”19, facto que agradava aos membros mais recentes da Comunidade:
Grécia, Portugal e Espanha. Estes eram três países necessitados, com largas regiões
empobrecidas. Esta realidade da maior presença de periferias desajudadas e paralisadas,
a sul, contrastava com as sociedades mais ricas e dinâmicas, caraterísticas do norte, que
se expunham quase como credores dos países do sul. Na situação, os Estados do norte
“estimularam e pressionaram a necessidade de reforço substancial de recursos” 20, de
maneira a que os novos integrantes da CEE se modernizassem e se adaptassem às suas
condições económicas e sociais.
3. Entrevistas
Qual era a realidade de Portugal nos anos que antecederam a sua inclusão na
Comunidade Económica Europeia (CEE)?
19 Martins da Silva, António (2010) «História da Unificação Europeia: A Integração Comunitária (1945-2010)»,
Imprensa da Universidade de Coimbra (pag.172)
20 Idem (pág.175)
21Donges, Juergen B. (1983) «A Comunidade Europeia na encruzilhada», in Integração Económica, Eduardo Sousa
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viu muitos portugueses emigrarem para vários países da Europa, à procura de melhores
condições de vida. No ponto de vista social, foi um período conturbado, porque mesmo
após a revolução de Abril de 1974, o nosso país passou por uma fase complexa. A verdade
é que essa crise foi sendo vencida, paulatinamente, graças, também, à chegada dos fundos
europeus. Ainda nos anos 70 e depois, sobretudo, do Verão quente de 1975, há todo um
contexto que vai ajudar a vencer todo esse período de crise, especialmente, a partir de
1976, quando temos o primeiro governo constitucional, já depois da Constituição desse
mesmo ano. A política de Mário Soares, primeiro-ministro de Portugal, na altura,
contribuiu para uma aproximação.
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classes sociais que eram mais cultas e alfabetizadas. Se esses inquéritos fossem feitos a
camadas sociais mais baixas da nossa sociedade, localizadas sobretudo no interior, com
menor instrução, a reação seria diferente, provavelmente essas pessoas até estariam quase
alheadas sobre o que se estava a passar. Quero salientar que isto tem de ter uma análise
muito mais aprofundada em termos sociológicos, sobretudo pela própria constituição das
camadas sociais.
No caso dos emigrantes portugueses houve uma boa recetividade, porque agora já
podiam enviar os seus capitais para Portugal. Outra curiosidade foi o facto de, por
exemplo os agricultores, que em 1985 estavam mais distantes do assunto, acabaram, já
em 1989, por mudar a sua posição. Começaram a perceber que, de facto, podiam
beneficiar de fundos europeus. Depois de 1989 o país começou a sofrer uma série de
transformações, nomeadamente ao nível da implementação de novas infraestruturas,
muitas delas proporcionadas com este capital proveniente da CEE.
Após o alargamento efetivo, paulatinamente, foi havendo uma aceitação por parte
dos países membros, um pouco à semelhança do que aconteceu em 1981, aquando da
entrada da Grécia. Existiu uma mais-valia, na minha opinião, na integração de Portugal.
Isso foi salientado nos diversos discursos públicos proferidos logo após o momento de
entrada. Depois, também na imprensa periódica, dos países membros foi destacada a
importância da integração. Sob o ponto de vista político e estratégico foi, de facto,
relevante e julgo que isso foi reconhecido pelas entidades e personalidades que lideravam,
na altura, a Comunidade Económica Europeia.
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Hoje, por vezes, esse sentimento europeísta poderá ser um pouco afetado.
Considero que muitos portugueses, eu própria incluída, possuem um sentimento de
ceticismo, de um certo pessimismo até, que advém das atuais políticas nacionais e
europeias. Estas políticas não estão a realizar “o velho sonho” dos chamados pais da
União Europeia, pessoas que tinham como principal objetivo a promoção da solidariedade
entre os países, que pretendiam uma Europa capaz de ajudar a resolver os problemas
internos de cada nação. Atualmente, cada vez mais, é cavado um abismo entre uma
Europa do Norte e uma Europa do Sul, entre os mais poderosos economicamente e os que
têm menos riqueza. Apesar desta realidade, tenho de frisar que Portugal conseguiu muitos
melhoramentos nestes 30 anos, muitos só foram possíveis graças à integração europeia.
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Outra área que criou muitas oposições, por parte dos parceiros comunitários,
estava relacionada com a mão-de-obra, ou seja, a possibilidade de haver uma grande
deslocação de pessoas portuguesas para outros países da Comunidade Económica
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Tudo isto depois foi sendo ultrapassado com a criação dos chamados Programas
Integrados Mediterrânicos (PIM), que protegiam de alguma forma as produções de cada
país. No caso da Grécia existiram algumas contrapartidas financeiras para flexibilizar a
sua posição relativamente à integração portuguesa.
Que opinião tem sobre o tratamento dado pelos media aos dois
acontecimentos: a assinatura do Tratado de Adesão e a entrada em definitivo?
A cerimónia da adesão no Mosteiro dos Jerónimos foi muito bem conseguida, teve
um grande efeito mediático. Recordo-me, na altura, de acompanhar as emissões e as
notícias quase “devotamente”. Foi, sem dúvida, um fenómeno mediático de extrema
importância. Considero que isso contribuiu para que a imprensa escrita e os outros meios
de comunicação, que existiam, se dedicassem mais ao assunto. Essa dedicação teve
efeitos na população, pois também ela começou a dar mais atenção aos temas europeus.
Na altura da entrada efetiva, a ideia que eu tenho é que, de facto, os meios de comunicação
social não fizeram “grande” notícia do momento, porque já era algo que estava
consumado desde 1985. Através da minha constatação empírica, e como leitor assíduo
dos jornais na altura, posso dizer que os jornais de referência passam, após estas duas
datas, a encarar os temas europeus com mais seriedade e com mais frequência.
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2 – Vitória do
SLBenfica na final
da Taça de
Portugal frente ao
FCPorto (3-1)
12/6/1985 A capa é Principal: “ Entrada de Uma fotografia A imagem mostra o Na capa está
exclusivamente Portugal na Europa passa central que jantar entre o presente o
dedicada ao hoje pelos Jerónimos”. retrata um jantar primeiro-ministro editorial, assinado
tema. ocorrido na noite português, Mário pelo diretor do DN
Subtítulo: “ Inquérito de 11 de junho Soares, e o presidente da altura, o
promovido pelo «Diário de de 1985. do Conselho jornalista, Mário
Notícias» regista opiniões Europeu, Bettino Mesquita. O título
de um amplo conjunto de Craxi. Na foto estão é: “Por cima dos
personalidades da vida também as esposas Pirenéus” e aborda
nacional” dos dois líderes. A a entrada de
refeição é Portugal na
considerada pelo DN Comunidade.
como “informal”.
13/6/1985 Toda a capa é Principal: “Oito anos de Uma fotografia Na imagem podemos Destaque para as
dedicada à negociações concluídos em que ocupa ver a presença do declarações do
assinatura do Belém”. grande parte da primeiro – ministro, presidente da
Tratado. Secundário: “A Adesão da página. Foto Mário Soares, República,
Espanha” – Crónica de J. tirada em frente juntamente com os Ramalho Eanes, e
Fragoso Mendes. à Torre de chefes de Governo e do primeiro-
Belém em os ministros dos ministro, Mário
Lisboa. O negócios estrangeiros Soares.
momento marca dos países que já
a receção aos eram membros da
convidados para CEE.
a cerimónia de
assinatura do
Tratado.
31/12/1985 Não há Alguns Temas da
referência à Capa
entrada oficial
22
Todas as capas foram consultadas através da hemeroteca da Biblioteca Municipal de Coimbra.
16
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de Portugal na 1- Festa de
CEE, que Aniversário do DN
aconteceu no na Sala das Portas
dia seguinte. de Santo Antão
(com fotografia).
2- Corridas de São
Silvestre.
1/1/1986 Destaque Principal: “Ano zero do Uma fotografia, A montagem tem o Destaque para
principal da futuro europeu”. que acaba por momento da um suplemento
capa é sobre a Subtítulo: “Hoje os ser uma assinatura do Tratado que o DN
entrada de Pirenéus deixam de ser montagem. de Adesão, em 1985, publicou,
Portugal na fronteira” com a frase por cima: dedicado à
CEE. “Portugal país entrada de
membro da CEE”, Portugal na CEE,
juntamente com um com entrevistas a
mapa a representar diversas
todos os países personalidades
membros. Na imagem políticas. O mesmo
está também suplemento tem
representado o edifico um artigo do
sede da Comissão jornalista, Mário
Europeia em Resendes, sobre o
Bruxelas, Bélgica tema.
2/1/1986 Chamada de Título da fotografia: Fotografia que A imagem faz alusão Outras notícias
1ª página “Portugal entre os Doze” está no centro ao momento na 1ª página:
através de uma da capa e que simbólico do hastear
fotografia ocupa cerca de da bandeira 1- Mensagem de
alusiva à 1/3 da página. portuguesa na sede da Ano Novo do
adesão. CEE em Bruxelas, Presidente da
Bélgica República,
Ramalho Eanes.
2 - Sinistralidade
rodoviária durante
a passagem de ano.
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5.Conclusão
Após toda a investigação há algumas ilações que se podem retirar. As duas datas,
12 de junho de 1985 e 1 de janeiro de 1986, registam dois marcos que permitiram a
construção de Portugal, como país democrático, e o desenvolvimento de múltiplas áreas,
desde a agricultura, ao ensino passando pela saúde, entre outras. A entrada do nosso país,
em nosso entender, foi também benéfica para a edificação da estrutura e estabilização,
enquanto organismo, da Comunidade Económica Europeia, denominada, a partir da
entrada em vigor do Tratado de Maastricht23, União Europeia.
23O Tratado de Maastricht foi assinado a 7 de fevereiro de 1992, na cidade de Maastricht, Holanda, na altura, Portugal
presidia o Conselho Europeu da CEE. A entrada em vigor aconteceu no ano seguinte, a 1 de novembro de 1993. O
documento, entre muitos aspetos relevantes da política europeia, em diversas áreas, consagrou a mudança da
denominação, a Comunidade Económica Europeia passou a ser a União Europeia (UE). Ficou conhecido na história
como o “Tratado da União Europeia”. Informações recolhidas através do site oficial da UE: http://europa.eu/about-
eu/eu-history/1990-1999/index_pt.htm [Consultado a 22 de junho de 2015].
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No que à análise das capas diz respeito, saltam “à vista” alguns aspetos que temos
destacar. No caso do Diário de Notícias, nos dias analisados, apenas a 11 de junho de
1985 e a 31 de dezembro do mesmo ano, não houve referência a nenhum dos
acontecimentos. Consideramos que o DN deu uma boa cobertura aos eventos, fazendo
duas capas, por inteiro, com o tema (dias 12 de junho e 13 de junho de 2015). Nas edições,
após a entrada efetiva, nos dias 1 e 2 de janeiro de 1986, há referências ao momento na
capa.
24 As eleições presidenciais de 1986 tiveram duas voltas. Na altura um Presidente da República, em Portugal, tinha de
ter mais de 50% nas votações para ser eleito. Na primeira volta o vencedor foi Diogo Freitas do Amaral, candidato
apoiado pelo PSD e pelo CDS, com 46,3% dos votos. O segundo candidato mais votado foi Mário Soares, apoiado pelo
PS, com 25,43% dos votos, os dois disputaram uma segunda eleição. A 2ª volta decorreu a 16 de Fevereiro de 1986 e
aí foi Mário Soares o vencedor com 51,18% dos votos, Diogo Freitas do Amaral obteve 48,82%. Começava assim o
primeiro mandato de Mário Soares como Presidente da República Portuguesa. Informação obtida através da infografia
da notícia de Nuno Teixeira, publicada no Jornal de Negócios, a 24 de janeiro de 2011. Disponível online através do
endereço:http://www.jornaldenegocios.pt/arquivo/infografia/detalhe/infografia_os_resultados_de_todas_as_eleiccedil
otildees_presidenciais.html [ consultado a 23 de junho de 2015]
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mudança que já estava prevista desde 12 de junho de 1985, e que já tinha sido divulgada
e dissecada.
Vamos ver o que o futuro reserva à União Europeia. Sacrifícios terão de ser feitos
para dar, à população agora mais nova e às seguintes, uma melhor UE do que aquela em
que vivemos, por isso cabe-nos a nós fazer esse esforço. Recuperamos as palavras do
primeiro – ministro, Mário Soares, figura incontornável dos dois acontecimentos
estudados, que a 12 de junho de 1985, na cerimónia de Assinatura do Tratado de Adesão,
assegurava que: “a palavra será agora conferida às gerações mais jovens25”, este poderia
ser um mote aplicável à realidade de 2015.
A produção final dá-nos bastante satisfação pessoal e mais importante que isso,
trouxe-nos novos conhecimentos sobre as duas datas e sobre as realidades que as
circunscreveram.
25Declarações que fizeram manchete no DN, na edição do dia 13 de junho de 1985. Disponível para consulta na página
número3 dos anexos deste trabalho.
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Referências Bibliográficas
Machado, Gisela. (2005). O primeiro dia europeu de Portugal: Cenas da união selada
pela televisão. Campo das Letras – Editores, S.A.
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Rádio Renascença. Notícia de Vasco Gandra. Dia 12 de junho de 2015. Disponível em:
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=25&did=190373. [Visitado em
21/6/2015].
Silverman, David. Interpretação de dados qualitativos: métodos para análise de
entrevistas, textos e interações. (2009). Artmed editora S.A. São Paulo
Outras fontes
Jornal Diário de Notícias – dias 11,12 e 13 de junho de 1985. 31 de dezembro de
1985, 1 e 2 de janeiro de 1986.
Jornal semanário Expresso - dias 8 e 15 de junho de 1985. 28 de dezembro de
1985 e 4 de janeiro de 1986.
Ribeiro, Maria Manuela Tavares. A Ideia de Europa. Uma Perspectiva Histórica.
(2003). Colecção: Estudos sobre a Europa, n.º 3. Coimbra. Quarteto Editora.
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Anexos
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Índice de Anexos
Corpus de Análise
11 de junho de 1985 1
12 de junho de 1985 2
13 de junho de 1985 3
31 de dezembro de 1985 4
1 de janeiro de 1986 5
2 de janeiro de 1986 6
8 de junho de 1985 7
Infografia do suplemento sobre “Os passos de aproximação à Europa de 1977 a 1985 ….9
15 de junho de 1985 10
28 de dezembro de 1985 11
4 de janeiro de 1986 12
24