Defumados Senai PDF
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&
Parnaba-Piau
2006
ndice
Pgina
1. INTRODUO ...................................................................................................................................... 1
2. CUIDADOS COM A HIGIENE ............................................................................................................ 1
3. ADITIVOS ALIMENTARES USADOS NA INDSTRIA DA CARNE ............................................ 3
4. EMBUTIDOS ......................................................................................................................................... 4
4.1 Tipos de Embutidos .............................................................................................................................. 4
4.2 Processos para a fabricao de lingias .............................................................................................. 7
4.2.1 Matria-Prima .................................................................................................................................... 7
4.2.1.1 Obteno da matria-prima ............................................................................................................ 7
4.2.1.2 Utilizao da matria-prima ........................................................................................................... 10
4.2.2 Moagem ............................................................................................................................................. 11
4.2.3 Condimentao .................................................................................................................................. 11
4.2.4 Embutimento ..................................................................................................................................... 12
4.2.5 Envoltrio (Tripa) .............................................................................................................................. 12
4.2.6 Amarrio .............................................................................................................................................. 15
4.2.7 Armazenamento ................................................................................................................................. 15
4.2.8 Algumas formulaes de lingias .................................................................................................... 15
4.3 Mortadela .............................................................................................................................................. 21
4.4 Salsicha e Salsicho .............................................................................................................................. 23
4.5 Presunto ................................................................................................................................................ 24
4.6 Coco de embutidos ............................................................................................................................ 25
5. DEFUMADOS ....................................................................................................................................... 25
5.1 Introduo ............................................................................................................................................ 25
5.2 Ao da fumaa sobre as carnes ........................................................................................................... 26
5.3 A carne .................................................................................................................................................. 27
5.4 Mtodos de cura ................................................................................................................................... 28
5.4.1 Cura a Seco para Defumao Posterior ............................................................................................. 29
5.4.2 Cura mida por Imerso ................................................................................................................... 29
5.4.3 Mtodos Combinados ........................................................................................................................ 29
5.5 Defumao ............................................................................................................................................ 30
5.6 Estocagem ............................................................................................................................................. 31
5.7 Tipos de produtos defumados ............................................................................................................... 31
5.8 Produo de alguns defumados ............................................................................................................ 33
5.9 Outras formulaes de produtos defumados ........................................................................................ 36
6. CAUSAS DE DEFEITOS NA FABRICAO DE LINGUIAS ........................................................ 38
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ....................................................................................................... 46
Curso Bsico de Embutidos e Defumados SENAI/PI 1
1. INTRODUO
Os embutidos apareceram no Brasil a partir da emigrao de famlias alems e italianas que
trouxeram, entre os seus vrios costumes, as receitas tradicionais desses produtos. No novo pas,
devido s condies climticas e ao paladar nacional, esses alimentos sofreram algumas adaptaes.
Na poca, os artesos foram, aos poucos, transformando sua arte em pequenas fbricas, enquanto os
donos de aougues comearam a ousar o processamento industrial de carnes a partir da elaborao
do embutido mais simples, a lingia, que dispensa a preparao de emulses e equipamentos mais
sofisticados. Mais tarde vieram para o Brasil os grandes frigorficos multinacionais aumentando o
volume de carne fresca processada. Conseqentemente, a produo de embutidos tambm cresceu,
e representa 10% da carne consumida no pas. Os embutidos so classificados como frescos, secos,
semi-secos, embutidos cozidos, embutidos defumados, no-cozidos e especialidades base de carne
cozida.
Porm, essa indstria no poderia crescer sem o uso de tripas, pois para se unir a carne picada,
moda ou emulso necessrio um material especfico para uma forma adequada.
Anteriormente, as tripas naturais eram as nicas opes para a fabricao de embutidos que
so obtidas atravs do trato intestinal de sunos, bovinos e ovinos. As artificiais surgiram no final do
sculo XIX devido ao aumento do consumo de embutidos crneos e maior desenvolvimento de
equipamentos para o processamento.
Hoje as tripas celulsicas de colgeno, comestvel e as tripas de plstico ou nylon, ganham um
mercado cada vez maior e no param de evoluir tecnologicamente, apresentando a desejvel
uniformidade e maquinalidade. Elas so obtidas a partir de matrias-primas regeneradas como a
celulose e o colgeno de couro de bovinos e a partir de material sinttico (tripas artificiais
sintticas). O setor de tripas artificiais nacionais alcana hoje uma situao tecnolgica bastante
satisfatria em termos de qualidade.
vasilhames (com gua sanitria de 2 a 2,5%). Escolhe-se um local arejado para preparao dos
produtos; de fcil limpeza, com tela nas janelas e portas, e gua de boa qualidade e em quantidade.
Todos os equipamentos, utenslios e vasilhames utilizados no preparo, condimentos e cura da
carne devem ser rigorosamente higienizados antes e aps o uso. E, ainda, devem ser evitados tbuas
de corte de carne de madeira, gamelas (bacia de madeira) e outros utenslios de difcil limpeza. As
facas, alm de limpas, devem estar muito bem afiadas. Afiadores e amoladores, como pedra, ou ao
devem ser usados com o mximo de cuidado, ateno, durante todo o processo.
O material empregado, as condies de elaborao, de maturao e de armazenamento e de
outros fatores, influem de modo marcante na ocorrncia de alteraes microrgnicas dos embutidos.
As bactrias e leveduras so os microrganismos produtores dos mais importantes tipos de
alteraes sob o ponto de vista econmico e do consumo dos produtos; sob estes aspectos, as
transformaes originadas pelos mofos so de menor repercusso.
As alteraes microrgnicas dos embutidos so, nas circunstncias previstas, originadas por
mofos, leveduras ou bactrias isoladamente ou em associao entre si. O crescimento dos mofos se
faz na superfcie dos embutidos; de comeo, sua presena se revela por pontos arredondados
relativos a pequenas colnias, que vo expandindo-se posteriormente, at formar camadas coloridas
de revestimento, segundo o microrganismo responsvel.
Os mofos se desenvolvem sobre a superfcie das tripas, tanto naturais quanto artificiais (feitas
base de celulose); nesse caso os mofos podem digerir a pelcula, ocasionando certas alteraes da
envoltura, que inclusive capaz de romper-se.
Quando o comprometimento do produto, por mofos, pequeno, o seu consumo facultado;
tal, porm, no acontece quando intensa a proliferao microrgnica, que, atingindo o centro do
embutido pode torn-lo de ingesto imprpria, pela distoro de suas qualidades flavorizantes.
Entre as condies que favorecem o crescimento dos mofos, as mais importantes so a
umidade ambiental (prxima do grau de saturao), a temperatura (20-25oC) e o armazenamento
defeituoso.
Geralmente, as leveduras atuam mais sobre a parte externa do que de dentro da massa dos
embutidos; quando ocorre a ltima hiptese, a alterao se processa nos limites entre a parte interna
da tripa com a superfcie da massa.
Dentre as alteraes bacterianas, se distingue a que provoca revestimento mido, viscoso, de
cor esbranquiada para cinza ou cinzenta amarelada.
As alteraes microrgnicas dos embutidos que mais vulgarmente ocorrem so o limo, o
azedamento e o esverdeamento do produto.
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Nos embutidos crneos cozidos, como por exemplo lingias, salsichas e mortadelas, os
principais microrganismos deteriorantes so: Lactobacillus, Leuconostoc e Enterobactrias, e
tambm o Clostridium perfrigens que provoca esverdeamento e limosidade superficial, sabor
amargo, estufamento e emboloramento. Por isso, so esses os microrganismos normalmente
pesquisados na anlise deste tipo de alimento.
4. EMBUTIDOS
4.1 Tipos de Embutidos
Embutido, na rea de alimentos, o nome que se d a todos aqueles produtos feitos com carne
picada, moda, ou mesmo em pedao que so embutidos em algum invlucro animal, ou seja, em
tripas, bexigas ou gargantas de animais.
Os embutidos podem ser feitos com os mais variados tipos de carne, como de peixe, frango,
peru, vaca e, principalmente de porco.
Morcela
A morcela pode ser de cozer ou pode ser morcela escaldada ou de assar como
tambm conhecida. Os principais ingredientes que a compem so as gorduras
macias picadas e o sangue fresco de porco. Normalmente as morcelas so
condimentadas na sua preparao com sal, pimenta e cominho, embora cada
regio tenha as suas receitas e os seus segredos. Podem encontrar-se ainda
outros tipos de morcelas: morcela achouriada - com toucinho e vsceras de porco;
morcela de arroz - com arroz; morcelas doces - com gordura, sangue e pimento; morcelas de
farinha - com farinhas vrias.
Alheira
Apesar de em Portugal serem famosas as alheiras de Mirandela, estas
no so as nicas no Pas. A alheira um embutido essencialmente de origem
transmontana, curada. composto por uma mistura de carne de vitela com carne
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Farinheira
A farinheira tem a curiosidade de ser o nico embutido cuja tripa no cheia na
totalidade. curada e os seus principais ingredientes so a gordura de porco,
gua e farinha de trigo. Normalmente ainda condimentada com sal, vinho
branco, pimenta e colorau doce. Este embutido tem a particularidade de ter
de ser conservado num local fresco, devido sua composio.
Linguia
A linguia composta por carne de boi ou porco picada, qual se
adiciona ainda gorduras rijas de porco, embora haja muitas formulaes
para linguias. condimentada normalmente com massa de pimento,
colorau, alho e sal.
Paio
O lombo de porco o principal ingrediente do paio. condimentado com massa
de pimento, alho e sal. embutido em tripa grossa, dividido em pequenas pores,
curtido e defumado. Tem uma consistncia dura e firme e uma cor brilhante. Podemos
ainda distinguir trs variedades de paio: paio vermelho duplo; paio vermelho simples;
paio branco.
Salpico
O salpico juntamente com o presunto e as chourias, um dos
embutidos mais tradicionais na cozinha portuguesa. Pertence ao grupo dos
embutidos crus e cozidos e um alimento rico em vitaminas e fsforo.
Chourio mouro
O chourio mouro preparado com carne de porco, gordura e
sangue. Tem um aspecto negro brilhante e uma consistncia semi-mole. Na
sua preparao curado em estufas de lenha o que lhe confere um sabor
muito caracterstico.
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Presunto
O presunto talvez seja um dos defumados mais conhecidos e desejados
em todo o mundo. confeccionado a partir do quarto traseiro do porco e
permanece mergulhado em sal para cura, podendo ser posteriormente
defumado. Para presuntos no necessrio o retalhamento da carne, uma vez
que o pernil do porco usado em pea, podendo, no entanto, ser utilizado um
ou mais pedaos, que se juntaro quando esse tipo de embutido for prensado.
4.2.1 Matria-Prima
4.2.1.1 Obteno da matria-prima
O abate pode ser didaticamente considerado como a forma pela qual so obtidas as pores
comestveis das carcaas, que esto localizadas entre duas regies altamente contaminadas por
microrganismos. Essas duas regies so a camada externa da pele e a face interna do trato
gastrintestinal e seu contedo.
Inserido nessa conceituao genrica esto relacionados os procedimentos que envolvem o
atordoamento, a sangria, a esfola ou depilagem, a eviscerao e a preparao final das meias
carcaas, tambm chamada toalete. Aps a diviso do corpo do animal eviscerado, ao longo da
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so, inicialmente, prensados entre cilindros que removem no apenas a mucosa, mas tambm
camadas de musculatura lisa e a serosa associada mucosa.
As tripas de maior dimetro como a dos bovinos so, inicialmente, invertidas, e depois da
viragem feita a raspagem por meios mecnicos, em equipamento com raspadores de borracha
dispostos em paralelo e em presena de gua. Uma vez que a tripa dos bovinos possui quantidade
consideravelmente maior de tecido muscular liso do que a dos sunos, apenas a camada mucosa e a
parte externa da membrana serosa desprendem durante a raspagem. Depois da retirada do muco e a
lavagem das tripas, elas so postas em salmoura saturada e armazenadas at o dia seguinte, antes de
serem classificadas e salgadas. A remoo da mucosa uma etapa crtica no processo de obteno
das tripas. Se ela no for executada corretamente, a tripa pode se deteriorar. A imerso na salmoura
importante pelo fato dessa etapa j dar incio ao processo de cura, alm de retirar o sangue que
permanece nos intestinos.
A classificao das tripas naturais varia de acordo com seu tipo, tamanho, qualidade e ainda a
presena de rugosidades, raspaduras, perfuraes e outros defeitos. O tamanho se determina
medindo o dimetro das tripas cheias de gua. Quando na classificao levado em considerao o
quesito qualidade, so observadas a presena de perfuraes, ranhuras ou outras imperfeies. As
tripas de menor dimetro so qualificadas nos tipos A e B. As do tipo A so aquelas que no
apresentam perfuraes ou baixa resistncia das paredes. Elas so utilizadas em produtos de massa
fina como das salsichas. Por outro lado, as do tipo B permitem o embutimento de produtos de massa
mais grosseira como no caso das lingias.
Depois da classificao por tamanho, a tripa salgada com sal de textura mdia para fina e
colocada em reservatrio para cura e drenagem. Finalmente, depois de perderem o excesso de
umidade, so agitadas para retirada do sal remanescente, sendo novamente salgadas com sal mais
fino e colocadas em reservatrios fechados hermeticamente. A maior parte das tripas curadas
apresentam cerca de 40% de sal e so comercializadas nessas condies, o que permite serem
transportadas a longas distncias, resistindo armazenagem prolongada. O contedo de sal deve ser
avaliado, j que algumas tripas contm at 60% de sal.
No havendo uma linha de abate, basta adquirir as carnes em lojas especializadas. Essas lojas
costumam vender seus produtos j semiprontos, salgados ou desidratados, sendo necessrio apenas
alguns cuidados na hora da escolha. At as tripas, gargantas e bexigas voc consegue comprar em
lojas.
O primeiro cuidado para quem vai comprar as carnes escolher uma loja especializada de
tima procedncia. No compre em qualquer aougue, sem que conhea ou tenha confiana.
necessrio muita cautela, pois voc poder pr em risco a sade de quem consumir seu produto.
Observe o aspecto geral da carne, o cheiro e sua textura. Se notar na superfcie certos grnulos
brancos, uniformes, parecendo gordura, pea para o vendedor fazer um corte na carne: voc pode
estar diante de um produto contaminado por tnia. O corte dar condies de identificao. O verme
tambm se prolifera na parte interna, podendo-se observar certas estrias, parecidas com gordura por
todo o interior da carne. No a compre nunca!
4.2.2 Moagem
A matria-prima (carne, toucinho ou papada) deve ser reduzida a pedaos
que possam entrar sem dificuldades pelo local do moedor. Dessa matria-prima,
as carnes duras devem ser finamente modas, enquanto as carnes mais macias e
as gorduras devem ser modas em discos de maior calibre. A temperatura ideal
da carne a ser moda deve ser de 0oC a 4oC, pois a moagem provoca um aquecimento indesejvel da
carne.
4.2.3 Condimentao
Os temperos utilizados na formulao devem ser previamente separados
e dissolvidos em gua gelada. Aps a moagem, os componentes da formulao
(carne, toucinho, outros ingredientes e os temperos diludos) devem ser
transferidos a um recipiente prprio e misturados de forma homognea para
que essa massa obtenha uma boa liga. O uso da gua gelada, alm de facilitar a diluio dos
condimento e a homogeneizao do tempero massa, contribui para a reduo da temperatura do
material. A seguir, a massa pode descansar por algumas horas em geladeira.
O p-das-quatro-especiarias corresponde mistura dos seguintes condimentos: pimenta-
branca moda (125g), cravo-da-ndia em p (10g), gengibre (25g), noz-moscada em p (25g) e
canela (15g). Os demais ingredientes ou condimentos citados nas formulaes podem ser
encontrados nas casas especializadas.
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As quantidades de sais de cura (presentes nos condimentos para lingia, lingia calabresa
ou toscana, p hngaro ou salitre) devem ser adicionados massa conforme as recomendaes do
fabricante. Quantidades acima dessas medidas so prejudiciais sade.
4.2.4 Embutimento
A massa (carne, toucinho e condimentos
previamente misturados) deve ser embutida como
uma massa compacta, sem espao de ar. As bolhas
de ar podem causar oxidao (rano) e
escurecimento nas regies circunvizinhas a elas,
comprometendo a apresentao do produto final.
Nessa operao, pode ser usada embutideira ou
funil.
Resistncia - as tripas devem ser fortes o suficiente para resistir presso durante o
embutimento e demais etapas do processo. Apenas a camada serosa do intestino mostra suficiente
resistncia mecnica;
Comprimento - o comprimento dos maos de tripas de carneiro e sunos padronizado para
91,4 metros (100 jardas). Os de bovinos so geralmente vendidos em pores de 18 metros. O
nmero de unidades por mao depende do pas de origem. O comprimento das outras partes do
intestino tambm depende da procedncia e o propsito a que se destina;
Dimetro - o calibre desejado depende da procedncia e do tipo de tripa, no entanto,
constitui exigncia normal uma boa padronizao para desempenhar sua funo adequadamente. As
tripas de ovinos geralmente possuem 14 milmetros ou mais, porm as mais comuns medem entre
20 e 24 milmetros. Para alguns produtos especiais, so utilizadas tripas com dimetro de 16
milmetros ou ainda inferior. As tripas sunas de menor calibre podem substituir, em muitos casos,
as ovinas de maior calibre. A maior demanda para tripa suna de calibre igual a 35 milmetros ou
superior. As tripas bovinas tm 35 milmetros ou mais, tendo a poro mdia do intestino 55
milmetros e acima, sendo esse calibre o mais procurado;
Conservao - as tripas geralmente so limpas, classificadas, salgadas e embaladas. Na
salga, usado o sal fino, sem ter sido reutilizado. Em algumas ocasies, as tripas so
comercializadas dessecadas, inclusive as bexigas, embora, nesses casos, elas perdem a elasticidade,
fator esse muito importante durante o embutimento. As serosas usadas na fabricao de fios de
sutura cirrgicas so transportadas congeladas e, em alguns casos, salgadas;
Acondicionamento - atualmente, as tripas tm sido comercializadas em diversas
embalagens, entre elas caixas plsticas ou de madeira, sacos plsticos ou outras modalidades de
recipientes tambm plsticos.
A raspagem da mucosa (lado interno do intestino) feita com rasque de madeira. Uma vez
terminado esse processo, as tripas devem ser lavadas com vinagre para eliminar o cheiro
desagradvel. A salga a seco realizada esfregando-se o sal grosso modo diretamente nas tripas
que foram previamente reunidas em maos. Essas peas devem ser colocadas sobre uma superfcie
inclinada por 24 horas. Aps esse perodo, as tripas so esfregadas com sal refinado e podem ento
ser armazenadas at o momento do uso.
As tripas naturais apresentam algumas vantagens em relao aos artificiais, como: a proteo
ao sabor puro da lingia, pois mantm a suculncia e permitem o sabor caracterstico da
defumao nas pores interna desse produto.
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Atualmente existe no mercado tripas naturais processadas. Entretanto, para o emprego dessas
tripas so necessrios cuidados, tais como: retirada do excesso de sal com gua corrente e
hidratao das tripas por imerso em gua fresca por 1 hora (tendo o cuidado de massagear e
separar as mesmas para evitar possveis manchas).
No momento de embutir (aproximadamente meia hora antes), as tripas devem ser colocadas
em gua aquecida, pois este procedimento facilitar o embutimento e amoldamento da massa ao
envoltrio, aps o recheio. Cuidado, porm, para no deix-las demais na gua, pois corre-se o risco
de amolecerem muito, prejudicando o produto na hora de embutir, podendo estourar.
As tripas de colgeno esto prontas para o embutimento aps imerso em salmoura por 5
minutos. Por outro lado, as tripas de celulose, dependendo do tipo, podem dispensar a molhadura ou
devem ser colocadas por 30 minutos em gua temperatura de 30C. Em ambos os casos, o
manipulador deve seguir as recomendaes do fabricante.
A tripa de carneiro se presta mais confeco de salsicha, por ser mais fininhas. As bexigas e
gargantas so usadas na fabricao de salame, paios e mortadelas.
Como envoltrio para as lingias frescais, podem ser usadas tripas artificiais ou naturais de
sunos, bovinos ou ovinos, com calibre mdio de 28mm a 32mm, previamente umedecidas.
Simultaneamente ao enchimento da tripa com a massa, so realizadas as tores na tripa para o
posterior amarrio. Normalmente as tores so feitas a cada 10cm. No caso de envoltrio natural, a
presso da massa no deve ser grande, pois esse tipo de envoltrio pode encolher aps o processo.
4.2.6 Amarrio
As extremidades dos envoltrios e regies de toro devem ser amarradas com fio de algodo
(barbante). Esse fio no deve ser muito fino e a presso dos ns no deve ser excessiva para no
causar corte na tripa e extravasamento da massa. Entretanto, em alguns tipos de lingias, os gomos
podem ficar soltos sem o amarrio.
4.2.7 Armazenamento
As lingias frescas processadas em boas condies de higiene, podem ser armazenadas em
geladeira por at 15 dias e em freezer por at 6 meses.
Lingia de frango I
carne de frango 9Kg
pele de frango 585g
condimento para lingia 190g
sal 60g
alho modo 15g
pimenta-branca moda 15g
aji-no-moto 5g
Lingia de frango II
1,3Kg de peito de frango
600g de toucinho fresco
10g de tempero kraki
Lingia de peixe
Kg de pescada branca
1 colher (sopa) de caldo de limo
10g de pimenta-do-reino
Kg de atum ou cao
8g de tempero pronto
Chourio caseiro
Para cada quilo de sangue:
200g de redanho (parte do porco que parece um vu rendado e envolve os rins do animal, bem
picado)
2g de alho
25g de sal
1g de pimenta-do-reino
1 a 3g de pimenta-malagueta
1 noz-moscada para 15Kg de sangue
Cebola, salsa e cebolinha picadas
Obs: Deve-se ter o cuidado de no encher muito as tripas (devem ficar bem flcidas).
Para saber se est no ponto de cozimento, espete uma agulha. Se soltar sangue, espere mais
um pouco. Se soltar uma gua mais clara, est pronto.
Aps cozimento, pode-se com-los em seguida ou ainda frit-los.
Cortar as cebolas em rodelas finas e levar ao fogo brando para cozinhar, juntamente com a
manteiga.
Cortar o toucinho em cubinhos.
Colocar a nata com o po e deixar amolec-lo.
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Temperar o sangue com sal, pimenta-do-reino, quatro-espcie, salsa, tomilho e louro, bem
picados.
Juntar ao sangue temperado, o po amolecido, a cebola j fria e o toucinho.
Obs: se for preciso acrescente mais po e misture tudo muito bem.
Encher as tripas tendo o cuidado de no colocar muito recheio, pois a massa se dilata na hora do
cozimento.
Colocar os chourios em tachos com gua e levar ao fogo baixo durante 15 ou 20 minutos.
Obs: no deixar a gua ferver, pois com isso os chourios podem arrebentar-se.
Retir-los do tacho e unt-los com toucinho para que fiquem brilhantes.
Obs: pode-se utilizar uma peneira metlica para imergir os chourios assim, depois de cozidos, fica
mais fcil retir-los.
Lingia-calabresa Lingia-toscana
carne suna paleta ou retalhos 8,9Kg carne suna paleta ou retalhos 8Kg
papada 470g papada 1,4Kg
condimento para lingia calabresa 375g condimento para lingia toscana 380g
sal 120g sal 120g
alho fresco 30g alho fresco 20g
pimenta vermelha 30g pimenta-preta fina 25g
erva doce 10g acar 5g
acar 5g
Lingia-italiana* Lingia-do-campo
carne suna 9,7Kg carne de porco (paleta ou pescoo)
sal 195g 6,2Kg
pimenta-branca moda 25g toucinho 3Kg
erva-doce 25g sal 533g
pprica moda 10g acar 31g
coentro modo 5g pimenta moda 19g
pimenta vermelha suave 5g p-das-quatro especiarias 19g
*Usar tripa bovina com calibre entre 38 e vinho tinto 6 copos
40mm.
4.3 Mortadela
Mortadela I
1Kg de pernil
200g de toucinho
500g de carne bovina
4g de ligatari
3g de cura rpida
4g de dourafix
8g de condimento para mortadela
12g de sal
copo de gua
8g de farinha de mandioca crua
Mortadela II
Carne de dianteiro bovino 1,5Kg
Carne bovina industrial 3,5Kg
Gordura suna 1Kg
Toucinho ou papada em cubos 800g
Sal refinado 200g
Condimento para mortadela 40g
Fosfato 25g
KELMAX E 200g
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KELTEX 300g
Fcula de mandioca 400g
Sal de cura 25g
Antioxidante 10g
Salsicha
1Kg de carne bovina (alcatra, patinho ou fil)
400g de toucinho
7g de sal
4g de dourafix ou exacor
11g de condimento para salsicha
7g de cura rpida
4g de dourafs ou ligatari
2g de fumedex ou fumaro
1 copo de gua
4g de polvilho doce
copo de farinha de mandioca ou ligador (amido de milho)
Corante vegetal de urucum ou colorau
Obs: a tripa de carneiro muito delicada, de manuseio mais difcil. Porm, mesmo que a tripa fure,
no se preocupe, no cozimento a prpria carne tapa o buraco. Somente tirar o excesso de carne que
escapa pelo furo.
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Salsicho
500g de carne bovina
500g de toucinho
1Kg de carne de porco (retalhada)
7g de cura
4g de dourafix ou exacor
4g de dourafs ou ligatari
7g de sal
6g de condimento para salsicha
1 copo de gua
4g de polvilho doce
copo de farinha de mandioca ou ligador (amido de milho)
Corante vegetal de urucum ou colorau (5g para 1L de gua).
4.5 Presunto
Presunto colonial
2Kg de carne de pernil inteiro ou em pedaos, sem osso
1L de gua
40g de super-rendimento
8g de sal
8g de condimento califrnia
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4g de dourafix ou exacor
3g de glutamato monossdico
5. DEFUMADOS
5.1. Introduo
O RIISPOA define os produtos defumados como sendo aqueles que aps o processo de cura
so submetidos defumao, para lhes dar cheiro e odor caractersticos, alm de um maior prazo de
vida comercial por desidratao parcial.
Cura e Defumao de carne so normalmente praticadas juntas.
Entende-se por defumados os produtos que so submetidos fumaas de lenhas especficas
para lhes dar cheiro e sabor caractersticos, alm de aumentar o tempo de conservao.
Os produtos crneos desenvolvem durante a defumao caractersticas sensoriais desejveis,
como a colorao externa dourada, sabor de defumado, textura e suculncia agradvel. O sabor
desses produtos podem ainda ser incrementados pelo uso de especiarias (canela, noz moscada,
cravo-da-ndia) e ervas finas (estrago, salsa, mangerona, alecrim, slvia, anis, cebolinha,
manjerico, etc.).
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A defumao associada ao uso de sais (cloreto de sdio, nitrito de sdio) e secagem, atua na
reduo e controle de microrganismos, aumentando a vida-de-prateleira dos produtos. O processo
valoriza cortes nobres, como lombo de suno, que pode ser transformado em lombo canadense,
lombo com ervas, lombo com pprica, etc. Essa operao agrega valor a produtos como toucinho,
costela, lingia, salame e outros.
A criao de novas opes de produtos possibilita escolhas alternativas para o mercado
consumidor e uma possvel fonte adicional de renda a pequenos produtores. As desvantagens da
defumao tradicional esto relacionados com:
a) a presena de compostos benzopirenos (cancergenos), presentes na fumaa, que podem se
depositar na superfcie da carne, quando a distncia entre a fonte de calor e o produto pequena
(igual ou menor do que 40 centmetros) ou na combusto incompleta da madeira;
b) as perdas no rendimento do produto, que variam de 5% a 10%, dependendo do corte
escolhido e do tempo de defumao.
5.3 A carne
A defumao pode ser aplicada em diversos cortes. Tradicionalmente, os cortes sunos so
utilizados largamente. O pernil e o lombo defumado podem ser preparados de diversas formas e
com diferentes condimentos, originando o pernil tender, lombo canadense, lombo com ervas, lombo
com pprica, etc, bacon e costela defumada, copa ou codeguin e produtos como lingias
defumadas e salames. Outras espcies como frango, ganso, peixes, coelhos, bovinos e ovinos
tambm podem ser defumados.
A matria-prima para fabricar embutidos e defumados deve ser proveniente de animais
saudveis, descansados no pr-abate e abatido em local limpo e higinico, ou seja, a pea para
defumao deve ser adquirida em locais que vendam carne inspecionada e que esse produto seja
manipulado de forma adequada.
A carne suna rica em protenas. Tem alto teor de vitamina B1, que, alm de estimular o
apetite, fundamental para o equilbrio do sistema nervoso. Tambm oferece boa quantidade das
vitaminas A e B2 e sais minerais (clcio, fsforo e ferro).
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Posio dos cortes no suno: 1) Cabea 2) Toucinho gordo 3) Lombo - bisteca 4) Paleta 5) Carr 6)
Meio fil 7) Ponta de fil lombinho 8) Pernil 9) Presuntinho posterior 10) Peito 11) Paleta 12)
Plano das costelas 13) Presuntinho dianteiro 14) Ps 15) Papada 16) Rabo.
Curso Bsico de Embutidos e Defumados SENAI/PI 28
Posio dos cortes no boi: 1) Lagarto 2) Coxo duro 3) Coxo mole 4) Patinho 5) Picanha 6)
Alcatra 7) Maminha de alcatra 8) Contrafil 9) Fil mignon 10) Fil de costela 11) Capa de fil 12)
Aba de fil 13) Fraldinha 14) Ponta de agulha 15) Acm 16) Cupim 17) Pescoo 18) Paleta 19)
Peito 20) Msculo.
Nessa operao, o mtodo de cura escolhido deve garantir uma distribuio uniforme dos
ingredientes no produto. As falhas nessa distribuio resultam em defeitos que vo desde uma
colorao desuniforme, falta de estabilidade at a putrefao.
de Wiltshire. Nesse mtodo, combinam-se diversas vias de aplicao dos ingredientes de cura,
apresentando a particularidade da cura meia - carcaa de sunos sem a coluna vertebral, a paleta e
ossos da bacia.
A seqncia de operaes deste mtodo descrita a seguir:
a) injeo de salmoura de cura;
b) imerso em salmoura e eventualmente esfregao com sais de cura;
c) extrao da salmoura de cura e depsito em local refrigerado, onde se d a maturao;
d) novo tratamento, imediatamente ou depois de defumar.
Numa certa fase, so separados o pernil e a paleta e curados parte, ficando por ltimo, o
restante, como o bacon.
As peas, aps o perodo de cura, devem ser lavadas em gua para retirar o excesso de sal. Em
seguida, as peas sero amarradas individualmente com barbante de calibre grosso, ao longo do
produto, para conferir aparncia mais homognea ou dar forma a ele. Esse amarrio permite,
tambm, que seja realizada a ala para pendurar a pea no gancho usado no defumador.
5.5 Defumao
A defumao pode ser empregada como uma operao
final de processamento, com o objetivo de usar um mtodo a
mais de conservao.
Produtos como lingias e produtos submetidos cura
podem ser defumados.
A cura consiste do uso de aditivos nas peas crneas para
aumentar a vida de prateleira, enquanto na defumao so
utilizados os compostos da fumaa que originam:
- A colorao, que varia de amarelo-dourado-claro at um
marrom escuro. Essa cor caracterstica obtida pela reao de
carbonilas da fumaa, com os grupos amino livre das protenas
ou outros compostos nitrogenados.
- O aroma dos produtos defumados que obtido em funo da presena de compostos
carbonlicos, diacetil, vanilina e alguns cidos orgnicos.
O processo de defumao dividido em trs etapas. A primeira consiste na secagem, que
remove a umidade superficial e tambm contribui para o desenvolvimento da cor da carne. Na
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segunda etapa, a fumaa aplicada enquanto a temperatura da cmara elevada. E na etapa final,
que corresponde ao cozimento, a carne cozida no prprio defumador.
So sugeridas, a seguir, as condies de defumao utilizadas para o pernil:
a) Secagem da pea durante quatro horas temperatura de 49C, com a chamin aberta.
b) Aplicao de fumaa durante nove horas temperatura de 60C, com a chamin fechada.
c) Cozimento realizado temperatura de 85C, com a chamin aberta, at que o pernil atinja
70C internamente.
A composio da fumaa depende principalmente do tipo de madeira, da temperatura de
combusto e do aporte de oxignio, conforme descrito a seguir.
Tipo de madeira: do ponto de vista toxicolgico, h preferncia pelo uso de madeiras duras,
como carvalho, btula, mogno e tipos de nogueira, pois as madeiras macias so mais ricas em
lignina e mais resinosas. Com isso, a tendncia formar mais benzopirenos e hidrocarbonetos
poliaromticos (HPAS).
Temperatura de combusto e aporte de oxignio: altas temperaturas de combusto sempre
acarretam produo elevada de HPAs, enquanto que mtodos controlados tendem a produzir
fumaas praticamente isentas dos compostos carcinognicos.
5.6 Estocagem
O armazenamento do produto curado e defumado pode ser efetuado de diversos modos,
dependendo do produto final desejado. Esse produto pode ser consumido imediatamente,
refrigerado ou congelado.
No caso de produto defumado e congelado, o mesmo pode ser consumido aps um perodo
que pode variar de 15 dias a 3 meses, dependendo do tipo de carne.
Presunto tipo Parma: Pernil ntegro suno sem pata. Produto salgado e dessecado por um
perodo mnimo de 10 meses.
Presunto cru: Pernil ou corte do pernil de sunos. Produto cru, curado ou no, maturado,
defumado ou no e dessecado.
Pepperoni: Carnes sunas ou sunas (mn. 50%) e bovinas, toucinho. Produto apimentado
curado, fermentado, maturado, defumado ou no e
dessecado. Poder sofrer processo de dessecao rpida
em estufas apropriadas at que a temperatura no centro do
mesmo atinja 62oC, mantendo-se as caractersticas de um
produto maturado e dessecado. Ingrediente obrigatrio pprica (pimento vermelho picante).
Permite-se a adio de protenas no crneas no teor mximo de 2%, na forma de protena agregada.
Pode-se ainda defumar fils de peixe (principalmente salmo), queijos e lngua de boi.
Curso Bsico de Embutidos e Defumados SENAI/PI 33
Furar o frango por dentro com o uso de um garfo, evitando o enrigecimento da pele na defumao
e facilitando a adio de temperos.
Pesar o frango e adicionar parte dos temperos manualmente.
Levar para refrigerao por 24 horas.
Adicionar o restante dos temperos e deixar a pea em repouso por mais 24 horas no refrigerador.
Defumao por aproximadamente 1 e hora sem o papel celofane.
Envolver no papel celofane e novamente levar ao defumador por 2 a 3 horas.
Retirar o papel celofane e novamente levar ao defumador por 2 horas.
Para cada quilo de carne, 1 hora de cozimento: 30 minutos a uma temperatura de 65C e, os 30
minutos restantes, a uma temperatura de 80C.
Aps o cozimento, dar um choque trmico, tirando o pernil da gua quente e colocando na gua
fria, para posteriormente resfriar ou congelar.
Levar para defumar, sem o papel celofane por um perodo de 3 a 4 horas.
Obs: Para produzir o bacon defumado, uma soluo de salmoura (sal e aditivos dissolvidos na gua)
introduzida na barriga (poro da carne suna) atravs de agulhas finas do equipamento chamado
injetora. Esta carne levada para massageamento com a finalidade de auxiliar a absoro dos
condimentos adicionados, melhorar a textura e o sabor. Em seguida as peas so levadas ao
cozimento e defumao para que adquiram o sabor e o aroma caractersticos. Aps o resfriamento,
as peas so embaladas em filme plstico, submetidas retirada de ar da embalagem (vcuo),
acondicionadas em caixa de papelo e conservadas em cmaras resfriadas.
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O bacon em manta (aquele que fica exposto pendurado no ponto de venda) lacrado e mantido
temperatura de, no mximo 40oC, tem prazo de validade de 60 dias. Para o produto aberto,
comercializado fora da embalagem original e conservado em temperatura ambiente (25 a 30oC), o
consumo deve ser dentro de 8 dias.
Salame Fino
650g de carne suna
200g de carne bovina magra
150g de toucinho firme (da regio lombo-costal)
tripa reta bovina, garganta ou tripa artificial
30g de sal
2,5Kg de sacarose invertida (karo)
2,5Kg de acar
2,5Kg de cura
2,0Kg de pimenta branca moda
2,0g de alho modo
0,2 de noz-moscada
2,5g de fixador ou cido ascrbico
5ml de vinho tinto seco opcional
Depois de desossada e cortada em tiras, moer a carne bovina em chapa fina, de 5 milmetros ou
menor, e a carne suna em chapa de 12 milmetros.
Picar o toucinho em pequenos cubos (no menor tamanho possvel) e adicionar os ingredientes
massa de carne na proporo citada, misturando bem.
Obs.: no se esquecer de deixar o cido ascrbico ou o fixador, que reduzem a acidez da carne, por
ltimo.
Misturar bem at dar liga - momento em que a carne comea a grudar na mo.
Deixar repousar por trs horas. Se a carne for fresca, recomenda-se deixar em repouso de um dia
para outro para escorrer a gua em excesso.
Embutir.
Deixar descansar e secar por algumas horas. Pode-se inclusive deixar no defumador aberto a 30C
de um dia para outro.
Defumar a uma temperatura de 30 a 35C por 24 horas.
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Salame Alemo
800g de carne de porco (ou retalhos)
200g de toucinho
24g de sal
3g de cura rpida
4g de ligatari
6g de condimento califrnia
5 dentes de alho
4g de exacor
16g de ligador (amido de milho)
1 copo de gua
Lingia-aoreana* Lingia-espanholas*
carne suna magra 4,7Kg carne de porco magra 4,7Kg
carne bovina 3,3kg toucinho 4,7Kg
toucinho 1,4Kg uva-passa 238g
sal 285g sal 142g
cominho modo 190g p-das-quatro-especiarias 48g
pimenta-do-reino 40g pimenta-de-caiena 48g
alho em p 20g *Levar ao defumador, aps o embutimento do
p-hngaro 10g produto.
pimenta-jamaica moda 10g
aji-no-moto 5g
gua gelada 2L
*Levar ao defumador por 2h, temperatura entre
30 a 40oC.
Paio
2kg de carne de pernil
Kg de toucinho
1 copo de gua gelada
24g sal
4g de dourafix ou exacor
4g de dourofs ou ligatari
2,5g de cura
8g de corante vegetal de urucum ou colorau
5 dentes de alho amassados
copo de ligador (farinha de mandioca crua ou amido de milho)
Falta de Consistncia
Matria-Prima:
1. pH inicial muito alto.
2. Utilizao de carnes provenientes de animais doentes e/ou fatigados.
3. Carne sem descanso em cmaras de resfriamento.
4. Gordura sem consistncia.
5. Alta contaminao inicial devido falta de higiene durante a operao de abate (germes
proteoliticos e outros microorganismos indesejados).
6. Carne mal refrigerada.
7. Formulao com excesso de gordura (principalmente nos embutidos com carne moda fina).
Tripa:
1. Mal lavada (tripa impermevel ao vapor dgua).
2. Mal desengordurada, sem intercmbio de umidade com o ambiente.
Aditivos:
1. Pouco sal.
2. Poucos hidratos de carbono, principalmente quando o pH inicial for muito alto.
3. Emprego de cultivo (starters) sem capacidade de multiplicao.
4. Descanso muito prolongado da massa e temperatura elevada.
Fabricao:
1. Temperatura muito alta na cutter ou misturadeira.
2. Pouca presso de embutimento.
3. Liberao de gordura durante o embutimento.
Processo:
1. Umidade relativa muito alta (mal desidratado).
2. Umidade relativa baixa (formao de superfcie muito seca, ficando o interior muito mido e
mole).
3. Temperatura elevada com massa possuindo contaminao inicial favorece o
desenvolvimento de microorganismos indesejveis.
4. Umidade relativa muito alta na cmara onde o produto permanece antes da embalagem.
Embalagem:
1. Produto embalado sem o devido descanso e/ou resfriamento completo quando o mesmo foi
processado (no se produz mais desidratao e por esta razo falta consistncia no corte).
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Superfcie Seca
Matria-Prima:
1. Formulao com pouco teor de gordura.
Tripa:
1. Mal desengordurada (formao de crosta de um lados).
2. Alta permeabilidade ao vapor dgua, no considerada no processo.
Processo:
1. Temperatura inicial da estufa muito alta.
2. Umidade relativa muito baixa.
3. Ventilao muito intensa.
4. Temperatura em desacordo com a permeabilidade da tripa ao vapor dgua.
5. Embutido deixado exposto a correntes de ar, s vezes, com formao de superfcie unilateral
seca.
6. Defumao muito quente.
7. Defumao muito rpida coincidindo com umidade relativa elevada e com formao de uma
superfcie defumada escura e seca.
Estocagem:
1. Umidade relativa muito baixa.
2. Ventilao excessiva.
3. Correntes de ar com formao de superfcie seca em uma lateral.
Fendas, Bolses de Ar
Matria-Prima:
1. Utilizao de matria-prima altamente contaminada. formao de fendas entre o
revestimento dessecado (tripa) e o ncleo do embutido.
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Tripa:
1. Mal desengordurada, formao de superfcie ressequida na lateral com formao de fendas
entre o revestimento dessecado (tripa) e o ncleo do embutido.
Aditivos:
1. Alta concentrao de hidratos de carbono que atuam como nutriente de microorganismos
heterofermentativos com a conseqente formao de gs no produto final.
Processo:
1. Presso de embutimento muito baixa.
2. Embutimento frouxo.
3. Ar na massa.
4. Ar na massa proveniente de defeitos nos anis de vedao do pisto das ensacadeiras
verticais.
5. Umidade relativa muito baixa.
6. Ventilao excessiva (formao de superfcie seca) tendo como conseqncia formao de
fendas e ar no interior da pea.
7. Temperatura de processo muito alta acompanhada de grande adio de carboidratos ou
utilizao de matria-prima muito contaminada.
8. Formao de gs por microorganismos heterofermentativos, como conseqncia de uma
superfcie muito seca (impermevel).
3. Iluminao muito intensa principalmente quando utilizam-se lmpadas com muita emisso
de ultravioleta.
4. Altas temperaturas de preparao combinado com teores elevados de acares
consequentemente uma queda muito rpida de pH, tudo isto se agrava se foram utilizadas
curas no apropriadas para este processo.
5. Cmaras de estocagem com temperaturas muito baixas com a consequente alterao de cor,
este problema agrava-se se a iluminao for muito intensa.
6. Equipamentos e utenslios em ms condies de higiene (sujas) o que causa uma intensa
contaminao das superfcies com germens que alteram a cor.
7. Embalagem muito rpida do produto sem dar o tempo necessrio para que todas as reaes
de cura se completem.
8. Higiene deficiente do local de trabalho e operadores (mos, toucas, botas, etc.).
9. Local de trabalho muito mido.
Descolorao do Ncleo
Matria-Prima:
1. Utilizao de toucinho sem textura (mole) com o qual forma-se uma pelcula de gordura na
superfcie das carnes o que impede a desidratao e ou mascarando a cor das carnes curadas.
2. Utilizao de carnes muito contaminadas (abate, conservao, etc. em condies anti-
higinicas).
3. Carnes estocadas durante muito tempo.
Tripa:
1. No se observou a permeabilidade ao vapor de gua da tripa, com a formao de uma
pelcula superficial seca (casca) consequentemente o ncleo fica plido.
2. Tripa mal lavada ou mal hidratada (permeabilidade alterada).
Aditivos:
1. Dosagem muito baixa de sal, com nenhuma inibio ao crescimento de microorganismos
indesejveis.
2. Dosagens muito altas ou baixas de sais de cura.
Processo:
1. Temperaturas elevadas durante a preparao da massa e ou durante o embutimento (gordura
parcialmente fundida).
2. Umidade relativa muito baixa o que forma uma superfcie muito seca (casca) com formao
de um ncleo plido.
3. Temperaturas muito baixas de preparao e ou estocagem (reao de cura incompleta).
3. Produto defumado sem que a massa tenha tido o descanso necessrio coincidindo com uma
umidade relativa excessivamente alta e a cura sem desenvolver.
Manchas no Produto
Matria-Prima:
1. Utilizao de toucinho e/ou papada sem textura (mole).
2. Aps o processo (defumao ou estufa) liberao de gordura.
3. Manchas de excesso de fumaa.
4. Emprego de toucinho ou papada ranosa.
Curso Bsico de Embutidos e Defumados SENAI/PI 43
Tripa:
1. Exumao do sal quando so utilizadas tripas mal lavadas (manchas salinas).
2. Tripas estocadas durante muito tempo.
3. Formao de mofos sob a superfcie da tripa que causam manchas de cor ou pretas.
4. Tripas mal lavadas.
Processo:
1. Presena de ferrugem na massa (como consequncia de trabalhar-se com equipamento
antigo e em ms condies) que na presena de fixadores forma manchas pretas.
2. Umidade relativa muito alta com a consequente formao de mofos.
3. Defumao mida e a temperaturas muito altas.
4. Manchas de fumaa cor castanha acompanhadas de liberao de gordura ou condensao de
vapor dgua.
5. Temperatura muito elevada na estocagem.
6. Influncia da luz principalmente quando se trabalha com toucinho/papada ranosos.
Embalagem:
1. Embalagem deficiente (solda, grampo, etc.) com vazamentos penetrando ar contaminado
com o consequente crescimento de mofos e leveduras originando-se manchas pretas, verdes
ou brancas.
Tripa Estourada
Matria-Prima:
1. Utilizao de matrias-primas excessivamente contaminadas principalmente por germens
formadores de gs.
Tripas:
1. Utilizao de tripas celulsicas contaminadas com mofos e leveduras.
2. Tripa estocada durante muito tempo (contaminada).
3. Tripa lavada excessivamente.
Aditivos:
1. Adio excessiva de carboidratos acompanhados de microorganismos indesejveis
(formadores de gs).
Processo:
1. Temperaturas de processo muito elevadas acompanhadas de dosagens altas de hidratos de
carbono e higiene deficiente.
2. Umidade relativa muito elevada.
3. Formao de mofos na superfcie principalmente quando se utiliza tripa celulsica.
4. Higiene deficiente acompanhada de alta contaminao ambiental o que favorece a formao
de mofos e leveduras superficiais e provoca o rompimento da embalagem celulsica quando
ela utilizada.
Acidez Excessiva
Matria-Prima:
1. Utilizao de matria-prima muito contaminada por germens heterofermentativos,
formadores de esporos, acididicantes,etc.
Aditivos:
1. Uso excessivo de hidratos de carbono ou quantidades elevadas de GDL.
Processo:
1. Equipamento contaminado (mquinas e utenslios).
2. Altas contaminaes por microorganismos produtores de cidos fundamentalmente
heterofermentativos.
3. Temperaturas muito altas durante o descanso da massa.
Curso Bsico de Embutidos e Defumados SENAI/PI 44
4. Umidade relativa muito baixa com a consequente secagem superficial do embutido o que
facilita o desenvolvimento de microorganismos indesejveis com uma produo intensa de
sabor cido.
5. Temperaturas de processo muito elevadas.
Embalagem:
1. Embalagem anti-higinica (mos, equipamentos, fatiadeiras, etc.).
2. Embalagem de produtos muito frescos (atividade de gua muito elevada).
Rancidez
Matria-Prima:
1. Utilizao de papada e ou toucinho ranoso.
2. Toucinho estocado durante muito tempo (velho) inclusive congelado.
3. Toucinho sem textura (elevada proporo de cidos graxos insaturados que tendem a
rancificar-se com muita facilidade).
Tripa:
1. Utilizao de tripa estocada durante muito tempo, principalmente se existe gordura aderida
(mal processada).
Aditivos:
1. Utilizao de quantidades elevadas de GDL junto com dosagens altas de hidratos de
carbono.
Processo:
1. Presena de partculas metlicas na massa (ferrugem, funcionamento inadequado dos
equipamentos, etc.).
2. Excesso de ar na massa (oxignio) temperatura elevadas de processo.
3. Iluminao muito intensa (alta concentrao de radiao ultravioleta).
4. Formao de mofos e leveduras nas superfcies como consequncia de umidade relativa
muito alta e durante muito tempo.
5. Produo anti-higinica, elevada contaminao ambiental.
Embalagem:
1. Embalagem deficiente, pelculas muito permeveis, solda defeituosa falta de higiene (mos,
touca, equipamento, etc.).
Putrefao
Matria-Prima:
1. Carnes com elevado pH inicial.
2. Carnes estocadas em condies inadequadas durante perodos longos.
Tripa:
1. Utilizao de tripa estocada durante muito tempo.
2. Utilizao de tripa natural mal lavada.
Aditivos:
1. Dosagem de hidratos de carbono muito baixa, fundamentalmente coincidindo com um
elevado pH das carnes.
2. Teores de sal muito baixos no sendo inibidos os germens putrefativos.
Processo:
1. Produo anti-higinica.
2. Temperaturas muito altas geralmente acompanhadas de dosagens muito baixas de
carboidratos.
3. Umidade relativa muito alta durante o processo.
4. Umidade ambiental muito baixa consequentemente forma-se uma superfcie muito seca e
impermevel proliferando germens putrefativos no interior do produto.
Curso Bsico de Embutidos e Defumados SENAI/PI 45
Embalagem:
1. Embalagens com defeito (solda, micro-furos, etc.).
2. Embalagem anti-higinica.
3. Produto muito fresco (alta atividade de gua).
Sabores Indesejados
Matria-Prima:
1. Elevada carga inicial de microorganismos.
Tripa:
1. Tripas estocadas durante muito tempo (velhas).
Aditivos:
1. Utilizao de condimentao muito antiga e/ou contaminada.
Processo:
1. Produo anti-higinica.
2. Umidade relativa muito alta e como consequncia formao de leveduras e mofos na
superfcie do produto.
3. Umidade relativa muito baixa com formao de superfcie muito seca com formao de
fendas, onde se desenvolvem germens indesejveis. Ver defeitos Putrefao.
Condimentao Inadequada
Matria-Prima:
1. Teor de gordura muito alta na formulao.
2. Gorduras com elevado ndice de rancidez.
Aditivos:
1. Composio inadequada de temperos, mal balanceada no respeitando a participao de
cada um dos temperos utilizados.
2. Inobservncia da relao entre carnes magras e gordas.
3. Uso de conservantes imprprios.
4. Aditivos inadequados ou imprprios.
Falta de Aroma
Aditivos:
1. Dosagens elevadas de hidratos de carbono ou GDL.
2. Condimentao em excesso com a qual mascara-se o aroma do embutido.
Processo:
1. Temperaturas de processo muito elevadas, que faz o processo se desenvolver muito
rapidamente prejudicando o aroma final.
2. Produto acabado ou matrias-primas estocadas com outros alimentos de odores fortes tais
como queijos, peixes, etc.
3. Produto acabado estocado junto com solventes orgnicos aromticos.
Embalagem:
1. Embalagem anti-higinica (mos, equipamentos, utenslios, etc.).
2. Defeitos na embalagem tais como soldas com falhas, micro-furos, o que favorece o
crescimento de microorganismos indesejveis que alteram a cor, aroma e sabor do produto
final.
3. Produto com elevada atividade de gua.
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
Boletim Tcnico. Produtos crneos curados e defumados: mais sabor e maior valor agregado.
Ano VII n. 37. Lavras:UFLA, 1998.
Bressan, M. C. e Mizuguchi, C. T. Como defumar produtos crneos. Circular Ano III - n. 20.
Lavras:UFLA, 1994.
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