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A EQUIDADE DE GNERO COMO ESTRATGIA

COOPERATIVA INTERNACIONAL PARA ALCANAR O


DESENVOLVIMENTO ECONMICO NOS PASES LATINO-
AMERICANOS

Autor: Cassielly Aparecida Ariedna Francisco de Oliveira

Orientadora: Jeane Freitas

Universidade Estadual da Paraba

[email protected]

RESUMO

O debate acerca da promoo dos direitos humanos ganhou maior destaque no final do sculo
XX. As discusses fortaleceram-se atravs das demandas sociais por igualdade em todas as
esferas da coletividade. As conquistas de direitos dos grupos militantes de gnero refletiram em
mudanas positivas na projeo social do sexo feminino. Atravs de uma maior participao na
sociedade, as mulheres ajudaram no progresso econmico do Estado em mbito nacional e
internacional. vantajoso ao Estado, ter mais indivduos atuando na sua economia. Assim como
a cooperao internacional relevante para o desenvolvimento econmico dos pases. A
perspectiva construtivista ser empregada nessa abordagem para observar o papel do Estado na
construo das cooperaes econmicas na Amrica Latina. O presente estudo tem como
objetivo analisar a relao entre equidade de gnero e o progresso na economia dos pases
latino-americanos. A pesquisa a ser realizada nesse trabalho ser feita atravs de objetos
bibliogrficos e sua metodologia pode ser classificada como dedutiva, partindo de reflexes
gerais para a compreenso de questes locais. A contribuio desse artigo para os estudos dos
direitos humanos voltados a questo de gnero a reflexo sobre a interferncia da igual
empregabilidade de homens e mulheres para o alcance do desenvolvimento econmico no
cenrio latino americano.

Palavras chaves: Gnero; Cooperao Internacional; Desenvolvimento Econmico; Amrica


Latina; Construtivismo.
1. INTRODUO
1.1. JUSTIFICATIVA IMPLCITA

O presente estudo traz a reflexo. A pesquisa realizada favorece os debates.

1.2. OBJETIVO GERAL

Analisar a relao entre equidade de gnero no mercado de trabalho e


desenvolvimento econmico sustentvel na Amrica Latina.

1.3.OBJETIVOS ESPECFICOS
Identificar a problemtica social das disparidades de gnero no mbito do
trabalho.
Avaliar como a estratgia cooperativa internacional de equidade de gnero nas
pessoas inseridas no mercado de trabalho diminuiria as assimetrias na esfera
econmica latino-americana.
Utilizar a perspectiva construtivista na abordagem da pesquisa no tocante
relevncia da cooperao entre os Estados.

2. METODOLOGIA

A abordagem do problema da pesquisa ser de natureza bsica, produzindo


conhecimento terico para as pesquisas dos estudos sobre gnero e direitos humanos,
sem previso de aplicao prtica. No que se refere ao problema, a pesquisa qualitativa
foi anteposta para considerar uma relao entre o mundo e o objeto de estudos, nesse
caso os dados sero analisados indutivamente.

A aplicao metodolgica utilizada para referenciar a pesquisa ser feito atravs do


levantamento de materiais bibliogrficos, que sero utilizados na anlise terica sobre
equidade de gnero e cooperao econmica internacional. O mtodo executado na
pesquisa ser o indutivo que, por seu carter emprico, ser utilizado nas constataes
particulares sobre a relao entre direitos trabalhistas igualitrios para os gneros
masculino e feminino e seus reflexos no desenvolvimento econmico sustentvel
interno da regio latino-americana.
3. RESULTADOS E DISCUSSO

Desde o conhecimento de Estado como uma comunidade organizada de forma poltica e


jurdica, a humanidade entendeu a necessidade de ter seus direitos e escolhas
preservados por um representante legal dos cidados. A garantia dessa participao
poltica democrtica est inserida no exerccio dos direitos fundamentais de todo
indivduo. Todo cidado tem direito a participao poltica, social e econmica.

Apesar das leis que recomendam a efetuao da cidadania de forma igualitria, a


princpio, no foi isso que aconteceu. O gnero feminino no exercia os mesmos
direitos que o masculino na maioria dos pases do sistema internacional at as ltimas
dcadas do sculo passado. Enquanto aos homens era permitido projetar-se socialmente
atravs do emprego em cargos pblicos e privados, o mesmo no era concedido s
mulheres. Mesmo quando adquiriram seus direitos aps lutas sociais, as mulheres
tiveram de enfrentar o desafio de competir profissionalmente numa sociedade onde o
domnio masculino j estava enraizado.

Exemplificando, a maior parte das profisses, no mundo do trabalho


competitivo, exige dos trabalhadores integral dedicao, como se esses
no fossem responsveis pela criao de crianas pequenas. Pela
abordagem da diferena, e considerando que as expectativas sociais para a
criao dos filhos caem majoritariamente sobre as mulheres, pareceria
razovel que se privilegiassem os homens na atribuio desses empregos,
j que esses possuiriam as caractersticas desejveis para o cargo.
(MORAIS, DANTAS, 2011, p.36).

As autoras discorrem sobre o assunto apontando que os empregadores fazem essa


distino mesmo de maneira no intencional, porm, no fazem nada para mudar essa
situao (p.37). Para mudar tal situao, as mulheres tiveram a incumbncia de
estabelecer seu lugar no mercado de trabalho abrindo mo, muitas vezes, da escolha
pela maternidade, casamento e famlia. Adaptando suas ideias para atender as demandas
do mbito profissional. Logicamente, a autossuficincia da mulher primordial nesse
processo, porm, fatores externos tm considervel relevncia para a incluso social da
mulher. Isso percebido por Kabeer apud Sandenberg:
Transformao das estruturas requer movimento em vrias frentes: de
aes individuais a coletivas, de negociaes no mbito privado
pblicas, e da esfera informal para as arenas formais de lutas nas quais o
poder exercido legitimamente. (Kabeer apud Sandenber, 2009, p.8)

Seguindo a linha de raciocnio de Naila Kabeer que exposto no trabalho de


Sardenberg, as mudanas nas estruturais sociais necessitariam de aes coletivas.
Quem melhor para operar aes coletivas no mbito internacional que as Organizaes
Internacionais? Nesse contexto, a Organizao das Naes Unidas foi a percursora da
estratgia diplomtica de recomendar aos pases que eles cooperem entre si para a
equidade de gnero em todas as esferas sociais. Essa atuao tornou mais passvel de
mudanas, as legislaes de alguns pases membros da ONU, o que os levou a adotarem
medidas nacionais para diminuir a violncia e aumentar a insero da mulher na
sociedade por meios polticos e econmicos.

Segundo a diplomata Maria Luiza Ribeiro Viotti disserta na Declarao e Plataforma


de ao da IV Conferncia Mundial Sobre a Mulher, As Naes Unidas tm
desempenhado papel fundamental na promoo da situao e dos direitos da mulher em
todo o mundo. Essa contribuio assume vrias formas, desde a promoo do debate
negociao de instrumentos juridicamente vinculantes. (2006, p.148). As tais
contribuies referidas por Maria Viotti, seriam os acordos internacionais voltados a
igualdade de gnero, como a Conveno Sobre a Eliminao de Todas as Formas de
Discriminao Contra a Mulher (1979), citada por ela no texto.

Para entender como a estratgia cooperativa entre os Estados no sistema internacional


influencia nas mudanas internas dos pases e vice-versa, o prximo tpico abordar a
relao entre os Estados sob uma viso construtivista e a cooperao.

3.1.CONSTRUTIVISMO E COOPERAO

Durante as ltimas dcadas do sculo XX, o crescimento da interveno da opinio


pblica e comunidade civil nas dinmicas sociais tornaram-se mais evidente,
influenciando em decises de carter poltico e econmico no sistema internacional. A
utilizao dessa estratgia intervencionista colaborou para o desenvolvimento da
cooperao entre os Estados, trazendo ao centro dos debates governamentais, questes
de carter humanitrio tanto quanto os j discutidos assuntos econmicos e polticos.

Essa lgica de construo comunitria de relaes estatais apresenta aspectos da escola


construtivista. De acordo com os construtivistas, a interao dos atores sociais no
sistema internacional subjetiva e prope uma anlise intersubjetiva sobre as relaes
internacionais.

Opondo-se tradio que se prende ao racionalismo instrumental, os


construtivistas revelam o quo importante a anlise do comportamento
dos Estados em determinada realidade social. Desta forma, essa escola
procura compreender e explicar o modo como ocorre a construo social
dos diversos atores e das estruturas sociais nas quais eles se encontram. A
identidade, a racionalidade, os interesses e as preferncias so construdos
socialmente, o que mostra que uma anlise de cunho sociolgico pode
compreender a dinmica que esse processo adquire. (p.225).

Para os estudiosos do construtivismo, os atores possuem identidades e papeis que so


condicionados pelas suas relaes com outros agentes. A abordagem construtivista pe
de lado as teorias mainstreams e busca entender a interao entre os atores
internacionais atravs de uma viso mais colaborativa. Os Estados podem reprimir
parcialmente suas identidades para manter uma cooperao nos aspecto polticos,
econmicos e sociais. Eles so condicionados por instituies internacionais, todavia,
tambm atuam como colaboradores diretos na forma como direcionada essas
instituies.

Nesse ponto, Ladislau Dowbor aborda a questo do desenvolvimento econmico


sustentvel atravs da cooperao. Dowbor afirma que relevante haver uma
perspectiva econmica pensada em conjunto e trabalhada concomitantemente com a
reformulao de valores sociais. A cooperao econmica deve pautar questes
sustentveis como meio ambiente, a equidade na redistribuio de renda, oportunidades
iguais no mercado de trabalho para homens e mulheres, dentre outros mais.

Ao colocar a viso de conjunto, ultrapassando a viso econmica estreita,


voltamos a entender como os processos de mudana social se relacionam.
Ao olharmos o longo prazo, resgatamos tanto as implicaes estruturais
como a viso histrica. Ambas nos levam inevitavelmente para um
resgate dos valores, dos objetivos de tudo isso. E a definio dos valores e
dos objetivos sociais constituem nortes eminentemente polticos, sujeitos
a processos democrticos de deciso. (DOWBOR, 2012, p. 75)
Ainda de acordo com o trabalho de Dowbor, a cooperao econmica sustentvel
vantajosa, em longo prazo para todos os pases. Isso porque uma economia pensada sob
uma viso comunitria pouparia a explorao desmedida de recursos naturais e a
distribuio desigual de renda no mundo. A questo moral volta a ser pauta quando
pensado em como reformular essa ideia de individualismo atravs dos benefcios da
cooperao. O prximo tpico abordar a importncia da equidade de gnero na
efetividade da cooperao econmica sustentvel utilizando a Amrica Latina como
estudo de caso.

3.2.GNERO E DESENVOLVIMENTO ECONMICO LATINO-AMERICANO

Como falado anteriormente, as relaes de gnero tornou-se grande foco da sociedade


mundial aps as Conferncias das Naes Unidas. Os Estados passaram a dar mais
nfase s cooperaes para a erradicao da discriminao contra as mulheres em
mbito internacional. Os chefes de Estado perceberam que o tratamento igualitrio para
ambos os sexos no apenas uma questo social, mas tambm jurdica e econmica. De
acordo com Connell e Pearse:

praticamente impossvel que as relaes econmicas entre homens e


mulheres no sejam transnacionais, em uma era em que amplos
percentuais das economias nacionais so de propriedade de estrangeiros,
em que grandes reas da indstria so dependentes do comrcio exterior e
em que as mais importantes decises so tomadas por corporaes
transnacionais. (CONNELL, PEARSE, 2015, p.274).

Segundo as autoras Connell e Pearse, a poltica importante na reproduo da equidade


de gnero na sociedade, que por sua vez, influencia na economia do pas. Elas
exemplificam utilizando o estudo de caso de Mala Htun (2003), sobre os regimes
polticos do Brasil, da Argentina e do Chile, fazendo uma comparao entre o perodo
ditatorial desses pases e o democrtico. O resultado dessa pesquisa que a democracia
nos pases latino-americanos possibilitou uma maior abertura para as mulheres na
sociedade, facilitando sua participao na economia do pas.

Ainda nessa obra, elas dissertam sobre o caso do Chile, que criou o Grupo Iniciativa
Mujeres, com a cooperao de feministas de 18 pases latino-americanos e com o apoio
da Unifem (Fundo de Desenvolvimento das Naes Unidas para a Mulher). O projeto
criou uma ferramenta de vigilncia poltica para monitorar seus cidados sobre
igualdade de gnero.

O ndice de compromissos cumpridos (ICC) no se baseia em uma


definio abstrata de igualdade de gnero, mas nos compromissos
polticos locais efetivos, includos na legislao nacional, em regras
administrativas ou na adoo de acordos internacionais. O ndice possui
trs tipos de indicadores de vontade poltica, como atender s leis de
cotas de gnero; medidas de processos, como os programas municipais
para vtimas de violncia domstica; medidas de resultados, como a
proporo entre as rendas das mulheres e dos homens. (CONNELL,
PEARSE, 2015, p.266).

A proposta de igualdade social entre homens e mulheres tem fins lucrativos para a
Amrica Latina. Corroborando com o que Connel e Pearse pontuam, os especialistas da
Cepal admitem que o alcance da igualdade de gnero seja necessrio para que a
Amrica Latina obtenha um desenvolvimento econmico sustentvel e apenas
superando a diviso por sexo no mercado de trabalho se poder conseguir tal objetivo.
Para a Cepal, a erradicao do preconceito de gnero uma forma de impulsionar o
mercado de trabalho na Amrica Latina, consequentemente desenvolvendo a economia
dos pases latinos.

4. CONCLUSES

Embora os avanos polticos e econmicos entre homens e mulheres sejam visveis,


ainda h desafios a serem vencidos, como o desnvel educacional entre homens e
mulheres. A educao formal mais conseguida por homens, facilitando seu ingresso
no mbito trabalhista. Assim como o sexo feminino ainda recebe um salrio inferior ao
masculino, tornando um desestmulo ao alcance de altos cargos para as mulheres.

A proposta do desenvolvimento econmico sustentvel vlida por pensar numa


reforma das relaes econmicas e sociais, todavia, a efetividade dessa transformao e,
consequentemente, a garantida da equidade de gnero no mercado de trabalho nacional
e internacional ainda no obteve o total interesse dos pases latino-americanos.
REFERNCIAS

DOWBOR, Democracia econmica. Ladislau. Editora Vozes. Petrpolis, RJ. 2008


Gnero: uma perspectiva global / Raewyn Connell, Rebecca Pearse; traduo e
reviso tcnica Marlia Moschkovich. -- So Paulo: nVersos, 2015.

O segundo sexo na poltica: o papel do direito na incluso das mulheres na


democracia brasileira / Ana Ceclia de Morais e Silvia Dantas. Macei: EDUFAL,
2011.

A Cooperao para a Segurana no contexto das relaes internacionais: do


realismo ao construtivismo. BERNARDINO, Luis Manoel Brs, 2012. Disponvel em
< http://www.socgeografialisboa.pt/wp/wp-content/uploads/2010/01/A-
COOPERA%C3%87%C3%83O-INTERNACIONAL-NO-CONTEXTO-DAS-
RELA%C3%87%C3%95ES-INTERNACIONAIS-DO-REALISMO-AO-
CONSTRUTIVISMO-v_SGL_2014.pdf> Acessado em 15 de Abril de 2016

As teorias das Relaes Internacionais pensando a cooperao. MACIEL, Tadeu


Morato, 2009. Disponvel em < file:///C:/Users/Usuario/Downloads/14087-33918-1-
SM.pdf> Acessado em 15 de Abril de 2016

O construtivismo nos estudos das Relaes Internacionais. ADLER, Emanuel.


Disponvel em < http://www.scielo.br/pdf/ln/n47/a11n47> Acessado em 14 de Abril de
2016

Declarao e Plataforma de ao da IV Conferncia Mundial Sobre a Mulher


Pequim 1995 Disponvel em:
<http://www.unfpa.org.br/Arquivos/declaracao_beijing.pdf> Acessado em 16 de Abril
de 2016.

Desenvolvimento impossvel sem igualdade de gnero, diz Cepal. Disponvel em


<http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2016/01/desenvolvimento-e-impossivel-
sem-igualdade-de-genero-diz-cepal-4961232.html> Acessado em 14 de Abril de 2016

Conceituando Empoderamento na perspectiva feminista. Sandenberg, Ceclia,


2009. Disponvel em<
https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/6848/1/Conceituando%20Empoderamento%20
na%20Perspectiva%20Feminista.pdf> Acessado em 16 de Abril de 2016

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