Bioenergetica PDF
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Introduo
Este conceito concorda com o modelo holstico (do grego, holos = integral, pleno) de sade
que visa englobar os aspectos biopsicossociais do ser humano. Acredita-se, portanto, ser
inevitvel analisar o paciente em todos os mbitos de sua vida, isto inclui os aspectos fsicos,
mentais, emocionais, energticos e ambientais (BARROS, 2002).
2. Material e mtodo
Este estudo caracteriza-se por ser descritivo e de reviso de literatura a fim identificar e
analisar pesquisas cientficas relacionadas aos fundamentos e tcnicas corporais da
bioenergtica. A busca bibliogrfica foi realizada a partir da consulta de livros e artigos
indexados s bases de dados Medline, Scielo e Lilacs, contendo as palavras-chave (e suas
associaes): Bioenergtica, Grounding, Segmentos corporais, Couraas musculares,
Vegetoterapia.
3. Reviso de literatura
3.1. Fundamento
Wilhelm Reich foi um dos pioneiros na aplicao psicoterapia de uma compreenso do ser
humano que no dissociasse corpo e mente. Um dos pilares de sua abordagem a noo de
couraa muscular do carter, em que a musculatura estriada aparece como base para tal
concepo integrada (REGO, 1991).
Conforme afirma Almeida (2004), o corpo capaz de traduzir, em linguagem no-verbal, as
suas necessidades, por meio de simbolismos ou sintomas. Desta forma, torna-se possvel ler
no corpo, tambm, as resistncias e defesas do indivduo, uma vez que ele revela expresses
emocionais vividas at o momento.
No momento no qual uma pessoa contrai sua musculatura por um longo perodo, essa
contrao passa a se tornar inconsciente e a ser controlada pelo sistema nervoso autnomo
(EITLER, 2007). Quando est presente de forma crnica considerado, por Reich, uma couraa
muscular (BERRY, 2003; ALMEIDA, 2004; MOYSS e LLIS, 2004).
A couraa muscular funciona como uma gigantesca encapsulao e impede que a energia
vital circule naturalmente pelo corpo. Do mesmo modo que o organismo fecha-se para no
sentir medo, raiva, tristeza, raiva, tambm fica impedido de perceber e vivenciar os
sentimentos de amor, prazer e afeto. Sendo assim, ocorre um congelamento dos sentimentos
e emoes, que resultam em conflitos inconscientes e/ou doenas, por reprimir a expresso dos
mesmos (REICH, 1998; MOYSS e LLIS, 2004). A couraa, segundo Reich, o maior obstculo
de crescimento, o indivduo encouraado seria incapaz de dissolver sua prpria couraa e seria,
tambm, incapaz de expressar as emoes (SANTANA, 2006).
Foi o trabalho sistemtico com a tcnica da anlise do carter que levou Reich a descobrir
que os distrbios psicoemocionais apresentam como equivalente somtico, a couraa muscular
(VOLPI e PAULA, 2004).
Os segmentos, apresentados com maior detalhe no Quadro 1, so: ocular, oral, cervical,
torcico, diafragmtico, abdominal e plvico (REGO, 1999; ALMEIDA, 2004). Estes levam o
corpo a adotar novas posturas compensatrias, como: olhos arregalados, tenso no maxilar,
ombros cados, desvios na coluna, rigidez ou flacidez entre outros (ALMEIDA, 2004). O bloqueio
de energia ocorre desde muito cedo, durante os primeiros trs meses, quando o beb aprende
a defender-se principalmente com os olhos, para evitar o contato ruim com o ambiente. O
bloqueio, portanto, estabelece-se nos olhos. Mais tarde, na poca do desenvolvimento da
sexualidade, a interrupo do fluxo de energia ocorre na pelve (MONTEIRO, 2007).
Quadro 1. Descrio dos sete anis ou segmentos da couraa muscular e sua constituio
A histria de vida diz respeito forma como a criana estruturou suas defesas, na sua
relao com os pais bem como forma de adaptar-se s condies familiares. O padro corporal,
somado aos papis desempenhados, que se repetem ao longo da vida, so sintetizados pelo
comportamento da pessoa no mundo. Sinais presentes, por exemplo: nos olhos, posio da
cabea, ombros, braos, diafragma, pelve, pernas e ps, alm de outros como o nvel de
energia, volume e nuances de voz do paciente do informaes fundamentais para que o
terapeuta possa direcionar o tratamento. fundamental, portanto, para o psicanalista
bioenergtico, alm do domnio da teoria da personalidade, que o possibilita enfrentar
problemas como a resistncia e transferncia, uma sensibilidade para o nvel corporal de modo
a ler sua linguagem com preciso (MONTEIRO, 2007).
Cada um dos caracteres (defesas), de acordo com Lowen, fixa-se em algum dos anis, de
acordo com a fase do desenvolvimento em que o trauma ocorre e da formao deste
(MONTEIRO, 2007), e podem ser dissolvidas por meio de massagens, exerccios e respirao.
Para que a terapia alcance os resultados esperados, o paciente deve reorganizar os seus
pensamentos a fim de entrar em contato com seus sentimentos e emoes ou queixas
relacionadas infncia, bem como reconhecer e expressar qualquer outro sinal que vier tona,
para que o movimento torne-se mais consciente e espontneo. (EITLER, 2007).
Quando a energia vital flui livremente, o campo energtico do corpo torna-se bastante forte.
Expresses dessa energia fluindo denominam-se emoes e acontecimentos energticos no
corpo, sentimentos. O campo energtico pode alongar-se ou contrair-se de acordo com
estmulos externos. Durante sensaes de prazer e satisfao, este campo e o organismo, de
modo geral, alongam-se/expandem-se, em conseqncia da atuao do sistema nervoso
parassimptico, ao contrrio, em sensaes potencialmente lesivas (medo, tenso ou dor) o
campo energtico e o organismo contraem-se, devido atuao do sistema nervoso simptico.
Portanto, fundamental manter um equilbrio e flexibilidade na energia vital. (REICH, 1998;
ALMEIDA, 2004).
3.2.1. Respirao
Segundo Lowen e Lowen (1985), a onda inspiratria comea no fundo da pelve, chegando
na boca, todas as cavidades do corpo vo se expandindo na tentativa de sugar o ar, sendo a
garganta de grande relevncia para o processo. Atualmente, muitas pessoas fecham as suas
gargantas, ao reprimir sentimentos e emoes, em particular o choro e o grito, deixando-a
continuamente contrada.
3.2.2. Grounding
O exerccio grounding facilita a vibrao e a circulao da energia vital. Ele aumenta o senso
de segurana, faz com que o indivduo entre em contato com sua natureza primitiva, sexual,
desta forma, libera os medos e bloqueios acerca da habilidade total de entrega (LOWEN e
LOWEN, 1985; EITLER, 2007).
3.2.3. Vegetoterapia
A couraa no apenas muscular, pode ser encontrada nos tecidos (tissular), envolvendo-se
na dinmica intersticial e nas vsceras (visceral) como resultado de alteraes crnicas no
sistema nervoso autnomo, causando assim, disfunes nas secrees e na musculatura lisa
dos rgos (VOLPI e PAULA, 2004). Portanto, atuar sobre a couraa significa mobilizar todo o
sistema neurogetativo. Da o nome vegetoterapia caracteroanaltica, que inclui em um trabalho
o aspecto fsico e psquico. Esta tcnica foi sistematizada por Frederico Navarro (VOLPI e
PAULA, 2004).
Por meio das emoes, a vegetoterapia reativa a histria do sujeito desde a vida intra-
uterina, j que a estruturao caracterial inicia-se com a vida e a primeira relao dominante
ocorre no tero materno (VOLPI e PAULA, 2004).
O processo teraputico busca, inicialmente, uma respirao plena e profunda de modo que o
paciente se entregue totalmente aos movimentos espontneos e involuntrios do corpo no
processo respiratrio. Esta respirao produz expresses emocionais mais evidentes na face ou
no comportamento e um movimento de ondulao no corpo, que o reflexo do orgasmo.
Para Reich, a sade emocional estaria intimamente ligada potncia orgstica, ou seja, "a
capacidade de abandonar-se, livre de quaisquer inibies, ao fluxo de energia biolgica: a
capacidade de descarregar completamente a excitao sexual reprimida, por meio de
involuntrias e agradveis convulses do corpo" (EITLER, 2007).
A Bioenergtica Suave uma tcnica criada por Eva Reich, que tem como princpio o
estmulo mnimo e muito sutil, tanto que comparada com a suavidade da borboleta, por isso a
massagem chamada de Toque de Borboleta. Essa tcnica tambm tem como objetivo a
liberao das couraas que impedem o fluxo normal de energia vital, trabalhando todos os
segmentos j citados. (REICH, 1998).
Com essa massagem, as emoes e lembranas podem vir tona, os traumas e outros
contedos inconscientes decorrentes da histria devida da pessoa so alcanados e liberados.
(REICH, 1998, MOYSS e LLIS, 2004).
Reich (1998) acredita que o amor consegue desbloquear as couraas corporais, ela vai ainda
mais afundo quando afirma que todo contato teraputico uma influncia amorosa. E, de
acordo com Moyss e Llis (2004), o toque suave e amoroso facilita o desbloqueio de ndulos
energticos, facilitando o fluxo de energia.
4. Concluso
Por configurar-se uma tcnica corporal que combina terapia com uma anlise de
personalidade dentro do conceito holstico de sade, percebe-se a contnua necessidade de se
explorar, descrever e discutir seus fundamentos e suas tcnicas.