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Ministrio
~a Agricultura
e do Abastecimento

Recomendaes tcnicas
para o cultivo de aveia
155N 15180271
Dezembro, 2000

Recomendaes tcnicas para


o cultivo de aveia

Ana Cndida Primavesi


Armando de Andrade Rodrigues
Rodolfo Godoy
Embrapa Pecuria Sudeste
Rod. Washington Luiz, km 234
Caixa Postal 339
Telefone (Oxx16) 261-5611 Fax (Oxx16) 261-5754
13560-970 So Carlos, SP
Endereo eletrnico: [email protected]

Comit de Publicaes:
Presidente: Edison Beno Pott
Membros: Armando de Andrade Rodrigues
Carlos Roberto de Souza Paino
Ana Cndida Primavesi
Snia Borges de Alencar

Primavesi, Ana Cndida.


Recomendaes tcnicas para o cultivo de aveia / Ana Cndida
Primavesi, Armando de Andrade Rodrigues, Rodolfo Godoy . -- So Carlos :
Embrapa Pecuria Sudeste, 2000.
39p. ; 21em. -- (Embrapa Pecuria Sudeste. Boletim de Pesquisa, 6).
ISSN 15180271
1. Aveia - Cultivo. 2. Aveia - Recomendaes. I. Rodrigues, Armando de Andrade.
11. Godoy, Rodolfo. 111. Ttulo. IV. Srie.
1. INTRODUO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 05
2. CARACTERSTICAS BOTNICAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .07
3. CLIMA E SOLO. . . .. .07
4. CORREO E PREPARO DO SOLO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08
5. POCA DE SEMEADURA E QUANTIDADE DE SEMENTES. . . . . . . .09
6. ESPAAMENTO, PROFUNDIDADE DE SEMEADURA E IRRIGAO. .. .10
7. ADUBAO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
7.1 Gros. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .11
7.2 Forragem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .12
8. TRATOS CULTURAIS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
8.1 Plantas daninhas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . 13
8.2 Pragas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . 16
8.3 Doenas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . 17
8.3.1 Ferrugemdafolha. . . . . . . . . . . . . . . . .. .17
8.3.2 Ferrugem do colmo. . . . . . . . . . . . . . . .. .17
8.3.3 Helmintosporiose. . . . . . . . . . . . . . . 18
8.3.4 Halobacteriano. . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . 18
8.3.5 Virose. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . 18
8.3.6 Carvo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . 18
9.PRODUODEGROSDEAVEIA. . . . . . . . . . . . . . . .19
9.1 Cultivares recomendadas. . . . . . . . . . . . . . . 19
9.2 Colheita. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
9.3 Qualidade de gros. . . . . . . . . . . . . . . . . . .21
10. PRODUO DE FORRAGEM DE AVEIA. . . . . . . . . . . .23
10.1 Cultivares recomendadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . .23
10.2 Manejo de Cortes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .24
10.2.1 Manejo para produo animal. . . . . . . . . . .24
10.2.2 Manejo para cobertura de solos. . . . . . . . . .25
10.3 Valor nutritivo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25
11. UTILIZAO NA ALIMENTAO DE BOVINOS. . . . . . . . . . . . 28
11.1 Ganho de peso e produo de leite em aveia sob pastejo . .28
11.1.1 Resultados obtidos na Embrapa Gado de Leite. .. .28
11.1.2 Resultados obtidos na Embrapa Pecuria Sudeste. .30
12. LITERATURA CITADA. . . . . . . . . . 35
Recomendaes tcnicas para
o cultivo de aveia

Ana Cndida Primavesi'


Armando de Andrade Rodrigues'
Rodolfo Godoy'

1. INTRODUO

A aveia uma gramnea de clima temperado, que pode ser


cultivada em diferentes condies climticas. So mltiplas suas
possibilidades de uso: produo de gros (alimentao humana e
animal), forragem (pastejo, feno, silagem ou cortada e fornecida fresca
no cocho), cobertura do solo, adubao verde e inibio de plantas
invasoras pelo efeito aleloptico (S, 1995).
O cultivo da aveia uma alternativa de suprimento de forragem
de boa qualidade no perodo do inverno, em que faltam pastagens
em quantidade e qualidade (Floss, 1988). Seu cultivo, no inverno seco,
pode ser combinado ao cultivo de uma gramnea de clima tropical,
tal como milho ou sorgo para silagem, no vero chuvoso, permitindo
a diversificao na explorao agropecuria e o aproveitamento de
reas irrigveis ou no, dependendo da regio, durante a entressafra.
No Brasil, a rea cultivada com aveia tem aumentado,
principalmente no Sul do pas, chegando em 1994 a 310.180 ha
(Almeida, 1998). A regio Sul concentra a maior parte da produo
de gros de aveia. Essa produo aumentou de 38.692 t em 1976,
para 283.233 t em 1997 (Floss et aI., 1999). Os Estados do Rio Grande
do Sul e do Paran so os maiores produtores, seguidos de Santa
Catarina, Mato Grosso do Sul e So Paulo. O principal motivo dessa
concentrao de rea de produo deve-se ao fato

1Pesquisador(a) da Embrapa Pecuria Sudeste, Caixa Postal 339, 13560-970, So


Carlos, SP
de a aveia ser um cereal de inverno muito exigente em gua (Bacchi
et ai., 1996), e essa regio do pas ser a nica com inverno chuvoso
e, tambm, por ser a aveia, historicamente, citada como exigente em
baixas temperaturas.
A exigncia de gua faz com que, no Estado de So Paulo,
seu cultivo com o objetivo de produzir gros limite-se ao sul do Estado,
onde o inverno relativamente chuvoso. Entretanto, seu cultivo
possvel em todas as regies do Estado, com o uso de irrigao.
Nessas condies, possvel a obteno de alta produtividade de
gros de excelente qualidade, pois a falta de chuvas no perodo de
maturao de gros impede o ataque de fungos, que podem causar
o escurecimento do gro e conseqentemente a perda de valor
industrial. O manejo correto da gua possibilita o perfeito enchimento
dos gros. Por outro lado, praticamente, com o uso apropriado das
modernas cultivares disponveis, desenvolvidas no Brasil, no h
limitaes de temperatura para seu cultivo. Alm disso, o fato de o
inverno apresentar dias claros e de alta luminosidade no Estado de
So Paulo constitui-se em outra vantagem, visto que Almeida e
Mundstock (1999) verificaram que a capacidade de emisso de afilhos
da aveia e a translocao de nutrientes para os afilhos so afetadas
pela qualidade da luz recebida pelas plantas, pois aquelas que
receberam luz de menor qualidade produziram menos afilhos, com
menor massa seca.
No Estado de So Paulo tem-se obtido boas produes de
forragem de gentipos tanto de aveia branca como de aveia preta.
Em ensaios em rede para avaliar gentipos de aveia para aptido
forrageira, que vm sendo conduzidos a quatro anos em diversos
locais do Paran, do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, e de So
Paulo, constatou-se que o ambiente exerce forte presso sobre os
gentipos. So Carlos, Sp,tem sido o melhor ambiente para produo
de forragem, sob irrigao, em trs anos de avaliao, e o segundo
melhor ambiente, em um ano, com mdias de produes, de vrios
gentipos, de 8.090 kg ha-1,7.518 kg ha-1,6.615 kg ha-1e 5.881 kg ha-
1(Sandini et aI., 1997; Sandini et aI., 1998; Sandini et aI., 1999; Sandini
et aI., 2000a). Em um ensaio em rede para avaliar o desempenho de
6
gentipos de aveias quanto ao potencial de biomassa no
florescimento visando a cobertura de solo, verificou-se que So Carlos,
Sp, destacou-se como o segundo melhor ambiente, com mdia de
produo de 9.998 kg ha-1 de biomassa (Sandini et aI., 2000b).

As principais espcies cultivadas so: aveia branca (Avena


sativa L), aveia preta (Avena strigosa Schreb) e aveia amarela (Avena
byzantina Koch). As espcies branca e amarela apresentam folhas
largas e colmos grossos,_ e a preta, folhas mais estreitas e colmos
finos. A aveia apresenta hbito cespitoso, com crescimento
dependente da cultivar, da fertilidade dos solos e de outros fatores
ambientais, podendo atingir alturas superiores a 1 m. O sistema
radicular do tipo fasciculado, os colmos so cilndricos e eretos e
os ns e entrens se apresentam relativamente cheios durante o
perodo vegetativo. As folhas so desprovidas de aurcula e
apresentam lgula bem desenvolvida, o que distingue a aveia dos
outros cereais, tendo as lminas foliares de 14 a 40 cm de
comprimento e de 5,5 a 22,0 mm de largura (Floss, 1988).
A inflorescncia da aveia uma pancula piramidal, com gros
primrios e secundrios e raramente gros tercirios. Os gros de
aveia so cariopses indeiscentes, com uma nica semente por fruto;
so pequenos e possuem fina camada de pericarpo. O peso de 1.000
sementes varia conforme a espcie, de 15 a 18 g nas aveias pretas e
de 30 a 40 g nas aveias brancas. As sementes apresentam lema e
plea aderidas cariopse. O ciclo da cultura muito varivel, de 120
a mais de 200 dias, dependendo da espcie cultivada e da poca
de semeadura (Floss, 1988).

A aveia, embora seja uma planta de clima temperado, pode


ser cultivada em regies de clima subtropical ou mesmo tropical.
Entretanto, temperaturas acima de 32C no florescimento podem
7
provocar esterilidade e acelerar a maturao dos gros. Pode ser
cultivada desde o nvel do mar at 1.000 m de altitude.
A aveia se adapta melhor a solos bem drenados, frteis, com
teores altos de matria orgnica e com pH entre 5,5 e 6,0. No tolera
solos encharcados e com altos teores de alumnio.

4. CORREO E PREPARO DO SOLO

A correo da acidez do solo, quando necessria, feita por


meio de calagem. Recomenda-se aplicar calcrio para atingir
saturao por bases (V) de 70% para a aveia branca e de 50%, para
a aveia preta, e teor de magnsio de no mnimo 5 mmolc dm,3.
aconselhvel realizar esta operao antes da cultura de vero, no
sendo recomendvel utilizar mais de 4 t ha,1ano,1 de calcrio.
O preparo do solo pode ser o convencional. Pode ser utilizado
tambm o plantio direto. O preparo convencional em geral consiste
de uma arao seguida de uma ou duas gradagens, aplicando-se a
metade da dose recomendada de calcrio antes da arao e a outra
metade, antes da gradagem.
Para o plantio direto, devem ser seguidas as seguintes
medidas que tornem este procedimento vivel: eliminao dos sulcos
de eroso, manuteno ou implantao do sistema de terraos,
correo da acidez e da fertilidade do solo, rotao de culturas com
espcies que produzam no mnimo 6 t ha,1 ano,1 de matria seca
(Torrado e Aloisi, 1984), controle de ervas daninhas antes da
semeadura e uso de semeadeiras adequadas para introduzir as
sementes no solo atravs da palha. No plantio direto, na calagem o
calcrio aplicado na superfcie do solo, sem incorporao mecnica.
Neste caso, a mobilidade do calcrio ser por meio de processo
qumico, que ser facilitado pela presena de resduos de aveia, que
liberam compostos orgnicos hidrossolveis (Pavan e Miyazawa,
1998), e tambm pela presena de ons amnio na superfcie do solo,
adicionados pela adubao. Por nitrificao, haver produo de ons
H+ e N03'. O hidrognio ir reagir com o calcrio na superfcie do
solo, liberando Ca2+ e Mg2+. Deste modo o nitrognio passar a ser
8
lixiviado na forma de nitratos de clcio e de magnsio. Com a
absoro de nitratos pelas razes das plantas, nas camadas mais
profundas do solo, ocorrer elevao do pH, pois os nitratos so
adubos fisiologicamente alcalinos, portanto, promovem a elevao
do pH e, com o passsar dos anos, haver reduo da acidez do
subsolo (Raij, 1991).

No Estado de So Paulo, a semeadura para a produo de


forragem deve ser realizada de abril a maio. Para maior segurana do
produtor, deve-se semear mais de uma cultivar, pois uma comunidade
gentica heterognea possibilitar maior estabilidade na produo de
forragem, ao longo dos cortes ou pastejos (Sandini e Perin, 1999), e,
no caso de pastejo rotacionado, em mais de uma poca, para garantir
forragem com qualidade para os animais.
Para a produo de gros, a aveia pode ser semeada no Estado
de So Paulo a partir de meados de maro, at junho, sendo
evidentemente recomendvel que a semeadura seja feita o quanto
antes, pois assim sero aproveitadas as ltimas chuvas, diminuindo a
necessidade de irrigao, se for o caso. Quando a semeadura muito
tardia, corre-se o risco de reduo na produo de gros, pelo fato de
o fotoperodo induzir o florescimento antes que o desenvolvimento
vegetativo das plantas tenha se completado.
Para semeadura visando a produo de gros, a Comisso
Brasileira de Pesquisa de Aveia (1999) recomenda o uso de 200 a 300
sementes viveis por metro quadrado. A quantidade de sementes
recomendada para a semeadura visando a produco de forragem
de 300 a 400 sementes viveis por metro quadrado. O peso de 1.000
sementes de cultivares de aveia forrageira varia de 15 a 30 g e de
cultivares de aveia para gros ao redor de 30 g.
Considerando-se que 1.000 sementes pesem em torno de 30
g e que o poder germinativo seja de 90%, se forem utilizadas 200
sementes por metro quadrado, sero consumidos em torno de 70 kg
ha-1 de sementes.
As sementes de aveia branca, preta e amarela a serem
utilizadas devem ser de boa qualidade, sendo recomendveis os
seguintes padres mnimos para sementes fiscalizadas no Estado
de So Paulo (Ministrio da Agricultura, Portaria n 381 de 5 de agosto
de 1998): Germinao = 75%; Pureza = 95%; Limite mximo global
de sementes (n): nocivas toleradas = 40 por amostra, sementes
cultivadas = 50 por amostra, sementes silvestres = 40 por amostra,
nocivas proibidas = zero.

6. E5PAAMENTO, PROFUNDIDADE DE SEMEADURA


E IRRIGAO

o espaamento para a semeadura em linha, para a produo


de gros, forragem, adubao verde e cobertura deve ser de 17 a 20
cm e a profundidade da semeadura deve variar de 2 a 4 cm. Caso a
semeadura seja feita a lano, deve-se compactar as sementes no
solo, para assegurar melhor germinao.
Para que a germinao e o crescimento das plantas sejam
garantidos preciso ter umidade no solo. Por isso, poder ser
necessrio irrigar a rea logo aps a semeadura at o trmino do
pastejo ou dos cortes. Bacchi et aI. (1996) determinaram que a cultivar
de aveia So Carlos consome em mdia 4 mm de gua por dia.
O manejo de irrigao para a cultura de aveia deve ser feito
com base no balano entre a demanda climtica e as condies
edficas do local ou da regio. Com esta tcnica, realiza-se a irrigao
quando a diferena entre a evaporao do tanque classe "1\' (ECA) e
as precipitaes pluviais (PRE) em determinado perodo atingir um
valor equivalente ao da capacidade de armazenamento de gua
disponvel do solo (CAD; Rassini, 1999, subprojeto em andamento).
Admitindo-se que o solo tenha CAD = 25 e sabendo-se que
em Latossolos a CAD varia entre 20 e 30 (Primavesi et aI., 1999b),
quando o balano ECA - PRP atingir 25 mm, aplica-se a lmina de
gua, como pode ser visto no exemplo da Tabela 1.
CAD =15 mm CAD =25 mm
PRE Balano1 Balano2
--------mm --------
6 6
11 11
11 11
7 7
14 14
irrigar c/ 20
14mm 19
23
irrigar c/
23 mm
Balano = ECA - PRE. O primeiro dia contado a partir de uma chuva ou irrigao que
sature o solo. ECA = evaporao do tanque classe "A", PRE = precipitaes pluviais.

7.ADUBAO
As recomendaes de adubao para aveia no Estado de So
Paulo so feitas de acordo com o Boletim Tcnico 100 (Raij et aI.,
1996).

7.1. Gros
Na Tabela 2, encontram-se recomendaes para adubao
mineral na semeadura, que deve ser aplicada de acordo com a
anlise do solo e a produtividade esperada, e na Tabela 3 se encontra
a recomendao para adubao de cobertura.
Produtividade Nitrognio
esperada
0-6 7-15 16-40 >40 0-0,7 0,8-1,5 1,6-3,0 >3,0

t ha-1 N, kg ha-1 ---------P20S' kg ha-1--------- ---------~ 0, kg ha-1---------


--- ----------
1 -2 20 80 50 30 20 40 30 20 10
2-3 30 90 60 40 20 60 40 20 10

Aplicar 10 kg ha-' de enxofre. Em solos com teores de Zn (determinado pelo mtodo DTPA)
inferiores a 0,6 mg dm-3, aplicar 3 kg ha-' de Zn. Aplicar 1,0 kg ha-' de boro em solos com
teores de B (determinado pelo mtodo da gua quente), inferior a 0,21mg dm3.

1 2 3
Alta Mdia -1 Baixa
t ha-1 ---------------- kg ha de N ----------------------
1-2 20 O O
3-4 40 20 O

As classes de resposta esperada a nitrognio tem o seguinte significado:


1 Alta resposta esperada: solos corrigidos, cultivados anteriormente com gramneas (arroz,

milho e sorgo); solos arenosos, primeiros anos de plantio.


2 Mdia resposta esperada: solo em pousio por um ano, cultivo anterior com leguminosa

(soja).
3 Baixa resposta esperada: cultivo intenso de leguminosas, especialmente soja de alta

produtividade ou plantio de adubos verdes.


O nitrognio deve ser aplicado de 20 a 25 dias aps a emergncia.

7.2. Forragem
Na Tabela 4, encontra-se a recomendao de adubao
mineral para a semeadura de acordo com a anlise do solo.
Tabela 4. Adubao mineral de semeadura.
Nitrognio P-resina. mg dm -3 K trocvel. mnolc dm -3
()..{) 7-15 16-40 >40 0-0.7 0.8-1,5 1.6-3.0 >3.0
N, kg ha-1 P20S kg ha -1-- K20, kg ha -1_
-- --
20 90 60 40 20 60 40 20 10
Aplicar 10 kg ha- de enxofre. Em solos com teores de Zn (determinado pelo mtodo DTPA)
1

inferiores a 0,6 mg dm-3, aplicar 3 kg ha-' de Zn. Aplicar 1,0 kg ha-' de boro em solos com
teores de B (determinado pelo mtodo da gua quente), inferior a 0,21 mg dm-3.

Aplicar 20 kg ha-1 de N por ocasio do perfilhamento, que, nas


condies do Estado de So Paulo, ocorre entre 20 e 25 dias depois
da emergncia, e aps cada corte (primeiro corte no incio do estdio
de elongao do colmo, que nas condies do Estado de So Paulo
ocorre 38 a 45 dias depois da emergncia, e cortes de rebrota com
intervalos de 28 a 35 dias).

8.1. Plantas daninhas


A cultura da aveia pode sofrer interferncia de plantas daninhas
(silvestres ou cultivadas), especialmente nos estdios iniciais do seu
desenvolvimento. Segundo a Comisso Brasileira de Pesquisa de
Aveia (1999), as principais espcies so, nas regies de clima mais
frio, cip-de-veado-de-inverno (Polygonum convolvulus), nabo
(Raphanus sativus), nabia (R. raphanistrum), serralha (Sonchus
oleraceus), silene (Silene gallica), gorga ou esprgula (Spergula
arvensis) e azevm (Lolium multiflorum), cujos ciclos coincidem com
o da aveia. Nas regies de clima mais quente, destacam-se o pico-
preto (Bidens spp.), a poaia-branca (Richardia brasiliensis) e o pico-
branco (Galinsoga parviflora). No Estado de So Paulo, as plantas
daninhas de maior ocorrncia so o nabo, a nabia e o pico-preto.
Como mtodo preventivo de controle de plantas daninhas,
deve-se usar sementes de aveia de alta qualidade e isentas de
sementes de plantas daninhas.
Ainda, como mtodo preventivo, a escolha correta da cultivar,
da poca de semeadura, do espaamento e da adubao permitir
aveia rpido estabelecimento, com conseqente sombreamento e
inibio das plantas daninhas. importante, tambm, que seja
utilizada a rotao de culturas, dando-se preferncia s leguminosas
em sucesso aveia.
Os outros mtodos de controle so o mecnico e o qumico. O
mecnico coincide cpm o preparo do solo, por meio de arao e
gradagem, e em reas pequenas pode-se tambm realizar capinas
manuais.
Quando a infestao elevada, recomenda-se o controle
qumico, com o uso de herbicidas seletivos. De maneira geral, so
recomendados os mesmos utilizados na cultura do trigo, com a
ressalva de que a aveia mais sensvel aos herbicidas hormonais
do que o trigo, sendo recomendvel a aplicao de dosagens mais
baixas. A Comisso Brasileira de Pesquisa de Aveia (1999) sugere
os produtos e as doses listados na Tabela 5, cuja eficincia mostrada
na Tabela 6.

Tabela 5. Sugestes de doses de herbicidas para o controle de plan-


tas daninhas de folhas largas, na cultura da aveia para pro-
duo de gros.

Concentrao
(9 L-l)
2,4 D (amina) 670
Durante o afilhamento (de quatro
2,4 D (amina) 400
folhas at o primeiro n visvel)
2,4 D (ster) 400
Tabela 6 . Eficincia de produtos no controle de plantas daninhas na
cultura de aveia para produo de gros (Comisso Brasi-
leira de Pesquisa de Aveia, 1999).
Herbicida
2,4 D 2,4 D
(amina)* (ster)
Polygonum convolvulus Cip- de- veado- de- inverno CM CM
Raphanus raphanistrum Nabia C C
R. sativus Nabo C C
Silene gallica Silene CM CM
Spergula arvensis Gorga ou esprgula CM CM
Stellaria media Esparguto CM CM
Rumex obtusifolius Lngua-de-vaca NC NC
Polygonum persicaria Erva-de-bicho C C
Sonchus oleraceus Serralha CM CM
Echium plantagineum Flor-roxa CM CM

c = Controle acima de 90%; CM = Controle mdio - 60% a 80%; NC = No controla.


*A formulao amina de 2,4-D mais seletiva cultura do que a ster.

Em reas destinadas ao plantio direto, quando ocorrerem


invasoras mais resistentes, o manejo das plantas daninhas em pr-
semeadura requer duas aplicaes. Neste caso, a primeira aplicao
deve ser realizada entre 10 e 15 dias antes da semeadura e a
segunda, no mnimo trs dias antes. Se o herbicida for o 2,4-D, deve
ser aplicado apena uma vez, isto , 15 dias antes da semeadura.
O uso de herbicidas hormonais em ps-emergncia, antes do
afilhamento ou aps o surgimento do primeiro n visivel (elongao),
provoca reduo significativa do rendimento de gros.
A aveia preta comum tolerante aos herbicidas hormonais,
usando-se, quando necessrio, as maiores doses recomendadas.
8.2. Pragas
As pragas mais comuns da aveia, segundo a Comisso
Brasileira de Pesquisa de Aveia (1999), so os pulges, as lagartas
e os cors, sendo as duas primeiras as mais observadas no Estado
de So Paulo.
Os danos provocados pelos pulges reduzem o peso de 1.000
sementes, o peso do hectolitro, o poder germinativo das sementes e
o nmero de gros por pancula. So responsveis pela transmisso
de viroses, especialmente o vrus do nanismo amarelo da cevada
(VNAC).
As espcies de pulges mais freqentes, por ordem de
importncia, segundo a Comisso Brasileira de Pesquisa de Aveia
(1999), so: pulgo-verde-dos-cereais (Schzaphs gramnum),
pulgo-da-aveia (Rhopa/osphum pad), pulgo-da-folha
(Metopolophum drhodum) e pulgo-da-espiga (Stobon avenae).
Ronquim (1999) verificou ser maior a ocorrncia de Rhopa/osphum
pad (L.) em So Carlos, Sp, sendo raras as demais espcies, e
tambm encontrou diferenas de resistncia aos pulges entre os
diversos gentipos estudados.
A ocorrncia dos pulges acontece desde a emergncia das
plntulas, causando reduo da densidade e do crescimento das
plantas, principalmente pela ao das toxinas salivares. A espcie
Rhopa/osphum pad a mais eficiente na transmisso do VNAC. Os
pulges devem ser controlados quando forem encontrados pelo
menos 20 pulges por afilho (da emergncia at o ponto de pastejo
nas pastagens, e da emergncia at o gro em massa para gros),
com o nico inseticida registrado no Brasil para o controle de pulges
em aveia, tiometon.
As espcies de lagartas mais freqentes so Pseuda/eta sequax
e P. adultera, aparecendo de forma cclica a Spodoptera frugperda.
Esses insetos aparecem principalmente em reas acamadas, t

devendo-se, desse modo, evitar o uso de cultivares de porte alto e/


ou a adubao nitrogenada elevada, se o objetivo for a produo de
gros.
Diferentes espcies de larvas de solo, conhecidas como cors,
com hbitos alimentares e potencial de danos diferentes, ocorrem
na cultura da aveia. As espcies mais comumente encontradas so o
16
cor-das-pastagens (Oilobderus abderus), o cor-da-trigo (Phyllophaga
sp.) e o cor-pequeno (Cyc/ocepha/a f1avipennis). Todas apresentam
ciclo biolgico relativamente longo, passando pelas fases de ovo,
larva (cor), pupa e adulto (besouro). Somente as larvas, que so
polfagas, causam danos s culturas (Comisso Brasileira de
Pesquisa de Aveia, 1999).

8.3.1. Ferrugem da folha


Causada pelo fungo Puccinia coronata. Provoca redues no
rendimento de gros superiores a 50% e diminui o peso do hectolitro.
Sinais: pstulas amarelas principalmente na superfcie foliar.
A ferrugem da folha ocorre em todo o Sudeste e o Sul do Brasil e
mais severa sob condies de alta umidade e com mdias de
temperatura entre 16 e 20C
Recomenda-se usar cultivares resistentes e eliminar as plantas
voluntrias durante o vero e o outono. Os programas de
melhoramento gentico da aveia existentes no Brasil tm, segundo
Barbosa et ai. (2000), alcanado sucesso na obteno dessas
cultivares, mas o fungo tem grande capacidade de superao dessa
resistncia, em conseqncia da sua alta capacidade de mutao.
Controle qumico: fungicida tebuconazole. Aplicar quando a
incidncia foliar, a partir do final do perfilhamento, alcanar 15 a 20%,
na dosagem de 0,75 L ha-1

8.3.2. Ferrugem do colmo


Causada pelo fungo Puccinia graminis. praticamente restrita
ao Sul do Brasil, porm sob condies de ambiente favorveis, pode
causar danos cultura da aveia.
Sinais: pstulas pardas, alongadas, na superfcie dos colmos;
a doena aparece no final do ciclo da cultura, quando a temperatura
mais elevada.
8.3.3. Helmintosporiose
causada pelo fungo Pyrenophora avenae.
Sinais: manchas ovais de cor pardo escura, produzidas sobre
o coleptilo e na primeira folha, e podem ser detectados logo aps a
emergncia. Em estdios posteriores, as leses tornam-se
arroxeadas. Gros atacados apresentam manchas escuras, que
podem consistir de pequenas pontuaes ou cobrir toda a superfcie.
Essas manchas representam o maior prejuzo desta molstia cultura.
Controle: recomenda-se o uso de sementes sadias e a rotao
de culturas.

8.3.4. Halo bacteriano


causado por Pseudomonas syringae pv coronafaciens.
Sinais: manchas ovais de colorao verde clara, com aspecto
aquoso no centro da leso e de colorao mais escura do que nas
bordas. Posteriormente, toda a mancha, incluindo o halo, torna-se
parda.
Controle: uso de cultivares resistentes e sementes sadias e
rotao de culturas.

8.3.5. Virose
Virus do nanismo amarelo da cevada (VNAC)
Os vetores desta doena so as vrias espcies de pulges.
Sinais: variam com a cultivar, estdio de desenvolvimento das
plantas, condies ambientais e estirpe do vrus. Os principais sinais
so: nanismo, clorose, coloraes pardas, salmo ou vermelho-vinho
e tambm a reduo ou o aumento do nmero de perfilhos.
Controle: Uso de cultivares resistentes ao vrus e/ou aos vetores.
Se a cultivar no for resistente, controlam-se os vetores com a
aplicao de inseticida.

8.3.6. Carvo
Doena causada pelo fungo Ustilago avenae.
Sinais: so observados principalmente na pancula. Produz
uma massa pulverulenta de esporos pardo-escuros, destruindo gros,
18
casca e glumas. Os esporos so facilmente disseminados pelo vento
ou pela gua de chuva. A doena completa seu ciclo quando os
esporas atingem as espiguetas sadias. O carvo da aveia
propagado por meio das sementes. Condies de alta umidade
favorecem o desenvolvimento desta doena.
Controle: uso de variedades resistentes. No h dados
disponveis sobre a resistncia de cultivares a esta doena nas
condies do Estado de So Paulo. Entretanto, as aveias pretas so
as mais susceptveis.

9. PRODUO DE GRos DE AVEIA

9.1. Cultivares recomendadas


O primeiro passo para se ter sucesso com a cultura a correta
escolha da cultivar a ser utilizada. As cultivares atualmente
recomendadas para semeadura pela Comisso Brasileira de
Pesquisa de Aveia (1999) so: UPF 7, UPF 14, UPF 15, UPF 16, UPF
17, UFRGS 7, UFRGS 14, UFRGS 15, UFRGS 16, UFRGS 17, UFRGS
18, CTC 5 e IAC 7.
Em 1999, as cultivares UPF 18, UFRGS 19 e OR 2 tambm
passaram a ser recomendadas e em 2000, em sua reunio anual a
Comisso Brasileira de Pesquisa de Aveia decidiu passar a
recomendar tambm as cultivares UPF 19, URS 20, URS 21 e OR 3,
ao passo que foram retiradas de recomendao, UPF 14 e CTC 5.
Essa Comisso tambm decidiu manter as cultivares UPF 7 e UFRGS
7, como testemunhas, uma vez que estas so cultivares muito antigas,
e tm apresentado baixos rendimentos nos ensaios em rede.
Entretanto, ainda existem pequenas reas de cultivo no Rio Grande
do Sul que as utilizam.
Na Tabela 7, esto os principais resultados obtidos em dois
anos de pesquisa com as cultivares de aveia que mais se
destacaram.
Tabela 7. Ensaio brasileiro de cultivares recomendadas no Estado
de So Paulo, em 1998 e 1999.
So Carlos Cultivar RG' PH2 PMS3 Estatura Acf 4 DEFS FFolha6

1998 (kg ha") (kg hl") (9) (em) (%) 1 2


IAC 7 4112 a 56,9 a 33,0 ab 126 be 4 59 90 70
UPF 16 3776 ab 54,Oab 30,2 cd 121 de 46 75 40 40
UPF17 2984 c 51,3 be 34,8 a 108f 84 76 30 30
UFRGS 17 2722 ed 52,2 bc 32,0 bc 129ab 69 72 30 30
UPF14 2199de 48,5 cd 26,6 ef9 119 de 90 88 15 15
Mdia 2034 48,6 27,8 118 71
CV(%1 28,4 6,4 7,2 3,2
Jaboticabal UFRGS 17 3043 b 60,0 a 35,5b 113 abc O
1998 UFRGS14 2923 b 53,1 ceI 35,1 b 98f 34
UPF 16 2519 b-e 57,Ob 35,6b 111 b-e 22
IAC7 2415b-e 55,Obc 32,Obc 95 f 43
UPF 14 2354 b-e 52,4 ceie 28,8 c 101 ef 48
Mdia 2453 54,2 32,0 107 49
01(%) 28,0 4,5 10,7 7,2
Pirassununga UPF14 3860 a 50,3 bc 26,9 fg 112 ceie 2
1998 UPF 17 3025bc 51,6 ab 33,9ab 108 e 3
UPF 16 2898bc 50,4 bc 29,9 de 113 ceie 60
IAC7 1764d 51,3 ab 31,5 ceI 127 ab 75
Mdia 1834 49,6 30.0 117 46
01(%) 22.1 5,7 5,7 6,8
So Carfos UFRGS17 4598 a 63,1 a 35,5 109 bc 29 71 33
1999 UFRGS14 4448ab 57,2 ef 35,5 104 ceie 71 78 20
OR2 4205 abc 60,2 ceI 26,9 102 e-f 90 75
UPF16 4070 bcd 58,5 da 32,1 102 e-f 69 77 37
UFRGS19 3844cda 62,3 ab 32,2 95 f 42 61
IAC7 3838 ceie 60,7 bc 35,1 114b 23 61 50
UPF 17 3743 da 55,5 f 37,0 97 af 94 71 33
Mdia 3820 57 31,8 107 66 78 32
CVI%) 9,0 2,6 5,1

*Mdias seguidas por letras distintas, dentro de cada coluna, local e ano, diferem
estatisticamente (Duncan, 5%).
1 rendimento de gros (mdia entre parcelas tratadas com fungicida e no tratadas); 2 peso
do hectolitro; 3 peso de mil sementes; 4 percentagem de plantas acamadas nos blocos
tratados com fungicida; 5 dias da emergncia ao f1orescimento; 6 porcentagem de ferrugem
na folha: 1 - na colheita, sem fungicida, 2 - na colheita, com fungicida.
No perodo de avaliao, verificou-se que as cultivares IAC 7
e UPF 16 foram as que mais se destacaram no Estado de So Paulo,
devendo ter a preferncia na semeadura para a produo de gros,
seguidas de UPF 14, UPF 17 e UFRGS 17. As cultivares UFRGS 19 e
OR 2 revelaram-se promissoras em 1999.

9.2. Colheita
A colheita deve ser realizada quando os gros estiverem com
15% de umidade, para evitar o acamamento e a quebra do colmo
das plantas, com conseqente perda de panculas que caem ao
solo, e a ao de fungos que podem prejudicar a qualidade dos
gros, reduzindo o peso do hectolitro e causando o escurecimento
do gro. A regulagem da colhedora importante, pois o
descascamento dos gros ativa a enzima lipase, que causa a
rancificao (acidez) do produto. Para gros destinados
industrializao, a temperatura de secagem deve ser de 40C e para
sementes, de 50C. Para o armazenamento, a umidade dos gros
deve ser inferior ou igual a 13%.

9.3. Qualidade de gros


A qualidade da aveia, segundo a Comisso Brasileira de
Pesquisa de Aveia (1999), especificada de acordo com o destino
que se d aos gros. O parmetro mais utilizado o peso do
hectolitro (kg 100 L-1 de gros), que, de maneira indireta, d idia
da quantidade de reservas que o gro possui. Estas reservas so
basicamente constitudas de amido e de protena, que conferem
qualidade aveia. A indstria alimentcia fixa limites de pureza e
de tolerncia sobre os diversos componentes que acompanham os
gros comercializados (Tabela 8).
Tabela 8. Padres exigidos pelas indstrias para a aveia destinada
alimentao humana (Comisso Brasileira de Pesquisa de
Aveia, 1999).

Aveia branca 90%


Aveia preta 2%
Aveia fina 2%
Aveia descascada 3,5%
Joio (unidades em 100 g) 10
Cardo (unidades em 100 g) 5
Outras sementes e impurezas 5%
Gros manchados (em gros descascados) 3%
Gros pretos Zero
Peso do hectolitro 48 kg 100 L-'
Umidade 13%
Acidez (mL NaOH 5 Mal L-'/100 g) 1,20 mL
Infestao, bolor, excrementos Zero
Aroma Tpico

o Ministrio da Agricultura, pela Portaria n 191, de 14 de abril


de 1975, fixou a padronizao dos gros de aveia pelo peso do hec-
tolitro (quatro grupos), pela colorao (cinco classes) e pela qualida-
de (quatro tipos), levando em conta umidade, gros carunchados,
gros avariados, impurezas e materiais estranhos (Tabela 9).
Tabela 9. Padronizao oficial da aveia branca (Portaria 191, Ministrio
da Agricultura, 1975).
CLASSIFICAO ESPECIFICAO CLASSIFICAO ESPECI FICAO
Grupos Peso do hectolitro (kg hL-l) Classes Colorao
1 >50 A Branca
2 47 a 49 B Vermelha
3 41 a 46 C Cinzenta ou moura
4 <41 D Preta
E Mista
Tipos Qualidade
Gros perfeitos, maduros, secos, sos, limpos e uniformes, de tamanho e cor
caracterfsticos da variedade, com a seguinte tolerncia:

mximo de 14% de umidade, 1% de gros carunchados e/ou danificados por


insetos, 2% de gros avariados e 0,5% de impurezas e matrias estranhas;

mximo de 14% de umidade, 2% de gros carunchados e/ou danificados por


insetos, 4% de gros avariados e 1% de impurezas e matrias estranhas;

mximo de 14% de umidade, 3% de gros carunchados e/ou danificados por


insetos, 6% de gros avariados e 2% de impurezas e matrias estranhas;

mximo de 14% de umidade, 5% de gros carunchados e/ou danificados por


insetos, 8% de gros avariados e 3% de impurezas e matrias estranhas;

10. PRODUO DE FORRAGEM DE AVEIA

10.1. Cultivares recomendadas


Para a produo de forragem, as cultivares So Carlos, UPF 3
e UFRGS 7 so recomendadas, porm para diferentes condies: 1)
as duas ltimas prestam-se exclusivamente para a produo precoce
de forragem e, em virtude das caractersticas climticas de So Paulo,
podem ser utilizadas em plantio de sequeiro, com um nico corte; 2)
a cultivar So Carlos recomendada para condies-irrigadas, por
apresentar ciclo longo.
Duas linhagens, UPF 87111 e UPF 86081, tm condies de
serem lanadas como novas cultivares para o Estado de So Paulo
(Godoy et ai., 1999). As cultivares de aveia preta disponveis so:
EMBRAPA 29 - Garoa e IAPAR 61 - Ibipor, e ambas vem
apresentando bons resultados no Estado de So Paulo.
23
10.2. Manejo de Cortes
A aveia usada para a produo de forragem verde, por sua
precocidade e boa capacidade de rebrota.

10.2.1. Manejo para produo animal


Quando a forragem vai ser fornecida verde no cocho, deve-se
fazer o primeiro corte quando as plantas comearem a passar do
estdio vegetativo para o rBprodutivo, ou seja, no incio da elongao
do colmo, com elevao do meristema apical (aparecimento do
primeiro n visvel), o que ocorre no Estado de So Paulo aos 38 a 45
dias aps a emergncia. Os demais cortes devem ser efetuados com
intervalos de 28 dias (quatro e cinco cortes) a 35 dias (trs e quatro
cortes), quando a semeadura for feita em abril e maio,
respectivamente (Primavesi et aI., 1999a).
No caso de pastejo, este deve ser iniciado quando as plantas
atingirem 30 em de altura, que no Estado de So Paulo ocorre com o
incio da elevao do meristema apical (38 a 45 dias). A
disponibilidade de matria seca de forragem deve estar acima de
1500 kg ha-1 Os demais pastejos devem ser iniciados quando as
plantas atingirem 30 cm de altura. importante deixar resteva de 10
cm de altura, para proteo do meristema apical e maior rea foliar,
para facilitar a rebrota e diminuir o intervalo entre cortes e entre
pastejos.
A forragem de aveia pode tambm ser fornecida na forma de
feno. Feno o processo de conservao da forragem por meio da
reduo do teor de gua para 15 a 20%, sendo que normalmente
dois dias de insolao so suficientes para o processo de
desidratao natural a campo. Para que o feno de aveia apresente
boa qualidade e bom rendimento, as plantas devem ser cortadas no
estdio de florao plena. No Brasil, h pouca utilizao de feno na
alimentao de bovinos de leite, sendo usado em propriedades com
alto nvel tecnolgico, que adotam o regime de confinamento.
A forrragem de aveia tambm pode ser conservada na forma
de silagem, que consiste em conservar a forragem mida, na forma
fermentada sob condies anaerbicas. O corte da aveia para
ensilagem pode ser feito no estdio da florao plena, quando se
24
deve fazer a pr-secagem, deixando o material por duas a quatro
horas ao sol aps o corte, para eliminar o excesso de umidade. Neste
estdio, a forragem apresenta o maior teor de acar, o menor teor
de fibra e alto teor de protena. O alto teor de acar necessrio
para que ocorra o processo fermentativo. Caso o corte seja realizado
no estdio de gro pastoso, o teor de gua estar no ponto correto
para o processo de fermentao, no havendo necessidade do pr-
murchamento (Floss, 1988).

10.2.2. Manejo para cobertura de solos


No Estado de So Paulo, a aveia uma alternativa para ocupar
reas que permanecem ociosas durante o perodo do inverno. Em
regies no sujeitas a dficit hdrico ou com sistemas de irrigao j
instalados, garante a proteo do solo e a implantao de culturas
de vero por plantio direto.
A aveia tambm importante no sistema de rotao de
culturas, pois melhora a sanidade das culturas subseqentes. Por
apresentar efeito aleloptico, diminui a infestao de plantas
daninhas. A presena de resduos de aveia facilita a mobilidade
orgnica do calcrio aplicado na superfcie do solo, fato
particularmente importante em sistemas agrcolas em que o corretivo
da acidez aplicado na superfcie do solo, como em cultivos perenes
estabelecidos (pastagens) e em plantio direto (Pavan &
Miyazawa,1998).
O corte da aveia para cobertura morta deve ser efetuado na
fase de plena florao e os mtodos usados devem possibilitar
distribuio uniforme do material. Podem ser usados rolo-faca,
roadora, segadora, picador de palha tratorizado e herbicidas
d essecantes.

10.3. Valor Nutritivo


Na Tabela 10, so apresentados os dados de produo de
matria seca e as anlises bromatolgicas que determinaram o
manejo de cortes que possibilitou produo de forragem com
qualidade, das cultivares de aveia forrageira So Carlos e UPF 3.
25
Tabela 10. Rendimento (1Q corte + cortes de rebrota) de matria
seca total e protica e teores de PB, FDN e DIVMS, das
cultivares de aveia So Carlos, UPF 3 e IAPAR 61, em
duas pocas de plantio, em 1996.

poca Tratamen- Rendimento de matria seca PB FDN DIVMS Ca P Mg


plantio tos (IC) Total Digestvel Protica
dias kg ha'] %
cultivar So Carlos
17/04 28 7431 b 6030 b- 1422 a 18,4 a 48,8d 80,8 a 0,29 b 0,28 a 0,11
17/04 35 8080 b 6154 b 1410 a 17,5ab 50,4 c 77,0 b 0,35 a 0,25ab 0,11
17/04 42 8365 b 6236 b 1263 b 16,5bc 52,6 b 76,7 b 0,31 b 0,23 b 0,11
17/04 56 10028 a 7253 a 1216 b 15,0 c 54,9 a 74,8 b 0,30 b 0,22 b 0,10

15/05 28 7684 c 6245 bc 1536 19,8 a 48,3 c 81,0 a 0,40 0,25 0,13
15/05 35 7444 c 5897 c 1360 18,9 a 50,3 c 78,9 b 0,36 0,29 0,13
15/05 42 8855 b 6772 ab 1547 17,6 b 52,8 b 74,2 c 0,35 0,30 0,12
15/05 56 10310 a 6878 a 1405 16,6 b 57,3 a 69,7 d 0,43 0,26 0,12

cultivar UPF 3
17/04 28 6987 b 5503 c 1405 ab 19,5 a 50,2 b 78,3 a 0,39 a 0,29 a 0,09 b
17/04 35 8208 b 6325 ab 1497 a 18,8ab 53,2 a 77,5 a O,33ab 0,24ab O,12ab
17/04 42 8084 b 5870 bc 1315 b 17,8bc 53,4 a 74,3 b O,35ab 0,22 b 0,17 a
17/04 56 10275 a 6859 a 1329 b 16,5 c 55,1 a 70,6 c 0,29 b 0,21 b 0,09 b

15/05 28 6810 b 5515 b 1431 a 20,9 a 49,2 c 80,0 a 0,46 0,39 a 0,12
15/05 35 6780 b 5331 b 1301 ab 19,8 b 52,5 b 78,3 a 0,45 0,31 b 0,10
15/05 42 7190 b 5459 b 1132 c 16,9 c 56,1 a 75,0 b 0,37 0,27bc 0,09
15/05 56 9083 a 6014 a 1175 bc 16,9 c 55,1 a 71,7 c 0,40 0,25 c 0,10

cultivar IAPAR 61
17/04 28 7942 b 6457 1599 a 19,5 a 48,9 c 81,4 a 0,51 a 0,27 0,12
17/04 35 8086 b 6516 1480 ab 17,9 b 50,6bc 80,8ab O,50ab 0,26 0,13
17/04 42 8838 a 6867 1412 ab 17,7 b 51,6 b 78,9bc 0,47bc 0,25 0,12
17/04 56 9294 a 7009 1299 b 16,9 b 55,8 a 77,0 c 0,46 c 0,23 0,12

15/05 28 7376 c 6049 1593 21,1 49,4 81,7 0,52 0,25 0,17
15/05 35 7623 bc 6235 1458 18,9 51,8 81,7 0,54 0,27 0,17
15/05 42 8333 ab 0,52 0,26 0,16
15/05 56 9091 a 6538 1323 17,2 58,2 74,4 0,52 0,23 0,16

Valores na coluna seguidos da mesma letra no diferem entre si (P>O,OS. teste t). MS
digestvel = MS total x DIVMS/l00; IC = intervalo de cortes; PB = protena bruta; FDN =
fibra em detergente neutro; DIVMS = digestibilidade "in vitro" da matria seca.
Fonte: Primavesi et aI. (1999a).
Conforme a poca de semeadura, o nmero de cortes varia, sendo
maior para intervalos de cortes de 28 dias (Primavesi et ai., 1999a).
Na Tabela 11, encontram-se os dados de protena bruta (PB),
fibra em detergente neutro (FDN) e digestibilidade "in vitro" da matria
seca (DIVMS) por corte. Os teores de protena e de digestibilidade
diminuram e os de FDN aumentaram com o aumento da idade da
planta, mas verifica-se que o valor nutritivo da forragem se manteve
elevado mesmo com os cortes sucessivos, para o manejo de cortes
com intervalos de 28 a 35 dias (Primavesi et ai., 1999a).

Tabela 11. Teor de PB, FDN e DIVMS, por corte, por poca de plantio, no
ano de 1996, da cultivar de aveia So Carlos.

poca IC (dias) 111 C 1i! R 2lR 3i! R 4ilR 5lR Mdia


plantio
PB(%)
15/04 28 25,5 19,6 20,9 14,2 16,8 13,2 18,4
15/04 35 25,5 17,1 19,0 13,1 13,1 17,5
15/04 42 25,5 12,7 15,9 12,0 16,5
15/04 56 25,5 9,1 10,7 15,0
15/05 28 27,1 22.0 18,0 14,8 17,3 19,8
15/05 35 27,1 16,4 17,8 14,5 18,9
15/05 42 27,1 15,6 14,6 13,1 17,6
15/05 56 27,1 11,6 11,2 16,6
FDN(%)
15/04 28 42,4 49,9 45,7 50,4 50,9 53,8 48,8
15/04 35 42,4 54,4 44,2 55,5 54,9 50,3
15/04 42 42,4 58,1 48,6 60,6 52,4
15/04 56 42,4 59,3 62,2 54,6
15/05 28 43,8 48,7 47,1 51,3 50,7 48,3
15/05 35 43,8 50,4 51,3 55,7 50,3
15/05 42 43,8 51,3 54,6 61,3 52,8
15/05 56 43,8 63,9 64,0 57,3
DIVMS (%)
15/04 28 84,4 80A 83,9 78,4 81,0 77,0 80,9
15/04 35 84,4 71,3 79,0 74,8 75,1 76,9
15/04 42 84,4 72,4 80,5 68,9 76,5
15/04 56 84,4 72,0 67,4 74,6
15/05 28 82,5 82,8 82,9 78,1 78,5 81,0
15/05 35 82,5 80,9 77,7 74,4 78,9
15/05 42 82,5 77,0 73,8 63,5 74,2
15/05 56 82,5 65,9 60,8 69,7

C = corte, R = rebrota, IC = intervalo de cortes; PB = protena bruta; FDN = fibra em detergente


neutro; DIVMS = digestibilidade "in vitro da matria seca". Fonte: Primavesi et aI. (1999a).

27
11. UTILIZAO NA ALIMENTAO DE BOVINOS

11. 1.1. Resultados obtidos na Embrapa Gado de Leite


Na Embrapa Gado de Leite, Gardner et aI. (1982) e Cser
et aI. (1981) estudaram a relao entre a disponibilidade de
forragem de aveia e o desempenho animal, bem como a
substituio do sistema comum de silagem de milho e concentrado
pelo pastejo em aveia.
O primeiro experimento, no qual se compararam 1.000, 1.500
e 2.000 kg de forragem disponvel, mostrou que a produo mxima
por animal (ganho de peso vivo) e o consumo mximo se verificou
com a disponibilidade de 1.500 kg ha-1 de matria seca de aveia.
Com a disponibilidade de forragem mais elevada no houve aumento
no ganho de peso (Figura 1). Nos dois nveis mais altos de forragem
disponvel, o ganho em peso foi de aproximadamente 1,0 kg animal-
1
1 dia . O experimento teve durao de 84 dias e os animais no
receberam qualquer outra alimentao. Estes resultados mostraram
que nas condies da zona da mata de Minas Gerais no preciso
deixar a aveia ultrapassar 25 cm de altura para se conseguir o mximo
de ganho de peso vivo por animal, sendo que a altura pode ser
controlada variando o nmero de animais em pastejo (carga animal).
Uma segunda observao foi realizada tambm na Zona da
Mata de Minas Gerais, utilizando-se oito vacas cruzadas holands-
zebu em lactao, com produo de leite inicial e estdio de lactao
semelhantes. Quatro desses animais receberam diariamente, por
animal, 25 kg de silagem de milho, que continha aproximadamente
6% de protena bruta e 55% de digestibilidade "in vitro" da matria
seca, e 3,5 kg de concentrado com 18% de protena. Os outros quatro
pastejaram aveia durante 21 horas por dia. A mdia de produo de
leite por vaca por dia foi maior naqueles animais
cuja dieta foi pasto de aveia. Estes produziram, diariamente, 11 kg
de leite, enquanto que aqueles que receberam si/agem e concentrado
produziram 9,5 kg de leite por vaca (Figura 2). O pastejo foi contnuo,
iniciando em 30 de julho e terminando em 21 de setembro de 1981
(54 dias) e a quantidade de matria seca disponvel foi superior a
1.500 kg ha-1, durante todo o perodo. Aplicaram-se 50 kg ha-1 de
p 205 (supertosfato simples) e 100 kg ha-1 de N (uria), fracionados
em duas aplicaes.

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Figura 1. Relao entre disponibilidade de matria seca de aveia e


ganho de peso vivo de bovinos de leite, de sobreano, du-
rante 84 dias de pastejo (Gardner et aI., 1982).
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Durao do pastejo (dias)

Figura 2. Mdia diria de produo de leite de vacas pastejando


aveia ou recebendo silagem de milho e concentrado
(Cseretal.,1981).

11.1.2. Resultados obtidos na Embrapa Pecuria Sudeste


Na Embrapa Pecuria Sudeste, foram realizados trs
trabalhos sobre a utilizao de aveia em pastejo restringido, em
complementao a quantidade limitada de silagem de milho (10,0
kg), comparada com a utilizao de silagem de milho como nico
volumoso. Em dois trabalhos com Avena byzantina cv. So Carlos
(Rodrigues et aI., 1995a; Rodrigues e Godoy, 2000), a diferena
principal foi o tempo de permanncia das vacas nos piquetes de
aveia (aproximadamente 6 ou 3 horas por dia). Em outro trabalho,
na mesma linha de pesquisa, foi utilizado a Avena strigosa em
pastejo de 3 horas por dia (Rodrigues et aI., 1995b). Nestes
trabalhos foram utilizadas vacas cruzadas holands-zebu e todos
os animais receberam 5,0 kg de concentrado por dia. O manejo
dos animais nestes trabalhos foi semelhante.
No trabalho com 3 horas de pastejo na cultivar So Carlos
foram avaliados os seguintes tratamentos: A) pastejo restringido pela
manh, mais 10 kg de silagem de milho, e B) silagem de milho como
nico volumoso. Ao completarem o tempo de pastejo, as vacas do
tratamento A foram mantidas confinadas em reas individuais com
parte coberta, contendo cocho de alvenaria para fornecimento de
silagem. Os animais do tratamento B receberam silagem de milho
como nico volumoso, durante todo o tempo. Os animais de ambos
os tratamentos receberam 5,0 kg de concentrado por animal por
dia com 19% de protena bruta (PB) e 75% de nutrientes digestveis
totais (N OT).
Aps o preparo convencional, a rea experimental (2 ha) foi
dividida em quatro piquetes com cercas eltricas, sendo semeados
com a cultivar So Carlos (60 kg por hectare de sementes), com plantio
escalonado. O primeiro piquete foi semeado em 24/04/95, e os
demais em intervalos mdios de 10 dias, usando-se adubadeira-
semeadeira, com 18 cm de espaamento entre linhas. No
momento do plantio, foi feita adubao com 50 kg ha-1 de P205 na
forma de superfosfato simples. A adubao nitrogenada e
potssica foi efetuada em cobertura, utilizando-se 80 kg ha- de N1

e 60 kg ha-1 de K20 .
O pastejo foi rotacionado, com duas semanas de utilizao e
seis a sete semanas de descanso. A estimativa da disponibilidade
de matria seca e da qualidade (PB e FON) da forragem foi efetuada
utilizando-se um quadrado de um metro de lado, lanado ao acaso,
colhendo-se seis amostras por piquete, antes da entrada das vacas
nos piquetes. A forragem encontrada no interior do quadrado foi
colhida por meio de cortes efetuados a aproximadamente 10 cm
acima do nvel do solo. Periodicamente, foi coletada amostra de
silagem e rao concentrada para determinao bromatolgica.
Os animais experimentais (doze vacas holands-zebu) foram
distribudos em blocos ao acaso, com base em data do parto,
produo de leite e peso dos animais. Para aproveitar a
d ispon i bi Iidade de forragem existente e evitar perdas por
envel heci mento da forragem, foram uti Iizadas vacas extra-
experimentais. As vacas foram conduzidas duas vezes ao dia ao
31
estbulo e as ordenhas realizadas mecanicamente com bezerro ao
p, s seis e s quinze horas. O controle leiteiro foi realizado
semanalmente, juntamente com a coleta de leite de cada vaca para
determinao de gordura.
Houve boa disponibilidade de forragem para as vacas nos
piquetes de aveia. As mdias de disponibilidade de matria seca
estiveram sempre acima de 1.700 kg ha-1 (Tabela 12). Pela
disponibilidade de matria seca apresentada ao longo do perodo
experimental, aliada s observaes visuais na rebrota, verifica-se
que a cultivar So Carlos apresentou boa capacidade de produo,
quando submetida a pastejo rotacionado e restringido a trs horas
por dia.

Tabela 12. Mdias de disponibilidade de forragem (kg ha-1 de


matria seca) nos piquetes de aveia e respectivos teores
de matria seca, protena bruta e fibra em detergente
neutro (FDN).

Variveis Junho Julho Agosto Setembro

Disponibilidade 1.700 2.651 3.633 4825

Matria seca (%) 15,3 15,8 18,9 25,8

Protena bruta (%) 24,7 21,5 14,9 13,9

FDN (%) 43,9 46,3 55,9 59,9


Fonte: Rodrigues e Godoy (2000).

As mdias de produo de leite observadas foram 14,6 e


13,3 kg vaca-1 dia-1, respectivamente, para os animais que
pastejaram aveia ou para os animais que receberam silagem de
milho como nico volumoso (Tabela 13). Corrigindo-se as produes
de leite obtidas para 4% de gordura, as mdias observadas foram
13,5 e 13,0 kg de leite vaca-1 dia-1, para os respectivos tratamentos
(Tabela 13).
Tabela 13. Produo de leite, percentuais de gordura no leite e varia-
o de peso vivo.

A 8

Produo de leite (kg vaca-1 dia-1) 14,6 13,3

Produo de leite com 4% de gordura (kg vaca-1 dia-1) 13,5 13,0

Gordura (%) 3,8 3,4

Ganho de peso vivo (kg vaca -ldia-1) 0,53 0,25

1 A: pastejo restringido em aveia (3 horas por dia) mais 10 kg de silagem de milho;


B: silagem de milho vontade como nico volumoso.

Houve diferena (P<O,05) entre os tratamentos quanto ao


percentual de gordura no leite. As mdias foram de 3,8% e 3,4%,
respectivamente, para os animais que pastejaram aveia e para os
animais que receberam silagem de milho como nico volumoso
(Tabela 13).
As curvas de produo de leite para os dois tratamentos
so apresentadas na Figura 3. Embora as mdias iniciais fossem
semelhantes (13,2 kg de leite), em poucos dias as vacas com acesso
pastagem de aveia aumentaram a mdia de produo para 17
kg de leite, um incremento de 29%, enquanto que o grupo que
recebeu silagem de milho como nico volumoso no ultrapassou a
mdia de 15,5 kg por vaca por dia, ou seja um incremento bem
menor (17,4%). Este incremento rpido n primeira semana mostra
que a utilizao de pastejo restringido na cultivar So Carlos permitiu
que vacas mestias exibissem maior pico de produo, o que
importante em termos de produo total na lactao. A pequena
quantidade de silagem de milho (10 kg, equivalente a 3,3 kg de
matria seca, oferecida s vacas que pastejaram aveia, foi
totalmente consumida. No tratamento com silagem de milho
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Perodo em semanas

Figura 3. Efeito do pastejo em aveia sobre a produo de leite.


(Fonte: Rodrigues e Godoy, 2000).

como nico volumoso, o consumo de matria seca de silagem de


milho foi de 12,4 kg de matria seca.
Houve diferena (P<0,05) no ganho de peso vivo. As vacas
que pastejaram aveia ganharam 0,53 kg por dia e as vacas que
consumiram silagem de milho como nico volumoso ganharam
0,25 kg por dia, indicando que houve limitao de potencial
gentico dos animais para obteno de nveis mais elevados de
produo de leite. Estes resultados mostram tambm que o pastejo
restringido em aveia complementado com quantidade limitada de
silagem de milho poder ser uma alternativa para vacas de maior
potencial de produo, havendo necessidade entretanto de mais
trabalhos nas regies Sudeste e Sul do Brasil para verificar o efeito
associativo destas duas fontes, considerando que bons resultados
de produo de leite e carne tm sido obtidos em outros pases
quando se utiliza pastejo em forrageiras de inverno
complementado com silagem de milho.
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