2019 Manual Erva 20 Web
2019 Manual Erva 20 Web
2019 Manual Erva 20 Web
Embrapa Florestas
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Erva 20
Sistema de produção de erva-mate
Embrapa
Brasília, DF
2019
Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:
Embrapa Florestas
Estrada da Ribeira, Km 111, Guaraituba, Caixa Postal: 319
83411-000 – Colombo, PR
Fone: (41) 3675-5600 / Fax: (41) 3675-5601
www.embrapa.br
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/
1ª edição
1ª impressão (2019): 1.000 exemplares
ISBN: 978-85-7035-875-2
Vanderley Porfírio-da-Silva
Chefe Adjunto de Transferência de Tecnologia
Sumário
1|Introdução. . . . . . .11
Referências. . . . . . .13
2|Ocorrência natural da erva-mate. . . . . . .15
2.1|Clima. . . . . . .16
2.2|Solos. . . . . . .16
Referências. . . . . . .18
3|Produção de mudas por sementes. . . . . . .19
3.1|Coleta de sementes. . . . . . .21
3.2|Quebra de dormência. . . . . . .22
3.3|Semeadura e germinação. . . . . . .23
3.4|Repicagem. . . . . . .25
3.5|Substratos e recipientes. . . . . . .26
3.6|Adubação das mudas. . . . . . .27
Referências. . . . . . .28
4|Produção de mudas por propagação vegetativa. . . . . . .29
4.1|Seleção da planta matriz para miniestaquia. . . . . . .30
4.2|Formação do minijardim clonal. . . . . . .30
4.3|Preparo das miniestacas. . . . . . .31
4.4|Desinfestação das miniestacas e equipamentos. . . . . . .32
4.5|Miniestaquia a partir de estacas. . . . . . .32
Referências. . . . . . .34
5|Qualidade das mudas. . . . . . .35
5.1|Principais parâmetros para avaliar a qualidade das mudas. . . . . . .35
5.2|Parâmetros para avaliar viveiros de boa qualidade. . . . . . .37
5.3|Escolha das mudas. . . . . . .38
Referências. . . . . . .40
6|Cultivares comerciais. . . . . . .41
6.1|Cultivares seminais. . . . . . .42
6.2|Cultivares clonais. . . . . . .44
Referências. . . . . . .48
7|Implantação. . . . . . .49
7.1|Escolha da área para plantio a pleno sol. . . . . . .49
7.2|Preparo do solo para plantio . . . . . . .49
7.3|Espaçamento. . . . . . .53
7.4|Uso do hidrogel no plantio a campo. . . . . . .54
7.5|Plantio no campo. . . . . . .55
7.6|Proteção das mudas contra insolação. . . . . . .60
7.7|Replantio. . . . . . .61
Referências. . . . . . .62
8|Adubação do erval. . . . . . .63
8.1|Interpretação da análise de solo. . . . . . .65
8.2|Recomendação de cálcio e magnésio. . . . . . .66
8.3|Recomendação de adubação de plantio e de
formação de copa. . . . . . .66
8.4|Recomendação de adubação de produção. . . . . . .69
8.5|Manejo da adubação. . . . . . .71
Referências. . . . . . .74
9|Controle de plantas daninhas. . . . . . .75
9.1|Controle de plantas daninhas no plantio. . . . . . .75
9.2|Controle de plantas daninhas após estabelecimento
do erval. . . . . . .77
Referências. . . . . . .78
10|Cobertura do solo. . . . . . .79
10.1|Plantas de cobertura e adubação verde. . . . . . .79
10.2|Cobertura morta ou mulching. . . . . . .87
Referências. . . . . . .89
11|Sistemas de podas. . . . . . .91
11.1|Os tipos de ramos. . . . . . .91
11.2|Principais objetivos das podas. . . . . . .93
11.3|Arquitetura das erveiras em produção. . . . . . .94
11.4|Tipos de poda. . . . . . .96
11.5|Esclarecimento e recomendações importantes. . . . . . .104
Referências. . . . . . .104
12|Renovação do erval via decepa e rebaixamento. . . . . . .105
12.1|Decepa para renovação do erval. . . . . . .106
12.2|Poda de rebaixamento. . . . . . .109
12.3|Manejo após o rebaixamento ou renovação das
plantas de erva-mate. . . . . . .110
12.4|Ferramentas de poda. . . . . . .111
Referências. . . . . . .112
13|Sistemas de cultivo de erva-mate plantada. . . . . . .113
13.1|Sistema agroflorestal com cultivos agrícolas. . . . . . .113
13.2|Sistema agroflorestal com espécies arbóreas. . . . . . .115
13.3|Adensamento. . . . . . .117
Referências. . . . . . .118
14|Doenças. . . . . . .119
14.1|Antracnose. . . . . . .119
14.2|Cercosporiose. . . . . . .120
14.3|Fuligem. . . . . . .121
14.4|Fumagina. . . . . . .122
14.5|Roseliniose. . . . . . .123
14.6|Pinta-preta. . . . . . .125
14.7|Podridão das raízes. . . . . . .126
14.8|Podridão do tronco. . . . . . .127
14.9|Queda de folhas. . . . . . .128
14.10|Tombamento. . . . . . .129
Referências. . . . . . .132
15|Pragas. . . . . . .133
15.1|Ampola-da-erva-mate. . . . . . .133
15.2|Broca-da-erva-mate. . . . . . .135
15.3|Broca-dos-ponteiros-da-erva-mate. . . . . . .140
15.4|Cochonilha-de-cera. . . . . . .141
15.5|Lagarta-da-erva-mate. . . . . . .142
15.6|Lagarta-do-cartucho-da-erva-mate. . . . . . .144
15.7|Ácaros. . . . . . .146
Referências. . . . . . .148
16|Cronograma de práticas de manejo. . . . . . .149
17|Considerações finais . . . . . .152
Introdução 1
A erva-mate teve um papel importante no desenvolvimento de
diversas regiões do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Mato Grosso
do Sul e, sobretudo, do Paraná (Gerhardt, 2003). Atualmente, é uma
cultura fundamental para a economia de muitos municípios no Sul do
Brasil, sendo o principal produto não madeireiro do agronegócio florestal
na Região Sul (Produção Agrícola Municipal, 2016). A produção de erva-
mate ocorre em estabelecimentos agropecuários familiares, sendo 80%
do total da produção de erva-mate oriunda de propriedades com até
20 hectares, com trabalho majoritariamente familiar (Vasconcellos, 2012).
Entretanto, com histórico extrativista, o cultivo de erva-mate no
Brasil tem pouco aporte tecnológico em comparação com outras
culturas (Gerhardt, 2003). Aspectos como qualidade genética, proteção
vegetal, nutrição, época de plantio e colheitas, por exemplo, são pouco
levados em conta pelos produtores. Dessa forma, o desempenho dos
ervais comerciais está muito abaixo dos ervais experimentais. De fato, a
produtividade média nacional em 2015 foi 8,3 t ha-1 (Produção Agrícola
Municipal, 2016), enquanto que, em áreas de pesquisa, esse valor
tem sido superior a 18 t ha-1, podendo alcançar valores de até 35 t ha-1
(Lourenço, 1997; Lourenço; Medrado, 1999; Santin et al., 2017).
A diferença de produtividade entre ervais comerciais e experimentais
se deve, entre outros fatores, à baixa adoção de tecnologias ou baixa
tecnificação dos ervais comerciais. Muitas práticas e tecnologias não são
aplicadas no campo, o que limita fortemente a obtenção de produtividade
e qualidade de matéria-prima. Os avanços tecnológicos e científicos,
embora já existam, enfrentam dificuldades para serem multiplicados e
transferidos à comunidade ervateira e demoram a ser assimilados no
processo exploratório da erva-mate (Melo, 2010).
11
A falta de informações e o “conservadorismo” preservam aspectos
arcaicos do manejo, limitando a produtividade e qualidade dos ervais. No
entanto, a produtividade é o resultado do sistema de produção exercido,
onde cada prática de manejo tem sua importância relativa, de forma que,
se qualquer uma for negligenciada, o potencial produtivo não é alcançado.
Assim, a adoção de tecnologias de forma isolada não é suficiente para o
alcance de melhores produtividades.
A Embrapa juntamente com parceiros dos setores público e privado
tem desenvolvido pesquisas que contribuem para o aumento da
eficiência e sustentabilidade dos cultivos de erva mate. No que tange
aos ervais plantados convencional ou orgânico, este manual apresenta as
recomendações técnicas do primeiro sistema de produção de erva-mate
recomendado pela Embrapa, denominado Sistema Erva 20.
As recomendações do Sistema Erva 20 podem ser aplicadas em
ervais cultivados no sistema convencional ou orgânico, desde que sejam
respeitadas as regulamentações vigentes em cada caso.
Erva 20 refere-se à produtividade de 20 t ha-1, alcançável em ervais
comerciais bem manejados, ou seja, com alto grau de adoção tecnológica.
Esse valor advém de um erval hipotético tomado como modelo: erval
plantado, de espaçamento 3 m x 1,5 m, adubado adequadamente e
tendo as colheitas realizadas em um intervalo não superior a 24 meses,
respeitando as recomendações de controle de pragas, de controle de
plantas daninhas e de poda. É necessária uma referência, uma vez que
existem formas diversas de produção, produtividades contrastantes e,
sobretudo, pouca organização das informações técnicas.
O Sistema Erva 20 não surge para substituir todas as formas de produzir
erva mate, mas sim como uma alternativa alicerçada em conhecimentos
sólidos e técnicas validadas que, se adotadas, permitirão alcançar altas
produtividades, sustentabilidade e qualidade. Espera-se que o Sistema
Erva 20 seja uma referência tanto para adoção por produtores rurais,
como para auxiliar o desenvolvimento de novos sistemas de produção.
12
Referências
GERHARDT, M. História ambiental da erva-mate. 2003. 209 f. Tese (Doutorado
em História) � Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
SANTIN, D.; BENEDETTI, E. L.; BARROS, N. F.; FONTES, L.; ALMEIDA, I. C.; NEVES,
J. C. L.; WENDLING, I. Manejo de colheita e adubação fosfatada na cultura da
erva-mate (Ilex paraguariensis) em fase de produção. Ciência Florestal, v. 27,
p. 783-797, 2017. DOI: 10.5902/1980509828629.
13
14
Ocorrência
natural da 2
erva-mate
A região de ocorrência natural da erva-mate está entre as latitudes
de 22º S e 30º S e longitudes 48º 30´ W e 56º 10´ W (Figura 1). No Brasil,
a erva-mate ocorre naturalmente em uma área de aproximadamente
540.000 km², abrangendo os estados do Paraná, Santa Catarina, Rio
Grande do Sul, extremo Sul de São Paulo e do Mato Grosso do Sul. Nos
países vizinhos, a planta é nativa na Província de Misiones, em parte das
Províncias de Corrientes e de Tucumã na Argentina e, no Paraguai, na área
situada entre os rios Paraná e Paraguai (Oliveira; Rotta, 1983 ; Gerhardt, 2003).
15
2.1|Clima
Na área de distribuição natural da erva-mate ocorrem dois tipos
climáticos, conforme a classificação de Köeppen: Cfb (clima temperado)
e Cfa (clima subtropical), com chuvas regulares, bem distribuídas ao
longo do ano e com médias de precipitação pluviométrica variando de
1.500 mm a 2.000 mm. A espécie ocorre em altitudes que variam de 500
m a 1.500 m de altitude, onde as temperaturas médias anuais variam
de 15 ºC a 18 ºC e, as geadas variam de frequentes a pouco frequentes,
dependendo da altitude (Oliveira; Rotta, 1983).
2.2|Solos
São considerados solos aptos para o plantio da erva-mate aqueles
que apresentam textura argilosa, com boa profundidade e drenagem
adequada. A espécie ocorre naturalmente em solos de baixa fertilidade,
com altos teores de alumínio e pH baixo (Medrado et al., 2000). Entretanto,
por esta razão, a erva-mate se desenvolve bem nessas condições, desde
que a umidade e os teores de macronutrientes (nitrogênio, fósforo,
potássio, cálcio e magnésio) sejam altos no solo (Wendling; Santin, 2015).
A adubação dos solos cultivados com erva-mate é necessária quando a
atividade tem o cunho comercial, com colheitas e comercialização de
matéria-prima, independente de ser manejada de forma convencional
ou orgânica.
A erva-mate é uma espécie raramente encontrada em areias
quartzozas (solos com menos de 15% de argila) e também não ocorre
em solos encharcados (hidromórficos). Todavia, tem ocorrência esparsa
em solos rasos. Os efeitos negativos dos solos rasos aos plantios são
acentuados em períodos de deficiência hídrica, podendo causar a morte
de plantas (Medrado et al., 2000).
Por tratar-se de cultivo com fins comerciais, o manejo adequado pode
ampliar a gama de solos aptos para a atividade. Práticas de conservação
de solo e água podem ser adotadas, viabilizando a desenvolvimento das
plantas (Figura 2). A adoção conjunta das demais práticas de manejo e de
colheitas com supervisão técnica podem contribuir para que o erval seja
economicamente viável (Goulart; Penteado Junior, 2016).
16
Foto: Ives Clayton Gomes dos Reis Goulart
17
Referências
GERHARDT, M. História ambiental da erva-mate. 2003. 209 f. Tese (Doutorado
em História) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
18
Produção de
mudas por 3
sementes
A produção de mudas de erva-mate é comumente realizada por
sementes devido a algumas vantagens desse tipo de propagação, tais
como, facilidade de produção e menor custo de produção. Este tipo de
propagação permite que determinadas características da planta-mãe
sejam herdadas para a próxima geração (Duboc, 2015). No entanto deve-se
levar em consideração a variabilidade genética das mudas produzidas por
esse método (Medrado et al., 2000; Wendling; Santin, 2015).
De acordo com Medrado et al. (2000) e Duboc (2015), na escolha das
árvores produtoras de sementes deve-se observar, principalmente, as
seguintes características:
• Histórico: a produção da matriz ao longo do tempo, problemas
ocorridos com pragas e outros.
• Vigor: Esta característica refere-se à altura e ao diâmetro da copa da
árvore selecionada. Apenas as árvores que apresentam bom vigor e
boa produtividade de massa foliar devem ser selecionadas.
• Devem ser boa produtora de folhas e produzir poucas sementes.
• Devem ser preferidas árvores cujas folhas apresentem sabor ou
outra característica de interesse do mercado consumidor.
• Ramificação: Deve-se selecionar árvores com predominância de
produção de galhos finos, de copa vigorosa e bastante ramificada.
• Preferir plantas com ramificações lateriais de 45º em relação
ao tronco.
• Idade: Deve-se dar preferência às árvores com mais de 7 anos
de idade.
19
Após a seleção, deve-se acompanhar a floração e frutificação das
árvores selecionadas e registrar a proporção entre machos (árvores que
não frutificaram) e fêmeas (árvores com frutos). Com essas informações,
pode-se, nas safras seguintes, equilibrar a proporção e também substituir
as árvores-matrizes não produtivas ou com baixa produção de sementes
(Medrado et al., 2000). As áreas reservadas para matrizes de erva-mate
são chamadas de área de produção de sementes (Figura 3).
Foto: Luciane Jaques
20
3.1|Coleta de sementes
O sucesso da coleta de sementes de erva-mate depende da técnica
utilizada, de modo geral devem ser observados os seguintes aspectos:
• Coletar os frutos diretamente das árvores selecionadas, nunca
aqueles que caíram no solo. Pode-se utilizar lonas sob a copa da
matriz para evitar perdas de frutos (Figura 4).
21
Fotos: Maria Cecília Mireski
3.2|Quebra de dormência
As sementes de erva-mate apresentam dormência em virtude do
embrião se encontrar morfologicamente imaturo, necessitando da
quebra de dormência pelo método de estratificação para a germinação
(Wendling; Santin, 2015). A técnica de estratificação das sementes
consiste em alternar uma camada de sementes de até 2 cm, entre duas
camadas de areia com 8 cm a 10 cm cada uma, em um recipiente que
pode ser uma caixa de madeira ou plástico, com fundo perfurado para a
drenagem do excesso de umidade (Figura 8).
22
Fotos: Ivar Wendling
Figura 8. Caixas de estratificação de sementes de erva-mate.
3.3|Semeadura e germinação
Após o período de estratificação, as sementes devem ser levadas para
a germinação. As recomendações, a seguir, foram adaptadas de Medrado
et al. (2000), Duboc (2015) e Wendling e Santin (2015):
• Os canteiros que receberão as sementes devem ter
aproximadamente 1 m de largura, 10 cm a 15 cm de altura e
comprimento variável (Figura 9). Fotos: Ilvandro Barreto de Mello
23
• O substrato da sementeira pode ser composto por: a) três partes
de terra peneirada e duas partes de areia (3:2), acrescidos, em solos
de baixa fertilidade, de 3 kg a 4 kg de adubo N-P-K (6-15-6) por m³ da
mistura, ou b) três partes de terra de mata, uma de adubo orgânico e
uma de areia de granulometria média (3:1:1).
• A densidade de semeadura deverá ser de 250 g m-2 de sementes.
• Também é possível semear a erva-mate diretamente em tubetes.
Neste caso, 3 a 5 sementes devem ser colocadas por tubete, fazendo-se
o raleamento para uma muda, após a germinação (Figura 10).
Foto: Ilvandro Barreto de Mello
24
• A germinação também pode ser afetada pela época da colheita,
geralmente sementes colhidas precocemente e/ou tardiamente (fora da
época recomendada) demoram mais para germinar ou não germinam.
• O início da emergência das plântulas (mudas), após a semeadura,
geralmente ocorre entre 30 e 60 dias.
3.4|Repicagem
A repicagem é o processo de seleção e transferência das mudas da
sementeira para os recipientes de desenvolvimento (sacos plásticos ou
tubetes). As recomendações abaixo foram adaptadas de Medrado et al.
(2000) e Wendling e Santin (2015):
• A repicagem deve ser feita, preferencialmente, em dias nublados ou
chuvosos, para evitar a desidratação das mudas. Se for realizada em
dias ensolarados, deve-se evitar as horas mais quentes do dia e utilizar
uma cobertura móvel de sombrite; ou fazer todas as operações em
casa de vegetação com ambiente climatizado.
• A repicagem das plântulas para sacolas plásticas e ou tubetes pode
ser realizada quando essas atingirem altura entre 3 cm e 5 cm.
• As plântulas são retiradas individualmente e seguradas com cuidado
pelo colo, sendo selecionadas pelo vigor da parte aérea e do sistema
radicular, e colocadas em recipientes com água à sombra até serem
transplantadas para as sacolas plásticas ou tubetes.
• É necessário molhar bem o substrato dos recipientes para os quais
as plântulas serão repicadas.
• O espaço dentro da embalagem que receberá a plântula nunca
deverá ser menor do que o comprimento da raiz, assim evitará o
enovelamento da mesma.
• As sacolas plásticas ou tubetes com as mudas repicadas deverão ser
protegidas por sombra de 50%, até o seu pegamento.
A repicagem inadequada danifica o sistema radicular das mudas devido
ao dobramento das raízes. Nesta fase ocorre o início do enovelamento, que
prejudicará o desenvolvimento da planta por toda a sua vida (Figura 12).
25
Foto: Ivar Wendling
Figura 12. Muda cachimbada por falta do uso de chucho (à esquerda); chucho
(ao centro); muda perfeita repicada com o uso de chucho (à direita).
Ilustração: Joel Ferreira Penteado Junior
3.5|Substratos e recipientes
O substrato onde as mudas se desenvolverão deve permitir perfeita
drenagem, arejamento e capacidade de retenção adequada de água para
o bom desenvolvimento das mudas (Wendling; Santin, 2015). De acordo
com esses últimos autores, quaisquer opções de misturas listadas a seguir
apresentam boa textura e estrutura e, portanto, podem ser utilizadas:
• Mistura contendo 40% de esterco bovino curtido e 60% de serragem.
• Mistura de terra preta com esterco bovino na proporção 2:1.
• Mistura de terra de subsolo com esterco bovino na proporção 2:1.
Os recipientes utilizados para a produção de mudas de erva-mate
podem variar de tamanho, formato e tipo de material. A produção de
mudas recomendada para o Sistema Erva 20 é aquela oriunda de tubetes
plásticos, pois este tipo de embalagem tem as seguintes vantagens: uso
racional de área no viveiro, acondicionando maior número de mudas por
unidade de área; propiciar a automatização do sistema de produção; a
reutilização de embalagens e de substratos; a ergonomia adequada às
operações que dependam das pessoas; e o melhor desenvolvimento
do sistema radicular das mudas (Medrado et al., 2000; Duboc, 2015;
Wendling; Santin, 2015). Além disso, tubetes facilitam o transporte das
mudas para o campo e utilizam menor volume de substrato.
26
É recomendado que os tubetes plásticos para a produção de mudas
de erva-mate apresentem volume de 75 cm³ e/ou 110 cm³, apresentem
estrias/ranhuras internas para direcionar as raízes e reduzindo o seu
enovelamento (Wendling; Santin, 2015).
27
Referências
DUBOC, E. Erva-mate: parâmetros para seleção de planta matriz e área de coleta
de sementes. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, 2015. 48 p. (Embrapa
Agropecuária Oeste. Documentos, 132).
28
Produção de
mudas por
propagação 4
vegetativa
29
4.1|Seleção da planta matriz para
miniestaquia
Na seleção das plantas para a produção de miniestacas deverão ser
observadas características como:
• Produtividade de folhas.
• Resistência a pragas e doenças.
• Produção de galhos finos.
• Sabor aceitável pelo mercado.
• Tamanho da folha (quanto maior, melhor).
• Capacidade de enraizamento.
30
O minijardim clonal pode ser implantado em tubetes, vasos,
sistema semi-hidropônico em areia (canaletão) ou bandejas dentro
de casa de vegetação.
O sistema semi-hidropônico em canaletões é o mais indicado, pois
apresenta maior produtividade, qualidade dos brotos e facilidade de manejo.
31
4.4|Desinfestação das miniestacas e
equipamentos
Não é necessária a desinfestação, pois as estacas são produzidas em
casa de vegetação, portanto em um ambiente razoavelmente protegido.
Recomenda-se o acompanhamento quanto à sanidade das miniestacas,
das minicepas no minijardim clonal e da estufa para, se necessário,
realizar algum tratamento curativo caso ocorra alguma doença.
Figura 13. Canteiro com estacas de erva-mate contendo dois pares de folhas
cadas ao meio.
32
Imersão da base das estacas em AIB (ácido indolbutírico) 3.000 mg L-¹.
• Em seguida, as estacas são inseridas em tubetes contendo a mistura
de casca de arroz carbonizada e vermiculita média, na proporção de
1:1, e dispostas em casa-de-vegetação onde a umidade relativa do
ar deve ser mantida acima de 80% e a temperatura entre 20 °C a
30 °C, durante a fase de enraizamento que dura aproximadamente
quatro meses.
• As estacas enraizadas são, então, transplantadas para o canaletão
no espaçamento 10 cm x 20 cm.
• Uma semana após estarem estabelecidas no sistema semi-
hidropônico, os ápices das mudas devem ser podados a uma altura de
7 cm, sendo convertidas em minicepas para emissão das brotações a
serem usadas como miniestacas.
Recomendações importantes
As miniestacas coletadas no minijardim clonal são padronizadas
com um a três pares de folhas reduzidas à metade e, posteriormente,
enraizadas em tubetes plásticos com substrato dentro de casa-de-
vegetação com temperatura de 20 ° a 30 °C e umidade relativa do ar
maior que 80 %.
O substrato é constituído de proporções iguais de vermiculita de
granulometria média e casca de arroz carbonizada na proporção de 1:1.
Antes das miniestacas serão colocadas para enraizamento nos
tubetes plásticos preenchidos com substrato, deverão ser tratadas com
regulador vegetal AIB (3,0 g L-1) em solução alcoólica (50 % v/v) durante
10 segundos.
A indução do enraizamento das miniestacas deverá ser realizado
na casa de vegetação e, dependendo da época do ano, das condições
climáticas no ambiente de propagação, do clone envolvido e do estado
nutricional das miniestacas, podendo ter duração de 40 a 120 dias.
Depois de enraizadas, as miniestacas devem ser transferidas para
casa de sombra com 50 % de luminosidade, onde permanecerão por um
período de 30 a 60 dias, para crescimento e aclimatação.
33
Depois de aclimatadas, as mudas passarão pelo processo de
rustificação antes de seguir para o plantio no campo, que consiste em
redução gradual da irrigação e adubação, e exposição gradativa ao pleno
sol, evitando-se expô-las por tempo excessivo no início, prevenindo assim
o seu murchamento (Medrado et al., 2000). Nesta fase as mudas não
devem ultrapassar 1,5 vezes a altura do recipiente (adequada proporção
raiz / parte aérea) e o sistema radicular deve ser vigoroso, ocupando todo
o substrato do recipiente, sem enovelamento.
Referências
MEDRADO, M. J. S.; LOURENÇO, R. S.; RODIGHERI, H. R.; DEDECEK, R. A.;
PHILIPOVSKI, J. F.; CORREA, G. Implantação de ervais. Colombo: Embrapa
Florestas, 2000. 26 p. (Embrapa Florestas. Circular técnica, 41).
34
Qualidade das
mudas 5
A qualidade de um erval plantado está relacionada diretamente
com a qualidade das mudas utilizadas. Mudas de boa qualidade são
as que deverão suportar as adversidades do meio, apresentar ótimos
percentuais de sobrevivência no campo e produzir árvores com as
qualidades desejáveis. As recomendações deste tópico foram adaptadas
de Wendling et al. (2006) e Porfírio-da-Silva et al. (2009).
35
• Aspecto visual sadio, sem sintomas de deficiência nutricional com
diferença na tonalidade de cor das folhas (Figura 14).
Foto: Ivar Wendling
36
Foto: Clayton Dameda
Figura 15. Raiz de muda
de erva-mate com
boas características de
formação, sanidade e
coloração.
37
5.3|Escolha das mudas
Deve-se escolher dez mudas ao acaso. Retirar a embalagem, destorroar
e verificar quantas mudas apresentam a raiz enovelada e descartá-las.
O ideal é que nenhuma delas esteja enovelada (Figura 16).
De modo geral, as mudas de erva-mate de boa qualidade devem ter as
seguintes características:
• Aspecto sadio, sem sintomas de ataque de pragas, doenças ou
descoloração nas folhas o que é indicativo de deficiência nutricional.
Foto: Joel Fereira Penteado Junior
38
• Ter passado por um período de rustificação.
• Ter pelo menos 12 cm de altura e diâmetro do colo de
aproximadamente 3 mm.
• A parte aérea deve ser proporcional ou, no máximo, de 1,5 vez a
altura do seu recipiente.
• Apresentar boa formação radicular, ou seja, as raízes não podem
estar “enoveladas”, nem raízes mortas ou amarronzadas.
Importante: O enovelamento ou cachimbamento de raízes nas
mudas de erva-mate causam perdas que vão além da fase de mudas.
Em muitas situações as plantas não morrem em sua fase inicial,
entretanto desenvolvem-se de forma inadequada, causando redução de
produtividade do plantio e, consequentemente, da renda ao produtor.
Não raro, esses efeitos são percebidos pelos produtores somente na fase
de produção (Figura 17), sendo a solução recomendada o arranquio das
plantas e o plantio de novas mudas de qualidade.
Figura 17. Planta de erva-mate aos quatro anos de idade com sinais de
cachimbamento de raízes (erquerda). Detalhe da raíz cachimbada (direita).
39
Referências
PORFÍRIO-DA-SILVA, V.; MEDRADO, M. J. S.; NICODEMO, M. L.; DERETI, R. M.
Arborização de pastagens com espécies florestais madeireiras: implantação e
manejo. Colombo: Embrapa Florestas, 2009. 48 p.
40
Cultivares
comerciais 6
1
Adensamento de ervais nativos consiste na técnica de plantar mudas de erva-mate, com o intuito de aumentar a
densidade populacional e, consequentemente, a produtividade
41
6.1|Cultivares seminais
SCSBRS Caa rari
Mantenedor do registro: Embrapa e Empresa de Pesquisa
Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri)
Descrição: Cultivar seminal indicada para plantio em regiões de clima
subtropical a temperado sob a influência do tipo climático Cfa - clima
subtropical úmido mesotérmico, com verões quentes e geadas pouco
frequentes, com tendência de concentração das chuvas nos meses
de verão, sem estação seca definida (Figura 18). Desenvolvida com a
parceria institucional entre a Embrapa e a Epagri, a cultivar apresenta boa
produtividade de massa foliar, constituindo-se numa das poucas fontes de
sementes oriundas de testes combinados de procedências e progênies.
É uma alternativa ao material comercializado sem controle ou com
baixo grau de melhoramento. A expectativa de produtividade é de
20.000 kg ha-1 em condições de pleno sol e alto nível de adoção tecnológica,
nas condições do teste em Chapecó, SC (Da Croce; Sturion, 2014).
Foto: Ivar Wendling
42
Cambona 4
Mantenedor: Associação dos produtores de erva-mate de
Machadinho – Apromate
Descrição: A cultivar Cambona 4 foi selecionada pela suavidade ao
paladar baseada na sua elevada produtividade. Seu uso tem se descatado
por suavizar o sabor em blends com matéria-prima mais amarga (Melo,
2010). Tem sido cultivada a pleno sol e em sistema agroflorestal (Figura 19)
com espécies arbóreas, na região de Machadinho, RS (Melo, 2010; Correa
et al., 2011). É uma progênie biclonal, de material genético estabilizado,
oriundo de uma matriz denominada Cambona 4, em cruzamentos com
indivíduos machos controlados. O desenvolvimento da cultivar foi possível
graças a uma parceria entre produtor rural de Machadinho-RS e equipes
da Embrapa Florestas, Emater-RS e Apromate. A produtividade esperada
é de 21.000 kg/ha a cada 18 meses, em cultivos a pleno sol ou levemente
sombreados com alta adoção tecnológica (Correa et al., 2011; Associação
dos Produtores de Erva-Mate de Machadinho, RS, 2016).
43
6.2|Cultivares clonais
BRS 408
Mantenedor: Embrapa
Descrição: A cultivar clonal BRS 408 (Figura 20) foi obtida de um
indivíduo selecionado na progênie da procedência de Cascavel, PR e
propagado por miniestaquia. A cultivar BRS 408 apresenta caule verde
claro. O pecíolo é relativamente curto, medindo aproximadamente
15 mm de comprimento e apresenta leve tortuosidade. A bebida obtida
de suas folhas apresenta sabor medianamente suave, com base na análise
sensorial de provadores treinados, atingindo a nota 5 em uma escala
de 0 a 10 (Wendling et al., 2017b). A produtividade esperada da BRS 408
é de 18.000 kg ha-1 de massa verde, a cada 18 meses, em plantio com
elevada adoção tecnológica, desde que plantada no espaçamento de
3 m x 1,5 m (4,5 m² por planta), sob pleno sol ou com sombreamento de
até 30% (Wendling et al., 2017b).
Foto: Ivar Wendling
44
BRS 409
Mantenedor: Embrapa
Descrição: A cultivar clonal BRS 409 (Figura 21) foi obtida de
um indivíduo da procedência de Bocaiúva do Sul, PR. É propagada
vegetativamente por miniestaquia e possui caule de cor acinzentada.
O pecíolo é relativamente curto, medindo mais ou menos 15 mm de
comprimento e apresenta leve tortuosidade. A bebida obtida de suas
folhas apresenta sabor medianamente suave, com base na análise
sensorial realizada por provadores treinados, atingindo a nota 5,5 em
uma escala de 0 a 10 (Wendling et al., 2017b). A produtividade esperada
da BRS 409 é de 24.000 kg ha-1 de massa verde, a cada 18 meses, em
plantio de alta adoção tecnológica, desde que plantada no espaçamento
de 3 m x 1,5 m (4,5 m² por planta), sob pleno sol ou com sombreamento
de até 30% (Wendling et al., 2017b).
45
Indicação de plantio das cultivares BRS 408 e 409
As cultivares BRS 408 e BRS 409 são indicadas para plantio na região de
Ponta Grossa, PR e locais com condições de clima e edáficas similares, com
solos bem drenados. Características de clima, solo e plasticidade genética da
erva-mate também indicam que a mesma poderá se adaptar às regiões de
ocorrência natural da cultura nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul. Entretanto, uma rede de testes clonais com as cultivares em
várias regiões de plantio da espécie encontra-se em fase de avaliação, visando a
sua validação e indicação de cultivo nas outras regiões (Wendling et al., 2017b).
46
BRS BLD Yari
Mantenedor: Baldo S/A Comércio, Indústria e Exportações; Embrapa
Descrição: A planta original do cultivar BRS BLD Yari (Figura 23)
é do sexo feminino de alta produtividade e folhas de sabor suave.
A cultivar possui caule de cor verde fosco e as folhas são de coloração
verde clara, quando cultivada em condições de sol, e suas bordas são
providas de pequenos dentes. O pecíolo é relativamente curto, medindo
aproximadamente 15 mm de comprimento (Wendling et al., 2017a).
A cultivar pode ser considerada de boa produtividade de massa foliar e alta
suavidade. A produtividade esperada da BRS BLD Yari é de 24.000 kg ha-1
de massa verde, a cada 18 meses, em plantio de alta adoção tecnológica,
desde que plantada no espaçamento de 3 m x 1,5 m (4,5 m² por planta),
sob pleno sol ou com sombreamento de até 30% (Wendling et al., 2017a).
47
Indicação de plantio das cultivares BRS BLD
Aupaba e BRS BLD Yari
As cultivares BRS BLD Aupaba e BRS BLD Yari são indicadas para plantio
na região de São Mateus do Sul-PR e locais com condições de clima e
edáficas similares, com solos bem drenados. Características de clima, de
solo e plasticidade genética da erva-mate também indicam que a mesma
poderá adaptar-se às regiões de ocorrência natural da cultura nos estados
do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Entretanto, uma rede de
testes clonais com as cultivares em várias regiões de plantio da espécie
está em fase de avaliação, visando a sua validação e indicação de cultivo
nas outras regiões (Wendling et al., 2017b).
Referências
ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE ERVA-MATE DE MACHADINHO, RS. Sistema
Agroflorestal de Erva-Mate Cambona 4. [Machadinho], 2016. 6 p. Folder.
CORREA, G.; FONSECA, T. M.; MELO, I. B.; GRISON, A.; RUFFATO, A.; MEDRADO, M.
J. S.; CANSIAN, R. L.; MONTOYA VILCAHUAMÁN, L. J.; FELIZARI, S. R. Cambona 4:
desenvolvimento de uma progênie biclonal de erva-mate em Machadinho, RS.
Colombo: Embrapa Florestas, 2011. 28 p. (Embrapa Florestas. Documentos, 224).
WENDLING, I.; SANTIN, D.; NAGAOKA, R.; STURION, J. A. BRS BLD Aupaba e
BRS BLD Yari: cultivares clonais de erva-mate para produção de massa foliar
de sabor suave. Colombo: Embrapa Florestas, 2017a. 6 p. (Embrapa Florestas.
Comunicado técnico, 411).
WENDLING, I.; STURION, J. A.; SANTIN, D. BRS 408 e BRS 409: cultivares clonais
de erva-mate para produção de massa foliar. Colombo: Embrapa Florestas,
2017b. 6 p. (Embrapa Florestas. Comunicado técnico, 411).
48
Implantação 7
A implantação e a manutenção de um erval exigem atenção permanente
por parte dos produtores, nos primeiros três anos, pricipalmente. É uma
das etapas de maior custo do sistema de produção. Por isso, a adoção de
práticas de manejo neste período é imprescindível e será determinante
para o alcance da produtividade esperada e para a garantia dos retornos
econômicos previstos (Medrado et al., 2000).
49
adequadamente, as plantas se desenvolvem mais lentamente, mantendo
porte baixo e com produtividade insatisfatória. Na etapa de preparo do
solo, pode-se fazer adubação de plantio, contribuindo para o sucesso
da implantação. É importante levar em conta as formas de preparo do
solo, que pode ser feito em linha, quando o relevo permitir, ou em covas
quando o plantio for em área de floresta ou em solos não mecanizáveis.
(A)
Foto: Ivar Wendling
(B)
50
Foto: Ives Clayton Gomes dos Reis Goulart
(A)
51
Preparar o solo nas linhas de plantio, com subsolador regulado para
30 cm a 40 cm de profundidade (Figura 26). Esta prática abre o sulco para
a colocação das mudas e descompacta o solo na camada subsuperficial:
• Controlar as plantas daninhas nas linhas de plantio.
• Realizar a aplicação da adubação de plantio juntamente o preparo
do solo.
Foto: Emiliano Santarosa
52
Fazer o coroamento das mudas após o plantio. O coroamento
é o controle de plantas daninhas que crescem ao redor da muda.
Controlam-se as plantas em um círculo de 1 m ao redor da muda, tendo
o cuidado de deixar a massa vegetal capinada ao redor da muda, o que
reduz a germinação de plantas daninhas.
7.3|Espaçamento
O espaçamento entre plantas é determinado de acordo com o sistema
de produção a ser adotado e maquinário disponível na propriedade.
O espaçamento deve considerar a forma de cultivo, se houver entrada
de trator nas entrelinhas, para roçada ou outros manejos. Portanto,
deve-se levar em conta a largura dos implementos utilizados. Em caso
de solos não mecanizáveis, pode-se reduzir o espaçamento até um limite
tecnicamente eficiente.
Sistemas de plantio solteiro
Não se recomenda plantar mais de 2.500 plantas por hectare em
ervais sob pleno sol.
3,5 m x 1,5 m - 1.900 plantas por hectare
3 m x 2 m – 1.666 plantas por hectare
53
Sistemas agroflorestais (erva-mate x culturas anuais)
O espaçamento da entrelinha vai depender da largura do maquinário
a ser utilizado para o plantio e manejo da cultura agrícola. Como exemplo
tem-se: 4 m x 2 m (1.250 plantas por hectare).
Em sistemas sombreados
2,25 m x 1,5 m (2.960 plantas por hectare).
Figura 28. Mudas de erva-mate com aplicação de gel previamente ao seu plantio.
54
O hidrogel deve ser diluído em água, na proporção de 3 g L-1 a 7 g L-1, o
que varia de acordo com a textura do solo, sendo que, em solos argilosos,
pode-se utilizar uma proporção menor, e para solos arenosos utilizar uma
proporção maior, de acordo com recomendações dos fabricantes.
Em contato com a água o hidrogel incha, portanto, quando se
efetuar a diluição, utilizar um recipiente grande o bastante para que a
solução não transborde. Despejar de 400 mL a 500 mL da solução no
fundo da cova.
7.5|Plantio no campo
O bom desenvolvimento do erval no campo depende de mudas
de qualidade e do plantio feito corretamente, na época certa, com as
condições adequadas de umidade no solo, adubação de plantio e proteção
das mudas contra insolação excessiva.
A época preferencial para plantio da erva-mate é entre os meses de
setembro e outubro. Plantios fora dessa época correm riscos de estiagem
ou geadas, por isso o risco de perdas é maior.
Não plantar com solo seco, sempre preferir o plantio após uma
chuva com solo já úmido. Caso seja necessário plantar em condições
de solo seco, usar o hidrogel e irrigar as mudas individualmente.
55
No momento do plantio, se as mudas foram produzidas em sacos
plásticos, deve-se realizar um corte na base do recipiente, podando
assim eventuais excessos no tamanho das raízes e retirando eventuais
raízes enroladas.
Retirar por completo o saco plástico das mudas, para evitar
mortalidade e crescimento insatisfatório das mudas. A Figura 30
mostra a forma correta para a retirada da sacola plástica do torrão e
a Figura 31 ilustra a forma correta de colocar a muda produzida em
tubete ou em saco plástico. O torrão que envolve as mudas produzidas
em tubete também deve ser retirado de dentro do tubete, antes de
ir para o solo.
Fotos: Márcio Olsen Pizzatto
56
(A) (B)
57
(A)
(B)
Figura 31. Posição correta que as mudas devem ser colocadas no solo, e dos erros
mais comuns, no momento do plantio. Mudas de tubetes (A). Mudas de sacos
plásticos (B). O círculo indica a forma correta de plantio.
58
As mudas devem ser colocadas no solo e uma leve compressão no
entorno deve ser feita. Isso serve para facilitar o contato das raízes com o
solo (Figura 32). O coleto das mudas deve ficar rente à superfície do solo,
como ilustrado na Figura 31.
59
Fotos: Ivar Wendling
(A) (B)
60
Foto: Ives Clayton Gomes dos Reis Goulart
Figura 35. Proteção de mudas de erva-mate com lâminas de madeira.
7.7|Replantio
O replantio será necessário quando a mortalidade das mudas for
maior que 5%, situação na qual deverá ser avaliada as possíveis causas
de mortalidade.
Quando houver necessidade, o replantio deverá ser realizado num
período de, no máximo, 60 dias após o plantio. O replantio, realizado
dentro deste período, favorece o crescimento homogêneo do erval e a
aplicação uniforme das práticas de manejo. Todas as recomendações de
plantio devem ser seguidas também no replantio.
61
Referências
MEDRADO, M. J. S.; LOURENÇO, R. S.; RODIGHERI, H. R.; DEDECEK, R. A.;
PHILIPOVSKI, J. F.; CORREA, G. Implantação de ervais. Colombo: Embrapa
Florestas, 2000. 26 p. (Embrapa Florestas. Circular técnica, 41).
62
Adubação
do erval 8
63
A recomendação de adubação irá indicar, com base na análise de
solo, quanto de cada nutriente deverá ser aplicado. O técnico ou o
produtor deverão calcular quanto do adubo formulado disponível
deverá ser aplicado. É importante salientar que a recomendação
de adubação apresentada aqui pode ser utilizada em ervais
orgânicos, desde que os formulados a serem aplicados obedeçam às
regulamentações vigentes.
64
8.1|Interpretação da análise de solo
A interpretação dos resultados da análise de solo deve ser feita
conforme as tabelas abaixo:
Tabela 3. Interpretação do teor de matéria orgânica, cálcio e magnésio no solo.
Matéria orgânica Cálcio Magnésio
Interpretação
% - - - - - - - cmolcdm-3 - - - - - - -
Baixo ≤ 2,5 ≤ 2,0 ≤ 0,5
Médio 2,6 − 5,0 2,1 − 4,0 0,6 − 1,0
Alto > 5,0 > 4,0 > 1,0
Fonte: CQFS-RS/SC (Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2004).
Muito baixo ≤ 30 ≤ 20 ≤ 15
Baixo 31 ‒ 60 21 ‒ 40 16 ‒ 30
Médio 61 ‒ 90 41 ‒ 60 31 ‒ 45
Alto 91 ‒ 180 61 ‒ 120 46 ‒ 90
Muito alto > 180 > 120 > 90
Fonte: CQFS-RS/SC (Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2004).
65
8.2|Recomendação de cálcio e magnésio
Tabela 6. Recomendação de calcário para as fases de plantio, de formação de
copa e de produção.
Calcário*
Plantio Formação de copa
CTCph7,0 do solo e produção
Na cova** Área total, incorporado *** Área total, superficial ****
cmolc dm -3
g planta -1
- - - - - - - - - - - t ha - - - - - - - - - - -
-1
condições aplicar calcário dolomítico. Quando o teor de Ca2+ no solo estiver em nível alto e o de Mg2+ baixo, aplicar
somente 50% da dose com calcário dolomítico.
** O calcário deve ser incorporado de forma homogênea no volume de solo da cova. Na fórmula, o valor de
Ca+Mg corresponde à disponibilidade dos mesmos no solo em cmolc dm-3. O fator “f” na fórmula corresponde
ao volume de solo da cova. Uma cova com dimensões de 30 cm x 30 cm x 33 cm corresponde ao revolvimento
de 30 dm3 de solo, sendo “f”= 30.
*** Em área total na profundidade de 0 cm-20 cm do solo.
**** Aplicar sem incorporar, em qualquer época do ano.
Fonte: Wendling e Santin (2015).
8.3|Recomendação de adubação de
plantio e de formação de copa
As mudas de erva-mate necessitam de nutrientes para iniciarem seu
desenvolvimento no campo. Por isso, a adubação nas fases iniciais é
muito importante e não deve ser negligenciada. Quanto mais adequada a
fertilidade do solo, menor será o tempo até a primeira poda, ou poda de
desponte. Consequentemente, menor será o tempo até a primeira poda
de colheita.
No plantio, a adubação deve ser aplicada e incorporada, na cova ou na
linha de plantio.
66
Seis meses após o plantio, a adubação deve ser aplicada na superfície
do solo, a uma distância de 25 cm do caule da muda. Pode ser aplicada
circundando a muda ou de forma contínua (filete contínuo) a 25 cm da
linha de plantio (Figura 37).
Na fase de Formação 1 de copa, aplicar a adubação a uma distância
de 40 cm do caule da planta, circundando-a ou em filete contínuo
(Figura 37).
67
Tabela 7. Recomendação de nitrogênio para fase de plantio e formação de copa.
Nitrogênio
Teor de matéria
orgânica no Plantio Formação de copa **
solo
Cova* com 30 dm 3 Pós-plantio** Formação 1 Formação 2
% g planta de N -1
- - - - - - - - g planta ano de N - - - - - - -
-1 -1
≤ 2,5 18 30 40 50
2,6 – 5,0 12 20 30 40
> 5,0 6 10 15 25
*Quando a cova não apresentar dimensões de 30 cm x 30 cm x 33 cm e/ou que o volume da mesma seja
diferente de 30 dm3, a quantidade de nitrogênio deve ser recalculada para o volume de solo real da cova. Para
isso, considerar dose de 0,6 g dm-3, 0,4 g dm-3 e 0,2 g dm-3 de nitrogênio, quando o teor de matéria orgânica no
solo estiver, respectivamente, em nível baixo, médio e alto.
**A dose total anual de nitrogênio deve ser parcelada em duas vezes iguais, aplicadas preferencialmente em
janeiro e setembro.
Fonte: Wendling e Santin (2015).
Muito baixo 24 40 55 65
Baixo 18 30 40 50
Médio 12 20 30 40
Alto 6 10 20 25
Muito Alto 0 0 10 15
* Quando a cova não apresentar dimensões de 30 cm x 30 cm x 33 cm e/ou que o volume da mesma seja
diferente de 30 dm3, a quantidade de fósforo deve ser recalculada para o volume de solo real da cova. Para isso,
considerar dose de 0,8 g dm-3, 0,4 g dm-3, 0,2 g dm-3 e 0,0 g dm-3 de P2O5 quando o teor de fósforo no solo estiver,
respectivamente, em nível muito baixo, baixo, médio, alto e muito alto.
**A dose total anual de fósforo pode ser aplicada em dose única ou parcelada em duas vezes iguais,
preferencialmente em janeiro e setembro.
Fonte: Wendling e Santin (2015).
68
Tabela 9. Recomendação de potássio para fase de plantio e formação de copa.
Potássio
Interpretação
do teor de K Plantio Formação de copa **
no solo Cova* com 30 dm 3 Pós-plantio** Formação 1 Formação 2
g planta de K2O
-1
- - - - - - g planta ano de K2O - - - - - -
-1 -1
Muito baixo 18 35 50 60
Baixo 12 25 40 45
Médio 6 15 30 35
Alto 3 10 20 25
Muito alto 0 0 10 15
* Quando a cova não apresentar dimensões de 30 cm x 30 cm x 33 cm e/ou que o volume da mesma seja
diferente de 30 dm3, a quantidade de potássio deve ser recalculada para o volume de solo real da cova. Para isso,
considerar dose de 0,6 g dm-3, 0,4 g dm-3, 0,1 g dm-3 e 0,0 g dm-3 de K2O quando o teor do potássio no solo estiver,
respectivamente, em nível Muito Baixo, Baixo, Médio, Alto e Muito Alto.
** A dose total anual de potássio deve ser parcelada em duas vezes iguais, aplicadas, preferencialmente, em
janeiro e setembro.
Fonte: Wendling e Santin (2015).
8.4|Recomendação de adubação de
produção
A colheita da erva-mate retira do erval uma quantidade considerável
de material vegetal e, portanto, exporta os nutrientes contidos nesse
material para fora da área de produção. Caso não haja reposição desses
nutrientes, o solo vai se esgotando gradualmente e a produtividade do
erval diminui. Portanto, é imprescindível a reposição nutricional nos
ervais em produção, independente de sistema convencional ou orgânico.
A exportação de nutrientes depende do intervalo de tempo entre
colheitas e do tipo de manejo. Quanto maior o intervalo entre colheitas,
maior a exportação de nutrientes do solo. Entretanto, não é recomendada
a colheita em períodos maiores que 24 meses, devido à acentuada queda
natural de folhas. No caso de colheitas onde, além dos galhos finos e folhas,
são retirados do erval também os galhos grossos, a extração é maior. Por
isso, para a recomendação de adubação na fase de produção, o tipo de
manejo realizado tem extrema importância e, por isso, ele é usado no cálculo
da dose. Manejo 1, quando não são retirados galhos grossos, e Manejo 2
quando os galhos grossos são retirados do erval (Wendling; Santin, 2015).
69
Tabela 10. Recomendação de nitrogênio para a cultura da erva-mate em fase
de produção, conforme manejo* do resíduo da colheita e intervalo de tempo
entre colheitas.
Correção e reposição de nitrogênio, fase produção**
Teor de matéria
orgânica no Manejo 1 Manejo 2 Manejo 2
solo 18 meses 24 meses
- - - - - - - - - - - - - - - - - kg ha-1 de N - - - - - - - - - - - - - - - - -
Baixo*** PECVx0,0121 PECVx0,0133 PECVx0,0137
Médio PECVx0,0107 PECVx0,0118 PECVx0,0122
Alto PECVx0,00938 PECVx0,0103 PECVx0,0107
PECV= peso de erva-mate comercial verde, em kg ha-1.
*Manejo 1= retirada da área de colheita somente da erva-mate comercial (folha mais galho fino), para colheitas
com intervalos de 12, 18 e 24 meses e Manejo 2= retirada da área de colheita da erva-mate comercial e todo ou
parte do galho grosso, para colheitas com intervalos de 18 e 24 meses. No cálculo da adubação para o Manejo 2,
considerar se a colheita é realizada com intervalo de 18 ou 24 meses.
**Parcelar a dose total de nitrogênio conforme intervalo de tempo entre cada colheita, com aplicação da
adubação, preferencialmente, em janeiro e setembro.
***Quando o teor de matéria orgânica no solo estiver em nível baixo, a dose miníma recomendada é de 120 kg ha-1,
180 kg ha-1 e 230 kg ha-1 de N, respectivamente, para ervais com intervalo de colheita de 12, 18 e 24 meses.
Fonte: Wendling e Santin (2015).
70
Tabela 12. Recomendação de potássio para a cultura da erva-mate em fase
de produção, conforme manejo* do resíduo da colheita e intervalo de tempo
entre colheitas.
Correção e reposição de potássio, fase produção**
Interpretação do Manejo 1 Manejo 2 Manejo 2
teor de K no solo 18 meses 24 meses
- - - - - - - - - - - - - - - - - kg ha-1 de K2O - - - - - - - - - - - - - - - - -
Muito baixo*** PECVx0,0161 PECVx0,0198 PECVx0,0209
Baixo PECVx0,0129 PECVx0,0158 PECVx0,0166
Médio PECVx0,00964 PECVx0,0119 PECVx0,0124
Alto PECVx0,00643 PECVx0,00791 PECVx0,00829
Muito alto**** PECVx0,00321 PECVx0,00395 PECVx0,00415
PECV= peso de erva-mate comercial verde, em kg ha-1.
*Manejo 1= retirada da área de colheita somente da erva-mate comercial (folha mais galho fino), para colheitas
com intervalos de 12, 18 e 24 meses. Manejo 2= retirada da área de colheita da erva-mate comercial e todo ou
parte do galho grosso, para colheitas com intervalos de 18 e 24 meses. No cálculo da adubação para o Manejo 2,
considerar se a colheita é realizada com intervalo de 18 ou 24 meses.
**Parcelar a dose total de potássio, conforme intervalo de tempo entre cada colheita, com aplicação da
adubação, preferencialmente, em janeiro e setembro.
***Quando o teor de K no solo estiver em nível muito baixo, a dose mínima recomendada é de 120 kg ha-1,
180 kg ha-1 e 230 kg ha-1 K2O, respectivamente, para ervais com intervalo de colheita de 12, 18 e 24 meses.
****Quando o teor de potássio no solo estiver 1,5 vezes acima do nível muito alto, não é recomendada a
adubação potássica.
Fonte: Wendling e Santin (2015).
8.5|Manejo da adubação
O manejo da adubação trata da forma e das épocas de aplicação das
doses recomendadas para os diferentes nutrientes. Em alguns casos é
recomentada a aplicação da dose de forma parcelada. Isso é necessário,
71
pois alguns nutrientes podem ser perdidos no ambiente antes que as
erveiras consigam utilizá-los. O nitrogênio, por exemplo, pode ser perdido
por lixiviação, quando há excesso de chuvas ou por volatilização, em
períodos de estiagem. O mesmo ocorre com o potássio, altamente solúvel
em água, que pode ser perdido por lixiviação. No caso da erva mate, a
aplicação de adubos minerais deve ser fracionada em duas ou mais vezes.
Já os adubos orgânicos, que possuem liberação de nutrientes mais lenta,
podem ser aplicados em uma ou duas vezes. Além disso, as épocas de
aplicação devem ser seguidas, pois reduzem a probabilidade de perdas e
reduzem o efeito negativo sobre a qualidade da matéria-prima.
Cálcio e magnésio
A aplicação de cálcio e magnésio, encontrados no calcário, deverá ser
feita nas covas, linhas de plantio ou em área total, por ocasião do preparo
do solo (conforme descrito no item 6.2).
Em ervais previamente estabelecidos, a aplicação poderá ser feita em
qualquer época do ano e de forma superficial, a lanço, sem a necessidade
de incorporação.
72
Na fase de Produção, a adubação deve ser feita a lanço, na área
total, respeitando a distância de 40 cm do caule das plantas. A dose
total recomendada é calculada para intervalo de colheita utilizado. Por
exemplo, se o intervalo de colheita é de 18 meses, a dose recomendada
deverá ser aplicada em um período de 18 meses.
A dose total deve ser parcelada, sobretudo a de nitrogênio e potássio,
em duas ou mais vezes (Tabela 13). O fósforo pode ser ou não parcelado,
dependendo da formulação utilizada.
As épocas de aplicação dos adubos são muito importantes e devem
ser obedecidas (Tabela 13). O prazo de carência de três meses, para
a aplicação de adubos antes da colheita, deve ser respeitado, pois a
aplicação de adubos antes da colheita reduz a qualidade da erva-mate
colhida e deprecia o seu valor de mercado.
74
Controle
de plantas 9
daninhas
Como qualquer cultura, a erva-mate é afetada por plantas daninhas
que competem por água, luz e nutrientes. Por se tratar de uma cultura
perene, nos períodos de maior atividade vegetativa, essa competição é
mais impactante (Pelissari et al., 2000).
De forma geral, a cobertura vegetal do solo nos ervais é desejada,
pois ela evita riscos de erosão hídrica e se constitui em uma fonte de
matéria orgânica para os solos. Entretanto, a vegetação espontânea
causa um efeito negativo sobre as erveiras, durante o período de maior
atividade vegetativa, sobretudo quando a adubação não é realizada
(Philipovsky et al., 1997). Esse efeito é causado pela imobilização de
nutrientes, indisponíveis até o final do ciclo da vegetação das plantas
daninhas. Neste caso, o manejo das plantas daninhas deve ser realizado
antes destas atingirem o máximo crescimento vegetativo, o que ocorre
após as podas das erveiras e na primavera.
Na cultura da erva-mate o controle de plantas daninhas deve ser
realizado de forma física, com capinas ou roçadas.
75
Para plantio em cova, o coroamento tem a função de controlar o
“mato” no entorno da muda. Entretanto, dependendo da situação e,
sobretudo, na primavera e verão, plantas daninhas podem germinar e
iniciar a competição. Neste caso é necessária a capina em torno das
mudas novamente. No coroamento, recomenda-se manter o solo
coberto com a própria biomassa oriunda da capina, para mantê-lo
protegido (Figura 38).
Fotos: Ives Clayton Gomes dos Reis Goulart
76
Foto: Ivar Wendling
Figura 39. Preparo
do solo na linha
de plantio, com
controle físico da
vegetação na linha.
77
Foto: Ives Clayton Gomes dos Reis Goulart
Referências
BURTNIK, O. J. Yerba mate: manual de producción. Corrientes: INTA, AER Santo
Tomé, 2006. 52 p.
78
Cobertura
do solo 10
79
Algumas características devem ser levadas em conta na seleção de
espécies de cobertura (Medrado, 2002):
• Resemear naturalmente.
80
Tabela 14. Espécies para cobertura do solo e adubação verde em povoamentos
de erva-mate sob pleno sol.
Família
Espécies hibernais (inverno) Ciclo
botânica
Família
Espécies Estivais (verão) Ciclo
botânica
81
Foto: Ives Clayton Gomes dos Reis Goulart
82
Existem outras espécies com possibilidade de serem usadas
como cobertura vegetal do solo em ervais, portanto a tabela acima
não inclui todas as possibilidades. Além disso, diversos consórcios
entre as espécies de cobertura podem ser utilizados com vantagens
interessantes. Um exemplo é o consórcio entre espécies gramíneas
e leguminosas (Figura 43), tais como a aveia preta e a ervilhaca.
As espécies de gramíneas produzem maior quantidade de biomassa,
sendo importantes para a formação de palhada para a cobertura do
solo e incremento de matéria orgânica. Enquanto as leguminosas são
espécies fixadoras de nitrogênio, chamadas de adubos verde, pois,
mediante simbiose com bactérias fixadoras de nitrogênio (Rhizobium),
contribuem diretamente para incremento deste nutriente no solo
(Philipovsky et al.,1997; Medrado et al., 2002; Goulart; Penteado
Junior, 2016).
83
Foto: Ives Clayton Gomes dos Reis Goulart
84
Foto: Ives Clayton Gomes dos Reis Goulart
85
Foto: Ives Clayton Gomes dos Reis Goulart
86
Mesmo em ervais sombreados pode-se ter coberturas verdes,
dependendo da tolerância ao sombreamento que a espécie de cobertura
verde apresente e da intensidade do sombreamento.
Importante: Algumas vezes, em situações de campo, espécies nativas
ou espontâneas que possuem características desejadas, podem ocupar
as entrelinhas dos ervais naturalmente (Figura 46). Do ponto de vista
de manejo do erval, isto é importante, pois favorece a supressão de
espécies altamente competidoras ou prejudiciais, como as trepadeiras.
Nestes casos, recomenda-se consultar um engenheiro agrônomo para
avaliar a possibilidade do favorecimento de determinada (s) espécie (s),
manejando a fertilidade do solo e reduzindo custo de implantação das
coberturas. Assim, tanto a erva-mate quanto as espécies de cobertura se
desenvolverão adequadamente.
87
Foto: Ives Clayton Gomes dos Reis Goulart
88
Referências
GOULART, I. C. R.; PENTEADO JUNIOR, J. F. Erva 20: Sistema de produção de erva-
mate. In: SEMINÁRIO ERVA-MATE XXI: modernização no cultivo e diversificação
do uso da erva-mate, 2016, Curitiba. Anais. Colombo: Embrapa Florestas, 2016.
p. 44-47. (Embrapa Florestas. Documentos, 298).
LIMA FILHO, O. F.; AMBROSANO, E. J.; ROSSI, F.; CARLOS, J. A. D. (Ed.). Adubação
verde e plantas de cobertura no Brasil: fundamentos e prática. Brasília, DF:
Embrapa, 2014a. v. 1, 507 p.
LIMA FILHO, O. F.; AMBROSANO, E. J.; ROSSI, F.; CARLOS, J. A. D. (Ed.). Adubação
verde e plantas de cobertura no Brasil: fundamentos e prática. Brasília, DF:
Embrapa, 2014b. v. 2, 478 p.
89
90
Sistemas
de podas 11
A adoção de técnicas eficientes na colheita tem grande importância
econômica para a produção ervateira, pois permite maior longevidade
do erval e mantém a sua produtividade (Penteado Junior; Goulart, 2017).
A poda bem executada visa, por meio da retirada de partes escolhidas
da planta, definir uma arquitetura ampla, bem distribuída, mantendo
a erveira com boa sanidade. Com isso, o rendimento da biomassa
das plantas trará o retorno econômico dos investimentos realizados
(Penteado Junior; Goulart, 2017). As recomendações de podas deste
Capítulo foram adaptadas de Medrado et al. (2000a, 2000b) e de Penteado
Junior e Goulart (2017).
E fundamental compreender os objetivos e tipos de poda, pois eles
determinam o sucesso da implantação, a produtividade e a longevide
do erval. Para realizar uma poda adequadamente é necessário conhecer
a forma (arquitetura) de copa da erveira e seus tipos de ramos, pois
são estas estruturas de uma planta de erva-mate que serão podadas e
colhidas. Além disso, as épocas recomendadas para as podas devem ser
seguidas, pois reduzem o risco de perdas por geadas ou estiagens, que
podem comprometer o desenvolvimento das brotações.
91
• As “bandeirinhas” são os ramos intermediários, subdominados, de
crescimento vertical ou lateral e com diâmetro menor que 2 cm e
com casca verde (Figura 48).
• Os “ramos finos”, que são os dominados, com diâmetro menor que
1 cm e que podem ser colhidos facilmente de forma manual, sem a
necessidade do uso de ferramentas de poda (Figura 49).
Foto: Ives Clayton Gomes dos Reis Goulart
92
Foto: Rodolfo Bührer
Figura 49. Identificação de ramos finos em erva-mate.
93
Foto: Rodolfo Bührer
94
Figura 51. Arquitetura desejada em erveira comercial em fase de produção.
Ilustração: Joel Fereira Penteado Junior
95
11.4|Tipos de poda
11.4.1|Poda de formação
As plantas lenhosas arbóreas apresentam meristema apical ativo
que dificulta a formação de gemas laterais, as quais definem a forma
da copa. A dominância apical da erva-mate é muito forte, este fato
dificulta a abertura da copa desejável para a produção de folhas.
Esta característica da planta reforça a importância de boas práticas de
poda (Medrado et al., 2000a).
Diante deste aspecto, é fundamental a realização da poda de formação
na erva-mate. Sua função é quebrar o crescimento apical da planta
induzindo o crescimento de brotos laterais, os quais irão equilibrar a copa
e favorecer a produção foliar, proporcionando uma distribuição adequada
de ramos, facilitando a aeração, a iluminação interna da copa e a altura
apropriada para a colheita (Figura 53 e 54).
96
Fotos: Joel Fereira Penteado Junior
Figura 54. Planta de erva-mate 6 meses após a poda de desponte (esquerda)
e detalhe do corte circundado pelas brotações (direita).
97
Foto: Ives Clayton Gomes dos Reis Goulart
98
A poda de formação é realizada pelo corte da haste principal da planta,
na altura de 20 cm. O corte deve ser realizado em bisel, ou seja, inclinado,
liso e sem lascas. Isto evita o acúmulo de água na superfície do corte e
reduz a probabilidade de apodrecimento no local (Figura 56), garantindo
uma cicatrização adequada e dificultando a ação de pragas e doenças.
Para o corte utiliza-se tesoura de poda ou serrote corretamente afiados.
Também são eliminados os ramos malformados ou cruzados.
99
11.4.2|Corte produtivo racional.
Consiste em executar a desrama dos ramos finos, de preferência nos
meses de abril e maio. Deve-se colher com as mãos, sem ferramentas,
desde a sua inserção e sem deixar porção basal, todos os ramos finos,
dominados e os orientados para o centro da copa.
Entre os meses de agosto e início de setembro, podam-se as bandeiras,
com o uso de tesoura ou serrote. São cortados, especialmente os galhos
com a casca madura (suberizada), de cor cinza na base, deixando uma
porção basal do talo (aumento) de 10 cm a 15 cm de comprimento
(Figura 57). O corte sempre deverá ser em bisel, liso e sem lascas.
Os galhos com tendência de crescimento para o centro da copa, assim
como os entrecruzados e os malformados são eliminados desde a sua
inserção, sem deixar porção basal.
Não se deve cortar as bandeirinhas, especialmente aqueles galhos
que tendem a crescer para fora da copa. Eles permanecerão para serem
podadas na temporada seguinte.
Os galhos remanescentes devem obedecer sempre o sentido da ampliação
do diâmetro da copa, deixando a planta com aparência de distribuição uniforme.
É fundamental que cada galho da planta permaneça com, pelo menos,
um ramo com folhas. Esse procedimento, além de conduzir a arquitetura
da planta, favorece a prática de novas colheitas e proporciona condições
para o aumento da produtividade (Figura 57 e 58).
A poda de colheita deve ser realizada, preferencialmente, entre
setembro e outubro e entre fevereiro e março, desde que o período de
18 meses entre as podas seja respeitado e que se deixe um remanescente
de, pelo menos, 20% de folhas nas plantas.
A manutenção de folhas nas plantas é fundamental para a rebrota e
sanidade das erveiras. Além disso, reduz-se o intervalo entre as colheitas para
próximo de 18 meses, pois o desenvolvimento das novas folhas será mais
rápido. Com isso, tem-se maior produtividade do erval ao longo do tempo.
Por outro lado, quando se retira todas as folhas, as plantas utilizam
as reservas armazenadas nas raízes, o que enfraquece as erveiras e
aumenta o intervalo entre colheitas para mais dois anos. A poda drástica
enfraquece as erveiras e pode causar a morte das mesmas.
100
Figura 57. Corte produtivo racional em plantas adultas de erva-mate.
Ilustração: Joel Fereira Penteado Junior
101
Fotos: Rodolfo Bührer
102
Figura 58. Sequência do corte produtivo racional de erva-mate. Notar a
manutenção de 30% de folhas na planta, a retiradas das bandeiras e a
manutenção das bandeirinhas que tendem a crescer para fora da copa.
103
11.5|Esclarecimento e recomendações
importantes
Jamais se deve desfolhar totalmente a erveira.
As bandeiras com base imatura (cor verde) não devem ser cortadas.
Assim, deve-se cortar apenas os que atinjam um diâmetro basal superior
a 2,5 cm e com casca madura (suberizada de cor cinza) na base.
Os aumentos, que são as porções basais de galhos podados e que
permanecem na planta, devem ter entre 10 cm e 15 cm de comprimento.
Deve-se realizar os cortes observando a distribuição espacial dos
galhos, de maneira que eles fiquem a uma distância de aproximadamente
30 cm entre si. Esse procedimento favorece a aeração interna e a
ampliação do diâmetro da copa das plantas.
Os cortes devem ser realizados na forma de bisel, inclinados,
totalmente lisos e livres de lascas. Por isso, as ferramentas utilizadas na
colheita devem ser adequadas, limpas e bem afiadas.
Referências
BURTNIK, O. J. Yerba mate: manual de producción. Corrientes: INTA, AER Santo
Tomé, 2006. 52 p.
104
Renovação do
erval via decepa 12
e rebaixamento
105
(A) (B)
Fotos: Ives Clayton Gomes dos Reis Goulart
(C) (D)
106
12.1.2|Época da poda
O período preferencial para este tipo de poda é entre agosto e
setembro, quando diminui o perigo de ocorrência de geadas e estiagem.
107
Figura 60. Decepa para renovação de plantas adultas de erva-mate.
Ilustração: Joel Fereira Penteado Junior
Fotos: Ives Clayton Gomes dos Reis Goulart
108
Fotos: Ives Clayton Gomes dos Reis Goulart
Figura 62. Erveiras em brotação após decepa.
12.2|Poda de rebaixamento
A altura da poda de rebaixamento é maior que a da decepa.
É realizada mesmo nas plantas com boa produtividade, mas que,
proporcionalmente à sua altura, deveriam ter mais ramos produtivos e
maior volume de massa foliar (Figura 63).
São cortados os ramos em diferentes alturas, no máximo até 1 m,
preservando a estrutura dos galhos que deve obedecer sempre ao sentido
da ampliação do diâmetro da copa, deixando a planta com aspecto de
distribuição de galhos uniforme.
O corte deve ser feito em bisel, com serrote ou motosserra, onde a
parte mais alta do ângulo deve ficar voltada para o poente, com objetivo
de proteger a superfície cortada dos raios solares.
Recomenda-se aplicar calda bordalesa nas áreas cortadas.
Deve-se também ter o cuidado de manter as erveiras livres de competição
com o mato, até o surgimento e desenvolvimento das brotações.
109
Figura 63. Poda de rebaixamento de plantas adultas de erva-mate.
Ilustração: Joel Fereira Penteado Junior
110
Durante todo o processo de recuperação das plantas deve-se
realizar adequadamente o controle de pragas, ervas daninhas
e realizar a adubação, conforme a necessidade apontada pelas
análises de solo.
Após um ano, normalmente no final do inverno seguinte, se a brotação
foi satisfatória, deve-se realizar a desrama dos ramos finos, dominados,
e os orientados para o centro da copa, além de podar as bandeiras com
a casca suberizada, cinza na base, com mais de 2,5 cm de diâmetro,
deixando-se uma porção basal do talo (aumento) de 10 cm a 15 cm
de comprimento.
Os galhos com tendência de crescimento para o centro da copa, assim
como os entrecruzados e os malformados, são eliminados desde a sua
inserção, sem deixar porção basal.
Não cortar os galhos de diâmetro menor que 2,5 cm e os que tiverem
predominantemente a cor verde em sua base, independentemente do
tamanho ou do diâmetro.
Não cortar os bandeirinhas, especialmente aquelas que tendem a
crescer para fora da copa. Esses poderão ser podados na temporada
seguinte.
12.4|Ferramentas de poda
As práticas de poda devem ser executadas por pessoas treinadas e com
ferramentas adequadas, bem afiadas e limpas. As ferramentas utilizadas
para as podas são: tesouras (manual ou elétrica), serrotes e motosserras
(Figura 64).
Os cortes nos galhos ou troncos devem ser bem executados. O corte
dos galhos deve executado de uma só vez e, sempre a superfície cortada
deve ficar lisa, sem trincas. Este procedimento facilita a cicatrização e não
causa lesões que podem propiciar condições para que ocorram doenças
nas plantas.
É importante o conhecimento das técnicas de poda e como executá-la
no campo, pois, mesmo utilizando ferramentas adequadas, uma pessoa
sem treinamento dificilmente fará uma poda corretamente.
111
(A) (B)
Fotos: Adilson Brehmer (A) e Ives Clayton Gomes dos Reis Goulart (B, C, D)
(C) (D)
Referências
BURTNIK, O. J. Yerba mate: manual de producción. Corrientes: INTA, AER Santo
Tomé, 2006. 52 p.
112
Sistemas de
cultivo de 13
erva-mate
plantada
113
Milho plantado em duas fileiras centrais; consorciado com duas fileiras
de soja (Glycine max) entre as linhas de erva-mate.
Foto: Joel Fereira Penteado Junior
114
13.2.|Sistema agroflorestal com espécies
arbóreas
Também conhecido como erval arborizado, este sistema agroflorestal
caracteriza-se pelo plantio de erva-mate e espécies arbóreas nativas, com
a função de aumentar a retenção de carbono e água e amenizar o clima
em ervais originalmente plantados sob pleno sol (Baggio et al., 2008)
(Figura 66). A função da arborização da erva-mate é tornar o ambiente
mais próximo das condições naturais dos ervais (Baggio et al., 2008).
Existem diversas espécies arbóreas que podem ser utilizadas e a escolha
deve levar em conta características de cada espécie bem como acesso a
mudas e o custo de implantação (Baggio et al., 2008, 2011).
115
Tabela 15. Algumas espécies recomendadas para sombreamento de ervais.
116
13.3|Adensamento
É uma técnica para otimizar o sistema agroflorestal da erva-mate
em florestas naturais. O adensamento consiste no plantio de mudas
de erva-mate nas clareiras existentes em áreas de florestas nativas,
onde ocorre naturalmente a erva-mate (Baggio et al., 2008; Medrado;
Sturion, 2014).
O objetivo do adensamento é o melhor aproveitamento e rentabilidade,
por unidade de área.
O plantio de adensamento pode ser realizado preferencialmente entre
os meses de setembro e outubro.
No adensamento, comumente, o espaçamento entre as mudas não
apresenta regularidade como nos plantios sob pleno sol.
Onde é possível plantar com espaçamentos regulares, recomenda-se
utilizar os espaçamentos de 2,25 m x 1,5 m.
Nos ervais onde se fará o adensamento, as erveiras sem poda ou mal
manejadas devem ser rebaixadas, conforme descrito anteriormente.
Esse procedimento objetiva conduzir e limitar o crescimento vertical das
plantas e facilitar futuras colheitas.
O controle de plantas daninhas em ervais adensados deve ser realizado
conforme a necessidade. Entretanto, recomenda-se a implantação de
coberturas vegetais que tolerem o sombreamento (vide capítulo 9).
O crescimento da erva-mate sombreada é diferente da erva-mate
plantada sob pleno sol (Figura 67). Em condições de sombra, a erva-
mate tende a crescer mais em altura, a procura de maior luminosidade,
desenvolvendo poucos ramos laterais e consequentemente menos
massa foliar. Neste caso o manejo da floresta é essencial para regular a
intensidade de luz neste tipo de erval e proporcionar uma maior produção
de folhas. Cabe mencionar que, em algumas regiões, os preços da folhas
oriundas de ervais sombreados são cerca de 30% maiores que os da erva-
mate sob pleno sol.
117
Foto: Ives Clayton Gomes dos Reis Goulart
Figura 67.
Adensamento
de erval nativo.
Referências
BAGGIO, A. J.; MONTOYA VILCAHUAMAN, L. J.; CORREA, G. Arborização da
cultura da erva-mate: aspectos gerais, resultados experimentais e perspectivas.
Colombo: Embrapa Florestas, 2008. 24 p. (Embrapa Florestas. Documentos, 161).
118
Doenças 14
14.1|Antracnose
Causada por Colletotrichum sp. é uma doença que ocorre
principalmente nas brotações e ramos jovens, ápices e folhas. Nas
sementeiras, geralmente ocorre a queima do ápice das plântulas,
impedindo o seu crescimento.
Os principais sintomas nas folhas são manchas necróticas escuras,
irregulares, incidindo principalmente nos brotos e causando perfurações
e deformações nas folhas jovens (Figura 68). Em condições de
extrema umidade, surgem sinais do patógeno na forma de massas de
conídios de coloração amarelo-alaranjada. As condições favoráveis
ao desenvolvimento dessa doença são o sombreamento e a umidade
excessivos, assim como os danos causados por insetos e geadas que
também favorecem a instalação do fungo.
119
Foto: Celso Garcia Auer
Controle
• Desinfestação do substrato e dos recipientes antes da semeadura.
• Adubação nitrogenada adequada (sem excessos).
• Controle cultural por meio de seleção de plântulas sadias.
14.2|Cercosporiose
Causada por Cercospora sp., apresenta baixa incidência e provoca
poucos danos à cultura. Os sintomas são: manchas arredondadas,
pequenas, acinzentadas bem delimitadas, com halo escuro, apresentando
pequenas pontuações. Essas manchas são mais frequentes em folhas
adultas (Figura 69).
120
As condições favoráveis para o seu aparecimento são:
• Mudas estressadas;
• Mudas que passaram do ponto de plantio;
• Mudas pouco desenvolvidas
Controle
O controle cultural é feito por meio da seleção e descarte das mudas
afetadas e do planejamento e manejo adequado do viveiro.
14.3|Fuligem
Causada por Asterina mate, é uma doença que causa poucos danos.
Os sintomas são observados na face ventral das folhas, onde ocorrem
manchas superficiais escuras de forma circular que podem cobrir
totalmente a folha (Figura 70).
As condições favoráveis para o seu aparecimento são:
• Ambientes de extrema umidade;
• Ervais muito densos e/ou sombreados;
• Plantas estressadas.
121
Foto: Celso Garcia Auer
Controle
O controle cultural é feito por meio de melhoria na aeração e
ventilação do erval, aumento do espaçamento de plantio, podas
adequadas e limpeza da área.
14.4|Fumagina
Causada por Meliola sp. e E. Capnodium sp., principalmente, espécies
de fungos que colonizam superficialmente as folhas e ramos. É uma
doença que não apresenta grande importância econômica.
Caracteriza-se pela presença de uma crosta espessa e negra cobrindo
total ou parcialmente a parte dorsal das folhas e ramos da erveira,
prejudicando sua respiração, transpiração e fotossíntese, podendo
levá-la à morte. Geralmente, formigas, cochonilhas e pulgões estão
associados a esses sintomas (Figura 71).
As condições favoráveis para o seu aparecimento são:
• Ambientes de extrema umidade.
• Ervais muito densos.
• Ervais com muito sombreamento.
• Plantas estressadas.
122
Foto: Celso Garcia Auer
Figura 71. Fumagina em folhas de erva-mate.
Controle
O controle cultural é feito por meio de melhoria na aeração e ventilação
do erval, aumento do espaçamento de plantio, podas adequadas e
limpeza da área.
14.5|Roseliniose
A doença é causada pelo fungo Rosellinia sp. Sua presença é mais
frequente em mudas jovens e/ou estressadas. Os sintomas dessa
doença visíveis na parte aérea da planta são a redução no crescimento, o
amarelecimento, a murcha das folhas, a seca e a morte de perfilhos que
saem da base do tronco (Figura 72). Os sintomas nas raízes são observados
na forma de necrose e escurecimento dos tecidos. Internamente, em
cortes longitudinais, são observadas pequenas linhas negras, vistas como
pontuações escuras.
As condições favoráveis para o seu aparecimento são:
• Plantas jovens com estresses fisiológicos.
• Solos argilosos compactados.
• Plantio em áreas recém desmatadas.
• Resíduos de vegetação em decomposição.
123
Foto: Celso Garcia Auer
Controle
Não existe ainda controle eficiente para esta doença. Após o
aparecimento da doença, isolar as áreas contaminadas, evitando o
trânsito nestas áreas. As plantas infectadas devem ser arrancadas e
destruídas, retirando-se o máximo de raízes doentes.
124
14.6|Pinta-preta
É a principal doença da erva-mate, sendo causada pelo fungo
Cylindrocladium spathulatum. Os sintomas aparecem como lesões foliares
escuras, arredondadas, no interior ou nas bordas do limbo (Figura 73),
basicamente em folhas adultas, provocando sua queda prematura.
Em viveiros, os substratos e as instalações infestadas são responsáveis
pelas infecções primárias.
As plantações próximas e a produção contínua de mudas são as
principais causas da disseminação e multiplicação da doença, ao longo
do ano.
Fatores como excesso de umidade e sombreamento contribuem para
o agravamento da doença.
(A) (B)
Controle
O controle cultural é feito por meio da seleção de plântulas sadias,
descartando as mudas atacadas e desinfestação do substrato e recipientes
sempre que se inicia nova produção de mudas.
A melhoria das condições de luminosidade e umidade e a manutenção
da limpeza nas embalagens contribuem para o controle da doença.
A coleta das folhas caídas é uma prática muito eficiente para evitar a
disseminação da doença no viveiro.
125
14.7|Podridão das raízes
Tanto pode ocorrer nas sementeiras como nas mudas repicadas.
Os principais fungos associados são Fusarium sp., Rhizoctonia sp. e
Phytium sp. Os sintomas manifestam-se na parte aérea, na forma
de manchas foliares, amarelecimento, queda de folhas, redução do
crescimento, murcha e secamento das mudas. No sistema radicular, surgem
lesões necróticas que provocam o escurecimento e a podridão (Figura 74).
As mudas infectadas e doentes que forem levadas para o campo acabam
por morrer. Esses sintomas podem ser confundidos com os provocados
pela repicagem inadequada das mudas ou falta de água nos canteiros.
As condições favoráveis ao aparecimento dessa doença são:
• Umidade elevada.
• Compactação do substrato.
• Contaminação dos recipientes.
• Contaminação do substrato.
Foto: Celso Garcia Auer
Controle
O controle cultural é feito pelo manejo correto da água, utilização
de substrato adequado, eliminação das plântulas com sintomas e
desinfestação do substrato com água quente.
126
14.8|Podridão do tronco
A podridão do tronco é causada por fungos basidiomicetos
(cogumelos). Os ramos podados não emitem brotações, secam,
apodrecem e, muitas vezes, matam a planta (Figura 75). Os sintomas são
causados pela dificuldade de cicatrização dos ferimentos causados pela
poda malfeita, que facilita a penetração de fungos oportunistas.
As condições favoráveis ao seu surgimento são as podas drásticas
sucessivas, umidade elevada e sombreamento excessivo da planta.
Controle
O controle cultural é realizado por meio de podas adequadas,
deixando aproximadamente 20% das folhas na planta, evitando assim
expor o tronco aos raios solares, os quais causam rachaduras na casca,
permitindo a entrada de patógenos.
Em caso de danificar acidentalmente os galhos ou troncos da planta,
pincelar a área cortada com calda sulfocálcica ou calda bordalesa.
127
14.9|Queda de folhas
As causas da queda anormal de folhas ainda não estão totalmente
esclarecidas, os sintomas são variados, podendo ocorrer a queda
de folhas verdes, bem como o amarelecimento e posterior queda
das folhas (Figura 76). Em casos onde há queda de folhas verdes
manchadas, observa-se a presença do fungo Cylindrocladium
spathulatum, o mesmo agente causal da pinta-preta em viveiro.
Além disso, distúrbios fisiológicos causados por excesso de umidade
no solo, por longos períodos, e estiagem prolongada podem causar a
queda de folhas. Além desses fatores, o manejo inadequado do erval
pode acarretar em perdas de folhas pela falta de colheita. Isso porque o
tempo de vida das folhas de erva-mate é de 22 meses, em média, após
este período elas caem naturalmente.
As condições favoráveis ao surgimento desse fenômeno são:
• A compactação do solo.
• Estiagens prolongadas.
• Longos períodos de chuva.
• Solos encharcados.
• Baixa fertilidade do solo.
Eventualmente existem situações em que ocorre a queda de folhas
com intensidade moderada, sem que se tenha acontecido nenhum dos
fatores citados.
Foto: Celso Garcia Auer
128
Controle
O controle é feito por meio da proteção do solo com o emprego de
cobertura verde ou morta, correta adubação e subsolagem dos solos
compactados.
14.10|Tombamento
É o principal problema fitossanitário das sementeiras em viveiros.
Ocorre na fase de pré ou pós-emergência das plântulas.
Os principais fungos associados são:
• Botrytis sp..
• Cylindrocladium spathulatum.
• Rhizoctonia sp..
• Fusarium sp..
• Pythium sp..
Quando o tombamento ocorre na pré-emergência das plântulas, a
semente não germina ou inicia a germinação, mas não chega a emergir.
Na pós-emergência, ocorre o estrangulamento da plântula, na região
do colo, provocando seu tombamento, fato que dá origem ao nome da
doença. Os sintomas geralmente ocorrem em reboleiras, isto porque a
doença se expande em todas as direções, formando áreas mais ou menos
circulares (Figura 77).
Os principais fatores que favorecem a ocorrência da doença são:
• Sementes e substratos contaminados.
• Alta densidade de semeadura.
• Excesso de umidade.
• Excessiva adubação nitrogenada.
• Excesso de sombreamento às mudas.
• Presença de restos da polpa dos frutos e outras impurezas nas
sementes.
129
Foto: Celso Garcia Auer
130
Figura 77. Tombamento de mudas em sementeira
de erva-mate, causado por Rhizoctonia sp.
131
Controle
O controle cultural é feito com a melhoria das condições de manejo e
estrutura do viveiro; como semeadura, irrigação e drenagem.
O viveiro deve contar, em todas as fases, com sistema de drenagem e
de substratos com boa drenagem e que promovam o escoamento rápido
do excesso de água.
Evitar o sombreamento excessivo, começando com 70% de sombra na
sementeira e no viveiro. Reduzindo a sombra gradativamente para 50%,
até a muda ser levada sob pleno sol.
Evitar adubação com altas doses de nitrogênio no substrato e na
sementeira.
Desinfetar o substrato com produtos químicos ou com água fervente.
Semear no máximo 250 g de sementes por m², para que as plântulas
não fiquem adensadas.
Erradicar as plântulas mortas e também as sadias nas bordas da
reboleira de mudas doentes.
Referências
CARPANEZZI, A. A.; CARDOSO, A.; VALIO, I. F. M.; GRACA, M. E. C.; IEDE, E. T.;
HIGA, R. C. V. Queda anormal de folhas de erva-mate (Ilex paraguariensis St.
Hil.) em 1983. In: SEMINARIO SOBRE ATUALIDADES E PERSPECTIVAS FLORESTAIS:
Silvicultura da Erva-mate (Ilex paraguariensis), 10, 1983, Curitiba. Anais...
Curitiba: EMBRAPA-CNPF, 1985. p. 141-145. (EMBRAPA CNPF. Documentos, 15).
132
Pragas 15
Por se tratar de uma espécie nativa, a erva-mate apresenta muitos
insetos associados com a planta. Encontram-se identificadas 86 espécies
de insetos fitófagos alimentando-se de diferentes partes da planta,
entretanto poucas têm comprometido substancialmente a produção e são
consideradas pragas (Grigoletti et al., 2006). As informações sobre pragas
da erva-mate apresentadas neste manual foram obtidas e adaptadas dos
trabalhos de Iede e Machado (1989), Penteado (1995), Grigoletti Junior
et al. (2006) e Leite et al. (2011).
15.1|Ampola-da-erva-mate
A ampola (Gyropsylla spegazziniana) é encontrada nos ervais
durante todo o ano, com maior intensidade entre os meses de outubro
e dezembro e de fevereiro a abril. As fêmeas colocam seus ovos na
face superior das brotações, ao longo da nervura central onde se
desenvolverão as ninfas.
É a segunda principal praga da erva-mate. Mede, em média, 2,5 mm;
tem coloração verde azulada e as antenas são tão compridas quanto o
corpo (Figura 78).
Os danos causados pela ampola são:
• Deformação das folhas novas que assumem o aspecto de galhas
(Figura 79).
• Queda de folhas.
• Retardamento no desenvolvimento de mudas.
133
Foto: Susete do R. C. Penteado
134
Controle
A poda e destruição dos ramos mais atacados podem ajudar na
redução da população deste inseto.
No Brasil, até o momento, não existem inseticidas registrados para o
controle desta praga em erva-mate.
15.2|Broca-da-erva-mate
É a principal praga da erva-mate, Hedypathes betulinus, é também
conhecida como “corinthiano”. A erveira é danificada pelas larvas de
um besouro que constrói galerias no tronco (Figura 80), impedindo a
circulação normal da seiva, prejudicando o desenvolvimento da planta
(Figura 81) e podendo acarretar a sua morte. Sua incidência é registrada
em toda a região de ocorrência da erva-mate. O adulto é um besouro
que mede, aproximadamente, 2,5 cm de comprimento (Figura 82), com o
corpo de coloração geral preta, recoberto por pelos brancos.
Durante o processo de broqueamento, a larva vai compactando atrás
de si a serragem que lhe serve de proteção e, quando expelida para fora
da planta, denuncia a presença da praga. O ciclo de ovo a adulto pode
ultrapassar 17 meses. Os adultos vivem muito tempo e estão presentes,
em maior número, entre os meses de outubro e junho.
135
Foto: Ives Clayton Gomes dos Reis Goulart
136
Foto: Francisco Santana
137
Figura 81. Galerias provocadas pela broca-da-erva-mate em planta adulta.
Controle
O controle eficaz da praga é realizado com o inseticida biológico
BoveMax EC®.
O produto é específico para erva-mate e tem como ingrediente
ativo esporos do fungo Beauveria bassiana. Este fungo provoca a morte
dos insetos, a qual ocorre quando o besouro entra em contato com a
superfície da planta onde foi aplicado o produto.
A penetração dos esporos do fungo ocorre principalmente nos pontos
frágeis do corpo do inseto, causando a sua morte em aproximadamente
20 dias.
Após este período, o fungo cobre o corpo do inseto, causando uma
aparência esbranquiçada e nesta fase eles passam a transmitir o fungo
para insetos sadios, incrementando o controle do inseto.
Instruções de uso
Diluir 1 litro do bioinseticida em 200 litros de água. Agitar o frasco
durante 3 minutos antes de diluí-lo na água. Este volume de calda
é recomendado para um hectare. A aplicação pode ser feita com
pulverizadores costais ou de barra, com bicos adequados à aplicação de
fungicidas, com pressão entre 20 lb/pol2 a 40 lb/pol2.
Pulverização
Deve-se fazer a cobertura total do tronco e no solo ao redor da erveira,
pois são locais onde os adultos da broca têm o hábito de caminhar e
colocar seus ovos.
Pulverizar aproximadamente 100 ml a 150 ml da calda por planta e
cessar antes que atinja o ponto de gotejamento.
Pulverizar logo após o preparo da calda, que deve permanecer em
agitação para homogeneidade do ingrediente ativo.
Utilizar pulverizadores exclusivos para este fim, não utilizar os mesmos
para aplicação de outros produtos ou agroquímicos.
138
Manejo da aplicação
Aplicar nas horas mais frescas do dia; preferencialmente no final
da tarde.
Pode-se aplicar, também, em dias nublados ou com garoa bem fina.
Nessas condições a exposição dos esporos do fungo à radiação UV do
sol (fator que inviabiliza o fungo) é menor.
Não aplicar em dias chuvosos ou com probabilidade de chuva.
Após a aplicação evitar a prática de limpeza mecânica ou química
entre as linhas do erval, deixando uma cobertura verde, propiciando
assim condições ideais para o desenvolvimento e persistência do
fungo.
Por ocasião da realização da poda, manter de 25% a 30% de folhas
em cada planta, para favorecer a ação do fungo e contribuir para a
eficiência do controle.
Épocas de aplicação
A época correta para a aplicação do BoveMax EC é fundamental para
o sucesso do controle da broca-da-erva-mate:
• O produto deve ser aplicado duas vezes por ano, uma no mês
de novembro e outra no mês de fevereiro. Seguir corretamente as
informações constantes e recomendadas na bula do produto.
139
15.3|Broca-dos-ponteiros-da-erva-mate
Trata-se da larva de um besouro da espécie Isomerida picticollis que
mede em torno de 1,3 cm de comprimento e apresenta coloração escura,
com uma faixa amarela na lateral de cada asa (Figura 83). As fêmeas
fazem posturas no ramo principal das plantas com até dois anos ou nos
ramos superiores das plantas mais velhas. Após a eclosão, a larva inicia
a sua alimentação, construindo uma galeria descendente no interior do
ramo (Figura 83).
Atacam, preferencialmente, plantas novas, com até dois anos de
idade, cujos galhos broqueados apresentam aspecto enegrecido, por
estarem ocos (Figura 83). O ataque em plantas adultas ocorre nos galhos
superiores mais finos. Empupam dentro do ramo atacado e podem levar
as plantas novas à morte. O controle é feito por meio da poda e eliminação
dos galhos atacados.
Fotos: Ives Clayton Gomes dos Reis Goulart
140
15.4|Cochonilha-de-cera
Os adultos de Ceroplastes grandis são recobertos por uma camada
de cera róseo-clara. Normalmente vivem agregados nos ramos, podendo,
algumas vezes, cobrí-los totalmente. As formas jovens de coloração branca
localizam-se nas folhas, principalmente na sua parte inferior (Figura 84).
São insetos sugadores que se alimentam da seiva das plantas,
tornando-as debilitadas. Além disso, eliminam uma substância açucarada
da qual se alimentam formigas que, por sua vez disseminam esporos
de um fungo que causa a fumagina. Quando a população de insetos na
planta é alta, pode ocorrer a morte da erveira.
Controle
Escovação e/ou poda de ramos infestados são medidas que auxiliam
no controle.
141
15.5|Lagarta-da-erva-mate
Trata-se de lagartas da espécie Thelosia camina que, após a eclosão, são
de coloração verde clara, apresentando duas faixas escuras longitudinais
nos lados do corpo. As larvas mais velhas atingem, em média, 4 cm de
comprimento e apresentam coloração variando do verde escuro ao
negro, com uma faixa amarela no dorso entre duas linhas mais escuras
(Figura 85).
O período de ocorrência das lagartas é de setembro a março.
Completando o desenvolvimento, estes insetos deixam a planta e dirigem-
se ao solo, onde penetram a uma profundidade de até 10 cm, passando
para a fase de pupa, que pode durar de oito a dez meses.
A lagarta-da-erva-mate é oriunda de uma pequena mariposa que
realiza suas posturas com média de 80 ovos na parte superior das folhas
(Figura 86).
Foto: Francisco Santana
142
Fotos: Marcílio Thomazini
Controle
• Coleta dos adultos por meio de armadilha luminosa.
• Eliminação de folhas que contém posturas.
143
15.6|Lagarta-do-cartucho-da-erva-mate
Esta lagarta, do gênero Hylesia sp., possui hábito gregário, é de cor
cinza-escura, com fileiras de longos espinhos urticantes espalhados pelo
corpo (Figura 88). Medem em torno de 4 cm de comprimento e, para se
protegerem, tecem um cartucho de seda que pode conter centenas de
lagartas (Figura 89).
A época de ocorrência das lagartas se dá, geralmente, entre os
meses de setembro e novembro. O empupamento ocorre, geralmente,
na planta, em um casulo formado por folhas com fios de seda. Podem
também empupar no solo, entre folhas secas. A lagarta-cartucho-da-
erva-mate é oriunda de uma mariposa que mede, aproximadamente
4 cm de envergadura. As posturas são realizadas sobre as folhas ou galhos
da erva-mate e cada uma pode conter centenas de ovos.
Foto: Susete do Rocio Chiarello Penteado
144
Foto: Susete do Rocio Chiarello Penteado
145
Estas lagartas são muito vorazes, podendo alimentar-se de folhas
novas ou mais velhas, comprometendo a produção.
• As lagartas são dotadas de pelos urticantes que provocam
irritação e queimaduras quando em contato com a pele. Portanto,
recomenda-se atenção durante a colheita.
• A mariposa tem o abdômen recoberto por pelos urticantes que
podem provocar reações alérgicas às pessoas.
Controle
• Catação das massas de ovos e dos cartuchos de seda, que contém
uma grande quantidade de lagartas, são métodos de controle que
auxiliam na redução da população.
15.7|Ácaros
São três as espécies de ácaros que ocorrem na erva-mate: Dichopelmus
notus, Oligonychus yothersi e Poliphagotarsonemus latus. São pragas de
tamanho pequeno (Figura 90).
Dichopelmus notus, conhecido como o ácaro-do-bronzeado da erva-
mate, é específico para esta cultura. Apresenta coloração variando do
branco, não passa por nada amarelo até o marrom, dependendo da
maturidade das folhas que lhes servem como alimento. O Oligonychus
yothersi, normalmente denominado ácaro-vermelho, produz uma teia
onde coloca os seus ovos. A colônia se prolifera nas folhas, protegida por
filamentos sedosos que formam uma teia. O Poliphagotarsonemus latus,
ou ácaro branco, ataca inúmeras espécies de plantas. Os ovos e ninfas
possuem coloração branca.
Os ácaros provocam o bronzeamento (Figura 91), deformação e queda
das folhas, reduzindo o crescimento e a produção das erveiras. Além
disso, provocam a deformação de folhas recém-brotadas (Figura 92).
146
Foto: Ives Clayton Gomes dos Reis Goulart
Figura 90. Ácaros em folha de erva-mate.
147
Controle
O controle dos ácaros pode ocorrer naturalmente pela ação de
inimigos naturais. Em casos de infestação severa, a retirada e destruição
dos ramos atacados é recomentada.
Referências
GRIGOLETTI JUNIOR, A.; AUER, C. G.; IEDE, E. T.; SOARES, C. M. S. Manual de
identificação de pragas e doenças da erva-mate (Ilex paraguariensis St. Hil.).
Colombo: Embrapa Florestas, 2006. 24 p. (Embrapa Florestas. Documentos, 44).
148
Cronograma
de práticas 16
de manejo
149
Conhecer e adotar tecnologias de forma isolada não é suficiente
para o alcance de melhor qualidade e maior produtividade. A Lei
do Mínimo expressa o impacto na produtividade quando uma ou
outra prática de manejo é negligenciada (Figura 93). Assim, técnicos
extensionistas e produtores de erva-mate deverão conhecer o sistema
de produção e aplicá-lo no campo em sua plenitude, buscando o
aumento da eficiência produtiva.
150
Quadro 1. Épocas recomendadas para as principais práticas de manejo da
cultura da erva mate.
Práticas Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Coleta de
sementes
Preparo do
solo*
Plantio
Adubação
de Plantio
Capinas pós-
plantio**
Poda de
Formação 1
Poda de
Formação 2
Adubação
de formação
de copa
Poda de
produção
Adubação
de Produção
Capinas
Aplicação
de BoveMax
EC®
*Deve ser realizado 30 dias antes do plantio
**Realizada quando necessário
151
Considerações 17
finais
152