Cartilha Producao de Mudas

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PRODUÇÃO DE MUDAS

NA ZONA DA MATA DE PERNAMBUCO

Série
Conhecimentos
S586p Silva, Ana Emília Borba Ferreira.
Produção de mudas na Zona da Mata de Pernambuco. / Ana Emília Borba
Ferreira, Ana Santos da Cruz, Paulo Portes, Wellington Gouveia de Moraes.
Recife : Centro Sabiá, 2014.
44 p. : il. (Série: Conhecimentos, 03)

Inclui bibliografia

1. Mudas – Produção – Zona da Mata - Pernambuco. 2. Viveiros de


Mudas - Manejo. 3. Sistemas Agroflorestais. I. Cruz, Ana Santos da
II. Portes, Paulo. III. Moraes, Wellington Gouveia de. IV. Título.
V. Série
CDU 630
Ficha elaborada pela Bibliotecária Marleide Irineu dos Santos – CRB-4/1001
Produção
de Mudas
na Zona da Mata
de Pernambuco
Índice
Apresentação.................................................................................................... 5

1. Atualização Sobre o Contexto da Região da Mata Atlântica de Pernambuco.................... 7

2. Sobre os Sistemas Agroflorestais (SAFs)................................................................ 9

3. Os Viveiros de Mudas como Estratégia de Multiplicação dos SAFs................................. 10

4. A Relação das Famílias Agricultoras com a Produção de Mudas.................................... 13

5. Os Viveiros Familiares:geração de renda e diversificação a partir dos intercâmbios.......... 14

6. Normas para Produção de Mudas........................................................................... 17

7. Árvores Matrizes: sua importância, características e seleção...................................... 18


7.1 Dicas para a escolha de Árvores Matrizes.................................................... 19
7.2 Tabela para coleta de sementes e produção de mudas................................... 19

8. Coleta e Escolha das Sementes............................................................................. 20

9. Germinação e Dormência..................................................................................... 21
91.1
Métodos mais usados............................................................................ 21
10. Preparo da Sementeira e Processo de Semeadura..................................................... 22

11. Manejo de Viveiros de Mudas................................................................................ 23


11.1
Facilidade de Acesso............................................................................. 23
11.2
Manutenção da Umidade....................................................................... 23
11.3
Relevo............................................................................................... 23
11.4
Solo................................................................................................. 23
11.5
Drenagem.......................................................................................... 23
11.6
Luminosidade..................................................................................... 23
11.7
Quebra-Vento..................................................................................... 25

12. Preparo de Substrato: como fazer o enchimento das bolsas........................................ 25


12.1
Peneirar............................................................................................. 26
12.2
Misturar............................................................................................. 26
Tipos de Substratos.............................................................................. 26
13. Transplante das Mudas........................................................................................ 27
13.1 Cuidados a serem seguidos.................................................................... 28
13.2
Semeadura direta................................................................................ 28
14. Molhando as Mudas............................................................................................ 29

15. Preparo das Mudas para Transporte....................................................................... 30


15.1
Cuidados a serem tomados..................................................................... 30
16. Espécies que as Famílias têm Dificuldades em Multiplicar........................................... 30

17. Anexo.................................................................................................. 37
17.1
Legislação para Produção de Mudas......................................................... 37
18. Glossário: as palavras e os seus significados............................................................ 39

19. Bibliografia....................................................................................................... 40

20. Lista das Associações Parceiras do Sabiá................................................................. 41


APRESENTAÇÃO Dando continuidade a Série Conhecimentos, apresentamos aqui a cartilha Pro-
dução de Mudas na Zona da Mata de Pernambuco. Esta publicação é fruto de
uma produção coletiva em que se aprende e se ensina, e na qual todos os dias se
descobrem coisas novas. São aprendizados coletivos onde estão os agricultores,
as agricultoras e suas famílias, os técnicos e as técnicas do Centro Sabiá e as
comunidades.

Ela foi construída a partir de conversas e experiências nos quintais dos agricul-
tores e das agricultoras, das vivências nas oficinas de produção de mudas, nos
intercâmbios em que se trocam experiências e se pratica a solidariedade, e em
oficinas específicas de construção de roteiro e conteúdo. Por isso, ela se torna
mais do que uma cartilha, transforma-se em um instrumento de trabalho para
agricultores e agricultoras, técnicos e técnicas.

Tudo isso é, na verdade, resultado do conhecimento construído cotidianamente,


pois os agricultores e as agricultoras se revelam como cientistas ao descobrirem
formas novas de despertar as sementes adormecidas, ao preparar a terra para
acolher novas plantas, ao colherem os frutos dos seus quintais e produzirem
alimentos para a mesa das pessoas. É, essencialmente, semear um mundo mais
saudável e mais digno onde homens, mulheres, jovens e crianças possam viver
em harmonia com o meio ambiente.

Ela traz dicas de como preparar um viveiro de mudas, como coletar sementes
de árvores matrizes, assim como de espécies da Mata Atlântica. Oferece infor-
mações de como quebrar a dormência de sementes que precisam de cuidados
diferenciados para poderem ser plantadas, assim como orienta sobre o manejo
com os viveiros de mudas. Esperamos que ela seja de grande utilidade para as
famílias agricultoras e profissionais que tenham interesse pelo assunto.

Boa leitura !

Produção de Mudas na Mata Atlântica de Pernambuco 5


1.Atualização sobre o Contexto
da Região da Mata Atlântica
de Pernambuco
.......................................................................................
A Mata Atlântica é um ecossistema que abriga uma grande biodiversidade, nela
estão diferentes espécies de animais e plantas. Quando falamos em natureza
também estamos falando do ser humano e do seu trabalho. Qualquer trabalho
envolve recursos naturais, seja o agricultor ou agricultora quando usa a terra e
a água na produção de alimentos, seja o marceneiro que aproveita a madeira de
árvores para construir móveis, ou mesmo um banco, que não utiliza diretamente
algum produto da natureza, mas está cercado por ela; pode ser na celulose que
fabrica o dinheiro, o metal que fabrica a moeda ou os minerais que formam as
baterias dos computadores. Sem a natureza e o trabalho do ser humano nada
existiria.

Há várias formas de utilizar os bens da natureza, há formas conscientes que zelam


pelo meio ambiente, mas, também, há formas que causam grandes e sérios pro-
blemas. A Mata Atlântica era uma floresta que cobria grande parte do território
brasileiro e parte do território argentino. Mas, se olharmos agora em volta, per-
cebemos que essa região pouco, ou quase nada, tem de mata. A grande maioria
do território está ocupado pelo monocultivo de eucalipto na região Sudeste, soja
na região Sul, e pinho na região da Argentina. Aqui no Nordeste, na região da
Mata Atlântica, encontramos latifúndios que produzem apenas cana-de-açúcar,
que é usada na produção de açúcar e de etanol. Em Pernambuco, restam menos
de 13% da Mata Atlântica.

Esse modelo de produção existe desde a chegada dos europeus há centenas de


anos na região, essa forma predadora tem causado problemas para todas as
pessoas. A monocultura empobrece o solo e elimina outras plantas diminuindo
a oferta de alimentos e de água. A maioria dos engenhos e usinas usa o fogo
como forma de facilitar a retirada da cana, o que causa o esgotamento do solo,
pois com o calor se perde um grande número de minerais e se eliminam mi-
crorganismos que ajudam a fertilizar o terreno. No corte da cana, o emprego é
sazonal, dura apenas o período de colheita, no tempo restante os trabalhadores
e trabalhadoras têm que procurar outras ocupações, ou mesmo são obrigados a
migrarem para a periferia das cidades.

Não é novidade que esse modelo de produção está falido, basta contarmos o
número de usinas paradas. Grande parte delas tem problemas com a justiça do
trabalho, pois superexplora a mão de obra de adultos e de crianças. Além disso,
muitas são notificadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA,) ten-
do em vista a poluição e o desmatamento que causam.

Outro sério risco à natureza é o modelo de desenvolvimento que está em curso.


Ele preza mais pelo lucro do que pela vida. As grandes obras como: o Complexo do
Porto de Suape, a Transnordestina e a Transposição do rio São Francisco têm como

Produção de Mudas na Mata Atlântica de Pernambuco 7


Plantio de cana-de-açúcar na região da Mata Sul de Pernambuco

função atender às indústrias e ao agronegócio. Para que essas e outras obras se-
jam realizadas nada é poupado, nem as pessoas e muito menos a natureza. Com
isso, muitos remanescentes de florestas e manguezais estão sendo destruídos e
muitas pessoas estão sendo expulsas de suas terras. Tudo isso só tende a piorar
a condição de vida dos trabalhadores e das trabalhadoras do campo e da cidade.

Mas, apesar da grande destruição causada pelo atual modelo de produção e desen-
volvimento, ainda há, em toda a faixa litorânea do estado de Pernambuco rema-
nescentes importantes de Mata Atlântica. A ocupação territorial na Zona da Mata não
é só feita de latifúndios ou reservas de mata, há um número grande de agricultores e
agricultoras, assentados e assentadas, e comunidades quilombolas que habitam essa
região utilizando a terra como espaço de reprodução da vida.

Esses agricultores e agricultoras são responsáveis por grande parte da riqueza


da agricultura. Vejamos alguns dados do Censo Agropecuário de 2006 do IBGE:
Os agricultores e as agricultoras com propriedades de até 10 hectares represen-
tam aproximadamente 47% dos estabelecimentos agrícolas do Brasil. Estes, são
responsáveis por pelo menos 85% dos postos de trabalho gerados no campo. Ou
seja, os latifúndios empregam menos pessoas. Isto quer dizer que é a agricultura
familiar e camponesa que garante o emprego no campo.

É também a agricultura familiar e camponesa a grande responsável pela segu-


rança alimentar do país. É da mão dos agricultores e das agricultoras que sai 87%
da macaxeira/mandioca, 70% do feijão e 46% do milho e muitos outros alimentos
que vão para a mesa das famílias brasileiras tanto do campo quanto da cidade.

Isso coloca em jogo dois projetos de mundo: um que reafirma a importância da


agricultura familiar camponesa; e o outro no qual está o latifúndio com a mono-

8 Série Conhecimentos
cultura, o trabalho escravo e a destruição do meio ambiente. Por isso, valorizar
o trabalho dos agricultores e das agricultoras é fundamental, pois são eles e elas
que cuidam das plantas, da água e das sementes e se tornam responsáveis pela
manutenção da natureza, pela preservação do meio ambiente e da vida.

É nesse trato com o meio ambiente que está um importante papel desempenhado
pelos camponeses e pelas camponesas, a tarefa de serem cientistas populares. O
melhoramento genético, feito através da seleção de sementes crioulas, a coleta
de sementes de espécies nativas e em extinção e a produção de mudas são ações
fundamentais para garantir que a natureza possa se reproduzir.

2. Sobre os Sistemas
Agroflorestais (SAfs)
.......................................................................................
As experiências que os agricultores e as agricultoras vêm desenvolvendo, de aliar
a produção de alimentos, a reconstrução das florestas e a criação de animais
são chamadas de Agroflorestas. Essa é uma forma na qual os seres humanos, as
plantas e os animais vivem em harmonia: as plantas matem vivo o ecossistema e
alimentam os seres humanos e os animais, os seres humanos zelam pelas plantas
e ajudam a reproduzi-las. Os animais, por sua vez, fornecem alimento para os
humanos e adubo para as plantas crescerem.

Os Sistemas Agroflorestais (SAF’s) ou Agrofloresta são formas de produzir que


unem a prática da agricultura com a conservação e recomposição da natureza,
integrando árvores, lavouras e o ser humano. Essa forma de produzir é bem an-
tiga e procura equilibrar o sistema de produção tendo a natureza como modelo.

Assim, as árvores de diferentes espécies convivem com roçados e hortas produ-


zindo alimentos para as pessoas e animais, além de recuperar o solo, já que a
grande quantidade de folhas vai garantir maior cobertura vegetal e evitar que a
água evapore.

Na Agrofloresta não se pode fazer queimadas, não se coloca veneno e é possível


fazer combinações de diversos tipos de plantas como as frutíferas, madeireiras,
roçados e hortas. Com tanta diversidade, pode-se preservar a biodiversidade e
aumentar a fertilidade do solo, pois a rica quantidade de substrato vai permitir
que novas plantas sejam semeadas pela própria natureza e produzam ainda mais
alimentos.

Para implantar um Sistema Agroflorestal, é preciso que os agricultores e as agri-


cultoras busquem as espécies de plantas que desejam ter em seus sítios, em es-
pecial as nativas, planejem a área a ser plantada e coloquem espécies que asse-
gurem a alimentação da família e que também possam gerar renda. A partir da
implantação de uma Agrofloresta, da necessidade de zelar pelo meio ambiente
e reconstruir espaços de vida é que se apresenta a importância da construção
de viveiros de mudas. As mudas produzidas nos viveiros vão ter várias funções e
utilidades. Em geral, elas são usadas na ampliação das áreas de Agrofloresta, re-

Produção de Mudas na Mata Atlântica de Pernambuco 9


criando a flora nativa e recuperando as nascentes de água. As mudas que se tor-
nam excedentes são trocadas entre os agricultores e as agricultoras e vendidas.

São nas matas próximas e na própria Agrofloresta que vão ser recolhidas as se-
mentes para a produção das mudas.

3.Os viveiros de mudas como


estratégias de
multiplicação dos SAFs
.......................................................................................

Viveiro de mudas do agricultor Zé Rosa – assentamento Amaraji – Rio Formoso/PE

Conta-se que em 2013 o Nordeste viveu a maior seca dos últimos 40 anos. Quan-
do lemos e ouvimos as reportagens sobre o Sertão, ficamos desolados com a si-
tuação em que estão vivendo os agricultores e as agricultoras daquela região.
Entretanto, engana-se quem pensa que a seca só está lá. Os agricultores e as
agricultoras da região da Zona da Mata também têm sentido os efeitos perversos
da falta de chuvas. Algumas nascentes secaram e em outras a vazão de água está
muito baixa.

10 Série Conhecimentos
Essa situação tem provocado muitos agricultores e agricultoras a conhecer as
experiências da Agrofloresta e ver que nas propriedades que adotam os SAF’s a
seca não afetou tanto e a água ainda continua a correr. Muitos deles percebem a
necessidade de ter mais árvores e de cobrir o solo para evitar que a água continue
a evaporar.

A situação de seca e a necessidade de plantar mais árvores são fatores deter-


minantes para que possamos pensar sobre o que se precisa para construir mais
viveiros e produzir mais mudas. Essa tarefa, entretanto, deve estar aliada ao
pensamento de que tudo isso precisa estar ligado à forma que devemos tratar
o meio ambiente. Por isso, é tão importante trabalharmos com a Agrofloresta e
termos os viveiros de mudas como um espaço importante de multiplicação dos
Sistemas Agroflorestais.

Agrofloresta da família de Seu Ailton – assentamento Amaraji – Rio Formoso/PE


Uma grande parte dos agricultores e das agricultoras, ao produzir as mudas, vai
usando-as na construção da sua própria Agrofloresta, procurando, na coleta de
sementes, buscar novas e diferentes espécies para plantar. As mudas que sobram
são vendidas ou distribuídas com outras famílias agricultoras.

A experiência de Seu Ailton da Paz e Dona Maria da Guia, que vivem no assenta-
mento Amaraji, município de Rio Formoso, pode nos mostrar a importância dos
viveiros e a necessidade de produzir mudas. Seu Ailton iniciou sua Agrofloresta
há alguns anos e hoje ele tem uma grande diversidade de plantas, principalmente

Produção de Mudas na Mata Atlântica de Pernambuco 11


frutíferas. Ele retirou da natureza as sementes para organizar o viveiro de mudas
da sua propriedade e, também, foi usando-as em sua Agrofloresta. Seu viveiro
não tem a finalidade de produzir mudas para serem comercializadas, pois elas são
colocadas em sua parcela para ampliar sua Agrofloresta. Seu Ailton, Dona Maria e
sua família tiram sua renda principalmente do beneficiamento das frutas. As se-
mentes que vão ficando e as mudas que são produzidas vão, consequentemente,
aumentar a produção futura e lhe render mais no beneficiamento.

Da mesma forma é a experiência de Cristina de Freitas, que vive no assenta-


mento Conceição, em Sirinhaém. A sua parcela é bem grande, são 40 hectares
de terra. Destas, 20 hectares são de área de reserva que ela ajuda a preservar.
As mudas de plantas nativas que ela retira dessa área são usadas para ampliar
a sua Agrofloresta. Seu viveiro hoje tem sucupira, imbiriba e outras espécies
madeireiras que vão ser repostas na propriedade. As mudas de árvores frutífe-
ras são para aumentar a produção de frutas que ela já tem. Na comunidade está
sendo instalada uma unidade de beneficiamento de frutas comunitária, esta
vai beneficiar a grande quantidade de acerola, cajá, araçá e até açaí, das áreas
de Agrofloresta no assentamento Conceição.

“Ter viveiros e fazer mudas


é essencial para ter uma
Agrofloresta. “
Cristina de Freitas – Assentamento
Conceição, Sirinhaém/PE

Outra experiência interessante é de seu Zé Rosa, do assentamento Amaraji. Quan-


do ele foi assentado em Rio Formoso recebeu um projeto para plantar coqueiros,
mas depois da visita dos técnicos do Centro Sabiá e, a partir dos intercâmbios
que ele foi participando, descobriu que podia ter uma Agrofloresta. Aos poucos
ele vem produzindo suas mudas, construindo sua Agrofloresta e reflorestando
as nascentes que têm à sua volta. Atualmente, Zé Rosa e sua família já estão aos
poucos substituindo a monocultura do coco e implantando uma Agroflorestal.

Os agricultores e as agricultoras, ao organizarem seus viveiros, percebem que a


quantidade de mudas que produzem é bem maior do que a quantidade que pre-
cisa plantar na sua Agrofloresta. Sendo assim, as mudas que sobram nos viveiros
geralmente são doadas ou trocadas entre agricultores e agricultoras, e em alguns
casos comercializadas. É dessa forma que vão estimulando outros a produzirem e
criar sua própria Agrofloresta.

12 Série Conhecimentos
4. A relação das famílias
agricultoras com a
produção de mudas
.......................................................................................

Agricultores e Agricultoras realizando mutirão de produção de mudas


assentamento Camarão – Barreiros/PE

As famílias agricultoras iniciam seus viveiros por diversas razões: algumas delas
produzem mudas para sua propriedade, outras porque veem a grande necessi-
dade de reflorestamento e para fornecer o excedente a projetos que articulam
o reflorestamento com o estímulo à implementação de Agroflorestas, e outras
ainda produzem mudas com fins comerciais.

A produção de mudas e os viveiros são feitos de muitas formas. Uma delas, a que
mais ajuda os agricultores e as agricultoras a criarem uma dinâmica importante
na comunidade, é o mutirão.

Os mutirões são realizados nas propriedades das famílias e, em geral, são orga-
nizados por outros e outras agricultores e agricultoras com a função de ensinar
e multiplicar o conhecimento na propriedade dos demais que estão iniciando
as suas Agroflorestas. Existem casos em que são realizados para ajudar famílias
agricultoras que estão com dificuldades na produção de mudas em seus viveiros.

A dimensão do mutirão é grandiosa, tendo em vista que essa é uma prática antiga dos
camponeses e das camponesas que se ajudam mutuamente. De acordo com Cristina de
Freitas, é uma forma de potencializar o tempo de trabalho. “No mutirão, quando se acha
que se perde um dia de trabalho, na verdade se ganham dez. [...] Hoje, é na propriedade
do vizinho, mas depois vai ser na minha”, sua fala reflete o espírito comunitário e de soli-
dariedade, além da importância de trocar experiências no trabalho coletivo.

Outra estratégia de trabalho com as mudas é a relação que as famílias constroem


no aprendizado que se passa de geração para geração. Têm famílias em que todos
participam da produção de mudas desde as crianças aos mais velhos.

Para seu Zé Rosa, as crianças e os jovens que aprendem quais as plantas que exis-
tem na floresta, e que se envolvem no trabalho, podem se tornar adultos melho-
res. A preocupação dele está na condição dos jovens hoje, tendo em vista a grande
saída da juventude do campo para cidade em busca de empregos e oportunidades.

Produção de Mudas na Mata Atlântica de Pernambuco 13


O agricultor Zé Rosa e a família, com as mudas que produzem no viveiro familiar
assentamento Amaraji – Rio Formoso/PE

Ao colocar essa questão, seu Zé Rosa, assim como outras famílias agricultoras,
está pensando na realidade em que vive e a necessidade que tem tido de con-
tratar força de trabalho temporária para garantir que a produção não pare. Mes-
mo sendo essa uma das estratégias de sobrevivência do campesinato é relevante
tratarmos da questão, haja vista que o campo não pode ser apenas um lugar de
trabalho, mas deve ser, também, um lugar onde as pessoas tenham moradia dig-
na, saúde, educação e acesso a formas de produzirem sua cultura e sua diversão.

Mesmo com tantas adversidades, muitas coisas têm mudado, e Cristina do assen-
tamento Conceição é um dos exemplos. Com a renda que retira da Agrofloresta e
da produção de mudas tem transformado a realidade de sua casa. Ela espera que
quando a agroindústria começar a funcionar melhore ainda mais.

5. Os viveiros familiares:
geração de renda, diversificação
a partir dos intercâmbios
...............................................................
A produção de mudas é uma das atividades estratégicas para fortalecer a diversi-
ficação da produção das famílias agricultoras acompanhadas pelo Centro Sabiá.
Como metodologia, são realizadas visitas nas florestas próximas às propriedades
dos agricultores e das agricultoras para coleta de sementes e mudas e os inter-
câmbios para troca de conhecimentos e experiências.

Para Cristiane Correia, moradora da comunidade Quilombola do Engenho Siquei-


ra, município de Rio Formoso, essa experiência em trabalhar com viveiros de mu-

14 Série Conhecimentos
das já vem de muito longe. “A produção de mudas, como parte da produção de
alimentos da minha família, já vem dos meus avós, que no processo de luta pela
terra acreditavam que o plantio de mudas nativas e frutíferas contribuía para a
demarcação de suas terras. Dessa forma, fomos aprendendo com os meus pais e
fazendo a mesma coisa. A diferença agora é que uso essa prática como forma de
sustentar a minha família e melhorar a qualidade de vida”. Hoje, Cristiane tem
uma diversidade em seu viveiro de aproximadamente 70 espécies, entre plantas
nativas, frutíferas e medicinais, que são comercializadas toda quarta-feira, na
Feira da Agricultura Familiar de Rio Formoso. “Lá (na Feira), os consumidores têm
aceitado as mudas que são comercializadas, em especial as nativas e medicinais.
Estou bastante satisfeita com essas vendas e pretendo, a cada dia, diversificar e
levar saúde para os consumidores da feira”, afirma Cristiane.

“A produção de mudas, como parte


da produção de alimentos da minha
família, já vem dos meus avós, que
no processo de luta pela terra
acreditavam que o plantio de mudas
nativas e frutíferas contribuía para a
demarcação de suas terras.”
Cristiane Correia – comunidade Quilombola de
Siqueira – Rio Formoso/PE

É importante destacar que o trabalho que vem sendo realizando por Cristiane
está contagiando outras famílias da comunidade. E, o Centro Sabiá vem realizan-
do capacitações nas áreas de Agrofloresta, produção de mudas, coleta de semen-
tes, entre outras, com objetivo de melhorar a qualidade de vida dessas famílias.
A associação da comunidade quilombola é uma parceira fundamental nessas ati-
vidades, pois garante a mobilização, o espaço e seus equipamentos pedagógicos
como: televisão, DVD, entre outros. “As pessoas precisam entender que o papel
da associação não é apenas resolver problemas da comunidade, ela também cria
condições e parcerias para fortalecimento nos aspectos econômicos, ambientais,
políticos e sociais. Para tanto, constrói parcerias como, por exemplo: Centro Sa-
biá, IPA, ProRural e Prefeitura Municipal do Rio Formoso” afirma Cláudio Pageú,
tesoureiro da Associação.

Como resultados concretos, tem um grupo de agricultores e agricultoras quilom-


bolas constituídos por oito pessoas que vêm trabalhando em viveiro de mudas
com o objetivo de fazer SAF, e, assim, contribuir com a alimentação das suas fa-
mílias e posteriormente realizar a comercialização das mudas.

Mais duas famílias desenvolvem papéis interessantes em relação aos viveiros. Na


casa de Dona Linda as mudas que são produzidas com ajuda do seu neto e de seu

Produção de Mudas na Mata Atlântica de Pernambuco 15


Dona Linda já é referência em produção de mudas na região – assentamento
Amaraji-Rio Formoso/PE

companheiro são para vender a diversos compradores. Ela não vai à feira, pois
como já virou uma grande referência na região, muitas instituições a procuram
e fazem a escolha das mudas e das espécies no próprio viveiro. É com muita em-
polgação que ela apresenta sua casa e diz que “tudo ali foi construído com muito
esforço, que tudo vem do seu trabalho e da natureza”. E, também, no viveiro dela
se aprende e se troca, pois muitas das mudas que possui vieram de espaços de
intercâmbios. Dona Linda diz já ter andado muito por vários estados e, por isso,
a diversidade é tão grande. Com o objetivo de conhecer o seu viveiro, ela recebe
grupos de estudantes e de outros agricultores, ensina o que aprendeu, as técni-
cas novas que ela mesma foi descobrindo e mostra que é no manejo do próprio
viveiro que se vão construindo novas técnicas e compartilhando novos saberes.

Já Seu Zé Rosa é um camponês, bom contador de causo, que tem orgulho de


seu trabalho. Ele já foi cortador de cana-de-açúcar, já trabalhou em fazendas
próximas ao assentamento onde vive com a família, e agora é um agricultor
que tem sua parcela e trabalha para ele mesmo. Hoje, com seu viveiro, tem se
desafiado todos os dias a estruturar sua Agroflorestal, fornecer mudas para
várias iniciativas de recuperação ambiental e reflorestamento e quem sabe
comercializar nas feiras.

16 Série Conhecimentos
6. Normas para
produção de mudas
...............................................................
As normas para produção de mudas de plantas é uma questão bem recente. Há
muitos anos as plantas e toda a natureza não “tinham dono”, por isso, todos po-
diam desfrutá-la livremente.

Com o desenvolver do comércio, muitas coisas da natureza que eram doadas e/ou
trocadas, também passaram a ser vendidas. Com o crescimento da indústria, e a
transformação da agricultura em um empreendimento, as plantas, as sementes, a
terra e a água se transformaram em mercadorias. Aquilo que era o bem dos povos
está ameaçado pelo capital.

A partir da década de 1950, com a tal Revolução Verde, os países de grande poder
econômico começaram a forçar outros países a adotarem medidas para discipli-
nar a agricultura e a produção de sementes, e assim converter a reprodução da
vida a uma lógica comercial. Para ser mais específico, os agricultores e as agricul-
toras só podiam comprar as sementes de quem tivesse certificado e isso era dado
por uma empresa. Foi dessa forma que se criou a proposta de que sementes só
podiam ser compradas, abandonando a ideia de que as sementes, assim como os
outros bens da natureza, são patrimônios da humanidade.

O tema das sementes como patrimônio dos povos está ligado a outro assunto im-
portante que é a Soberania. A Soberania Popular é o poder do povo sobre os seus
bens e sobre a forma que devem ser governados, tais bens devem estar a serviço
dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Resgatar as sementes crioulas e fazermos, nós mesmos, a produção das mudas


é uma forma de podermos manter nossa independência e não sermos obrigados
a depender das lojas de produtos para agricultura, pois a maioria das semen-
tes é produzida por empresas internacionais que também produzem e controlam
a produção de venenos e de produtos farmacêuticos. A exemplo das indústrias
Monsanto, Syngenta, DuPont e mais tantas outras que lucram com o que é patri-
mônio de todos.

Foi através do poder de mobilização de agricultores e agricultoras, organizados


em movimentos sociais do campo e de luta por agroecologia, que a atual lei de
sementes pôde reconhecer a importância dos agricultores e das agricultoras no
processo de produção de mudas e sementes. A lei nacional de sementes e mudas
(Lei 10.711 de 05 de agosto de 2003) reconhece os agricultores e as agricultoras
como também produtores e produtoras de sementes e que não precisam estar
inscritos no Registro Nacional de Sementes e Mudas (RENASEM).

Produção de Mudas na Mata Atlântica de Pernambuco 17


§ 3º Ficam isentos da inscrição no Renasem
os agricultores familiares, os assentados
da reforma agrária e os indígenas que
multipliquem sementes ou mudas para
distribuição, troca ou
comercialização entre si.

Outra luta importante dos agricultores e das agricultoras familiares e movimentos


sociais do campo e da agroecologia é a lei de cultivares, porque ela diz que as semen-
tes têm dono, e esse dono não é o povo, é uma empresa ou cientista que desenvolve
variedades de sementes. Ou seja, os agricultores e as agricultoras para usarem as se-
mentes desenvolvidas por empresas precisam ter uma autorização dos donos e pagar
os royalties, que é uma taxa, à empresa dona da semente.

7. Árvores Matrizes:
sua importância,
característica e seleção
...............................................................
As árvores matrizes são as árvores que vão servir de referência para a produção
de mudas, pois quando observamos as plantas podemos perceber que há diferen-
ças entre as mesmas espécies.

Ao produzir mudas, devem-se escolher aquelas com melhor aparência e que apre-
sentem menos problemas, porque quando as mudas germinarem, e se tornarem
novas árvores, espera-se que elas tenham as mesmas características da árvore
que foi recolhida a semente.

Em geral, devemos selecionar as árvores que aparentam:

• Aspecto sadio e resistência a pragas e doenças;


• Ser boa produtora de sementes;
• Apresentar boa superfície de exposição solar.

Escolhidas as matrizes, elas devem ser marcadas e identificadas, para isso podem
ser usadas fitas adesivas, tintas e pequenas placas.

Devem-se coletar sementes de várias matrizes da mesma espécie e que tenham


certa distância entre elas, isso ajudará a formar mudas de plantas que não sejam
da mesma família.

18 Série Conhecimentos
7.1 Algumas dicas para escolha
e utilidade de árvores matrizes:

a) Para restauração ambiental


Várias matrizes de uma mesma espécie com características diferentes: formas de
copa, de tronco, de frutos, de sementes, espécies com frutas comestíveis para
fauna, espécies com crescimento rápido sob o sol e também sob a sombra;

b) Espécies para uso de madeira


As matrizes devem ter tronco alto, copa com poucos galhos ou bifurcações;

c) Espécies frutíferas
as matrizes devem ter frutos com cor de polpa bonita, saborosa, aroma agradável
e tamanho adequado para consumo.

7.2 Tabela para coleta de sementes e


produção de mudas

TABELA PARA COLETA DE SEMENTES


E PRODUÇÃO DE MUDAS

Produção
Forma de de Mudas
Nome da Época da Época da Local da
Colheita da Usos (como
Planta Floração Frutificação Observação
Semente plantar a
semente)

Produção de Mudas na Mata Atlântica de Pernambuco 19


8. Coleta e escolha de sementes
...............................................................

Coleta de sementes no assentamento Camarão – Barreiros/PE

Como cientistas, agricultores e agricultoras também fazem o melhoramento genético


das plantas. Na hora da coleta de sementes, deve-se ter o cuidado de selecionar as
árvores, escolhendo as mais viçosas, que geralmente são as maiores, e apresentam
maior dificuldade de se alcançar as sementes na copa. O ideal é escolher as de estatu-
ra média, mas que apresentem frutos bonitos e sadios. Para tanto, é preciso observar
a natureza de cada planta e como elas preparam suas sementes.

As sementes são coletadas e separadas por árvores, que depois devem ser identi-
ficadas e cadastradas num caderno de registro da família. O cadastro vai facilitar
o encontro da mesma árvore nos anos seguintes e confirmar se ela pode servir
como planta matriz, se houver condições de georeferenciar, deve-se fazer.

As sementes devem ser, preferencialmente, colhidas nas árvores. Elas são retira-
das das copas por meio de escalada e uso de equipamentos. Mas, também, podem
ser recolhidas no chão. Neste caso, deve-se tomar mais cuidado, pois os frutos
e sementes que estão no chão também estão mais sujeitos a fungos e ao ataque
dos insetos.

A época da colheita das sementes vai variar de acordo com cada espécie de plan-
ta, pois cada uma tem um tempo diferente. Para isso, é importante observar a
mudança na coloração dos frutos (que muda geralmente do verde para tons de
amarelo e marrom).

Há algumas plantas que têm maior dificuldade de germinação. Nesses casos po-
de-se colher na mata as pequenas mudas.

A estocagem das sementes é feita em garrafas PET ou em vasilhames de vidro. As


sementes precisam passar por uma boa seleção. Deve-se observar se elas apre-
sentam furos ou qualquer outra anormalidade. É importante que na hora de es-
tocar as sementes elas estejam secas e misturadas com cinzas. Tomando esses
cuidados, diminuem a possibilidade de insetos e fungos que podem estragá-las.

20 Série Conhecimentos
9. Germinação e dormência
...............................................................

Semente em processo de germinação – as plântulas

A germinação é o despertar da semente. Ela acontece quando o embrião contido


dentro da semente começa a se desenvolver, rompendo a casca que o protege,
dando origem a uma plântula com uma ou duas folhinhas ainda presas à semente.

Para que a semente não germine dentro do fruto, ou evite que ela seja atacada
por microrganismos, ela, por si só, vai perdendo umidade. Essa é uma forma de
diminuir a sua atividade, ou seja, ela reduz o seu metabolismo. É nesse processo
que a semente entra em dormência e fica assim aguardando o tempo e as condi-
ções ideais para que possa germinar e gerar uma nova planta.

Para despertá-la é necessário ter algumas condições favoráveis como temperatu-


ra, luz, oxigênio e umidade.

9.1 Métodos Mais Usados


a) escarificação mecânica – quando se lixa ou raspa a semente, para amolecer
ou romper sua casca;

b) choque térmico – colocar a semente na água quente ou fria. É uma das práti-
cas mais usadas entre as famílias agricultoras.

b.1) Quente: Indicado para sementes com cascas mais grossas. A água deve
ser aquecida a uma temperatura média de 90ºC, um pouco antes de ferver, e
ali as sementes são mergulhadas e imediatamente deve-se colocar a mesma
quantidade de água fria para produzir o choque térmico, as sementes devem
permanecer por 5 minutos, que varia dependendo da espécie.

b.2) Frio: devem-se colocar as sementes em água à temperatura ambiente,


mantendo-as por aproximadamente 24 horas. O tempo de molho varia de
acordo com a espessura da casca da semente, quanto mais fina menos tempo
e, em geral, descartam-se as sementes que flutuam, pois, provavelmente,
estas não devem estar muito boas.

Produção de Mudas na Mata Atlântica de Pernambuco 21


As mudas de algumas plantas, cujas sementes têm mais dificuldades em germinar
como sucupira, visgueiro e quiri são recolhidas na própria floresta. A coleta das
mudas é feita na mata e, assim que retiradas, são colocadas em jornais úmidos
para, em seguida, serem levadas ao viveiro onde os saquinhos já devem estar
preparados para recebê-las.

10. Preparo da sementeira e


processo de semeadura
...............................................................

Semeadura no chão

A sementeira é o local aonde vão se colocar as sementes para germinar. Existem


vários tipos de sementeiras e alguns processos de semeadura.

Há sementeiras no chão ou em caixas altas de madeira. Os canteiros de semeadura


mais utilizados pelos agricultores e agricultoras na Zona da Mata Sul de Pernambuco
são os construídos no próprio solo, com uma altura de 50 cm por 1 m de comprimen-
to; ou os suspensos, estabelecendo-se a sua superfície a cerca de 80cm de altura,
pois isto facilita o trabalho de manejo. Porém, pode-se construir de outras manei-
ras como, em garrafas pet, madeira ou alvenaria, com 30cm de profundidade. Esses
canteiros são preenchidos com uma camada de brita (para facilitar o escoamento da
água) e a retirada das mudas que enraízam. Alguns agricultores e agricultoras usam
pó de serra no lugar da brita ou bagaço de coqueiro. Por cima da brita, colocam-se
uma camada de areia grossa e adubo orgânico.

Canteiro suspenso

22 Série Conhecimentos
Podem ser utilizadas, com mais economia e sucesso, caixas plásticas ou galeias
apoiadas em suporte. Nesse caso, dispensa-se o uso de brita, uma vez que não há
problemas de drenagem já que as caixas têm o fundo vazado.

O canteiro deve ser protegido contra o sol direto, chuva, ventos, ataque de pássaros
e animais. Os materiais mais utilizados são o plástico e sombrite. Deve-se ter cuidado
ao aguar para evitar o aparecimento de doenças e o encharcamento dos canteiros.

“O uso de canteiros também é


recomendado quando a germinação é
muito irregular, ou quando se deseja
aproveitar a maior quantidade
possível de mudas.”

Observações importantes:

• Quando não sabemos a posição para colocar as sementes para nascer, sempre
devemos colocá-las deitadas.
• Procurar distribuir as sementes no germinador sem deixá-las amontoadas.
• As sementes não podem ser colocadas muito ao fundo e nem ficar desco-
bertas, pois afetará a germinação. Devem-se colocar as sementes numa
profundidade de 1 cm a 2cm e depois colocar um pouco de terra fina pe-
neirada por cima.

11. Manejo de viveiros


...............................................................

Cristina Freitas - manejo de viveiro de mudas – assentamento Conceição – Sirinhaém/PE

A construção de viveiros de mudas envolve uma série de atividades que precisam


ser planejadas para que tudo dê certo. Os viveiros podem ser coletivos ou indi-
viduais. Devemos saber que tipos e qualidades de plantas queremos produzir, e
isso pode ser pensando pela comunidade ou na família a fim de levantar ideias e
sugestões.

Produção de Mudas na Mata Atlântica de Pernambuco 23


Algumas condições são necessárias para a instalação dos viveiros e sua manuten-
ção. Veja algumas delas abaixo:

11.1 Facilidade de acesso


É importante que o lugar escolhido possibilite a chegada e a saída tanto dos agri-
cultores e agricultoras como de transporte e materiais. De preferência próximo
à residência da família ou à sede da associação, para facilitar o monitoramento.

11.2 Manutenção da umidade


Deve ser próximo a locais que tenham água, no período pós-semeadura precisa-
se de muita água. A água também deve ser de qualidade.

11.3 Relevo
O local escolhido deve ser plano para melhor acomodar as mudas. O terreno não
pode ser muito argiloso, pois este tipo de solo atrapalha a circulação de pessoas
e equipamentos.

Viveiro de mudas do agricultor Moacir Correia – comunidade quilombola


Engenho Siqueira – Rio Formoso/PE

11.4 Solo
O tipo de solo deve ser, preferencialmente, leve como os arenosos ou areno-ar-
gilosos, pois facilitam a infiltração da água. Profundos e bem drenados, livre de
plantas colonizadoras como a tiririca.

11.5 Drenagem
Se o lugar acumular água a drenagem para fora do viveiro pode ser feita através
de valetas (cega - com pedras, ou comum).

11.6 Luminosidade
O local deve ser bastante ensolarado. Às vezes é necessário construir abrigos
para determinadas espécies de plantas. É mais indicado colocar os canteiros
com a frente em direção ao Norte, assim ficam mais protegidos dos ventos
que vêm do Sul.

24 Série Conhecimentos
11.7 Quebra-vento
São estratégias de proteção das mudas, os quebra-ventos são uma barreira de
proteção ou cortinas que podem ser feitas com uma cerca viva. É importante
que o tipo de árvore utilizada na cerca viva não faça sombra sobre o canteiro.

12. Preparo de substrato: como


fazer o enchimento das bolsas?
...............................................................

Substrato com
terra e composto
orgânico para
alimentar a
muda

Na base colocar
um pouco de
barro para fixar
a terra na raiz
da planta/muda

Produção de Mudas na Mata Atlântica de Pernambuco 25


O material utilizado como substrato deve proporcionar bom escoamento da água.
Recomenda-se utilizar um composto de areia com terra de 5 a 10 centímetros de
profundidade. Se for utilizada terra de superfície, ela poderá contaminar as se-
mentes, causando mau desenvolvimento na fase de crescimento.

O preparo do substrato deve levar em consideração alguns procedimentos:

12.1 Peneirar
Devem-se peneirar todos os componentes, para evitar que pedaços de substratos
possam atrapalhar a germinação das sementes, o crescimento das mudas e a sua
retirada dos saquinhos.

Pesar e/ou medir as quantidades de todos os componentes é importante para que não
se perca tempo ou material na preparação. Lembrando-se de que para o preparo do
substrato, para encher o saquinho, deve-se colocar 2/3 de terra e 1/3 de substrato.

12.2 Misturar
Até deixar bem homogêneo, isso pode ser feito com enxadas. Pode-se ir colocan-
do água aos pouco e ir testando.

Observação importante:
na Mata Sul, conhecemos agricultores e agricultoras
que têm outras formas de preparar os saquinhos. Uma das
técnicas é colocar ¾ do saco de argila, ao fundo do saco, e
completar com substrato.

12.3 Tipos de substratos


É possível fazer vários substratos. Os agricultores e as agricultoras utilizam es-
terco curtido ou terra da mata/Agrofloresta, folhas e talos, que quando bem tri-
turados vão facilitar sua incorporação no canteiro de semeadura.

O mais usado é terra de subsolo, com composto orgânico ou esterco curtido, sen-
do usado 2/4 de terra de subsolo para 1/4 de composto ou esterco curtido e 1/4
de barro para fixar a terra na raiz das plantas.

A camada do esterco curtido que é utilizado na cobertura deve ser equivalente ao


diâmetro das sementes mais ou menos 1cm de altura.

26 Série Conhecimentos
13. Transplante das Mudas
...............................................................

Saquinhos plásticos são os mais comuns para produção de mudas

Enchendo as bolsas e colocando as plântulas:

Os recipientes mais comuns são os sacos plásticos de polietileno. Os sacos plás-


ticos apresentam a vantagem de dispensarem grandes investimentos em infra-
estrutura. Os sacos plásticos menores (14x16) permitem formar canteiros com
cerca de 250 sacos por m2. Os maiores ocupam mais espaço, reduzindo a ocupação
para cerca de 100 saquinhos por m2.

Como já mencionado, os canteiros podem ser instalados no chão ou suspensos,


neste último, a poda das raízes é feita pelo ar, quando furam as embalagens.

Após a germinação das sementes nos canteiros, realiza-se a transferência das


mudas para os recipientes (saquinho de mudas). A transferência é uma operação
delicada e deve ser executada com todo o cuidado. As mudas devem ser retiradas
quando atingirem altura de 3 a 10 centímetros, em geral apresentando dois pares
de folhas, dependendo da espécie.

Produção de Mudas na Mata Atlântica de Pernambuco 27


Retirar a muda
quando tiver
de 3 a 4 cm de
tamanho

13.1 Cuidados a serem seguidos:


a) Molhar a sementeira, para facilitar o arrancamento;
b) Retirar as mudas delicadamente, segurando pelo colo (região entre a raiz e o caule);
c) Colocar as mudas em recipiente com água;
d) Molhar os recipientes contendo solo;
e) Abrir um pequeno buraco em cada recipiente, com profundidade suficiente
para acomodar as raízes;
f) Plantar, preenchendo o orifício com substrato peneirado, fino e seco, de forma
a evitar a formação de bolsas de ar;
g) Puxar levemente a muda para cima, de forma a endireitar a raiz principal;
h) Montar abrigo de sombrite, mantendo as mudas por 15 a 30 dias. Em tempo frio,
pode-se cobrir também com plástico, para manter a temperatura mais elevada;
i) Regar de forma suave e frequente.

Observação importante:
A irrigação mais usada é com regador de crivo fino,
pois isso diminui o impacto da água sobre as mudas.

13.2 Semeadura direta


Esse tipo de plantio é muito importante, pois elimina os danos que podem ser
causados na hora da transferência das mudas. Nesse caso, o número de sementes
colocado no recipiente é maior, pois são utilizadas de 3 a 5 sementes.

As sementes devem ser colocadas nos recipientes e cobertas com substrato que
deve ser protegido com palhas de coqueiro, sapé, sombrite e/ou plástico até 30
dias após a germinação.

28 Série Conhecimentos
14. Molhando as Plantas
...............................................................

Na agricultura familiar, o método mais utilizado para molhar as plantas é com


regadores ou mangueiras. O regador, quando utilizado, deve ter crivo fino para
evitar erosão dos canteiros. No início do crescimento das plantas, as regas devem
ser mais frequentes do que para as mudas já desenvolvidas. Em geral, a irrigação
deve ser executada no início da manhã e/ou no fim da tarde. O excesso de rega
costuma ser mais prejudicial do que a falta pois pode proporcionar o aparecimen-
to de doenças.

Produção de Mudas na Mata Atlântica de Pernambuco 29


15.Preparando as mudas
para transporte
...............................................................
15.1 Cuidados a serem tomados:
a) Não irrigar antes do transporte, porque elas podem murchar por causa da eva-
poração e a trepidação do carro;
b) O transporte deve ser feito em ambiente fechado, porém arejado, isto para
diminuir o vento sobre elas;
c) O transporte deve ser feito à noite, porque nesse horário as plantas sofrem
menos, já que não há sol;
d) Chegando ao local onde serão plantadas, as que não forem utilizadas naquele
dia devem permanecer juntas, tomando o cuidado de irrigá-las ao amanhecer e
ao anoitecer, evitando irrigação próxima ao meio-dia para que não murchem.

16. Espécies que as famílias têm


dificuldade em multiplicar
...............................................................
As espécies indicadas neste capítulo, de modo geral, são adubadeiras. Elas são
boas para a produção de biomassa ou matéria orgânica na Agrofloresta.Várias
delas são melíferas, ou seja, suas flores são usadas pelas abelhas para produzirem
mel e praticamente todas elas ajudam na recuperação de solos degradados e na
recuperação das nascentes de água.

Nome popular: Amescla de Cheiro, Amesclão ou Breu Branco


Nome Científico: Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchando. Da família Burseraceae
Características: árvore que pode ficar com até 20 metros de altura. Costuma flo-
rescer entre os meses de agosto e setembro e os frutos amadurecem entre novem-
bro e dezembro. Sua madeira é usada em construção civil, carpintaria e marce-

30 Série Conhecimentos
naria. Tem qualidades ornamentais, servindo para arborizações urbana e rural.
Produção de muda: colher o fruto diretamente da árvore quando ele começar a
abrir espontaneamente. Depois deixar o fruto ao sol para que termine de abrir
completamente e libere a semente. A semente deve ser colocada para germinação
assim que for colhida. Pode ser semeada em canteiro ou já nas bolsinhas. Cobrir
com substrato peneirado e irrigar diariamente. Ela costuma levar de 15 a 25 dias
para germinar. Sua taxa de germinação é baixa. Caso se queira armazená-la, é
necessário deixar secar por um tempo mais longo. É importante ressaltar que a
semente não deve ficar estocada por mais de 90 dias

Nome popular: Angelim ou Angelim Amargoso


Nome Científico: Andira Nitida Mart. ex Benth. Da família Fabaceae
Características: árvore que atinge em média 8,5metros. Sua madeira é resisten-
te de grande durabilidade, por isso é muito usada para fazer assoalhos, cabos
de ferramentas, móveis finos e na construção naval. Suas flores têm tonalidade
lilás e a árvore costuma florir entre novembro e janeiro. Seus frutos costumam
amadurecer entre maio e junho.
Produção de Mudas: colocar as sementes para germinar assim que colher, sem ne-
nhum tratamento, e em saquinhos individuais ou outro tipo de recipiente. Sua ger-
minação é lenta e só fica pronta para plantio depois de oito a nove meses de nascida.

Produção de Mudas na Mata Atlântica de Pernambuco 31


Nome popular: Cupiúba ou Pau-pombo
Nome Científico: Tapirira guinensis Aubl. Da família das anacardiaceae
Características: árvore que pode chegar até 14 metros de altura. Sua madeira é muito
usada na confecção de brinquedos, compensados, caixotes leves, etc. É bem indicada
para ser usada em reflorestamento. Floresce entre os meses de agosto e dezembro.
Seus frutos costumam amadurecer entre os meses de janeiro e março.
Produção de mudas: colocar a semente ou o próprio fruto para germinar logo
que colhidos. Colher os frutos diretamente da árvore. Despolpar o fruto manual-
mente e lavá-los em água quente. Quando separar a semente, deixá-la secar em
um local que tenha sombra. Cobrir a semente com uma camada fina de substrato
peneirado. Irrigar duas vezes por dia. Leva cerca de 15 a 30 dias para germinar.
Mas o desenvolvimento das mudas é rápido. Dentro de 4 a 5 meses já se pode
plantá-las em local definitivo.

32 Série Conhecimentos
Nome Popular: Louro Canela ou Louro Cagão
Nome Científico: Nectandra cuspidata Nees. Da família Lauraceae
Características: árvore de grande porte, podendo atingir até 25 metros de altura.
Sua madeira é pouco durável, indicada para forros, móveis entre outros. É indicada
para reflorestamento e paisagismo. Ela floresce e frutifica praticamente o ano todo.
Produção de Mudas: colher os frutos diretamente do pé ou assim que cair no
chão. Semear a semente assim que coletar em um canteiro ou colocar em saqui-
nhos ou outro recipiente. Sua germinação e desenvolvimento são rápidos, po-
dendo ser plantada em local definitivo dentro de quatro meses.

Produção de Mudas na Mata Atlântica de Pernambuco 33


Nome Popular: Quiri Leiteiro ou Leiteira Vermelha
Nome Científico: Brosimum guianensis (Aubl.) Humber. Da família da Moraceae
Características: árvore de porte médio que pode atingir até oito metros de altu-
ra. Sua madeira é pesada e resistente, recomendada para tornearia e fabricação
de móveis. Ela floresce quase todo o ano. Seus frutos costumam amadurecer en-
tre novembro e dezembro.
Produção de Mudas: semear a semente assim que colher em canteiros onde te-
nha sol. A germinação e o seu desenvolvimento são rápidos. Acontecem dentro
de poucas semanas.

34 Série Conhecimentos
Nome Popular: Sucupira ou Sucupira Branca
Nome Científico: Bowdichia virgilioides Kunth. Da família da Fabaceae
Características: árvore que pode atingir até 14 metros de altura é decorativa e
sua madeira é pesada de longa durabilidade. Ela floresce entre os meses de agos-
to e setembro, ficando a árvore praticamente sem folhas. Seus frutos amadure-
cem entre os meses de outubro e dezembro.
Produção de Mudas: colocar as sementes para germinar logo que colher. Semear
em canteiro ou diretamente em saquinhos. A germinação acontece entre 30 e 60
dias. O desenvolvimento da muda é rápido, podendo ser levada para plantio com
cinco ou seis meses.

Produção de Mudas na Mata Atlântica de Pernambuco 35


Nome Popular: Visgueiro, Fava-de-bolota, Andirá, Jueirana-vermelha, Angelim,
Arara-Petiú, Faveira, Paricá-Grande, Pau-de-Aranha, Sabiú, Rabo-de-aranha,
Murariena e Jupiúba.
Nome Científico: Parkia pendula (Willd.) Benth. ex Walp. Da família Fabacea
Características: árvore de grande porte, podendo atingir até 20 metros de altura.
É recomendável utilizá-la em área de reflorestamento. A sua madeira é pesada
e costuma ser usada em carpintaria e marcenaria. Sua raiz cresce acima do solo.
Suas flores são pequenas e numerosas e flora entre agosto e outubro. Seus frutos
amadurecem entre dezembro e março.
Produção de Mudas: recomenda-se colher o fruto diretamente da árvore ou as-
sim que cair no chão. Como as sementes são duras, recomenda-se lixá-las antes
de semeá-las, para melhorar a germinação. Podem ser plantadas em canteiros ou
em saquinhos. Seu desenvolvimento é rápido, podendo ser plantada dentro de
cinco a seis meses.

36 Série Conhecimentos
17. ANEXO
...............................................................
17.1 Legislação para produção de mudas
Lei de Sementes e Mudas

LEI Nº 10.711, DE 5 DE AGOSTO DE 2003.

Disposições Preliminares

Art. 1º O Sistema Nacional de Sementes e Mudas, instituído nos termos desta Lei
e de seu regulamento, objetiva garantir a identidade e a qualidade do material de
multiplicação e de reprodução vegetal produzido, comercializado e utilizado em
todo o território nacional.

Art. 2º Para os efeitos desta Lei, entende-se por:

VIII - categoria: unidade de classificação, dentro de uma classe de semente, que con-
sidera a origem genética, a qualidade e o número de gerações, quando for o caso;

IX - certificação de sementes ou mudas: processo de produção de sementes ou


mudas, executado mediante controle de qualidade em todas as etapas do seu
ciclo, incluindo o conhecimento da origem genética e o controle de gerações;

X - certificado de sementes ou mudas: documento emitido pelo certificador, com-


provante de que o lote de sementes ou de mudas foi produzido de acordo com as
normas e padrões de certificação estabelecidos;

XI - certificador: o Mapa ou pessoa jurídica por este credenciada para executar a


certificação de sementes e mudas;

XII - classe: grupo de identificação da semente de acordo com o processo de produção;

XV - cultivar: a variedade de qualquer gênero ou espécie vegetal superior que seja


claramente distinguível de outras cultivares conhecidas, por margem mínima de
descritores, por sua denominação própria, que seja homogênea e estável quanto
aos descritores através de gerações sucessivas e seja de espécie passível de uso
pelo complexo Agroflorestal, descrita em publicação especializada disponível e
acessível ao público, bem como a linhagem componente de híbridos;

XVI - cultivar local, tradicional ou crioula: variedade desenvolvida, adaptada ou


produzida por agricultores familiares, assentados da reforma agrária ou indí-
genas, com características fenotípicas bem determinadas e reconhecidas pelas
respectivas comunidades e que, a critério do Mapa, considerados também os des-
critores socioculturais e ambientais, não se caracterizem como substancialmente
semelhantes às cultivares comerciais;

Produção de Mudas na Mata Atlântica de Pernambuco 37


Art. 8º As pessoas físicas e jurídicas que exerçam as atividades de produção, be-
neficiamento, embalagem, armazenamento, análise, comércio, importação e ex-
portação de sementes e mudas ficam obrigadas à inscrição no Renasem.

§ 3º Ficam isentos da inscrição no Renasem


os agricultores familiares, os assentados
da reforma agrária e os indígenas que
multipliquem sementes ou mudas para
distribuição, troca ou
comercialização entre si.

Art. 11. A produção, o beneficiamento e a comercialização de sementes e de mu-


das ficam condicionados à prévia inscrição da respectiva cultivar no RNC.

§ 6º Não é obrigatória a inscrição no RNC


de cultivar local, tradicional ou crioula,
utilizada por agricultores familiares,
assentados da reforma agrária
ou indígenas.

Art. 48. Observadas as demais exigências desta Lei, é vedado o estabelecimento


de restrições à inclusão de sementes e mudas de cultivar local, tradicional ou
crioula em programas de financiamento ou em programas públicos de distribui-
ção ou troca de sementes, desenvolvidos junto a agricultores familiares.

38 Série Conhecimentos
18. Glossário:
as palavras e seus significados
...............................................................
Agronegócio - modelo de produção no campo que tem como finalidade o lucro.
São usadas grandes extensões de terra, sementes transgênicas, agrotóxicos e su-
perexploração dos trabalhadores. Nos últimos tempos (1990 a 2012), aproxima-
damente 44 mil trabalhadores foram resgatados da condição de trabalho escravo,
de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego. A maioria dos trabalhadores
estava em fazendas onde o modelo de produção é o do agronegócio.

Densidade - está relacionada ao peso ou a estrutura da madeira.


Escarificação - método de raspagem da casca grossa das sementes. Há sementes
que têm uma proteção mais dura, mais grossa e para quebrar a dormência é ne-
cessário sofrer uma raspagem para que a umidade entre mais rápida nela e assim
facilitar o processo de germinação.
Homogêneo - processo de misturar substâncias diferentes até que tomem a mes-
ma consistência e pareçam únicas. Exemplo é o suco, quando misturamos a polpa
da fruta com a água, transformamos em um líquido só.
Latifúndio - grandes extensões de terra. Geralmente o termo é usado para iden-
tificar as grandes extensões de terras não cultivadas ou que o cultivo não conse-
gue alcançar os índices de produtividade.
Aqui, no Nordeste, o mais comum é encontrar as terras que foram herdadas por fa-
mílias (desde o tempo da Coroa Portuguesa), onde havia o cultivo da cana-de-açú-
car. Com a crise do modelo açucareiro, no início de 1920, essas terras ficaram sem
produção e os trabalhadores dos engenhos passaram a utilizar em benefício próprio,
produzindo alimentos. No entanto, com medo de perder a terra que até então estava
improdutiva, os donos de engenhos e coronéis expulsam os trabalhadores e as terras
permanecem sem ou com pouco cultivo.

Plântula - filhote da planta que já tem uma ou duas folhinhas ainda presas à semente.

Royalties - dinheiro pago às empresas que detêm os direitos de produção de determi-


nadas sementes. A empresa ganha em cima do que o agricultor trabalhou e produziu.
Sementes crioulas - são sementes produzidas pelos próprios agricultores, me-
lhoradas e selecionadas de uma colheita para outra. São sementes que não são
fabricadas e nem precisam ser compradas.

Soberania popular - é o direito de o povo ser respeitado. O direito à educação, à


saúde, à cultura, entre outros. Estes são direitos humanos básicos e universais e
devem chegar a todos sem distinção de cor ou raça. A efetivação desses direitos
é garantida pela soberania popular quando o povo (ou a classe trabalhadora) é
reconhecido e respeitado.

Produção de Mudas na Mata Atlântica de Pernambuco 39


19. Bibliografia
...............................................................
Articulação Nacional de Agroecologia. A Produção de Sementes Registradas na
Nova Legislação Brasileira de Sementes e Mudas. Rio de Janeiro.

Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá. Espécies Agroflorestais mais


Usadas na Zona da Mata de Pernambuco. Recife, 2009.

FOWLER, A.J.P.; BIANCHETTI, A. Dormência em Sementes Florestais. Colombo:


Embrapa Florestas, 2000. 27p.

IBGE. Censo Agropecuário 2006: Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Fede-


ração. Rio de Janeiro-RJ. 2006, p. 1-777.

INPE e SOS Mata Atlântica divulgam dados do Atlas dos Remanescentes Flo-
restais. Disponível em: http://www.inpe.br/noticias/noticia.php?Cod_Noti-
cia=2559. Acessado em 24/04/2013.

Lorenzi, H. 2002. Árvores Brasileiras – Manual de Identificação e Cultivo de


Plantas Arbóreas Nativas do Brasil. V.2. 2ªed. Editora Plantarum. Nova Odessa
– SP. 368 p.

Nogueira , Antonio C. e Souza Medeiros, Antonio C. de. Circular técnica: Coleta


de Sementes Florestais Nativas. Embrapa, Colombo, Paraná, 2007.

PESACRE . Produção de Mudas Agroflorestais. Acre, 2004. 26 p.

40 Série Conhecimentos
20. Lista das Associações
Parceiras do Centro Sabiá na
Região da Mata Atlântica
...............................................................
Associação dos Produtores Associação de Jovens em Ação
do Assentamento Amaraji Gameleira - PE
Rio Formoso - PE E-mail: [email protected]
E-mail: associaçã[email protected]
Grupo de agricultores e
Associação dos Agricultores apicultores de Sertãozinho de Baixo
Quilombola do Engenho Siqueira Maraial - PE
Rio Formoso - PE Contato: (81) 9917 8005

ASCONSAJ - Associação dos Associação de Produtores


Pequenos Produtores Rurais dos Rurais de Bom Jardim e Camarão
Engenhos Conceição e São José Barreiros - PE
Sirinhaém - PE Contato: (81) 9459 1587
Contato: (81) 9992 1170
Assentamento Projeto
Miguel Arraes
Associação de Agricultores e
Catende - PE
Agricultoras Agroflorestais de
Contato: (81) 9443 9692 ou
Ribeirão – PE (AFLORA)
9962 6020
Ribeirão - PE
Contato: (81) 9760 2997
Grupo de Apicultores do
Assentamento Pedra Imã
Grupo Agroecológico Sabor e Vida
Água Preta - PE
Tamandaré - PE
Contato: (81) 9693 1860 ou
Contato: (81) 9292 2810
9452 0141

Produção de Mudas na Mata Atlântica de Pernambuco 41


EXPEDIENTE
Agricultores e agricultoras que participaram da construção desta Cartilha:
Ailton da Paz Silva, Josilda Maria dos Santos, José Augusto da Silva, Joselânia Gomes da Silva,
Lindinalva Maria Assis e Maria da Guia Almeida Silva (assentamento Amaraji – Rio Formoso); Joeli
Maria Correia da Silva (comunidade Quilombola do Engenho Siqueira – Rio Formoso); Elizabete
da Silva Lima e Joabe dos Santos (assentamento Jundiá de Cima – Tamandaré); Cristina Maria de
Freitas, Ernandes Marcelino Vicente Lins e José Caboclo da Silva, (assentamento Conceição – Siri-
nhaém); José Moacir (assentamento Santo Elias – Sirinhaém) e Pedro Silva de Oliveira (assenta-
mento Mascate – Barreiros).
Esta é uma publicação do Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá. Rua do Sossego, 355,
Santo Amaro Recife/PE – CEP: 50050-080 Fone/Fax (81) 3223.7026/3323|sabia@centrosabia.
org.br | www.centrosabia.org.br | Diretoria - Presidente: Jones Severino Pereira. Vice-presiden-
te: Ivonete Lídia Vieira. Secretária: Joana Santos. Conselho Fiscal: Joelma Pereira, Tone Cristiano
e Sandra Rejane. Coordenação – Coordenador Geral: Alexandre Henrique Bezerra Pires. Coordena-
dora Técnico Pedagógica: Maria Cristina Aureliano.| Coordenadora Administrativo Financeira:
Verônica Batista | Equipe de Trabalho: Alberto Barros, Antônio Bezerra Júnior, Darliton Lima,
Demetrius Falcão, Edilene Barbosa, Ewerton França, Gleidson Amaral, Iran Severino da Conceição,
Jacinta Gomes, Janaina Ferraz, Júlio Valério de Oliveira, Jullyana Lucena, Maria Edineide de Oli-
veira, Miriam Lima, Nicléia Nogueira, Pedro Eugênio, Raimundo Daldemberg, Roberto Nascimento,
Rosana Paula da Silva, Vânia Luiza, Victor Barbosa, Vilma Machado e Wellington Gouveia. Projetos
Especiais: Ana Lúcia, Cláudio Pageú, Jackson Helder; Ayrton Soares (estagiário) Coordenações
Locais - Agreste: Carlos Magno de Medeiros; Zona da Mata: Ana Santos da Cruz; Sertão: Rivaneide
Almeida. Núcleo de Mobilização de Recurso: Davi Fantuzzi.
O Trabalho do Centro Sabiá também recebe apoio das seguintes organizações: ActionAid, Mise-
reor/KZE, terre des hommes schweiz, União Europeia, Caixa Econômica Federal – Fundo Socioam-
biental, Fundo Nacional sobre Mudanças no Clima (FNMC), Fundo Brasileiro para a Biodiversidade
(Funbio), Petrobras, ministérios do Meio Ambiente, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
e do Desenvolvimento Agrário: Projeto Dom Helder Camara (PDHC) e Agência Pernambucana de
Águas e Clima (APAC).

Produção do Núcleo de Comunicação do Centro Sabiá


Laudenice Oliveira (DRT/PE – 2654)
Sara Brito (Comunicadora)
Priscila Xavier e Victória Ayres (Estagiárias)
Textos: Ana Emília Borba Ferreira da Silva
Colaboração: Ana Santos da Cruz, Paulo Portes e Wellington Gouveia de Moraes
Edição: Laudenice Oliveira
Projeto Gráfico e Diagramação: Alberto Saulo
Fotos: Paulo Portes, Vládia Lima e Wellington Gouveia
Revisão Ortográfica: Andréa Luz
Impressão: Gráfica Provisual
Tiragem: 4.000 (quatro) mil exemplares

Recife/2014

...............................................................
O Centro Sabiá faz parte das seguintes articulações:

O Centro Sabiá é filiado a:

42 Série Conhecimentos
AGRADECIMENTOS

Nossos agradecimentos às agricultoras e aos agricultores que contribuíram com


a construção desta cartilha. Às famílias agricultoras da Zona da Mata de Pernam-
buco que optaram em trabalhar com os Sistemas Agroflorestais (SAF’s) e que
tão bem nos acolheu para realização desta publicação. Esta cartilha, então, é
resultado de um processo de construção pedagógica e coletiva de conhecimen-
tos. Uma prática exercitada pelo Centro Sabiá no seu processo pedagógico de
assessoria às famílias agricultoras.

Oficina sobre produção de mudas para Oficina sobre produção de mudas para
construir o conteúdo da Cartilha – construir o conteúdo da Cartilha –
momento de trabalho em grupo momento de trabalho em grupo

Oficina sobre produção de mudas para Oficina sobre produção de mudas para
construir o conteúdo da Cartilha – construir o conteúdo da Cartilha –
momento de socialização do trabalho momento de socialização do trabalho
em grupo em grupo

Produção de Mudas na Mata Atlântica de Pernambuco 43


44 Série Conhecimentos
Produção de Mudas na Mata Atlântica de Pernambuco 45
Realização: Apoio:

Secretaria de Ministério do
Desenvolvimento Territorial Desenvolvimento Agrário

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