Antropofagia Organizacional
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Antropofagiaorganizacionaleadificildigestodetecnologiagerencialimportada.
ThomazWoodJr.EMiguelP.Caldas
1.INTRODUO
Estetrabalhofazpartedeumasriedetextosproduzidospelosautoressobotemageralda
importao de tecnologia gerencial e sua aplicao em contextos distintos daqueles em que tais
tecnologiaforamgeradas.
Oprimeirotexto,TowardaMoreComprehensiveModelofManagerialInnovationDiffusion:
Whe consultants are not the only ones to blame (Caldas, 1996), tratou da questo da inovao
gerencial. Neste texto, foi proposto um modelo integrado para explicar o processo de difuso de
inovaesemambientesturbulentos,comoobrasileiro.
Ostextosseguintes,fortheEnglhishtosee:Theimportationofmanagerialtechnologyinlate
20thcenturyBrazil(CaldaseWood,1997)eImportaodetecnologiagerencialnoBrasil:odivrcio
entresubstnciaeimagem.(WoodeCaldas,1997)introduziramaviarvelculturaorganizacional
nodebatesobreimportaoeadoodetecnologiagerencialimportada.
realizaradaptaocriativadatecnologiagerencialimportadascondieslocais.
administrativa originria de pases desenvolvidos por empresas brasileiras. Este fenmeno pode ser
visto sob duas perspectivas: sob o prisma das empresas locais, que adotam tais tecnologias
pressionadaspelocontextocompetitivo;esoboprismadasempresasqueestoagoraseinstalando
nopas,equetrazemessasprticasdiretamentedesuasmatrizes.
Emambososcasos,aimportaodemodelosestrangeirosmostraseproblemtica,oquese
deve s diferenas entre os contextos onde tais tecnologias foram geradas e aqueles onde so
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aplicadas. Propomos aqui que estas distines sejam classificadas em trs categorias principais:
diferenasinstitucionais,diferenasculturaisediferenasorganizacionais.
Oobjetivodestetrabalhodiscutiraspeculiaridadesinstitucionais,culturaiseorganizacionais
do ambiente brasileiro de negcios e mostrar por que tais particularidades provocam resultados
inesperados,quandotecnologiasgerenciaisestrangeirassoadotadas.Postulamosqueasreaes
adoodetecnologiasgerenciaisimportadaspodemserclassificadasemtrsgrupos:mudanapara
inglsver,frustraoenegaoeadaptaocriativa.Paraviabilizaroatendimentodeste objetivo,
apresentamos e utilizamos o conceito de antropofagia organizacional, uma retomada de nossos
antigosrituaisnativos.
Orestantedotextoestestruturadodaseguinteforma:
pormeiodeumpequenotrechoficcional,sobrecomopoderiamterevoludonossosantigoshbitos
antropfagos;
. a terceira seo analise por que se usa tecnologia administrativa importada no Brasil e as
peculiaridadesdoambientedenegciosbrasileiro;
.aquartaseotratadasreaesutilizaodetecnologiaadministrativaimportada;e
.altimaseoapresentaumasntesedoensaio.
2.ECOSDOPASSADO
pocadodescobrimento,oBrasilerahabitadoporcercade1milhodeamericanosnativos,
aproximadamenteamesmapopulaodopasdosdescobridores.Osamericanosnativosforam,em
suamaioria,dceiseservisaocolonizador.
Porm,entreestespovosoriginaisexistiamtribosquepraticavamaantropofagia,umritualde
acreditavaestarsugandoasuacoragemeenergia,numatoderespeitoehonra.Portanto,erapreciso
queovencidofosseumguerreirocorajoso,alturadoseucontendor.
A antropofagia foi retomada, como metfora, no incio do sculo XX, por uma vanguarda
culturalurbana.Estavanguarda,denominadamovimentomodernista,denunciavaoqueentendiaser
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uma apropriao exagerada e sem sentido da cultura estrangeira. Ao mesmo tempo, estes
propunhamumantropofagismoliterrio,significavaaapropriaosempudoresdeidiaseconceitos
estrangeiros, mas defendia que eles fossem temperados por novos significados e alterados pelas
coresevaloreslocais.
NofinaldosculoXX,vemonosdiantedecontextosimilaraoquealimentouacriatividadedo
movimento modernista. Encontramonos, uma vez mais, diante da apropriao exagerada e sem
tecnologiagerencialoriginriadospasesdesenvolvidos,emboraaquestosejapertinenteatodosos
demaisdomniosdavidasocialeeconmica.
medida que o Brasil, como outros pases emergentes, inserese em uma nova ordem
econmica, marcada pela hipercompetitividade e pela hiperconectividade, crescem presses para a
cenrio globalizado. Entretanto, parece claro que a adoo pura e simples de modelos aliengenas
podeserfrustranteedesastrosa.
Porisso,poderamossugerirquechegounovamenteomomentopararetomaroantigoritual
antropofgico dos americanos nativos e levar para o caldeiro as centenas de Druckers, Porters,
Senges,HammersePrahaladsqueinundamaretricaeaprticadeconsultoreseexecutivos.Osque
provaremsuacoragem,valoreadequaoaocontexto,poderoseradotados.
a. Banqueteantropfago...
Agora,imaginemosqueasugestodestesautoresfosseinesperadmentelevadaasrio,queos
velhoshbitosvoltassemequeadeglutiodecarnebrancasetornassenovamenterotina.Ento...
paraumavisitarpida.
- Puxa!Vocnospregouumsusto.
- Pois,eumesmoacheiquenoiasairdessa.
- Masosmdicosjdescobriramoquefoi?TalvezumGaryHamelestragado...
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- No, no. Eu achei que tinha sido um Stephen Covey a la mode que eu comi na
segunda feira. Tava com gosto esquisito. Mas o patologista me disse que pode ter sido o Porter do
mspassado.assimmesmo.Noprincpiovocachaqueganhouvisoestratgica.Comeaatomar
voctemquetomardecisesprticas,vemasnuseasedoresdecabea.Masomdicodissequeeu
vousuperar.ElemereceitouumGilbertoFreyreacadaquinzediasechdeFernandoPessoatodofim
detarde,paraacalmaroestmago.
- Acoisatafeia!OntemouvifalardeumsujeitointernadoporcausadeumIaccoca
mal passado. Comeou a ter delrios de grandeza. Um amigo mdico disse que esto pensando em
abrirumaclnicasparavtimasdeBloombergs,GateseIaccocas.Parecequeaindanoconseguiram
acharumtratamentoeficaz.Atacadiretamenteocrebro.Osujeitoperdeosensoderidculo.Opior
queviciaeocaranoconseguemaisviversemacoisa.piorquedroga.
estratgica,mascomterapiapossorecuperarat50%.
- Tenhocertezaquevocvaisuperar.ParecequePortenofatal.Setivessesido
SengeouDemingpoderiaserpior.VoclembradodiretordafilialdoRiodejaneiro?ComeuumSenge
hummsecomeouadelirar.Sfalaempensamentosistmicoeaprendizadoorganizacional.Corre
oboatoquevaiseraposentadoporinvalidez.
Aos500anosdainvasodoBrasilporPortugal,finalmenteacoisapegou.Oprimeirosinalveia
a 13 de maio de 1997, data na qual o superguru Michael Porter nos brindou com sua sabedoria.
Falandoparaumseletogrupodelderestupiniquinseleexortou,catequizouemotivou.Foivistopela
ltimavezdandoautgrafosparaumafilade(aparentemente)bemcomportadosexecutivos.
A verdade s veio a tona meses depois. Um vaidoso empresrio, dando entrevista para uma
revistadenegcios,aoserperguntadosobreosegredodesuanovaestratgia,deucomalnguanos
dentes: o prncipe dos gurus havia tido o mesmo destino que o saboroso bispo Sardinha 440 anos
antes,deglutidopelospovoslocais.
Porestranhoquepossaparecer,eaocontrriodoesperado,adeclaraonocausoucomoo.
antropfago.
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gringos.Eolhandopeloladocomercial,oacordoeramaisdoquejusto.Tnhamospagoregiamente
porumgurujbemusado.Almdomais,aindstriadecurandeirosdoMassachusettsnoparavade
produzir e os prprios americanos j no sabiam o que fazer com tantos clones. Um a mais, um a
menosnofariaamenordiferena.
Ento, entrou em cena um reprter e tudo comeou a fazer sentido. Entre as empresas que
implantaram mudanas radicais em 1997 (a maioria desastrosas, convm notar), nada menos que
doze tiveram diretores envolvidos no episdio de 13 de maio. Por isso a deglutio de Porter ficou
conhecidacomoobanquetedosdoze.
A notcia correu lpida pelo mundinho fashion dos negcios e logo a procura por carne de
qualidadedeixoudeserassuntodebastidoresparaocuparsalasdeaula,escritriosdeconsultoriae
relaesderevistasdenegcios.
Porm, sem dvida alguma, o marco da retomada antropfaga foi a inaugurao, num
elegantebairropaulistano,doHSMGrill.Rodeadoporbemcuidadasrvoresdepaubrasil,aelegante
brasileirssimosim,saib!.
americanas.AalcatraPorter,praticamentedesaparecida,vendidaemtirinhasde50gramas.Ofil
Kotler ainda pode ser encontrado em pores maiores, mas circulam rumores que um importante
frabricantedealimentos,precisandorenovarsuacombalidaestratgiadeprodutos,teriareservado2
quilosdeestoqueparaumbanquetecomadiretoria.
indicadoapicanhaPrahalad.Seocasodereestruturaoedificuldadescomavisodefuturo,o
maisadequadoumcontrafilHammaercommolhoNaisbitt.Seascoisasvobemebastamantero
otimismo,entoumasopinhaDruckerpodecairmuitobem.Acoisatodafuncionariamuitobemno
fossemosabusoseosefeitoscolaterais,comooquevitimaramodiretordemarketing.
Ternossacontnuacapacidadedeassimilaocriativadoestrangeiroseesvado.Ouserque
omtodoantropfagonoseaplicaaosnegcios?
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Paraomomento,apenasadvogamosqueexistem boasemsprticasantropfagas,equea
corretadeglutiodetecnologiasgerenciaisimportadasexigecinciaearte.Autilizaoinconsciente
eindiscriminada,aocontrrio,podelevaraterrveisindigestes.
No restante do texto procuramos explicar por que se usa tecnologia gerencial importada no
Brasil(ouporquetantosexecutivossolevadosprticasantropfagasequivocadas),tratamosdas
peculiaridadesdoambienteempresariallocaledestacamosasreaesdasempresasadoo.
3. ORIGENSDOAPETITIEANTROPOFGICO
Semodelosgerenciascriadosempasesdesenvolvidospodemserinadequadosrealidadede
pasesemergentes,entoporqunaescomooBrasilsotoatradasporeles?Porqutecnologia
importadosemtograndeescala?
Listarfatorescontextuais,comoaglobalizao,ahipercompetitividade,oincrementodenovas
tecnologiasdecomputaoedecomunicaopodesertentador,mastalveznosejasuficientepara
explicarapermeabilidadedeorganizaesbrasileirasparafernliagerencialestrangeira.
Esses fatores explicam porque modelos estrangeiros so hoje mais facilmente conhecidos e
acessveis a pases emergentes como o Brasil, mas no explicam porque nosso pas importa esses
modelostofreneticamenteemuitasvezesadespeitodesuainadequaorealidadelocalous
necessidadesefetivas.
organizaesbrasileirasluzdaformaohistricoculturallocaledasrelaesqueosbrasileirostm
comoestrangeiro.
3.1.Origemhistricaeculturaldaantropofagiaorganizacional
Se verdade que o Brasil um pas latino que compartilha com o restante do continente
diversos traos culturais, tambm evidente que a colonizao portuguesa e a formao histrica
peculiar produziram uma mistura singular de traos culturais que ajudam a explicar, no presente,
comportamentossociaiseorganizacionais.
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Antesdefocalizartaistraos,importanteressaltaralgumasdascaractersticasdaformao
brasileira que a tornam distinta daquela de outros pases do Novo Mundo. Muitos pensadores da
formao cultural brasileira, de Gilberto Freyre (1966) e Darcy Ribeiro (1996), mostraram que a
formao do povo brasileiro foi marcada, desde o incio da colonizao portuguesa, pela supresso
dasidentidadesdiscrepantesepelarepressoamovimentosseparatistas.
Assim,opovobrasileironoemergiudotransplanteoudaevoluodiretadeoutrasformasde
sociabilidade, mas pelo etnocdio e genocdo das populaes escravas trazidas (africanas) ou
subjugadas(indgenas)pelocolonizador.Nofoiexatamenteesseocaminhoevolutivoseguido,por
exemplo,pelacolonizaodaAmricaespanhola.
Acolonizaoportuguesatambmcaracterizousepelaexploraodasriquezasnaturaiseno
pelo povoamento das terras descobertas com o intuito de construo de uma nova nao. A o
contrriodocolonizadoringlsnaAmricadoNorte,quetrouxeafamliaparalsefixar,oportugus
aesqueceu,poisvianaocupaodasnovasterrasumamissodeconquista,adequadasomenteao
homemsolteiro.
discretas.
Entretanto, ao menos cinco traos culturais brasileiros, sumariados a seguir, podem ser teis
poder, plasticidade e formalismo. Alguns deles explicam porque a aplicao direta de modelos
administrativosestrangeiroscostumanofuncionar;outrosexplicamporque,mesmoassim,oBrasil
tovidoimportadordetecnologiagerencialestrangeira.
Emessncia,opersonalismoexplicaatendnciade,noBrasil,aaplicaodaleiserreservada
ao cidado annimo, isolado e sem relaes. Significa fazer da importncia social ou necessidade
pessoaldoindivduo,enodeimperativosdasociedade,arefernciaparaaaosocial.
Jaambigidadejustificaporque,noBrasil,quasenadaoquepareceser,equandooque
parece, pode tambm ser algo mais. A forma de lidar com essa ambigidade disfarala como
flexibilidadeouadaptabilidade.
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O trao da distncia do poder mostra porque o brasileiro tende a julgarse com direitos
especiais,queoeximiriamdesujeitarseleigeneralizante.
Otraodaplasticidadesintetizaboapartedapermeabilidaddedobrasileiroaoestrangeiro,e
temduasrazesprincipais:atendnciadependncia(herdadadeumacolonizaoaomesmotempo
autoritriaepaternalista)eogostopelamiscigenao(derivadadaausnciadoorgulhodereado
(CaldaseWood,1997).
Porfim,oformalismo,atendnciadeaceitareprovocaradiscrepnciaentreoformaleoreal,
entre o dito e o feito (Guerreiro Ramos, 1983), explica porque a plasticidade brasileira influncia
estrangeiranoimplicaqueestasinflunciassejamusadasnaformaoriginal.
3.2.Omomentoantropfagoatual
Comoalgunsoutrospasesemergentes,apsdcadasdeisolamentoepolticasprotecionistas,
srecentementeoBrasilacordouparaomundoexterior.Problemasdebasenocampoeconmicoe
subdesenvolvimento. Por outro lado, presses econmicas reais, advindas da insero do pas no
mercado internacional, causam uma corrida frentica em toda a economia pare recuperar o tempo
perdido.
Oempresariadolocal,acostumadoacondiesdeconcorrnciacontroladaeoperandoemum
mercadoprotegido,vsedespreparadoparaaconcorrnciainternacional.Enquantoessaspresses
ponto de vista gerencial, permeado pela idia de validade universal dos conceitos administrativos,
aponta o como deve ser feito: a difuso de modelos de excelncia. Tais modelos,
presumidamente,poderiamsertransplantadosdospasesdesenvolvidosparaasnaesemergentes.
Assim, a maioria das empresas locais acaba importando, em grade quantidade e com pouco
critrio,modelosdegesto,modasegurusmodernos.
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importada,emespecial,demodismosadministrativos.Diversosagentesdedifusoatoresefatores
que agem na filtragem, difuso e sustentao de tecnologia gerencial importada povoam esse
mercado.
UmprimeiroagenteoprprioEstado:sucessivosgovernos,dediferentesmatizesideolgicas,
tm apoiado com leis, incentivos fiscais e polticas setoriais e tendncia de importao de prticas
empresariais.
Asinstituiesdeensinodeadministraoconstituemumsegundoagentededifuso:oensino
e a produo de tecnologia administrativa no Brasil foram moldados com base na importao e
saxes.
Osmeiosdecomunicaoespecializadosemnegcios(cadernosespeciaisdejornaisdegrande
circulao, livros de gesto e revistas) constituem um terceiro agente difusor, contribuindo para a
reproduoedifusoderefernciasimportadas.
Porfim,umquartoagentedifusorformadoporcategoriasprofissionais:consultores,analistas
consumocadavezmaisintensodetecnologiasimportadas(Caldas,1996).Taisprofissionaistemainda
umpapeldelegitimaodestasmesmastecnologias.
Seconsiderarmosostraosculturaisbrasileiros(descritosanteriormente)comopanodefundo
gestoempresarialumcampoessencialmenteimportado(BerteroeKeinert,1994;Serva,1990).
a. Peculiaridadesdoambienteempresarialbrasileiro
Umpontoqueconsideramoscentralqueaaoconjugadadestesagentesocorredemaneira
contextoondeastecnologiasadministrativassogeradaseaquelesondeelassoutilizadas.
Hoje,constituisensocomumcrerqueosucessodeempreendimentosempasesemergentes
dependedacompreensodascondieslocais.Porm,noparecerazovelsuporqueosagentesde
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organizacionaiseculturais.
saberexatamenteemquevelocidadeestasinstituiesiroamadurecer;segundo,nadagaranteque
esteamadurecimentoirlevarmesmaconfiguraodospasesdesenvolvidos.
brasileiros.Estascaractersticasestodivididasemtrsgrupos:
.aspeculiaridadesculturais,queinfluenciamaconduodosnegcios,osmodelosdegestoe
asprticasadministrativas;e
.aspeculiaridadesorganizacionais,quepodemdiferenciarasempresaslocaisdascongneres
deoutrospases.
EmborahajadiferenassignificativasentreoBrasileoutrospasesemergentes,muitasdestas
caractersticas podem ser consideradas comuns a parte considervel deles. O ponto fundamental
que estas caractersticas podem condicionar o sucesso (ou fracasso) da implementao de novas
tecnologiasdegesto.Diferentescaractersticasimplicamnousodediferentestecnologias.Implicam
tambmnofracassopotencialdetecnologiasdesenvolvidasemcontextosdiferentes.
4.DUASINDIGESTESEUMFINALFELIZ
(e.g., Wood & Caldas, 1997; Caldas, 1996) sugerem que a importao de tecnologia gerencial em
contextos particulares como o brasileiro pode gerar conseqncias que contrariam as expectativas
dosadotantes.
QuadroPeculiaridadesdoAmbienteEmpresarialBrasileiro
INSTITUCIONAIS CULTURAIS ORGANIZACIONAIS
. baixo grau de . personalismo: o . estratgia pouco
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NoBrasil,identificamostrsreaesquepodemserconsideradastpicas:(1)comportamento
para ingls ver; (2) frustrao e negao; ou (3) adaptao criativa. Tambm observamos que os
trscomportamentospodemconviveremumamesmaorganizao,ouemummesmoprocesso,mas
umdelestendeapredominarsobreosdemais.
Mudana Para Ingls Ver. Este parece ser o mais tpico comportamento organizacional
brasileirofrenteimportaodeconceitos.Consisteemadotardeformatemporriae/ouparciala
tecnologia em questo, para aplacar as presses de adoo, sem, no entanto realizar mudanas
substanciaisouferiraquiloqueseconsideraintocvelemtermosdestatusquo.Quandoumareao
assim ocorre, o olhar estrangeiro percebe apenas uma pseudorealidade, que parece conformarse
aosmodelosereferenciaisimportados.Porm,istoconstituiapenasaparncia.Abaixodasuperfcie
plsticaepermevelaonovopermaneceumasubstnciahbridaeambgua,apenasparcialmente
brasileira esteja povoada por fenmenos gerenciais tpicos, idnticos a padres internacionais,
quandodefatoexisteumarealidadedistinta,disfaradaparainglsver.
FrustraoeNegao.Umasegundareaoocorrequandoaadoodatecnologiaestrangeira
notemcomofuncionareasuadissimulaoparainglsverinvivel.ocasodeorganizaes
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dominadosporcartis.Quandoexpostasperspectivademudanasradicaisnocenriocompetitivo,
essas organizaes costumam procurar socorro com grandes empresas de consultoria. Sua
expectativadequeamplosprocessosdemudanapossamredimilasdesuacondioanacrnica.
Implicitamente,entretanto,predominaavontadequetudomudeparaquefiqueexatamentecomo
estequeostatusquonosejaalterado.Naprtica,asmudanaspropostascostumamesbarrarem
estruturasdepoderecondiesoperacionaisnoprevistasnospacotes.Oresultadoafrustrao
diante da impossibilidade de realizar a transformao desejada sem dor ou a simples negao da
metodologiacomonoapropriadaaocontexto.
AdaptaoCriativa.Porfim,umaterceirareaoaquelaemqueaorganizaonoprocura
fingirqueadotaumatcnicaestrangeiranaqualnoacredita,mastampoucoanega.Nestecasoo
queocorreumaadaptaodosconceitosrealidadelocal,paraatenderaosobjetivossingularesda
tecnologia para o seu universo sciocultural e fazendo uma apropriao sem preconceitos.
conveniente ressaltar que esse processo exige conhecimento profundo das variveis institucionais,
culturaiseorganizacionais.
5.CONCLUSO
O tema tratado neste ensaio foi a importao e adoo de tecnologia gerencial de pases
desenvolvidosemcontextosscioculturaisdiferentesdosoriginais.
Oobjetivofoidiscutiraspeculiaridadesinstitucionais,culturaiseorganizacionaisdoambiente
quandotecnologiasgerenciaisestrangeirassoadotadas.
tecnologiagerencialdepasesdesenvolvidos.Ento,contrastamosessatendnciadeimportaocom
aspeculiaridadeslocais,paramostrarcomooambientelocalreageadoodetecnologiagerencial
estrangeira.
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Acreditamosqueosfenmenosaquianalisadosnosoexclusivosdoambientebrasileiro:seja
atendnciaimportao,ouasreaescausadaspelaincompatibilidadecompeculiaridadeslocais,
ouaindaacapacidadedeadaptaoantropfaga.
funo de similaridades sociais, econmicas e culturais tanto como realidade de alguns pases
desenvolvidos.AscondieslocaisdoBrasilpodemampliaroudartemperoparticularaosfenmenos
ereaesestudados,maselesnolheso,deformaalguma,exclusivos.
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