As Cinco Lições Sobre A Transferencia

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Satule em Debate 36 .• <I if«; ij.(,-<Ie

David Capistrano Fiiho .

Gastao Wagner de Souza Campos Jose Ruben de Alcantara Bonfim

S(OiW, "Si\UDELOUCURi\" (J'EXTOS) 5

dire~iio de Antonio Lanccui

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SOBRE A TRANSFERENCIA

EDITORA HUCITEC Sao Paulo, 1991

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© Direitos autorais, 1990, de Gregorio Baremblitt. Direiros de publicacao reservados pela Editora de Humanismo, Ciencia e Teenologia "Hucitcc" Lida., Rua Gcorgiu, 51 - 04559 Silo Paulo, Brasi I. Telefone : (011) 241-0858.

ISBN 8S-271.0140.8

Foi Icito a deposito legal.

SUMARIO

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',',

i:i Agradecimento 8

;; Introducao 9

;; Apresentacao 11

.. A concepcao Ireudianu 12

ii - A concepcao anglo-saxonica 39

V- A conccpcao lucanianu 66

" A conccpcao insti tucional 89

Reflexfio filosofica sobre a transferencia 113

;, A transfcrcnciu. Consideracoes Iina is provi-

i: sorias'. 131

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Bibliogra ria 139

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AGRADECIMENTOS

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A cquipc do Sindicruo clos Psicologos ~l de Minas Gerais, que cncarnpou 0 dcsafio de or- n

ga nizar cstc Curse. F

t,1 A Psicologa Elizabet Dias de Sa, que, atravcs fl

de pacienics horus ele datilografia, soubc ouvir 11. m eus intuitos e niio "vcr" rncus erros. tJ

A Psicologa Rosangcla Montandon, que teve a '~ scu cargo gestionar a publicacao, e i] Psicologa Ci- [l belc Ruas de Mclo, que corrigiu, daiilografou e ,l fez contribuicocs ao tcxto. ~1

Aos participanrcs do Curso, que aporrararn sua ~1

arencao e suas inteligerucs perguntas. ~

A todos os meus arnigos de Bclo Horizonte, que hI

me ajudararn a sonhar com a Patria que perdi. \'j

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INTRODUC;;AO

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No m cu cnrcndcr. ncstcs tempos neelerados, uxlo cscrito dcvcria sc r dutado. Cada lim dclcs tern lima rnarcada conjunturalidadc que, quando niio c lcvuda em conta, adquirc scntidos e va~ teres nccessa riarncn te eli versos dos que tcvc na sua ocasiiio inaugural.

o texto que se vai ler c prcduto de urna inic ia tiva empreerulida junto a urna cquipe do Sinclieato dos Psicolcgos de Minas Gerais, em circunstancias IWS quais era convcnicntc irnpulsa r as atividadcs tormali vas cia organizucfio.

Dcvido 11 urgcncia do even to c que se podcrri cntcnder tanto a abrangcncia, dcrnasiado arnbiciosu, como a sua velocidudc.

Muito se tern diro c escriro sobrc a tra nsfcrencia. Esse tcrrno, como J.:JnlOs oiuros, nao C oriundo cia Ps icantilisc, mas c bern vcrdad e que e no campo psicnnnlitico o ndc cla adquir c sell seniido rnai» inspirador. OmeSI11D ja tern sido adotado e rcdcfinido por outras disciplines cicntificas, inscrito como catcgoria Ii losofica co nrcrnporauca c utilizado cornonocao em divcrsosftmbites cia cotidia nidadc .

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10 UC;:OES SOBRE A TRANSFERENCIA

Mas, antes de tudo, traia-se de urn Iato, urn aeonrccer real, cujos ctcuos incidcm nos sujcitos c nus socicdaclcs que os desfrutam ou padcccm, aprovcitam ou dcspcrdicarn.

Estas rapidas e rnodestas aulas nada podcrfio dizer de original ou profundo ao "expert" na materia.

Apenas pretendem ser sinrciicas e acesslveis. Contudo, elas levarn urn prop6sito central: rnostrar que nern a Psicanalise, nem nenhurna corrente psicaualitica em particular, sao "proprietarias" desse "descobrimento", c que ningucrn Ialou a "ultima palavra" sobre 0 tcrna.

As ideias, como a terra, sao de quem as trabai ha. Freud costurnava dizer que e perigoso transplantar 'os conceitos para longe do seu chao native, mas cabe acrescentar que quando tal coisa acontece, e cles sobrevivem, novas' especies maravilhosas . nascem.

Gregorio F. Barembliu

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".1 -, APRESENT AC;Ao

A MIGOS e colegas, sinto-rne muito feliz de poder iniciar, com voces, csia breve scrie de aulas.

Este tipo de iniciativa, como a que empreende., mos agora, no seio de urn Sindicato, de um orgat~

l': nisrno representative de classe, me e essencialmen-

(!.: Ie grato e afirn.

Antes de cornecar, quero agradecer a ex-prcsi-

dente do Sindicato, Elizabet Dias de Sa, e a equipe fi que tra'balholl comigo na realizaqao do Curse. Ela [.~

'i manifestou grande dcdicacfio c especial tolcrancia

\( com algumas dificuldades que tive durante 0 trans... curso da organizacao. Muito obrigado pclo convitc,

o trabalho realizado c a to1crfincia de meus incon-

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venie ntes.

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SERlE "SAUDELOUCURA"

TlrULOS PUOLICADOS

Sandcl.oucura 1, Antonio Lancetii ct alii

Dcsi nstitnci onalizucho, franco Rotdli e t alii Smutcl.oncura 2, Felix Guauari, Gilles Dclcuzc ct alii ll ospitol, Dor c Mo ru: ('om a Oficio, Ana Pilla

A AI;,/{iplicor;i1o Dranuuir n, Hernan Kesselman e Eduaroo Pavlovsky

,I KEI",I,'Ao ilAS OUTRAS OBIIAS DA COI.£,'Ao "sNiDE EM DEIlATI," ,ICIIA,SE NO FIM DO LlVRO,

CINCO LIc,.;6ES SOBRE A TRANSFERENCIA

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A CONCEPC;;Ao FREUDIANA

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Ii . 'm cstado hipnorico, : ::~,:A:,f~:~O:':~",'I:

: histcrica de urn ·~800 UG CQr_po para 0 outre, 0

. que e possfvcl - con10 C sabido - par rncio

~ da sugesuio hipnoiica. Freud cornecou a trabalhar, /

~ aproxirnadamcnte em 1895, urilizando 0 Iarnoso ('J ;;(

.~ ",-mClodo hipnocatartico, que ja sc cmprcgava bas- _';" -

N. ta~ie'cm Paris. C;:ha~~9t prnticava a hiQn.Qse sin-

_~Iom~tic(j na ~g:.QiT~~_S<l_lpctricre, cnquanto quc

na Escola de Nancy era praiicado 0 m_¢JQ90"h.ip-,~n-, _n_C?s,D6r-iico. Todos esses invcsrigadores ja utili- A; ))1/ ),> . zavarn 0 termo "transfcrencia". Freud em lim ncu- G';U'~' .!l.;; !QlQgi1ilILJjUC rcsolveu dedicnr-se il psicotcraplf! 'j);,~! /, Jl.illL.~JlJc;!mid'.l(1~.~_ .. m~0.l!!j.L.01c:jaJr:t:!~f!.t.~.k_.P.E~"- : ,ticou hipl!Q?_e."0~_ mnncira sur.L~siv.Q .. Como ou-X'::'

tros invcsligauorcs,'-hipnoi'lZiivarncientcs his- '

rcricos e obscssivos e, no cstudo de hipnosc, uti- \--.t. liznndo.sugcstfio, sugcriu-Ihes que scus sintomas

jam dcsaparccer. Estc mcrodo teve succsso du-

A cxposicao nao vai scr facil, porque resurnir a questao da transfercncia em Freud em uma aula c urn desafio 0 qual ignore que alguern scja capaz de resolver. Pcssoalmcnte, niio me sinto em absolute cerro de conscgui-Io,

Eniiio, ioda a cxposicao sen} een tr ada em torno dos Quadros: I c 2. Tcrci de valor-rue dcstc rccurso

:~ 2 5

para cxpor rnelhor. "

Transfcrencla nfio c urn tcrrno exclusive da psi- J

caruilisc, como, scguramcnte, C 6bvio para voces, ;~~

o terrno, fora dus praiicas psicolngicas, rcfcrc-sc ;)

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a~il.dl)_d..Q cuaIQ1Le.. iI22_5l.C-.,j algumas ocasiocs. ~ldl'.w~

material: trans[erencia de canital trunsfercnciu de 1 duradouros.

......._____. ~ -' . ~ -"'':''~------'

Iuncionarios, rransfcrencia de elementos, de recur- ~I 6__P'l.pir do uso dcssc proccdimcnto cornccou a

'~(c:-~----J usa r ou t rQ_ql.I~_Sg.I1..?J~tia_~I~J .. ~O"~~!.~~!g~_d.~_~.ip..~"~ii~,

Em psicologia, tern side muito usada na Teoria ~ sugerir aQ~.P.'lci.g_Il.tg"~._q~~U~Yiv.c.:S.~~Q)Jl:>,_S!.~~Iil.<.S.9_~sl

da Aprcndizagern, para designar tra nspcrte que sc em g_':I_.e_§.~.~~._"~Lfl.!..9"~~~.2ar~ccram~---·-· ..' 1",:.

podc fazer das capacidades adquiridas de aprendcr '. Mai?"_!.~E9_~I_pediu [Jal:-;;nrZ~rem e relat'arerl) ,:;.\;. '1

em rel,~r;ao a urn objcto de c~nhecimcnto, para 0 ii~_.o_~~~~~?:~.~.Lt~I.[l~Q~~""","f!1J!l~_.~_~ilicas~j~~i?g.~til"!:!2.~!!~~)_ ~i

conheci menlo de urn novo objcto. I.l JY_19.!!).-:.~~_"~,~L~_Qr:rl.Jl.q~IC;J~1.I)il._Sl~!:!l._q:? _S.~!).tg!.l!,.l!'_~r.'!:

Em psiquiatria c psicoterapia, antes de Freud, 1~" receram_.p_el<l_.r?LiJJl.r.ir?_.Y~z.cl,~lo gcrava nos pa-

. .

utilizava-sc 0 termo "transfer!" ram rcfcrir-sc a um y cienres uma. revivencia -c uma f(HW ..cte~M~~

cxpcrimcnio hipnotico que consisic em rrasladar, tl a(clos, lInUL!ntGJ.l~\u!.~li..~;ugu..JLc,;__(.;J]1J)~6_Q,':i, c ainda

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ranic rnuito tempo c ainda continua tendo, em

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de movimentos corporais, que produziam uma "rnelhora" do sintoma, cuja pcrrnanencia e cstabilidade cram maiores do que com 0 rneiodo hipnotice supressivo.

Durante 0 usa do metoda, cspccia lrncnte com pacientes histcricas-, Freud Ioi comprovando que muitas desias pacienres niio tinhurn disposicao para

'.' sercrn hipnotizadas. lsto 0 levou pnularinarncntc a

/~l?_",J'I :j..;_}.ba ndor:,a~ ~._l1}.~~'29_Q-.b.i P!}Q~?l.c!rt i cQ__~_Li_mi\~.r~~ca

. ,. Pi"";>' \ sllgcri r aos pacl~I~.~~~ .. q t.~~ .. f()?~~.I!!.J.~.@'~_d.o,. 9_<:!_.!.l!_d.9 \\[\\ ~ '. .aquil~u~ Ihe: parecia importante, de tudo. a~~i!?

:.~. 9..:!.0hes vlnh,~ men~.:.purante csteprocedirnento, .~ inspirado em parte per algumas de.suas pacientcs, Freud.cncamjnhavn as associa_~9CS dessgs·cnferrn.Jl:> ~_9l!_~~~_a_~~p.t!.C:<J_).~.~ dos Si_!1~~l~,~_~_ sc~_0_d.0 del em b rar. __S~~.~~~.p.~:~s._~ ~.~~_9~_.~.~':..~_~~c In _<J__'~~r com. os sintornas. Postcriormcnte, Ioi celebre a rea-

~-~~·ct;s-·Pi~~~~j-di~D~~~~_S~~"di~·~~~q~.e

nao ~Eenas nfio ~,~_[l_~\p~~~~~a.r~s,e,.~o~~~~_?. .. queti_~,. [,a I ~L9~qlJ.! I.<? .. q ~1.e . .E_r~1:I_d._E.<:!1~i! .. !~.p.0 r! ~~~_9.I:I.~

19~?e f~J~9.9.:_g!~_,..q~I_(;.ri_~ . .l.~1~i._~Qn_l.e.D.\~_c!Q, .. q L1~ .... E.l..f\ ~qt!,~0.~J~.!g<r".~~p'~,<:.i_~ID~c_n~~.~~1~.ta r.s_~us .. ~()I1.h<:)~I..~tla s fantasias ... E Freud teve 0 born senso de aceitar

~"'''''''··''':''''':'''''.'_''~~N~

cssas exigencies.

I, MqS,._cl.~ltafltc.() exerctcio desseprccedimentc,

'!I Freud percebia. que, em deterrninados mementos,

i~ f!_ pacientc nao podia continuer rclatando :o que vi-

;\,;:/ nha,as~la_ mente. Acontecia U.Dl.il interrupcao do

i .D_u_)(S:~.~~,()_ciativo. Nessesjnorncntos, Freud, con-

it servando ainda algumasm~r?~"do.m~todo !Jig-

~I .~~o~~~rlico, que ja havia abandonacio, costurnava

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14 LlQOES SOBRE A TRlr.NSFERENCIA

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A CONCEPc;:Ao FREUOIANA 15

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16 lIQDES SOBRE A TRANSFER'NCIA . lk CONCEPcAo FREuOIANA 17

Neste memento a transfcrcncia era umarepeti<;ao I: contra a dorninacao de outro; elctricarncruc e a die ~;-mos ~ncolltra-:I;-~;-ite~;q~l-e-~i;~~lal~1Os "p~nl;;- .' Iiculdade que ofcrece un; condutorpara transporiar de vista clf'nico", g~p~_t!S~o __ ~_c:_ vivencias, de expe- a corrente cletrica. Em nosso case resistencia de-

ricncias, de siruacocs, de atitudes, de comportamen- ;: signa a dificuldade parn curnprir a rcgra fundarncn_lOS, de ir1_1_~_g_ells _~~_p~s_~()~~~!d~ [ntcrlocutorcs. ISlO~: tal contratada entre pacientc c analista,

csui dito de rnancira bastaruc vaga edescritiva. Na~· Fica claro gue _~~tcnci~~._(~i.n<:l~I_<l~_g~L.9!?_~.~_cu-

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intcrrupcao do Iluxo associative, Freud d<.:scobriu 10) elrans[ercncia's50~roximadamcnle duas [aces

a re[?clisao cClIl]_P!_~~_~_?um.flILipl~"dc, t09?~_~S. ele- do mesmoftri6~-e;-o, d~;;;:;-o .proce~so·I_g__g_~~ 1- '. ,'U\tJ Sf~?

menLo~_P9_~~_ll_1 __ ~~~~ __ inlervindo_~~~~~~~Lua- _. e 0 processo? E l!£ um~ ":~peti5a6". __ Rcpc0_1l~,C?_'_ f/p-;~fJ~~\ i sotS lraumaticas anlcriores que 0 l?~:~~~!~ repel~ " .reedisao, reiterasao, re[?roduf?_ci:.9_~ __ ,I~!_Q_Q___Q__q~!~_9 no ambiente terapculico de maneir~ __ i~v~~lI11~i~e. ~ilO experimentou na siluasao traurnatica. Neste

_s.c.~-'-~~~0a~;ente-i~(.c..i~~_~:~e. __ d.~,.s::~~~_i~~ __ qu~' ~\ per(odO; en lao, 0 que Freua.lcRtava para ~.!:.eri~;B.),-

estava acontecendo. • riear - conlin!!.''U:._Q____QIocesso associative interrorn--E:s,;6a-p-;i-;;~i~';-a mais simpIes"a mais ingcDua :'Rido _=.~r~, ~\g<:l,a.,~s.i~ .. c~~<?HVi_9l-;rl~~~rl.,_\(I:!_f1S~~r:,ll, dc[ini~50 d_S__0'a n?l~L~_~!.? __ g~_~_P9.<:l~lg~-C::I}EQ_f1_!Iar ill resistc_~c:ia p~_r fl1_ei()_~~,lI.Il,la~xig~Dcia, .<;I_C:_,lIm_~_i_f11_~_ ~!!l_Er_eud___:li~!ll_g~.G.Di<S~.2._l_!i.Q __ ~J.~!l1_~ taE_~R'?~~(vel ._]<lJi£&,_~L~~:2,9~S£l1,;~re~.tos" .CJ.~,~- tir_ll.¥~L£!.? __ ~!_rEQs.~: .~_I i ,' P ,; I· _c_()Ir.lpr_~_e_~~¢_~ .. rq u,~ a[~)~rn,~,_C:Q!:I,!,Q_E_t!!!.~sfercnc~~pa- a '''C~0,m~~,,(oqtl~.~Il1. sua [r.ont~! _vC?£~_ya i s.~n.~i r

recc na siLua<;iio analuica 6 como obstac_!:!.!.9.LE~rno \It ~,a di[ic~Idade sera superada e voce vai co nse-

i 'i-,~~-onven'i~~ie'-F~c~;~I'-r~;P~)e as sua;;:p<lZienlcSdizer ; ~mb!:.'I_r.,J!,_~9._rl!i_~{lil:~-_;isqci?~d~;~---------I:! ((t;"d~q~;-~"'I'I';~s- ~enha ~\ men tc, corncntar urdo 0 que ". Mais adiante, quando Freud comprecndc 0 (~

\., I estflo_pcnsando C .senlin?o .. "". pacientes cmpe-:~ e. realm~,ntc a tr~ns_[~!_~_f1~l~~ descobre_ que 0 "v~~-)_,:.

I~, I nharn-sc COl curnpnr csra indicaciio. Chrega um 010- ;1 C,lmento dOl rCslst-cncw qlle alcuir<;a,pa-ra que ali

S( i mente em que isio se 1_I~e~_.~r_n,?_i~PC?s~f~~_I_.c.rl_ilo ;llransferencia ,.?_~_~_~~~e.~tc, nao C o-utra coisa que

\' _ i Sab-em--porq~~H~-,--~taQ,__l!_f!! __ Q_~?_\~_f~I).Q, _ __l!_fD.a,,9j_-,~. uma ~'n~IZAs;A~~.Qa_ tr~~s..rC~Gncia~"-Se-'a--p;1CTc-n-te

! ficuldadc para kvar ern [rentc 0 tratamen~ __ p_a,ra:'trans[eTe"'~ FreJ(r1;t:;i?~-~7fC-de-Jdr~-t6~fsticas

I: cumprir um dQ_~~~~tisito~_~xiglc},<?'~ .. p'a!~,p__9.?_~,iQili-l ~oa, ~eto comoqll-afcSi~n,l-sTt~~~5._o

, I _t~-lg: ,,~.,!~,t()_tr;e~I.~,,< 0~?_f.f1_?.J1~s.?_~epoc_~) _.<:ha,m ou .~.lill,.~j lic·at,Jg~_J; .. a;sl~~ .. r~1_f~_£I'£"!L~' [;l~·?des:

, _dC"~;L!.?,~s.n¢l~ , ~J?Q~Jtlv_a,s, onlpotentes, Ideallzada~L.:.q~~_~,~n:_c~I?~D-

; . "Rcsistcncia'', como voces sabcrn, tern ~gnifi.: .~_dem a0iguri1~_giljl!mI)_9~J_Ogurns parentais, Para

11 <.,,7-:1-(-':. cado polftico c tarnbern elctr icq, Politicamenl;-re~ ~ _venccr.i!_r.f;!2.j,~~[1~C;_i_lh..E[_~~~([i-d~_lli:it~~:~r~~~"~'~~-ti~o

~ ,t-" , . ~-, .. ._ .-~- .. ----~ f' - ~., ~"---J9

I, 'S\)~,,\?c Ierc-se a luta que um povo Oll urna classe excrce~l que SE VALJljJ!..~, trans[c~~D~i~I~_[?Q.::ij_!jYJl2._idcall7"a- I

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J 1 8 1I<;:6ES SaBRE A TRANSFERENCIA

A CONCEPQAo FREUDIANA 19

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" d~~~_,p~_r.a_e!~n:ina_~,I~, c,p~~I!I_i~r __q,~c._~_,~:~,n_sfercncia ,~ prc-conscienIC, C;o~sci:nIC) Tarnbcrn (~ rJ~i9 d,n

. ~icsle c ararnente .. e possa scrvt:r a Izada ~;l 'Cornplcxo de Edipo", 0 m~~I~_ th1_~J~C{)T1" put-

, <d~~;;~~~gaaa '~~~c;on0:f11~n.lc_ C.!_9~:I,~ forma, pro- ~t..sr~nnl';:C--l) medyl(:A<1 ~~~~<J.~cS'[lic<l;" (Id, ego I ,£i1f~_r~ cu~~, __ --:d'~Sap1l~E~do _si_nlo,ma: r -esupercgo) -Em cndu lim dos modclos cstri incl uido -A"rne-drda-q1Je-o-t'e-f!1p~_p_~~~ q_lIa_I1do F~~lId v~ ~J' 0 conceito de transfcrencin como lim dos principals , comp!~c.~~_~-n~~_ -~;is ,p__!:_<2fund~~e.n_~~ _ qual C 0 si- 'j mecanisrnos do psiquisrno.

gnificado da transferencia ~_E.?~_q_~~ __ ,~la a_p_arec~ '1 Podcrnos resurnir os varios n](:~Ii:]os em urna '_q,

~eo~o-resiSi6nc1~T~r~~_~.1:_~_~~_~~~~ __ ~~ ve~,~=-r ~ proposicao que Freud Iorrnulou nos artigos tic 1913 1. 1

" '- ~~~tivam~n._t~ __ b!~_s_i_s~,~cla_~~~!~,~, qu,c _~~e I' a 1915, que e a proposra de urna "mel~~,i:?,logi~", l'.~.'~,' -,/J

\', : :- chama a "~divinIHf~iio" (ter~}_o_ .. l~,rn,~~~,_!.ng~~u~)', ou seja, urna tcoria que csui "aI6m' cia psicologia".

:~ • : ,'~'~~-'~~(;_~?~(j~--~~~i'st~~-~!a ~~~~, ~o,~~~s~!_r_a.J:~opi-.'i A P~~~o~()gia scri:l 0 mctodo rrcdominal1tcm~~le

II; , " • \ ciaSiio de q~_~_~__t_~~~_~_~~~~_!1_::0 __ ~~J~,_cJ~r_~r::_ent,?_!!l~ ij dcscritivo dos Icnorncnos (1:1 conduia C da conscrcn-

. ; nifeslaua, verbaliza(!'!_~_0_~_:;_~~1_r!.~g_~~~_?,[<:_I_I,~~l11cnte.~· cia manifcsta. A melapsicoi()gia serif! a teoria do

.' ' Pode-se dize~~e, n~~~!!l~~~Q_~I11_q~.~ __ £.~e~ ,-ps'iquismo enquanto'uq'\iC'lCquc nfio c visfvel, nfio :l~ i I' q}i~;;-~;;c:~~~~~~[~l~-;;-;~ s~~vo ~~ re~~i~ _ __<?_ :~~ descrilf,vel, aC,luilo que csra ulcm d~rsi:ologia,,_I:ll ~\\ (~r;\ • <;_Q!1[i[l.J1_Q_~<: __ ,ser~'!_£__~~J1? . :.nlerp~eta£~o -} melapslcol_Qg).a _ _!er:r!_qlJCl_LrQ_p_qQ~C2~ __ ~I~ ~_;:;,0,:__s.~_gp_o_:_, \.,,\},:,f~:aa transt,e.:~_~i,a, cO~2,ssa pro,Rname_!1J.~_~~lic?_,_d~nfi"~li.~I~)_(li~OC_cslr.uturaL ,Uma Iorrn a dc I)" .j/),''''' 0 __ 19~dl_mentQ__~I,9nal!llco,,,,___..;-, ' tratar e de cntendcr como val evoluindo em Freud (71"'~Q'-- I '~!'~'-A lransferhc'ia 'co ntinua .scndo 0 concerto central ~ 0 conceito de IransferlnCril durante a construcjlo

" It"; ~i.\~() durante a obra posterior de ,FreUd: tant~ ,na teoria~'Cfe-sll'aobra C tratar de revisar como a transfcre ncia

\J" \ como no metoda e na Iccmca psicanaluica. Apa- t adquirc novos sentidos tcoricosc, porlanto, novos recem, clare, rnuitos refinarnentos do tcrrno trans-: ''\isclStecnTcos" o-';I-c'(iiii~'-;;;;ciida lim tins po ntos

ferencia. Sabernos que a teoria fr~udiana nao e sirn- \1 de vista (:~6mi~infimicol 16Ri.£o, eSlrulura~ )'h;/-T',\

ples. Ela 6 lI~E..._s~rie de re-vers~e_s, de novas ver,!l_ clr~~ , ., . _ '"

' sees dos "rnodelos" com os quais Freud tenta eX-t~ No Quadro 1 11<1 urn quadrado, c sells qu a tro

;l~ , plicar como funciona 0 psiquisrno. E~islem;.T.~l~s;;~ fingulos s50 pontes rcfercntes a I':..nns('crcncia, con-

:~ ~ . _.ITIQ5!_C.IQ~' .. H .. a .. a~uel~,~lilizado, no ~eno.uo ~a .~Jllrat~a~sfercncia,~, re~istcncia e a conl,ra:res,islcncia,

~() ,,,: '1)) cOlerapla da histcria (do qual estarnos [alandO),~ Definirnos, provisonarnentc, a Iransfercnclil como

. ,"1',),:)):,;'" Exisie~o m~~?lo d~_ .. .ESiq._lIi .. s.n. lO_enun-Ci.~'dO no capr].~ ~r.et~d 0 fez no rerfoclo,inicial. A c::~n__lr~tr.a~~~,

; tulo 7 de A Jl1lerp~~!J.I_c.qq dos ~o!ll!o~, Hti 0, cha ~_£!E. e lim Lcnu..(Lq..\JLY-<IUtp<t+c~r em frcu-d aigum-

, !.,t. • ~doj!ii>JJ:lQ.4L:r,;",:,,~ '6p,,''', (1 OOO!""""l-"m 0 <I, ,j" " ,cd, <I, ''''~

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(r. \_;('(j!,ll '?r' '~i. hJr:_;'

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20 UC;OES SOBRE A TRANSFERENCIA

A CONCEPGAO FREUDIANA 21

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Ouadro 2

Quadro 1

! " \,,1

\,:

Principia da realidade )

<~ Principie do prezer-desprezer

AJ Pc< que? .

Principie de jnercie·r"Mrvane )

( Transterencia Reciproca e/ou Contratrensferencia

" Transterencia
\
Forrnacoes do
"- Inconsciente
-,
.', J)
lnlbicoes '"
"U
"' (!)
'j' c:
>0
Sintomas "'.
Ii. 0
x Atuacoes
\
.11: .;
Heslstencia Posftlve < AmISI05a) Erotica

61 Oual e .

ccncj < Negative - Hcstil

Motor ce cere

Elaboracao Recordacao Cura (Assinaiamento Interpretaqiio Construc ao)

) ) )

Hesistencla

Na situD~ao Bf'lftlitico C)Onda? <

Na vida couoteoe

_)

j

( Contra-Reslstencia

e/ou :i

\\ R~slstencia Reciproca ::j'

~ ~

:)1) q. . '

. .:.~1:~,\("f:~~'.' ou rnenos de 1910 a 1920. Freud diz que se toda .~

'I~~'V"" pessoa e capaz do Icnomeno de transfercncia, elaJ

. I." accntccc, no proccdimcnto psicanaluico, niio ape· ]

nas no pacicnte como tarnbem no analista. A pri- ~ DI f--_.f.lleir~9~fini~ao de coniratransferencia c multo "s'j:< 0 (li.l" . mctrica porquc Freud Iala de tran~r.erencias recf"1~"'~;?

.. ~pL9cus, Depois, em outros artigos, Freud tenia di- .: '

.. _ . _ •.. ' --. .... --"

Ierencar 0 que e a transfercncia do analisia acor- :

~~~Edo pela incidcncia:pe}?, 'jmpac:to da Iransfere~ra : do paciente, c a lra!:.~.£qf.i.~._~?analisla que talvez] . aconteceria C.9!llqllaI9uerp'ucieni~~ c' que de~nde 'I

mais cla~strulura psfquica do analisia do que aquela :j peculiar do pacicntc, Em princfpio, a contratrans-] Iercncia propriamentc rlita C 0 mesrno fcn6meno:j da rransfcrenciu acoruccendo no analista, mas tal·I;1

vez possarnos difercnciar urna transfcrencia do ana·ti

[j

[,.

~

Ponto de vista econcmco - Energies - Prcces so ptlmarlo

[Vida

Puls6es ~o"e Ponto de vista dinamico - Eo-cas

CCt1I1~os Oereees

(Ego

lnstarcles psiqucas Supcreoo

Ponto de vista I Id

( Sujeito desejante Obletc cesejaco Obleto interdito(

)

) ) ) )

estrutural

\

Conplexc de

Edipo, poslcces

) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) )

(Sistema Inconsciente Repr esentecoes

Ateros , '.' .....

Fanlasmas Estereotipos

Pon~o de vtsta tqplco

.<,.

[ Discuraos

vrveocres Expele-cies Atituces Ccmoo.twnentos

.:Sjtut~tx.'"5 "

Ponto de vista clinico

lista e urna contratransferencia propria mente dita, :. reciproca, colocando em relacao a transferencia do

que scria a resposta do analista a pcculiaridade da" ; analista com a iransfercncia do .pacienrc • .c a lin ha transferenciadOpacic-n'te: -~----- ~ que vai da transferencia a contmtransfercncia e re-

Poroutro lado temos 0 termo resislcnciilLg_uc lar:n-' < laciona a contra trunsferencia propria do analista

bern deli.nimos provisoriamenle segundo F:£C!_u~._()__.f~- com esse tipo de paciente, se corrclacionarn entre

~@_J!9_~dQ9.sljl~icia_l_sgmo_()_Q~~_culo, dificl~9i!9.~_~ si e sao sirnetricas. Ou seja, transferencia do pa-

.curl}pri.r.,a.l~g_r:'U~l!!1c1an}~l}.\!d cia li~r~i!~~Q<::i.a~~9'pela ciente/transfercncia do analista, conrra trnnsfcrencia

parte do anal ista cxistc contratualrnentc urna cxi- deste analista com cste pacicruc. .:_.:;.} ;'I"~":"'; l..\~,'r··,:·!

gencia simetrica. A sua tuncao c a da ,~.!!sao :r' , Podcr-se-ia dizer a rnesrna coi~1__ql!.allloJJesis-

flutuantc, a da possibilidude de ouvir a livre-as- '. tencia e conlra~resist~~;;L_.A.i~~p~~~.sii,?_.CI~I~_da e

~;:;_·~_~i;,~.I~~ scm sclccionar nenhum p-on.to ern espe- i F d t 'd-'--d;-~"'q'- c no nivel das rclacoes

'c-in I e" I a ~ be ~d-c"'~~-;;~ I c r:sc ,- a b~'t f n e n re. 0 u se j a,'. ~~~re ~:~iS t~;~i;·~-~I~~;;~,:~~'~:~.is;4·Q:~I~:.P.Q~,~'~·?:~·~(~La~

nao deixar que s~~"convic~6es, scus dcscjos, j dirct;;;;~~te ~~re~ist~neias rcciprocas porque [! re-

'Sll,!S idci.~s incida rn no tratarncnto e 0 disranciern :~~~Qiii.~9 __ ~_Q!i?,I.aL.qll9 .. ~e.clari~I.~9"r:l"Jocl()s \.;,I~fI " .fi':,?C scu objeti~';"rundamcntal, que e fa~LcQns- .' os pacientcs e .!lao. cOI1}_.es~~.~r:!l,P..~F_~~~uJa_r.L..~p'?'_e:s_c. '.' '1'",;~~t,<.i~.~.~.; .. SlQnJG=QSllle_c inconscicrue no pacienre. A con:; ~~tejalevantada, Solllciona_cl~,,~Ia_?~lQJQrT'Q.~.c;iio ,.jV 't':lf'''': •• lra-r~s_i.~l~ncia ap~ analista como a djtL~ \\ teorica e Dela analise Des?oal a g_ual e~yst~ve._§_l!~'I'l~~i'l.<::uldaa~_para cllmprir com sell objetivo e prop6- ti ~etido, l

,~']to e ta~5Crii cmiiltima inst8ncia, com seu de~~ ~ Yo interior do Quadro, delimitado por qua tro ~ejo, que c de respeitar a livrc-associacao do pa-": pontos, ternos outra correlacao, outra dfade: !~,~

... _cienle scm violentar a regra da ubStTnencia e c;n::-: ti~iio, por lim lade, e clabora.s~o, cura, repeticfio, 'c..._scrvar a capacidade de aten~ao f111tuantc para ~c;;orda~ao, i;;;bran~a, po~,ro, 5atemos que os

_\ der analisar, .- " fen6menos de transfcrencia, resisrcncia, contratrans-

Alinha glle vai da translcrcncia a rcsistencia Ierencia c contra-resistencia tGm como cuructcrfstica

i

C 6bviu porguc disscrT!_os gt~Q.l.~!1_9.~~ng .. 9..~~_~.~~js- ~:._essencial ser rcpelitivos,"'rejleralivo~ Teedis6c~)~ - .. 1

tencia e 0 Ienorneno cia transfercncia sQQ_cl~~s..fa- :y-rod~G6es nao apenas desi~~6e~matic\!§ co-_ ",:\(,:-\\ SJ.,s,)

ces do rnesmo _proeesso - lI_1_n.i!_flgQ_.~~ .. d.L~.Qm. a i.Jll9-de~as as sitlla~6es importantes e signifien- ·i<'.: .. ..,.,1 '-; '1"

?~tr~'(i6gi~~ q~;~-;-~;nt;;transferencia e a eOD- .... tivas da vida 12sfquica de ca:lJ! SIJJ:ill2J'relld dis-:2. ',d '., i tra-resistencia sao tarnbern duas faces do mesmo f crimina doi~ipos de repcti~6es: ~et'~<i:i!-:~ f:'./[;-f'l:[ll \ c;,..J.

processo no analistu. isto.J.,..d.e-.l.!.!IU'lmile identieo, da lrasl31;c~.() do anligg_.,j

A linha que vai du transfcrencia a iransfcrencia sobre_o atllal sob 0 signo da igualda.9.£.,.J-o\L!Il!.:___

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22 J._IQOES SOBRE A TRANSFERENCIA

A CONCEPc;Ao FREUDlANA 23

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~~'?do ql~e seria urna .difer~.!:1Sa.. Em princtpio, c transforrnri-los em vcrbalizncao-cornprecnsao, em

a rcpeticao e a tentative da rcpcticao do igual, do que se junrarn as ideias com as descargas de afcto

idenrico, aquela situncao exatamcntc igual a esta.'. correspcndenrcs. Ernurna piiluvnE:3:§)lstruir;()_pasNeste sentido c que as Ienornenos, as formas evi-.._.sado. Os recursos de que 0 analista dispoc para dentes, ma nifcstas, da repeticao, sc rnanifcstarn no conscguir esse objetivo sao predoruinantcrnentejg-, seio do tratarnenro psicanalftico por meio de s2!1:.'· _ cursos verbajs, relacionados com 0 usa da palavra

.2..o.mas ou dC_?I_~!i!S6cs. S~~s: paralisias histeri- ou 0 silcncio. Os rccursos de l;S-Q_0.1.'p_aluvm sao

cas, problemas scnsoriais hisrcricos, crises de an- 0 assinalarncnto (urna dcscricao do que eSlu aeon-

giistia, idcias obscssivas, ri tua is, cnfirn, tudo quanto le~e-~·dO\-;i~.~crprelaGiiO (limn tcnrativa de corre-

seja sintorna e seja rcgistrado pelo paciente como lacionar da os do prescntc com dados do passado)

tal. Turnbern inclui ~u.ac;_6es, que consisrern em ou urna consrrucao (que c urna cdif'icaciio cornplexa

cornportamentos, atitudes, condutas concretes, cor-. que conseg~e c:orrelucionar, em scntido ample, redo o perfodo da vida do pacierue, urna serie de siiua~6es que sc rctcrn, com a situacao atual),

Em realidade, estas caracterfsticas do processo de transfercncia-rcs is tencia-con tra-tra nsferenc i acontra-resisiencia, cujo miolo e a repeticao e scu con Ira rio, quc e a elaboraciio, cura, lernbranca, tem side revisadas e rccorridas per nos principalrncntc com base no que Freud dizia durante 0 pcrfodo

v , inicial da psicunalisc, que vai rnais ou rncnos de J_~95_a __ ~?05. TcnhoJ'cilo Isiopor .razoespedagogicas porque purcce que c accssfvcl, rnuito clnro, porern vai sc tornando cada vcz mais cornplcxo na rnedida ern que os "moodQ.\O"Je CQf.IW l'u~lc.jQlla D psiquismo vao se tornando ca.<E!.Y~z rnais rcfinados e sofisticados e 0 comportamento tecnico, a rna nipulacao desies Ienornenos, tarnbern varia .. Acornpanhar is to deialhadarnente e um objetivo que (<11- vcz transccnda em rnuito nosso prop6sito aqui,

Mas, passo um pouccpor cirna do acompan ha-

24 LI<;:OES SOBRE A TRANSFERENCIA

1

porais e sociais em que se vai repetir a reacao que foi requisitada ou que nao conseguiu ser praticada na situacao traurnatica.

A r~I~)iio_!lHlnifcsta-sc como sintonjasccorno

.. \lt~~ac;_0es, como Ienornenos sofridos, indesejaveis, incornodos, dos sentidos ou do pcnsarncnto, ou como passagcrn a acfio repetitiva descontextualizada. ~_9_Q_~lo <~gD t~a ri<?,qll?I_lg_() .. a_.r~J~.lJ~:~?,}~.gI izada . _ .. ,,_~~ ~g_f!lcxto.A<? tratarnento e intcrprctada como re-" ~isrcncia, cO_~l~t-enta'ti~a dcdesiocaro- passado so~;

.----.------------ .. -.--.--. ..... ..... I

?r~_o r_r_:;.~_e~_~~,.g_lIi!_ ndo se c,~,~~-g~l~-~~!l!llL'!.~ r pr~- ,

,_~!lt.Q_Q__p_~?~ado, cia !l.:l_~~.[!1_a_p!~ye_._IlJor~a necessaria i "().~; rara_ __ ~?a.l_i_~~! _l1_ma<?per~s?o .gu<?.~_~ __ chama ~labo_- ~. : iJ,tQ\lJ ~aqcio, lernbranca oucllra, cuja defJnic;iio e urn pou-

e.... ~I •

c~_~mpll~_'!..~.~: Vamos apolar a certo recurso, para

ter urna vaga ideia do processo. Grosso modo, po-, .rle-se rcconhecer que a repeti~~_C0!110 tal e irn-

I possivel; cornprcendcr ~-;cejt;r que a-;cedic;ao ja ~ lien"·m, difcrcnca, dissolver as sintornas e atuacocs I.

!

It

A CONCEPc;:Ao FREUDIANA 25

:/",,-),,:_, ... : rz... '~')~: (~1..::'J f.-;j.· .. t~(" sr- ,~/.

j

A CO!'liCEP~O FFl.EUDWJA 2.7

26 LlC;;OES SOBRE A TRANSFERENCIA

menlo historico, pretendendo suplanta-lo ou solu- < Existe, en lao, ~r:);!,n r~~liS_~,o-lransrercncia causada \) \3>,-' \I

cionar 0 problema pedagogico com 0 Quadro 2, pela pulsfio de \!iilil,{)~~ PIO.clJIU do prazcr e a

que e urna teruativa de sfntese de urna que~iao'~ur ~vit~~iio. do desprazer, ad~~!l~~,~ao} rcal idadc parn

to diffcil de sintetizar. Bascio-rne em perguntas pro- melhor sarisfacao e logro do principio de prazer,

cedcnies para qualquer problernatica: Por que? c o~lt[a rclativa ao reperir per repetir, dcspido, "de- r ~i;' ;v\

Qual? Corne? Que e quem? Quando e ~anlo? rnonfaco", relacionado a idcia de s~i_~,nr toda (en-

~;S\ ,QptlgL:--, .'_-., .... ,--.... --- 1 ~~o_no aparclho psfquico c vol tar :1 situa~50 de

.~\9-Vi"';:;~~:';:) ... --;f-2r qu~'0E clare que se pode responder a partir ';.- mcrte. .' ._- -~:- -,

~ i!';:::t!;;" de todos os rccursos icoricos de cada modele. Mas, Quando se pcrgun In <!lll'!i'~ e "como" refcri mo-:·'&.J:,» i~' \~~-:?

" na trudiqiio psicunalitica treudiana, usa-sc com Ire- ~ nos a _l:1!:n-,lljivis~~ que Freud favcm urn [Inigo de

. \f\y'./";;"'\':' qiicncia para sc explicar po/' qlle os principios das ~ tccnica em 1915,ondc a translcrencia e dividida

',,1 .• pulsocs, como dcicrminantcs ullimo;, silo as Iorcas :1 ~~;_rositiva ~ ;;~&.I.li~a- .. _i;I~I .. d.Ei;~flo:;~,~I·t:'l;:·~io que rnovcrn a psiquisrno. Haveriae ntiio (.e....s.e..mpre'~ !ioo d~_!!ICJs~~.Q~.11l.~gs_lif!l~llJ.Q~ql,l_c_~~.0o cm_JQgo:;;

. i ~~ I

iii .C!1!i;_fal.Q_Q_c tram.fc,;_rcllfi'l.J,G.IlIQ:J]l_<;_\'U1Jb~m_~ re- " E i~~~.I_<_I,llt~ __ ~~s:J.~ci...ei_~~ __ Q_'~_~.Lm .. P.Qr.q~!~ habj-;

l:fl,s\S.tencia) J5-'!..r.~_r_ceJ.~,m:j!!~Is;_s.L~!~ll~.L<l,_i.l.,ser-yi~o dC,))_lualm .. ent_c scJ~?: ~Q.~ .. J,t2.~l,l~9,ndo~uQ:_lll'~_{ u .. e ,i:~:~';':"1 ",'I_j;{i, f" ~Jllin£iJ2jQ-",,5!~ .. -Rr,~\~£r.. c dn realid_flde jquc.siio.dois * lifl_ll_s_Ce_~~ncia r.qsilj',l<\ ,¢ __ f!__ ql.l(~, r_m[lj<::i.a __ f!.rqIJi.z.~

-, ,\',);\ P_r_i.!lQpjQLq~I~_f..Qg9JIU2. funciQm!Jl1enlQ.___Q_g__iJ.M.~aQ~_~~@. ~ da elabo[.l!£.~.o~:_ .... _ C Taliv<!. 6 _?ino_Ilu:p0 __

.j.. .~ de vida), e um~J!.~ll?rer~£~:!esis!cncia_JJ_.~9Tv.iC50 ;; ~~~~~c.ia_!;l.ijo C assim, .PQr.g,Y..Q··~lYa. T

rv;':;':~~" da c~a~a_cJ.~l__~7~l!/:P,!I.lsA.~_.9~~!1r..ti..~.~~~=,(~.(T1-__tjp_o de ~ di~.?:_frelld - .d ivide-se em.a mls.L9.~iI.,y. __ ,? .. rQt~

\\,-,1;\ 0 X7Ee._Ij_~}~g,_qL!.C._1lQ9. eS~1l._a,~,~&!:.,{!~fLQ9_ .. D~;:!L:Gr nem b, Obvtame_I}J.~L~Q1.J_~!~~Cl__§ .. aqllc.la _!1f1.quaL.sc .. estabe- I ,~ cI~_~~_aU.~~dy-),_qg§ ... nrlQ __ \Ul?:._P-[~~.QL.il.ne.nhllrna-jn~: tg le~e_ urn vinculo de col~bora~iio, urn invcsiimcnto ' ;-'"'' luncia dQ_iiigliismo (Egol lcl c Supereg2)~_§I~. eS_I~ ~~ so\)rc o .. ~.nl_\~~<~]}_~~~~i·?~q~~-i~1j.~~·

a scrviGo do r~~r por repelirlEIl1 c~r1lQr:.9.r:!1elida l !_~~~ns[erencia de ulso.es dcsejos?_('lnl~.s.0a~._sl2......

.c'<?~ __ l_I£!l_l,I .. I~nlativa,c!.~J~~::~~ .. Hln .. ~lqRP-,-~i~~a_ .. ,_tt<?..E_r:!l0roso-erolic(). S(_l.~~i.m:-lJ.~(y'_ .m~;gg~~xi~lcnci~rllikJ2~._q1ili.w-Q.,.,.c.Q.mo_En~lld.de.- l-,,1-~,gsi,QJlqg51Jiyg .. c []' r~l1~lf~aD:Jtc_lm1os':'DutC!ncntQs (i_I)~m4!_C:f~~nl~, Eo que se Cbl\..m~.r)JlS_~2Q~.EJor__ _)l?~tjS .. Ei~porlun_IC __ ~5J_r:!1.pIe_~rl_0.~L~Ll!~_a '1n~~S-

_~Sc~Slnl cO£!l.9_,9~_'p_rill_cJp.lQ~~I.~_. prazer e. derea- (ers:_ns.~~f,!.!.lsI~;~ _e.. 0 _n.l;212.L -r £t~LSJ1u\,·-<l.f),~l\JilruQ-qllc

\~ j~'! ITdadesnop_r~r:!~ipi()s. q ~.c.()rgallizanl a q_i~lD.lj~,a,.9_a ", a_!_~<l:fl_s.£S_~R1}.~j}l.q,r,~liEI.~..,_,iL~9_~JiLJimc.iQnam.como . .J2_U Isfio_~_~ =\fjct!-,-_cJirigi nd9~(].l_nciol1amenlo, 0 ~ ~~.lenc_ia:.A.- Wln~fer0I1~i(l.PQsiJiyqJ .. amist.osa,_pOlle

~ '';'.'" D:i~cipj_o_d~_j!!~cia!.c.!~,,9~~_I_!Lq.~!g9~,g11!U!,C 0 pri 11- ~ ~~r ~o,r:cluciol1ada c()9\ a.ICI_l~IQ~~i<L.fU:£Ilft_~\<,~9. __ f8- -{{'.f·_ i i '~\'

_CJ.Ill9_q~!<l..Q[gllnlZ<l .. a.dinamica .da .J2.;.~~sa9 Jy~.mo.rl;:" ;LI1:o :~,;~Lf~~~a, Em 10UO cas() C lima [G~ll0ill-dG.·

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impulsos, sentimentos, fantasrnas, que sao passlveiss6es, desejos, fantasmas, cscolhas de objetos, rc-

_d_s .. ~~T~!ll .. ~~<;l.c_lQ~._p~-i~~: ~r~~s~Q.i:y~~~: a ir~~s [~~~~ci;, , presen racoes etc.· <1ue-c~n.[~g{lfafll o [am·~ssimo eSlaDcJQ_.r!)J.!lLP.lQ)(jm.il.9.lL .. gjfcrG!l~a.doque da rc- J conjunto constitutive da "personalidadc" ou da "nap~.n~¥o ... _., .. :) -: .. __ .... tureza" do sujeito, como rambern as insulncias que

O:{];:£:;Jc:~U,C.l)l"} As coisas af complicHm.se: a cornpocrn. 0

urn pouco e icmos de passar ra pidarncn te. Agru.·: 0 poillo dG, '1_i~ta.t9.[Jj_':2 ju. 911.nl<;ci P~~~9~· ~ar:!1.~s. TC:'(":

pamos 0 ponto de vista cconornico c 0 ponte de rcpcti01~D.lus.r11a.sil1.<:.o.n!;ci~_lltg? .. qU.~.~~9 ... f~1:l.lLi.S?-

-. ...• ',v '."", vista dindrnico. Q_PD.[lJ(LQj::yistaccon6mico diz ~-= .. ~S~s cp~__g~I.<: .. 2~.~'!tsejos il1con~j\f_f)_tC5

'1:. ~. .q~(:_.Q__q~~.~<?_ .. l~u.~sJ~.r<:_'~fo~-'ci~i~~d~~ disc~·ela~~ap'!l.~~~co~g_E~alizados. Claro que do ponte de

;1: calexi~§J._q~I(!~xpIi~amo [uncioname~l~ u'o psiquis- vista conscientc e, segundo Freud, rarnbern incons-

mo comQ..1'.l~1~_r:l}a ... no .. qllaLsQ_ produzern, se distri- cienle, repetern-se afetos cujos sinonirnos sao sen-

buern e se desc_~ir~g!!!!l __ e_l!..~.Eg\~.~:.gept:.tt:!1.1~:"e ~di~- timentos, paixoes, crnococs. Esses rcrrnos naosao

.lr.iplIL~§~~_.(:!.f!erg~!i.~a~.I.C:Ql~!'las. ~ .. rnoda 1 idades de li sin6ni rnos precisos . .JLpor is 0 a Ira ns fcrenci a....hQS;-~. -

[)j~i,JVV;.<) ~cscarga. Do G9~t~~~i~ta .~}liim.icQ,.,rGP~t~m-!i..e -: -t·uma-SCWJ.nLf.e.n.6Jllen.o.J ensamente vivido. .

::!i) L,., ,._; ._1Q.~_~e f?!£1!.g .. c.o_QOn9.s._~J1!r~ . .i\$.pH.lsoes.Q,s, 'dc!a i! R~ill,eseQ.liJ.~qfS. s50 as ~Sll.s que detalhamos 1,'~tT"J.''''';!

"·\.! .. ", .. ;}UJ.l<.IIl..QLl.c,Q .. C0!1.0ilO estabeleceu-se crn deterrni- ;j·anleriormente. Tern a caracterfsrica, segundo disse ~; ;:<1:

~.~i;= moment~··e~~Q.9li~~g·~.9.;QJ~gQ~~~3<?!~as..Frcudpos primciros rrabalhos, de que a ideifl.QlI I

Podcr-sc-ia acresccnrar aqui dcf'csas, impulses, de- ~ifi~~~g_g~._0J~~1~.e.~~.~.(?~~?..!.!!~.rl}Q_~I~ __ r~pro.

sejos. Repetern-sc como processes .. t'i\).prl!llCira 16- du<;iio da lrans[erencia .c urn ~Ql~[1.!9_.q~~_~_r:_e?Ja

.~ \'~ Wr _r,i~.;\1..~li[QJ£;.r1_c;i.a~~9 .. pm.£c~,?9 .. p.r.i.QlQriQ_~_pc.o~.e,')~')~~e~ ta n to a e n:!~.rg~fl.c:l.?_d.2.!~pri m i.QQ_LQr,;.QD.s.~[e_f}LQ.ml ~ Fl-

:~ln~nrio._.Q.(lu~_Y.:~.rsc .r~r:c..lit'6 .. ll.m!! ~~licul;l~iio .1Q_L(l~(~sa S:PJJl[f!..JllJ;;" Sua trunsformacac e devida

P9<;lIIja.r.. qLI~. 5<,: d,l ~ntr9op'roc9sso. pr.ima rio CQ •• acxigcncia de t6rna·lasma is toleravcis para as ins-

5ec~du rio._.g~.bL~.19Li£.Q.D.l.2nj6.JS,D.de_lL,...r.£i1£E\L:~~ lancias su pcriorcs do psi q uismo .. ~~t!l. ~().rr£~.~_n..!~~~g.

._ .. po _rrcs_~n 1.<e~ .. Rcep.g_t~.r.D_:~e_5J!:!!'~ jQ.~._.B~'p9J~.D}.~~~.yi.D.- m is ta_-=.r.()r .. l~f]1,"_l~.~I.QLI~.£~9J;:p~i6·s<fcnte, c __

11' . culos e suns escolhas de objeto (_objelolibidinal.). [?Or oulro, urn "ajeilan~Q.:~,.J!D.l.l!~Qhl(~~9_.9.~._~Qr.D:'

.~ . R~·i2G:t·~~~."S~··~'.~i?~§~~_9.~j~.;·Q.i~~<·· ..... .... .. u. p:omisso cqm o~pres~~n Ie j_ os s.l~L~r[l_g;;_[lI~.C;:,9Jl~:: }

{:, '~'T(1.-t/1;;F . .'\L Do pon,~o ~c v~~".~a eSlr.utllral~PC?demos dizcr que ~lent~_.~_~9A~~~~!l~~ .. :=..9_9_q~~_g.,._~_hgI[lJl_EQJ3Mt.\:- {·~r;I<;Vt~);: ,;,.:'

II; 0 que se reilera -na ·Sltua~aci-lerapel;licnsfio todas c;\O_ DO JNCO~_$_C.!EN..IE, Sells si,QQDimos sao: for-; .~.,}'.~. ~ .,' "~I

I estas coisas ordcnadas segundo CLC.Qmpk2m..qllC._e. mE~ao yans~cl~nnl ou tarnbern "dr:.ri)'Qdas do ill- ;'

II Iundantc e conslil.\1,U:w do uI?ilrelho.rslq1llfQ;,::Q>~ cuja principal expressiio e Q sinloJlh'L.

~.cQ.m:l1t~g~L<:~.' . .d_iR1L .. -.E ° conjunio de impulsos, pul': .~. Na trans[crcncia, npareccm com.Q._~~_!~EC.~s~0..!ES~~)

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28 lIQOES SOBRE A TRANSFEREN.CIA .

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30 LI<;:OES SOBRE A TRANSFERENCI.A

~WJer,~\I~Ifl~<;',J@Q_pQ.de,"~er c;,Q_f11).l~i<:ada. Freud.lftica c urna das tantas situacoes em quc a transrala ai ndu em eSler;;Stir~;I~~ja,-~l(;~i'cT~~:- csque .• 'fe~c~-ci~;a-;'b~-;"-vll~ ·{!1'MOC<X, ~ g'.II':~,sit.!:lil~iio ~as, cngmmas, quc sc ~epetem ~atamenlSJlss.i·f1\ L.~i_canal~~a csturia esrecJillrr1~ni~ de~.<:!.:_Itad~1 para

como sao e se mostrarn dcforrnados. ! que a transferencia aparc<;a com rnnior rapidez c

----lJn-:125?!~~m tudo isto intensidade (neuroses de transfcrcncia) c com rna ior

que ja rnencionarnos: vivcncias, expcriencias, si- possibilidadc-dC"~er di['crcncia'd~ou disiinguida co-

iuacocs, atitudes ... E clare que tudo quc seja des- ., rna tal e corretarncntc dissolvida, superada ou percriciio da repcti~iio niio c muito valorlzado na psi- . laborada. Par isso, ~rcu~ir.t._~iste rnuito nos flrti_g_()s canalisc porque a transfcrencia nao e lim fenorneno :. sabre tecnica em que urna serie de fenornenos, ren-

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que possa ser descrito. E_lJJILJc.I:19_mCJlQ_qu,c __ dcye dimentos, prcdutos da transferencia nao devem ser

§,"r e[jtengi_(to, decifrado com tcido~o'i~~trllnlental considerados como absurdos, ridiculos c exclusi-

te6ri.~~ __ de .q~~_~:·1?~~;~~li~~di~~-~;~Q_~5h'l.~;.',~~~ ., varnente criados pelo tratamento psicanaluico, per-

tad os os _r~cursos tecnicos que . I lie sao caractcri- que as rncsrnas forcas que produziriarn rendimentos

.:i!icos: in~!.r!'~l~<;~(),coD_UQ!.£AQ,__.N~Q_§_~__P_<2..d.e c~- similares fora da analise s50 as que os prcduzcrn

_~?~~.er.i~'I~.~,:t~~I!~r~rc.!1.~.i'l __ p,~I.~r~p:::.t_i_~ii.q.,cl~ atos, dentro. As pessoas fl_!2.a,i2<.9._!1ym-sc, e~c;i,_ta_m-se se-

_p.ensamcntos"ou afctos conscientcs c descritfvcis . .xualmcnre, irri!,,!m-se, agIj_c!~.m pclos f1~'::!IOS "rnon0.~i~~g~.;;!~r~;i~~~'tran~i:~r~I~~,T_:::_'¢.~I;;~~ ..:._: te'll~ • ;___~iv9( tr,ansr~r~r~~ais. lgual acontecc na situa~ii() .f1~_~'lt.Q§ _ __(~r.cclos de ITP~(j_Q__gillrLQqc 0 sujcito . psicannlftica. crnbora 0 nnalisia julguc que clc nao

vai aprescruar, [rente ao unalista, uma scric de ati- cia pretcxtos "reais", "natura is", para que cstas rea-

tudes, idcius etc. que jn tcvc antes. A.irllJ)5Jercncia ~6es lite scjarn cncarninhadas. Por isso dcvc-sc dar

...ilign 111 os, tem uma re eti 'ao visfvcl, descritfvcl, garaniia de que a._Ir.a0.~Je.rcncia nao s,cr.ii .cS)U~s'.

c?nsciente, Mas cia P~~2J1~S:~,c;,QJ~S- pon,didn, nao sera lIiili?:[J,~~Ajx;n_a:::;n:os,scr:vircmll:;

.=S_lente_,e __ d_~",~, ser rei;_Q_n.;Urufcla 0 que se rerete .'. deurna parte dela, da arnistosa, "p,ar,a_,pe!Lfl__~9.r_a.~, . cleve se~" como tal:---_...-~ . t 9~ssolver, fI1,<Irc0r a, co~qi~tio de rnccanisrno arc[ljc.o Finalrnentc, a ultima pergunta: ;'fond2?( Isto c I do resto.

importante cxplicar para concluir. Fr;~d insiste que -P~~'-~Itimo, isso nao qucr dizcr que niio cxistaru

.'.!.I~p-~Jl.<;ao_trans[erencinl e um [cn6'm~no universal. sltuacoes na vida em que a Ecrl_a~S!.r~1s~g.9a trall?-.

-'Onde-'ha'-slljcilo~-psfql~[co, e~'todas'- as"-~ti~Tdades " .. _!er~,n~ia tarnbern seja possfvel. Nao dcvernos nos

!:umanns, Ita transfcrencia, ,Q _:;ujeitQ ~~ esquecer de que os homens a mavarn, adocciarn e

,=;;'.!E:2.~0~?~.J.r.L~~o ·.c_iliz cle urn curro curavarn-sc antes de cxisiir psicaruilise, Evidcnic-

-, quee moviclo a alcool, ou gasolinn. 6_ sit~a~ao a!1a~ ~ .. mcnte, parcce que csie proccdimeruo csui descnha-

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l' ~. ~ INTERYENC;OES E PERGUNTAS

- Pedulo de aclaracao acerca cia repeticiio e

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32 U<;:OES SOBRE A TRANSFERENCtA

do para consegui-lo com maier propricdade e lilcilidadc, lnfclizrncnte, e irnpossfvel aprofundar e insistir rnais nesta questiio. Mas, sc for revisada cuidadosarncnte, pelo menos servirri para levantar alguns dos prcconccitos que costurnarnos ter em relacao ao lema.

A CONCEP,{(Ao FHEUDIANA 33

processo. Na transfcrencia amisrosa, 0 qlle sc rcpcrc e 0 que cada vel. C difcreruc. 0 que retorna, nao eo igual. Rcrorna 0 difcrente.

- Se a transferencia implica a repeticao do sujeilo e de situacoes vivenciais, em qlle medida 0 contexte economico, social, politico de soeiedade interfere na vida do sllj~iIO? Exlste 0 risco de se cair em um reducionismo porque se ele vive uma siluar;lio de repeticiio, seguramente tem uma sobredetenninaciio de multiplas cuusas. t posstvel dlscrimina-Ius ?

Rcsposia: Tcnturci dar urnu cxplicacfio provi- Resposra: Em rigor, cstc C urn problema parti-

soriu. Talvez scja esclarecido [1(lS cxposiqocs se- cular de urna qucstiio mais gcral que cons iste em

guintes, Quando Freud Iala em transfcrcncia po- como incidcrn as dcterrninacces de natureza nao-

sitiva e a divide em arnistosa c erotica, dcixa psfquica ou de natureza psiquica conscicnte p8ra

clare que a transferencia erotica e da ordem da modelar, transforrnar, modular 0 funcionarnento, as

ientativa de repetir 0 igual. Rcpetir urna s ituacfio '. deterrninacnes e as formas inconscientes. Responde paixao causada per desejos e investirnentos der a isto nao c brincadeirn ... E urn problema de arcaicos, Reconhcce tnrnbern na Iorca, nos im- ~. plena atualidadc em psicanalisc. Aleta nfio apenas pulses, nos Icnorncnos da transfcrencia urn efeiro 'a transfercncia, mas a todos e tI cada um des-mearnistoso em que, pode-se dizer provisoriarnente, • canisrnos do Iuncionarnento psfquico. A psicanril io que se repete c aquilo que ja foi diferente de . se, tanto a freudiana quanto a atual, nao tern urn

ouiras situacccs na situacjio vpassada. 0 que se: acordo concludcnre a cste respciro. 0.·'

repete e urn a capacidade de distinguir a difercnca. ,. Existern posicoes que van desdc urna afirrnacao lsto sera melhor cnicndido talvez nas pruximas . de que a psicaruilise nfio tern recursos ieoricos nem

aulas, quando podcrei Ialar das irn plicaqocs filo- metodologicos au tccnicos para lamar ern coma essa

soficas na transfcrencia. sobredeicrminacac c intcrfcrcncia des outros furores

Em qualquer proccsso temporal, sc tudo se rc- da realidadc nos rrocessos psfquicos. Assirn como

pete, nao ha processo. Se nada se repete, nao ha n- nao se pode lazcr Icijoada com urn condor, nao se

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34 lIyOES SOBRE A TRANSFERENCIA

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pede dar conia dcstes Ienornenos com a psicantilise.

A psicanrilisc serve cstritarneruc para isto'- dar ,....:;.illlll~,das dct~~~~~~ysfquicas inconsci~I!I?S -

'c para incidir com recursos psiquicos, prcdominantcrncntc verbals e irncrprctativos. Existe a posicao diametralrnentc contraria que diz que a psicaruilisc cum proccdirncnto cujos rccursos para isolar outras variavcis incidcntcs, intervcnicntcs, que nf\o seja rn as propriurnente do psiquisrno sao insuficicrucs. Serve a penus pa ra '['IV\L~<l interfcrcncia ,dentro do psiquisrno das~taveis niio-psiquicas. E urn procedirneruo que acoruece irnerso nesia rcalidade

e csui perrnuncntcmente sujcitoa todas cstas deterrninacoes. Tanto do ponte de vista do paciente, quanto do ponte de vista do analista, como do ponte de vista do contrato, du silua~ao que se cria no dispositive unulltico, a psicanalise (para rcalrnente dar conta ele seu objeio) tern de sc articular com outras lcituras e cutros procedirnentos, Caso contrario, arrisca-se a nfio resolver a problernatica que se prctcnde transforrnar, porqlle so dara conta de urna de suns dcterrninacoes. Se se cornprecndeu mais ou rnenos qual c esta probleruarica rnuito am- - pia da uisciplina e sua articulucao com outras dis-] ciplinas, de sua condicao de Iaio sociul-historicopoluico-idcolcgico, mul t i rl a mente dctcrrn i nado, estara claro que a transfcrencia c urn dos processos-Ienomenos que sc dti ncsie marco. H5 quem diga que a rrunsfcrcncia c urn Icnorncno dctcrrninado por cstcreotipos inconscicntcs c que us situa<soes rea is, concrcras, podcrn dar urn pouco rnais

, -A CGNCEPyAOFREUDIANA 35

ou lim pouco rncnos ocasiiio para que os esierco(ipos se repjlUJJ1,. Mus,_.:>J,W UUllJrczu iIlCL1JJ.Scie.nle c rcpciiriva vai aconrcccr selllf1rc - ~cL]_Le ... -

-[lQUilll' ilinft miC<Lp.r.O{lr.i" q..lle nfio c i nci d ida, corrigid" ou piorad,1 por ncnhuma outra delermina~iio (historica, poluicu, social crc.).

Existcrn os que af'irrna m que nfio e assi rn. Na trunslcrcncia, quando xc cnnst itui, tudo aquilo que vai scr rcpctido, c quando sc rcpctc, 0 Iaz ern csircita concxao com a vida biol()gica, social, poluica etc, A magnitude, a intcnsidadc da rereli~iio nao . se deve cstritarnentc as dctcrrninncocs psfquicas C sim a conflucncia de todos os Iatorcs, E [lor isso, por excrnplo, que Freud dividia as Iamosas series complerncntarcs em scric disposicional c serl2-dc-

_~~~~~;tc: scndo quctalvc» sc possa pcnsar que essas series sao obviamente siruacccs hist6ricosociui'-bioI6gica cornplexas, crnbora dcva esclarecer que esta c uma qucsuio em plena discussfic dcruro da psicanalisc. Diria que cscolhcr lima posi~iio a esse rcspeiro c urna d~_~,i,s~o nfio a pcnas

, psicanalftica -c cpislcnio16gica, como tarnbcrn uma cscolha politica.

Lcvantnndo () problema de munciru me nos a rnpl a do que voce colocou. clc esl~ conccuulo C();I] o u l rnx questocs circunxcritas. Por cxcmplo, as dcCifli~()cs que dizern sobrc 0 que sc rcpctc nao lem iguul udcsao entreus anulistus. Para ,ligllns, [alar de algumas das coisas que se rcpctcrn c que rigllnll1l no nosso quadro [liio {em 0 mcnor SClllidll, porquc nao sao qucstoc» que rcnham sido cnCatil.(1!lns pclo

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36 lI<;:OES SOBRE A TRANSFERENCIA

dccif'rurncnro, oricnracao psicana liticu que ccrtos psicanulistas subscrevern. Para alguns analistas, ror cxcrnplo, 0 que im portu C quc () quc sc rcpctc sfio rcprescntacoes, lantasrnas ou, per excrnplo, rcla<;()es objctais. Que sc rcpirarn distribuicccs economicas da libido niio interesse dcrnusiadarncntc. Menos ainda que se rcpitarn atitudes, conduias, com-

, porta mentes, porquc alguns analistas sao drristicos , nessc sen lido. Cornportarnentos, condutas, ali tudes niio nos intcrcssarn ... lsto C objelo da psicclcgia. e- Nlio C objclo da rsicanrtllse. DiIO de-'fuFilw urn rmlCO gross~eira, 0 que intcrcssa e que se repita rn palavras, ou seja, scntidos, significadcs ou significantcs, como se qucira chama-los.

Por outro lade, isto esui conectado com a Iarnosa questao de que, se a transferencia e urn fenorncno cxclusivarnentc psfquico, inconsciente c objeto da psicanrilise, e rnais Iactfvcl afirrnar que C no seio do tratarneruo psicanaluico onde podera ser cntendida, interpretada c perlaborada. Sc a lrans[ercncia c um lcnorneuc om. lexot.!_esullanle de mulli[2las delerminu<;6es, podem cxistir numerosas situa<;6es vitais que sepm capazes de dcsencadcar a transfcrencia c resolve-ln.

- 0 que voce colocou [az pensar lias dijerentes orientacoes teoricas da pslcanalise. A te onde Freud foi neste sentido? 0 que e reelaboraciio au releiiura de Freud?

Resposta: Esta exposicfio, com todas as suas li-

A CONCEP<;:Ao FREUDIANA 37

rniracoc», c uma tcntauvn (pclo rncnos) nfio de analisar, c sim de lcrnbrar as caractcrfsricas polirnorfas, as numcrosux vcrsocs que il 11':llIsi'crcllcia ICIll cru Freud. Dizcr ate ondc foi Freud, 0 que c de Freud c 0 que C reclaboracao posterior de outros autorcs 6 praricam crue () lema de nossas prrixim as exposicocs, ainda que muiro xirnplificadamcnte. Para responder n sua pcrgurua em tcrmos muiro gerais, diria que todos os autorcs c analisius que tern colocado posicoes novas - digarnos, invcncoes -, com rcluciio (I dcfiniciin de irans lcrencia, rcconhccern que nenhurna del as surge do nada. Todus lem pincado, sclccionado algumas dcfinicoes Ircudianas da transfcrencia. Todas clas lem hipertrofiado, exclusivizado, c trabalhado produtivarncnte posicoes Ireudianas para dcscnvolvcr aspectos novas. Podcmos dizer que ncnhurn a das rcelaboracocs parte de urna base inexisterue. Todas escolherarn difercntes mementos da obra de Freud, difcrcntes tratamcntos que cle deu a tra nsfcrcncia no transcurso de sua obra lao cornplcxa-c-eivcrsifieeda. A pcrguntn que cabcria aqui, ialvcz, scriaa seguintc: Freud deu urn a vcrsao final, urn Iccha mcnto . de rodo es te po lim () r lis modo "f~Tr6m'C'T10-1T()" sfcrcncint? Nao qlle cu saiba. Havcni talvcz urn autor que dira (e isso e Ircqilentc): "Aqui csra 0 fechamcn- 10: esra c a ultima versao Ircudia na. Por isso eu a tornei para edificar minha teoria". Isso e caracterfsiico dos annlistas. Cada urn diz isso Eu, por lima qucstiio de ignorflncia ou de original idade, direi que niio sci qual c a vcrsiio definitiva.

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38 L1<;:OES SOBRE A TRANSFERENCIA

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Por isso, limite-me a transrnitir a maier quaniidadc de versccs Ircudianas da transfcrcncia que conheco.

- Voce disse que estarla imbuido IWI conceito de transferencia em cada modelo do aparelho psiquico. Potleria [azer a exposiciio do modele do aparellio psiquico ria liisteria e cia complexo de Edipo COil! relaciio a transjerenc!a?

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Rcsposia: Deus nos de longa vida ... Realrncnrc, ncstc memento, j~ esrava a ponte de e ncerrar esia cxposicao. No entanto, a forma mais simples, mais cconornica c monos sofrida de pclo rncnos abordar a qucsuio sera ler 0 vcrbctc 'J'/(ANSf'EUENCll\ no Vocabulario da Psicanalise, de La pla nche c Porualis, ondc foi Icita lima cxpl icaciio breve, ccrtarnente muito clara, da transfercncia no perfcdo da histeria, da transferencia em A Interpretaciio dos SOil/lOS, da transfcrencia nos cases clinicos, da transfcrencia nos artigos iccnicos (1910-1920), da transferencia em "l nibiciio, sintorna e angustia". E, digarnos, as pscudofccharncuros co 111 a transferencia no "Esbo~o

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__ ~I.~ __ .r8C'~[!~Iisc.;.". Nessa obru posturnn, em duns ou

Ires p.iginas, dan) mais Oll rnenos para Inzer a elitercuciacao. De qualquer rnaneira, esia exposicao serve para que saibarnos que as diferentes exposi~6es de transfcrencia n50 fazern senao enfatizar alguns dcstes elementos. Se aceitarnos a ideia de que niio ha ncnhurna vcrsiio definitive, sera urn grande csurnulo rara corui nuurrnos cstuda ndo a transfcrencia,

A CONCEPC;Ao ANGLO-SAXONICA

HOlE pretendemos rcpassnr 0 conceiro de transfcrcncia tal como aparcccu na obra de Melanie Klein. Em rigor, tratar dcstc tema em Melanie Klein 6 urn pouco difcrcntc de trata-lo em Freud. o conceiio de iransfcrcncia em Melanie Klein niio

._tem, em nenhll~la parte da"-;bra, ~;~l'lr~-l;'rncn t~L~~_ te6rico exclusive ou deliberado. Pc!o corurririo, a tccnica em Melanic Klein tern dado grandcs COIltribuicocs a abordagern operacional e instrumental

da lransfe;encia. Tcrernos, cntfio, de lernbrar urn poueo rnais as contribuicocs gerais da tcoria de Melanie Klein, siruando urna ou outra conscqucncia teorica que rais contribuicocs tern sobrc 0 conceito

de transf'erencia, Tralaremos 'de en fa I Iz<H as "me-

. elidas prnlicas" de mi\nejo~t~a._f!.:'.!:£r.f!:lc:ia que cia invcruou e que rcalrncntc ocasionararn urna cspccie de pequena revolucao no procedirncnto psica nalfrico.

o prirneiro caso de analise de crianca que se conhece na historia da psicanrilise foi a peculiar analise Icita por Freud sobrc 0 Iamosfssirno Hans,_ o "Joflozinho". 0 garoto aprescnio« l.lf"at'l1'~~- . de de Iobias, c scupai, que havia sido analisaclo .

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40 UC;:OES SOBRE A TRANSFERENCIA

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per Freud cera interessado pela psicanalise, resol- . vcu crnprccnder urna cspccie dc analise familiar - ele mesmo (0 pai de Hans) atuando como psicanalistn de seu filhinho sob a supervisao de Freud. Esta prirneira analise concrete de lima crianca tcve cararcr urn tanto csdnixulo. 0 tcrapcura era 0 pai do pacicnrc c Freud - 0 icrapcutu do pai - era o supervisor. Fcl izrncntc a oriodoxia ai nda niio csrava ern rnoda m:ssa cpQ;a, 0 que pcrrnitiu abrir urn capuulo interessante da psicanrilise. Nao houvc urna analise direta de urn pacicrue infantil.

Anos dcpois, algumas terapcutas, especialmentc analisias mulhcrcs, estavarn cientesda existcncia da "docnca mental" nas criancas, nab apenas pel a observacao como rarnbcrn porque as obras te6ricas de Freud ja haviam colocado 0 Iato de que a neurose e outras docncas cornccarn na infancia e nao apcnas ocorriarn na maturidade. Estas psicanalistas rentararn aplicar a psicanalise em criancas. Uma delas Ioi Sofia Mor~~1 e outra F. Helmuth, que Iizerarn ensnios'sirr{ullaneamenle co~Anii-a·"Freud.

As tenrativas das duns prirneiras nao de~an~~uilo certo, 0 que as desanimou, enquanto Anna Freud desenvolveu urn rnctodo sistematico de analise de

criancas, Afirmava ela que as C[i_nn~ ~o estavarn em condicoes de ser ,9~enle analisa~as porque ~_~..!:lfam_g ar-arclho mJg_uico lotalmenle COJ1Sv _ tituido. O,su~rego nao estava inteiramente im!2lan,_!.ado. A capacidade de sirnbolizacfio e de cornprecnsiio das interprctacocs e de accitnciio da regra fundamental sobre a qual sc edifica 0 contraio psi-

A CONCEPC;Ao ANGLO·SAXONICA 41

canalftico cram lirniradas. Anna Freud propunha que, para analisar criuncas, clas dcvcriarn passar num prirnciro-morncnto 1mr1.l'Tnl'TOCCSS" educative, inforrnativo, em que 0 tcrapeuta deveria reunir-se com clas em varias oportunidadcs c explicar-lhcs em q lie consiste 0 trabalho psica na I itico, obscrvar o grau de dcscnvolvirncnto intclcctual, moral etc, S6 dcpois dcxxc pcnodo c que sc podcria propor urn tratamcruo rnais ou rncnos sirnilar ao modele do adulto.

Na mesma cpoca rnais ou rncnos, aparcccu a celebre psicanalista ~1elanie_IS..~~J.0, que era pacicntc de Abraham; urn des principals colaboradores de Freud, que afirrnava 0 ~o'.!..trario. Dizia que as criancas sao perfcitarncntc passivcis de analise e que a analise de criancas e rnais Iacil c direta do que a analise de adultos em muitos scntidos: na mcdida em quc.estao mais "proxirnas de seu inconscientc", dispocm de defcsas sec-un(riirTas'-nic~~o~'~;;-~(;Ii'ciadas etc, Deve~se, 6 claro,-fornar"COi1SCicnc'ia"Oc-qlic" a arividade exprcssiva da crianca - aquila atravcs de que a vida p:;iq!Jic.ll cia crianca ~ manifcsta ~, predorninantemcntc, em sua vida cotidiana, era a br_0cndei[.Q., 0 jogo.

._ 0 erro de A;lruiF..r.c..uu.cDASisll.l em qucrer aplicar 11 crianca urn procedirnento proprio do adulro, cxigindo del a material verbal associative, 0 que niio

C 0 modo prcvaleruc de expressiio cia crianca.: em- . bora scja capaz de fuze-lo. 0 que se devia Inzer era colocar a crianc;a em condicocs as rnais "naturais" possfvcis c sirnplcsrncntc sugerir-the ou dar:

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42 UC;:OES SOBRE A TRANSFERENCtA

lhe elementos para que brinque, para que jogue, o jogo espontanco da crianca C, nela, um material lao expressive, significative e representative das Iormacocs inconscicrucs como 0 discurso verbal, livrc-associulivo do adulto. Eis 0 que Melanie Klein cornccou a Iazer. Dcpois de alguns anos de experiencia fOI sclccionando c reelaborando na teoria Ireudiana os aspectos da douirina que Ihe parcciarn mais inteligfveis e utcis na cornprccnsao e interprctacao do jogo da crianca. Af C que se edificou

.a tcoria ou tcndencia klciniana em psicanalisc. Melanic Klein, como todos os coruinuadores de Freud, niio lorna a tcoria frcudiana cornplera, ·.il! IOluIJI, e sim scleciona aspectos da rncsma, que cxtrai e articula a sua maneira. introduzindo outros recursos provcnicntcs sobrctudo de corrcnres lingufsticas c

Iilosoficas anglo-saxonicas da sua prefercncin.

o sujciro psiquico, para Melanie Klein, compoe-se de uma unidade que cia chama de Self, que cornprccndc aproxirnudamcnte iodas as i~ncias pstquicas anunciarlas por Freud em sua segunda

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topica.

'-0 self constitui-se desde 0 corneco per relacoes

com os objctos significativos no desenvolvirncnto de urna crianca. A ciapa anterior a constituicao do self c um perfodo de total dispersao e fragmentacao do psiquisrno, que lernbra multo 0 que Freud chamaya de llulo-erolism.0, situacfio em queo aparelho psiquico nao eslu constitufdo ecornpoe-se de uniclades croiicas que Iuncionarn uo acaso e gcram impulses parciais que podern satisfazer-se em qual-

A CONCEPc;:Ao ANGLO·SAXONICA 43

quer outra zona crogcna DU na rncsrna que a origina. Cria-sc urn universe ()n?rquico, disperso, fra_gl11enIndo, que os nlcmiies chamavnrn sclipaltung (HI zcrscl!pO/lllllt{ (frugmc ntucao). 0 ~' c~)nslitt~L:_::;_l: __

. __ .~!.~~~_<2..~2 ivers() an,1 rqt1ic(~_(!!ga!Jiza.:.se, un i Iicu-sc em urna c ntidadc cocrcnic. Isto ucontccc tendo como precondicao um a relncao cornplexn c indispensavel com os objcios que sao os ()Ul(OS .sujcitos responsavcis [lela crianca, [lor sua criacao Existcrn Iorcas que 1110vem esse organisrno psf'quico; csuis Iorcas siio 0 que Melanic Klein chama de inslinlo

.. de vida e inslinto de rnortc. Voces podcrn perguruar se em Melanic Klein cxistc a difcre nca tfio conhecida entre "instinio' c "pulsiio". Esclarecernos que t:1I diferenca, [lara Melanic Klein, c irrclcvantc. Ela lala em instinio algui11<ls vczcs c em outrus, de pulsao. Niio c uma dil'erenc;aque lhc inleress~_.

dcrnasia do. ----- -.-

Neste CLlSO, () insiinro .~_.~l_~~l_!:!!:: c cxatarncnrc 0 meslllo (L~~._~:::.~:~I - rcspons.ivcl [)CIa quietude, irnprodutividadc, dcstruicfio, Cruglllenl'I<;.io -, enquunto () i~lslinlo dc viduti rcsponstivcl peln movimenlo, atividade, junciio, unifio, orgnni'l.a<;iio, dirccionarnento das lorcns etc, Segundo Melanie Klei n, [lara que esse organisrno disperse, em estado ,tt! spll1f.in"g, tcnda a organizar-se, 0 in~li.!l~9_cjC vida c de Illorl(!_ devern combinar-se entre.~, de Iorrnu tal que 0 ins(into de vida prcdoruine e coloquc () ill<~~_sl<e_D12.U~_ a seu servi~o, aprovcitando as carucieristicus do ins-

tinio de mortc p:ll'il cncarninhri-Io, dircciona-lo para o crcscirnento c cvolucao do orgunisrno psfquico. Cla-

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44 UC;OES SOBRE A TRANSFERENCIA

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ro que tal combinacao e precaria nos. prim6rdios da vida psfquica, de tal modo que ° instiruo de mortc continua considcravelmentc indomrivel, nao

I ,J\ v- \ controlado, n50 dorninado. Conscguc-sc, pelo meI .~(-\~'jr/7 \n()~ nas prirneirus ctapas, orgunizar 0 splitting ncsie \~)9 . !unlverso fragmenuirio, Mas so. alcanca Iaze-lo sc;y",C- t. >._-'pan~ndo-o em duas partes mediante 0 prirnciro me. / '1\& camsrno de dcfesa dcsre sell', que 6 processo de 'UI,'i!iU'~w; diss_ocia~ao, Tal dissociacao, de ceria rnaneira, or-

t garuza 0 self porque cvira a dispersfio total, mas

. nao conseguc uni-Io alern da cisfio em duns partes.

\ I Esses dois setorcs nao lcm concxao entre si e vin-

I' cularn-sc, ror sua vcz, ern separado com SCLIS res-

If ~eclivos objcios. Ou seja, os objctos tnmMlJl .~()-

(:" Irem a mesilla dissociasfuul.lliLQ.Ji£[J. Esta cstranha cstrutura partida, que rclaciona urnu parte clo self com urnu UO objcto, c outra parte do self com ourra do objcto, conscguc, dcstu mancira, que 0 self incipiente (que experiments a a~ao da pulsao de mor-

._lc com urna vivencia muito sofrida que ~e-c-tli\;;~ __ ~ns~dade) possa com bater a mesrna e torna-la nao in~eiramente desi!}Uiva, A~~.<::~~.!:.io, co~~~gue- que scja rromolora" inlRillsiva para 0 desenvolvirneruo. Adcrnais cia (\issocia~ao, que divide 'o-serr'e'os

;____QQj~.IOS em r:naus c boris, existent olilrasdefesas como ror cxernplo: o--;;-;bjclos bons e a parte b~~ 1, ,,~~,Z»- do self serao idealizados, isto e, iodas as exceleri.cI ,,,\)'1./1) cias ser-lhes-ao atribuldas, todas as onipoiencias e maravilhas, enquanto a outra parte do self, que se relaciona com outre objeto parcial, sera charnada de ruirn, tendo podcr de persecucao, dane, destru-

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A CONCEPc;:Ao ANGLO·SAXONICA 45

tividade. Outras def'csas tarnbcrn serao uiilizadas. /".,'!,(:f.v.:"b, Por excm plo: a nega_<;~o ou declaraciio da inexis- ' 'I

Icncia predorninanterncnrc do uspecto-ruim. _ ,':z:;,//r'.;;-i: .;q~,,~'

A teoria de Melanic Klein tern side rnuito crilicaua;~~~fJ.:~~tLk·v.-~

porque os icoricos perguruam-se como c possivel,

nesta etapa prirnaria UO psiquismo, que se resolva

charnar "born" ou "ruirn'laos do is seiores do self e r;:'i'U-"l'(,~1 j'- IVI.,·

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dos objetos, quando csta ctapa e pre-verbal, pre-jut- t:./\

gativa, prc-ctica, e 0 sujcito primordial n50 tern a

rnenor capacidadc rara (azcr tais julgarncntos.

Trata-sc de urna crflica injllsla, porque Melanic

Klein esclareceu rnuito bern que 0 "bom" e 0 "ruirn" _t:l~o lem ncnhurna co_n._(?!~~S~~~_~_~!al, ~;b~(I~=cendo :l necessidade de dcncrninar de algurn modo cssas . ciapas com u rna term inologia que, cvidcn le-

i mente, c mais upropriada ao invcstigador do que

ao sujeiio. ((',:.::,.:'..I,:_l, ,~~)

Corno,o sujcito charnuria csscs rnorncntos c cia- /

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pas, se pudessc [a lar, ninguem sabc ... Ocorrc que -;,,/ ,(¢l::J;;J1 )

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este memento e denorninado por Melanie Klein de ------ I~

posiciio, da mesma maneira que pcdirnos nossa ...' ,\.,., c

.. _~p-osic;ij__o" quando vamos.vctificar osaldo dcnos.sa}~~~~i~; p;.(\'>f~, conta bancaria. A posicao de que Ialarnos chama-se\!':'l~\lQ;" ,)~_ ~~quizo12aran6iu.e, "Esquizo" pcla dissociucao, por- .~~.-.

que ha scparacao. "Parancidc' .porquc llIll Iado.da ;

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posicao e prof'unda rnerue persecurorio. ESla posi~iio it

caracteriza-se porque 0 self e 0 objeto estao dis- p

sociados. As ansicdades rnuito intcnsas e predorni- II

nantes sao pcrsecutorias ou paranoicas. 0 solrimcn- !

to, 0 modo, a scnsacao de desl~lIi~50 sao inlenso~. ,_ I!

As dcfcsas que operarn no scniido de modernr tars i.i:'f'ttY!Y~:

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46 LI<;OES SOBRE A TRANSFERENCIA

ansicdadcs sao mcca nismos de dis?ocias~o, ide.<.!E:.

.... __ ~<sao, Qr.':lj_.9.<s~o.do"mall n()._?~j_eto, n.l!_ga.<slLo etc.

Tcrcrnos Iorrnas de "rcprcsentacoes menta is" (assirn denorninadas por Melanie Klein) do esiado no qual 0 psiquisrno se encontra. Este estado esta cornposto por urn deterrninado equilibrio de Iorcas e urna topografia ondesc distribucrn 0 self c os

<.:..,robjetos, defcsus etc. Trata-sc de rcconstruir como .r: cluunada "n_lente do_su]\'J_lo" cOf!.seguc rCPJ_l!_?g.illa.r ~ .. ,'\00

'tV essa situasfio e - alcm de rcprcscnui-la - eon-

segue (fc:'alg!~rn modo "aj.<:.itE.:.I!!" para tornri-la suportavcl, As rcprcscnracocs que faz () sujciro ncsta clara charnarn-sc fantasmas ou fantasias. Os inglcses tem feito urna diferenciaGiio eruret'fantasy" e

"phuntasy". FANTASY reIere-se ao~ devaneios sonhos diurnos quctodos ternos. PHANTASY e re~ lativa aos produtos inconscientes nos quais nilo re-

rnos accsso dircto, devcndo ser reconstruldos, decifrados. Claro que nos bebes, ainda que existissern Iuntusrnus, niio cxistiria a menor possibilidadc de acesso a esses matcriais. Existe no adulto, no qual os rantasmas pcdern ser construfdos a partir do dis-

curse associativo, e nas criancas, que os rnanifcslam no brincar. Tais Iantusrnas s6 scriio reconstrufdos a partir da sua pervivencia, subsisiencia e pcrrnancncia no ~uicilo simbolizaOJc, 0 que nos permile super 0 que' aconlccc flo bcbc, A medida que

se dcsenvolve e rcaliza 0 processo de descnvolvimente psicosscxual d,i crianca, e que a crianca tern cxpcriencias boas, cspecialmcrue com 0 lado born, idcalizado, em sua rclu ciio entre 0 self cos objeios,

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A CONCEP<;:.A.O ANGLO·SAXONICA 47

produzcrn-sc iransformacocs de mancira que ~illli-

nui a diss()cia~ao c tencle a produzir urna inlcgra0LQ. __ ... _enlre ~~ITd~lr"tiid6,t1ani[jcado, agrcssivo, [lersccutorio ... co self prazeroso, gratificanre. 0 me~

---- .. ----

rno aeon Ieee com os QQi<lli2~ Elcs e 0 sel f viio sc

-~egrando, tc~dcndo a iransforrnar 0 self em self total cos objcios em objetos totals, intcgrados. Esse proccsso ('az com que as ll~ scjarn mais nujias,._ ·de mancira que tcndcrn a dirninuir sua rigidcz c transforrna-Ins em tccnicus de mnncjo lias ansicclades. Em terrnos di nfimicos, rredomina~~ __ .~~li.Q._u~. __ vida, conseguindo-se cad a vel. rnais colocar a pul-

-~;-de mortc a scu service. Os 1'<.~.!1_t'!!~~_rl_l<.!.:~. 'sao cada vez mais proxirnos do quc seria 0 r!g~cs~Q __ ~!_n- ....

!.!Ar.i.Q. 110 adulto. Passa-sc, en tao, para urna nova etapa, que Melanic Klein dcnornina "Qosisan_c1e.:_ pressiva", em que se utilizarn provavelrncntc as

'mesolas defesas de antes, porcm rnais atcnuadas,



acresccntando-sc outras novas. Em tcrrnos gerais,

dirninucm a projccac-introjccao do self sobrc os objetos, a dissociacao, idcalizacao, ncgacao e persccuqiio, tendendo a tr~nsl~?rm~lr-se n.a discri(llina-. ~iio c capacidadc sclctiva do "normal". A projc~iio-inlroje~ao C utilizudu para [ins de crnpatia ou capacidade de colocar-sc "ef!l.,Iugar. de outre" ou incorporar aspectos positives do outre que cnriquccern a pcrsonalidadc. A iJ!;51)izac;iio truns lorrna-sc

em ~.\<.l.mlG~.iiSl c respcito pclos objcios rca is c ass irn succssivamcntc. Por outre lado, dirninui a onipoiencia tanto da rnnldadc quanta da boridade, do sujcito c dos objcios, de acordo corn o f'riftc1rin clc

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48 LI<;:OES SOBRE A TRANSFERENCIA

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realidadc. Modificarn-se os scruimcntos - qucstao que acornpanhou rode 0 tempo nossa dcscricao c que, voluruariarneruc, deixei cxclufda, para nao

_--------- cornplicar as coisas.

\~ ) .~J\\\':<2,\I'\' Melanic Klein atrib. ui rnuitfssirna importiincia 1'1:;..;iO~OS sentimentos inconscienres que, em Freud, se-

_,----- ~UnUl) certas Icitt~;:as; carccern dcsta importancia.

. Para Freud os afctos c sentimentos sao efeitos e

I fcnorncnos que pcrtcncern a ordcrn do conscienic,

,: niio tendo, assim, dcrnasiada irnportancia para a investigacao metapsicol6gica psicanalftica.

Para Melanic Klein, cxistcrn scntimcntos inconscicntcs 0 tempo todo, desdc os prirnordios do descnvolvirnento ate a vida adulta. Alguns dcsscs senti men los acorn panhn m as ca ractcrfsticas das posiC;()cs. Sao proprios da csquizoparunoide e da cha-

mada posicao depressive cdc urna nova etapa que M_e_I.'~~l~_._l5':!ein~ii() cnunciou, e, tulv~~-pC;der-se-ia

1,; imagina-la, (J Cl?pa r_6s-0~.~~~~'iLya. o, scniirnentos

~;»\J,,;z,'~'cnracterfsticos durante a posicfio egjuiz2.E?_r.~!10i9c e!~~\;.,;';)t sao: a A_VlOg __ Z - vonraclc de csvazinr, incorporar I' cornplcramcntc 0 objeto c, assirn, anula-lo, clirnimi-lo; a Y0.B0~.I_r:>_0DB_ - que tarnbcrn C urn sentimente de incorporacfio em que a dcstruicfio nao csta dada porque a incorporacfio <5 exaustiva, scnao "dcsgnrrante", desarticuladora do objeto como se Iosse mastiga-lo; 0 senti menlo de I~A - vonlade de colocar todo 0 mal do sujcito no objeto, porern nao com 0 rim de possuir 0 bom que 0 objeto detcrn, e sim com 0 Iirn de dcstrul-lo. Estas sao as caracierfsticas da poslcao esquizopa-

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A CONC€f'<;:Ao AtjGt..O·SAXONICA 49

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ranoidc, cnquanto scntirncntos que a acurnpanh a m.

Outros scruimcnios ~ .. ca:al CQ.lU .. entrada da !Jf.I. .

posicao depressiva. Por cxcrnplo: 0 CIUMB _ von_·Di;I·IV>~·I.l/'ll

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tade de possuir um objcto valioso que 0 outre pos- ,\

sui c nfio ncccssariarncntc vontadc de destruf-lo; a

CULPA - dor ou remorse pelos danos que se pede

eventual mente ter causado (real ou irnaginariamen-

te) ao objcto: 0 .MEDO - niio tanto 0 rncdo da vinganca, da rctaliacao, do revidc do objeto persecuiorio, porcrn 0 medo de causar-lhc dana pcla agressividadc e hostilidade do sujcito. Surge a ANGUSTIA, que nao dcve ser confundida com a'~

siedadc (caracrertstica de iodas as posicoes), que

e propria da posiC;iio dcprcssiva ou pos-dcprcssiva.

Os inglcscs difercnciarn "angust" de "anxiety", Aparcccrn iurnbcrn sentimentos de HCPARA~:Ao-

vontadc de curar, de conscrrar c'~~r:---tanlo

no que <liz rcspciio ao self e ao objcio, e ainda 0 sentirncrno de NOSTALGIA - cupacidadc de lcrn-

brar 0 perdido ou destr~;-fdo com scruimcnto de §!.UD_0._I2_g_. ao rncsrno tempo resignada c rclativa-

mente gostosa. 0 idiomu p6r1Cigucs C privlleglado

por scr 0 unico que possui a palavra :saudade, que

c urna nostalgia gostosa. Finalrucntc, aparccc com

maier clareza 0 scnlimento (16 t-....M~QJJ - anseio

do bern absolute para 0 objcto e para si mesmo.

Para cornplctar 0 quadro, as posicocs, com suns respectivas Iorrnas de self, objetos, ansiedadcs, defesas, instintos, sentimentos e Iantasrnas, coincidem relativamcn~e com as etapas que freud ~;n\lnci~'\~

. em sua tcoria do dcscnvolvirncnto psicos~:~_~~1 das

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50UQOES SOBRE A TRANSFERENCIA

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fuses er6genas (Iase oral prirnaria e sccundaria, fase ~lnnl re-i~~(j~-;l e cxpulsiva, Iasc falica e fasc genital). ._Alg_~~\£i!~ian_os afirrnarn que a Irontcira entre a psicose e a _n~_o_s_e, 0 ~0lJ_§ a posicao csqu]-

.. zora~~l_n9_i~_G c d~Q!.£s.~iya, c a [asc _Q.Ila 1_~~_lI~_claria, em que sc corncca.a dLr£ren~.a.ro sujcitodo objeto, o mundo interno do cxterno, 0 self de sells objctos, alcrn de todas as outras intcgrncocs que van sc rcalizar. Neste plano, urna difcrcnca irnportantc 6 que M.£lnnie .KJein baseln-sc em suas obscrvacoes c ac rcsccn ta lima nova ctnpa intcrmcdiaria entre a rase anal e a rase Ialica - a ETAPA URETI~AL

~- '; - -~----.:__-_,-- ...... _ .. _.. ......

-, m uilo irnportantc para cia, porquanto as fanta-

sias relacionadas com a urina, como urinar dcntro do objeto, Icm muito a vcr com a inveja e veiculaC;ao de impulses invcjosos,

Outra questiio irnportantc c a difcrcnca que existe em M, Klein quanto :1 conccpcao Ircudia na do Ecli_po. Essa difcrcnca deve cntendcr-se em dois sentid os: 0 prirnciro sentido C que Ere.1Js.Lafirma que o $_g_po~a-!i.c __ pJ~nag~te c r~~0IY£2~ entre cJolli.~lllW:O anos de idadc, e tudo 0 qlle acontecc antes - auto-crotisrno, narcisisrno prirnario, narcisismo secundario etc. - ainda niio podc scr considerado Cornplexo de Edipo porque as posicocs do Cornplcxo de Edipo niio podern estar dcfinidas, Melanie Klein tern Ialado em EDIrO PRECOCE.

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Afirrnu quco Edipo csta insialado d<?_:;_l!~_Q._Q_~.I!IC!J)I()._

da vida. Dada';;'as caractcristicas que 0 self c os objetos adquirern, 0 Edipo c urna cspccic de drama surrcalista no qual c diffcil reeonhecer os persona-

- A CDNCEPyAD 1I~GLD·SAX6NICA 51

gens c as cscclhas do progenitor do scxo corunirio como a mado frt1 aescelka OO~f(t!,loCiljt( .. do mcsrno scxo como odiado c temido. Enfirn, a distribuicao dos personagcns c impulses que icrnos no Edipo adulro e rnaduro e diffcil de rcconhcccr no Edipo prccocc, porquc cstarnos Ialando de objctos rarciais, nfio arenas no scruido de objctos boris C objeres malls. Estarrios Ialando em objetos parciais

enquanio partes du ana tornia fantasrnuucn dos cor-

pes dos prcgenitores. Fala-se em scio, em penis, em Iezes, em fluxes, de rnancira tal que em urna leitura mais "realism" do Edip0) csscs objcios seriarn irrcconhecivcis, Dc qualqucr manciru, Melanic Klein afirrna que as fantasias corrcspondentcs aos pcriodos prirnririos suo organizavcis cdipianarnerue. Por cxcrnplo, a fantasia cltissica dos araqucs invcjosos ou ~iumenlos que sc podcriarn fuz cr no Edipo adulto ao pai c c1irigicla ao pcnis do pai ou nos

bcbes, cnquanto interiores ao corpo da mae, c assirn

I' sucesxivarncnte. Isro tern dado lim vcrdadciro en- -, AL/TJC:l-r1

talcgo, urna listn ~lef6nica de Iantasrnas rccons- .~

.~~Q£_los 'JJ;_~i"~'(;~C c~li~'-~~-d()sql';ais -~ais kU:"i.k! \~~~~~~L~~yci do que 0 outre. Tern dado lugar ta m-

bern a ir01i~'..LQPlllcla_sg __ g_()!'L~ijg_Ld_<.t_~ interprcta-

~6es klcinianas. .... . '-_ .. -- .. ,_~ .. - .

'Entrctanlo,-c born lcrnbrar que todos os faruas-

mas que Melanic Klein descobriu e catalogou s50 cstritarncnte passfvcis dc xlcscobcrta. na cllnica, espccialrncntc na clinica de criuncus c na clinica

de psicoticos, na mcdida em q;c~ criancns ninda

cstariarn ncsras ctapas c que os psicoticos pcrrna-

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52 LlQOES SOBRE A TRANSF~RENCIA

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necem fixados nelas ou regridem a elas no rnomento de ca tastrof'e ou catac!ismo do surto. Pedemos discutir 0 achado, 0 deciframento da clinica dos funtasrnas, mas csiao todos prescntcs, Para concluir, podernos dizer que n_CU!lo_r.o_~f!l2.,9.~_~afda [liH.:... cia! da_~l5~~_,~.rr?.E::"i~a vai se consolidando um

. processo multo importante que Melanic chama de ,.; (~r,oL·:'Z./' 'simbolizac;i:io, isto c, a capacidade de elaborar, cap>\\ '1~~~-' ~cnar os fant3sn.13s, impulsos: instintos, de•. ,.~~ 0).1'~1,i0";' fcsas, ansiedades c scnurnentos em sistemas de r~-

>, ~(",\,,'_"'Si" prcseruacfio sirnbolica conscicntc, Estc proccsso e,

1. por sun vcz, causa c cfcito do l~~.:_::_i~:,nto, c

.i:' <5 0 qlle (crnboru de rnancira prccaria). prcduz urna

" ceria "norrnalidade". Isto Iundarnenta 0 que para

\'\ l'---;"~'(,i~.::"') '~' Klei~-T;'p!incfpio da~~m, n~o de~asiado . )It!,~\._J'' diferente daquele de Freud quando diz que a cura r:Ll'",,"<,.i;;v,-> e a insiauracfio e dorninancia do p~ess?_~e~.~n-

\" ~:~\~~~.~~;\,,) dario. Ou seja, a capacidade adquirida pelo sujeito

·'~G,.~:\Ji1'r"ic) por rneio da expressiio hidica c sua possibilidade

I, de simbolizar as vicissitudes de seu rnundo interne,

'j ,de d~;, ordena-lo, c_t:!l_ urn s}ste~l2re-

t(r'n;;;;,;r,1""'('" sentacces conscierues. - ,

'-Vej~-obrigado a Iazcr roda esta passagem pcla ieoria klciniana, 0 que deve ser, para alguns, . /i:{{~~ absolurarnentc superfluo, redundantc e desnecessa-

(ti? 1~~ rio, mas que nunca sera demais para outros. So

'Il)\ p. assirn poderci rcferir-rnc as contribuicocs de Me-

'N\',V'- lanic Klein acerca da transferencia; c 6bvio que

I, todo estc devir, cste proccsso evolutivo, tern rnomentos de esiagnucao, Iixacfio, progressao c regrcssao. Para Melanic Klein, 0 que fundamcntalrnente

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A CONCEPC;;ilo ANGLO,SAXONICA 53

incide na progressao suo os vfnculos g~~~t~-

beleccrn com os objetos, pr<:.~,£6~i_6B_!]lC;~~tc com 65 o,~j-;;t;'~~~;~~,p;:-mitindci que os sujeitos acurnulcrn cxpcriencias Iavorrivcis, introjetern o objcio born e 0 convertam no micleo de seu self, conse-

guindo assirn integrar os instintos, ansiedadcs etc.

o proccsso que gem a rcgrcssjio, para Melanic

Klein,o retroeesso, a fix~50, s50 fundamcntalmcn-

te as cxpe!:i_cnc~LcJ~J!_\l.~J[_<l~}io, quando 0 s~j_~.Uo sente-sc-;tacacln, privado de am_Qf, irnpotcnrc ou abundonado pelo obj~t~:'Co;:;;'i~lo, cluro, podernos ~'numerar nove ~r[slicas dus contribuicoes klcinianas, nan scm antes definir 0 que <5 _l!unsferfug:ill_.para Melanie Klein. Nao e nada rnais nada menos que a rS2eti~~9 que se vai produzir, na vida em geral, ou na situaciio analftica em particular,

dos mornenros defix_a,~.ijo nos qua is se perrnancce

por Ialta dCdesenv~ivimcnlo ou se retorna devido

a rcgressao originada pela Irustracao. Estes rno-

mentes, que irnplicarn Iorrnas de ser do self, for-

mas de scr dos objctos, fJ,~(m.as de a, ai.ci.Jl,a~iio

dos instintos, ansiedadcs tipicas , scntimentos tf,

picos e fanrasrnas tfpicos, tend em a rcp_cllue pre, ('0'_ '';:I'~ dominunterncntc [1or·cfci4n ~a..E'dsHo .de .fI10.tc,_.,: ·~'.t\0f1.\"::

cuja natureza, alcm de imobil izar, (l~.~r, con, f'.x.!>i'oi"i

sistc em repcti_r.

As con't;:Tb~i<;i5cs podern resurnir-se assirn." ,q _JJ. A lecnic~,d_(:jogo: a cria ncn dcve scr colccada em condicocs adcquadas para dcse nvolvcr

a atividadc que lhc C coruplctarncntcr'nutural" c <

. prcdominunte em sua vida, que <5 brincar. Niio c

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54 LI<;:6ES SOBRE A TRANSFERENCIA

ncccssario pedagogia de nenhum tiro. 0 que se podc Iazer e Iavorece-Ia por meio de brinquedos c de urn arnbicnrc propfcio ao jogo.

.~ A scgunda contribuiciio klciniana c a proposra de que ~o Q!i.o prcci~~_esperar que a

...,-j> tral1srcrcll~ia sc cstabclcca porquc csia se estabelcce imediaiamcnre, quando ha 0 primeiro contato corn a crianca, assirn que corneca 0 jogo, e, por vezes, antes, na relacao corn os pais que consultarn.

3) Se a crianca eSIc) regredida a urn ponte de

. Iixacfio, c se 0 ponte de fixaciio significa predominfincia das posicoes prirruirias, qucr dizer que havera urn predominio da pulsao de rnorte, tendo como efeito a dorninflncia na Silua~aO'·p~icanaJ(lica

!i da transferencia nega iiva. As interpretacoes devern scr precoces, rapidas e, poroutro lade, devem estar centradas na transferencia negativa, no vinculo persecutorio, destrutivo, agressivo. S6 quando [or compreendido, sirnbolizado, capturudo, c que 0 processo conseguinl coruinuar.

4) A transfcrcncia dcvc scr intcrprctada como urn fenilnieno que csui acontccendr, cstritamentc ~~ na rela~iio entre 0 paciente e 0 tcrapeuta, 0 que acontecc fora, na relacao com os pais e com 0 mundo, so tern importancia na medida em que e manifestado para exprirnir situacoes que cstao acontecendo entre 0 paciente e 0 terapcuta.

Por outre lade, a historia pessoal que se pode reconstruir a partir do deci frarneruo do aqui e agora

n50 tern tanta irnportancia. 0 que Freud charnava de ·conslru~6es niio tern tanto peso, porque 0 pas~.

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A cONci=Pc;:A'O )I..'NOlO·SAXONICA· 55

sado so c irnportantc na rncdirla em que cstri preS(;;"U:. Sc sc conscgue simbolizar' ex!ltlSti .... amen tc 0 prcscnrc como transfcrencia entre 0 pncicruc e () analistu, podc-sc rornar dcsncccsstirio rcconstruir o passado,

._~)_ A quinta contribuicfio dcvc scr discutida quanto a scr considcrada urna coruribuicao ou urn erro. Fica em abcrto. Cada·scssao:Togo,·brinc;~Jdrfl,Ca-(Ti; insrantc da rclacao contcm_llOL[g_n.li.l:>_I11}l. 0 Iantasrna pede c dcve_:;_e.L_i.l]te.Eprelado ainda que 0 sujeiro pare~a niio e-;;-r em condicoes de aceira-Io e aind a que niio 0 aceite. 0 processo consiste em confrontar o fantasma com a rcalidade. S6 que a rcalidade, no caso, devido a Iorrnulacao anterior, rcduz-sc Iuudamcntulrnente n rcalidade da pessoa e da tarcfu do analisia. Em outras palavras, reconstroi-se 0 fantasrna em que aparece a vontade de devorar 0 objete, consumi-lo com avidez, 0 mcdo de ser pcrseguido por clc, dcstrufdo etc. A sirnboliz acfio rcsulta cia confronracac entre os fantasrnas decifrados e a rcalidadc cia .pesso<I.G"cla tarcfu do anal ista, que naturalrncntc nao c assirn c niio prctcndc fazcr ncnhurnu dcsras coisas,

_~ lmportancia do psoc~~ ~e-:"J~~eg})za~~oquc nao consistc neccssariarncnte naexposiciio verbal acerca do que Ioi entenclido. Consiste na mudanca da qualidade do jogo, em que os brinqucdos auquirern a caractcrfsiica que rcalmentc possuern c sao rnancjados de mancira prazcrosa c criativa.

7) Na interrreta~iio do·~diJ:lQJ2r~I.QIC c primerdial a qu~stiio da sill1ctria sexual, cujo poruo n.io

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56 U«OES SOBRE ATRANSFERENCIA .

Ioi tratado por nos na parte teorica. Em poucas palavras varnos rcsurni-lo. M. Klein nao admire 0 que ~reud postula acerca ela gi[erenc;a entre 0 Eelipo

.~,clliino c fcminir:l2' Niio aceila 0 que modcrna::-mente se chama' a primaziu do phalus. Niio_gJ.ncorela com a definic;i\o'q~;c-";;"-~ujeil~- Iaria -da con(IT~1j'0 [eminina como uma espccie de carcncia do 6rgao masculino. 0 modele de compr~nsa~'u~inna do Edipo c 0 Edipo masculine, enquanto 0 Edipo feminino sc dcsenvolvc como negative do masculino. Pam ry1~n, cada sexo tem seu Edipo cum conhecimento impllcito das caracte~sti~;;-;:nna: iornicas de seu sexo. 0 horncrn sabe que. tern penis,

e 0 penis entra nas vicissitudes de seus arnorcs edipianos como: vontade de possuir genitalrnenre a mae, rncdo de perde-lo pela castracao do pai ere, A rnulher tern, muito cedo, a plena vivcncia da cxistencia da sua vagina e da capacidudc de engravidar. Por sua vcz sofre urn cornplcxo de castracao articulado as vicissitudes.do complexo de Eciipo, mas aquele vivido em lorna de fantasias de destruicao interna, e nao da pcrda do penis imaginario. Pode-se dizer que este conceiio klciniano clo ~di1:2_£emJ~.~_P-9.~LI_i.~O, no scntido de que c original, c urn Edipo proprio. Niio precisa calcar-so ou contrapor-se ao outre como sendo urn negative simetrico .

.._____jll A irnportflncia que os kleinianos dao aos ~enlimentos os tern levado, nos bons casas (~1_ -~~~.~SS)' n consideracao des sentimentes, e icrn-lhes dado urna peculiar sensibilidadc para cntcndcr 0 material, que sc aprcxirna da lire-

rarura. Os literates suo os artistas do scntimento, ~mudant;as, dospequcnos mcdos, 1'I1cgri~lS, esperancas, cstados de animo ... Pelu Irnportftncia dada aos senti mentes, rnuitos kleinianos sao capazcs de Iazer cstc tipo de lrilerprctac;ao da transfcrcncia em terrnos de delicados sentirncntos.

9) A importancia dada as aD_:>iedndes, d£Jesfl_s,

. fanl~mJJ.;;·C,laT~~z, rncnos a o·utros"aspectos. Por ~-;;-~o, os kleinianos julgarn muito ncgativarncnte as "atuacocs" c dao [X)lICa importfincia aos sonhos, que nfio sao 0 seu "forte". Os klcinianos opina rn que, na medida em que us ansiedades sao registros do jogo instintivo e do sofrimcnto psiquico, e na rnedida em que descncadeiam dcfcsas, insiintos, ansiedades c dcfesas, sc exprirnern nos faruasmas. Analisando os Iaruasmas, as ansicdades c defesas, 'conseguq-se dcsrnanchar as caractcrfsticas adotadas

pclo self e os objcios em cada posicfio, oque torna rnais mancjavcl a irnportancia que podc tcr, eventualrnenre, a carga dos instintos em cada uma das posicces, cspecialrnen!e os instintos de morte.

Resurnir tude isto nao C urna iarefa Iacil. Espero, pelo rncnos, que tenha sido ilustra tivo.

INTERVENc,:OES E PErWUNTAS

- Voce poderia ex plicar mais sabre a //'{/II,I}erencia negative?

Rcsposia: Apcsar tic Melanic Klein tcr cscriro

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58 Ll90ES SOBRE A TRANSFERENCIA

urn artigo charnado "Observando U corrduta dos bebes", no qual sc abre a ilusiio de que rarnbem os bcbcs podcrn ser analisados (interessante nesre momenta de crise de rnercado que vivernos, pais, ja que no Brasil ha grande natalidade, a.possibiiidade de analisar os bcbcs e crnpoigantc ... ). M8S parccc que as bcbes nao slio analisavcis, ute urn determinado mom en to, em torno dos dois anos e rncio, Ires anos. E quando os bebcs ganharn urn aparelho neuromuscular, sensorial c s imbolico suficicntemente descnvolvido para pcrmitir-l hcs curnprir a atividade que e a base de leitura do analista - a brincadcira, 0 jogo, Supoc-se que a crianca csicja vivcndo, nestc pertodo, as posicoes esquizcparanoidc c deprcssiva. Como ja dissc, as posicocs curactcrizarn-sc por nao cxistir urna adcquada intcgra'lao dos insti ntos. Nao existe integracao de nada. Nern dos insrintos, ncrn do self, nem des objetos, o que Iaz com que as ansicdadcs sejam muito importantcs, bern como as dcfcsas, c que a atividadc de simbolizacfio seja pobre, Portanto, 0 que predomina, em l'un'liio disto, e a transferencia negativa.

Enrcndcrnos par transfcrcncia ncgativa 0 predornfnio da hosiilidadc e cla pcrsecucao na Silua~aO analirica. Melanie Klein diz que nfio adianla cducar neste momenta segundo a proposta de Anna Freud, pois tcda tentativa de inforrnacoes c educacao cairn no campo onde predomina a pulsfioide morte, a hostilidadc c a pcrsccuciio, A crianca niio vai assimilar 0 que sc cnsinu, Nfio adia rua irucrprctar cnfatizundc, por cxcrnplo, a transfcrcncia erotica,

. A . CONCEP9AO ANGLO-SAXONICA Ei9

porquc nfio IS 0 crorico que prcdornina, 0 que predomina niio C 0 arnor. C (1 6dill nfio sirnbo lizndo. n50 capturado no SiSI~l11i; (i-;-;'ep~rcs~r;li~~~fc~:n.i() pcrrn itindo que 0 impulse de vida, II erorico, 0 arnorosa, sc dcscnvolva c tome a sell cuntrolc () predornmio da IOlilliliade da vida pSfqlliL·:I. Por isltl L' que cla prcscrcvc que o primciro :1 scr iIlICrprl'I:ldl1 en irnnsfcrcncia Ill'galiv:1, o u Sl'_i:I, dL'\'L'-SL' Ir:i!,:i1iI:lr a inveja, a avidcz, a voracidarlc, 0 odio: o CiUIlIC, a culpa pcrsccutoria etc.

o que tern ocorrido, scm cntrur em muiios rc-

finarnentos reoricos, e que a P~E.2.:!.t_l~lc.iD.~~~a tsm sido mal interprcl8da, Muitas vczcs, as interprcta~cfri"G;:;-a;r;~cem urna dcsaforo, porque en-

fatizarn tanto a rnaldade, 0 6dio, a vonradc de destruir, que a crianca ou 0 aelulto acabarn rnclancolizando-se, cntendendo que suo purarnentc ruins ou que nada ~cm de born. As inrerprctacoes cia transferencia negativa nao sao articuladas com as positivas, Niio se rnostra ao pacicnte como 0 predominio negative nao permite a ernergencia do positive, 0 que as vczes prod uz incremeHi<l ~c"'lf"Ol.peISC.Cllt6rin, da autopunicao e, Iundarnentalrnentc, do dcsalcnto. Nas palavras do paciente, seria: "Ah, cntiio e assirn .. , enuio nao tcnho salvacao neft{t~ima .. ,;" Se i~·Q sJ.ugc nccessariamcnlc da conccpqiio klei nia na ou nao, e cliscutfvcl. Em geral, vernos que su rgc cia rna compreensao da ieoria c da proposta kleiniana.

_ Voce potleria [alar lIJl! pm/co mais SO/He as interpretacoes quando predomina {/ PlitstiO de mtme f'

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Rcsposta: Depreende-se urn pouco da resposia anterior. Melanic Klein tern do is casas Iarnosos, 0

60 U<;:OES SOBRE A TRANSFERENCtA

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I :l~~\:'i: ,,"caso Dick" c 0 "S'l's_Q__R~:'!l.~r.9.", scndo urn deles I:r ri\clhr,\idescrilo de rnancira adrnirrivc! em urn livro grande,

i' scssao por scssao, tudo que foi interpretado a Ri-

1'1 / I . lise i! .

;i chard _ Re ato (a psicana tse ae lima crianca.

Ii/ lndepenuentemente de coincidir ou nfio com a teo-

II' ria kleiniana e com 0 tipo de intervenciio que ins-

t i pira, 0 que deve ser resgarado com 0 maier respeito

I:, c admira~ao c a vontade de objctivar 0 trabalho

I: que cia faz, Nao sci sc voces observararn que, ul-

ill tirnarncntc, ninguern publica casas clinicos. Os psi-

,I!' cannlistas se ocuparn ern reanalisar"!'eorieamenle

r',' os casos de Freu~ .. Mas =. sc ~abe 0 q.ue cada

I urn faz no consultorio, 0 que e muuo negauvo para

111' 0 desenvolvimento de nossa disciplina, Todos Ialarn

11 das teorias que ado lam, mas nfio Ialam como as

I I'll aplicarn e ningucrn sabe se cia cerro ou nao, Melanic

!,Ii Klein fez longas exposicocs de scu jcito de trabal-

III har, Nesse livro, isro pode scr apreciado.

Ij: A inlerpretac;uo rripida, de entrada, remere aos

,:'; primeiros brinquedos que a crianca pega, aos pri-

:' rnciros movirncnros que faz, os quais Melanic Klein

lr ja intcrprctu em terrnos de rclacocs objerais. Volta

h, a insistir, hn rnuitas crfticas a Inzer, porern csra c

/:, a caracterfstica. Assinala prcdorninantcmcnte as

I'. Iuntasias e impulses destrutivos que atrapalham a liberdado do jogo. Em rerrnos do medo que a crianc;a pede ter de que 0 que esui se repetindo com rclacfio ao nnatista cstcja scndo produto da inveja,

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. A CONCEPQAo ANGLO·SAXONICA 61.

que poderia dcstr;lir 0 analista, a vonta~e de Incorpora-lo, csvaziri-lo, tirar-lhc todas as coisas b~as, a vontadede cortri-lo ern 'pcdaclnhos, de destrui-Io, tira-lo de outros relacionarncntos afctivos com outros pacicrucs, corn SCllS farniliarcs etc. Esses ~a~tasmas a rca icos aconrcccrn corn grande prcdorninio da pulsao de morte, com Iortfssirnas c desprazcrosas ansicdadcs c com de Iesas rigidas contra a ansicdadc. Na rncdida em que se inrcrprcra esc coloca em terrnos simbolicos, diminui a ansicdadc porquc dirninui 0 ternor de que isto esteja acoruecendo na realidade, Localizando tudo isso como fantasrna, surge a ocasiao de que 0 lade da pliisiio. de vida, a iransferencia arnorosa, apareca com mars clareza e a induza no processo de manifcstacao do jogo e da cxprcssiio mais livre, criativa e compreensfvel.

_,J a que a teoria kleiniana da ~nfase ao logo, ao brlncar como forma de expressiio, goslan~ de saber se ela [az rejerencia a crialividade: a tm aginaciio, 110 caso da crianca, e 0 que [ana a respeito.

Resposta: Rcalrnentc, sim. Para os klein~ano~ 0 processo de ~imbD1J.z.a~o, -COm lJ.U.W ~.!1.u~ implica domfnio de todos os aspectos que acaba mos de rnencionar, seria a base da slIblimac.2g e do uso criativo da capacidade de pcnsarncnto c de iruaginaciio c de ioda atividadc consirutiva, nao apenas da artistica.

Hoi urn artigc deMelanic Klein que se chama

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62 lIC;OES SOBRE A TRANSFERENCIA

), "Accrca da importftncia da forma~iio dc.sfrnbolos".

: .n«Ha outros auto-r-e's'-r"6~-klc-i~i;nos '~;mo"_'Winnicott

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:,\\~iJ' por cxcmplo, que sc lem ocupado csrccialmentc

'i~. d!sto. Eles af.irmam tcrminantcmcnre que a C~£l-

_ cldadc de ~lCirr (scja csponuinea ou adquirida atravcs cle urna analise ou outros proccdirncntos) c 0 ~(:x1c[)_l_£, 0 prolcgorncno de gualq.~.~ outra .ca!?~,ci.0~ cria tiva-const ru tiva-invcntiva-subl irna-

I lld.<l_~'<'LJ~ 'l~il ~-:.- Exi'Si~'-~;--;~;Ii;i-;-kI ;i'~-i-;~ ;-- ..

gcniino - Rodriguc - quc tern trabalhado sobrc urnu questfio que, segundo me parece, responde a sua pcrguntu, que C <I INT12EPRET;\C;i\O LUDIC;\, no sentido, par excmplo, de que 0 analista de criansas niio_precisa ncccssarlamcnte colocar;~s~T;;iei~ . p~~_6~~ d~'-rorrna ,::~~.Q:,!I ou dc rnaneira "ad~';I;;" e "ortodoxa", Ele~Q_DIQ.~L~ brincar, por sua vez,

de urna ruuncirn que adQlC_.Q--~~lg~~l crianca

~a. Sc ele brinca de rnaneira complcmentaG'c"con: segue transrnitir significa~6cs com cstc rccurso, niio precisa inierpretar. Com este recurso nao precisa

cnunciar interprclacocs em lim scruidoclassico, a que cum grande dcsafio, porquc os arialistas sabern irucrprctar, mas niio sabcrn brincar, Af sc coloca urn dcsafio, urna prova. Quanto 0 analista conscrva cle urna crianca brincalhona, e quanto consegue brincar novarncnre com fins especificos para seu procedimento?

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- Gostaria que voce esclarecesse a quinta contribuicao, qutindo afirma que [Jade sa 11111 er- 1'0 ou uma contribuicao a questdo cia interpretaciio.

A CONCEPC;:AO ANGLO-SAXONICA 63

Cada sessiio tern II!II !OIl({lSIIW que pode e deve ser interpretado, independemememe rio entendlmente 011 do aceitaciio do pacicnte. £111 que sentido pode ser 11111 erro e em que sentido [Jade ser uma contribu i~:ci() ?

Rcsposia: Esta c urna excclcnte pcrgunra. Niio C Iticil resumir a rcspostu. A propostu klcin iuna 6 de que cada rnorncnto e scgmento do que chamarnos "material" (jogo, discurso, scxsao, pcrfodo) tern urn Iantnsrna que rode c dcvc scr dccilrado. Urna vcz dccifrado, dcvc scr cornunicado ao pacientc indcpcndcntcrneutc cle esiar ou nao em condicocs conscierues de assirnilri-lo, aceira-lo. Isto tern urn a:;[?ecto positivo: os anulistas, sabcndo que pode scr assim, que pode haver urn Iantasrna espccffico ef),l cada scgmcnro do material, elror~~rr:t.=~.~. em decifra-lo, is to c, diminuir aquela parte clo "material" il qual niio prcstarn arcncfio porquc Ihes cia irnprcssao de quc e "converse Iiada", que niio 6 0 caso cornprcender 0 que niio "qucr dizer nada", Existent analistas que iornam em dcr:n..~~La_~~_(;~~-

Aclcr<~l.O o~~exrlicar atraves de urna mcuifora que usqpaca isto: Jlocl~r-sc-iacllamaT .. clc "cngolideira" 0 aparclho de engolir? E \1111 nco.1ogismo. Existent tcrapcutas que lcva rn ern dcrnasiada considcracao a diamctro da "cngol idcira" do paciente, S6 Ihc dizern coisas as quais estcjarn ab- .. solutarnentc scguros de que clc vai cngolir, porquc sc prcocupam muito com a rcsposta·imodiat<l, Neste scntido, dcsconhcccrn, esqucccrn, nao vulorizarn

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64 Llt;:OES SOBRE A TRANSFERENC'A

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que a ._inlcrpr~ta~ao so muito par~iulme_[].k_esta Qi.: lisida ao ego e iCconscic~cia. Ela opera em outros nfveis e sua apropria~iio e procedencia nao se definern pcla respos:a irnediata. Defincm-sc, Como diz Ereud, pcla c~~de g_l!.g_12ossui de abrir novos

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matefl(llS no 8~ apare<:.eL~~p()i.!i' Neste scntido

C born que os kleinianos insistarn em Intcrprerar cnquanto cnicndcm, quando crucndcm, intcrprclam. o pacicn tc nuo "cntcndc" nada, e a sua prirneira rcsposta c de dcsgosto ou rejeillao. Isro nao tern imporlilncia. A quesrao C conlinuar com a a~ !J..':!.t~le, vendo 0 que virti. Neste sentido, e positivo. Niio sci se Iicou clare quais siio os sent'ido-;; positivos dcsta idcia. Os scniidos negalivos, ou pclo menos discutfveis, silo os que Fr~xoli bern cluro: 0 "material", 0 "discurso" do pacicnte etc. nao sao unif'orrnc e igualrnenle valiosos, Exislem pontes nodais que se charnarn FOIZMAC;:OCS DO

~IE. que sao, como e~cr;~ to, as palavras subliniladus, passagens privilegiadas que tcmos de considerar especialmenle e cuja interprela~iio permite en tender, retroativamente, lodo o outro perfodo e tranSCurso que niio e muito expressivo e significativo. A lrudu~iio, por assirn clizcr, 0 deci[ramenlo, devc ser Ieita a partir dos pentos privilegiados que vflo dar sentido aos outros perfodos "vazios" de cxpressividade. A ideia de tomar todo material per igual c interprcta- cada parte no memento em que "aparece" e urna proposta perigosa porquc leva a urna especic de aritudc de "inlcrprete sinllilliineo" de congresses na qual,

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A CONCEPt;:Ao ANGLO.SAXONICA 65

arncdida que 0 disserta nte vai Ialando, 0 tradutor vai rraduzindo (nunca soubc como consegucrn Inzer isso; para mjmeUmfHj5tefi~"""M~, em analise, isro nfio Iunciona. Dcve-se es[>erar~~~ .. c0f!1.EI~_~

.. I.em QLP.cJiQ_cl9s.~.ignifical.iv?s que se qualifiqucrn como ta is, a partir da crnergencia de lima Iormacao do inconscicruc lipica como 0 sonho, 0 ate Ialho, o l apsus linguae; c pa n indo daf que dfl para enlender 0 que foi dito antcriorrncntc, pedindo associacoes a respciro.

Outra atitude C pcgar cada passagcrn e procurar-Ihc urna I!EsJ_l!.~1_O em lermos de ~I~ta~~as, consultando 0 "dicionririo de Ianrasmas" que Melanie Klein produzi~1. 0 contcudo -;;-'u-;'iCeslo pode ter urn cerro parccido com o1;;ntasmfi'que terries dis ponfvcl, que icrnbrarnos, mas pO.de .!lao ~ .. LQ._~~':I__S~:llido Iatcntc. 0 Iantasma pode scr outro. 0 perigo t-(I~;~-i~~e- a lima trnduciio sisternri tlcn, sirn ultflnca e estcreotipada. Este me parcce 0 aspccto negative do assuruo.

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.J A CONCEP~Ao LACANIANA

UMA dificuldadc [lara cxpor 0 ternu e niio sabcrrnos ate que ponte 0 auditorlo conhece as coruribuicocs tcoricas originais des pos-Ircudianos, Nao sabemos, [lor conseguinic, ate que ponte podernos cxpor diretamentc 0 tcma, sernfazer urna brevfssima introducao a esses aportes.

A proposta lucaniana of'crcce, ncstc sentido, diIiculdades cspeciuis porquc Lacan propos urn retorno a Freud com caracterfsticns pcculiarcs que 0 fez produzir lima rcforrnulucao rcmarica, conccitual c formal na qual 11 ohm lrcudiana sc torna, arniudc, irrcconhccfvcl. Isto se dcvc, scm diivida, ao faro de que 0 trabalho lacaniano proclutivo gem novidudes considcrtivcis c a peculiar conccpcfio de Lacan sobrc 0 discurso icorico tla nossa disciplina, em concordflncia com a matcrialidade peculiar que a trihui ao nosso objcio de csrudo c de intcrvenctio: () sujcito psfquico c, em especial, 0 scu inconscien Ie,

Todo 0 psiquismo 6 irnanente a linguagcrn que Lacan isola e redefine, 'conio--;:;il'ls-is-ienl-a' si~l:.

_c~. Para Lacan, a seg(icncia sig.~ELc.arite q~.!.~_(].e-

A CONCEPC;Ao LACANIANA 67,

nomina discurso, anirnada [lor umnjQI<';.lLins.i..s.Lenle__ que e ~ d.e~e j 9,._cg_ I}_$lit!ll _ _Q._~ ~IJ~L!.QL_~~J.Q,_P-QL~\Hl. vezL-s.~gLqg!l_~~u_s. Cl~j~~9~,:~~TIQQ._~uc 1) ITIn1cTia i idade ultima do objelo e do chamado sujeito exig~ gue a teoria que da conra d~lULrr~.\i~£U!~LS..e.U con heci[Jlen t9~J..I:..~_~[Q~.JI1..'1_~~.Q,_ tcnha m cia ro 9 ue se descn volve._L~!£gral~~_n~_.!lQ _ _S:.9..fl!p'_g _ _ga Ii nguagem ou do sen(ido, A teoria psicanalitica, em eonsequencia deste axiorna, niio sera urna meta linguagem que Ialu accrca de sell objeto. Mas tcra 0 estilo peculiar que propicia ser Ialado por ele. Ou scja, urna cspccic de "dramatiz.a~fto~_.sig_nirican(e .'

A sua (ese mais importante, a d£:_.9.~I.(L9_jnconsciente 6 cstruturado como urna linguagem e fun-

~.~_,' ·.."",'·_.··.·J,..···.:o;:..'."':'".,.:.t·_......" .. .._._,_~=:.:.:~.: ... ;._,.,,.·::7· ~~: .. _~~ .•••.• ' ... .:..::.::.:...

_ciona2~g!,!Jld()~1[i~mav? Fr~c~,g,_cgm ~G..r!LQ.P_c.-

~~.cJ.c_.cl~_S.!9.C;!LIl,:l,£)}.l£U2,£2Jld_e_~~~s~,Q.Jlue ~l_can d c n?~1i.n.~._I!~~~D.f.ll_1i~~_.f!1c~'lio _ra, _~~igy_q ~~(!--,'l.t_g.Qii a do inconsciente seJ'(} urna linguagem apropriuda [In-

---.-- .... -c- ...... _. __ .,_._- .. -.----.- .. - .. _-- .•. _-_ .. - -- "'_"'_"'--'

@_y_c:~~lIJ.'!L_~~J~~Q~E1..~QQL_Lacan afirma daf que a teoria devc estar forrnulada de rnaneira aproximativa - nao dcntro cla modalidadc cartesiana das "ideias claras", e sirn ujilizando Iiguras rctoricas nas quais 0 sentido desliza, 0 que n5o'Tmreuc';"por outro ludo, que, junto a urna cstilfsrica litcraria e aporetica, cle sc proponhs.umn singular .precisfio em suns Iorrnulacocs, tal como em scus rnatcrnas, que cxprimcrn lima logica, lima algebra peculiar, na qual Lacan tenra circunscrever as' estruturas constitutivas do sujeito de rnaneira prccisa.

Quante ao lema da Ir.a~~Ic_r_~DC;~fl_, como tantos outros, L'lf9_!!_.J?i!.rJC cstri+amen+e ~ie'E.l'!1.,.d, Lern-

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) 68 LlGOES SOBRE A. TRANSFERENCIA

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bramos que, em Freud, a transfcrencia, segundo virnos, pode caracicrizar-sc em quatro Iorrnas que

C=lb Coram apareccndo sucessivamente no pensamento

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,j),)- ,I Ircudiano. Freud cntende a rransfcrcncia como "~~~

t9FJ'!\:~i~:,;iJ"''-"; pcti<;ao uosR,IJ):_~@DOS._i.~~ci£~ICS,A rcpq.t_i<_;~.~ "\\1,,»1.1') {," _n'es tc sent ido ... ~,. P'QLI:!_rD__Iadq, __ .~9_lLi!_a_q u~constl!~ o motor da cura e 0 material a ser entendiclo 0

...... _". , .....•... ~- - " .. .,. ..-

2. .moclificado, A lJ(.pcti<;ao tamb~n1.~parece~orn__Q$sistencin, como obstriculo a dire<;ii9g_9_£~I.[!)_,. A osci:~.omo motor e como rcsistcllc:ia~obsla~~lo .f.9.1) figu r_~ __ l!.mg __ amb i gii idade q u_e_dey~_ s_e~~_l!_i.cl_ado-

~B_t~ <:_Q!!.sid~rl_cl~: }\ ... t~~s:X~ __ '!l?E.~~_~1._l1_0

~~rc.~ir.!? _~~~tido_!__(:g.mo sug~_taoL como estado. __ p~ cul in r d e ~ u b m i ssa Q._Qo£aCICrlf~_ll.o_JlI19.J!~tlh_O .. g u e -.t_~.fl] .~~I(t;;-.~~=-~~~_~~~-~i9~i~<_;~_Sl __ do .. h i p~gJi_~_a_d~ ~co.n: _o.~(!l1ti~_e~t?_.cl~ . .?m?~_~_e faz com g~<:-_~Il~Le __ hipnose, sug~~t~()_ ~ .. ~.I1!!D~()ram~ntQ,_\<~j~\UlJ]la c9- ncxfio clararnente advert ida par Freud, eSl2§~.ial-

~e~~(e~~::~~·l~~T~g_!!1 das Hq:_~g_!i_q_J1II6JIs.?_il§ __ e.g_q~

i.[ 0 quarto scntido Ircudiano ~c Lucan sublinha c ~-du - tru nsr~~<illci,; _~~~~~'-~--;lc()~I~ci~;-;;~t~~-e~tr<;T

~~~_tE.() 'da en [~r~l id'au<~I.:~~~T5~;~~;·-'~·~~-~?~d-~C.

_?.!!~]~e __ ~~~~~.~§_L conh~~id_<?_c;:la_?si.~_Q..men_te e_on:

_,:_\; -, ~.l~,'_;!;.", -; ,:,.,'\'~~;i!:;" 0 no mY __ 9~~!}.B!I~_~s rerinc i1L'.'_-::-:- __ ~? p~ci e

_" , de.r~ed!siio~_9_!~.c~~tra~~e_ .reJ.()_E~~I!a_9.~_~ __ !1_e~~?se_

. I cotidiana pela qual .0 pn~if;fl.t~ v.gr11_~~_C.9~s_ult_nr.

Lacan enfatiza a lrnnsferencia tal como cia se

a prcsenta~l I:_j!llerRre[g~'i)2_!_!Q~ _ _§p_~~lLC?§J_. entcnQ_i9__a_SQ_f!)Q_ r_(ti)~Ji <; ~9 _ 9.e. ,~~ ::1:~~oq__l_!~,.s.~.,_g~~12_C:~!T.l_ ~~ig_~enta~_~_g_p_ar~o\ltra, 0 que exige que

o .coniecdo _1l1.anifesto_cl_o_§O.fI!lQ s_ej_~ c1~_cjrr~~()~

A CONCEP.c;Ao LACANIANA . 69

i!!.!_~.!:p!._eta_sl(), . considera n_d~gl!.~_{SJlp~z.dlC ... ~apt ura r a analista corno lima cI,!~ _r~prg?_eI1I<1~ge$ dos rcstos diur-~-o~~jg~.gi;-9:;_q-~_~sc .C0l1S_tr.Q~r.n. __ _nQ!) .. !)2(l!!9SAJr_~l]sferencia com_oJ<:~~st_§_I}_Ij_'!, __ obstae!!lo, comp [m9nlenO' arnoroso, form (I n~l~l_rQnQ__\lc_\L!ll(LQJ1[~_r-

mid~de artificial, e U~ fas<?_q~~_~~i~ende Freud n_:~_~_~dem do asonLc~irnc.nIQj.rt_e.!)p~[lldo,A transfQ~ rcnci.a corn_Q_Je~i$t~nda,_em_.[igQf,_lm:(\liza~se Iunda mel) 1~1.l_ll1cntc. en.l.'!.f!l.~_ fr<~<_;_i!2_!!Q_ned ls:l_g_Q_q __ :,!nalist.a,accilo pelo pacierue, (JQ __ c_1ID.lP~Lr_.f.9ill_?__1j~_~ assoeiac;ao, dizer tudo ~he vern a mente, sern . rejeitar Oll sel~cial},!i._<? q_l:l~-deve_~~!~~iT~-:--------'

Quando Freud Iaz sua fa mosa class: ficacao de transferencia entre amistosa e erotica, constituindo

a transferencia positiva, par outro Indo, c a hostil, constituindo a nega tiva (cscla recemos ~uI~L_(!rq__ti_ca -1' _9U hosli 1~J.@!:l.~[erencia_f.Q_I)~~i~~~Eam_? __ ~~s- I ti~ncia), bcan obseC{ll que a arnistosa n.\i_~<:!.~.!!_as

igual a ceria forma da s~~tiio, crnbora niio dcixc I'

de conte-la, cia c lima rcsposta a uma dcrnanda _ ,_._:-

.. -.----.---.------ ••• - .••..• -.---.- ••• ". "T' ...... [">1\ i,:\ , ...... .1.:.,.)

,~bla, justumcntc, de livrc-nssociaciio. Esta e '-'-->~('_;' ,

a unica prcssiio que 0 analisrase -{16 -G <lirc1io de ,i,"'\'-\'~,~,\

exercer sobre 0 paciente, sendo que ~1d.!1_lIJ!_t~I_Q_t,e,_a

partir de~!.t<_JllQ_m~_!lLQ, _ _d_~yU.~_p_\ll;liLyil_e nae uma i

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al~a ten_t_'l!i~_~_~_jl!.~~!.R~~'!.f_:~res.jsiefld~s dQ~"

cierue c de procurnr dissolve-las ou for<;u-Ias; 0 inconscien te QJJ_Q_y_<!Ll]_1jllljl~_s!n[~:iQ__!lQ .. Q_isql_rso _QQ

pacien te, a tra vcs das fQ!_n_:I.ES9.~_~ d.9_i_l~_c_()_n-'~c;:jQD~

(af)~·Ji~:(lE~o~i~nQii:~;-;;·-i-~ma delas),_lli1QJ~sislC.,_HflQ-

.cD·? : nas sabe insistir em des~ar. A rcsistencio vern do

~~C;, g-~-T:a-c:~~~~e;;-·"j~~~~:~:-~~g.i:~_-:~_~~al~. '1£ .. '. !V\.){

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I' 70 LI<;OES SOBRE A TRANSFERENCIA

Qi~ciS_f!_~l_~nt~L_cL~.'~n]_9J~_~~ue a liberacao do rep!.im ido,p!:..od uzi r-'-he-a de~_P,ra~~,~ En1j.!_!J.pj_q!i.9:~S ill!omq "e_6.'W1!!,ll:C!L,fle_ ~,d Ja~~!lLg_u,ad ~<:!.~~:U a,,_ !19S",f~(~fi.fl_l_9.~)__~,!!1_g u~,,1a<;g n __ ~.n.[a ti,<:a, as, resisiens:i~_s_ .. gg_.~g9.,~,~qllal1,t() _mlhif!ll~_~_?~,_cl_Q"S"I,I,P-~I<;gQ_fQr:t_l(? __ ~0_~?n_~7iel1_1e" e as_,dol5:! .. _q1:l~_f_u_~~lC?,~~~~gund.g_ urn autornatismo de repeti~aq gl,l~_p_rQ_e,ur!l a (~mp.9,ralizas~o di~~~p~Ii~(~!_~ d'a-trans[erCncia.

A transferencia que acontece na sil!:!a~iio ~~a r:~~~ muito diJc.r.eJJte, p~jln, da que acontece na vida real, 0 que 6 um quesrionarnento da realidade mesma desta vida. Ela ,6 apen_~ro-

_ vocada JJI1w~iill_~nluuLN~h1c,;iio an(lJit_icl),,~ [1<::a ~1~jfj_<;~U?!:!1!..._r~~<;l~~i!!,-Lacan da a cntcndcr que vrvcrnos em urn souho c que acordarnos quando nos uproxirnarnos do que 6 vcrdadeirarnentc real em nos (0 dcsejo e as pulsocs),

Para Lucan, todo aql;~t;q;;-c crnite um0is~.Q

o faz inconscicnternente, encurninhando-o a um ou-

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_!_!Q, que Lacan chama dco Grande Outro e que,

em rigor, durn 0 vcrdadciro seruido do discurso, dc modo tal quc 0 sujeito conscientc se vc surpreendido porquc scrnpre diz a rnais ou a rncnos do que pcnsava e encontra-sc com urn dito, cujo sentido ele descorihecia, revelando que ~fieD.tc - cstruturado como urna linguagern :- contern um snber do HlJill,.Q~YLejJ9 __ n~,~_:;ab? Quando este discurso e sua verdade s50 colocados, parccern vir de um outro ao qual, inconscienternente, ia dirigido.

Para Lucan, a irnportflncia do lugar do analista, que por meio dos dispositivos t6~~s

dcsencadcia e condensa todo o proccsso na base da proposta da livrc-associacfio, consistc em ,c()Il:_ voCar a transfcrcncia tendo 1'6 em que iodo dit(i (por mais sem'-'sc;~lTdo que parcca) quer dizer algurna coisa que obcdccc a causas. Diga 0 que disser

Op'iiCleiliC7Isto querenld1zer ulguma coisa: 6_~r_~_~~, X~,@_!~,~1!_L'l.~9_Q~~_g\!.Q[1r;i,~Jlr1 cd i{L!tt cJ It_ C,'.il_D.iliLtlLU_,1

, _sltua~~~2 __ ~n~_rL~lE~.,J.acan pretende dar conta dcsta Csmmrra--rransfcnomcnica, isto e, que fundarnenta e explica todas as Iormas aparcntcs em que a transIcrericia se manifests. 0 analista accita scr 0 suportc do Outro. Neste scruido, c transitoriamcnrc, concorda em converter-so no Amo do Scntido, isto 6, aquclc que decide 0 que f()i'que 0 disc-;:;'~~o inconscicntc quis dizcr. Em outras palavras, 0 t\mo ~_

_,'yg.9,mle, o.quc implica para ° anulista ter clara a rcsponsabilidude c a clignidadc de sun funcfio. 0 a nalisur coloca 0 paciente ern urna condicao de aberiura quc 0 lorna prcparado para a transferencia. o principal instrurncnto para dcflagrur cssa dispo-

si~iio 6 0 silcncio _~~!:l.alisJ_g" que Iaz com que ,I

nfio rcsB)nda as ~iem~"dll'5 m<1TtiTeSitlS (10 pacicnrc, ~ocasiiio ram quc-'-;; dcmun~o~~~icnt~- se _l'lilllJiLc.~J_e no discurso incspcrado que logo aparecc.

Por isso, recomcrrda=str an 1mnl;~tl1,di<mte de 1:11daf ~(\r~ pacierue, csqucccr 0 que sabe no scntido tc6rico-1' »: i>

episternologico tradicional do tcrrno. '" _ (_ ,

1'{9_p_d_ll.qipjg_,g_c,J,~~5,1,,_k')£9JLP_Q_D!ij!:,--'!._lransfc~, __ j_,_;<'::--- //" rencilt__QQ_OJ_i.D_~_l}lQ_m.Q_l)JQ__ <::9DlQ Freud, ° feZ_£Dl2\!!l"'i

v e r~ \?_If:,ll\2!l1,Qn,i,<_;.H,, , ~ 9.m9 __ x!!.l!l~ii.Q,_j_rD.!1 giDliJiLQ,r;

amor-paixao. Dez anos dep~i~,_.b'l_£an retifica esta 2..

A CONCEP<;AO LACANIANA 71

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72 UC;:OES SOBRE A TRANSFERENCIA

~J:~()_ ~_cQ.I_(lca_como I.l1eCflnismo central a adju-

, c.I i ca<;~(),~"9.,'~!1Eli,~!p da cond i<;aodc "Su jci !9,_§,~!l?()_~!,O. "~_ Sn_~~_r", qucdcnomina pivot do proccdimeruo. " Dcve crucndcr-sc, em princfpio, que a posi~ii~ de Sujeito Suposto ao Saber ,DliQ deve scr confundida com aiitudc» ou conviccocs conscicnrcs do Qaciente

pclas quais pocic'~~-r;~ -q~~-';a~~Ti~~-j~~;b~-~'n-

tecipac.lamente 0 ncccssario para solucionar todos os seus problemas. Em c<;~.9._~a,~iii_cs, 0 pacicnte .~ m...<:~ireSI'~~? contrtirio, sup6e q'~e-~' a nal isla nfio sa he ou nan cnicndc 0 q uc clc cstri dizcndo. Trata-sc de urna posicfio cstrutural que a ntcriorrnerue dcnorninarnos transfenornenica. E 0 sujei!o inc2,f.lsci~nl~que sURoe que 0 saber do iI~--

.-~~_O ns~0.!1.!E_jf~s,IA,l?~d.2_.:E~ci:~~~i~~2~),~_giXi2:~~~ -

__ lls la,,()_q~l_aUa,~.~~_9.~~~~~~:5,~A!:~~ .. ~_proced i men 10 da I_i,~r.~,:~.s§()_<::j_~<';~Q:",Em rigor, eSla' m;I-~~i'~ndid;;--~~ tuaciio da colocacao do analista no lugar de sujeito-suposto-ao-sabcr (0 sujeito que sabe nao C 0

~sm 0 _~l~~~~_t_p_os to~1fSaber __ doTn~cdi1I~I~~icr

so se torna rnanifesta em uma situacao peculiar _

quando 0 corneco da analise desencadeia uma psi. cose alucinat6ria paranoica na qual 0 paciente claramcntc pcnsu que 0 analista jn sabe tudo 0 que elc vai dizcr, Em outras palavras, adivinhn-lhc 0 pcnsarncruo, 0 que, em gcral, adquirc caracterfsticas pcrsccutorias c torna a analise espccialmcrue diffcil, scnao i en possfvcl.

A dcrnanda conseiente tern rmiltiplos sentidos, geralmente dcrnanda de arnor, dernunda de rcconhccimcnto. Mas 0 que 0 sujciio inconscicntc pro-

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A CONC-Epc;:Ao -lACANIANA @~,. "'I" .. : ... '1/'" "+''7['

. \t')! "1 .... 1'-;" - .. '-." .....

cura, cstruturalrnentc, C que, amanclo 0 _ana_l_i~tQL.9 colocara no lug~_r,y_c_~_u.~,f~~c=~e~~~i~i~l.

_~_~~_0_t.~~~~_c._~~~ .. !]9~i_:J,gard.o, Ego_Igeal. Na mcdida em que a identifica<_;5"o c prOetlfIfUli"por rneio do Iazcr-se arnar, tornar-sc amavcl por scu Ideal do

Ego, Iccha-sc II m Cir0L\.QD_;Lr_si~L~Jj_~o..J]\u,;.,J:~~,~!ufil

.YJl1.~,~itl:I~<_;iiQ_.cs,p.ee ular. ,

Segundo Lacan, nao se trata, como muitos analistas nfill-Inc'anianospureciam cntcnder, de colocar o (~ no lugar do Superego, porquc 0 s.LPercg_52 nfio tern a vcr com a Lei, nem com as norm as. Niio c a rnedida cla rcaliclude--:-b sUl?frego 6 uma ri::'~~'.0,:,'r,"""'\'·'

'i ns tfin53c~_!2i~F; ~P~~i.~~,~i;I'~ e-~ig~~ q ~~',9"'~~j'~i to .';t,;;'l: 0-"' goze. §~~:...~~r9si~ao c im[)ossf~~~_ a . ~',~:~'>,:I -, -t "<

vcr com a Pulsao de Mortc. Lucan Iaz urn a disti n-

~5~--~;;d-ic~(~~~'t-~-:;R;~~~--c g9_z<?:....9_P..~_~~~E_.~_9_.?_i.

FI i-',~~~:~~J.·~.

re.~~l1cia,lque se cstabelccc no sujcito entre 0 gozo,

p rO~.llra~~ ,cc:~::'-'?,SI;;-cIO-'GT(i ;;0- dc·-rc~~_t.[I. \1,:~~:~? __ t9.~~J (~'/~ ,:) ,

c!.~.fl~.r.ei~islllO!_c._9.prazcr,. 9Yc ~\1[11 __ s.i,!:~~!lacroou (".,I> ?6"" .;, ~,_._.~~,.;\

sucedi\n~_~~Q_9_l2.!ido cm.J_~!(!.~E.Q .. ,!9.,E~9~~!r.~~I(), ' -

o s u pereg.?_ .. ~_~£._6_~~11....0_:;.~~!l_~,i.~_q~~~ __ ~~_ig~" ,d~ "'J~:: :~~::~ 1;~":' ";~.:' ii&eito que triunfec sim quegoze.Por esse motive, ';.~:;'.,,':'i~::;:;~'~'>

otili!.0o arnhidc p.r.?-?~!~_elil(ospar,adoxais de cul pa '

c de desprazer, em conscqucncia do dcscurnprimen-

t,Q dosdil~';l~S arcaico~~ __ I,~_c_~~r~ntes dO-Sl~~~r~go:

Os analistas nfio-Iacanianos, com cxcecao, talvez, de Melanie Klein, tcriarn conf'undido 0 lugar

do .. analis~~1 com odo Superego, propiein'mlo aItlin- OJIl.'\. t{; '1..(~ ~J:j !ifi~a<;fio~ (J~'di';er~;s;~l;;lcT~as, do Ego com o~,::: !~~""~,,c..\j"I'\~

.:~e,regQ_c definido em identificacao C~;;:;-lO ~~, Esia situaqiio c a anutcsc do que Lacan definiu como

~---""'"''-'''''''-'"''--_-''' ".

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'74: ucoss SOBRE A TRANSFERENCIA

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._0!la, que nao C a inlroje~ao do analista e a iden-

li [if~'l~Q __ cJQ__p'aci~!lL~corn__~~~~~-~p~~~g~~''';7~~~

. .i_~I~!~e!1<;iiq_q()§:~J9.~.().-ir;~Es.t?~--~~~1a (i~s~~ j;er pre~~i.nq(yeL_LlJ.0.I_P.2!~9 __ ggc_.Q._analisla se tome uma esr4cic de resldllO, de dciccj_Q~_au r~j9_d_i.L_apera~sicc!llalllica. Par isso Lacan dcnornina esse desejo "desejQ_dQ ana-li~~:~:_'_q~;~-n-ii~--~o nl~~-

~9.q~I~~eseio de tornar~~g__')_nali~i~~-:~L~~.qesej; _dQ!i..illu!.lL~w~-,_Iru t'l:~.\; . .ct\<_qLl~_4_lJm .. 9_g_sejQ.de .flaodominic, de niio:~~_r,.~.c~ej~) qu~.adqu_iE.<::,_I!e~le sen-

li~o, a dimc!1_sii_o do.dcsei_Q.__~~~~,._ -

l::~4V~ ,:JV\I'1..;, 0 _:;~il2 _ _f~1.~_~!J?!lrtir da-pasi<;ao do Outre, Ideal

\\l~,;v .. ,\)~. ,,-:.,) d~ Ego; AlT!9__di!_Y.e~~~~d~,-·p~~;; p;~d_t_,z_.i._r._a .. mc~a-

(it'Y\") ;,:.'.), v~rt,\):1~b- _ ..

. . T' g~!~l~LlIl~L~~_.!2LI_~[~._o sig~.9.!.l.LC:: Ser a~~~~~i c

I.', g~yernado pelo Outre. Em outras palavras, ~ pacicnrc icnra ser plialus para 0 psicanalista, Sc a

I ps i C'lllilU~t.?_n~()_.t~.':!!_sLaE~q!:,.£lL~.g.!~ga r, seQ-a 0

!, ~em ~.2nsQlLcJ.ill!.?_.em~~~jQ_g.~.lln_ilJGar, pode

fo'~~_l?r~~E_o desejo_J-Q __ uaciente c, assim, prod~;-Zir urn tipo d~\do no qual 0 S~!2cregg_smIL 0 qual 0 pacicntc 0 vc idcntificado tenha "cornido" . QJi_ujlilio. Lacan, ironicurncruc, dcnornina t;;;:1I1a-

lises "canibalfsticas", provocadas per urna cspecie de abjccao da Figura do analista. Lacan denomina _T\\.f'VS~':;0LVi~I" a uransf'ercncia "a pclsta ern aro cia realidad~-'do

L- , .. inconsciente·". __ A· (~;'liio d~;Wli~w--e ;=d~~~~~~'

---,-, >.: • _. "'~=-=-::'::":::='::"-===':==':""'":=-"'-.'-'-'-" ....... ..--.!:..

._g_1_arcar:,::.;-J_ sa,lr des_se 1~_g~E.!.. destituir-se, faz~!._j_l:~s-

~te 0 que niio se eSI2era dele. Para isso de~c-adotar lima atirudc de t~t;ti;;ra;lcia e, ;\ssim,

con:egu i r que .QJ?a?i~n te 1~)i,\! .. (lo_ I~g~r9.() Ego J9.C.'! I, ~~<:!L~J~rocu~~a identirica~iio narcisica, ima-

--_ _ , .. '" "--,._.-

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com clc.

O"conccito del c1ese;" ·do i!f1alilii.l.<l ruio i.lCYC SC[ \J-'iI:>':':;:;:' ;~'~ .

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A situa'liio psicanalitica nao csia dcscnhada ncrn para a interpreta~f1o cia contralransl"ercI1ci,i do una-

A C~NCE~<;:Ao LACANIANA ,:7~

ginaria, eS~lIlar com 0 ideaL~.o..eg~~ __ ar.!1.~9.o~ .. 9.l1 amantc em que colocou seu anal iSla. O~~ vai transforrnar-se cm s'lDeilo de seu ~~scj~_P~!~ que Dos~-;;-~-;~Qlilli~~[_':~~~@lndJ! n d l?_~_~?_~Q~~.;ri 99 _ .. Ii.:

YJ~mcn~c:.L..~_.p_ar.il __ q~~ .. C;~.\~_0QS:.~~.Q-.l}f~g- se j!)~.rfO m pa__2l1 s~_.t:> loq l!c;j_r,;.....Q..T}L@1iLiQs:Jl1.i [kjl.~ a 0 -,-Em ou tras pa lavra_s!_<?_ai1_~E?_~~.~.£~~_PJ9..~_l'ia r .~2. ac_e.iJ.a. r ~ lug:~smd~--q~~can_j5._noQ!i_~ __ ~2l/jsto Jl_'_' (le-~e

.9Qj.~_to e.Scr::~r_:<?, . ..!.0, que C o objcto ~~~~!1(;.m!eanl<l dodcsejo do pacicrue, scnao opc~aSJT1~no~.r.<.!~_q~lc rcrr_n.i~alll . .'>eTl1~I(:.nl~a~lo.'_', con.lo .. ~I~. fala .. Ou seja, escapar cia mascara pela qual () sujeiio Ihe atribui esta condicao. Se, ao contrario, 0 [lsicanalistl1 propicia a idcntificacao de divcrsos rnanciras, cia [lode capturti-lo como totalidadc Oll podc produzir a "irnita'lua", por parte do pacieruc, de urn trace do anaiista, que Lacan denornina "trace una rio", 0 que Iaz com' que nestas Ialsas curas se passa r~c_Qnhccer os a n_a_U~~\9.Qs.--cl_~-~.e.rtg. ?_l1_nlista pois, de u rna ou de ol;t'ra forma, iodos acn~.~f!~_12<?_rJ?~.~~~~r-~e

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76 U<;:OES SOBRE A TRANSFERENCIA

lisra, ncrn para que csra seja usada como instrumente de cura.

I'EI<'GUNTAS E INTEHVEN(.OES

- Qual e 0 papel da contratransferencia? Esta ausente ? Ne/O cumpre nenlium papel 110 processo da cura?

Resposia: A respeito disto, Lacan disse que e provrivel que algurna coisa como a contratransfercncia aconreca durante 0 processo analitico. Mas, o cxperirncnro psicanalftico, a maquinaria psicanalltica da sessfio nfio estri dcsenhada ncrn para dar c.onta da contratransfcrencia, niio scrvindo para analisri-la, nern para utiliza-Ia comb instrurnento com () fim de analisar 0 pacicntc. Se cxistc, se acontccc no proccsso psica nnllrico, a coruratransfcrcncia e apcnas registradacomo a ignorfincia do analista dos principios tcoricos que rcgcrn 0 dispositivo analuico. 0 desconhecimento do scntido da funcao de analisar, 0 qual Iaz com que no lugar dos prinefpios o analisia coloque scus preconceiios, suas opinioes, scus valores e ale seu corpo, sua figura, alterando, obturando sua Iuncfio de ocupar 0 lugar do sujeitosuposto-saber e tornando-o lugar do rnorto, que lhe corresponde ocupar.

Nao que csrcja auscnie e nao jogue urn papel.

Assim como 0 instrumental psicanalftico esui descnhado, se 0 anal isla tern clare em que consiste

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II

A CONCEP<;:Ao LACANIANA 77

scu lugar c fllnc;ao, podc pcrfciiamcnte conrrclar, governa r, cxclu i r: estus ignorf nc i as c prcconcei tos que sfio a forma cornoa -con-tratfnnsfcrcncia aparecc dentro do proccsso anuluico. Esta posicao C rnuito difcrentc da que diria Freud em scus ariigos iccnicos, quando define a contratransfcrencia como transferencia rccfproca. Esta ria em dcsacordo com o que afirrna a Escola Anglo-Saxonica e a Escola Argentina, que dizern que a contratransfcrcncia - e. clare - e urn fen6meno indcsejavcl deritro do Iuncionarnento da sessao, mas cum. fenorneno aproveiuivcl para 0 processo de ana.lisar.

- Qual e a relacao enlre a [unciio paterna - conceito caracteristlco da leitura lacaniana - e G [unciio do analista?

Rcsposta: Podcrnos responder a isto segundo os divcrsos mementos da tcoria lacuniana. Tcntarci responder dentro do que me parccc scr 0 memento mais rnaduro. Em rcalidadc, a Iuncfio paterna, 0 Nome do Pai, sua f1.Hl~ como casirador sirnbolico, separador da cclula-mdc-Ialica-crianca narcis ista etc. nao c equiparavel a Iuncao do analista, A fun<;ao do analista talvez possa ~b.rj[ .urn espacoderuro do sujeito para que estc procure algurna coisa ou algucrn que Iaca nelc a Iuncfio e registrar 0 nome do pai, a rncuifora paterna, a castracao sirnbo lica etc, Mas nao c 0 analisia que ocupa esse lugar, porquc, sc 0 Iizcr, distorcera de urna mancira ou de oulra suns exigcneias basicas":'::":" cstar no Iugur

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78 LI<;6ES SOBRE A TRANSFERENCIA

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do morro, do sujcito-sUposlo-ao-sabcr -, e nao vai desempcnha-Io.

- Quando Freud [ala do estado de privaciio em que 0 paciente deve set' mantido e Lacanre[ere-se a niio atender C}S denton das, a suportar 0' lugar do snjeito-suposto-oo-saber, 0 lugar do morto, estiio [alanclo da mesma coisa? Qua/ e a di]erenr;a cia releitura a esserespeito?

Rcspostu: A qucstfio da contribui~iio, da difcrcnca, c urna problcrnritica que afeta .a todos c a cad a urn dos concciros lacanianos. N~oc Iacil dizcr ondc estn a difcrcnca, a novidadc c acontribuicflo. H~i quem afirme que novidadc e a difcrcncn sao radicals e subsranciais. H<i quem afirine que, na medida em que a rcleitura de Freud nfio toma toclo o Freucl e sirn a urn Freud peculiar, e rejeita 0 outro ou 0 corrige, nao e impossfvel dizer que 0 conceito Ireudiano adotado niio c substancialrnente difcrcnte clo lacaniano. E apcnas refinado, sclecionado, rcssaltado em scu valor epistcmol6gico dentro du teoria, Neste caso particular, parece-rne (nfio estou muito certo) que a resposta passa por uma

,_cli[erencia~ao cornplexa e sutil - como todas as coisas de Lacan --enlr;p~;~;~iLo, castracao e [~

tra~iio. '

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,A CONCEPt;:AoLACANIANA 79

do irnaginario e a e[l_stra0jp C da ordern clos_~~.b6Iie'O,-;;-~bo~n existarn outras cornbinaqoes possi-

veis,

Isto sc cornplica aindu mais em urn quadro Icito .por Lacan e que dcixarernos, morncntancnrneruc, de lado. Em iodo caso, ° processo analfrico esui destinaclo a produzir caslr'~'i~.().no scnlTtfosimb6lico, ou seja, a~,tonomiza~iio dosujeito e desaljcnf!~

"~50 do sujeilo'ClQ:::P-lllrO-c~r~~o-ut~o lade, a~c;50, da[Jcrdii-c'i;-Outro ima_gin~L~pel~_~~!jgj_to. Em linguagcm lncanianu cosiumarnos dizcr aceitacfio do sujcito ern dcixar tic ser 0 plialus do outre (serarac;iio), Lcrnbrarnos que 0 sujciio sc constitui na diulctica de duas operucocs: alicnaciio-scparacao.

Mas ox processos rclncionados com a c~, por cxernplo, recebern em Lacun 0 nome cspccllico de castru<;ao c sao da ord'e;n do sif!1.~.~S.li.cg. Podc-se . rcconl1tcer ou adrnitir que esra discrirninacao Icita

por Lacan evita urna seric de confusces porque tanto em Freud como na tcoria psicanalitica posterior, casrrnciio, privaciio c frustracao confundern-se . perrnancntemcntc e nao-se VD <t cspccificidadc de cada urn dos icrmos. Por excrnplo, os psicanalistas norte-arncr icanos c anglo-saxonicos Ialarn, perrnanentcrnente, em [rl\Slrn~no: A fmSlf1:l<;ftG C Q iermo que explica tuclo ern materia de Ialta. Lacan diz que a [rustracfio c frustracao cle arnor, cia dcrnanda de a mOL

. A frustrac;flo nao sc aplica ao dcscjo, por cxernplo. Nan sc aplicu ii pulsfio c nan sc aplicn a rcalidndc, no scruido de quc nan iln f;'llstriic;iioda fOOl·C .....

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'1' 80 LiyOES SOBRE A TRANSf'ERENCIA

Cadu urn dos termos c aplicado a urn impulse diIcrenie, a urn nfvcl diferente do rcqucrirne nto (de arnor, de desejo c de neccssidadc), jogando-sc em rcgistro difcrentc (sirnbolico, irnaginario creal). 0 papcl fundamental do a nalista c opcrar a. castracao no rcgistro do sirnbolico.

- A questiio do tempo logico na teoria lacaniana i! de qua! registro ?

Rcsposia: Tentarci simplificar a Iirn de fuzcr-rne entcnder (56 que a teoria lucaniana nao c cntusiasta cia ideia de que as pcssoas eruendarn ... Trata-se, pois, de um desejo rneu). Lacan diz que no registro que se tern do discurso do Inconsciente pelo qual o sujcito e falado, quando aparccern as formacoes do J.nc~~~iRnte, podemos dizer que ha un1 inslante 'de perceber, 0 rnomento de concluir e tempo para

compreender. Os Ires niio sao a mesrna coisa, Af esiao implfcitos varios assuntos, por exernplo: que nao sc interpreta com base em [eelings, como dizem os ingleses; niio 5C interpreta com base 'no que um scntc: e niio sc intcrprcta "precocernentc", como dizcrn os kleinianos: "Entrou, vi-c e rive a seguinte irnpressao ... "

Segundo a concepcao lacaniana, a "achologia" c a "sintologin" nfio adiantarn (ache que ... sinto que ... ). Lacan diz que is to corresponde, nos me" lhores cases, a urna atitude Icnomenolcgica a Jaspers, em que a proposta de entendirnento e cxplicacao csui dada pela simpatia ou pcla ernpatia, isto

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A CONCEPc;:Ao LACANIANA 81

e, pcla possibilidadc de colocar-sc em Iugar do ou" tro c scntir 0 que 0 outro sen tc. E assim que COIll"' preetulemos, cxplicnrnos 'C 'in'~rprelam()S, A idcia lacanianil e total mente difcrcntc. 0 dispositivo, com a proposia de livre"assucia<,;,io._~ dii'.er tudo 0 que vern ~ mente -, diiJ.1lgilUlqu~_<J. _ _g~£!:!!so incons~J£!"1.le_..:~~_~!if<.:sJc. 56 quando 0 discu7.~~~-d()-ln" conscicntc manifcsta-sc como tal, a tr avcs de suns cxprcssocs cspccfficas, que sfio as forrnncocs do inconsciente, e que se tem 0 charnudo "material", scm 0 qual niio sc pock irabalhar. }-I;, 0 rnomcnto de pcrccbe-Io, na crncrgcncia dcsse elemento.Ha a memento de concluir C 0 tempo posterior de entender, esta bcleccndo a reck de I igacocs e concxoes sirnbolicas, Isto c ilustrado per Lucan por uma especic de romance cornplcxo, um jogo que se faz entre presidia rios, ern que cada urn deve "adivinhar" q mirncro do outre. Quem adivinha a mimcro do outre pede ficar livre. E urna explicuciio bastante cornplcxa em que existe 0 momento de perceber algurna coisa, 0 de erucnder sua rclacao com outra eo de concluir c arrisca. a hipotcsc: "Tcu ruirncro c tal", para podcr obter ou nfio 0 bcncffcio da liberdade.

Outra irnplicacfio c ljuc.o tempo, para os lacanianos, e 0 tempo do inc~~~~l~~~! e deve scr lcvade em con In porque opera como urna interpreta~iio.

Se as rccursos habituais do analisia sao a uso do silencio c 0 uso da palavra, nao tendo outras iaticas (0 silcncio 'UOS bCftft1aflOS cumpre 0 papcl

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82 lI<;OES SOBRE A TRANSFERENCIA

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de disparador da dcrnanda, acclerador da regrcssao): a intcrvcncuo - apesar das caructcristicas bern pcculiarcs - c a inrcrprctac.io-construcfio que co nhcccrnos ern Freud, aoque dcnorninum puntuacao.

o analista lacaniano dispoc de urn outro rccurso, que 6 0 de corte da sessao, sua interrupcfio no momenta de concluir, em que 0 corte Iaz as vezcs da intcrpretacao. Propicia, diro numa linguagern nao-Iacaniana, ingcnua e incorreta, a coruinuacao do processo de "auto-analise".

Para cornprccndcrruos isio dcvcmos levar em coma que 0 lacaniano insiste em que 0 centro, 0 protagonisia do processo analuico, e 6 analisando (que 6 0 pacierue), que, em rigor, anulisa-se a si mesrno, com a presenca ou auscncia cjo analista. Assirn, 0 corte no memento de concluir faz as vezes de urria intcrpreracao, acclcrando a conrinuacao do proccsso "auto-analuico".

-Poderia voltar () questiio do gozo e do prazer?

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Resposia: E urn ass unto cornplexo, que se podcria responder a partir da teoria pura, 0 que parcce nao dar cerro porquc Ioi sabre a teoria pura que Ialci antes, e niio Iicou clare, Tratarernos de responder a partir de lim Freud rnais familiar. Em

.. _j;:lal-esilir /Ill civi/LfQ.q.tio llli lima passagem onde Freud diz que estamos habituados a procurar a ~ licidade como urn estado. Entrctanto, sabernos que

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a Iclicidadc c um cQ_DJJasLQ,e n50 urn estado, 0

que sc pcrccbe como fclicidadc 6 a clirninaciio de

um sofrirucnlo ou acjuisi<;iio de cerro bern OUp((IZCr.-

Nos dois casos, a rncdida c () cstado anterior c 0 subscqilcntc, ernbora Freud l'ique intrigado com os O(~;::.(JT,Ob orienta is, os icgucs, que parecem conseguir 0 nir-

vana pcrrn a ncnte. Os arnigos de Freud, Tomas

Mann e Romain Rolland Ialavarn da obtencao do

nirvana por meio de tccnicas orientals. Isto seria

urn esrado de Ielicidadc. Apesar da multiplicacao

de acadcrnias de ioga, parece que nao 0 consegui-

mos ... Procurarnos urn csiado de Icl icidade 'mas,

no cntanto, sabernos que a Iclicidadc sao morncn-

tos, medindo-se por contrastes, Assim, talvez se cornprecnda rnelhor 0 anscio de gozo en obtencao de prazer, que e 0 diferencial que se d5 entre 0 gozo procurado, definitive, perrnancntc, concludente, e urna ccrta dose que se obteve c que avaliarnos depois de te-la obtido. E a Iamosa historia do que

ocorre apos () orgasrno. Humorisiicarncntc, 0 sujeito "pos-orgastico" perguruaria: "Ah ... era is to? Foi

A CONCEP<;Ao LACANIANA 83

born ... "

- Solicitacao de esclarecimento quantoao problema da arttcuiaciio.eture-a desejo.do IJJ.UJJJuJ.JJ.do e a posiciio do analista de aiguma forma relacionada com 0 desejo de morte all de marie. do desejo.

Resposia: Parecc-rne que 0 desejo do analisando, dentro das limitacces cia exposicao, csta rnais ou menos clare. E umxlescjo que insistena cadela signi Iican te, gerando derna ndas de obj eros -..,. de-

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84 Ll90ES SOBRE A TRANSFERENCIA

rnandas quc podern ser qualificadas diferenternerue, segundo 0 memento icorico tratado -, de arnor, de identificacao, de rcconhecirnento etc,

o analisia devc Iuncionar no lugar do morro, suportc de transfcrcncias, ofcrccendo-o como obJCIl) de transfcrcncia, suporre do sujcito-suposto-saher (c apenassup0rle), nao podcndo dcseja r, enquanto dcscjar significar dcmandar, por sua vcz, acionar scu dcscjo em busca das rncsrnas coisas. Os lacunianos Ialam de urn "descjo do analisia" que niio e 0 mesmo quc 0 dcsejo de ser analista, que c urn problema de vocaciio profissional, e cube discutir se C 0 rnesmo que desejo dos analistas, na mcdida em quc os lacanianos insistent que h6 rnuilos analistas que nao cornprcendern como a' coisa Iunciona. Seus desejos nfio sao 0 desejo do analisia. Sao scus proprius dcscjos, da forma como entcnde o analisando. Q~eio dO.Jlo..aJ.1'll.g_§ __ uma _funsao,

-.~-.!l~J~I_g~ r._~~tr. u tu ra I, i gll_al_~SQID_o-mes~iii.Q_ CS I a I u 10 . do s.l!l!ito-suposlo-ao-~aber. Nao C 0 dcscjo-cre;~~ . analista"o~-o-cics·cro-Cios'~·~a[istas ... Em que consistc

o desejo do analista? Dc forma lim tanto ingcnua, incorrcia, podernos dizcr que e 0 desejo cle a nalisa r, pura e cxclusivarnentc. 0 clesejo dc analisar C 0 iinico descjo perrnitido ao psicanalista, que se decornpoe nas questoes de identificacao, nao assurnir 0.~£~~~~_Lcl_~_~L92 _ _ggo, nfio oferecer-se como_gTgucrn que amara e s~r6 ~~1_?.~. Pode-se dizer quc esle de'sejo, que nfio descja nada, ocupando 0 lugar que lhe corrcspondc, c urn descjo de Ql.Q.rlc, enquunto rcruincia de todas as cxpcciativas dc rcali-

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A CONC£P¢Ao ",ACANIANA 85

zaciio de "scr" ou "ter" em tcrrnos freudianos.

- E a cura?

Rcsposta: Sabernos quc a analise c urn processo interminavel, 0 que nao quer dizer que nao seja, cvcnruul rncntc, suspenso. Alias, dcvc necessariamente scr suspenso, 0 que niio quer dizcr rcrrninado, pois C por dcfiniciio urn proccsso intcrrninavel. Em terrnos Ircucliauos. 0 que leva II rcpcticao a service do princfpio de incrcia ou da pulsao .dc mortc, a rcpciicao a service do pri nclpio do prazer, que constitui em rigor a caracreristica do dcsejo - insistir na dcrnanda - e 0 motor do psiquisrno e que clinicnrnentc recoriheccrnos como iransfcrencia. Curar-se nao significa extinggirjsto. Significa que is-io vai conunuar iic;ntecendo, vai se coril'inuar ~cn~--cOns·tr;j~-dO-'Tni-agi nari~a-;asm6 I i::·cos que "s;il'is fazcni'''-(;cl~scJo:-Aclira-consistc· em ~~'-'~~'te-rr-ocesso'a(JqLIi'ra-a capacidade de continuar Iazendo-se fluidamenle, que 0 processo nfio ~e dctcnha, relificand'o-se-conslanle~enlo a pa~t[r 'd~--~i~1b6Iico, [11~ib~dQji\:~~~a~o~cli~'ao de T~1'a-

gina[:;-o:d~'- imr~ irreal i~~~-;;J-;'iircaii;ado.

. Produz-se, assi~1,i~da ~n13 Ir;nsforma<;ao d;c~o~ nornia psfquica que prescindc de seus sintom as, atuacoes e tude 0 que poderlamos charnar de "doenca", dando urn novo equilibrio ao psiquisrno, que nfio c ererno nem invariavcl, podcndo em qualqucr morncnro rcgrcdir lWI,I<JIllCllLC. POI 15tO. Freud dizia que niio ha vacina para a neurose.

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86 LIC;OES SOBRE A TRANSFERENCIA

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A ideia lacaniana de cura coincide com certa idcia freudiana. Nfio e a ideia de atingir urn esiado ultimo, pcrrnunentc e invaritivcl. Niio c a idcia de urna perfciciio. Em cerro seniido, e justarnente 0 conirario. E a idcia .. de aprender a lida r com 0 de-

_~~j9. Dcixa-lo Ialar e co~~-;;;decTfrar os r~ntasrnas e possibilitar que 0 processo continue aeontecendo livrcmerue e nao rfctenda a "rea I izaC;iio".

A definic;ao lacanianad~-;;-u-mJoged~l(tx;~a-ci~-

mente '~Q]Ucs-cc~n?jg~I:~:Il,9;:Q~~'lIizac;ao. Ou

seja, na versao lacaniana de cura nao ha nenhuma norma de como 0 sujeito deve ser empiricamcnte depois de estar curado. Nao ha ncnhurna rcferencia a traces de personalidade, a cornportamentos sociais, a norrnas morals etc. A definicao esta estritamcntc rclacionada com a dcfinicao que 0 lacanisrno faz de como funcionao sujeito.

Para concluir, digamos que, como-em toda teoria sistematica, na obra de Lacan a transferencia se define por relac:;ii.o a outros. tres conceitos Iundamenta is da discipIT~a:1~'~I-~?;;,--Tr;c_qD~~iente e ,p.~; _ J2e !ls ii 0: __

. A Pulsao, como sell nome indica, opera ritmicarnenre, quer dizer, a Pulsfio pulsa. Em cad a pulsacao, a Pulsao emite urn impulso que vai em busca do seu objeto (algurna parte do corpo er6geno que Iicou "desprcndida" del a). Preiende contorna-lo para se descarregar Iinalrnente na propria zona eregena da qual partiu, Iechando assirn urn cfrculo que clausum transitorlarncnte sua solucao de continuidade.

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A CONCEPC;Ao LA~ANIANA 87

Ocampo das pulsces C denominado 0 Real e, seg~ndo Lacan.-sua~aracterfstica basica 6 de-ser imposstvcl de sc rcalizar.i Lacan torna de Ai!S_t6-

-.------.----.-.-.-~- ... --- ... - , .....

tele~ duas rnodalidude: !'ycllc (causalidade COI1-

tingenre, imprcvisfvel e dcsordcnada) e Autornuton (causalidade regular, previsfvcl c ordenada). A Pulsao pulse segundo tychc quando os processos, organizados segundo automaton, aprcscntarn urna Ienda, bca nce), Na sua procura de realizacao no objeto, a Pulsfio s6 cncon-t~;~ra--slgnT~e:-compostii-"pelas mn~cas da llusen~ia do

:~~10. . ._·----·_. m__________ .. -

Este enconrro e, em rigor, urn dcsencoruro, ou urn encontro Ialido, que gcra deslizarnenros na cadeia significanre (m~ll) que resultant em sintornas c Iorrnucoes do inconscicntc (ll1_et{jforlls).

A rcconstrucao interprctativa desse processo de-' citra uma ceria Ia ntasmarica na qual a Pulsao se :.

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pseudo-realizou como desejo e este foiexprimido !

n~~~·D~;:;;anda. p~;:Ts~-;~,-"portanto, esse processo-l estruturacro-como uma linguagern, c uja rcalidade

·~-ta c()0..~l_U~Jga per essa~s~b!;~i~~{}.cs ~jgQilican~ _Le-~., ani rn E.9_~~_~~ __ D~~jo e'm0~-tad;~s"'com 0 . Fa'o'tasmas. A partir delcs e que se pode situar 0 s_y_j_cilo como ocupando urnaposieae na es-{fltl~fl! per relacao aos O~k~!?S e ao Cam~..9.9_0':!.~0.

Talvez seja viavel reconhecer nestc andarnento duas Iormas de repeticfio: a do Mesmo (automaton), em cuja Ialha emerge 0 Difercnte (tychc). Segundo o dito, en tao, a iransferencia se define como "a posta em ato da R;alidadc-do Inconscieruc", sob

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88 LI<;:OES SOBRE A TRANSFERENCIA

a forma de uma rcpeticao cornplcxa que articula as duns modalidadcs ruencionadas.

o ~I, como registro, iarnbern c definido como "0 que scrnprc volta a scu Iugar", formula de diffcil inrcrprctacao que ta lvez dcva ser cntendida assirn: os efciios du pulsacao instantflnca sao irnediatarnente recornpostos pclos rnccanisrnos e insuincias, tais como 0 Ego, que rcstituern a ordcrn morrientaneamente alicrada. Pareccria que sc [lode atribuir a essas operacoes a responsabilidade pclo efeito rcsistcncial da transfcrencia. 0 que resiste c a coercnciu do discurso.

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TENT!\REMOS [alar hoje sabre as contribuicocs cia corrcntc institucionalistu ao tcrna da transfcrcncia. Antcriormcntc tratarnos a transfcrcncia em Freud, Melanic Klein e Lacan, 0 que nao Ioi simples ncrn facil. Nesta oportunidudc, cornplica-se urn pouco rnais porquc Ialurcmos de urn saber que nfio C tao difundido como a psicanalisc. Suspeito que muiios tcnhn rn ouvido Ialur pouco ou nada a rcspciro.

Para abordar as coniribuiqocs do lnsiitucionalismo, dcvcrnos caracrcrizar 0 Movimento l nstitucionalista c 0 conccito <1<: !l~Lc.rcm:i.aque suas diversas correntes rnanejarn. 0 assunto torna-se complcxo porquc estamos acosturnados a tratar problemas proprios de uma.dlsciplina em scus difcrcntcs cnfcqucs. 0 institucionalismo 6 urn MOVIMENTO e niio urna discipline.

Isto irnplica que nao 6 urna cicnciu, niio 6 urn saber instituido, classico, seniio urn conjunto de saberes e de modes de intervir que podcrfarnos qualificar de intcrdisciplinarcs, Iranscliscir4i.fl(ues 1; extradiscipl i narcs.

A CONCEPC;AO INSTITUCIONAL

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90 LJC;OES SOBRE A TRANSFERENCIA

A ultima denorninacao (extradisciplinares) sign ifica que 0 movimento institucionalista integra em sua parafcrnalia teorica e tccnica 0 saber e 0 agir des ccletivos, des usuaries, de grupos e de comunidades que produzem por si mesmos.o conhecimento, scm apelarern aos meios acadernicos tradicionais, convencionais ou cnquadraveis nas caregorias cientfficas consagradas, 0 que se cham; 0 saber e 0 saber-Inzer "popular".

Inevitavelmente, para [alar da contribuicao do Movimento Institucionalista ao terna da transfcrcncia, devernos aborda-lo em duas vcrtcntes: a GE~!IS'I9_lUg2.:?'QC::;U~1, como se originou no transcurso da vida das socicdades, c"'n' GENESE

~NCE!TUA.L. isto C, como se originou cnquanto Iorues te6ricas e saberes prcvios que utilizou para consti tuir-se.

Podcmos dizcr que 0 Movimento Institucionalista, no scntido de sua genese histdrico-socinl, inclui em scu perfmetro e auto-reconhecimento as iniciativas historicas, sociais, coletivas, em que rnicleos de pessoas e grupos tern tentado rcger-se por si mesrnos, dando sua propria definicfio dos preblemas (auto-ana.li~t:), gcrenciando c realizando suas proprias solucoes (a~~~!.5.0). Nao ha iantosantecedentes hist6ricos como se poderia pensar. Alguns de voces, segura mente, nfio desconhecem 0 exemplo maximo, que e 0 movimento autogestivo acontecido durante a ~~_~~iv.:IL~fxln_\~~!~_e a irnplantacao da Republica espanhola, por volta de 1.2.£6.· Nesse perfodo, boa parte da nacao espanhola,

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A CONCEPC;Ao INSTITUCIONAL 91

sem interposicao do Estado central, se dell suns prcprias esrruturas politicas, econcrnicas e socials, separando-se da Monarquia cspanhola rcgida pclo Estado e construindo uma Republica autonoma, sem Estado, isto e, scm exercito profissional, scm Igreja e scm nenhurna das Jnstilui<l6estradicionais que 0 integram. Conseguiu autcgcrir-se, auto-organizar-sc e conduzir sua vida durante quase t£_c.s anos, suportando urn estado de asscdio e guerra r;~il perrnanentc. Finalmente, a cxpcriencia terrninou derrotada. Mas niio foi Iacil conscgui-lo, scndo preciso urna alianca entre 0 pcder central espanhol e a colaboracao da Alernanha Nazista, parcialrnente da Uniao Sovietica, contribuicoes inglesas, norteamericanas ... Enfim, Ioi urna v~rda_C!~ir"~_.~()nspira<lao internacio~Q_~I"L

Outros exernplos do ti po sao os processos autogcstivos da Arg6lia, Albania, Jugoslavia, bastante recentes, e algumas experiencias latino-americanas, que ainda nao Iorarn exaustivarncnte estudadas, como os quilornbos aqui no Brasil ou 0 movimento dos 'ch1lm~os" "remuocrGl>" .nQ .Pazaguai. Enfim, todos esses movirnentos scm governo constitufdo e com urn Iuncicnarnento igualitario, [raterno, com lideram;ll"s' 'llnsoh,1am-eftte 5urg-idas do seio do colctivo, conseguiram seus objetivos, ainda que de maneira transitoria, mas real. Pcque nas iniciativas desse tipo, mutiroes,comunidades de base etc. sao experiencia habitual no Brasil.

A genese conceitual do Movirncnto lnstitucionalista reccbc aportes de todas as areas do conhe-

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92 UC;OES SOBRE A TRANSFERENCIA

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cirncruo, scndo alguns delcs provcnierucs de campos cicntificos cspecfficos. 0 inslilucionalismo nuIrc-sc da .I)SiCaI~l\se, da sociologia cicntffica, da

._.~~~l2_r__<:!l~gi~.~L~!l_~~ica, da lingiifsli~a,-cia serniotica c ale da biologia molecular ~-'~ui~os ca~~~~ ci~ conhecimento propriarnente cientffico. 0 institucionalismo nurrc-se ainda do saber polftico, tanto da cicncia como da cxpcriencia rolfti~)s colctivos militanrcs, do a.~o, do saber inclufdo na pI.atica

.-sslclica, pictorica, esculrorica, poetica, literaria ~.

Nutre-se do pensamento fi.~fico e do mftico na rnedida em que muitos institucionalista~ dfio valor especial ao pcnsa mcntn primitive dos selvagens, Aclotam estes rccursos rcoricos, aplicando-os scm rcforrnulacao ou critica previa as doutrinas instituc iona listas como tais.

o institucionalismo, como scu proprio nome indica, c urn rnovirnento, uma especie de Irenic em constante transforrnacfio, cstando compos:o per rnuitas correrucs e cscolas que aprcsentarn alguns traces em cornurn. Mencionarcmos 0 trace cia reivindicuciio da ~.'.l9..g~sIUll (como mcio e rim ao rncsmo tempo) da vi9.~j_ntegral dos coletivos. Exisie tambem urna serle de -difcrenc;as entre as Escolas e Corrcntes, scndo diffcil rcsurni-las em nossa exposiciio, pois h6 urn clcvado ruirncro e 0 nosso

objetivo c ver em que contribuem para 0 tema da transfcrcncia. Em todo caso, tentarci, nurna brevfssima sintcsc, dar 0 panorama dus corrcntcs institucionalistas atuais, Eu as dividiria em origi_Il~!lQ.~_. c ~2I_1_l~~[l.Q_r<lI)_~as.

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A CONCEP.yAO INSTITUCIONAL 93

'As l?s.iginiiti.~s silo 0 que sc chama psicotcrapias institucionais c p.sicD.pwgngi.ols u.u ~gDgill.S insiitucionais.

A psicotcrapia insritucional c urn movirncruo que se pode corisiderar Iundante desta corrente. Resurnindo-a: cornecou par urna obscrvacao Ieita pclos operadores de hosQ.Uo.1j_~~i.(;IJ,J_La.lIi£Qs, especia lrnen te ~-n-:;-cnrerm'Zi-;:;; de origem basco-espanhola que 10- mou parte da Republica espanhola durante a guerra.

<;ons_~a_~()~j>e que as internes de urna instituiciio psiquiatrica produziam cspontancarncntc lima scric de rucdidas de auro-organizacao, de produtos culturais tcndcntcs a criar urna espccic de socicdade propria, sui generis. Os internes, subrnctidos a todus as norrnas cstatutarias e tccnicas da organiza~ao, gcravarn urna especic de C~~~[l_g_S!J.~~istcncia, auronorna c indcpcndenrc duqucla implaruada pclas normas iristirucioriais. Observou-se que csia cultura de rcsistencia resultou mais icrapeutica do que qualquer rnanobra da parafcrnrilia tcrapeutica do csrabclecimento. Constatou-se, por cxcrnplo, que perrnitindo aos pacicnrcs admlnistmr n l."'Pa~ t11.1 'Organizucao, conscguium cspontanearncnte chcgnr a urn acordo sobrc a utiliza~ao do tempo, 0 programa diario de atividacles.'·Pcrinitilinf-se-ll1es reuriir-st para discutir publicarnente suas opiniocs sobre eliretivas medico-administrativas, davarn-se-lhes ocasino para unir-se, organizar-sc segundo suus [1[6- prius afinidades, perrnitiam-sc-lhcs manifcstacces artisticas, como pintura, esculiura, rnusica, danqa, respcitundo suns prcfcrcncias, mementos e forrnas

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94 UC;;OES SOBRE A TRANSFERENCIA

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de fazc-Io. .. Em ultima instancia, pcrmitiarn-se-lhcs urn a serie de' manobras dcstinadas a transforrnar 0 cstabclccirncmn no qual esravam per razocs a lhe ias ii sua von lade em urna cornunidade propria, auto-

. analisada, autoplanejada, autogerida, auto-adrninis. tradu. Constatava-scquc a porccruagem de rnelhoria, de CUnlS c, Iina lrnente, de alias aurnentava consideravelmenle, chegando a rninirnizar e f!l..2&LP.J~cindfvcl 0 emprego de todos os rccursos oficiais 'del7atamenlo, como clctrochoq~i-;~-is-;t;~ rnentos, camisas-de-forc;a, ate rncdicarnentos c psicoierapias formals.

Houve, neste seritido, dois grandes cnsaios, lim iniciado na Ing!~~!Ia, que sc denorninou Corrente cia Psicoterapia Institucional Cornunitriria Inglesa, e outra desenvolvida na fra_fl_C;~' que se denominou Psicoterapia lnstituclonal. Quando os psicoterapeutas c psicflnalislas observara m esse processo, que foi urn fen6meno de Iato que sc Ioi implantando e rcalizando-se, deu resultado - cornecararn a pensar nele, a tratar de tcorizar sobre quais seriam os mecanismos responsaveis pelos rendimentos Iavortivcis. Foi urn trabalho Ieito em conjunto por distintas c.lisciplinas. Mas, na participacao correspondcnte a pSic1U.1i111.:s.c, nesta tcntativa de cntcnder 0 Icnorncno, partiu-se das Iorrnulacoes de freud em sua ezra Qw.m()9JLsQciaI (como em Pslcologia das Masses e Analise do Ego), ondc ex plica que uma rnultidao, lima rnassa, urn grupo Iorma-se porque os sujeitos que intcgrarn os colctivos projetarn ou constituern no lider do movimento seu Ideal de Ego

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A CONCEPGAo tNSTIT1JCIONAL 95

.c cornportam-se de modo a propiciar que 0 Ideal de Ego, colocado j-o {:Ol'lcltl!~, time II lOGOS par igual. Isto cstabclccc urna cornposicao 1J:1 cstrutura libidinal que Iaz com que cada sujcito identificado com scu lfder, cnquanto Ideal de Ego, csrabelcca iambern lima idcntificaciio horizontal de urn indivfduo a outre. Assirn, lcrrna-se lima cspecic de orgunismo psfquico, cspccic de sujeito arn pliado que tern caractcrfsricas proprias a qualq ucr sujcito isolado e outras extraordinarias, muiio .diffceis de se vcr em urn sujeito individual, charnado "normal". Algumas dessas caracterfsticas sao altamonte iiteis e bcncficas. Outras s50 i ndeseja veis. Pode-sc dizer, em todo case, que tern havido Icnornenos de TRANSEEm~NCIA nao "bipessoal" e sim COLETI-

----YZ'E verdade que lal transfcrencia Jl1ob"iliza---;;;-mesrnos mecanismos que os que 0 sujcito pode ter, por cxcrnplo, em cstados de hipnosc ou de paixao ou ainda dcntro de lima sltuacdo psicanal iticu. Mas cia sc inscrevc no dispositivo colctivo c adquire caractcrfsticas que nfio sao cncontradas na situacfio trnnsfcrencial classica. Entre as porencialidades posj_tiyps esui a de que a idcniidadc cornurn adq uirida-pela tra nsfcrencia cole;iv;l-'~i;;~?t-~;;;rc~

culiar ~enti.~.9_~_~?9_ep()ilCiamassa, urna capacidade de rcagir em conscnso e em harrnonico acordo, urna particular disposicfio para a solidaricdadc, para sentimcnros nobres de fratcrnidadc c cornunhao, lima especial sensacao de coragern c algumas rnanifestacccs de altrufsrno e reruincia ao egorsmo, que caracteriza habitualrnentc os sujeitos isolados,

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96 LI<;:OES SOBRE A TRANSFERENCIA

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Claro que a rnassa acrcsccnta tambcrn algumas caracicrfsticas ncguiivas como, por cxcrn plo, ccrtn ~III i n uiC;iio du 'caracidade de fu ncionar ruciona I mer;-

.~, ter1d6ncia tI exrlosividade,' aTn1puisT';f(Et(r~dim inuiciio do juizo crftico, uccitando Pl)lICO discriminudurncntc as sugcsioes vindas do lider, ceria tcndcncia a rcagir a Iormas, sons, cores e niio ao contciido conceitual do discurso que Ihe c cncam inhado.

A rna ior ia dos psicanul istas c psicotcra pcutas i ntcrcssudos em trabalhar com grupos parte da formulacfio treudiana da psicologia das massas. Boa parte dcstcs psicanalisras e psicotcrapeutas institucionais trabalhararn prcviarncntc com grupos, seja fora scja dentro das organizacoes. Observando 0 Icnorueno de coletivizacao esporufinea, todos tratararn de enrende-lo per rncio da aplicacao do esquema frcudiano de Psicologla das Masses e Anatise do Ego. Dcscrcvcrurn c tcniararn aproveitar

o que sc chama rransfcrencia inslil~ls.i.Q_o.aL-

.Freud jti havia 'colocado as bases para sc cnicnder 0 fcnorneno quando explica que nas rnassas charnadas cstavcis (difcrcntcrnente das clcmcras), masses como a Igrcja c 0 Excrcito, (I lidcranca podcria cstar colocuda em urn i ndividuo ou sujciio concreto como a chefc da lgreja, a ~I, au no chefc ou gene~li do Exerciio. Mas poderia tarnbcrn estar colocada em urna cruidadc a~~.! . .r:.nla, P.Q.~ria, bandci ru, ~ etc.

Esta lidcranqa niio ocupada por ncnhurn individuo-sujeito concreto constiuua urn lugar que podia

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A CdNCEPQAO lNSTtiUC10NAL 97

pcrfcuamcntc scr clcposiuirio lias rucsmas tru nsfcrcneias-resistcllei<1s"pSTqlliC71s e Te1'l't1;m'Cnt~~s {lll·C ocorriurn nas rn axsux anificiuis ou n,lllIrais quando esse lugar era ocupado por urn chclc real.

Com base nisso dcscobriu-sc que os pacicnrcs de uma·org<lnizac;Uo psiquititrica c oulrus csiabclcciurn rmilriplus rrunsfc rcncius i<llerHis com sells iguaix, com a cquipc de cn lcrrnugcrn, de medicos, acquire adrninistrutivu. com as chcrias· c tarnbcrn com a Organiz'lc;iill como urn uxlo: n,-IO ;lrCIl<lS como cstubclccimcnro, figura arquitctonicu, nfio Brenus com lugarcs c esra<;os ondc sc dcscnvolviam suus atividudcs, scniio tarnbcrn com a idcnlngia dB Organizacfio. Ou scja, () idc.irio. a ca rtu de principios, 0 scruido que a Organizac;all sc duva para cxistir, scu conccito dos services que prcsravn c do objcio-usuririo ao qual cncurninhava scu service.

Em outrus palavras, os intcgrunrcs intcrnos de lima Organi/.a<;iio cstabclcciam truusfurcncius COlli todas as caractcrfsucus que cstudamos, com () conceito de loucura, de psicosc, que possufa a Organizucfio, c com joda a pa~ai'crn,l!ia(lli(!' arbiirava para dar cnnta dcsic objcto. lsto nan 6 mais do que a aplicac;iio das idciax I're~ldj,a!w~ (1a Psicol()l;,i,1 dus Massas IlO campo de urn cstn bc lcci mun to psiquiatrico concreto.

Vimos nas aulas anteriorcs, ao ubordurrnos llS tcrrnos [rcudianos cl.isxicos, que atrnnslcrenc ia dividia-se ern poxitivu c negative!. A r(~~i_IJ,:a, por sua vcr., di._v~lj~e em ;®istos,!.{; _{,:.Illli>:.il, scudo que a e~tllic;1 .t: .. _'I_ I~~_gil_!iv.'1 Iuncionuvum eOrl!o_IT..:..

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II!/: 98 UC;:OES SOBRE A TRANSFERENCIA

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I(:{ . sistencia, cntcndida no sentido COl que prcdorninava

1(!:: a ientativa irnaginaria de ~(!J~li<;iio_9.Q___mesmo, Na

i(J' "; :;;i,c;A!:~q~_r~!~Q;C~l_iI_t:J!_i~'OSa cxistia a ,~oss,ibi lidade d~ rcI( I ti~ f_~;,;.> pc ~<;}lSL~_'LC!.r_~J.1.~JQfl.!e dec x r= n e fl.C I ~I sac 0 n I ~c I da s

i,;';}'ii"'-- anugameruc, scndo qlle tal rcpcucao poderia scr

II~i utilizada a service do trabalho de torn ada dc COI1S-

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111!,1 cicnciu da tentativa de rcpcticfio do igual e do irn-

;1' pulse para a sua rnodificaciio au transforrnacfio. Par

til, 'I Iercncia arnistosa n "

:. ISSO, C iarnarnos a trans ercncia a mrstosa 0 motor

I~;,I da cura", na qual se repele olgual co-dir~-re~c,

:ql~;nqu~-,o na trunsfcrcncia erotica c ncgativa predorn inava a tcntativa de repcticao do igual, n50 utilizavcl, pcla qual tornava-se rcsislc'ncin e cpunha-se ao excrcfcio do procedirncruo tcrapeutico. Ao lcrnbrarruos esta divisfio, podernos en lender mclhor 0 que os institucionalistas cncontrararn no Icnornenr; da transfercncia institucional ou organizacional. Tcdas as caractcrfsticas da transfcrcncia Ircudiana que acabarnos de lernbrar ocorriarn tambern com a institucional. Ha lima tentative de peli<;50 clo igual que Iuncionava como rcsistcncia propiciada, favorecida pel as caracterfsticas autoriuirias, Iechadus, prcestabclccidas, dorninantes, misiificadoras ou cxploratorlas das orgnnizacoes psiquiatricas que se cstabelecin entre a transfcrencia institucional dos usuaries, cntcndida como resistcncia, C a contrutransfcrencla institucional conscrvadora de toda .' a Organizacfio, scus agcntcs, sua ideologia etc: urna cspccic de (laeln [lanU!_.i.~)_e.))~;t: de tal mancira que

~lari~,~t_i1~_~_sl.la parologia provocudos, COI1:_ _ voc'ldo~r.<::I~~ __ Q~g;ln.~~il~fi.();

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A CONCEPC;:AO iNSTITUCIONAL 99

E a organi.za~50 rC[1ctia! numcdida em quc enconlrava nos usuririos urnn trnnsfcrcncia crorico-

d c pcr; d~i~_e ;~~;--~i~~;_;;;-,'-~~~) a ;~~si~e n C i~;i~,-csi';1 ~

bclcc-c~c1o urn circulo vicioso, cspccic de buluartc que conhcccrnos com 0 nome de IIOSPIT;\L1SMO. Urn de scus aspectos C urn tipo de i<ltr:2ge!:.i~, de docnca tccnica gerada pt:la Orga~~~~)_ IILl qual 0

'pacientc responde com manifeslCl<;oes docntias que surgern da irnposicfio de rcspcitar os disposiiivos organizacionais que as despcrtararn c suscitararn. Em conscqucncia, 0 circulo vicioso co nclui numa cronificacfio cia patolcgia des usuaries c urna perpctuaciio da cstruturu autoritririn c rcprcssora da organizacfio.

Dcscobriu-sc, ao contnirio, que, quando sc permilia nos usuririos assurnircrn ativarncntc 0 gcrcnciarnonto de sua cxistcncia dcntro cia Orgnriizacfio, a producao de sua vida artfsticu, csportiva, sexual, sua participacao na adrninistracfio dos bcns maleria is, do tempo, cspaco ctc., Iormava-sc urn proccsso de potencia~5oi.l<llI<llJs[c.rCru:ja positiva arnistosa, tanto na forma paralcla - entre os usuaries - como entre os intogranrcs do establishment, e entre a cquipc c-os ·u!Wari{l .... , Esta J.ruJ}SIcrcl1cia arnistosa, colctiva, organizacional, potcnciada pelos disposiiivos de autcgcstiio, tornava-sc aliamente terapcuiica, tanto para pacicnics quanto para ternpcutas.

Eis 0 que dell origem 11 psicotcrapia institucio/1(11. tunto a cornuniuiria inglcsa como n franccsa. - Postcriorrncurc estes nchuclos [oram trausportados

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100 LlC;;OES SOBRE A TRANSFERENCIA

pa ru a p<.:J'lgogia, dcscobrindo-sc qu<.: I1<IS Orguniza~tics c cstubclcc imcntos Lie cnxino acoruccia algo similar. A "ratologiu" rolilic'~)Il(lI11icu, idcologica dos ·organisl11os de cnsino tcndia a produz ir urnu "p.uologiu" corrcspondcntc da ruussa de aprcndives, de alunos. Arnbas porcnciavarn-sc mutuamente, rcforcavarn-sc rnutuurncruc, tcndcndo a cronilicur os vlcios c lilllita~\ics do cusinar c do aprcndcr na rncdida ern que, obviamcntc, cstuvarn em jogo ncsic proccsso as vclhax trunsfcrdncias croiicas c hostis e as dcfcsus contra us rucsrnas, que consti tuiu m 0 substr.uo libidinal de todos os. vicios pcdag()gieos, tuis como a passividadc, 0 cnciclopcdisrno, a subscrviencia CIC. Utilizanclo-sc 0 rncsrno proccclirncnro, pcrrnitindo-sc a participacao ativa do usu.irio aprcndiz na Orgunizncao dcssa pratica, ern sua gcsiao c plancjamcnto, Iorncntnva m-sc, propiciavam-sc rransfcrcncias arnistosas, cos rcndirncnlos no proccsso de cnsino-uprcndizagcrn rnultiplicavam-sc surprccndcntcrncntc .

Tudo gin! em rorno da itlcia fundamental de que a transfcrcnciu funcionuva de Iorrna cruzada, c nao l·llr~osull1<.:nte cstubclccia-sc entre individuos c gruros concretes, scniio entre o iodo colctivo. incluindo ,I cquipc tccnicu c 0 que podcriumos churnar a idcologia cla Orguni·l.m;:lo. que era tomadu como objcio - ror vczcs COIllO objcto Ideal de Ego, s;idic(). imuingivcl, dcspoiico, ou como I'igura idcnlil'icaltlriu que gerava as condutus que prctcndiu rcsolver: como tarnbcm de urn superego permissive, dcrnocrtitico, crotizrivcl, nnuivcl, que propiciava

> A CONCE1"GAo INSTlTUCIONAL 101

o utra scr ic de rcndirncntos produtivos.

Esc I a r cc crn os ~lf tll~imo q uc, c o III 0 d i z i a !!eusl, hii umu scric de rcsultadox apnrcntcrncntc tcrapcuiicos que sao produto da ulili'/.a~~() cla tra nslcrencia. Sc lcrnbrurrnos que a .psicantilisc era a unica disciplina capaz de mancjar a IransrerCncia arnistosa n~() s6 para clirninar sintornas "urilizundo" a transfcrcncia, mas tarnbcrn emrregarido-a ram resolver, dissolver, conscicntizar iodus as rcreli~oes em jogo, podcria cxistir a dClvida de que ncsta psicoicrapia instituc ionnl 0 que sc COli'. ern rcalidadc e urn lISO bcncvo!o clu mmsfcrcncia, uso arcnas arnoroso, fratcrno. () qual podc niio gerar rnclhorcs cfcilOS que a uniiio entre a transfcrcncin e a contratrunsIcrcncia hostil, quc s6 rode dar hostilidadc.

Entrctanto, 0 que percebemos na psicotcra pia instirucional c que a lransl'ercncia institucional colctiva que sc cstabclccc, cujo uso gem cf'ciros lcrapCulic()s, niio s~o arenas clcitos rrnnsitrir iox sintornaticos ou suprcssivos, Tal psicotcrapia instilucional cria dispositivos de auto-analise cla OrgnniZ<I~ ao, a I i me ni,,·dos rela If<l;'~ rer·G;;~i~;- [l,iri st ()S;, , quc niio sao apcnas sinionuiticos ou suprcssivos, e sirn diin resultados cstrivcis do crnprcgo da transfcrduciu ra ru sua a UI()Cl;ll1>r~cens~o c a·lIIO(risS() 1 u~>a(); ussi TIl como na rrodu~fto "sublimatriria" de urna convivcncia produtiva tcrupcuticu.

Rcfcri - me lIS tcndcnc ias nrigi n,1 rias dus vii ri as corrcntcs. Di rci em po ucas pa lavras nlgo sobrc as lendCncias atuais C contcrnporancus. Farcmos urn ccrto suc rificin, dcixando de rncnciunar rnui-

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102 L1<;:OES SOBRE A TRANSFERENCIA

tas e rcfcrindo-nos, rcstringindo-nos a urnas poucas. Nao cstou scguro de que csta solucao scja a rnais justa.

Entre as tcndcncias contcrnpontncasdo l nstituc ionn lisrnn, urna das rnais intcrcssarucs e a ~sictt ~g.ii.~al de Pichon Riviere", que sc originu nu Argentina c rcsultu da conflucncia de Escolas nortc-amcricanus como a de Psicologia dos pcqucnos grupos de .~a "TE~_ Can~J:li', rcccbcndo iumbcrn inllucncias da psicanrilisc klciniana c de cerro Malerialismo Historico, Esia c uma tcoriu da subjctividado social. Urn des scusprincipais instrumentes de anrilise, opcracfio e irucrvcncfio c 0 charnado Grupo Operative que, infelizmentc, anda rnuito descaracterizau~~-Tenho tido oportunidadc de ver que, em ioda a America Latina e ainda na Europa, charna-se hojc Grupo Operative a qualqucr coisa feita ern grupo, 0 que e intciramcntc incorreto e indcscjrivc]. A ieoria e tccnica do Grupe Operativo como parte da Psicologia Social de Pichon Riviere, c urna conccpciio e urn proccdi mcruo altarncntc sofixticudo c cspccffico. Muiras pcssous que dizcrn praticur Grupo Operative nfio apcuas niio 0 fazcrn, como nao tcm a rncnor ideia de que sell criador foi Pichon Riviere. Sua tcoria pede ser considcrada como lima das mais irnportantes corrcntcs do institllcionalismo atual. Nao tenho oportunidadc de dctulhar suas caractcrfsticas aqui: c claro que aprcsenra alguns aspectos rcoricos. rccnicos c ilienl6gicos q L1eSI ionti vcis, mas la mbcrn rucri tos que ainda nfio Coram dcvidarncntc cxplorados. Ou-

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A CONCEPc;:Ao INSTITUCIONAL 103

tra corrcntc e a Psicologia l nstitucional de §I~ )ac~w.Q.~, de origem j~H~j_~~, cum grande Influcncia klciniana c bioniana, Imagine que rn uitos a conhcccm porqlle tcvc grande ingcrcncia sobrc algumas tcudcncias argentinas de Psicologia institucionul, como a de Blcgcr, rnais conheciiJa, e a de Ulloa, rncnos conhccida, mas tarnbcm praticada no Brasil,

Outra tcndcncia importante e a charuada .SociQ:

Psicantilisc de Gerard Mendel. E urua cornbinacao

~~~; C(;~I2~~~-;;;~;I~!~ __ ~I'.I~ Qrgan i ~a~(ies c

urna conccpcao Ircudiunu lin subjeli~idade nas classcs instillicionai~:'r~-;pici';'~J;)"~-; rncrodo de ana-

. lise da vida libidinal dos colctivos, sua intcrvcncfio e intcrprctacan, assirn como de Lima rnilitancia irnunente a parologia e a cura institucional.

Outra corrente que j,l tern sua historia no Brasil e a charnada 1t.J}!Ilise !.!.'_~!_!!!.,-<;.i()Jlal; 0 criador do termo Ioi Felix Guauari, que hojc cncabeca urna outra tendc~cia-,--~';;;d~1 por clc posicriormcntc. Entre os continuadorcs dcssc intuito inicial de Guuuari csuio GCl~.r:g£_l,::<_!p_(.Il'.~'lde c !3...Q_ne LnurAP, L1n1Cf do livre Analise lnstitucional, que C urnu tenuuiva de cornprccndcr as Orgauizacocs c 0 psiquismo nas Organizacocs, c de- propiciar interven~Ocs-·q1.fC ~erem Lima icndcncia auio-anuluica colctiva pcrrnaneruc c aurcgestiva entre os intcgrantes das mesmas. Sua inspiracao c rambcrn p-sicanalflic~_.£~1H-, rerialista-hisrorica, incluindo rnuiias outras contri-. blli~(ies, por cxcrnplo, da filosofia de !±:~c.I, da Sociologia das Org~~li:L~!~OCS, da A).!.IJ:.l?f?l21l?gia, da

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104 lI<;:OES SOBRE A TRANSFERENCIA

f;v\ fc..,\'G""F,'0Semi()lica, 0 conccuo t1e~.!2!2.!..!:!!!!.!II~sldencia c reo " '" _."v",f,:iyl::;!)<,:.,)'orllllliatlo ror clcs como Illlrlica<;~o:ril;lis arn plu,

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'-,. politlctcrminudu c coleliva,"

Para concluir, gosiaria de npcnas rcgistrar a cxistcnciu dc urna corrcruc inslilucionalisla ultrurnodcrna ou pos-rnodcrna rnuiro cornplcxa, rica c irucrcssantc, que c charnada esquizo!l~,E\jjse" cujos criadorcs c cultivudorcs SllO '0 filosofo Gilles Dclcuzc . c Fe I i x Ql',;l.11'lri. que a b n n d 0 11 a ra m i; A~-;;fTi~;-"~~~

utucionul para produzircrn csra nova disciplina. N~o me arrcvo a Ialar sobrc a Esquizoun.ilisc aqui ror xcr uma conccpcilo altamcruc complcxu c cujos inluilos siio xirnilarcs c difcrcntcs des outros,,6l1 scj .. , prnduz ir unu: corrcntc tic antilisc nuituu c cornpariilhuda ern lotios ox colctivos de modo que lcvc II :1 1I lo-org:1 11 ii'.;HJIO, nutodcc isflo, aUlogesliio da vida social. Contudo, csia csquizoanalisc c rnuito rnais que urna corrcntc insiitucionalista. Chcga a scr mesrno uma visiio tic rnundo, inspiradora de novos modes de vivcr.

Toclas as tcndcncius corucrnporftncas lcvarn em cnnsidcrac.io, em maior o u mcnor gruu, a leo ria pxicanulftica do sujcito psiquico, a cxistcncia do inconscicntc c 0 Icnorncno de "por em ato", de p(\r ern rnovirncnto a rculidadc do inconscicntc, que C a transfcrcncia. Todus rcconhcccrn a transIcrcncia qlle opera como rcsistcnciu c a tra ns Icrenl'ia que podc scr ut ilizuda a service do autoconhecimento, do crcscirncnto c da cura. Todus rcconhcccrn que a transfcrcncin nat) c dcscncadcada cxclusivarncntc por urn interlocutor pontual c

-,

, corporco, pnclcntlo cfctuar-xc em gr<llldes conjllillos SOCii! is. Esses cOI~j U;110S's()ci,lis 'est'abelcccl11'na COlli uspccros absirutos como <I ideologi<l, os va lores, as orgal1ii'.at;()e~, 0 cstnbclccimcnto, o fluxogrurna, 0 org,lnograma ell',

Dclcuzc e Guauari ralvcz scjarn cxccciio [lor rcrem produzido, na rninha opinifio, lim conccito que c.' de ceria rnancira, substitutivo du Iransrerencia

insritucinnal ou ampliadn. En conccito da TI~;\1'!_S~ '7"',,,\i-'SY';; l\/~;;.\_

_" - N .. ,y.'

V[I~S;\LlI);\DE, N~o 6 fkil cxplicti-lo. Fa'rei urnn

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-{[mida tcntativa. Consislc em postular a cxistcncia

de 1I1l1a capacidndc de Ir<lllsferencia ern cad a dispositive uu agenciamenlo social que (<;Ive'l. possa

tcr scu arucccdcntc tcor ico nu Iransl'crencia arnis-

rosa, assim cilalllad:!pnr Freud, Signil'iea lIl11 _t:SC. iorno du diferensa pura, do que dcfincrn C0ll10 Qe-._

-;;ejo~ -N~'; 6-~;;;"'d~\Q.iQ_!l!.I~.i~L~li_co, cdipiano, rcpc"liIivo,' insistcntc, mas llll1 dcscjo de prndll~flo, de

libcrdadc, de novidudc, que sc origiua do que ro-

dcria scr a Irnnsl'ercilcia colciiva pcrrnancntc de sin-

gul<lrid<ldes rrc-suhjc]jvas,.que. atravcssa iodo 0,

campo social c C rcxponstivcl pclas grandes trans-

J'nrma<;()cs hisuiricus. rcvolucinnririas, cicnuficus.

arifsticus ere. '.",

A proposta da csquizounali:«; COI1SiSle ern podcr dcicctur a cxistcncia da Iransversalidade c propiciur

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sell dcvir c sell dcscuvolvirncnto em Indo c qual-

qucr cspaco du vida social, natural c tccnicu.

Dudas as lirnitacocs da cxposiciio. prcicndi explicar-lhcs as cOlllrihlil~(iC's do MIWimeftt,) lflslituciona lista. a leoriza<;~o c 0 rnancjo tccnico ou uitico

A CONCEPC;:AO INSTITUCIONAL 105

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106 LI<;:6ES SOBRE A TRANSFERENCIA

da transfcrcncia, bern como a contribuicao do conceito e das rnanobras classicas da transfcrcncia nos Movirncntos lnstitucionulistas.

l'EIWUNTAS E INTEI{VENC;OES

- Gostaria de [azer lima pergunta referente ao fell/a da all/a passada. Temos duvida quanto as traduciies cspanholas relutivas ao "sujcito-suposto-co-saber" e "sujeito-suposto-saber ". Existe algum« dij'erell~:a dos tcrmos 110 versiio l acaniana Oil e SOli/elite [III/a questiio de traducdo ?

Resposla: Niio podcria prccisar COllI() f'oi truduzido em cada lingua. Rcfcri-rnc ao concciio, cpodcrfuruos vcrificur sc as trud ucocs sao ficis ao conceito ou niio. Se formulamos "sujcito-suposto-sabcr", 0 perigo c que 0 que se rcnta transrnitir scja erucndido no nfvel Icnorncnico ou crnpirico. Em outras palavras, e a idcia de que 0 paciente simplcsmcruc supoc que 0 nnalisia sabc tudo acerca dele c que nfio prccisa cornunicar, associar; urn simples caso de adivinhacfio do pcnsarncnro. Na prUlica constatarnos (dcixo claro que Ienorncnicamente) que as coisas nao sc dao assirn. Frcqiicntemente 0 pacicruc em transfcrcncla negativa pode Iazer questao de mostrar que 0 analista nao sabc nada, podendo dizc-lo tcxtualrnente ou cornportarse de tal forma que 0 analistu rique de [ora ou

caia no ridiculo. .

Na outra Iorrnuluciio, a idciu de "sujcito-supostoao-saber", csta-se Ialando, como diria Freud, da

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A C~:)NCEP<;:Ao INSTITUCIONAL 107

mctapsicologia cia rela~iio analuica. lsto nan rretendo dcscrcvcr nenhurn cornportamcnto .ancdotico, ernplrico, Icnomcnico ou vtransfcrcncial manilesto" do pacientc, Prctcridc concciiualizar urn dispositive estruturul do psiquisrno pclo qual () "crro" do analisando que sc dirige ao outre c supor que sc irara do Outre, 0 sujeito do saber lnconscicn:c, Ol1 melhor, do saber que constitui sell Inconscicntc. Para Lacan 0 Inconscicntc c cstruturudo como linguagem, c urna sequencia de significarucs. Em outras palavras, c urn conjunto de "pcnsarncntos", II que Freud charnavu "pensurncntos do sonho".

OC()ITe que cstc discurso, esl" scqiicnciu, cnvolvc urn saber mas urn saber, scm sujci:o - SI.! por sujcito cntcndcrnos 0 sujciio conscicruc, sujciio do ego -, co analista c cntcndido como sujciio dcssc saber. 0 unalista como sujciio niio sabc lima paluvra do saber do inconscicntc do analisando,

Nao hi! ninguern mais ignorantc do que 0 analista,

o que c born. Quando sc diz que 0 sujeito em sua iopologia tern urn lugar que C 0 lugar do sujcito suposto ao saber, trata-sc <Jep_ll1a CJl~_~.0~~~.niio ancdoiica. 0 dispositive cstruturnl que coniem esse lugar de sujciro-suposto-no-subcr rode Iuncionar ancdoticamcnte atravcs .dccomportarncntos ou atitudes do pacicntc que declararn abcrtarncntc que sell analisia c urn idiora, ou, como aconiccc nas psicoses paranoicas de transfcrcncia, 0 pacicntc dclira que scu analista lhe adivinha 0 pcnsamcnto.

- 0 sujeito-snposto-suber sC!T6 ef1ftl(J d« ordeu:

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108 LI<;OESSOBRE A TRANSFERENCIA

do imaginario Oil do simbolico ?

Rcsposra: Se for C0ll10 pcnso, 0 sujciro-suposroxuhcr rcf'crc-sc an sujc iio como "moi", COIllO ego, ao xujcito que pcnsa que xubc, c a sell ~a_gin;irio, Por cxcmplo, alguc m, dcpoix de scr utropelado por u m lopsu», [lela cmcrgcnciu de algo incspcrado em scu discurso, pcnsu que sabc por que, ou que tern urn outro ego que sabc, Em outras palavras, sujcito-suposto-snbcr C 0 sujciio que supoe que salle sobrc si mcsrno, ou que urn outre rode saber "cncurnando" urn a insiflncia que lhc C irucrna. "Quem rode saber mais de m irn: do que ell rncsmo?" E isto que inspira a rorfll;'da~iio do sujcito-suposto-snber, sc accitnmos que cia cx istc.

o sujcito-suposto-no-snbcr rode tcr ialvcz urna vcrsfio cstrutural da ordcru do imagi!w!iO .1; lima do simbolico. Mas c rnais i@porln~e dcsiacar que ,c cstrutural e n_~o lima "conviccfio pcssonl" do SlIjcito que supoc lim olllr~;-;~~;-c-;~~Odo I nconscicntc.

- Solicita-se que 0 professor rclacione 0 COIIceito de tronsversalidodc COlli 0 de produc/io do Dcse]o do POII/O de vis/a de Guauari.

Rcsposia: Pam Dclcuzc c Guuuur] 0 dcsejo !liio c () chissico descjo da psicaruilisc. Em tcrrnos frcudianos c a Iorca que insisrc em sua tcntativa de rcsuiurar o narcisismo perdido, sen do, cntao, lima ['Of~a conscrvudora. N,io raz ruais do que rcpctir em

A CONCEP<;AO INSTITUCIONAL (§

ouiro nivcl do cornplcxo psiquico a natureza conscrvudoru das rllis(-)CS, A rtl1~) tk :nt~::~::c.~~.vi-0.(1 S~IO cnnscrvadoras, segll-ndo a d_~E!}i.~0~~J~~lIdiann.

Plira j5~1~-~;:i.-e c Gll~-ltTilfr;~-~lesejo nfio c conscr-

vader. Niio tcnra rcxtiiui r nn rcis ixruo algum: !lao tenia rccupcra r ncuhurn cstndo arcu ico. Adcrnuis, () desejo - ern cerro Frelll) - 1~~_.~~I.!!'_Jll)i(;I(), 0 des~~~"c dcscjo de cncontrar IW r~alidade lim objcio aluci nudo c irrcdutivclrnc ntc perdido, Para Dclcuzc c Gunuari 0 (!esejll "lel11 _l_)l?.Lelo", A difcrcnca [und~;me~;!;;1 consistc em q-~c 0 dcscjo c sinonirno de rrodll~iio, 0 que lradicioncilmentc cnnltcccrnos no c1mbilo social, politico. cconornico C0l110 rr()ljllC;~o, gcm~iio de cnisas novas, em Dclcuzc c Guaunri C

imuncntc uo Dcscjo. 0 d!:!.!~9j.Q ¢ __ fLO.(!u~iio, A Pro-

ducao c Descjo. Ambos sao lluxos genemtiv()s que propiciajn cnconrros "criudorcs". 0 dcscjo, ern rigor, C urn dcvir produtivo "em ato".

A trunsvcrsalidadc c a rcdc molecular de fluxes dcscjnnics c produtivos que utravcssa urn panorama social, umu rornHl~~o poluicu social, libidinal Iorrnando-sc sinuularidudcs dcscjanics prudutivus que cntrarn em co~exii() entre si para prnduzir novidadc. lsto C a Transvcrsulidndc, 0 lluir do Dcscjo c da Producao atraves de lim campo social, que C inccssu n icmcn to deslerri lori,l! i/:,~~) por aq uclc.

- Qua! e a concepciio c/o Sujcito e i/o Dese]o em Dcleuzc e Guatturi?

.Rcsposta: Isto C rnuis dific il de scr cxplicarlo.

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) GJ9 UC;:OES SOBRE A TRANSFERENCIA

A idcia de Dclcuzc c Guattari C a de qucnao cxistc .lIm mecnnismo lIniversal.de_~~llra~[i() d~i(~. Existent 1'6rlllulas nuilripln», hist()ric,;~':-;Tc-r~odll~~() de subjctividadcs c modos de subjciivucfio. 0 Edipo como eqllipamento produtor do sujcito nfio c urn a forma cterna universal, ublqua e oniprcsenre, senao urna forma produzida dominuruc. Existcrn iruimcras Iorrnas de producao de subjerivacao. Mas estfio, em gc_ral, submetidas, subjugadas, hcgernonizadas pclo Edipo, pclo modo cdipiano de producao da subjcrividade, que e uma forma de captura do descjo como restitutive, na rcisfstico, scm objcto, c que tern sua coruinuidadc asscgurada pcla. niio-oblen~50 de scus objcios. As outrus [ormns de subjctivacfio, nan, pois 0 Dcscjo funciona de outra rnancira, tern outra natureza. Sua potcncia e incsgouivct. Nao porquc I1~O atingc scu objciivo, mas por Iorrnar parte du esscncia de scu scr. Elc c producao, s6 sabc produzir, dcvir.

- COIllO se constituiria 111/1 Desc]o a /llio ser pelo negativo, pel« jed/a?

Resposta: Existc a longu historia da posiiividadc e da ncgaiividadc, do scr plene e do scr da [alta. Para ceria concepcfio do Dcscjo em psicanalise, 0 Dcscjo constiiui-sc pcla auscncia do objcto, 0 descjo rnobiliza-se pcla Ialra, ° ser psfquico e lim scr de Ialta, scr de carencia, e lima idcia que continua uma longa tradi~iio que corncca em Socrates e Platfio, cnquaruo outras linhas filos6ficas no

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A CONC8'QAo lNSTlTUC10NAL (1'11) '::./

Oriente c Ocidcntc nfirrnum qlle 0 scr IS pura posi tividadc, At) SCf,' niin1hc {alta 'RadiI. A fa 11<: C urn modo do scr tao procluzido quanto os outros.

/"Nao siio arenas duas conccpcocs do Desejo. Suo Lconcep<;()es da ontologie. da natureza do scr. ..

- Ao longo de sua exposiciio voce se rejeriu a Pedagogic e () Psicoterapia lnstltuclonalista; centrando-se na psicoterapla. Gas/aria que [alasse, aim/a que rapidamentc, sobre a Pedagogia lnstitucionalista.

Rcsposra: Falurci muito rapidarnentc, jusrificadarncntc: Ialci rncnos da Pedagogia lnsriiucion alisra porquc nfio e mcu forte. A Pcdagogia Inst itucionalista c posterior a Pxicotcrn pia lnstituc ionalisia. E como lima cxtcnsao de sells princfpios c cxpcrjcnciax ao ambito do ensino, podcndo sc incluir grande» series de cxpcricncius lin chama da aUlogt:stiio pcdagoglcn. Todas as cxpcticncias em que () alunado auiogcrc, dcrcrrnina, em debate colctivo pcrmancntc, tudo o que faz - a irnplantaciio, cxistencia, subsistcncia da Organiza~ii()-Escola, dos prcgrarnas de cnsino, dus forrnas de sclccfio, rnancira de transmitirconhccimcntos, provas, aval in~(-)Cs, ccrtificados de forrna~iio, bcns mutcriais do estabclccimcnto, hierarquia do podcr .ctc.

- Pode ciiar algum autor?

Rcsposia: Mannoni, Lapassadc-Loura«, Lobrot, Oury, Rcqucjo e outros.

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112 lIQOES SOBRE A TRANSFERENCIA

N;\o C 0 mcsrno que participacionisrno [1edagtlgico, a I'alllosa qucsuio da co-gcsuio univcrsiui ria. Niio sc Ir;ili! de co-gcsuio, c sim de aUlogeslflo ..

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REFLEXAo FILOS6FICA SOBRE A TRANSFERENCIA

C OME(.ARElvIOS, COIllO tern side habitunl, [azcndo urna rcssalva. 0 tenia dcsta aula, alcrn de scr surnamcntc cornplcxo, cxigc do expositor c do publico urn prcpa ro rilosMicn rninirno. Como cu nfio cstou sutisfcito com 0 rncu prcparo c desconhcco () de voces, dcvo admirir que nbordurci 0 tcrna de lima forma clcrncntar csiructica.



Crcio que no transcorrcr deSI;IS aulas sobrc

Transfcrencin tern [icado clnro que: a rues m ,I e, ao 'l~~-iote~;'ro, 0 rrincipal obsuiculo eo unico motor do rroeedimen~ie;nalftico. Penso-que deu'

f1'iira cornprccndcr que: a Transfcrcncia ,1[i;lrcee: c funciona na aruilisc como Rcsistcncin, rnns tambcrn como a ror~a que irnpulsiona .rar<! a cura .c como rnurcriu rncsma a scr trnbnlhada p,lra conscgui-ln.

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Ncsrcs dois scruidos, a lransrcrene_ia CSI;! irui- <[',;"

marncnrc ligada tanto :1 questfio da Rcpcucfioqunn- Dli'::'J i'!,2:,'_;'<;/,-

to :1 (la Di lcrcncn. -.---- '"

Mas DTiC'r~il"0i c Rcpciicao tem sido tcrna de !2<;,l(~(T'~:i'~)

rcflcxfin I'ilos(lrica desde {IS con« .. ,<;o~ {k~ pcn~amcnto. nfio Sll I'i losofico como ta rn bern mi tologico c

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114 UC;OES SOBRE A TRANSFERENCIA

religiose. Pam conccitualizar as rclacocs entre Repeti<;~o, Di fercnca c Transfcrencia, tanto Freud como os pos-Ircudianos se bascararn, implicita ou explicitamentc, na mitclogia, ria religiao e na filosofia, tanto quanio nas ciencias naturals, Iorrnais ou ;'0- ciais de seu tempo.

Por sua parte, as Cicncias c a Filosofia conternporfincas tem cornccado a prestar ii Psicanalise urna atcncfio cresccntc, tanto que c dilicil cncorurar urn pcnsador aiual da Rcpcricao e da Difercnca que ignore as coutribuicocs que a Psicnnrilisc tern produzido a rcspeito.

Seja qual for a concordancia ou a dissidencia que existarn entre as divcrsas disciplinas, as contribuicoes tern resultado provciiosas.

Na Filosofia 0 problema da _Re{?eUsii_o csui incvltavclrnentc ligado ii questao ontolcgica, ou scja, a do Ser, a de scu De~Tr.-c-:-~o-;;~-C-~lii~;ltemenle, a do T~~~'po. A pcrgurua pertinentc 6: "0 que 6 que sc rcpcic?", c csia cxigc par sua vel. colocacocs accrca de sc 0 que sc rcpctc 6 0 rucsrno ou 0 outro, 0 urn ou 0 nuiltiplo, 0 singular ou 0 plural, ° igual ou 0 desigual, 0 scrnclhantc ou 0 difcrcntc, o posuivo ou 0 negative, 0 cquivalcntc ou 0 disvalenle, 0 ideruico ou 0 diverse. Desde ja sc vc que todas cstas pergunras podcrn scr Iorrnuladas na ordcrn do qualitativo, do quantitativo, do intensivo ou elo cronologico.

Por outra parte, estes tcrnas suscitarn nccessariarnentc a reflcxiio gnosiologica, ou scja, as perguntas sobrc a possibilidadc de conhcccr 0 proccsso

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REHEXAo FlLOSOFICA 115

da Rcpcriciio c daquilo qlle sc rcpctc nclc. Assirn as questocs proccdcnics seriarn: "A rcpcricao aeontece no objcto a scr couhccido, no pcnsamcnro, ou em umbos'!"; "Segundo leis c dctcrrninacocs ou scrn clas?"

Em todos os cases: "Esse conhecimento 6 possfvel, Oll nao, e quais suo suas cond i<;6es, proccdimcnios e rccursos? E. em C!ltima insutncia, tal conhecimento c ncccssario ou apropriado?"

Esta ultima pcrgurua aniccipa urna tcrccira classc de rcflcxfio que conccrne a problcruatica des valores, -ou scja, a Axiologia. A Rcpcticfio C boa au mil, bela ou feia? Exislc urua rcpciiciio que scja boa e bela, au mri c Icia, ou ncrn urna coisa ncrn outra? Ela 6 dcsejrivcl, convcnicnie, irnpcriosa ou presci nel ivcl?

Em .{otlas as inrcrrogacocs cirudas voces tcrao sentido provavclrncruc a ncccssidadc de LIma dcfini~flo precise ele Rcpeticiio, assim como tcrfio expcrirncntado a tcndcncia habitual entre nos de entenue-Ia assirnilando-a ou opondo-a a algurna outru n()~50, conccito cu caicgoria. Espcro que se comprccnda quc isso c justarncntc parte do quc csui em discussiio. Mas, sc ccdcrnos ,I cssa tcntaciio .csponranca, dircrnos que corrcrucrncnle sa'o 51n6- nirnos de Rcpcticao palavras uris como rcproducao, rcitcracfm e retorno, assirn como sao scus anionirnos rnudanca, rcnovaqao, scndcquc cssa oposicao com as prccedcnics costurna girar em iorno da ideia ele Difcrcnca. Mas, como dizfurnos nnrcriorrncnrc, 6 indispcnsavel saber que em Filosofia cada urn

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116 LI<;:OES SOBRE A TRANSFERENCIA

dcsscs rcrrnos tern significado sistematico, ou scja, que varia segundo a posicfio prccisn que esse vocribulo ()clI[la denim do conjunio de lima dctcrrn inacla tcoria ou doutrina, c ainda do usn que dclas sc ra~a ern cad a conjunturu hisiorica.

Por isso, ra ra podcr uborda r acci III vel men rc cstu irnportantc problcrnatica no marco de uma aula isolada, so nos rcsia lim carninho: Inzer lima breve revisal) cronclogic« das principals posicocs a respcito, c rcsurnir as polcrnicas que na utualidadc lem adquirido rclcvfincia, segundo nossa opiniao, no ranorama conlen~r~)fnneo do rensamenlofilo- 1ntrCi)" e ~rc;l'I~-ii9JI.[l~·i;anali~~~'6i;vi,~mcni-~ csta

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rcvisuo c sintcsc nan scruo nnparcuus ncrn moccn-

res, scguramcnrc scriio iucomplcias calc 6 possfvcl que scjum parcialmcntc incorrctus.

Tcninndo 0 cnminho proposto, ern primciro lugar digamos quc 0 pcnsarucruo rnitico c religiose livcrarn semrrc como tcrna privilcgiudo 0 das .QIl::.. ,gens de tudo quaruo cxistc. Para rnuiios rovos esta genese Ioi divina, rcalizada a partir do nucla ou de urn enos primordial no qual os dcuscs natura is ou sobrcnaturais introduzirarn a cxistcncia c a ordcrn. Logo, cstu criacao, acoruccida ern urn tempo divino, dcvia r~_(l_elir-se fic:.LOlCllle igunl a si mcsrna.

Isso fnzia com quc boa parte du natureza e da vida hurnnnas sc dcscnvolvcsscru no ilmbilo do rituul e do sugrudo, cstritarncnte reiterative. scndo que as atividudcs profunas curcciarn UC toda idcntidadc c de ordcrn. Algumas des las cosrnogonias inclufarn a crcnqa tic urn dcvir ciclico tanto do nuda

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. REFLEXAo FlWSOF1CA ··117

e do caos inicial como du cria<;iio c do criado Estes acontccimeruos sc rcproduziriarn consianrcmente ern pcrjodos rcgularcs, dcvcndo sobrcvi r ou nfio algurn I'im dos tempos. Obviamcntc ncsrc rensumcuto ou sistema de valorcs, a repcticfio do ruesrno, do sagrado, era 0 Bem Su rrell1o.

U rna class] I'ica~ao grosse: rn dos pcnsadorcs presocr.iticos, que rcccborarn cnormc influcncin do pcnsarncnro rnitico, rode dividi-Ios entre os que cnfatizavarn a pcrmancncia c imrnssibilidade do Scr c os que insistiam na imr()rlilncin d;"~_0_yi~.1J.o c do dcvir, I'osse cste rcitcrutivo ou nan, livre, dctcrrninado ou falal. Para dize-Io de mnncira pitorcsca, tcmox os r.!:.~~~l~.0li_cos eS!~lic.os c din.fl~ m~Qs.

"l:!£r[L~.!J.L<?, por cxcrnplo, susrcntavu que 0 Ser "dcvcrn" c que "nunca nos banharnos no rncsrno

,

rio", cnquanto _f.,a_f:_tllenidcs dcclaru que 0 Scr e c

o niio-scr nan C, scndo que () movirncnto do scr C irnpossfvcl. Os scrcs siio ctcrnamcnrc iguais a si mesmos .

. S()~':I.~c:s, [lor s\l<i ve'l. - a quem cnnhcccrnos atravcs tlos cscritos de scu discipulo Platiio -, sustcntnva a exisll\ncia de IreS rnundos: 0 muntin das idcius rums, delenlor;ls-das csscncia», da idcn tidatic, da vcrdadc c da ctcrnidudc. Logo, dini, 0 mundo clas copias, que tcriarn chcgndo a vcr as iddias, mas pcrdcrarn a proxirnidadc com clas e as csqucccrarn: scndo ussirn, pndcccrn de falra de csscncia, de idcutidadc c vcrdadc, C yiYCI1l parcialmccrcna scrnclhnnca c na aparencin, cmbora possum suhsa-

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118 LlGOES SOBREA TRANSFERENCIA

mi-lo por rncio da rcmcrnoracao. Esra lcmbranca C obtcnfvcl mediante 0 ascctisrno c 0 ditilogornaicutico. o tcrcciro dos rnundos C 0 do simulacro, cornposto de elementos totalrncntc anarquic;;,carcn-ics por complcio de csscnciu, idcntidudc e vcrdadc, cxistindo em urn rnero dcvir louco c dernonfuco, na pura di fercnca ou na si rnulacfio.

Segundo alguns auiorcs, a douirinu socratico-platonica C, em rigor, urn sistema moral deslinndo a instituir dctcrrninados valorcs e a sclecionur as boas e as mas c6pias segundo sua scrnclhanca com 0 ideal ao qual pretcndern imitar. Portanto, 0 valor maximo prornovido per essa doutrina ell reruativa de rcpctir 0 Ideal como 0 Mcsrno e copiri-lrr 0 valor muis dctcstado coda rcpcticao das puras difcrcncus, do singular.

Com Aristotclcs, podc-sc dizcr que 0 sistema manifeslamcntcrnc;ral socratico-platonico refina-se, disfarca-sc e trunsforma-sc em urna lcgica, urna episternologia e urna psicologia. As idcias puras socratico-platonicas sao substitufdus em Aristotcles pclos sistcrnas des concciios, obtidos pclo proccdimcruo da abstracfio, que saouma rcprcscntaciio do rnundo que pcrrnitia 11 classificucfio dos sores segundo sua substfincia, gcncro, difcrcnca cspecffica, propricdadc e acidcnte. As causas e clcitos sao rigorosamcntc classificados por Aristotclcs e adquircrn idcruidadc rcprcscntada no conceiio que consegucrn incluir em seus limites ale 0 Acaso como causa e os cfcitos rnais difcrcntcs.

Os sof'istus c DS Illeg:\ricos. ~ advcrsririos do

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REFLEXAO F1LOSOFICA 119

plutonismo c a posteriori do aristoiclismo - afirrnarn, pelo contrfirio, U· polcnciu do Ialso.X'riticurn o imperio do Ideal, da Vcrdadc na Rcpctictio defendendo com sua crfstica (uric da luta verbal) ,n irnportfincia des sirnulacros, da opiniiio vulgar, da vida mundana etc,

Os cstoicos e e~icureus, nao scm ceria discordfi ncia, se ins-Cre;e~~-'cni urnu linhu que rctorn a de forma variada os pre-socraticos. E conhccida a afinidadc de Crfsipo, Epicure, Lucrccio c Zenon pclos prc-socraticos: Heraclito, Dernocrito e Ernpedocles. Estes pensadores, npesar de afirrnarern que 0 universo 6 irnutavel c que dcvern em ciclos repctitivos, susrcntarn iambcrn que nele niio cxistc urna coisa que scja igua! a ouira, c que rodas clas rcsultarn de agrcgacocs c desngrcgacocs de atornos operadas

no acaso pelo DESVtO de alguns dclcs, dcnorninado . ,,';'_" Cl inamen. Segundo cstas escolas 0 contato enlre(3,1Y\:~'\'""

os corpos (entendendo por tais as mais variadas

na turezas) gem, nas superficies rcsultantes, os in-

corporals, extra-sores 011 sllbslincias uac-corpcreas,

doradas de urn podcr de cfetuaciio que dctcrrnina

arcs, como, por cxcrnplo, quando lim juiz define

o cnconiro cntrc .o CDql4) de unia viJinUl.'/'; de lim

rcu como scndo lim dclito c ao protngonista como

culpado: os aros assim produzidos como lncorpo-

rais constitucrn os Aconiccimcntos, iinicos c irrc-

pctivcis. Deus, prirncira porcncia do Mundo, forma

do Acontccirncruo, constitufra 0 Mundo rnesmo,

Esse panicfsmo, como veremos rnais adianrc, sera f

u n rcccdcn te de pcnsadorcs como Espinoza .

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120 UC;OES SOBRE A TRANSFERENCIA

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No pcrfrxlo dcnominado (1<1 Patrfsticu e da Escol_<isii~a, cstnbclcccu-sc lima rOiC~l1ica-~ignil'ic-~Ii~;-

'-enlre Jolin Duns ESCOlO c Santo Tomas de Aquino.

Para Santo Tomas a catcgoria do Scr reline cutes nntilogo«, ou scja, que siio scmclhnnrcs e difcrcrucs. Para Duns ESCOlO 0 Ser e unfvoco, 0 que irnplica qlle da Esscncia de iudo quaruo e s6 podcrnos dizcr que 6, lsto significa que a fala accrca dus scrnelhuncus c difcrcncns relatives ou nbsoluta entre os scrcs nuo sc aplica ao Scr C0l110 catcgoria, ror- quanto 0 Ser 6 ncutro. Niio xc trata de que a scr seja identico ou iinico, c sirn que sua cssencia em si nfio admire atributos dcsre iipo.

Para ~inoza, 0 .~c~r 6 untvoco, mas niio 6 IlCU-

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tro, E a Difcrcncn que 0 cxprcssa c ufirrna' em

--(Odos os scus modos e graus de intcnsidadc, Polcrnizando com Descartes, que afirrna que so ex istern duas substflncias, a res cogita c a res ex/elisa, Espinoza afirrnuva que s6 11a urna substflncin que sc cxprcssa em lim mirncro (iniro de modes e em urn infinite de arributos.

Para Nielzsche, por sua vcz, nao sc dcvc dizcr arenas que 0 Scr 6 Substflnciu, scnfio que s6 h~l um scr, 0 do Qg_Y-.ir, AI6nl do rnais, s6 podc postular-sc a s.~an~a a partir da af'irmacfio daquilo que 6 Di_G;_r:_~1ll9,

Nietzsche, muito influcnciudo pclos prc-socrtiticos pitag6ricos c alguns csuiico», nfirmava 0 Ercrno Retorno, mas niio 0 Etcrno Retorno do igual, ldcutico c Mcsrno, c sirn de llido qllaill() 6 Difcrcntc. O' que sc rcpcic, pois, 6 a Difcrcnca, e e a partir

'REFLEXA'O fl,-OSOFICA 12~

dcssc retorno que sc rode dctcrminn r como "cfcilOS" (ialvcz sc p[1S~~' "b11l,. de "t.lujo;(k);") de 19u(!!dade, ldcnridadc, Mcsrnidadc ou rnodnlidadcs destas, tuis como a Scrnclhanca, Equivalcncia, Ann-' logia etc. A vonuidc de potcncia nictzschiuna consistc, entre \)~-cois;ls; n~i-arirmaC;ii6 dcsic Ser do Devir como rcpcticiio das Difcrcncas (no Dcscjo dos Fates c Acoruccirncntos). Rcpcricflo csscnc ial csta que niio sc rcgc por leis, scniio que sobrcvcrn scrnprc au acuso, mais alcrn do Estabclccido, do Hurna no, do Scm c do Mal. Assirn sc cntcndcrn os lcrnas nictzschianos como "viver pcrigosarncntc", \HI a proposra de criiicar os valorcs, mas nun para substitui-Iox por outros, scruio p<lra ucabar com a ncccssidudc de vi vcr segu ndo va lorex cstabclccidos.

O,filtlsoro dinarnarques Kicrkcgaard conccbc a Rcpcticfio como lim m6t()doa--scrvi~od;; Fe e como urn cxcrctcio de Libcrdadc. Assirn como em Nictzsche, nao sc . tr(ll<i COl Kicrkcgaard cia Rcpcticfio segundo as leis da Natureza, ou da rncmoria, segundo a Rcrninisccncia platonicu. Niio c a rciicraC;f1o nurncrica do htibito ncrn a rcmcrnoruciio do Mcsrno Ideal, n50 curna scguncla vcz", e sirn de urn qucrcr rcpetidurncntc aquilo que sc qucr ate 0 infinite. a cicrnidadc de cada insrantch cncsirna porcncin. Nfio sc trata de cxtruir algo novo de lima Rcpcticfio, de com prccndcr \HI de con tern ria r UI11 rcpctir para vcralgo novo, Truta-sc de utuar como objcio supremo til' VOll-ladc·, -dc J~l.7.C( ili.l RcpCliC;iio COl1l0 lal urna novidadc, lim" tarcfa de Libcrcladc.

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122 LI¢OES SOBRE A TRANSFERENCIA

As ccnccpcocs de Nietzsche e de Kicrkcgaard lem basta rue em eomll~~r excmplo, r~;por a Repcticao assurnida como lim movirncnto que nao c:lllelui nunca, mas aprcscntarn tambcrn divcrgcneras: paru Kicrkcgaard a Rcpciiciio assurnida C lim caminho para a sulvacao crista, que scrnpre envolve ceria rcsignacao, cnquaruo para 0 atcu Nietzsche c a rnancira de libertar-sc definitivarncrue da crcnca nos deuscs e em qualqucr outra cntidade garantidora como a Igrcjn c 0 Estado. Mas talvez 0 rnais irnportantc c que 0 filosofo dinarnarqucs procura un~a "Repeiicao DifereriCTi? na ;-ql;ar~~difcrenc_;n val cstabclccer-se entre a Rcpcticiio c o Repctido, scndo que 0 que se ufirrna nfio c um p~lro Acaso, J sirn a _ Repetic_;iio renovadora de casos.

\ Ern N~o-r>m'Ta'coils,s'ie-~;~' afirrnacao

I a bsoluta da RC.R-~!C_;~9.,2'g_ll:1...n.!_~i~,~,'?_ .A.~.~.s..o. Desejar.,.,

.~J:? __ ~~ propiciar os.enconlrospara'gerar os aeon\ tccrmcnros sern conservar rcssenrimcnto algurn ! "porquc niio Ioi como querfarnos" e scm crcr em L~nhum dcstino, Para Kicrkcgaard 0 proccdirnento

tfa Rcpcticfio tern urn forte cornponentc subjctivo e c urna probabilidadc entre outras; para Nietzsche c a unica possfvcl c corrcspondc ao jog» das Iorcas do Devir, c nfio no flrnbito da subjctividadc em particular.

Costurnu-sc opor a concepcao de Nietzsche e Kicrkegaard 11 de Hegel. E sabido que para 0 Idealismo hegeliano o"Ser,que 6 0 Espfrito em si, contcm todas as possibilidades, mas em cstado de indctcrrninacfio. 0 Espiritu em si inicia urn proccsso

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Rff1..00a fli..oo<>F1CA . 123 .

de Ilcga~ao dcsi que 0 obrigu a sa ir de si, aliena ndo-sc na C)(i~\~l~cia <-lc H .. i<j{9 ~iHW"'H.:;J(isLc c PIOduzindo assirn lima difcrcnca. Logo procede a urna nova nega<;~lO, a neg'l~iio da negn~iio, udquirindo conscicnciu da Di lcrcnca e lornando-seEspfrilo para si. Neste novo csuigio eslao supcrados c conservados 0 da afirmacao inicial code sua ncgacao, que subsistcrn rcformuladas na novidadc adquirida. Esle proccsso, charnado dialclico, ubrangc e dirige iodos os campos da rcalidnde, tanto 0 da 16gica intcrna que inforrna 0 pcnsarncnto como 0 da 0<1- turcza, a subjetiviclade c a Historia da humanidade.

No flmbilo da conscicncia c do pcnsarncnto csic processo diz como sc cfctua a passagcrn da simples negacno a ncgacao dctcrminuda. A "cnnscicncia ingenua" ou "alma bela" parte da afirrnacfio de urna ccrtcza subjeriva Sc cia acciia. por nicro uso da



linguagem em urna rclaciio intcrsubjctiva com outra

conscicncia, questionar as condicocs do vivido, daru lugar a cmcrgcnciu de uma vcrdadc objctiva como rcsuliado de urna rclcitura. A rncsrna estura cnnclufda c adquirini plcnoscnti do quando conseguir articular-so na iotalidadc do rnovlrncnto do Devir do Espiriro (Saber Absolute). Essa rigufll da al rna bela, cxposia na 'Fellolllcll%gia {lo"E.spirilO, sc cornplcmenta com outru, nfio monos Iamosa, que c conhccida como "Dialcti0~mo c do Escravo", Esta caractcrizu ~o vinculo illic~SlibTct'lvo que

"sc tlii entre 0 A~110 ou Senh~r, 0 qual demonstra na guerra que cSI:] "mais aldm da vida" porquc. "niio Ierne a rnortc .. ," c II Escravo, que pcr rnuncccu

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124 LI<;:OES SOBRE A TRANSFERENCIA

irncrso nilS rrcncura~()es pcla sobrcvivcncia. 0 AI11O, rani afirrnar scu Ser c scu dominic, ncccssitn que 0 ~~'!._vo sc rcconhccu COIllO 1<11 c 0 rcconhcca COIllO Amo. Asxirn 0 que c lc sc lorna urn Horncrn. Mus (J cscruvo, que niio c ainda urn Horncm neSS,1 rela<;ii() e n.io rode propriumcruc rcconlicccr ningucm, s6 rode tornar-sc tal pclo rcconhccimcnto de ouiros cscravox conscguido atruvcs do trabalho cornparrilhado, com 0 que sc conscguc 0 dornlnio sobrc a Natureza. Neste ponte, os cscruvos, lorna. des horncns, podcriio cscolhcr de cornurn acordo lllll ScnhC}!, 0 ~).Iado, no qual sao rcconhccidos. Esia tcsc cstri apoiada em urnu O~~~.~Qg0 que a lirrna qlle 0 ~omem (..l!lll..SeJ:.u,;;Juli,a, um Ser que c porquc lhc falta e que procuru lim scr de COIll· plcrudc no Desejo similar de outro Ser ... e nunca o alcanca 0 Dcscjo que move 0 homcrn C lim ~csc.io de Ser Plen(i no reco;;'hccilllCIiIO dado pclo 9_~s~,j .. o do OUI!O. A Calla ncgu 0 Ser do Homern que lenl'il'G)~vic<;iio subjctiva de Ser Horncrn, e qua ndo csic ncga cxia nega~iio de rccon hcci men 10 (tornada de conscicncia S<l posslvcl pcla rncdiaciio da linguagelll no ditilogo e a rctrospcccao intersuhjctiva) procluz urna Vcrdadc objctiva esc lorna assirn parte da Totulidadc do Espirito rccupcrado para si. Parece cvidcntc que, para HeBEl, de algurna forma hcrdciro do pcnsarncnro so~ruticl;'[llaI6nic;o.:

,J2..:.~_:;_~_::.~.0.ll!lllJlO, nope ra <; a 0 res po flsa~~ -d~;-~l ~ vi· menlo C a flega~fio c a ncgar;iio du ncgaciio, cstado que clc dcnomina de "Supcrucfio", A nfirrnacao indifcrcncinrla, cuoiica c indctcrminatla inicial d,t co-

,

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REFLEXAO FlLOSOFICA 125

mo produio urna difcrc ncu dcfinida c objciiva depnis da meui'l~rl() de. duus Ilega~(ies dcicrrninudas. o ljue sc couscrva flO prouuto e provavclrncntc 0 mcxmo que cxtuvu contido no "em-xi" viviclo tla ,iI'irllla~iio inicial, nl<ls iransformado por sua inch: .. siio nox concciros da rcflcxao diulcticu. Duf a rllr .. milia ulrirna de Hegel que di/. que "~~~I.~_g~le c_ rucional 6 real c rudo qUt; C real A .. rj1c.:L9.nal". Para

. Hcgel"Tpe'i;I';I~I"lIisir;,"i(l"licsse s~ll;e'r rucionul que sc cxcrciiu a Libcrdadc como "cunscicncin de ncccssicladc de rcpciir", du qual sc C vitirn» quando nfio se ICIll "conceito da rcpciicao" do lgual ou do Mcsrno c do Dcscjo lrnpossfvcl do Ser Pleno. A idcntidadc c. [lois, a Rcpct i~ao scm concci 10, a Di Icrenr;a sc gem polo conhecimento rucional du Rc[lelir;:io.

A c ri_tJ.~!~._r_r~) .. d.~~_I_i,,-~ q lie 0 Ill:.lr_x_LSf)1..ll .. fai'. a .. tI.e_s_c.:l_ ifltrnd iziu lllodiric(l~()eS importunrcs na cnnc cpciio ldcalista do grande ['ilclso['o alcrnfio. sobrctudo no que sc rcfcrc 11 m_'!._l.s.ciill..i .. 0_:,()e_do Real, nHlS_(;_O.!l". ~~.!L~l__Qli!l.c1.!is_:; COIllO proccsso do Dcvir e como MclOUD dO'pcmmmt:n1o t1'l'1C I"riviiegiaa Raza(~,.

~.~b~~lll£'._~~ .. EJ_~fi!~~: . ----"-_. .. ..... .... .

Jii qlle suporturnos ate aqui csta tiridu c insuf .. cicntc vcrsiio ril()sMiCi1';-1T:tt;.mcrm~ ,ic ver-de <ll1c forma cstu longu hisltlria do pcnsarncnro incidc so· brc a Psicanrilisc em gcrul c sobrc 0 problema cla Trnnslcrencia em particular.

. E obvio que scria interessante saber como cssas doturinus participararn dircia ou indirctarncntc, qual Coi (l innuencin quc tivcrurn sobrc Freud, as idcius

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126 U<;OES SOBRE A TRANSFERENCIA

que virnos, alcrn de ourras que nao rncncionamos, como as de Kant, Herbart, Schopcnhaucr, Dilthey, Brcntano, Bergson ere. Ningucrn duvidu, por cxcrnplo, Uti influcncia que Hcidcgger teve sobrc ceria psican.ilisc contcrnporflncn.

Mas aqui nos lirnirarcrnos a colocar algumas qucsiocs que scgura mente nfio seriio ncutras ncrn casuals accrca da polcmica a tua l sobrc qual scria a inspira~iio filosMica que cube rnclhor a conccpcao psicuunliticu cia trunsfcrcncia e algumas de suas conscqucncins cpistcrnologicas c cricas. No corncco dcsta cxposicao dcstacnmos que a Transrcrcncia, tanto em suas ma nif'cstaqucs "visfvei~" como n~ls "latcntcs" ou rnetn psicolrigjcn«, denim "c' lora da analise, c urn proc~..l~R'!:Q!l~~livo .~_ao mcsrno tempo inovador. Vcndo csia dualidadc por outre angulo, dE;-s'c'm-os que a rncsrna Iuncicna como Resislcncia (dcsobcdiencia involuntaria da livre-assnciacao) e por sua vez como motor, campo e material com 0 qual e no qual sc proccssara a cum. Quando rcvisarnos as divcrsas icorias lrcudiunas a rcspeito, dcstacarnos uma dclas, que teruava cxplicar essa dualidadc cia iranslcrencia atribuindo () cfcito resistencial fl trunsfercncia de qualidade erotica c a hosIii, e o cfcito propriarncruc analftico ou curative a Arnistosa. Assinalarnos que cssa conccpciio c considerada purarncntc dcscritiva par Lacan. Durante nosso breve cxurnc cia abordagcrn lacaniana afir- 111:lnlOS comprccudcr que a partir dn rclcituru de ill ibiciio, Sintonia e AlIgli.l'lill: Lacun dcfi nc oj~.@ (jc-rnoi) como instfiucia da rcsistcncia e o·J~.

- RERE~ FlLOSOFJCA 127

i nconsci en te como 0 ~a r dn cadei'I.~,,-\gniJLcllI11C que, anirn ada pelo ..p_f::!_~jo, insiste em sua r.!g~_u.~a do F~.9 e cia rS_Det i~E .. Q __ c1g_.rn.~.s.fl_l_~_.~.a rcisfstico. E

. clare que cssa cadcia signif'icanrc 56 constitui esse significantc Ialo como urn mcsrno ilusorio, real Cdtimo buscado per dctras da scric ja constituida e sistcrnritica das mascaras significarucs. 0 Ialo dclirnita 0 ponte no qual a pulsfio erotica sc realizaria na [usilo entre sujcito e objeto, ainda 10- giclll11ente anterior 11 Idcntificnciio Prima ria. Encentro impossfvcl do qual cada cnsaio fulido, Ialt()SO d.1 C0l110 rcsul tado urnu Iorrnaqao do inconsciente que, urna vcz a rticulada com as (Jutras c dccifrada, configura a jii mencionuda "Rcpcticao Difcrcncial", a Dif'crcnqa de Scnrido de cuda Rcpciicfio. Sabcrnos que esse cncontro falido e causa do por ccrta forma do Acnso que Lacan rclcre

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a T~hc ~ __ ~~_:;.t_olelcs, que as cfcitos que gera

, sao da ordcrn do imagiruirio, c que scu destino analftico (como diri;'F~-c~dye scrcrn ligaclos, Stlbordinados ao proccsso sccundario para alimentar urn resultadorle recordadio e domlnio dos afcros contraries a atuaciio ou 11 sinronuuolcgizacfio do Dcscjo. Segundo Lacan, 0 Il11agin~ri_() dcvcrascr subordinado pclo ~~gisi'ro si'n~-b'6iico, para sci' ~jst'o, co~ r~c~'~didt)'~'~onci lifdo~n()-r;rOCesso ana 1ft ico.

Scjarn quais Iorcrn as sutilczus e obscuridaclcs dcstus lciruras (c niio sao poucas), e diffcil dcixar de crcr que a proposta unnlfrica giru ern tor no dus

scguinrcs cntcgorias: , .,

-D_::C7Z)-i;;c~;';I-~~alidade nao-pslquicn entre paren-'

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128 LI<;:OES SOBRE. A TRANSFERENCIA

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tcscs para so ler e opcrar sobrc <J psiquicn, em especial il lnconscicntc.

._1.) Enrcndc 0 lnconsclcnrc cnquaruo transindividual cstrururado como \1111<1 linguagcrn cornpostu de siglliric<lllles, sobrc os quais "pcsa [1rtlscri<;iio" que Iuharn il disposicilo do sujcito que rala para complciar as Iul hus do dixcurso.

].2 Para podcr dccilni-lo parccc colocar IOUO signilicado entre purcnrcscs para lcr c inicrvir arenas sobrc a significflncia, assim como cxigc que toda a<;ao corporca ou social significativa soja inibida rcduzi ndo 0 "material" it scqilcncia na qual supoc podcr localizur c circunscrcver as rcpcricocs truns-

fe rc nc i a is sign i rica n tcs. ..

_'D_ Define 0 Dest:jo como umu for<;a que insistc em anirnar a cadcia significantc no scruido da rcreli<;ao de urn significuntc originario que, [lor scu valor irnaginririo, c a marca da alienac;ao do sujciio. da Unidade Prirnitiva Pcrdida.

. 52. Alirrna que na procura rcpctitiva do valor jD..~o do signilicuntc primordial. 0 sujcito, constituido Ila transfercnciu, tcutnrti tornar 0 anulistn [lor sell Ego Ideal c conlormur-sc em scr "objcto a" rara aquclc, Mas que, em rigor, sua [luls:l<;ao inconscicntc cncontrarti 0 dcscncontro, a Ialrn do objcto que, lima vcz dcvidarncntc .~imbolizado, 0 lcvar.i il rccu pcracao de urna ui rercnci;;!id~;-;te na r~[l:li<;ao que sc plasrnarti como urna ~~~~_de_I2Qj

.2lS'Il) na eSI~ur,~ lsto lhc r\!~litid scguir irnagi~~~...s.I_£.U.E\;.'.~!l_(I0__~~~ ilus()cs~ buscando-6-gozq ...£.~~0e nu~::~~_:~ !:iTI(;fClic i a I gOl..D- pr;z-;:.".

-'-'~'--'-"-'-'-- '.

REFLExAO. FlLqSQFICA 129

lllilologiz~lndo, desml:;.l.i{lcando c sublirnando inter-

_niTn;I~-e l!~l~;;lc-.Err";;-;;rm ()S~~;;~;'~l a i~'~~;-ri~i~(;s -m;-cm--EiiTCgorias rilosMicas sc podcni -dcnorninar

estes rcndirncntos COIllO sc quiscr: rcconslrll<;~o du hisl(lri:l, t1a novel a Iarniliar, tr:tl1sr()rnw~iio d:1 ReJlcti~'-I() cla ldcntidade SCIll conccito nu Re[leti~iio Difcrcncial ror COllceilliali/.:t~i"lO dn Di lcrcnt,a, desC()IlSlrl1~'-lo do dcsiino l nconscicntc. numcntn da cupacid.ulc de cscolhcr etc.

Sc sc rcpassarn as rosi~()es rilosMicas que anicriormcntc traiamos de rcsurnir, rcsultnra que a conccpciio psicanalitica da Rcpcticiio c da Difcrcn<;a parccc tcr rnuito muis a vcr com :1 linha de Pa rmcn ides, Socra tcs, Plauio, Aris iotcics, Sa nto Agostinho, Descartes, Kant, Hegel c Kicrkcgaard do que com a de Hcracliio. Dcrnocrito, sofistas, cstoicos, Duns Escoto, Espinoza c Nietzsche. Mas, scm dlivid,l, as coi8L!). niio S:iOICI.O simples.

Tres_9l1est0~--S;;- ar~csci1liln-;: ---'_

ITA rsic;~n-alisc ad ere a urua co nccpciio da Rc[leti<;ao do rncsrno como ldcniico, lgual, Scrnclhantc, An.ilugo ntl Eqt-Hvakntc'!

2) Ou :l urnu da Rcrt:li~:I() da Dif'crcnca como

Rcpcticao Difcrcncial (HI conccitual e/ou signii"i- L._Aq;-J cantc em qualqucr das m,l<lalidadc~ H{;inw'ciwi.lu:;

do Dcscjo COIllO Falia? Psican:llise c icncia Ocidcn-

ta I?

J) ~I a Psicanalisc Ira/. implicit», virtual, urnu

conccpciio da Rcpcticiio do Scr COIllO Ser da Dii"ert:!.~ll, Pura Difcrcnca, singularidades e mUltirii: 'citG"dcs, 0 Dcscjo como von lade . de Poicncia. de

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130 lI<;:OES SOBRE A TRANSfERENCIA

afirmucao da Difercnca, do cncontro c do Acaso, "Quast: cicncia dos bons cncontros?"

Esias pcrguntus, cvidcntcmcn:c, niio sao arenas rctoricas. ncrn muito rncnos urn cxcrcicio acadernico. Para comcc;ar a responde-las c precise romper com ioda ortodoxia, particularmcnre corn turna seric de crcncas que lhc sao caractcrfsticas. Por cxcrnplo: c a ~icaflalise urn saber e urn Inzer cujo gruu de aperIcicoarncruo a lorna a iinica Oll preferencial opcao para erucndcr c resolver toda c qualqucr sitllac;iio na qual cstejarn cnvolvidas as subjetividadcs sofrentcs ou as produiivas. Existe UMA psicanalise ou UM desenvolvimcnto da mesrna Icito [lOr UMA cscola que clausurc dcfinitivarncnte outros possiveis ou virtuais? Sao lacrfvcis os crnprcgos tcoricos, mctodologicos, iccnicos, csinucgicos ou uiricos de alguns rccursos p~ican.alilictls por fora da cspccificidadc c cia profissionalidadc da disciplina, nrticulados [IS de outras prtiticas e ainda a outros modes de prouucao da vida cotidiana?

Tudo quaruo ruio sc rcpctc como difcrcntc csui rnorto, mas ainda assirn podc servir como cstrurnc,

"

A TRANSFERENCIA Consideracoes Finais Provis6rias

S UI'ONIIO que icnha sido possfvcl enlender, durante 0 iranscurso dcstas Hulas, quc a rransfcrcncia c urn proccsso real c material. Por real c material quero dizcr que a mesilla acontecia e aconiccc indcpcndcntcmcntc de que nlgucm sc tcnha ocupado de invesliga-Ia dcf ibcradarncntc e de intcrvir sobrc cia para cncuminhri-la em uma ou outru dirccfio.

Espcro que tcnha ficado clam que csic laiD tornou-sc objcro de cnnhccirncnto c tic opcraqfio para divcrsas d isciplinus c prtiticas.

Nu cxistenc!« cotidiana as pessnas costurnam pcrccbc-la c designa -la por d i Icren tcs nococs rnais ou rncnos vagas, Hl'sim aww .(.;(~mflD.ruu:-!O!: .a sell respeito de rnaneiras que podcrinrnos dcnorninar de nfio-espccff'icas. Niio cpor cnxualidadc que Freud cnfatiza que Cl lrtl,"~k"ftllci!1 q~1"c se tM -easessao analuica c similar a que acontccc Iora ucla, variando sorncntc 0 lISO que sc fa? da mcsma.

Vtirias ciencias a dctcctararn e conceitualizararn em scu proprio campo c a mancjam com proccdimemos pcculiarcs, tal C 0 caso da Antropologia, da Lingliistic[(,lla Scrniorica, cia Historiti, da So-

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132 LlGOES S08RE A TRANSFERENCIA

ciologia, da Econornia, da Pcdagogia e ale da Psicoiogia.

Ccrtus prriticas de esuuuto especial, como n Poluica c 0 Dircito, scrnpre rcconhcccrarn os Icnomel~os trunsfcrcnciaise atuararn em relac;iio a clcs de forma rarlieuiar,enquanto algo purccido ocorrc com a Mcdicina como tcrrirorio de cOlinucncia de n urn c rosos sa he res.

. Por ultimo, rccordcrnos que a Filosofin rcflctiu lar(~lmen.le sobrc a quesliin com base nus catcgorias de rcpcticiu: c difcrcnca, em coruplcxa irucracfio com tollils as ()u tras ilbortlagcns.

Scm duvicla e no dornf'nio du Psicrnuilisc Ircudiana que umu nuxlalidadc cspccffica de cntcndimen to c cruprcgo da Trunsfcrenciu adquirc urn nivel de caracteriza<;rlo tcoricu c importaricia tccnica que sc tornarnm paradigrmiticas em roda a cui tum moderns e conlemrorfinea, de forma que os outros sabcrcs Iornrn notuvelmente influcnciados pcla conccpciio psicanuluica.

Virnos tnrnbcrn que os continuadorcs de Freud partindo de algum dos aspectos (arniudc dcsconexos c ale contradirorios do trararucnro que () criador da Psicantilisc dcu no aSSUIl(o), dcscnvolvcrum-nos dcntro de suus rcspcctivas oricntucocs.

Pcrrniti-rne insisiir ria nfirmacfio de que cssas nbordagcns Ircqiicntcmcnrc i'oram intcrcssantcs c valiosas, mas que ncnhuma dclas pede arribuir-sc II mcrito de scr a unica c a mclhor posicfio sobrc a m.ucria. ~uil() l11el1<)S prctcndcrfio sustcntur que o tcrna eSla concluklo ou (IUC as sugcstoc» [lre-

-';

CONSIDERAGOES FINAlS PROVISORIAS 133

scntcs na obwLlc Fc.clJu csicj a rn c.~gnJadas.

Em urn de scus cscriios, "Multiples intcrcs del Psico5nalisis",0 f'undador da disciplina incursionu em nurncrosas arcus da vida hurnana nus quais a Psicamilisc podcria vir a tcr im portanc ia cxplicativa c opcracional. Algumas dclas, como a Biologiu ou a Aric, nfl() implicurn necessariarnente lim proccdirncnto clinicu, ourras SUr(-)CI1l rnodos de inrcrvcn~fl() CJue n:-Io rossuel11 ohjciivos "tcrnpcuticos", embora cxijarn ccrtas rnanohras eSlr:ltcgicas c uiiicas.

Esta Psicaruilisc xc dcnornina "upl icuda", nome nflo rnui to I'clil., cnquanio a pr.iticn da Psican.ilise consisic na aplicnciio cln tcoriu c do rncrodo psicunaliticos mediante adcCJu:l~ii() dcsics a cadu siluac;iio cognoscitiva c cxpcr imcntal sui gcncris. Neste tiro de cstudo cnquadrurn-sc pcrfcitamcnte rnuitos' dos rcxtos Ircudianos, em especial os que intcgrarn a charnada '~)ra Social" .. Desdc csrc pon- 10 de vista ou loti" a Psicuntilisc 6 "nplicada" ou ncnhuma 0 C.

Por outra partc, irunsltarrros 'nnsuuttrspor urna rtipidn visfio de algumas novas "disciplinas" (por chama-las de algurna mancira) ()U subcrcs, tuis como a Analise l nstiluclofuil cu Esqui:i.O[IIllHisc,qtlc incorporarn elementos da Psicanalisc c as quais j:\ nan sc podc qualificar ncrn de "Amilisc uplicada",

. Sao vcrdadciras "invcnqocs", ou scja, novidadcs cujo valor hcurfstico e pr.itico niio c julgrivcl i1penns dcsdc os concciios psicanulftic os. Cadu urria dclas tern sua redc!'inic;iio do que 6 Transfcroncin. asxirn corm)" de vririos outros rccursos clilssicos. Em rc-

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1 34 UC;:OES SOBRE A TRANSFERENCIA

lacfio a csras inovucoes talvez a rncsrna Psicanalise tr adicional possa ter alga a aprcndcr, Os accrtos e erros, assirn como a real transcendcncla des las corrcnrcs, dcrnusiado jovcns, s6 podcrfio scr avuliados com .0 tern po.

De qunlqucr forma, 0 que niio podcmos accitar e a dcsquul ificaciio dogrnatica que umu oricntaciio psicanalfticu faz das outras, ou a que sc tcnta, em nome da Psicu n.ilisc, com qualqucr outru disciplina classica ou rcccruc. Segundo as cscolas Iidefstas l1s quais acabarnos de nos rcfcrir, ioda "Psicanalisc" que' niio seja como cada LIma dclas detcrrnina, "nao c Psicanrilisc", e os mctodos e proccdirnentos assurnidamcntc nao-psicanalfticos nfio tei'i). direito de tornar nada da Psicaruilise porque, supostarnente, niio couscguiriio Iaze-lo scm dcsvirtuar per completo a cspccificidade psicanalitica. Adernais, esta espccificidudc sc postula como indicadu c prcfcrcncial para toda e qualqucr situacao, sendo que estc privilcgio huvcrri de scr csiimudo exclusivemente com os critcrios internes da cscola em pauta c nunca com os de outrus abordugcns possfvcis ou aindu corn os tin inspiracao intuitiva, Assirn, toda avaliacao da intcllgibilidadc nas lcituras de urna conjuruura Oll da cficicncia de lima intcrvcncfio carcccria inteirarncntc de validade porque "n50 entendo" us prcrnissas c rncras DESSA Psicanalisc que, freqiientcrnente, nao se esforca muito para ser entcndida ncrn para dcmonstrar sua utilidade,

E [aeil irnaginar que esta atitudc podc conduzir a descnlaccs do tipo dos que sc tornarn express]-

varncruc insinuados naqucla celebre c auto-ironica scntcnca mddica." A-(jfierac;a'o Ioi u m succsso, mas

o pacicnic lalcccu".

Obviurncntc dcvcrnos crcr que qualqucr argumenlo cpisrcmologico lcgirirnudor de urnu postura de ta manha arrogflncia ruio c scnao lima racionnI iza<;iio de i ntcresscs corpora ti vos, pro Iissiona I is ta s ou aindu rnfsticos, mas jarnais urn a auientica vocac;iio de conhecimento e prcstacao de services.

No ambilo da transfcrcncia nunca sabcrcrnos 0 suficicnte c nao existe proposia que nao devarnos estar dispostos a considerar.

Sc para cornecar a pcnsar aceitarnos, por cxernplo, a afirrnativa de que "a traosfercr:~l~!.L~_.r()~,I~ em aro da realidadc do Inconsciente", do ponte de parlid~i dcsla firoro-si~ij'o(c~)mo-'Je' qualqucr outra) abrcm-sc rnilhares de carninhos para 0 qucsiionamenlo.

De ccrto modo tra tci de sugcri-lcs nas difcrcntcs Hulas, tcntundo scr cocrcntc com H idcia de que, ncssc terrene, vivcnjosurn tempo noqua! e aipda rna is Iccundo m ulti plicur c reform LI lar consia nrc-

mente os inrerrogantes do qLle lcc hri-los em con- '. . ... clusocs rnais ou.mcnos .Ianaticas. '.:V"7;;<';~:;'~;;

Este inconscicnte (ou os inconscicntes), seja mo- . .

delizado-~omo lim cspaco o-;~;;n-'~i';e'ma anirnudo

par lim processo que lhe c proprio, cngcndrado no .'i

jogo entre as pulsoes e as rcprescntacocs all no do

dcsejo e as substituicoes na cudcia slgnificante ...

seja ordenado em urnu estrutura naquni 0 sujcito 2.

se constiiui como. urn luger ... soja forrnado como :>

CONSIOERAC;:OES FINAlS PROVIS6RIAS 135

I

)

136 ll<;:OES SOBRE A TRANSFERENCIA

) )

urn "caldciriio [crvcn tc de cs timulos" 1,1i como ~i.0ill II define ern 0 Ego e () Itl:

E urna forma \'~i~;:-~sal-~i';l-';:lriantc 11:1 qual apenus mudnrn os COflldidllS que as Ifnguas c as soc icdudcs, ou as particularidadcs dos sujciros, intro-

duzcrn ncla? .

..':,1 Ou consistc ern lima substflncia produiiva que

sc autogcricra de infinitas Iorrnas, cada vcz unicas, que por sua vez realizarn irnimcras rnodalidades d i Icrcntcs de subjct iV:1~iio?

.0 cornplcxo <.Icsejo-significantc-fantasma-sujei-

( to-Outro-outro cstri rcgido por rcndcncias itcrutivas cuja Iuncfio e tcruar rcpciir 0 Mcsrno ... scja segundo urn rnovimcnto regular que [HOCUra rcstaurar urn cquilfbrio "pcrdi<.lo".,. scja dirigido a lim "mais alcrn" de imobilidudc c silcncio Iota!' .. inclinacoes cstas de sua marcrialidudc relacional s6 altcrntla dcsrl I III icarncntc por coni i ngcncias pulsionu is?

l Ou sua csscncia e a da Producao em si, de si, c porquc sim, cuja iinica "lei" e a <.10 acaso radical que concern multiplicidadcs, puras dif'crcncas, en-

! ." gcndrando scm ccssar devires singulares?

I .... """IP!.JiZ;f·<'~'\ A trunsfcrcncia e lim proccsso do sujcito que,

·;frl.p- I 'inlp'ICI"I) "'1' 'I

i\ ,d, ( por urnn ul crcnca ocnsiona , rnostra rc-

, pctitivarncntc como consiirui seus objeios ... e sc upurccc como Rcsistcnciudo Saber, do Ego, do Discurso ou du Coruunicucao 11 vcrdadcs que rcmCICIll Iinulrncruc 11 Vcrdadc Ncgariva da Castra<_;iio, dn Fulta, do Nuda c de nosso Destine Mortal?

,'/ Ou a Transfcrencia e 0 Proccsso do Real Mes-

c

rno-Abstra to-Subjctivo- U nivcrsa I-P~si iivo, a De-

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CONSIDERA<;:OES FINAlS PROVISORIAS 137

,\

sorclcrn Pro<!U\;VH (~H V~da .. , Joiile dcsar ma inccssanrcrncntc iodos os tcrr irorius rara criar incessanlcmente novas rcrras. .. c s6 apurccc como Rcsistcncia 'ao scr capturado ror Icg,tlitl.iIlles de qualqucr ordcm, incluido 0 Sirnbolico?

E, como corolario, a Trans l'crcnc iu .. , dcvc scr "dissolvida" ... "cl abo rudu ". .. "rcu nimadu" a co ntinua r dcslocando-sc de significautc em significantc mediante a "tornada de consciencia", 0 "insight" ou a "rcpontuaciio" .. , ou se trata de i;lIellsirica-la c libcrii-la para tleflagrar suas potcncias, suas virtualicladcs intrinsecamenle afirmativas ate conscqiiCncias que nunca siio ultirnus ncrn prcvis ivcis?

Tudo cons isle em assurnir que valor ntribuirnos 11 Transf'crcncia em nos rncsrnos, c ate ondc desc[urnos lcvur nosso "amor pclos futos" (Amor Fali,

. ,

como dizia Nictszchc).

Suspcndarnos aqui nosso cncontro, nuo scm anres citar urn jovcrn psicanalisla que, aindu com as limiiacocs de sua visfio, regislm 0 "rnal-cstar de nossa cultura profisslonal" atravcs de urn agudo anal isador:

_ "No 'Trnlll11deulung' Freud afirrna, segundo

me parccc. q~aquciZ(iue intcrprcin 0 sonilo c quem 0 suporta: 0 anulista parccc niio rnais interprctar nudu. Enrrcinnto, nos, analistns, supornos que intcrprctumos, cell crcio que iSIO sc sustcntu sobrc Lima cspccic de Si\UEIZ MUlTO !MI'OI~Ti\NTE que tcrnos. E digolCnws ptl<'lucuiio ~ acrcdiiamos como tambcrn 0 cxcrccmos, enlao parccc que 0 tcrnos, Eu pcnsava sc em tudo isro qLle virnos snore

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138 W;:OES SOBRE A TRANSFERENCiA

a inlerprcta~iio nfio ha algo que sc rclacicna com a cxposicao que Iazcrnos da tcoria, As vczes me pcrgunto por que sao tao scrias esras rcunioes nus quais todos sabcrnos rnuito. Os que cstiio aqui perque Ialarnos, os que estiio In porquc se calarn, tudo supoc saber, niio sc junta ao humor, cssa vacilacfio da pa lavra na qual sc rcvcla sua absoluta polivalcncia que faz surgir algo da ordcrn do dcsconhccimento. H,j vezes que algucm sc pcrgunra se uma intcrprctaciio, no rnclhor scntido da palavra, nao tern rnnis a vcr com 0 chistc, com 0 humor, com esse 'absurdo absoluro que sc produz, ondc algo niio qucr dizer 0 que diz scn.io que diz outra coisa'" (Oscar Gutierrez, La Tras[erencia, Ccleccion Plurna Rota, Madri, 1982),

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SAUDE EM DEBATE

TITUI,OS EM CAT.\LOGO

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Swirl,' c Prcvidcnci a: Estu dos ilc Poliuc« Sociul, Jost de Snuza Braga c Sergio Goes de Paula (2 cd.)

.'\ ,)'(//it/c 1/(, s F,ih,.h_'ax, Giovanni ncrlillg.Ut.·[,

;\fllhh'J/!I.· de Trah,ilJlO: i\ 1.11/0 elos Trab{/llt(/dl1J'C's I}L·I" Scnulc, 1\':1'( Oddnue CI al

Frologio: Copi/al, Tr(/I"i/"" (" Amhil..'l1/(.', Laura C(lnti

Smith' Para To.ios: '1111 f)~',wfio (til Afullic;p;o, David Capislr:11W lil ho c Apa rccida l.inharcs Pimel!la (2 cd.)

Os I'dc,:r/;co.\· t' (/ Politicn de Saiul«, Gasiio \Yagncr de Sc uza Campos 5(/[1(1(." c Nutrich» tlas Crian cas de S(io Pontu, Carlos t\ugU$[() Monteiro e t ill

I:'pidcllliologi(/ dCI f)csiguofdcllh:, C~sar G. Victura, FCflt:lIldo C. dc lIa r rus c l'utrick Vaughal! (2 cd.)

Smid,' do T .. ahlll/wdo r , Apa rccicla Linha rcs l'imel!la e DaI'id C'l'islraflo

Filhn

II {)oell\'a Giovanni llcrtlnguer

Etil/cal,in ""1',,10" 110.1' Sen'ilos de Smulc, l'.)'lllar M. Va sconcelos T,'pi('os dL' Soiul« ilo T r aboltuulor, Frida tvlaril!;t Fischer, Jorge U:I

Rocha Gomcs.e Sergio Cotacloppo

T r abalh» L'/If TIII'IIVS e Noturn», Joseph RUlcl!f r anz , l'crcr Knauth e Frida tvI:tril!:I Fischer

Pr()g!,£~l1w tit.: Stuulcdos Traballuulorcs (ll £xpcriclIC:ia d(/ ZOlla Norte: '"tllI Altcrnatlva cut Smide Publica), Da I! ilo I' ern a nucs Cos 1:1, Jose Carlos do Cnrruo, Mari:l Mne no Scuim i c Uhi ra 1:1 I! dc Pa ula Santos 11 Smide do» Culadcs, IUla 12"I\\:Il!h,,1O e Nilan P<,reira Almeida Smulc (.' Trabolh o: (I Crise da Pn.:\.'i(h~l/ci(l Sociu), Crislin<l Possas (2 e d.)

Smidt' N,iu Sc 1)6: COl<'I"iSIO-SC, Dcrnocriro Mnu fa

El,itiemio/(}gic,' (.' Snri~dlldc (ih'fi:rfi!>(.·!I,·id(/dc f"''1f".ti1~m e Smu!« ftO Brasil), Cristina l'ossns

Proccsso tlc Protlnciu: c SlIt/c/e (Trobalh o c f)c:xgastc.: Opcrario), AS:!

Cristinn Laurel! c Mnrinn o Noriega

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porte, Glann! Tognoni c Sucly Rozenl'dd

Ed"em,cit> M,:dica c Capitalismo, !..iIi" Blinla Sch ra ibcr Epidcmiologin: Tcoria c Ohje to, Din:l Czcrc snia COSIO (org,) Sobrc C1 Munciru dr.' Tr(IIISlIlixs£;1I do Cdf,'rCl, John S!1tw{'

1'/UIlc"jOI1fL'/I(O svtu Normas, Gilsl,io \Vagflcr de Souza, Emerson Eli;Is Me rhv c Evcrardo Duarte Ne nes

I'ro,t.:rtlmc/\:{jo cm Susulc lip},,·, Lilia Blilll:l Schrnihr r (nrg.)

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