As Dificuldades de Aprendizagem e o Papel Do Psicólogo

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 22

AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM E O PAPEL DO PSICLOGO

ESCOLAR NA ESCOLA

Maria de F dos Santos, Ngila Lovo, Rita Coelho, Waldemir J Fantucci, Beatriz
Machado

RESUMO

A inteno deste artigo refletir acerca das Dificuldades de Aprendizagem (DAs) e do


modo de ensinar, considerando o papel do psiclogo no contexto escolar e nas equipes
interdisciplinares das escolas. O trabalho, alm de discorrer sobre as dificuldades de
aprendizagem e suas caractersticas e especificidades, tambm retrata as possveis
causas e fatores que as desencadeiam, visto que os indivduos sofrem influncias
multivariadas. A importncia da escola no est apenas em transmitir os
conhecimentos construdos pela humanidade, mas tambm por ser um local onde as
dificuldades de aprendizagem podem ser identificadas com maior facilidade e
agilidade, j que o espao a principal fonte de alfabetizao, onde as crianas tm
oportunidade de contato com a leitura, com a escrita e a matemtica. O presente artigo
resultado de uma pesquisa bibliogrfica, e para isso foram utilizadas referncias
especializadas impressas e on line. A partir da pesquisa realizada constatou-se que as
crianas que apresentam dificuldades de aprendizagem devem ser identificadas e
encaminhadas pelos professores. O psiclogo escolar, faz parte da equipe da escola,
este deve atuar de forma interdisciplinar, e ter viso sistmica para a construo de
aes que visem todos os elementos da escola bem como, pais, comunidade e as
instituies que possam estar estabelecendo parcerias para atender as crianas com
dificuldades de aprendizagem e ou comportamento.

Palavras-chave: Psiclogo Escolar; Equipe Interdisciplinar; Dificuldade de


Aprendizagem; Criana.

ABSTRACT

The intention of this article is to reflect on the learning difficulties (DAs) and the way
of teaching, whereas the role of the psychologist in the school context and in
interdisciplinary teams from schools. The work, in addition to expatiate on the learning
difficulties and their characteristics and peculiarities, also depicts the possible causes
and factors that trigger, since individuals suffer multivariate influences. The importance
of the school is not only in imparting the knowledge constructed by mankind, but also
for being a place where learning disabilities can be identified with greater ease and
speed, since the space is the main source of literacy, where children have the
opportunity to contact with reading, writing and mathematics. This article is the result
of a bibliographical research, and for this we used specialized printed and online
references. From the survey it was found that children who have learning difficulties
should be identified and forwarded by teachers. The school psychologist, school team,
this interdisciplinary way should act, and have systemic vision to build actions aimed at
all aspects of the school and parents, the community and the institutions which may be
partnering to meet children with learning difficulties and or behavior.

Keywords: school psychologist; Interdisciplinary Team; Learning disability; Child.


INTRODUO

Na atualidade pode-se apontar, sem medo de errar, que as Dificuldades de


Aprendizagem (DAs) tm sido um assunto muito estudado devido ao nmero de
crianas encaminhadas para atendimentos especializados e ao ndice de reprovao e
evaso do Ensino Fundamental. Isto solicita vrias informaes que partem desde a
questo poltica at a escolha de estratgias educacionais nos centros de Educao
Infantil (CMEIs), passando tambm pela sade pblica, que necessita de maiores
condies para realizar a sua misso e tambm pela discusso sobre a realidade da
sociedade brasileira neste momento histrico. Porm o presente artigo tratar no s
das DAs, como tambm do papel do psiclogo na equipe interdisciplinar da escola
atuando junto ao professor, bem como as habilidades que compem a aprendizagem da
leitura, da escrita e da Matemtica.
Para tanto, foram utilizados alguns autores como referncia para se discutir
acerca das DAs, para que seja possvel elucidar um pouco este assunto que para muitos
profissionais da educao ainda requer aprofundamento, e devido a isso, no
conseguem ajudar adequadamente crianas com esse tipo de problema, sem mencionar
ainda a questo do papel do psiclogo na escola que ainda pouco divulgado no
contexto escolar.
Vale ressaltar que o nmero das crianas com DA cresceu muito nos ltimos
anos, de maneira geral, no mundo inteiro. De acordo com Correia:

Nos ltimos 20 anos o nmero de alunos com dificuldades de


aprendizagem (DA) aumentou consideravelmente tendo
passado, em Portugal, de umas dezenas de milhar para mais de
uma centena de milhar. Atualmente estes alunos constituem
cerca da metade da populao estudantil com Necessidades
Educativas Especiais (NEE). (apud CORREIA; MARTINS,
2005, p.4)
Segundo Oliveria (et all, 2001) Em funo da importncia que a aprendizagem
assume na existncia humana e da constatao dos problemas enfrentados pelas
crianas durante esse processo dinmico e recproco que se estabelece entre o homem e
seu ambiente, muitas pesquisas realizadas na rea das DAs focalizam as habilidades
consideradas instrumentais para a vida social e acadmica de um indivduo.
importante que alunos com DA sejam devidamente diagnosticados e tenham
um acompanhamento adequado as suas necessidades. Para isso os professores e a
equipe pedaggica devem estar atentos ao: ritmo, grau de dificuldade na realizao de
atividades acadmicas e s etapas do desenvolvimento cognitivo, afetivo no qual as
crianas estejam, para a partir destas identificaes elaborar estratgias que possam
atender adequadamente o processo de aprendizagem.

O Papel do Psiclogo na Escola

preciso questionar acerca de as instituies de ensino promoverem a incluso


dos alunos com DA e se realmente esto incentivando-os a superar suas dificuldades,
oferecendo condies para que isso acontea. Embora se tenha conscincia das
complexidades de fatores decorrentes das dificuldades de aprendizagem, segundo
Ferreira (2010, p. 70), serenidade, organizao, responsabilidade, trabalho e empenho
ajudam a enfrentar os desafios. O psiclogo deve auxiliar os educadores a terem como
foco no a dificuldade, mas a promoo de superao dos limites e desenvolvimento
das eficincias.
necessria uma maior sensibilidade em meio aos profissionais envolvidos na
educao e tambm entre os familiares de crianas com DA, para compreender e aceitar
o jeito de ser de cada criana, sem exigir um desempenho comparativo entre elas.
Lamentavelmente a sociedade e at mesmo instituies de ensino tm estabelecido
modelos que muitas crianas no conseguem atingir, por ignorarem o fato de que
existem ritmos diferenciados na aprendizagem.
Diante deste quadro de falta de informao e da existncia das crianas com
DA, o psiclogo deve valorizar todas as habilidades que estas possuem para a
alfabetizao e ao mesmo tempo fortalecer a autoestima infantil e oportunizar novas
condies para a efetivao da aprendizagem. Ferreira defende a importncia da
Psicologia na rea educacional dizendo que:
(...) a Psicologia, mediante as intervenes psicopedaggicas,
muito pode contribuir para o desenvolvimento no s
educacional, mas do ser humano como um todo, com suas
tcnicas e parcerias que se unem a favor do outro. necessrio
aceitar que cada sujeito tenha sua construo social, cultural e
uma histria de vida. O importante sermos ticos e
trabalharmos em funo do outro. (2010,p.71)

Para os psiclogos o aprendizado visa ao desenvolvimento cognitivo,


intelectual, afetivo, social e ao aprimoramento do potencial humano, considerando que
cada indivduo tem seu tempo e sua forma para desenvolver todos esses aspectos.
Sendo assim, o psiclogo deve olhar para as pessoas com respeito e sempre acreditar
que todos so capazes de aprender, melhorar, mudar, ao mesmo tempo, compreender o
limite de cada um.
Para se trabalhar as questes das diferenas, as atividades em grupo so uma
boa estratgia para observar o quanto cada pessoa pode complementar na realizao das
tarefas, na construo do todo, pois assim elas podem ter a oportunidade de perceberem
o quanto cada uma importante, mesmo com suas diferenas, j que cada uma tem
muito a contribuir com suas habilidades e experincias. Como aponta Ferreira (...) unir
saberes torna-nos mais sbios e produtivos. preciso descobrir novas perspectivas,
dividindo e somando com o outro (2010, p. 60).
O psiclogo, para realizar um trabalho de maneira adequada, precisa estudar
cautelosamente as relaes que se do no ambiente escolar, para entender esta realidade
a partir destes conhecimentos deve procurar intervir de modo a contribuir para a
soluo dos problemas existentes na escola, utilizando como base o contexto escolar e
da comunidade. Ou seja, o psiclogo no pode olhar para apenas uma queixa do
professor, mas ter uma viso mais ampla possvel do todo e assim compreender as
partes do todo e como elas se relacionam.
Alm de contribuir para a melhoria das relaes entre os profissionais e entre os
professores e educandos, a presena do psiclogo na escola tem que ser efetiva para a
identificao das dificuldades tanto de educadores quanto dos educandos, para que a
partir delas ele possa criar estratgias para a superao das mesmas.

A Importncia do Trabalho em Equipe Interdisciplinar para Identificar as DA


A presena do psiclogo escolar no realidade na grande maioria das escolas
brasileiras, porm se percebem os benefcios que esse profissional pode trazer
aprendizagem dos alunos atravs da identificao e interveno nos casos que se
fizerem necessrios de DAs de ajustamentos, bem como orientaes para a direo da
escola, da equipe pedaggica e dos pais. O trabalho do psiclogo escolar, de acordo
com Novaes:

Tem como meta principal o ajustamento do indivduo, alm


disso, a sua prtica profissional envolve ao junto a diretores,
professores, orientadores e pais com a finalidade de conseguir
condies que favoream o desenvolvimento da personalidade
do escolar, no ficando as suas funes limitadas apenas ao
diagnstico de alunos considerados problemas ou difceis.
(1972, p.24)

Novaes diz ainda que:

Cabe ao psiclogo escolar a aplicao dos princpios da


psicologia da aprendizagem, da motivao, do desenvolvimento
e do ajustamento para o estudo do comportamento da criana
escolar e do seu meio educacional com o objetivo de facilitar a
aprendizagem e o desenvolvimento humano atravs de
preveno, identificao, avaliao e reeducao dos problemas
educacionais nos diversos nveis de escolaridade. (1972, p.26)

Os psiclogos devem dominar os conhecimentos tericos e prticos sobre as


dificuldades de aprendizagem que possam encontrar em meio aos alunos, j que um
diagnstico precoce possibilitar o melhor desenvolvimento da criana, quer seja na
aprendizagem quer seja no desenvolvimento pleno.
De acordo com Darley:

O diagnstico na educao est ligado identificao dos


problemas especficos, devendo ser, primeiramente, encontrado
o problema mais frequente naquele meio escolar (econmico,
social, do professor, etc.), possibilitando assim, uma orientao
e aconselhamento apropriados. (apud NOVAES, 1972, p.82)

Uma criana DA sendo diagnosticada nas primeiras sries escolares poder


evitar que fases do desenvolvimento da criana sejam distorcidas; j que um fator
muito marcante na vida de crianas com essa limitao a excluso. Elas tm sofrido
preconceito por no conseguir acompanhar o ritmo das demais e, portanto, no ter o
mesmo desempenho almejado pelo currculo e pelos professores.
Embora se saiba que no so recentes as discusses sobre a existncia de
pessoas com diferentes ritmos, habilidades, capacidades, personalidades, gostos etc.,
ainda assim se espera que todos adquiram a mesma forma e ritmo de aprender. Diante
da diversidade necessrio que o papel do educador ultrapasse a mera questo da
alfabetizao, j que se supe que algumas crianas tero uma forma diferenciada de
aprender, logo haver a necessidade de se ofertar estratgias diversas. Ao pensar que
existem crianas que so diferentes, h de se ter em conta a existncia da diversidade
humana, que fundamental para a riqueza da cultura do ser humano.
Segundo vila:

(...) alfabetizao, em sentido comum, o ensino das tcnicas


de leitura e escrita. Entretanto, como a leitura e escrita so
apenas instrumentos para a formao humana, constituindo
parte do processo educativo tomado como um todo, o termo
alfabetizao tem hoje um sentido mais amplo e funcional,
abrangendo a soma de conhecimentos, habilidades, hbitos e
atitudes que permitem ao indivduo no s apossar-se dos
elementos culturais entesourados pela humanidade atravs da
linguagem escrita, mas sobretudo, participar de maneira mais
consciente e efetiva na vida comunitria. (apud ANDRADE,
1999, p.15)

Ao se mencionar as Dificuldades de Aprendizagem, no se deve esquecer que o


perodo de alfabetizao ultrapassa a questo do ensinar a escrever, ler e matemtica,
pois a escola o espao que permite s crianas receberem, no apenas conhecimentos
formais, mas tambm toda a bagagem histrica, cultural e social que a humanidade
construiu durante os sculos.
A socializao entre as crianas permite a troca de informaes e experincias
at ento vividas. Neste contexto, provavelmente o maior benefcio da presena de um
profissional de Psicologia, na rea da aprendizagem, seja a de mediar os mtodos de
ensinagem aplicados realidade dos alunos, que podem acarretar na melhoria do
processo de aprendizagem e consequentemente diminuir os possveis pontos de
conflitos entre professor/aluno e as dificuldades no ato de aprender.
A Psicologia tem ainda como forte contribuio para o professor os
conhecimentos relacionados ao desenvolvimento infantil, j que a partir das
informaes de como se d o desenvolvimento humano e dos fatores que nele
interferem permitem que sejam realizadas adequaes das atividades para cada etapa do
desenvolvimento infantil, alm de permitir identificar quais fatores podem influenciar
na dificuldade apresentada pela criana quando esta no aprende.
O papel do psiclogo tambm o de participar das equipes interdisciplinares da
escola, atravs das trocas de informaes sobre os vrios aspectos do processo de
aquisio da leitura, escrita e matemtica e dos processos que compem a realidade
escolar, possvel realizar aes/estratgias que permitam a melhoria das condies e
do prprio processo de aprendizagem, e ao mesmo tempo, conduzir as crianas a um
novo caminho de informaes para o mundo do conhecimento.

O Psiclogo e o Professor: uma parceria de atuao para atender as necessidades


do contexto escolar
Para pensar a relao do psiclogo com o professor necessrio que se tenha
clara a importncia de se realizar um trabalho conjunto, j que ambos so elementos
que fortalecero as formas de ensino mais adequadas para a aprendizagem dos alunos,
considerando: a vivncia, o nvel de desenvolvimento e aprendizagem, qual ou quais
mtodos mais indicados para serem aplicados na realidade.
Alm de escolher os melhores mtodos de ensino, tais profissionais podem criar
projetos na escola e parcerias com outras instituies para atender as demandas
surgidas das necessidades de solucionar os problemas que possam surgir durante o
processo de escolarizao das crianas.
Quando da existncia de casos de DAs, indisciplina, falta de afetividade, dentre
outros que esto presentes nas escolas, importante que seja feito um trabalho
interdisciplinar entre a equipe pedaggica, o psiclogo escolar e os professores para
identificar e intervir adequadamente em cada caso e procurar estratgias que impeam
que estes problemas interfiram nas relaes entre os alunos.
Assim sendo, o psiclogo especialista da rea escolar pode contribuir
analisando junto equipe pedaggica e o professor os problemas relatados e discutindo
a situao a fim de que compreendam a situao, as relaes que a envolvem e o
contexto no qual o problema se manifesta, bem como as variveis que influenciam a
DA, desse modo, o trabalho em equipe desse profissionais permite que construam
juntos uma nova realidade que possibilite ao educando atingir resultados mais efetivos
no processo educacional.
De acordo com Andrada:

O psiclogo educacional precisa criar um espao para escutar as


demandas da escola e pensar maneiras de lidar com situaes
que so cotidianas. Precisa criar formas de reflexo dentro da
escola, com todos os sujeitos (alunos, professores e
especialistas) para que se possa trabalhar com suas relaes e
paradigmas. (2011, p.196)

fundamental que o psiclogo e o professor estabeleam uma relao de


confiana e cumplicidade no que tange aos problemas de sala de aula, os quais
analisaro para ento elaborar as possveis intervenes, j que o trabalho de ambos
essencial para que cheguem soluo dos problemas e necessidades encontradas.
Os profissionais da educao, no devem apenas estar focados na realizao de
aes de interveno, mas tambm na elaborao de propostas que tenham como
objetivo prevenir os problemas que possam vir a acontecer no mbito escolar.
Quanto ao papel do professor, hoje em dia, vai muito alm de passar contedos
da grade curricular, j que esta trabalha em prol de preparar os alunos para a vida em
sociedade. Essa parte o que torna a atuao do professor mais complexa, pois alm de
ajudar a alfabetizar e formar bons cidados, o professor lida tambm direta e
indiretamente com problemas sociais que os alunos trazem de fora da escola para
dentro das salas de aula, principalmente problemas referentes ao mbito familiar.
Para os professores manterem uma boa relao com os alunos este precisa
conhecer seus alunos e a realidade em que esto inseridos, analisar quais atividades lhe
despertam interesse e planejar suas aes em concordncia com as habilidades e
capacidades que identifica neles, isto requer dos professores ateno e pacincia para
falas, angstias, sentimentos, denncias, que muitas vezes aparecem durante as aulas,
ao ouvi-los, deve procurar reorganizar a relao professor/aluno.
Sobre a ao do psiclogo na escola, este no deve prestar ateno apenas aos
problemas dos alunos e dos professores em sala de aula, mas tambm buscar oferecer
suporte de escuta para o professor enquanto pessoa, j que ele tem angstias
relacionadas tanto profisso como a fatores decorrentes do mbito pessoal.
Quanto s angustias da vida particular do professor, necessrio que o
psiclogo faa acompanhamentos em grupo e/ou individualizados para atender s
necessidades decorrentes das angstias apresentadas pelos professores, estas
influenciam na sua maneira de ensinar, na sua resistncia com relao s frustraes e
dificuldades vinculadas ao papel de profissional da educao. No se deve esquecer que
na atualidade cada vez mais frequente os professores adoecerem fsica e mentalmente.
Portanto, o papel do psiclogo de: acompanhar, sugerir e buscar as melhores
estratgias, mtodos para resolver situaes problemticas apresentadas na escola e que
possam ajudar os elementos que compem o contexto escolar a identificar as causas e
as possveis intervenes que auxiliem na conduo dos processos escolares, o que ir
permitir um novo olhar sobre as demandas da escola, j que em muitos casos o
principal problema est na forma com que enxergar os fatos.
A interao entre professor e psiclogo escolar, importante dizer que cada um
precisa respeitar o papel do outro, considerar e valorizar o conhecimento que cada um
construiu atravs das experincias vividas junto escola e aos alunos. Esses
profissionais obtero maior autonomia, respeito por seu trabalho e habilidades para
resolver os problemas com que se deparam no mbito escolar se trabalharem de
maneira integrada.

O Psiclogo e a Famlia superando as dificuldades de aprendizagem da criana

Percebe-se que um dos fatores desencadeantes das dificuldades a relao


familiar do aluno. Por isso, importante que a famlia perceba sua parcela de
responsabilidade em relao aos resultados obtidos pelos filhos, seja o fracasso ou o
sucesso. Ressalte-se a importncia de refletir o quanto a educao e os costumes
transmitidos pela famlia influenciam nas atitudes e nos comportamentos apresentados
pela criana em qualquer local, independente da presena familiar. Os filhos so
reflexos dos pais, porm sem negar a capacidade de transformao, de anlise crtica de
cada pessoa. Portanto, a famlia essencial para o desenvolvimento do indivduo, pois
no meio familiar que ele estabelece os primeiros contatos com o mundo externo, com a
linguagem, com a aprendizagem e adquire os primeiros valores e hbitos.
Segundo Polity:

Algumas famlias manifestam sua decepo pelos maus


resultados escolares de seus filhos. Outras podem se apresentar
indiferentes pelas dificuldades da criana. Entretanto, o que se
observa em comum a essa duas atitudes opostas que ambas
afetam o sujeito em sua totalidade, impedindo que ele cresa de
forma natural e satisfatria. (2001, p.16)
A reao da famlia diante dos resultados da aprendizagem da criana demonstra
a forma com que esta percebe o filho e a importncia de participar do processo de
aprendizagem da mesma. Normalmente, tem-se observado que as crianas que
apresentam maiores problemas para aprender ou de comportamento tm pais que
dificilmente aparecem na escola para procurar entender e mesmo pedir ajuda para
solucionar as questes que possam resultar no insucesso do filho.
O interesse da famlia pela vivncia escolar e pelo processo de aprendizagem
dos filhos fundamental para que a criana se sinta segura, caso haja problemas
relacionados s DAs, pois se acontecer de ela sofrer algum tipo de discriminao no
meio escolar, seja pelos professores ou por colegas da escola, indispensvel que ela
saiba que ter o apoio e compreenso da famlia, que deve investigar o caso e se inteirar
do assunto, para assim poder ajud-la na autoestima e tambm defender e elucidar as
redes de relao das quais a crianas tenta participar. Se houver a parceria entre pais e
escola, possivelmente ocorrer o alcance de bons resultados em relao ao aluno/filho.
Logo se pode perceber que o principal papel da famlia deve ser acolher a
criana, oferecendo-lhe um ambiente estvel no que se refere amor e compreenso.
De acordo com Polity (2001, p. 27) essencial que as crianas recebam apoio dos
pais, pois com suporte emocional desenvolvem base slida e senso de competncia que
as levam a uma autoestima satisfatria. A famlia, em especial os pais, precisa assumir
sua parcela de responsabilidade, assim como a escola. Ningum mais que a criana
prejudicada pelas Dificuldades de Aprendizagem, e a culpa no dela. preciso
reconhecer que as dificuldades de aprendizagem se do na interao da criana com o
contexto no qual est inserida.

Segundo Scoz:

A famlia a instituio educacional mais importante, de maior


projeo, responsvel pela educao do carter, da afetividade e
do universo emocional e moral de cada cidado. Quem tem uma
famlia bem estruturada ter maior facilidade em aprender e a se
desenvolver na escola em qualquer nvel. (apud ANDRADA
1999, p.12)

Dificuldades de Aprendizagem e seus conceitos


Dentre vrias tentativas para definir as DA, a maioria delas se concentram em
fatores orgnicos, culturais e sociais, a definio de DA segundo Fonseca:

Dificuldades de Aprendizagem (DA) um termo geral que se


refere a um grupo heterogneo de desordens manifestadas por
dificuldades significativas na aquisio e utilizao da
compreenso auditiva, da fala, da leitura, da escrita e do
raciocnio matemtico. Tais desordens, consideradas intrnsecas
ao indivduo, presumindo-se que sejam devidas a uma disfuno
do sistema nervoso central, podem ocorrer durante toda a vida.
Problemas na autorregulao do comportamento, na percepo
social e na interao social podem existir com as DA. Apesar
das DA ocorrerem com outras deficincias (por exemplo,
deficincia sensorial, deficincia mental, distrbios
socioemocionais) ou com influncias extrnsecas (por exemplo,
diferenas culturais, insuficiente ou inapropriada instruo,
etc.), elas no so o resultado dessas condies. (1995, p.71)

Talvez seja mais apropriado no apontar uma causa, mas considerar um


conjunto de fatores que podem desencadear as DAs, j que possvel que certas reas
bem desenvolvidas ou estimuladas compensem outras menos favorecidas, porm o que
no se pode esperar que uma criana que tenha uma disfuno no sistema nervoso e
que excluda e rotulada como incapaz, consiga superar sem ajuda dos educadores suas
dificuldades.
Por essas e outras situaes observa-se a importncias dos profissionais
envolvidos na educao de terem conhecimento para avaliar, diagnosticar, encaminhar
o aluno para tratamentos adequados, dentro e fora dos muros da escola, e saber lidar
com ele de maneira inclusiva, paciente, otimista e estimuladora.
De fato o termo DA, como se pode avaliar, tem sido usado para designar um
fenmeno extremamente complexo declara Torgesen (apud FONSECA, 1995, p.71).
Mas o importante no se prender a uma definio, e sim preocupar-se com o
comprometimento com uma educao de qualidade. Educar um indivduo pressupe
transform-lo, ajud-lo a desenvolver suas potencialidades, tentando descobrir outras.
preciso levar em conta o fator gentico, ambiental e a interao entre os dois elementos
que a educao passar a modificar (NOVAES, 1972).
Ao se definir as DAs, no se deve limitar a compreenso desta situao de
maneira simplista no sentido de que existem causas e consequncias, mas tambm de
compreender que existem pessoas com essas dificuldades, que a todo momento
mostram que so capazes de superar obstculos. Portanto, o principal motivo da
superao a persistncia, o estmulo e a motivao, assim, apoiados pela famlia,
profissionais e demais pessoas que os rodeiam, os alunos podem buscar novos
horizontes e desenvolver competncias e habilidades que os tornem capazes de serem
pessoas e cidados capazes de adequar-se s solicitaes constantes da sociedade.
Segundo Coelho:

A partir do momento em que o professor ou especialista em


educao passa a compreender os princpios do processo de
aprendizagem e adquire a prtica na aplicao dos mesmos em
situao representativa, os problemas que podem ocorrer nesta
rea sero tratados e resolvidos sem tabus e sem traumas. (1990,
p.09)

Educadores, familiares e amigos que no sabem lidar com um portador de DA


podem causar-lhe problemas muito maiores, por essas e outras muito importante que
o psiclogo busque informaes para aprender como ajudar no s estas crianas mas
tambm os pais e professores.
necessrio entender o quanto a falta de um diagnstico e mtodos de ensino
adequados, tanto por parte dos profissionais quanto dos pais, pode prejudicar a vida de
uma criana que no est apresentando sucesso na aprendizagem. Se houvesse mais
profissionais capacitados, educadores atentos e conhecedores dos to presentes e
comuns problemas que assolam a vida acadmica, social e sentimental de milhares de
pessoas com DA, muito provavelmente elas no precisariam conviver tanto tempo com
a incompreenso, com o preconceito dentro e fora da escola.

Identificando as Dificuldades de Aprendizagem

No intuito de auxiliar educadores e pais a identificar rapidamente as crianas


que apresentem Dificuldades na Aprendizagem sero abordados ainda alguns autores
especializados nessa reas, desta forma, pode-se evitar que estas sofram a
discriminao e a falta de compreenso das suas eficincias e limitaes. J que ao
conhecer as caractersticas das DAs, profissionais e pais tero condies de valorizar
suas capacidades e habilidades para que sejam superadas as dificuldades.
Segundo Correia:

Uma criana pode ser identificada como inapta para a


aprendizagem se : 1. no alcanar resultados proporcionais aos
seus nveis de idade e capacidades numa ou mais de sete reas
especficas quando lhe so proporcionadas experincias de
aprendizagem adequadas a esses mesmos nveis; 2. apresentar
uma discrepncia significativa entre a sua realizao escolar e
capacidade intelectual numa ou mais das seguintes reas: a)
expresso oral; b) compreenso auditiva; c) expresso escrita;
d) capacidade bsica de leitura; e) compreenso da leitura; f)
Clculos matemticos; e g) raciocnio matemtico. (apud
CORREIA; MARTINS, 2005, p.07-08)

Estas so as caractersticas que podem ser observadas estarem no


desenvolvimento da criana, a partir destas informaes pode-se construir programas e
estratgias em sala de aula, bem como encaminh-la para instituies ou profissionais
que sejam especializados, a fim de realizarem a avaliao e o diagnstico dela para
posterior atendimento adequado.
Para tanto necessrio que se entenda que o atendimento destas crianas deve
ser montado num modelo de incluso, entendida por Correia (apud CORREIA;
MARTINS, 2005, p. 18) como a insero do aluno na classe regular onde, sempre que
possvel, deve receber todos os servios educativos adequados, contando-se para esse
fim, com o apoio apropriado s suas caractersticas e necessidades.
Os atendimentos realizados em sala de aula devem promover o desenvolvimento
das habilidades e competncias dos educandos, utilizando estratgias adequadas para
cada caso e problema especfico, para tanto, preciso entender que a educao que
promove este processo a Educao Especial, definida como:

[...] um conjunto de servios de apoio especializado destinados


a responder s necessidades especiais do aluno com base nas
suas caractersticas e com o fim de maximizar o seu potencial.
Tais servios devem efetuar-se, sempre que possvel, na classe
regular e devem ter por fim a preveno, reduo ou supresso
da problemtica do aluno, seja ela do foro mental, fsico ou
emocional e/ou modificao dos ambientes de aprendizagem
por forma a que ele possa receber uma educao apropriada s
capacidades e necessidades. Correia (apud CORREIA;
MARTINS, 2005, p. 18)

As experincias oportunizadas pela Educao Especial no contexto


escolar regular devem possibilitar atividades que conduzam as crianas a maximizar
suas aprendizagens (acadmicas e sociais).Com base em Correia & Martins (2005),
possvel formular uma lista de verificao, a qual apresenta um conjunto de sinais que
podem ser indicadores de DA, as crianas apresentando ausncia ou dificuldade em
realizar o conjunto das atividades pode estar apresentando dificuldades, e a partir destes
mesmos indicadores, os professores podero elaborar os planos de interveno
individual ou grupal para os alunos.
Segundo os autores pesquisados, o indivduo que tem problemas com
organizao, coordenao motora, linguagem falada ou escrita, ateno e concentrao,
memria, comportamento social, provavelmente tenha DA. Segue a lista de verificao.

Organizao Coordenao Linguagem Memria Comportamento


Motora Falada ou
Social
Escrita
Sinais que -conhecer as ho- -manipular - aquisio da -recordar - iniciar e manter
podem ser ras, os dias da objetos fala;
instru- amizades;
indica- semana, os pequenos; - articular;
dores de meses -desenvolver - aprender es; - julgar situaes
DA e o ano; aptides de voca-
- recordar sociais;
(Ausncia - gerir o tempo; independncia bulrio novo;
ou Difi- - completar tare- pessoal; - encontrar as fatos; - impulsividade;
culdade fas; - cortar; palavras
- aprender - tolerncia
em rea- - encontrar obje- - estar atento corretas;
lizar as tos pessoais; ao que o - rimar conceitos frustrao;
atividades) - executar rodeia (muito palavras;
mate- - interaes;
planos; dado a - diferenciar
- tomar decises; aciden- palavras mticos; - aceitar
- estabelecer tes, tropea simples;
- reter mudanas nas
prio- com - leitura e/ou
ridades; frequncia); escrita (d matrias rotinas dirias;
- - desenhar; erros
novas; - interpretar
sequencializao. - escrever; frequentes tal
- subir e como - aprender sinais no
correr; reverses
o alfa- verbais;
- desportos (b/d),
inverses beto; - trabalhar em
(m/w),
- transpor cooperao.
transpo-
sies(ato/ota)
e
sequncias
substituies
(carro/cama); num-
-seguir
ricas;
instrues;
- compreender -
ordens;
identificar
- contar
histrias; sinais
-discriminar
sons;
- responder
aritmticos
per-
guntas; (+, -, x, ,
-compreender
=);
conceitos;
- -
compreenso
identificar
da
leitura; letras;
- soletrar;
- recordar
-escrever
histrias nomes;
e textos.
- recordar
Ateno e
concentrao: eventos;
-completar
- estudar
tare-
fas; para os
- agir depois
testes.
de
pensar;
- esperar;
- relaxar;
- manter-se
aten-
to (sonhar
acorda-
do);
- distrao.

QUADRO 1: Lista de Habilidades Indicadoras de Crianas com DA.


Fonte: Santos et al, 2011.

A verificao da presena ou no das Dificuldades de Aprendizagem dever ser


realizada com cautela e, antes de mais nada, o professor tem como obrigao realizar
vrias aes que possam trazer melhorias para a aprendizagem da criana, s a partir
destas tentativas sem sucesso que se levanta a hiptese de que a criana tenha DA e
seja encaminhada para a equipe pedaggica da escola e posteriormente para
especialistas.

Interveno com Crianas Portadoras de DA Atravs das Atividades em Grupo


Aps a realizao do diagnstico da Dificuldade de Aprendizagem necessrio
elaborar um plano de atendimento que possa ser o roteiro de interveno junto s
crianas que no conseguem obter sucesso na aprendizagem. Quando se elabora uma
interveno importante criar estratgias que venham a atender a as necessidades da
criana de forma individual e em grupo, esta ltima situao ser o foco deste tpico,
porm deixa-se claro que no se deve abandonar as atividades individuais.
Acredita-se que atravs das atividades em grupo h maiores possibilidades de as
crianas se sentirem valorizadas e pertencentes a um grupo, e que por sua vez iro
melhorar as interaes entre elas e tambm desenvolver as habilidades sociais,
cognitivas e de linguagem. Alm disso, podem perceber que a habilidade de cada uma
contribui para o fechamento das tarefas propostas, e que permitir trabalhar em grupos
e em equipes. Essa situao reforada por Ferreira ao mencionar que unir saberes
torna-nos mais sbios e produtivos. preciso descobrir novas perspectivas, dividindo e
somando com o outro (2010, p. 60).
Embora se tenha conscincia das complexidades de fatores decorrentes das
Dificuldades de Aprendizagem, importante que o foco no seja a dificuldade, e sim as
habilidades j constitudas, desta forma ocorrer a promoo de superao dos limites,
acarretando no desenvolvimento da criana.
Atravs do trabalho em grupo, as crianas vo aprendendo a se socializar, o que
indispensvel para vida, j que todas as pessoas fazem parte de grupos, como: famlia,
escola, igreja, grupo de amigos, sociedade etc., alm disso, tambm aprendero como
funcionam os grupos, acarretando na aprendizagem de novas posturas que so
necessrias para permanecer aceito no grupo, e ainda exercitar papis.
Com trabalhos em grupo as crianas portadoras DA provavelmente se
desenvolvero melhor, pois em meio a outras pessoas elas se sentiro estimuladas,
vero que algumas pessoas esperam pelo seu sucesso e essas mesmas pessoas
caminham lado a lado, vivenciam a mesma experincia, compreendem suas
dificuldades e se aceitam.
A aceitao vista como o fator mais importante para o processo de superao
das DAs, j que, como se tem visto, a discriminao das dificuldades, a falta de apoio e
compreenso, s fazem gerar mais dificuldades e problemas relacionados autoestima
e socializao.
MTODO

O presente artigo assume a forma de pesquisa bibliogrfica, conceituada por Gil


(2002, p. 17), como um procedimento racional e sistemtico que tem como objetivo
proporcionar respostas aos problemas que so propostos. Para tanto foram utilizados
diversos materiais acerca das Dificuldades de Aprendizagem, da relao entre
educadores e educandos, entre crianas portadoras de DA e sua famlia e sobre a
atuao do psiclogo escolar no processo de superao das DAs.

RESULTADOS E DISCUSSO

Quando se fala em Dificuldades de Aprendizagem no contexto escolar, tem que


se ter a compreenso de todo o processo que envolve a aprendizagem e o
desenvolvimento da criana, para a partir destas informaes criar mecanismos que
visem diminuir a frequncia e intensidade das mesmas, e melhorando a aprendizagem
da criana.
Para atuar junto s crianas com DA importante entender que para resolver tal
quadro faz-se necessrio que a escola esteja voltada para realizar aes em equipe e que
realize muitas vezes aes interdisciplinares entre os diversos profissionais que
compem o corpo da escola, e ao mesmo tempo, oferea um dilogo aberto com a
famlia e crie parcerias com instituies que possam vir a auxiliar no diagnstico e
interveno da dificuldade apresentada.
Sobre a atuao interdisciplinar a ser realizada pelos profissionais da escola, o
psiclogo escolar um dos que pode contribuir para atender s demandas da escola.
Porm, lamentavelmente o trabalho do psiclogo na escola ainda visto pela maioria
como clnico, pedem-lhe atividades que no fazem parte de suas atribuies no que
tange atuao na escola. E isso acarreta em uma das aes do psiclogo escolar que
o de esclarecer quais so suas funes nesta rea, e mais do que explicar, atuar
conforme lhe compete.
Como afirma Cruz:

Existe uma necessidade de redimensionar o papel que o


psiclogo escolar desenvolve dentro da escola, pois o psiclogo
deve buscar contribuies para anlise e interveno
multidisciplinar dos fenmenos que envolvem sala de aula e o
processo de construo do conhecimento. [...] a intervir nas
dificuldades escolares, o psiclogo dever avaliar as condies
scio-pedaggicas destas, assim como as condies individuais,
subjetivas e familiares do sujeito-aluno que expressa, pela via
do no aprender, o sintoma individual e social do fracasso
escolar. (2008, p.8)

O psiclogo escolar deve atuar junto equipe interdisciplinar da escola,


contribuindo para a melhoria da aprendizagem dos alunos e para a dinmica de
funcionamento da escola, para tanto, o profissional deve realizar aes que tenham
como meta a preveno e interveno junto s necessidades e problemas encontrados
na escola.
de suma importncia que o trabalho da psicologia escolar seja vista como
sendo de ao sistmica, j que esta deve desenvolver atividades desde as questes
vinculadas aos problemas de aprendizagem e emocionais dos alunos, at as
relacionadas com o Projeto Poltico Pedaggico da escola. Portanto, este profissional
tem condies de atuar de maneira ampla e, ao mesmo tempo, propor novos projetos e
programas que faam diferena no contexto escolar e na sociedade, onde o psiclogo
tenha conscincia de que o seu papel engloba no apenas os elementos de dentro da
escola, mas tambm pais, comunidade e instituies parceiras.
Dentre as situaes que devem ser estimuladas esto os trabalhos de equipe
junto a famlia da criana com DA que tambm deve ser orientada para atuar na
melhoria do desempenho do aluno, j que esta a base da construo do
desenvolvimento infantil e, portanto, deve sempre ser trabalhada a participao da
famlia nos atendimentos que estejam inseridos os seus filhos.
No se deve esquecer que um dos maiores problemas enfrentados pelas crianas
com DA o rtulo e a discriminao que decorrente, a importncia de desenvolver
estratgias na escola para evitar tal situao de fundamental importncia, j que o
rtulo vem da falta de informao sobre o que DA , bem como das possibilidades e
limites que as criana apresentam.
Seria muito melhor o papel da escola se, ao invs da discriminao das
diferenas e das dificuldades de cada aluno, as pessoas e os professores pudessem olhar
especialmente para o tipo de relao que estes tm com os alunos, estes tendo ou no
DA, e que tornasse a relao o instrumento bsico para atingir seus objetivos de ensinar
os contedos escolares e tambm a formao de cidados.
preciso que a escola e seus profissionais busquem olhar por outros ngulos
at conseguir compreender que cada aluno tem um jeito prprio de ser, e com
experincias de vida diferentes, que estas formas diferentes de vida e perceber o meio
iro influenciar no processo de aprendizagem de cada aluno. S ento ser possvel ver
com maior clareza o que Dificuldade de Aprendizagem e formas diferentes de ser, e
portanto, preciso aceitar as diferenas e trabalhar com os alunos valorizando e
explorando sua subjetividade e potencialidades.
Percebe-se que a escola tem estado mais preocupada em controlar os alunos, a
torna-los extremamente disciplinadas, do que ter um bom vnculo com elas, e, a partir
disso, conhec-las bem, estimular suas habilidades, trocar experincias, adaptar o
ensino s necessidades dos educandos.
Deve-se notar que os fatores geradores de DA so de complexa identificao e
conceituao, espera-se que as pessoas ao ter maior esclarecimento possam ajudar tais
pessoas de modo a no permitir que as DA sejam determinantes no que se refere
desistncia de busca por conhecimento, desenvolvimento, formao profissional,
relaes interpessoais, etc.
Muito se tem visto que os efeitos emocionais da dificuldade de aprendizagem
muitas vezes agravam o problema. J que as pessoas com deficincia na aprendizagem,
frequentemente so vistas como fracasso pelos professores e familiares, isto envolve
sua autoestima, podendo refletir tambm na sua vida adulta. Esta deficincia pode
interferir em todos os segmentos de convivncia da criana, por isso a importncia da
participao efetiva dos pais, orientando-os para um melhor acompanhamento.
Quanto aos profissionais da educao, embora possam considerar um conjunto
de fatores, como a motivao e autoestima do aluno e o envolvimento dos pais, entre
outros, ser a qualidade do ensino ministrado que far a diferena. A pacincia, o apoio
e o encorajamento prestado pelo educador sero com certeza os impulsionadores do
sucesso escolar do aluno, abrindo-lhe novas perspectivas para o futuro.

CONSIDERAES FINAIS
O trabalho com a criana, a famlia no contexto de aprendizagem surge como
uma proposta de interveno que deve ser desenvolvida dentro da escola pelo psiclogo
escolar inserido na equipe interdisciplinar. Para isso, necessrio que esse profissional
esteja ciente de sua atuao e compreenda que ela est interligada a outros fatores que
interferem no desenvolvimento da criana.
Ainda que as Dificuldades de Aprendizagem sejam um fato muito presente em
praticamente todas as escolas, o ensino adequado possivelmente pode superar essas
dificuldades. Um dos grandes problemas a falta de identificao das dificuldades nas
crianas portadoras, sendo imprescindvel uma boa formao aos educadores para que
sejam capazes de identificar tais dificuldades, j que o diagnstico precoce pode fazer
toda a diferena na vida da criana.
A aprendizagem o que faz o sujeito se desenvolver, e qualquer um pode
aprender, desde que os mtodos de ensino sejam apropriados ao educando. O ideal seria
a homogeneizao no que se refere a uma turma, mas sem deixar de considerar que
cada ser tem diferentes habilidades e dificuldades e, com um educador que priorize a
individualidade do cada educando, seria possvel todo e qualquer desenvolvimento
esperado.
possvel entender que verdadeiramente difcil aplicar um ensino que priorize
a individualidade de cada aluno, j que, geralmente as turmas principalmente de escolas
pblicas quase sempre so superlotadas. Porm diante da educao, a aprendizagem
como sendo a esperana em um futuro melhor para todos, cabe ao educador se dedicar
ao mximo para suprir as necessidades educacionais de seus alunos juntamente com
uma equipe tcnica ligada educao, ao ensino.
ainda necessrio ressaltar o papel da famlia na construo de todo individuo,
pois a famlia a primeira fonte de ensinamento e as crianas, em grande parte, agem
refletindo as aes de seus pais. Os familiares precisam assumir uma postura mais
compreensiva e de ajuda, principalmente quando um membro da famlia apresenta
problemas. Quando se tem o apoio dela mais fcil a resoluo dos problemas, pois as
crianas sentem-se mais seguras e apoiadas, e com isto percebem que no esto
sozinhas para superar as dificuldades encontradas na vida.
Quanto atuao do psiclogo no que se refere s DAs, ele no somente capaz
de lidar adequadamente com a dificuldade apresentada pela criana, como tambm
precisa auxiliar os professores, pedagogos e a famlia elucidando quais as
caractersticas, funes, causas e possveis consequncias da determinada dificuldade
na vida da criana portadora de DA. Provavelmente, quando essa equipe se dedicar em
promover condies para a superao das dificuldades, haver uma possibilidade maior
de que as crianas no carregaro rtulos e note tero seu futuro marcado pelas
Dificuldades de Aprendizagem.
Pode-se considerar que a Dificuldade de Aprendizagem envolve determinantes
multivariados, e que o mais importante o modo como se percebe o potencial de
aprendizagem das crianas com DA, ao olhar para suas potencialidades, ter-se-
condies de ampliar a sua forma de interveno e consequentemente de se obter
maiores e melhores resultados.

REFERNCIAS

ANDRADA, E. G. C. Novos Paradigmas na Prtica do Psiclogo Escolar. Psicologia:


Reflexo e Crtica. Porto Alegre, n. 2, maio/ago. 2005. Disponvel em: <
http://www.scielo.br/pdf/prc/v18n2/27470.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2010.

ANDRADE, Claudimara. Dificuldades de Aprendizagem. Monografia


(Especializao em Psicopedagogia) FAFIJAN, Faculdade de Jandaia do Sul, 1999.

COELHO, M. T. Problemas de Aprendizagem. So Paulo: tica, 1990.

CORREIA, L. de M.; MARTINS, A. P. Dificuldade de Aprendizagem: Que so?


Como entend-las?. Rio de Janeiro: Porto, 2005. (Biblioteca Digital).

CRUZ, L.R.G.S. Psiclogo Escolar e a dificuldade de aprendizagem: como intervir,


como prevenir? Revista Educao em destaque. Colgio Militar de Juiz de Fora, v.1,
n.3, abril. 2008. Disponvel em: <
http://www.cmjf.com.br/revista/materiais/1209993883.pdf>. Acesso em: 30 out. 2010.

FERREIRA, A. da S.; PACHECO, A. B. Interveno psicopedaggica numa


perspectiva multidisciplinar: trabalhando para o desenvolvimento das potencialidades
de estudantes adolescentes. p. 53 76. Conselho Federal de Psicologia. Experincias
profissionais na construo de processos educativos na escola. Conselho Federal de
Psicologia Braslia: CFP, 2010. 180 p. Disponvel em:< http://site.cfp.org.br/wp-
content/uploads/2010/09/Construcao_de_processos_educativos_publicacao.pdf>.
Acesso em: 30 out de 2010.

FONSECA, V. da. Introduo s Dificuldades de Aprendizagem. Porto Alegre:


Artmed, 1995.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. So Paulo: Atlas, 2002.


NATEL, A. A. A formao continuada para os decentes do ensino fundamental
com relao ao ldico. 40p. Trabalho de Concluso de Curso (Curso de Pedagogia)
FATEB- Faculdade de Telmaco Borba. 2007.

NOVAES, M. H. Psicologia Escolar. Petrpolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1972.

OLIVEIRA, G. C. Dificuldades subjacentes ao no-aprender. In: SISTO, Francisco F.


Dificuldades de aprendizagem no contexto psicopedaggico. Petrpolis, R.J.: Vozes,
2001(p. 79-95).

POLITY, E. Dificuldade de Aprendizagem e Famlia: Construindo Novas Narrativas.


So Paulo: Vetor, 2001.

Você também pode gostar