INSTITUTO NACIONAL DE TELECOMUNICAES

INATEL

NB005
LGEBRA E GEOMETRIA ANALTICA

CAP. 4
SUPERFCIES QUDRICAS

Prof. Karina Perez Mokarzel Carneiro

Prof. Luiz Felipe S. de Godoy

1 Semestre de 2009
BIBLIOGRAFIA:
STEINBRUCH, Alfredo; WINTERLE, Paulo. Geometria Analtica. 2a ed. So Paulo: McGraw-
Hill, 1987. Cap. 8. Pg. 275 a 292.

4.1 - INTRODUO:

A equao geral do 2 grau nas trs variveis x, y e z :

ax 2 + by 2 + cz 2 + 2dxy + 2exz + 2 fyz + mx + ny + pz + q = 0

Onde pelo menos um dos coeficientes a, b, c, d, e, ou f diferente de zero, representa uma
superfcie qudrica, ou simplesmente, uma qudrica.
Se a superfcie qudrica dada pela equao acima for cortada pelos planos coordenados ou
por planos paralelos a eles, a curva de interseo ser uma cnica denominada de Trao.

4.2 - SUPERFCIES QUDRICAS CENTRADAS

Atravs de mudanas de coordenadas por rotao e/ou translao, a equao geral, dada
anteriormente, pode ser transformada em uma das formas:

x2 y2 z2
2 2 2 =1
a b c
Denominadas, formas cannicas ou padro de uma superfcie qudrica centrada. As possveis
combinaes de sinais nesta equao permitem concluir a existncia de apenas trs tipos de
superfcies, conforme sejam trs, dois ou um o nmero de coeficientes positivos dos termos do 1
membro da equao. Se os referidos coeficientes forem todos negativos, no existe lugar
geomtrico.

4.2.1 ELIPSIDE

O elipside a superfcie representada pela equao:

x2 y2 z2
+ + =1
a2 b2 c2
em que todos os coeficientes so positivos. E ainda, a, b e c so reais positivos e representam as
medidas dos semi-eixos do elipside. Observamos ainda que os pontos
( a, 0, 0), (0, b, 0), (0, 0, c ) so solues da equao na forma cannica do elipside.

z
c

b y
a

x
 y
x 2 y2 b
O trao no plano xOy a elipse: 2 + 2 = 1, z = 0
a b

-a C a
x

x 2 z2
O trao no plano xOz a elipse: 2 + 2 = 1, y = 0 z
a c
c
-b

-a C a x

-c
y2 z2 z
O trao no plano yOz a elipse: 2 + 2 = 1, x = 0 c
b c
-b C b y

-c
Se pelo menos dois dos valores de a, b e c so iguais, o elipside de revoluo. Podemos
verificar que as intersees do elipside com planos x = k, y = k ou z = k (k = constante),
resultam numa elipse, num ponto ou no conjunto vazio.
x2 y 2 z 2
No caso de a = b = c, a equao do elipside fica: + + = 1 ou x2 + y 2 + z 2 = a2 e
a2 a2 a2
representa uma superfcie esfrica de centro (0, 0, 0) e raio a.

Se o centro do elipside o ponto (x0, y0, z0) e seus eixos forem paralelos aos eixos
coordenados, a equao na forma cannica, obtida por uma translao de eixos coordenados,
assume a forma:

( x x0 ) 2 ( y y 0 ) 2 ( z z 0 ) 2
+ + =1
a2 b2 c2
Da mesma forma, a superfcie esfrica de centro (x0, y0, z0) e raio a, tem equao:

( x x0 ) 2 + ( y y0 ) 2 + ( z z 0 ) 2 = a 2
4.2.2 - HIPERBOLIDE DE UMA FOLHA

x2 y2 z2
Se na equao 2 2 2 = 1 dois coeficientes dos termos do 1 membro so positivos
a b c
e um negativo, a equao representa um hiperbolide de uma folha. As equaes abaixo
representam uma forma cannica do hiperbolide de uma folha,

x2 y2 z2
ao longo do eixo Ox
2 + 2 + 2 =1
a b c

x2 y2 z 2
ao longo do eixo Oy
+ =1
a2 b2 c2

x2 y2 z 2
ao longo do eixo Oz
+ =1
a 2 b2 c2

 O trao no plano xOy no hiperbolide de

uma folha, uma elipse.
x 2 y2
+ = 1, z = 0
a 2 b2

 O trao no plano xOz no hiperbolide de

uma folha, uma hiprbole.
x 2 z2
= 1, y=0
a 2 c2

 O trao no plano yOz no hiperbolide de

uma folha, uma hiprbole.
y2 z2
= 1, x = 0
b2 c2

x2 y2 z 2
Obs: Se na equao + = 1 tivermos a = b , o hiperbolide de revoluo, gerado
a 2 b2 c2
pela rotao de uma hiprbole em torno do seu eixo imaginrio, no caso, o eixo Oz. O trao no
x 2 y2
plano xOy a circunferncia 2 + 2 = 1, z = 0 ou x 2 + y 2 = a 2 , z = 0
a a

Se o centro do hiperbolide de uma folha o ponto (x0, y0, z0) e seus eixos forem paralelos
aos eixos coordenados, a equao na forma cannica, obtida por uma translao de eixos
coordenados, assume a forma:

(x x 0 ) 2 (y y0 )2 (z z 0 ) 2
+ =1
a2 b2 c2
4.2.3 - HIPERBOLIDE DE DUAS FOLHAS

x2 y2 z2
Se na equao = 1 um coeficiente dos termos do 1 membro positivo e
a 2 b2 c2
dois so negativos, a equao representa um hiperbolide de duas folhas. As equaes a baixo so
formas cannicas do hiperbolide de duas folhas ao longo dos eixos:

x2 y2 z2
=1
eixo Ox.
a2 b2 c2

x2 y2 z2
+ =1
eixo Oy.
a2 b2 c2

x2 y2 z2
2 2 + 2 =1
eixo Oz
a b c
O traos nos planos xOy e yOz, no
hiperbolide de duas folhas so as
hiprboles.

y2 x 2
= 1, z = 0
b2 a 2

y2 z2
= 1, x = 0
b2 c2

Obs: o plano xOz no intercepta a superfcie, nem qualquer plano y = k, onde k < b .
Se k > b , o trao no plano y = k a elipse:

x 2 z2 k 2
+ = 1, k = y
a 2 c2 b2
x2 y2 z2
Os traos nos planos x = k e z = k so hiprboles. Se na equao + =1
a2 b2 c2
tivermos a = c , o hiperbolide de revoluo, gerado pela rotao de uma hiprbole em torno
de seu eixo real. O trao no plano y = k, k > b , a circunferncia:

x 2 k 2 z2
2 + 2 2 = 1, y = k
a b a
Se o centro do hiperbolide de duas folhas o ponto (x0, y0, z0) e seus eixos forem paralelos
aos eixos coordenados, a equao na forma cannica, obtida por uma translao de eixos
coordenados, assume a forma:

(x x 0 ) 2 (y y0 )2 (z z 0 ) 2
+ =1
a2 b2 c2
Resumo
x2 y2 z2
As equaes dos elipsides e hiperbolides podem ser reunidas em: =1.
a 2 b2 c2
E conforme os sinais dos termos do 1 membro, apresentados nesta ordem, temos o seguinte
quadro:

FIGURA SINAIS AO LONGO DO EIXO

Elipside + + + ----------------------
Hiperbolide de uma folha - + + Ox
Hiperbolide de uma folha + - + Oy
Hiperbolide de uma folha + + - Oz
Hiperbolide de duas folhas + - - Ox
Hiperbolide de duas folhas - + - Oy
Hiperbolide de duas folhas - - + Oz

4.3 SUPERFCIES QUDRICAS NO CENTRADAS

Se nenhum dos coeficientes dos termos do 1 membro da equao abaixo for nulo, a forma
cannica ou padro de uma superfcie qudrica no centrada :

x 2 y2 x 2 z2 y2 z2
= cz ; = by ; = ax
a 2 b2 a 2 c2 b2 c2

As possveis combinaes de sinais nestas equaes permitem concluir a existncia de dois

tipos de superfcies, conforme os coeficientes dos termos de segundo grau tenham o mesmo sinal
ou sinais contrrios.

4.3.1 PARABOLIDE ELPTICO

Se os coeficientes dos termos de segundo grau tiverem sinais iguais, a equao representa um
parabolide elptico. As equaes a baixo so formas cannicas do parabolide elptico ao longo
dos eixos:

y2 z2
+ = ax
eixo Ox.
b2 c2

x 2 z2
+ = by
eixo Oy.
a 2 c2

x 2 y2
+ = cz
eixo Oz
a 2 b2

Para um parabolide elptico ao longo do eixo Oz, o trao no plano xOy a origem O(0,0,0)
e os traos nos planos xOz e yOz so, respectivamente, as parbolas

x2 y2
= cz, y = 0 e = cz, x = 0
a2 b2
 z

y
O(0,0,0)

Se c > 0 a concavidade para cima e, para c < 0 a concavidade para baixo.

Um trao no plano z = k , k > 0 , uma elipse que aumenta de tamanho medida que o plano
se afasta do plano xOy.
Se tivermos a = b , o parabolide de revoluo e pode ser gerado pela rotao da parbola
2
y
= cz, x = 0 em torno do eixo dos z. O trao no plano z = k uma circunferncia.
b2

Se o vrtice do parabolide elptico o ponto (x0, y0, z0) e seus eixos forem paralelos aos
eixos coordenados, a equao na forma cannica, obtida por uma translao de eixos
coordenados, assume a forma:

(x x o )2 + (y y o )2 = c(z z o )
a2 b2

4.3.2 PARABOLIDE HIPERBLICO

Se na equao das superfcies no centradas, os coeficientes dos termos de segundo grau

tiverem sinais contrrios, a equao representa um parabolide hiperblico.
y2 x 2
A equao 2 2 = cz uma forma cannica ou padro da equao do parabolide
b a
hiperblico ao longo do eixo dos z.