Aulas Deontologia OA

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Deontologia Profissional

Deontologia tica aplicada profisso /regras de conduta

Deveres e direitos

Visam tornar til o patrocnio, no so privilgios pessoais

Artigo 189 EOA competncia dos advogados estagirios

Regulamento n. 330-A/2008, de 24 de Junho

Cdigo Hammurabi a lei devia fazer justia ao oprimido e proporcionar ao


demandado o direito de defesa quando a lei no fizesse justia tal era a funo do
advogado.

Tem obrigao de lutar contra as leis injustas o direito est acima da lei e a
justia est acima do direito.

Como que surgiu o advogado?

Antes de haver advogados j havia crime. Nesse tempo o juiz era o senhor, o
rei, o imperador, que julgava pessoas de classe inferior. Nessa altura no havia
distino entre crime e ilcito civil, e as pessoas julgadas no se sabiam defender.

Sendo a audincia pblica, as pessoas da assistncia podiam intervir. As que o


faziam, actuavam gratuitamente, motivados por um esprito de solidariedade, e faziam
parte das classes superiores, pois s assim seriam respeitadas. Foi precisamente
assim que surgir a figura do advogado defensor-orador.

Mas j naquele tempo, aquelas pessoas tinham regras.

Surgiram os primeiros advogados, cuja funo era fazer justia.

Dr. Arnaut o advogado aquele que chamado para defender uma causa,
e cumpre o seu dever com dignidade e competncia, buscando mais a realizao da
justia do que os honorrios, embora devidos..

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Os advogados apresentavam os seus argumentos nas alegaes, sendo-lhes


proibido o uso de artifcios, designadamente para provocar no julgador piedade ou
indignao

Esta concepo tem reflexos nos actuais princpios deontolgicos que regem a
advocacia, impondo que o advogado deva fazer tudo para defender o seu constituinte,
mas dentro dos limites do admissvel.

Art. 92./2 EOA o advogado tem o dever de agir por forma a defender o
interesse do cliente, mas sempre dentro dos limites e parmetros dos princpios
deontolgicos.

Artigo 85/2/a) deveres para a comunidade no usar de meios ou


expedientes ilegais

Do mesmo modo, o advogado dever abster-se de empregar expedientes


dilatrios ou de promover diligncias que afectem a descoberta da verdade material.

Criao das Escolas de Direito Sc. III A.C. em Roma - passou a exigir-se
que quem fosse a tribunal tivesse noes de direito, justificando assim que recebesse
um pagamento, que consistia num honorrio (pagamento pelo facto de ter a honra de
ter sido defendido) e no num salrio (associado ao trabalho braal).

O advogado chamado defensor-orador

Advogado ad-vocatus chamado em defesa

Em Portugal, o incio da advocacia seguiu dentro dos mesmos parmetros. Os


primeiros advogados eram conhecidos por arrazoadores (apresentavam as suas
razes) ou vozeiros (davam voz queles que no se podiam defender).

Roma e Grcia s podiam ser advogados homens

Cdigo de Teodsio as mulheres s podiam intervir em tribunal em


defesa prpria.

Imperadores Justino e Justiniano criao das ordens para as


profisses liberais, permitindo distingui-las das corporaes, que eram
associaes de mercadores a artesos.

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Importncia da Ordem e tipos de organizao dos advogados

Essencial para a definio dos interesses da classe Permite-nos saber de que modo exercido o
e criao de parmetros dentro dos quais a poder disciplinar
advocacia deve ser desenvolvida

1) Organizao de tipo colegial

2) Organizao estatal

3) Organizao livre

1) Organizao colegial /advocacia colegiada - h uma (Portugal) ou mais


(Espanha) entidades colectivas pblicas (ordem), junto das quais os advogados se
devem obrigatoriamente inscrever, tendo como principal funo disciplinar a
profisso e zela pela aplicao das regras tico-deontolgicas. Esta entidade vai
tambm julgar as faltas disciplinares.

Ao criar uma Ordem, o Estado, seguindo uma ideia de descentralizao


institucional, atribui-lhe poderes de soberania:

Poder para julgar faltas disciplinares


Competncia para regular o seu funcionamento

Essencial para manter a independncia da profisso e defender os interesses


da classe, compatibilizando assim a vertente pblica da advocacia e a vertente privada
de proteco dos interesses confiados.

2) Organizao estatal/ advocacia de Estado (ex: Rssia, Coreia do Norte,


Vietname) no existe propriamente uma Ordem, mas antes um colgio que se
encontra na dependncia do Estado, a quem cabe aa regulao e disciplina dos
advogados.

Os advogados no gozam de verdadeira independncia, estando equiparados


aos restantes funcionrios pblicos. Em caso de falta disciplinar ser o prprio Estado
a julgar.

3) Advocacia/ organizao livre EUA - no h organizao de classe que abranja


todo o territrio americano, e o exerccio da profisso no condicionado
inscrio ou ao pagamento de quotas.

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Mas quem julga as faltas disciplinares? O juiz (falha no tem sensibilidade


para julgar estes casos), tendo por base normas jurdicas reguladoras da
responsabilidade civil dos advogados.

Portugal a Ordem foi criada em 1926.

At a existiam associaes privadas de advogados, embora em 1838 tenham sido


aprovados os Estatutos da Associao dos Advogados de Lisboa, dando-se assim o
primeiro passo para a criao da Ordem.

Estatuto Judicirio 1927 regulava a organizao dos tribunais, o estatuto dos


magistrados judiciais e do Ministrio Pblico, e o estatuto dos advogados.

Comeou a fazer-se sentir a necessidade de um estatuto autnomo.

1984 1 Estatuto da Ordem dos Advogados DL 84/84, de 16 de Maro


deixou claro que a Ordem uma pessoa colectiva de direito pblico, dotada de
independncia e autonomia, designadamente para a definio das normas e princpios
deontolgicos.

Alterado pela Lei n. 80/2001, de 20 de Julho que trouxe alteraes profundas,


como a criao dos Conselhos de Deontologia, a introduo da pena de expulso, a
agilizao das formalidades processuais e a introduo de excepes proibio da
discusso pblica de questes profissionais (art. 82.)

Lei n. 15/2005, de 26 de Janeiro Novo Estatuto

Dr. Arnaut o Novo Estatuto abriu brechas no reduto tico da advocacia

Dispensa do segredo profissional

H um caso em que pode ser o tribunal a requerer aquela dispensa o tribunal


tem de obter um parecer prvio da OA (artigo 135., 3 e 4 CPP), contudo tal parecer,
falta de norma que o equipare a parecer tcnico, cai no mbito da livre apreciao do
julgador.

Objeco de conscincia para os casos em que o tribunal v contra o parecer


da OA e dispensa o sigilo profissional, mas o advogado entende que deve manter o
segredo profissional, recusando-se a revelar algo de que obteve conhecimento em
confidncia.

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Outros aspectos negativos

Publicidade artigo 89 (no Estatuto anterior, o advogado s podia fazer


publicidade atravs de tabuletas e anncios em que apenas indicava o
nome profissional, o endereo, as horas de expediente e a indicao de
ttulos acadmicos)

O novo Estatuto passou a permitir o que o Dr. Arnaut considera ser formas
condenveis de publicidade art. 89/3/h) a l) - possibilidade de mencionar processos
mediticos em que o advogado tenha intervindo, os cargos pblicos ou privados que j
tenha exercido e a composio e estrutura do escritrio.

Honorrios artigos 100 e 101

Flexibilizou-se a proibio de quota litis (quotas na lide o advogado ajusta


uma percentagem, como se fosse scio do cliente, que receber caso ganhe a causa),
de modo a permitir o chamado pacto de quota litis imperfeito fixao prvia dos
honorrios, na forma de percentagem, determinada em funo do valor da causa -
Artigo 101/3

O advogados deve ser pago quer ganhe, quer perca.

Ponto 3.3 do Cdigo de Deontologia dos Advogados Europeus

Aspectos positivos:

Arts. 68., 92., 99., 104., 108., 192., 193.

Criao de dois novos rgos os Presidentes do Conselho Superior e dos


Conselhos de Deontologia

Criao dos Agrupamentos de Delegaes

Considerao da formao contnua como sendo um dever de todos os


advogados art. 190.

Funes do advogado

 Romanos

Aconselhar/ informar - cavere ao aconselhar bem o advogado pode


prevenir litgios

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Representar as partes - agere defender o seu constituinte advogado


como dominus litis, gozando de grande independncia tcnica

Ex. O advogado e, portanto, o seu cliente, perdem a aco e, mesmo no


havendo fundamento para recorrer, o constituinte insiste em interpor recurso.

O advogado, que no pode ceder a este tipo de presses por parte do cliente,
deve recusar interpor recurso, quando manifestamente no haja fundamento. Caso
contrrio, pode chegar ao extremo de incorrer em litigncia de m f (falta disciplinar),
respondendo disciplinarmente e correndo o risco de ser obrigado a pagar parte da
multa em que o cliente tenha sido condenado.

Respondere dar sentenas e pareceres

A presena do advogado no processo deve ser dinmica, colaborante e


decisiva. Contudo, no podemos reduzir o papel do advogado sua interveno
processual, devendo ter sempre em mente que ele tambm aconselha, informa, redige
contratos e pactos sociais, testamentos, entre outras funes.

Alm disso, o advogado, antes de entrar pela via litigiosa, deve procurar
conciliar as partes, apresentando-se mediador nato, cuja funo primordial prevenir
litgios.

Castanheira Neves O advogado o mediador da convivncia tica

e da paz social Dr. Arnaut

Concepo tico-social do advogado deve participar na construo de uma


sociedade mais justa e livre.

Assim, o exerccio da advocacia desdobra-se em 3 vertentes:

i. Apoio e informao jurdica,


ii. Instncia de resoluo de conflitos e
iii. Mandatrio processual das partes

Pressupostos da concepo tico-social do advogado:

i. Formao tcnico-humana o advogado deve ser competente e culto,


ponderado, urbano e ntegro.

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ii. Independncia art. 76./1 e 84. EOA o advogado independente, perante


quaisquer tipos de poder e perante o cliente. Com efeito, o advogado o
dominus litis, ou seja, a ele que cabe a orientao do processo e a tomada
de todas as decises tcnicas.

iii. Princpio da confiana a constituio e manuteno do patrocnio forense


dependem de uma estrita relao de confiana recproca entre advogado e
cliente art. 92./1 EOA.

iv. Estatuto a realizao da funo social de interesse pblico do advogado


impe a existncia de um Estatuto adequado, em que se encontrem
devidamente regulados os direitos e deveres do advogado, de forma a garantir,
acima de tudo, a sua competncia, honorabilidade, independncia e dignidade
profissional.

Os direitos reconhecidos ao advogado, como o direito de protesto e o direito de


pedir escusa quando seja chamado como testemunha, assim como as imunidades
consagradas na lei, acabam por assumir a dimenso de direitos-deveres, na medida
em que, no constituindo privilgios pessoais, s existem para garantir o livre e eficaz
exerccio do dever de patrocnio.

Sociedades de advogados DL 229/2004 permitem uma maior especializao


jurdica, troca de opinies, apoio recproco e distribuio de casos por reas definidas,
alm das bvias vantagens financeira, visto que todos os custos so repartidos pelos
scios.

As sociedades de advogados caracterizam-se pelos seguintes princpios:

 Princpio da liberdade contratual arts. 7./1/l), 33. a 35. e 37. - a sociedade


pode escolher qual dos dois regime de responsabilidade civil existentes
(limitada ou ilimitada) quer adoptar.

 Princpio da natureza no mercantil art. 1./2 so sociedades civis, pelo que


se aplicam subsidiariamente os artigos 157. e segs CC

 Princpio da institucionalizao consolidao como organismos estveis,


permitindo que a sociedade possa manter o nome de ex-scios, desde que
tenha autorizao para tal (art. 10./3) e, por outro lado, impondo-lhe a
obrigao de elaborar planos de carreira (art. 62./1).

 Princpio da transparncia e de credibilidade do exerccio da profisso obriga


ao depsito na OA das contas anuais da sociedade (art. 30./3)

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 Princpio legal-deontolgico subordinao da sociedade e dos scios aos


deveres tico-deontolgicos previstos no EOA (art. 8./1 e art. 203./2 EOA) e
possibilidade de excluso de scios em caso de violao grave daqueles
deveres (art. 22./1/a))

 Princpio da desburocratizao apenas o projecto de contrato de sociedade


est sujeito a aprovao pela OA (art. 8./1). J os restantes actos da vida da
sociedade, como a alterao do contrato, a fuso e a ciso, excepto quando o
contrato esteja includo no projecto do fuso ou ciso, no dependem da prvia
aprovao pela OA, mas sim de registo junto deste organismo, que apenas
pode ser recusado com fundamento em violao manifesta das normas
deontolgica (art. 38./3, 43.e 9.)

O advogado deve ser livre na sua conscincia

Problema da conscincia individual e da conscincia profissional podem no


coincidir.

Os grandes princpios deontolgicos

Deontologia a palavra surgiu por oposio ontologia

Estudo do dever ser estudo do ser

Deontologia conjunto de normas tico-jurdicas, fundadas na lei ou na


prtica forense pelas quais os advogados devem pautar o seu comportamento pblico,
profissional e cvico.

No mbito da deontologia, estudamos no s os deveres mas tambm os


direitos dos advogados, principalmente quando os mesmos se consubstanciam em
garantias dadas ao advogado para o exerccio da profisso - imunidades.

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Fontes de deontologia

 Lei fontes escritas:

 EOA (principal fonte)

 Disposies legais consagradas noutras sedes (ex: art. 154/3 CPC, art.
326. CPP, entre outras)

 Convenes Internacionais ex: Cdigo de Deontologia dos Advogados


Europeus (CCBE) aplica-se apenas s relaes estabelecidas entre
advogados de diferentes Estados-membros

 Usos, costumes e tradies art. 83./1, parte final - so normas de


comportamento que resultam de uma longa e pacfica praxe forense e que,
embora no codificadas, assumem grande relevncia, sobretudo em matria
de deveres entre os advogados

Um desses costumes, entretanto tipificado (art. 104. EOA) era precisamente a


proibio de o advogado falar com as testemunhas

Grandes princpios deontolgicos:

Independncia art. 84. - dever absoluto do advogado, que deve ser isento
de qualquer presso, quer actue em sede judicial ou extrajudicial. Esta
independncia no pode ser causa pela existncia de um contrato de trabalho,
levando a nulidade de certas clusulas (art. 68.). precisamente para
proteger esta independncia que, entre ns, proibido o pacto de quota litis
(art. 101.) e existem as incompatibilidades e impedimentos (art. 76. a 79.).

Interesse pblico da profisso de advogado reflecte-se em vrias


premissas, como as especificidades do mandato forense face ao mandato
como contrato tpico; as regras sobre honorrios (arts. 100., 101. e 102.
EOA; 3.3 e 3.4 CCBE e Regulamento 40/2005); as limitaes publicidade
(art. 89. EOA); a proibio da angariao de clientela (art. 85./2/h) EOA); da
obrigatoriedade de inscrio na Ordem

Confiana baseada na honestidade e integridade do advogado.

Segredo profissional art. 87. considerado o direito e dever primeiro e


fundamental, actuando como garante da confiana

Incompatibilidades arts. 76. e segs - resultantes do exerccio de certa


actividade que ferem ou diminuem a independncia e o dever de participar na
administrao da justia.

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Relaes com os clientes arts. 92. e segs - o advogado deve actuar em


defesa dos seus interesses, com honestidade e competncia, devendo este
abster-se de aceitar o patrocnio quando no tenha conhecimentos suficientes
da matria ou quando no tenha tempo. Encontramos aqui outras regras
importantes como a obrigao de no recusar patrocnio sem motivo
justificativo e a livre escolha do mandatrio pelo mandante (art. 62./2 e 83./1).

Proibio da quota litis

Lealdade na conduo do processo vedado ao advogado o uso de meios


ilcitos, e de expedientes que ponham em causa a descoberta da verdade
material.

Atitude em tribunal o advogado, no mbito do seu dever de defesa dos


interesses do cliente, deve sempre actuar dentro dos limites da lei, tratando
com o devido respeito o colega, e os magistrados, tanto judiciais como do MP.

Solidariedade profissional os advogados devem cooperar entre si, na


prossecuo da defesa dos interesses dos seus clientes, tentando sempre
alcanar uma resoluo extrajudicial antes de partir para a via litigiosa.

A Ordem dos Advogados

Associao pblica representativa dos licenciados em direito que nela se


encontram inscritos e que exeram profissionalmente a advocacia, gozando de
personalidade jurdica art. 1./1. Desta definio, retiramos que a Ordem :

 Uma pessoa colectiva de tipo associativo por se tratar de um agrupamento


de indivduos associados para a prossecuo de certas finalidades comuns;

 Uma pessoa colectiva de direito pblico pois criada por iniciativa pblica e
para assegurar a prossecuo necessria de interesses pblicos atravs do
exerccio, em nome prprio, de poderes e deveres pblicos. Esta caracterstica
tem como manifestaes:

o Ter sido criada por diploma legal


o Consagrao de atribuies legais da OA - art. 3. EOA
o Ter um estatuto constitucional, pois a legislao que a regula matria
de reserva relativa da Assembleia da Repblica art. 165. CRP
o Ter deveres legais

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 uma associao que integra a administrao autnoma do Estado, porque


apenas est submetida tutela do Governo, que se traduz num poder de
fiscalizao. Deste modo, a OA tem poder de auto-regulao

Natureza, Estrutura e funcionamento da Ordem dos Advogados

Estatuto Judicirio a Ordem tinha a sua autonomia limitada relativa


independncia face ao Ministrio da Justia

DL 84/84 a Ordem uma associao pblica

Actual EOA art.1 - a Ordem uma pessoa colectiva pblica, que no est
sujeita a nenhuma tutela do Estado, livre e autnoma

Independncia da Ordem face ao Estado

Tem como principais atribuies a defesa do Estado de Direito art. 3./a) EOA
v-se aqui que a Ordem vai mais alm dos interesses particulares dos advogados,
pugnando pela realizao de um interesse pblico, o que, por sua, vez, se reflecte,
no s nos deveres da OA, mas tambm nos deveres dos advogados para com a OA
(art. 86. EOA), e para com a comunidade (art. 85. EOA)

Art.100/3 EOA fixao de honorrios tem regras prprias e resulta da


aplicao de diversos critrios, sendo o mais importante o critrio do tempo
efectivamente despendido na causa.

O advogado tem, na relao com o seu constituinte, uma obrigao de meios


e no uma obrigao de resultado. Esta percepo vai moldar os termos em que
pode haver responsabilidade civil do advogado, sendo certo que a adopo da
concepo inversa (obrigao de resultado) levaria a que o advogado pudesse ser
civilmente responsabilizado sempre que o resultado do seu trabalho desagradasse o
seu cliente, o que, em ltima anlise, iria comprometer irremediavelmente a sua
independncia e autonomia.

O nico cenrio em que o se pode dizer que o advogado assume uma


obrigao de resultado quando ele se compromete realizao de certo acto, ou
quando esteja em causa a prtica de actos adjectivos. Tais actos tm de ser
realizados dentro de um certo prazo (prazo peremptrio), e o incumprimento dos
prazos desencadeia a responsabilidade civil.

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um dever profissional do advogado no aceitar o patrocnio quando no


tenha disponibilidade para cumprir os prazos inerentes causa

Arts. 92 e segs. EOA conjunto de deveres que densificam a obrigao de


meios (relaes com os clientes)

Dois dos deveres que o advogado tem para com o cliente so os deveres de
zelo e de competncia, que se encontram intimamente ligados com a problemtica da
actualizao dos advogados. Aqui devemos interligar os arts. 92./2, 95./1/b) e 190.
EOA.

Se, por um lado, o advogado tem deveres, por outro lado, tambm lhe so
reconhecidos direitos e garantias (incluindo as imunidades), ainda que estes estejam
vocacionados para o exerccio eficaz da funo do advogado.

Estrutura Orgnica

1. rgos nacionais

Congresso da OA arts. 9./2/a) e 26. e segs EOA

rgo que rene ordinariamente de 5 em 5 anos e, cumpridos os requisitos


do art. 31. EOA, extraordinariamente

Conjunto de todos os advogados arts. 26 a 31 - mediante eleio de


representantes

Competncias art. 27 - tratar e pronunciar-se sobre

O exerccio da advocacia, seu estatuto e garantias;

A administrao da justia

Os direitos, liberdades e garantias dos cidados;

O aperfeioamento da ordem jurdica em geral

Assembleia Geral arts. 9./2/b) e 32 e segs EOA

rgo deliberativo por excelncia

Constituda por todos os advogados com inscrio em vigor

Competncias especficas e uma competncia residual art. 32

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Bastonrio arts. 9./2/c), 38. e 39. EOA

Funes e competncias variadas, com destaque para a sua qualidade de


presidente da OA e, por inerncia:
 Do Congresso
 Da Assembleia Geral
 Do Conselho Geral

Art. 39 EOA competncias mais importantes:

Representar a OA em juzo e fora dele, designadamente junto dos rgos de


soberania

Representar os institutos integrados na Ordem (que prestam apoio OA)

Decidir dos recursos interpostos das decises sobre escusas e dispensas

Interpor recurso de qualquer deciso, de qualquer rgo, para que seja aferida
da sua conformidade com o EOA

Decidir dos recursos interpostos das decises sobre dispensa de sigilo


profissional, que, nos termos do art. 51./1/m) EOA, cabem ao Presidente do
Conselho Distrital

Segredo profissional art. 87 EOA (norma de carcter enunciativo)

Alneas e) e f) o advogado no pode revelar factos de que tenha


tomado conhecimento em negociao com a parte contrria

O segredo profissional cobra os factos revelado pelo cliente, pela contraparte e


por colegas, verbalmente ou por escrito.

Art. 87/2 h segredo, independentemente:

De ir a tribunal
De o advogado no ser remunerado
De ter aceite ou no o patrocnio

H situaes pontuais em que se admite a dispensa do segredo profissional


art. 87/4 por tal ser necessrio defesa da dignidade, direitos e interesses
legtimos, tanto do advogado como do cliente

Regulamento de Dispensa do Segredo Profissional (reg. N. 94/2006)

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O segredo a regra s em circunstncias excepcionais se pode obter


dispensa, tendo sempre de se respeitar o art. 87/4

preciso prvia autorizao do presidente do conselho distrital - art.


51/1/m)

Recurso para o bastonrio art. 39/1/a)

Presidente do Conselho Superior arts. 9./2/d) e 40. EOA

Conselho Superior arts. 9./2/e), 41., 42. e 43. EOA

rgo jurisdicional mximo da OA

Pode julgar em matria disciplinar e no disciplinar

 Matria disciplinar funciona, em regra, como tribunal de recurso,


conhecendo das deliberaes dos conselhos de deontologia, mas
pode tambm funcionar com tribunal de 1 instncia, quando esteja
em causa processo em que seja arguido o actual ou antigos
bastonrios, antigos ou actuais membros do conselho superior e do
conselho geral, e os antigos ou actuais membros dos conselhos
distritais ou dos conselhos de deontologia

 Matria no disciplinar julgar recursos sobre deliberaes do


conselho geral ou dos conselhos distritais, que no tm
competncia em matria disciplinar

Art.43/3/e) dar laudo sobre honorrios - Regulamento dos Laudos de


honorrio - Regulamento n. 40/2005

Juzo pericial proferido por um rgo da OA e que normalmente pedido por


um juiz.

Quem pode pedir o laudo art. 6 RLH?

Cliente
Advogado
Juiz
Conselhos da OA

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Conselho Geral art. 9./2/f) e 44 e segs EOA

rgo executivo mximo da OA


Poderes de gesto
Presidido pelo bastonrio
Tem competncia a nvel nacional

No mbito das suas competncias, destacam-se:

Art. 45/1/a) defesa dos direitos, liberdades e garantias e da administrao da


justia

Art. 45/1/d) competncia residual aqui que se encontra a competncia


para o Conselho Geral se pronunciar sobre a conformidade dos actos praticados com
o EOA

Ligao com o tema da imunidades art. 154/2 CPC e art. 114 Lei
3/99

Se houver processo disciplinar a competncia para aquele parecer cabe aos


Conselhos de Deontologia e ao Conselho Superior, pois so os nicos rgos com
competncia disciplinar

2. rgos Distritais

Assembleias Distritais arts. 9./2/g), 47 e 48 EOA

Competncia restrita ao distrito

Conselhos distritais arts. 9./2/h), 49. e 50. EOA

Presidentes dos Conselhos distritais arts. 9./2/i) e 51. EOA


N.1, alnea m) art. 87/4
N.1, alnea n)
N.1, alnea o) art. 88/2

Os distritos no correspondem aos distritos judiciais

Lisboa, Porto, Coimbra, vora, Faro, Madeira (Funchal) e Aores (Ponta


Delgada) art. 2./4 EOA

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Conselhos de Deontologia arts. 9./2/j) e 52. e segs EOA

Presidentes dos Conselhos de Deontologia - arts. 9./2/l) e 55. EOA

3. rgos de Comarca

Delegaes - arts. 9./2/n), 57. e 58.

Em cada comarca, junto de cada tribunal, h um delegado da OA

mbito de aplicao do EOA tem dois princpios enformadores:

 Princpio da territorialidade a competncia da OA nacional, abrangendo


todo o territrio nacional;

 Princpio da personalidade o EOA aplicvel a todos os advogados e


advogados estagirios que estejam inscritos na OA, dentro e fora do territrio
portugus

Sociedades de Advogados

Enquanto sociedades civis, reflectem a natureza no mercantil da actividade dos


advogados. Tal natureza tem as seguintes implicaes:

i. No podem ter forma comercial;

ii. As disposies do CC sobre sociedades civis puras so subsidiariamente


aplicveis art. 2. DL 229/2004, embora as sociedades de advogados
difiram daquelas nos seguintes aspectos:

 S podem ser scios ou associados advogados inscritos na OA


arts. 5./1 e 6. DL 229/2004;

 Todos os scios devem fazer contribuies de indstria, no


podendo haver scios apenas de capital art. 12. DL 229/2004 - o
que significa que todos devem praticar actos prprios dos
advogados.

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No possvel a transmisso de participaes sociais para quem no advogado


art. 19./3 DL 229/2004, o que significa que quem no for advogado no pode adquirir
a qualidade de scio, nem sequer por transmisso forada.

Mesmo nos casos em que a assembleia geral autorize a cesso de participaes


a advogado no scio - art. 16./1 DL 229/2004 - este dever fazer as devidas
contribuies de indstria.

A adeso a uma sociedade de advogados , na maior parte dos casos,


impulsionada por questes de organizao da advocacia, face multiplicidade de
matrias. Alm disso, as sociedades apresentam ainda a vantagem de permitirem a
diviso de todos os custos pelos scios.

Aquele impulso intensificado pelo facto dos arts. 92. a 95., ao disciplinarem as
relaes dos advogados com os clientes, prescreverem que no devemos dar consulta
sobre matria que no conhecemos dever de competncia.

Desdobra-se noutros deveres: de zelo, de formao e de actualizao

Os advogados que exercem a sua actividade no mbito de uma sociedade esto


sujeitos ao cumprimento das regras deontolgicas tal como os advogados que
exeram actividade individualmente.

Por exemplo, permitido ao advogado da sociedade, que abordado por um


cliente com um problema que aquele no domina, transferir o caso para outro colega
mais especializado na rea. Todavia, tal no anula, de modo algum a proibio de a
mesma causa ser tratada e defendida por vrios advogados, na medida em que se
pretende salvaguardar um pilar da advocacia, que a relao de confiana entre
advogado e cliente.

Art. 203. EOA:

1. Os advogados que exercem funes nas sociedades de advogados so


scios ou associados;

2. Os princpios deontolgicos devem ser observados pela sociedade


enquanto entidade colectiva e nas relaes internas entre scios e
associados

3. Proibio de sociedade multidisciplinares

4. Diploma prprio - DL n. 229/2004

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Deontologia Profissional

Prtica de actos prprios dos advogados e solicitadores

Exerccio da advocacia arts. 61. e segs EOA e Lei n. 49/2004, de 24 de Agosto

Arts. 61 e segs EOA uma lei, pelo que se aplica a toda a agente (no tem
apenas aplicao interna entre os advogados)

Art. 61 EOA

Licenciados em direito
Com inscrio em vigor na OA (princpio da personalidade)

Podem praticar actos prprios da advocacia (Lei 49/2004) em todo o territrio


nacional.

Lei n. 3/ 99 contm normas que se aplicam directa e exclusivamente aos


advogados
Art.6 - os advogados participam na administrao da justia (so
colaboradores fundamentais). Tm o poder de patrocnio das partes
interesses de terceiros

Art. 6/2 discricionariedade tcnica

Art. 114 - imunidades necessrias OA exerccio do mandato

Art.61 - exerccio da advocacia em territrio nacional

N3 evidenciao do interesse pblico da advocacia

o o desenvolvimento do art. 20. CRP, que consagra o direito de


acesso ao direito e a tutela jurisdicional efectiva

o art. 208. CRP

Trs princpios essenciais:

 Necessidade de possuir licenciatura em Direito;

 Obrigatoriedade de inscrio em vigor na OA (a suspenso da inscrio no


implica perda do ttulo de advogado, mas impede o exerccio da profisso)
o Arts. 192 e 193 EOA condies para a inscrio na OA

 Direito de qualquer advogado inscrito na OA poder exercer advocacia em todo


o territrio nacional

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Deontologia Profissional

Actos prprios do advogado

1. Mandato forense

art. 1157 CC Contrato que se estabelece entre o advogado


(mandatrio ou patrono no caso do apoio judicirio) e o cliente (mandante, constituinte
ou representado no caso do apoio judicirio) em que aqueles se obriga a praticar actos
jurdicos no interesse e em interveno pelo cliente.

O advogado est vinculado s instrues de facto do cliente, mas tem sempre


independncia tcnica.

O mandato forense presume-se oneroso art. 1158

Art. 62 EOA e arts. 1/5/a) e 2 Lei 49/2004

mais amplo do que o mandato judicial, na medida em que permite a


representao em tribunal e a representao junto de rgos parajudiciais como os
julgados de paz.

Art. 62./2 Princpio da livre escolha do advogado pelo cliente (sofre desvios
em matria de apoio judicirio) este princpio deriva do princpio geral da relao de
confiana entre advogado e cliente art. 92./1 e do dever de patrocnio do art. 83./1

tambm aqui que inclumos a regra, ainda que no escrita, de que o


advogado no deve litigar em causa prpria, mesmo que, no processo penal, se
constitua assistente (art. 70. CPP), nem patrocinar um co-arguido.

Se no processo existirem vrios assistentes que no tenham interesses


conflituantes, aqueles assistentes tero de escolher um s advogado. Mas se no
chegarem a acordo, a escolha do advogado ser o do juiz.

Devemos sempre relacionar estes artigos com o regime da constituio de


advogado tanto no CPC arts. 32. e segs como no CPP 61./1e), f), 70. e 76.

Art. 301 CPC nulidade dos actos praticados para os quais a procurao no
confira poderes, por serem necessrios poderes especiais. Embora o art. 301. CPC

19
Deontologia Profissional

se refira expressamente confisso, transaco e desistncia, este preceito


aplicvel analogicamente aos restantes casos em que o advogado intervenha sem ter
os poderes especiais exigidos por lei.

O mandato pode no nascer de qualquer formalismo, iniciando-se no momento


em que o advogado diga ao cliente que ser seu advogado. Isto porque o mandato
tanto pode ter forma escrita como ser concedido oralmente.

Art. 35/2 CPC caso em que o mandato conferido no momento da


interveno.

Art. 36 CPC substabelecimento:

Com reserva
Sem reserva

Art. 39 CPC revogao e renncia do mandato

Revogao opera automaticamente

Renncia no opera automaticamente, nem sequer suspende os


autos. O advogado tem de exercer o mandato at ser substitudo.

Revogao e substabelecimento sem reserva tm efeitos semelhantes e


ambos nascem de situaes de ruptura da confiana entre advogado e cliente - muitos
autores dizem mesmo que o substabelecimento sem reserva a forma elegante de
quebrar a relao entre o cliente e o advogado.

2. Consulta jurdica art.63 EOA e arts. 1./5/b) e 3 Lei 49/2004

Considera-se consulta jurdica a actividade de aconselhamento


jurdico que consiste na interpretao e aplicao das normas
jurdicas mediante solicitao de terceiro.

no mbito da consulta jurdica que inclumos a elaborao de pareceres


art. 1./2 e 3 Lei 49/2004 excepo obrigatoriedade de inscrio na OA, devido
sua natureza independente e OA facto de no se ligar OA patrocnio. Com efeito, o art.
1./3 da Lei 49/2004 reconhece expressamente que os professores das faculdades de
direito podem elaborar pareceres, mesmo que no se encontrem inscrito na Ordem.

20
Deontologia Profissional

3. Prtica de actos preparatrios, designadamente os actos praticados junto


de conservatrias e cartrios notariais art. 1./6/a), 2 parte

4. Elaborao de contratos art. 1./6/a), 1 parte

5. Actos previstos nas leis do processo

6. Negociao com vista cobrana de crditos art. 1./6/b)

7. Exerccio do mandato no mbito da reclamao ou impugnao de


actos administrativos ou tributrios art. 1./6/c)

Todos estes actos so prprios do advogado (e dos solicitadores) por serem


praticados art. 1./7:

No mbito do exerccio profissional


No interesse de terceiros

A advocacia tem sempre uma base contratual, seja esta unilateral mandato ou
bilateral contrato de prestao de servios ou contrato de trabalho

Art. 68 EOA exerccio da actividade em regime de subordinao

Como que pode reagir a Ordem quando a entidade patronal tente impor uma
orientao OA advogado que considere violadora dos princpios deontolgicos?

Nulidade das clusulas do contrato que violem os princpios


deontolgicos n.2

Nulidade das orientaes ou instrues da entidade empregadora n.3

Ao assumir esta funo fiscalizadora, a OA visa assegurar a independncia e


iseno do advogado, previstas nos arts. 76./1 e 4 e 84. EOA.

Sabendo quais os actos prprios dos advogados podemos detectar quaisquer


situaes anormais, irregulares, que configuram ilcitos criminal, civil e disciplinar.

21
Deontologia Profissional

Ilcito criminal

Crime de usurpao de funes art.358/b) CP (pena de priso at 2 anos


ou pena de multa at 240 dias) crime pblico

Crime de procuradoria ilcita art.7 Lei 49/2004 CP (pena de priso at 1


ano ou pena de multa at 120 dias) crime semi-pblico

O tipo preenche-se com a prtica de actos prprios dos advogados e


solicitadores

Enunciado mais abrangente do que o do crime de usurpao de


funes, na medida em que abrange, no s o indivduo que pratica
actos prprios de advogado ou solicitador mas tambm quem o auxiliar.

Quem praticar acto prprio de advogado sem ter, por exemplo, inscrio em
vigor na OA, cometeu ambos os crimes, em concurso real.

Ilcito civil

responsabilidade penal acresce a responsabilidade civil, para a qual vem o art.


Art.11 Lei 49/2004 estabelecer uma presuno de culpa, o que implica que caber ao
sujeito porventura demandado, e no ao autor, provar que no agiu com culpa para
afastar a responsabilidade civil e decorrente obrigao de indemnizao.

Nota os actos anteriormente praticados por quem no tenha inscrio em


vigor na OA so nulos, no podendo haver qualquer aproveitamento.

Art. 82 EOA - Exerccio ilegtimo da advocacia os magiestrados,


conservadores, notrios e responsveis pelas reparties pblicas tem a obrigao de
comunicar OA qualquer facto que indicie o exerccio irregular ou ilegrtimo da
advocacia.

Ligada temtica dos actos prprios do advogado est, ainda, a proibio de


sociedades multi-disciplinares Art.203/3 EOA art.6/3 Lei 49/2004

Os actos prprios dos advogados s podem ser praticados no mbito de


escritrio do advogado ou de sociedade de advogados, de modo a no comprometer o

22
Deontologia Profissional

princpio da livre escolha do mandatrio pelo mandante e o princpio da livre


concorrncia entre advogados.

Podemos perfeitamente criar uma sociedade com um engenheiro, desde que


esta no tenha como fim a consulta jurdica ou a prtica de qualquer outro acto prprio
do advogado. Pense-se no caso de constituirmos uma sociedade com vista
explorao de um complexo hoteleiro. Neste mbito podemos praticar actos como a
elaborao do contrato, sem violar aquela proibio, visto que no estamos a agir no
interesse de terceiro, mas sim no nosso.

Direitos do advogado

1. Direito a tratamento compatvel com a dignidade da advocacia por parte dos


magistrados, agentes de autoridade e funcionrios pblicos e a condies
adequadas para o cabal desempenho do mandato art. 67. EOA

Estes direitos, que visam proporcionar ao advogado as condies para que ele
cumpra o seu dever de actuao (arts. 3./1/d), 76./2 e 83. EOA), encontram-se
ainda consagrados, ainda que indirectamente, nos arts. 70. a 74. EOA, que
regulamentam determinados aspectos prticos e concretos da vida do advogado.

O n. 2 do art. 67. prescreve que o advogado, na audincia de julgamento


deve dispor de bancada prpria (o Dr. Arnaut acrescenta que a mesma se deveria
situar ao mesmo nvel do que a do MP) e pode falar sentado (raramente o advogado
lana mo desta prerrogativa, pois ao alegar em p ele ter maior capacidade de
persuaso)

2. Direito proteco da Ordem na defesa dos seus interesses legtimos - art. 66.
EOA este direito, que se insere nas prprias atribuies da Ordem, elencadas no
art. 3., explica a permisso, concedida nos arts. 5./2 e 45./1/u) EOA, de a
Ordem intervir autonomamente como assistente nos processos penais em que o
advogado, nessa qualidade, seja ofendido, e possa prestar patrocnio, tanto em
processo penal como em processos de outra natureza.

3. Direito informao, exame de processos, pedido de certides, atendimento


preferencial e de ingresso nas secretarias judiciais art. 74. EOA.

23
Deontologia Profissional

Em matria de pedido de certides e de consulta de processos, o direito


consagrado no art. 74. EOA no se sobrepe s formalidades para a sua obteno
das certides, nem s limitaes consulta de processo por fora da sua natureza
secreta, prescritas nos arts. 167. a 175. CPC e nos arts. 86., 89. e 90. CPP.

Com efeito, o acesso aos processos no igual para todos os casos:

Processos de carcter secreto ex: processo-crime na fase de inqurito e


quando haja segredo de justia

Processos de carcter reservado (ex: aces de estado) o legislador impe


vrios limites sua acessibilidade, pelos mais variados motivos

 Aces de estado s tm acesso ao processo as partes e seus


mandatrios art. 168./2/a) CPC

 Procedimento cautelares a limitao do acesso visa acautelar o efeito


til do procedimento, pelo que s tm acesso o advogado da parte que
requereu providncia art. 168./2/b) CPC

Processos de carcter no reservado so a maioria

No s podemos consultar os autos como podemos pedir a confiana do


processo o funcionrio entrega o processo OA advogado, que o pode levar para
consultar noutro stio

Em processo de carcter secreto e nos processos de carcter secreto o


advogado, para pedir a confiana do processo, tem de ter procurao da parte, sem a
qual incorre num crime de usurpao de funes

Requerimento para confiana do processo

Proc. n. ___/___ Exmo. Senhor Escrivo do


__ Seco/__ Juzo Tribunal Judicial de ________

_________________, Advogado, com escritrio em ____________, mandatrio de


_________________ (nome completo do cliente), necessitando de examinar o
processo no seu escritrio, requer a sua confiana pelo perodo de cinco dias.
Junta: Procurao

O Advogado

24
Deontologia Profissional

Tambm quanto ao pedido de certides temos de olhar para a natureza do


processo

O requerimento para obter uma certido no mbito de um processo-


crime deve ser sempre reduzido a escrito e fundamentado arts. 89 e
90 CPP.

Este rigor encontra-se tambm no domnio cvel, quando esteja em causa um


processo de natureza reservada art. 174./2 CPC.

Processo de carcter no reservado qualquer advogado, constitudo ou no


nos autos pode pedir uma certido de determinada pea processual art. 168./1 CPC
e art. 89. CPP

O pedido pode ser feito oralmente

Basta identificar-se como advogado

No precisa de procurao

Este direito tem ainda consagrao, embora indirecta, isto , no direccionada


exclusivamente aos advogados, nos n. 1 e 2 do art. 268. CRP.

No que respeita ao atendimento preferencial, devemos ter em ateno que:

 O mesmo s existe quando o advogado aja no exerccio das suas


funes

 No se sobrepe automaticamente ao direito de atendimento prioritrio,


nas reparties pblicas, de que gozam os idosos, doentes, grvidas,
pessoas acompanhadas de crianas de colo e deficiente. Nestes casos,
o advogado dever, pelo menos na maioria dos casos, reconhecer-lhes
preferncia, por uma questo de cortesia.

A preferncia no opera quando o advogado pretende fazer um registo para o


seu cliente e sua frente se encontra outra pessoa que tambm pretenda efectuar um
registo.

Art. 4 DL 376/87 direito de ingresso nas secretarias judiciais

25
Deontologia Profissional

4. Direito a regime especial na imposio de selos, arrolamento e buscas no


escritrio, e proibio de apreenso da correspondncia que respeita ao
patrocnio arts. 70. e 71. EOA.

Imposio de um conjunto de formalidades e trmites estas diligncias


devem ser ordenadas e presididas pelo juiz competente e devem ser previamente
comunicadas Ordem.

O desrespeito destas garantias acarreta a nulidade do acto, isto porque:

 Houve omisso de formalidade essencial arts. 201./1 e 205. CPC e


arts. 118., 177./5, 180. e 268./1c) CPP que compromete a
dignidade do advogado;

 Os actos praticados em violao daquelas garantias podem influir,


indevidamente, na deciso da causa

Art. 71. EOA - proibio da apreenso da correspondncia do advogado,


excepto quando ele respeita a facto criminoso do advogado ligao com os arts.
197./2 e 126./3 CPP e com o art. 32./8 CRP.

Esta proibio, cujo desrespeito acarreta a nulidade da apreenso, abrange


toda a correspondncia profissional do advogado, quer esta se encontre no escritrio,
noutro lugar ou mesmo na posse de terceiro, pois s assim se salvaguarda o segredo
profissional.

Art. 72 - Reclamao (tanto das diligncias do art. 70. como das diligncias
do art. 71.)

n.2 efeito suspensivo e imediato da reclamao, na medida em que a


preservao do segredo profissional impe que o juiz deve acondicionar
os documentos ou objectos, sem os ler ou examinar, em volume selado.

n.4 no h recurso da deciso do presidente da Relao

A todos estes preceitos, que visam a preservao do segredo profissional acrescem


os arts. 87 EOA e 195 CP

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Deontologia Profissional

5. Direito de comunicao pessoal e reservado com rus presos art. 73. EOA

Quando os estabelecimentos prisionais ou as polcias no tenham instalaes


para o efeito, devemos reclamar, mas sempre com a devida urbanidade, um
compartimento reservado para falar com o cliente.

Este pedido dever ser atendido, sob pena de violar o dever que sobre aquelas
entidades impende de assegurar as condies adequadas ao cabal exerccio do
mandato, previsto no art. 67.

6. Direito de protesto art. 75.


Direito de requerer, oralmente ou por escrito, o que tiver por conveniente n.1

S quando ao advogado no seja dada oportunidade de fazer tal requerimento


ou o mesmo no for exarado em acta, limitando assim os direitos e deveres
inerente ao patrocnio, que deve ser exercido o direito de protesto.

Ex: estamos num julgamento, durante o qual o advogado faz uma pergunta e juiz,
que j est enfadado, diz ao advogado que a pergunta no necessria, pelo que
no autoriza que se faa. O advogado que sabe se a pergunta tem ou no
interesse

Art. 638/3 CPC perguntas que no se podem fazer perguntas impertinentes,


sugestivas, capciosas ou vexatrias

Se algum faz uma destas perguntas ao seu constituinte o advogado chama a


ateno ao juiz

O juiz pode dar-lhe razo e o acto ou diligncia prossegue

O juiz no lhe d razo o advogado pode exercer o direito de protesto

O protesto, deduzido oral, registado em acta, ressalvando o caso do art.


362./2 CPP, como se fosse um requerimento, devendo indicar-se a matria do
requerimento que no foi autorizado ou que no ficou a constar em acta e o objecto
pretendido.

27
Deontologia Profissional

Processualmente, o protesto, equivale arguio de nulidade (fundamento para


recurso) resultante da no admisso do direito de requerer ligao entre o art. 75./3
EOA, o art. 205. CPC e os arts. 120./3/a) e 123. CPP.

Figura de natureza processual um incidente processual

D ao advogado a possibilidade de reagir contra situaes que ponham em


causa a sua dignidade pessoal e profissional e prejudiquem os interesses dos
seus clientes

7. Direito ao livre exerccio de patrocnio e ao no sancionamento de actos


conforme ao estatuto da profisso art. 64.

Inclui-se aqui o direito ao livre exerccio do patrocnio, a liberdade de actuao


e de crtica, desde que exercidas dentro dos limites impostos pelo art. 154./4 CPC, e,
reflexamente, a independncia do advogado no exerccio da profisso.

Art.84 EOA - independncia do advogado no exerccio da profisso


simultaneamente um direito e um dever

Esta independncia fundamental para estabelece, tanto com o cliente, como


com a comunidade, a confiana necessria para assegurar o cumprimento dos
deveres deontolgicos.

Dizer que o advogado deve ser independente significa ainda que:

No se pode deixar influenciar por interesses particulares, prprios

Deve manter-se independente face a clientes, colegas, tribunais ou


terceiros

A independncia do advogado determina ainda o regime do exerccio da actividade em


regime de subordinao, caracterstico do contrato de trabalho - Art. 68

Nenhuma clusula pode retirar ao advogado a sua liberdade e


independncia tcnica, sob pena de nulidade

NOTA - cabe Ordem aferir da compatibilidade das clusulas (68./1/1 parte)

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Deontologia Profissional

Ligada independncia e reflectindo a ideia de que o advogado


indispensvel administrao da justia, transposta para o art. 82./1 EOA, est a
concesso de imunidades para o desempenho eficaz do mandato arts. 208. CRP,
arts. 6. e 114. Lei 3/99.

Art.6 LOFTJ discricionariedade tcnica o advogado quem tem a direco


do processo, ou seja, ele que decide o caminho a tomar na resoluo do problema,
quer na definio da soluo para o mesmo, quer quanto aos meios para a alcanar
(ex: prova), sendo dele a responsabilidade final

Art. 208. CRP e art. 114. LOFTJ - As imunidades, visam assegurar a


independncia do advogado no exerccio da sua funo, para ainda que
indirectamente, assegurar o acesso ao direito, na modalidade de patrocnio judicirio
no so prerrogativas pessoais

Segredo profissional um direito-dever

Direito ao livre exerccio do patrocnio e no sancionamento por actos


exercidos em conformidade com o estatuto (art.114/3/b LOFTJ)
conformidade esta que deve ser apreciada pela OA (art. 45./1/d) EOA).

Art.6 EOA - os actos praticados pelos rgos da OA podem ser objecto de:

Recurso hierrquico
Aco administrativa contra a AO

Deveres do advogado

1. Dever geral de integridade moral ou probidade art. 83. EOA na medida em


que indispensvel administrao da justia o advogado deve ter um
comportamento pblico e profissional adequada dignidade e funo social da
advocacia (no pode manchar a boa imagem da classe). Para tal ele dever
cumprir escrupulosamente os deveres consagrados no EOA, na lei, nos usos, nos
costumes e na praxe forense.

Atendendo formulao do art. 83./1 devemos concluir que o dever de


integridade abrange tanto a vida profissional, como a vida privada do advogado que
seja tornada pblica ou venha a ser conhecida quando afecte a dignidade da
profisso, pois no expectvel que a comunidade respeite o advogado, olhando-o
como parte integrante da administrao da justia, se este tiver uma vida pessoal
merecedora de censura tica.

29
Deontologia Profissional

Ex: passar cheques sem cobertura

Vai contra a ideia de justia e direito

Este dever de integridade compreende, de acordo com o n. 2 daquele


preceito, a honestidade, a probidade, a rectido, a lealdade, a cortesia e a sinceridade.

2. Deveres para com a comunidade art. 85.

Ao advogado so impostos vrios deveres para a comunidades, decorrentes,


no s da funo tico-social da advocacia, mas tambm da interveno do advogado
como protector dos direitos liberdades e garantias dos cidados e do seu papel na boa
aplicao das leis, na rpida administrao da justia e no aperfeioamento das
instituies jurdicas art. 85./1. (ligao com o dever que impende sobre a prpria
OA)

Destacam-se aqui:

 Art. 85./2/a) EOA - proibio do uso de expedientes ilegais ou dilatrios


que prejudiquem a descoberta da verdade.

Se o advogado contribuir para a condenao do seu cliente em litigncia de m f, nos


termos do art. 456. CPC, ele pode ser responsabilizado disciplinarmente e ser
condenado pela OA (o juiz no tem poder para tal) ao pagamento de quota-parte das
custas, multa e indemnizao que o cliente deva suportar.

 Art. 85./2/b) EOA - Dever de recusar o patrocnio de causas injustas


implica um juzo de valorao tica do prprio advogado

Devemos distinguir dois planos de recusa:

a) Recusa do patrocnio de causa que no minimamente defensvel/


vivel

O advogado tem de aferir, dentro de parmetros de razoabilidade, se existe


fundamento que lhe permitam defender a pretenso do cliente e se a pretenso deste

30
Deontologia Profissional

minimamente vivel, para no correr o risco de defraudar qualquer expectativa que o


cliente possa criar.

Este dever no pode ser deturpado ao ponto de modo a permitir ao advogado,


invocando este dever, recusar uma causa apenas porque esta apresenta alguma
dificuldade ou porque entende que o cliente, primeira vista, no tem razo.

b) Recusa de patrocnio de causa injusta

Uma causa pode ser subjectivamente injusta, quando contraria a prpria


convico do advogado, de acordo com a sua formao e entendimento moral, ou
colida com os seus valores fundamentais.

Diversamente, uma causa pode ser objectivamente injusta quando a questo


considerada injusta pela sua prpria natureza (ex: abuso sexual de crianas).

Neste caso e no constituindo o patrocnio uma questo subjectivamente


injusta, o advogado, para salvaguardar o direito do arguido defesa, dever proceder
a uma ponderao antes de recusar o patrocnio, no mbito equaciona a prpria
atitude do arguido e para no denegar o direito de defesa do arguido.

NOTA - O advogado nomeado, no mbito do apoio judicirio, quando se depare


com uma situao em que ajuze de deve recusar a causa, deve pedir escusa,
mediante requerimento, devidamente fundamentado, dirigido ao Presidente do
Conselho Distrital.

 Art. 85./2/d) EOA dever de recusa a prestao de servios quando


suspeitar que o cliente deles vise obter resultados ilcitos.

Esta alnea d), juntamente com as alneas c) e e), traduzem-se em medidas de


combate ao branqueamento de capitais.

 Art. 85./2/f) EOA dever de colaborar no acesso ao direito devemos


articular este preceito com o art. 20. CRP e com a Lei n. 34/2004, de 29
de Julho Lei de Acesso ao Direitos e aos Tribunais)

 Art. 85./2/g) EOA dever de prosseguir objectivos profissionais e no


pessoais - No misturar advocacia com outro tipo de interesses pessoais,
econmicos ou polticos

31
Deontologia Profissional

 Art. 85./2/h) EOA dever de no angariar clientes, por si ou por


interposta pessoa alm de constituir um dever para com a comunidade,
enquadra-se ainda no dever de lealdade para com os colegas

3. Deveres para com a Ordem art. 86.

Esto aqui compreendidos deveres regulamentares (como comunicar a


alterao do domiclio) e deveres que se consubstanciam na obrigao, por um lado,
de no prejudicar os fins da Ordem e, por outro lado, de colaborar na prossecuo dos
objectivos elencados no n. 3.

Art.3/a EOA Art. 85/1 EOA deveres para com a comunidade

Defesa de direitos constitucionalmente consagrados

um dos principais deveres do advogado, coincidindo com as atribuies da Ordem

4. Dever de guardar segredo profissional art. 87.

5. Dever de no discutir em pblico questes profissionais art. 88.

O advogado, no exerccio da sua actividade, depara-se no s com o segredo


profissionais, mas tambm com o segredo de justia. Tal faz com que o art. 88./1
determine que o advogado no se deve pronunciar publicamente (imprensa ou outros
meios de comunicao social) sobre questes profissionais pendentes (no transitada
em julgado

Ratio legis evitar que os tribunais sejam de alguma forma influenciados na


resoluo daquelas questes pendentes, perturbando assim a administrao da
justia.

Alm disso, esta proibio, que decorre do dever de lealdade e correco para
com os outros advogados, visa evitar que o advogado publicite, de forma desleal, os
seus servios.

Aquele princpio sofre, contudo, dois nveis distintos de excepo:

32
Deontologia Profissional

 Art. 88./2 1 nvel de excepo exerccio de direito de resposta


necessrio para prevenir ou remediar qualquer ofensa aos direitos, liberdades
e garantias ou dignidade tanto do cliente como do advogado

possvel aquela discusso pblica quando exista prvia autorizao do presidente


do conselho distrital - remisso para o art. 51./1/o)

NOTA o art. 88./4 prev o deferimento tcito para os casos em que o pedido de
autorizao, que deve ser devidamente justificado (n.3) no seja apreciado no prazo
de 3 dias teis. Em caso de indeferimento, cabe recurso para o Bastonrio, que
tambm deve decidir no prazo de 3 dias art. 88./5 e 39./1/s)

 Art. 88./6 2 nvel de excepo casos de manifesta urgncia - pode o


advogado actuar, ou seja, pronunciar-se publicamente, exercendo assim um
direito de resposta em defesa do cliente ou dele mesmo, sem autorizao
prvia, devendo contudo, tal actuao ser rectificado pelo presidente do
conselho distrital.

Assim, esta excepo depende dos preenche cumulativo de trs requisitos:

i. Deve estar em causa o direito de resposta nos mesmos termos do que


vimos a respeito da 1 excepo art. 88./2

ii. Situao de manifesta urgncia

iii. A declarao do advogado deve ser contida, o que significa que ele dever
ser cauteloso e ponderar bem o que revela e quanto revela, de modo a
salvaguardar o segredo profissional e o segredo de justia quando este
exista.

6. Dever de no fazer publicidade que afecte a dignidade da advocacia, de


contedo enganoso, persuasivo, ideolgico, de auto-engrandecimento e de
comparao art. 89./1 e 4

Esta proibio tem por objectivo evitar que os advogados angariem clientes
como o fazem os comerciantes, o que por sua vez, prejudica o bom nome da
profisso, tem efeitos negativos na qualidade dos servios prestados e fomenta a
concorrncia desleal entre advogado.

33
Deontologia Profissional

Suporte admitidos internet, fax, email, revistas, folhetos, jornais, boletins e


qualquer outro meio de imprensa escrita, placas, tabuletas e suportes de natureza
anloga

Suportes proibidos outdoors, anncios e reclames luminosos e outros meios


de publicidade na via pblica, meios televisivos e radiofnicos.

Dr. Arnaut a incluso de algumas referncias, nomeadamente, as que


respeitam a cargos pblicos ou privados que tenha desempenhado e a processos em
que tenha intervindo, permitida pelo actual Estatuto, deve ser encarada como
publicidade persuasiva.

7. Dever geral de urbanidade ou de correco arts. 90. e 105. EOA

Daqueles dois preceitos, bem como dos arts. 154. e 266.-B CPC e do art.
326. CPP, resulta que o advogado deve ser correcto, tanto no seu discurso escrito,
como no seu discurso oral, com os colegas, os magistrados, os funcionrios, as
testemunhas e os demais intervenientes no processo.

No um dever exclusivo do advogado, abrangendo tambm os juzes

Art. 266-B CPC dever de recproca correco o n.1 prescreve expressamente


que as relaes entre advogados e magistrados devem pautar-se por um especial
dever de urbanidade.

Art.154/2, 3 CPC quando o advogado perturbar a realizao de um acto


processual, o juiz deve adverti-lo com urbanidade para que modifique o seu
comportamento. Caso o advogado mantenha uma atitude de desrespeito pelo
tribunal, pode o juiz retira-lhe a palavra, conden-lo em multa ou faz-lo sair do
local, ao que acresce a eventualidade de abertura de procedimento criminal ou
disciplinar para aferir da sua responsabilidade.

Contudo, podemos ir mais alm, remitindo para os arts. 83./2 e 107./a) EOA, que
impem ao advogado o dever de ser correctos com todos.

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Deontologia Profissional

8. Dever de informar colegas e magistrados da inteno de aceitar patrocnio


contra eles art. 91. EOA uma decorrncia do dever de urbanidade

Patrocnio contra advogados e magistrados (em procedimento judicial, disciplinar ou


de outra natureza)

Dever de prvia comunicao escrita, com as explicaes que se julguem


necessrias

Devemos mostrar disponibilidade para resolver o problema sem ser pela via
litigiosa

Excepes prvia comunicao:

Quando, para a resoluo do caso, seja necessrio apresentar


requerimento de providncias cautelares, por exemplo, no mbito de um
processo de divrcio que a mulher do magistrado ou advogado queira
iniciar, ou tratando-se de processo urgente.

Se fizermos aquela comunicao antes de pedir a providncia cautelar corremos o


risco desta perder toda a eficcia, pelo que estaremos a violar os nossos deveres para
com o cliente, incorrendo em responsabilidade disciplinar

NOTA - o Dr. Lucas da Silva entende que depois de obter a providncia devemos
fazer aquela comunicao.

NOTA 2 - O dever de prvia comunicao existe apenas quando o advogado actua no


mbito do patrocnio, no se aplicando quando ele seja parte

9. Deveres para com o cliente arts. 92. a 96. EOA

O advogado deve utilizar todos os meios legtimos para defender os interesses


do cliente, desde que tal no represente violao das normas legais e deontolgicas.

Daqueles artigos destacamos ainda os seguintes deveres:

 Estudar e tratar com zelo a questo confiada, dando ao cliente uma


opinio conscienciosa;
 Prestar contas honestas;
 Guardar segredo profissional;
 Recusar mandato em causa conexa ou noutra em que defenda a parte
contrria (conflito de interesses)

35
Deontologia Profissional

10. Dever geral de patrocnio e de competncia art. 93.

Implica o dever geral de aceitar todas as questes justas e viveis, quer a


pedido do cliente, quer por nomeao oficiosa (art. 85./2/f) e de no cessar o
patrocnio sem motivo injustificado (art. 95./1/e) e 2).

11. Dever de solidariedade art 106.

Impe uma relao de cooperao e confiana entre os advogados, em


benefcio dos clientes e de forma a evitar litgios inteis, pelo que antes de instaurar
qualquer aco devemos sempre procurar um acordo.

O dever de solidariedade pressupe ainda a confraternidade entre advogados,


o que leva os advogados mais velhos a ajudar os mais novos, e a que qualquer
advogado tenha o dever de defender o colega que seja injustamente criticados ou
objecto de medidas ilegais.

12. Deveres para com os colegas art. 107

As relaes entre advogados devem sempre pautar-se pela correco, a


urbanidade, a lealdade e a confraternidade, dos quais podemos tirar algumas regras
como o sejam, entre outras:

 No invocar publicamente quaisquer negociaes malogradas


(obrigao que deriva do prprio segredo profissionais);

 No contactar com a parte contrria;

 Dar uma explicao quando se aceite um caso que estava


anteriormente confiado a outro advogado, diligenciando para que lhe
sejam pagos os seus honorrios;

 Avisar o colega da inteno de faltar a alguma diligncia.

13. Dever de usar a toga art. 69.

Embora os advogados sejam obrigados a usar toga sempre que pleiteiem


oralmente, no pode o juiz impedir o advogado de intervir em determinada diligncia
por no ter a toga (assumindo aqui o dever uma dimenso de direito ou prerrogativa
do advogado), visto tratar-se de uma norma de carcter deontolgico e no
processual. Ao juiz, nestes casos, resta apenas a possibilidade de comunicar tal facto
Ordem para que efeitos disciplinares.

36
Deontologia Profissional

14. Dever de no contactar testemunhas art. 104.

Esta proibio, que visa impedir que o advogado influencie o depoimento das
testemunhas e, consequente, a boa deciso da causa, abrange os advogados de
qualquer empresa, mesmo quando as testemunhas sejam funcionrios da mesma.

Incompatibilidades e impedimentos

Art. 76 - princpios gerais

ns 1, 2 e 3 - indissociabilidade dos princpios da autonomia tcnica, da


independncia e da responsabilidade ligao com o art. 84.

Qualquer circunstncia que afecte a liberdade de actuao ou de expresso e


a independncia deve ser impeditiva do exerccio da advocacia, pois nenhum
advogado pode estar subordinado nem ao poder poltico, nem ao poder econmico,
nem a terceiro, nem ao prprio cliente, estando apenas vinculado pela sua prpria
conscincia.

Assim, compreende-se que o n. 4 sancione com nulidade a clusula contratual


que no respeite aqueles princpios.

N.5 o Conselho geral ou o conselho distrital so competentes para declarar as


incompatibilidades e impedimentos

CCBE consagra os princpios da independncia (2.1), da confiana e integridade


moral (2.2) e das incompatibilidades (2.5)

 Princpio da independncia a multiplicidade dos deveres que impendem


sobre o advogado exigem a sua total independncia, para que ele possa actuar
isento de qualquer presso resultante dos seus prprios interesses ou de
influncia exteriores.

 Princpio da confiana e integridade moral a relao de confiana entre


advogado e cliente s pode existir se no houver qualquer dvida sobre a
honra, honestidade e integridade daquele.

37
Deontologia Profissional

 Princpio das incompatibilidades o advogado tem de ser excludo de certas


profisses para que possa exercer as suas funes com a independncia
necessria e em conformidade com o seu dever de participar na administrao
da justia.

Art. 77 - Incompatibilidades (elenco exemplificativo) so impedimentos absolutos

O advogado abrangido por esta situao no pode de todo exercer a


advocacia

A apreciao feita em funo da actividade e no do exerccio concreto e


efectivo verificao abstracta e oficiosa

A incompatibilidade mantm-se enquanto durar o exerccio do cargo

As incompatibilidades operam automaticamente, gerando impossibilidade


de inscrio ou obrigando suspenso da inscrio na OA art. 86./c) e
d) EOA

Art. 77./1 EOA:

 Membros de rgos de soberania - inclui: membros do governo central ou


regional, presidente da repblica, membro de um tribunal, presidente de
cmara; funcionrios ou agentes contratados dos respectivos gabinetes dos
rgos de soberania.

 Membros do Tribunal Constitucional e respectivos funcionrios devido


importncia econmica e poltica dos recursos para o TC e a perigo de fuga de
informao.

 Membros do Tribunal de Contas e respectivos funcionrios visto que este


rgo funciona como auditor do Estado

 Provedor de Justia sendo as suas principais atribuies a representao


dos cidados face administrao pblica e a fiscalizao da
constitucionalidade

 Magistrados judiciais e do MP

 Governadores e vice-governadores civis, bem como os seus funcionrios


porque o governo civil representa o poder central num determinado distrito,
sem um cargo pblico de confiana poltica

38
Deontologia Profissional

 Os notrios e conservadores - com ressalva para o caso de existirem direitos


legalmente adquiridos ao abrigo de legislao anterior

 Gestores de empresas pblicas representam os interesses do Estado

 Funcionrios pblicos, incluindo administradores, directores que integrem a


administrao estadual directa (ministrios, direces gerais), indirecta
(institutos, fundaes e empresas pblicas) e autnoma (governo regional,
autarquia) sejam os servios pblicos de natureza nacional, regional ou local.

 Membros da marinha, fora area, exrcito e GNR que estejam no activo

 Tcnicos Oficiais de Contas e Revisores Oficiais de Contas esto obrigados


a participar s autoridades judiciais competentes a existncia de alguma
irregularidade nas contas da empresa, o que no se coaduna com o segredo
profissional do advogado.

 Liquidatrios judiciais e gestores judiciais so ambos nomeados pelo tribunal


para, respectivamente, administrar o patrimnio de uma sociedade em
processo de liquidao e coadjuvar a administrao para garantir a
prossecuo dos objectivos definidos pela assembleia de credores.

 Mediadores

Excepes n2:

Membros da AR
Funcionrios ou militares reformados
Docentes
Contratados em regime de prestao de servios

Sistema legal-deontolgico de impedimentos a Ordem pode, no caso concreto, e


mediante interpretao extensiva (mas no aplicao analgica), entender que existe
um impedimento absoluto mesmo que no conste do elenco

O art. 77. deixa de fora vrias actividades que noutros pases constituem
incompatibilidades clero, jornalistas, comerciantes e directores de bancos

Clero e directores bancrios - esto sujeitos a uma hierarquia;


Jornalistas difcil compatibilizao entre o dever de informar e as prprias
regras de sigilo inerentes a ambas as actividades
Comerciantes fundam a sua actuao em valores mercantis, comerciais.

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Deontologia Profissional

Art. 78 - Impedimentos (enumerao taxativa)

So relativos, por obstarem, apenas em certos casos, ao exerccio da


advocacia.

Art. 79 - Verificao da existncia de incompatibilidades

Alm das incompatibilidades e impedimentos, o art. 181. EOA regula ainda as


situaes de incapacidade para o exerccio da advocacia, impeditivas da inscrio na
OA ou determinantes do cancelamento da inscrio.

Relacionamento dos advogados com os clientes

Alm dos deveres gerais, impendem sobre o advogado deveres especficos


para com os seus clientes

Art.92 EOA - relao fundada na confiana recproca

Se o advogado no confia no cliente ou se sentir que este no confia nele, e


por isso, no lhe revela toda a verdade, ento deve renunciar ao mandato (art.39
CPC) ou substabelecer sem reserva.

Art. 92./2 EOA o advogado deve agir de forma a defender os interesses


legtimos do cliente, mas tal actuao deve ser sempre enquadrada pelos princpios
deontolgicos, nomeadamente, os previstos nos arts. 83., 84. e 85. EOA.

No podemos ceder a presses de clientes, sob pena de perder a nossa


independncia, ainda que estes, muitas vezes, avaliam o valor dos advogados pelo
resultado. Se cedermos

Art. 93. EOA aceitao do patrocnio e dever de competncia

O advogado s deve aceitar o patrocnio quando se sinta tecnicamente capaz e


quanto tenha tempo para tratar do caso, o que adquire particular relevo quando
estejam em causa processos ou casos urgentes.

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Deontologia Profissional

Art. 94. EOA conflito de interesses casos em que o advogado est


obrigado a no aceitar o patrocnio ou a renunciar ao mandato

 1 parte do n.1 - Dever de recusar mandato em questo sobre a qual j tenha


sido consultado por outra pessoa ou em que j tenha intervindo noutra
qualidade, em juzo ou fora dele

 2 parte do n.1 - dever de recusar o patrocnio em questo conexa (com a


mesma causa de pedir ou causa de pedir conexa) com outra em que
represente ou tenha representado a parte contrria

Exemplos de questes conexas entre si divrcio e inventrio, aco declarativa e


aco executiva, procedimento cautelar e aco principal, aco de constituio e
aco de extino de servido, processo disciplinar de despedimento por justa causa
e aco para impugnao do despedimento.

 n. 2 o advogado deve recusar o patrocnio contra quem, noutra causa


pendente, seja por si patrocinado

ex: Sou advogada de A contra B numa aco envolvendo direitos reais.


Entretanto C vem ter comigo para propor uma aco contra A por fora de
incumprimento do contrato de prestao de servios que eles tinham celebrado. Devo
aceitar patrocinar C?

No. Devo recusar o patrocnio enquanto durar a aco sobre direitos reais contra B e
mesmo quando este processo finde, s poderei aceitar o patrocnio, se tal no puser
em causa o segredo profissional.

Tanto nos casos do n.1 como no caso do n.2, o dever de recusar o patrocnio
justifica-se por razes de decoro do advogado e de lealdade para com o prprio
cliente. Ainda que este dever no se encontrasse expressamente prescrito, o
advogado estaria sempre impedido de aceitar o patrocnio por fora do segredo
profissional.

n.s 3 a 5 conflitos de interesses de partes com interesses opostos articular


com o art. 370./2 CP

41
Deontologia Profissional

 n.3 quando os clientes vo ter com o advogado, j existe conflitos entre os


seus interesses dos clientes ou previsvel que venha a existir recusamos o
patrocnio do ambos

 n.4 verificando-se um conflito superveniente de interesses entre dois ou


mais clientes (ou existindo o risco de violao do segredo profissional)
devemos renunciar ao mandato de todos os clientes ou ento substabelecer
sem reserva.

Nota o dever de renncia s vigora para o caso concreto em que surge o


conflitos, pelo que o advogado poder continuar a representar algum daqueles noutros
processos, onde no exista conflito.

 n. 5 dever de recusar o patrocnio de um novo cliente quando tal ponha em


risco o segredo profissional relativamente a assunto de um anterior cliente, cuja
causa j tenha chegado ao fim.

 n.6 aplicao s sociedades de advogados devemos remeter para o art.


60. do DL 229/2004.

Art. 95. EOA outros deveres

 n. 1, al. a) inclui vrios deveres

 Dever de dar opinio conscienciosa sobre o direito, isto , sobre o


mrito e a viabilidade do direito ou pretenso que o cliente invoca
este dever funda-se na premissa de que o advogado tem que
pensar no interesse do cliente, sem, contudo, garantir um
determinado resultado ou o xito da aco.

 Dever de informao sobre o andamento das questes que lhe so


confiadas, os critrios que utiliza na fixao de honorrios e a
possibilidade de obter o apoio judicirio (podemos ligar esta parte ao
art. 85./2/f) EOA).

Embora o preceito legal refira apenas que o advogado tem de prestar tais
informaes quando lhe sejam solicitadas pelo cliente, podemos entender que ele
poder fornec-las por sua iniciativa prpria quando tal se enquadre no dever geral de

42
Deontologia Profissional

competncia do art. 93. (suponhamos que o prazo para recorrer est quase a acabar
e o cliente ainda no nos deu indicao se pretende ou no recorrer por estar convicto
de que teria mais tempo) nos seus demais deveres, como por exemplo, o dever de
colaborar no acesso ao direito.

 n.1, al. b) dever de zelo e diligncia conexo com o dever geral de


competncia do art. 93./2

 n.1, al. c) dever de aconselhar toda a composio que considera justa e


equitativa o advogado deve procurar uma soluo para o litgio do seu cliente
que seja apropriada ao custo do assunto e deve aconselhar o cliente quanto
possibilidade de acordo ou de recurso a solues alternativas para pr fim ao
litgio.

Dr. Arnaut - Se o cliente no aceitar o conselho do advogado e este tiver convencido


de que a melhor soluo, dar-se- uma ruptura da relao de confiana entre eles,
devendo o advogado renunciar ao patrocnio.

 n.1, al. d) no celebrar contratos em proveito prprio sobre o objecto das


questes confiadas

 n.1, al. e) - no cessar o patrocnio sem motivo justificado por cessao


devemos entender tanto a renncia, como o substabelecimento (ressalvados
os casos em que o substabelecimento se deve a motivos ponderoso como a
impossibilidade fsica de comparecer diligncia

Exemplos de motivos justificados: quando o cliente pretenda limitar a


autonomia tcnica do advogado, o incentive a utilizar meios ilegais,
dilatrios ou prejudiciais descoberta da verdade material, exera
represlia contra a outra parte; quando o advogado entende que se
quebrou a relao de confiana ou quando o cliente recuse prestar a
proviso requerida (art. 98./2)

Remisso para o art. 39. CPC, que regula a renncia ao mandato

Art. 95./2 ainda que tenha motivo para cessar o mandato, o advogado no deve
faz-lo de modo a impossibilitar o cliente de obter, em tempo til, a assistncia de
outro advogado.

Este preceito tem duas implicaes:

43
Deontologia Profissional

O advogado fica vinculado do cumprimento escrupuloso do art. 39. CPC

Se pretender renunciar ao mandato mas souber que o formalismo do art. 39.


CPC prejudica o cliente, por exemplo, porque tem uma diligncia marcada para
o dia seguinte, deve o advogado realizar a diligncia e, s depois, renunciar ao
mandato.

Alm dos deveres a estipulados nesse artigo 95. EOA, devemos ter em mente
que nem todos os deveres se encontram codificados, resultando antes de costumes e
praxe forense

 Dever de pontualidade no est objectivamente regulado

 Dever de pedir apoio tcnico a colega mais velho

 Manter um escritrio actualizado e organizado

Art. 96 - valores e documentos do cliente

n.1 o advogado deve dar aplicao devida a valores, objectos e documentos que o
cliente lhe tenha confiado, e prestar contas ao cliente de todas as quantias que tenha
dele recebido, apresentar nota de honorrio e despesas quando tal lhe for solicitado (a
falta de prestao de contas, bem como a simples demoram configuram infraces
disciplinares).

n.2 - Dever de devolver os valores e documentos dos clientes que tenham sido
confiados ao advogado.

n. 3 - O advogado goza, contudo, de direito de reteno sobre aquele valores e


documentos para garantia dos seus honorrios quando j tenha apresentado a
respectiva nota de honorrios, exceptuando os casos em que o cliente tenha prestado
cauo arbitrada pelo Conselho Distrital, indo de encontro com o preceituado no
756./d CC.

Neste caso, o advogado que no procede devida entrega, ou ento que use
do direito de reteno para se pagar de honorrios constantes de conta que o cliente
no aprovou, incorre em responsabilidade disciplinar,

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Deontologia Profissional

Art. 97 - fundos de clientes devemos abrir uma conta para efectuar pagamentos de
despesas e manter escriturao prpria

Art. 98 - Provises

Mtodo pouco aconselhvel


Podem ser solicitadas:
o No incio - caso em que se o cliente se recursar a prestar a proviso o
advogado pode renunciar ao mandato;

o No decorrer do processo o advogado pode tambm renunciar ao


mandato, devendo, contudo e antes da proceder renncia, praticar os
actos necessrios e cuja omisso causaria prejuzos irreparveis ao
cliente

Temos de dizer ao cliente que uma proviso para honorrios ou para pagar
despesas

O advogado que tenha pedido tal proviso, s responsabilidade pela falta de


pagamento de custas ou outras despesas se:

No tiver recebido a proviso;


Se a proviso recebida no se destinar a honorrios, tendo o cliente
conhecimento do destino da proviso.

Art.99 - responsabilidade civil profissional

Art. 105./ 2 O advogado tem o dever de exigir correco do cliente para com a
contraparte e para com todos os intervenientes no processo e deve ainda desenvolver
os esforos necessrios para obstar que o cliente exera qualquer tipo de represlia
contra a outra parte.

Honorrios

Aspectos gerais:

Pagamento que tem de ser feito em dinheiro e no em bens

A fixao ou ajuste prvio, que no represente pacto de quota litis, legal


(por ex. avena) - art. 100./2 EOA - e pode ser feito, sendo necessrio

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Deontologia Profissional

reduzi-lo a escrito, mas deve-se fugir a este tipo de pagamento, at porque


no momento da elaborao de tal conveno prvia, no temos ainda uma
correcta percepo dos servios que iro efectivamente ser prestados ou
do tempo que os mesmos requerem

Ao optarmos por este mtodo, que visa, na maior parte dos casos, proporcionar
ao cliente uma ideia dos encargos que ele ter de suportar, devemos apenas incluir os
custos inerentes ao andamento normal do processo, deixando fora do acordo os
incidentes e recursos. Contudo, tal processo dever ser devidamente explicado ao
cliente. Em alternativa, podemos fazer dois ajustes, um para o andamento normal do
processo e outros que cubra todos os aspectos do processo, incluindo recursos.

Seja qual for a soluo adoptada, sempre que seja feito ajuste prvio, est o
advogado obrigado a informar o cliente dos critrios que utilizou para chegar ao valor
apresentado art. 95./1/a)
.

O advogado tem sempre de receber honorrios, decorrncia da presuno


do art. 1158./1 CC de que o mandato oneroso, e isto, independentemente
de ganhar ou perder a aco.

Os honorrios variam consoante mais difcil e mais esforo tiver o advogado


de fazer, pois s assim se cumpre o princpio geral de que os honorrios
devem corresponder a uma compensao econmica pelos servios
efectivamente prestados.

A conta de honorrios que apresentamos ao cliente deve ter sempre forma


escrita e conter a discriminao dos servios prestados, das despesas
realizadas e das provises recebidas, bem como a indicao do IVA
aplicvel art. 100./2 EOA e art. 5. do Regulamento dos Laudos de
Honorrios

Esta conta, uma vez apresentada, no pode ser alterada, nem sequer por fora do no
pagamento, caso em se encontra ressalvado o direito do advogado de exigir
indemnizao pela mora.

O art. 100/3 EOA estabelece os critrios para a determinao dos honorrios:

 Importncia dos servios prestados critrio algo impreciso, visto que os


vrios servios na defesa da causa do cliente, embora devam ser todos
cobrados, no revestem todos a mesma relevncia tcnica, alm de que pode
no haver exacta correspondncia entre a elevada relevncia tcnica e o
resultado obtido.

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Deontologia Profissional

 Dificuldade e urgncia do assunto varia consoante o grau de preparao


especializada necessria e o prprio prazo de que o advogado dispe para
exercer o mandato.

 Grau de criatividade intelectual este critrio, na perspectiva do Dr. Arnaut,


no tem grande justificao, pois o advogado tem o dever de ser um
profissional competente (art. 53.) e deve estudar todas as questes com zelo
(art. 95./1/b) EOA).

 Resultado obtido por exemplo se o cliente vir o seu patrimnio aumentado


ou se, em processo penal, o arguido for absolvido ou condenado em pena de
multa e no de priso. Aqui teremos de fazer um juzo da causalidade
adequada. Contudo, daqui no podemos tirar que, se o resultado for
desfavorvel ao cliente, este no deva pagar ao advogado.

 Tempo despendido factor mais importante critrio que melhor se coaduna


com a ideia de que os honorrios devem compensar o trabalho efectivamente
realizado. O critrio do tempo abrange todo o procedimento de estudo e
preparao, bem como o tempo dedicado ao acompanhamento do processo,
atravs da presena e interveno em actos processuais.

Normalmente, o advogado fixa um valor hora, tanto para o tempo


despendido com o processo como para o tempo em que esteve na
disponibilidade do cliente-

Podemos dividir o tempo gasto em duas parcelas:

Uma correspondente aos custos fixos de manuteno e funcionamento


do escritrio;

Outra atinente ao trabalho directamente investido pelo advogado no


assunto que lhe foi confiado

 Responsabilidades assumidas

 Usos profissionais critrio de pouco relevo atende-se prazo do foro e


estilo da comarca, ou seja, mdia que o colgio de advogados de uma
comarca estabelece para servios prestados pelos advogados dessa comarca
e dentro dela.

Visto que a enumerao constante do art. 100./3 no taxativa, poder o


advogado, no s valorar de forma diferente os diversos critrios consoante o caso
concreto, como ainda recorrer a outros factores para a determinao dos honorrios
(ex: ser cliente habitual, reputao do advogado da contraparte), desde que os
mesmos sejam sempre objecto da mesma ponderao e moderao que ele deve
usar para os critrios que j se encontram fixados.

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Deontologia Profissional

O Dr. Arnaut entende que se pode ainda incluir o critrio das posses dos
interessados, atendendo assim situao econmica do cliente e, indirectamente, ao
ganho patrimonial decorrente do xito da demanda, tal como estava previsto no antigo
estatuto.

Por vezes, pode ser difcil fazer os honorrios ao cliente at porque os servios
do advogado no so materialmente mensurveis, mas pode pedir-se um laudo
Ordem - parecer tcnico e deontolgico sobre a qualificao e valorizao dos
servios prestados pelo advogado.

Os laudos podem ser requeridos pelo tribunal, pelo advogado ou pelo cliente,
em caso de divergncia ou conflito acerca dos honorrios estabelecidos em conta j
apresentada art. 6. RLH

Determina o art. 19./2 RLH que as deliberaes proferidas nos processos de


laudos no so susceptveis de recurso, embora possam ser, nos casos previsto no
art. 20. RLH, objecto de reviso. Significa isto que os laudos so definitivos e
executrios para efeitos de impugnao contenciosa.

Haver lugar aco disciplinar, em caso de laudo desfavorvel, contra o


advogado que tenha violado aquele dever de moderao e ponderao na fixao dos
honorrios.

Art. 101 - Proibio de quota litis

proibido ao advogado celebrar pacto de quota litis, que um acordo prvio


entre o advogado e o cliente, em que os honorrios sero pagos consoante o
resultado da aco (por ex. parte da dvida ou do objecto da pretenso).

Fundamentos da proibio:

 Se o advogado perder a causa ele no receber honorrios, contradizendo


assim o esprito que a actividade do advogado deve ser sempre remunerada;

 Pe em causa a independncia do advogado e o seu papel na administrao


da justia, pois, na medida em que ele tambm passa a ter um interesse na
causa, ele ser tentado a recorrer a meios deontologicamente incorrectos para
ganhar a causa

A proibio abrange igualmente a chamada quota palmarium, atravs da qual o


advogado convenciona previamente com o seu constituinte o pagamento de
honorrios acrescidos se os resultados da demanda forem favorveis

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Deontologia Profissional

O art. 101./3 deve ser dividido em duas partes:

i. Fixao prvia do montante de honorrios, em percentagem, em funo


do valor do assunto confiado ao advogado no momento da propositura
da aco quota litis atpica ou imperfeita.

ii. Conveno prvia no sentido de que os honorrios, fixados mediante


utilizao dos critrios do art. 100./3, podem ser majorados em funo
do resultado obtido. Esta majorao corresponde a um factor na
determinao dos honorrios, no podendo, todavia, ser proporcional
ou traduzir-se numa percentagem do resultado, caso em que teremos
quota palmarium.

Se se provar a quota litis (ou a quota palmarium) o negcio nulo art. 294.
CC

Art. 102. EOA o advogado est proibido de repartir honorrios, ressalvando


a hiptese de ele ter sido auxiliado por colegas, visando assim evitar a angariao de
clientes.

Relao com os tribunais

Art. 103 - Dever de lealdade

O advogado deve actuar com diligncia e lealdade na conduo do processo, o


que leva a que deva abster-se de intervir nas decises dos juzes, de prestar
informaes falsas ou inexactas (remisso para o art. 85./2/a) EOA) e de recorrer a
meios desleais de defesa (para este ltimo caso devemos associar o dever de
lealdade do juiz como o dever imposto ao advogado pelo art. 107./1/d)

Art. 104 - Relao com as testemunhas o advogado no deve falar com as


testemunhas

Existem, porm, autores que defendem que o advogado deveria poder falar
com as testemunhas, desde que no tenha intuito de as instruir.

Art. 105 - Dever de correco remisso para o art. 266.-B CPC + relao
estreita com o dever de urbanidade previsto no art. 90. e, de modo menos acentuado,
com o art. 107./1/a)

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Deontologia Profissional

Pode ser, por vezes, difcil delinear o campo de aplicao deste dever,
nomeadamente quando o advogado est convicto de que o tribunal cometeu uma
injusta. No obstante o advogado, em via de regra, poder recorrer a final de tal
deciso, tal situao no deixa, por isso, de ser campo frtil de conflitos.

Nestes casos, impende tanto sobre o advogado como sobre o prprio julgador,
a realizao de um esforo, porventura acrescido, para manter as regras da
urbanidade e da praxe forense, relembrando que ambos desempenham papis
fundamentais na administrao da justia.

Mas como que conciliamos o direito-dever do mandatrio de dizer tudo


quanto foi indispensvel ao cabal desempenho do mandato (arts. 154./3 CPC e
85./1, 92./2 e 95./1/b) EOA), incluindo o direito de crtica objectiva (protegido pelas
imunidade do art. 114. LOFTJ), com a sua obrigao de no faltar ao respeito devido
ao juiz e s suas funes?

O advogado, sempre orientado pelo bom senso e moderao, deve limitar o


uso de expresses mais veementes e, qui, mais agressivas aos casos em que tal
seja indispensvel defesa da causa, no podendo, de modo algum, ofender
gratuitamente a honra e dignidade do juiz.

Devemos criticar a deciso, resultante de uma aplicao da lei que no


consideramos acertada e no o julgador, bastando para tal do uso dos adjectivos
ilustre, douto, e da expresso salvo o devido respeito.

Estas regras so importantes na medida em que o seu desrespeito pode fazer


o advogado incorrer em responsabilidade disciplinar, civil e, acima de tudo, penal.
Com efeito, cometer um ilcito penal o advogado que:

Use expresses ou imputaes dispensveis defesa da causa (j se


forem indispensveis defesa teremos uma causa de excluso da
ilicitude)

As proferia ou escreva com o intuito de ofender (dolo especfico).

Nota estas considerao devem ser transpostas para os outros planos,


designadamente para as relaes entre advogados

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Deontologia Profissional

Relaes com os advogados

Art. 106 - Dever de solidariedade devemos no s ajudar e cooperar com os


colegas, como tambm estabelecer uma relao de confiana, para no o trair, sendo
tambm do interesse do cliente que evitemos litgios inteis

Art. 107 - Deveres recprocos dos advogados

a) Dever de especial correco e urbanidade, e correspectiva absteno de


realizar qualquer ataque pessoal, aluso deprimente ou crtica desprimorosa
(casos em que o advogado extravasa o direito de crtica que lhe assiste na
defesa dos interesses do cliente).
b) Responder em prazo razovel e com a brevidade possvel s solicitaes orais
ou escritas de outro advogado;

c) Dever de reserva ou confidencialidade - no devemos emitir publicamente


(tanto perante a comunicao social como perante quaisquer terceiros) opinio
sobre questo confiada a outro colega, excepto se este estiver presente e o
tiver autorizado para o efeito;

d) Actuar com a maior lealdade, procurando no obter vantagens ilegtimas para


os clientes;

Vrias implicaes:

 O advogado no deve actuar unilateralmente junto de terceiros com vista a


influenciar o curso normal do processo, abstendo-se de influncias, intrigas ou
presses;

 O advogado no deve intervir nas decises do juiz (exceptuando em situaes


legtimas como, por exemplo, o recurso ou a arguio de nulidades ou
deficincias da sentena), nem deve recorrer a processos desleais juntos de
outros intervenientes como o sejam os notrios, os conservadores, os peritos,
etc.

 O advogado no deve manter negociaes com a contraparte na ausncia do


seu mandatrio;

 O advogado no deve prestar informaes falsas ao colega ou aproveitar de


um acto ilegal praticado na ausncia do advogado da contraparte;

 O advogado no deve estabelecer um acordo com a parte contrria para fazer


cessar a aco e depois no assinar o termo de transaco.

Dever um advogado tirar proveito dos erros do colega que represente a parte
contrria?

51
Deontologia Profissional

 Se forem erros de direito (por ex, esquecer-se de formular pedido na petio


inicial) sim

 Se forem erros de facto s se pode aproveitar do erro quando este seja


grosseiro e no desculpvel.

NOTA em caso de conflito entre o dever de lealdade para com o colega e o dever de
lealdade perante o cliente, o primeiro ter de ceder.

e) No contactar com a parte contrria que se encontre representada por


advogado, exceptuando os casos em que este o autorize ou tal seja
indispensvel, por imposio legal ou contratual;

Se formos contactados directamente pelo cliente da parte contrria, porque, por


exemplo, ele no confia no seu mandatrio ou porque juga que assim este lhe cobrar
menos honorrios, devemos avis-lo de irregularidade da situao, aconselhando-o a
falar com o seu advogado. Subsequentemente, deveremos avisar o colega para que
esta aja em conformidade com a situao.

f) No assinar pareceres, peas processuais ou outros escritos que no sejam da


sua autoria ou em que no tenha colaborado visa-se evitar o encobrimento
de situaes irregulares ou ilegais de exerccio da advocacia

g) Comunicar, atempadamente, a impossibilidade de comparecer a uma


diligncia.

O advogado dever igualmente comunicar tal impossibilidade ao tribunal art.


155./5 CPC.

Deveres resultantes da praxe forense em matria de relacionamento entre


advogados:

Havendo reunio marcada, esta dever realizar-se no escritrio do


advogado mais velho;
Tratar sempre os outros advogados por colega ou senhor doutor

52
Deontologia Profissional

Art. 108 - Correspondncia entre advogados

 n.1 - O advogado que queira que a correspondncia que envia a outro


advogado seja confidencial, deve indic-lo expressamente.

 n.2 a correspondncia confidencial entre advogados nunca pode


servir de prova, no sendo aplicado o mecanismo do art. 87./4 vigora
tambm aqui o dever de segredo, que, enquanto decorrncia do
segredo profissional do art. 87., abarca igualmente toda a comunicao
oral.

Segredo Profissional art. 87. EOA

Todo o advogado tem dever de segredo profissional para com o cliente (vertente
privada do segredo) e para com os outros advogados.

Indirectamente este dever tambm condiciona a actuao do advogado para com


a comunidade, pois esta apenas poder reconhecer o respeito devido advocacia,
enquanto parte integrante da administrao da justia, se souber que pode confiar nos
advogados (vertente pblica)

Fundamentos do segredo profissional:

 A sua violao, alm de representar uma total quebra da confiana


caracterstica da relao entre advogado e cliente, acarreta
responsabilidade disciplinar (que no cessa mesmo que o queixo desista
do processo), civil (art. 483. CC) e criminal (art. 195. CP).

Princpio da confiana

Dever de lealdade para com o cliente

 S o dever de contribuir para a justia material pode prevalecer sobre o


segredo profissional, que tem natureza social e deontolgica e nunca
contratual, o que, por sua vez, significa que o cliente no tem o poder de
nos libertar do segredo profissional.

Alm disso, esta natureza ou carcter social e de ordem pblica, explica que, se
por um lado, o advogado est sujeito a regras rgidas, por outro lado, ele goza de

53
Deontologia Profissional

imunidades (art. 208. CRP e art. 114. LOFTJ e todos os preceitos relativos a buscas
em escritrios de advogados e apreenso de documentos arts. 70., 71. e 72.
EOA, arts. 201./1 e 205. CPC e arts. 118., 126./3, 177./5, 180., 197./2 e
268./1/c) CPP), que visam assegurar-lhe as condies necessrias ao cumprimento
rigoroso do dever de segredo.

Art. 87./1 - O segredo profissional abrange todos os factos de que o advogado


tome conhecimento, directa ou indirectamente, no exerccio da profisso, e qualquer
que seja a fonte do seu conhecimento.

No cabem no mbito do segredo profissional:

 Os factos notrios ou de domnio pblico (ex: carta publicada na imprensa)

 Factos que se destinam a ser invocados em defesa do cliente o prprio


dever de patrocnio impe a sua utilizao;

 Factos constantes de documento autntico por ser acessveis a qualquer


pessoa, perdendo assim carcter sigiloso;

 Factos provados em juzo art. 522. CPC

Art. 87./1/a) fonte mais comum de factos sujeitos a segredo - todos os factos
revelados, oralmente ou por escrito, pelo cliente (entendido em sentido amplo
remisso para o art. 87./2) ou de que tomou conhecimento em virtude da relao com
o cliente e no exerccio da profisso e por causa dela

Art. 87./1/d) factos comunicados por co-interessado, co-autor, co-ru ou pelo


respectivo representante.

Art. 87./1/e) factos conhecidos em sede de negociao para acordo (fase incial
das negociaes

Art. 87./1/f) factos que o advogado conhea em virtude da interveno em


negociaes (fase posterior) frustradas, sejam estas orais ou escritas - remisso para
o art. 107./1/d)

O dever de segredo mantm mesmo quando o advogado j no exera o


patrocnio, por exemplo, por ter substabelecido noutro colega. Alm disso, o segredo

54
Deontologia Profissional

mantem-se ainda que o cliente o dispense, isto , que autorize o advogado a revelar o
que sabe, mostrando-se tal permisso irrelevante.

NOTA o dever de segredo tambm se deve manter nos casos em que o


advogado tenha suspendido ou cancelado a inscrio, embora nestes casos ele j no
poder ser responsabilizado disciplinarmente.

Art. 87./2 A obrigao de segredo existe quer o servio prestado envolva ou


no representao judicial ou extrajudicial, quer deva ser remunerado ou no, e quer
o advogado aceite ou no o servio ou o mandato.

Quanto a esta ltima hiptese, a do advogado no aceitar o patrocnio, o dever de


segredo profissional pode consubstanciar-se na obrigao de recusar o patrocnio
quando, por exemplo, somos abordados pela contraparte da pessoa que com tivemos
aquele primeiro contacto.

NOTA Est sujeita ao segredo profissional a carta enviada parte contrria que
no tenha ainda advogado constitudo - nica situao em que nos dirigimos
directamente contraparte, pois a partir do momento que este tenha mandatrio
com que este que devemos contactar.

O direito-dever de sigilo no deve ser exercido com manifesto excesso dos limites
impostos pela boa f e pelo fim social desse direito.

Art. 87./8 EOA o segredo abrange no s o advogado como todos os seus


colaboradores, sejam estes funcionrios, colegas ou estagirios.

Art. 87./4 vlvula de escape em casos excepcionais, e quando esteja em


causa a defesa da dignidade, direitos e interesses legtimos do cliente ou do prprio
advogado, que no possa ser levada a cabo por outro meio, possvel pedir a
dispensa ou desvinculao do segredo profissional (quanto a factos favorveis ao
cliente), estando esta dependente de autorizao do presidente do conselho distrital,
que deve sempre ouvir o advogado antes de decidir, cabendo recurso da deciso para
o bastonrio.

Quem pode pedir, mediante requerimento fundamentado, a dispensa?

55
Deontologia Profissional

 O advogado, por sua iniciativa ou a pedido do cliente;

 O tribunal (visto que no tem poderes para dispensar o segredo).

Art. 519./3, 4 CPC art. 618./3 CPC

Art. 135. CPP

Arts. 195. e 196. CP

Todos estes preceitos demonstram-nos que o segredo profissional deve ser


encarado como um direito-dever:

 Direito de o advogado pedir escusa quando o seu depoimento ponha em


risco o segredo profissional.

 Dever de no revelar os factos de que tome conhecimento no exerccio


da profisso.

Efectivamente, pode o tribunal pedir OA a dispensa do segredo profissional, mas


mesmo que aquela o autorize, o advogado poder sempre recusar-se a prestar o
depoimento, no incorrendo em crime, desde que alegue a objeco de conscincia.
decorrncia do art. 87./6 EOA.

NOTA no processo penal, quando o advogado invoque escusa, com base no


segredo profissional, determina o art. 135. CPP que cabe ao tribunal apreciar da
legitimidade da escusa. Embora o n. 4 imponha ao tribunal a obrigao de ouvir a
Ordem antes de fazer aquele juzo, o certo que enquanto o parecer do presidente do
conselho distrital no for tratado como parecer tcnico, ele revestir natureza no
vinculativa. Esta concepo, embora vigente entre ns, coaduna-se mal com as
imunidades concedido pela LOFTJ e pela CRP.

Tambm neste caso o advogado poder sempre invocar a objeco de conscincia.

Antes de proferir deciso, deve o presidente do conselho distrital aferir, nos termos
do art. 4. do Regulamento da Dispensa do Segredo Profissional (RDSP), que o
Regulamento n. 94/2006, de 12 de Junho, da essencialidade, actualidade,
exclusividade e imprescindibilidade do meio de prova sujeito a segredo, s podendo
dispensa o segredo quando tal seja absoluta e inequivocamente necessrio.

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Deontologia Profissional

A deciso do presidente do conselho distrital:

 Indeferimento - deciso vinculativa, o que no prejudica o direito de recurso


para o bastonrio, recurso este que deve ser interposto no prazo de 15
dias e decidido em igual prazo arts. 5./1, 6., 7./1 e 9./1 RDSP

A deciso do bastonrio que confirme o indeferimento irrecorrvel

 Deferimento deciso irrecorrvel neste caso, pode o advogado optar por


manter o segredo art. 5./2,3 RDSP

Esta dispensa nunca abrange a correspondncia confidencial entre advogados.

OA que compete apreciar e dizer se houve violao do segredo profissional.

Existe um caso em que a prpria lei (EOA) impe a cessao do segredo profissional
branqueamento de capitais.

Responsabilidade civil do advogado / aco e processo disciplinar

Ser a responsabilidade do advogado contratual ou extracontratual (Dr. Arnaut)


ou mista?

Responsabilidade extracontratual responsabilidade emergente do art.


483. CC, radicada na natureza da actividade pblica desenvolvida pelo
advogado e dos deveres que lhe so impostos estatutariamente.

Responsabilidade contratual Orlando Costa e Queirs de Barros -


emergente do incumprimento de uma das obrigaes decorrente do
contrato de mandato ou de contrato atpico

Responsabilidade mista Moitinho de Almeida e Cunha Gonalves -


concorrncia de ambas as responsabilidades, devendo fixar-se, em
cada caso concreto, o regime a adoptar.

A questo da natureza jurdica da responsabilidade civil do advogado


fundamental para o apuramento dos requisitos necessrios para efectivar tal
responsabilidade.

57
Deontologia Profissional

Dr. Antnio Arnaut a responsabilidade civil do advogado de natureza


extracontratual, por trs razes:

1. O mandato forense (constitudo quando advogado aceita o patrocnio) representa


um contrato atpico/ inominado, pelo que as obrigaes do mandatrio, previstas
no art. 1161. CC no se aplicam ao advogado

2. A fonte da obrigao de indemnizao decorrente da responsabilidade civil do


advogado no a procurao forense, mas sim a violao dos deveres
deontolgicos estatutariamente consignados.

O que deve prevalecer: os interesses dos clientes ou os princpios


deontolgicos? Os princpios deontolgicos.

3. Sendo a advocacia uma actividade de iminente interesse pblico, a


responsabilidade civil s pode decorrer da infraco dos deveres deontolgicos em
nome daquele interesse, estando sempre associada a uma infraco disciplinar,
que pressuposto e fundamento da responsabilidade civil. Significa isto que no
havendo infraco disciplinar no sequer se pe a questo de saber se h
responsabilidade civil.

Requisitos da responsabilidade civil:

 Facto aco ou omisso o advogado escolheu o procedimento judicial


errado ou no praticou determinado acto;

 Ilicitude violao de algum dever deontolgico

 Culpa o facto deve ser merecedor de censura deontolgica, por constituir um


erro de ofcio ou falta indesculpvel.

 Dano causal

Art. 99. EOA responsabilidade civil profissional

Leva celebrao de um seguro de responsabilidade civil, cujo valor mnimo


250.000,00, tendo a OA um seguro junto da Arch Insurance Company (Europe) Lda,
com um limite de 150.000,00 por cada advogado segurado.

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Deontologia Profissional

Infraces disciplinares arts. 110. e segs EOA e Regulamento


Disciplinar (RD)

Art. 110. EOA traduzem-se em violaes, por aco ou omisso, intencional ou


negligente dos deveres consagrados:

Na lei
 Art. 154. CPC - comportamento durante o decurso dos actos
processuais;
 Art. 326. CPP - conduta dos advogados e defensores;
 Arts. 34./1 e 43./2 da Lei 34/2004 enumeram algumas obrigaes do
advogado no mbito do apoio judicirio

No Estatuto da Ordem dos Advogados

Na melhor prtica forense

Nestes casos, a par com a responsabilidade disciplinar, podemos ter responsabilidade


criminal e civil, embora a primeira apresenta independncia face s outras, conforme
disposto no art. 111. EOA, que, no seu n.2, prescreve que havendo lugar a processo
criminal em virtude da responsabilidade do advogado, o procedimento disciplinar
suspenso.

De acordo com o art. 109./2 e 3 EOA, a responsabilidade disciplinar no cessa


mesmo que o advogado suspenda a sua inscrio, uma vez que durante o perodo da
suspenso ele continua vinculado aos deveres deontolgicos, continuando a ser
disciplinarmente responsvel por infraces anteriormente praticas. J em caso de
pedido de cancelamento, a sua vinculao apenas de mantm at ao efectivo
cancelamento, momento a partir do qual j no poderemos falar em responsabilidade
disciplinar

Infraces disciplinares na medida em que ao cometer a infraco o


advogado pe em causa, no s o prestgio da OA mas tambm a dignidade da
advocacia, entende-se que a jurisdio disciplinar pertence em exclusivo OA,
cabendo, mais concretamente, aos Conselhos de Deontologia, que funcionam como
rgos de 1 instncia art. 54./1 1 EOA e art. 1. RD

competente o Conselho de Deontologia que funciona junto do


Conselho Distrital da rea do domiclio profissional do advogado
art. 54./a) EOA

59
Deontologia Profissional

J como rgo de 2 instncia temos o Conselho Superior (art. 43./1/a e 3/a)


EOA), embora este conhea e julgue em 1 instncia os casos que envolvam
infraces disciplinares praticados por membros dos rgos da OA art. 43./1/c) e
43./3/c) e d) EOA.

Princpios estruturais da aco disciplinar:

 Jurisdio exclusiva da OA art. 109./1

 Independncia da responsabilidade civil e criminal art. 111.

 Independncia e irresponsabilidade dos titulares de rgos jurisdicionais art.


122., 123. e 124.

Prazo de prescrio da aco disciplinar art. 112. EOA - 5 anos a partir:

 Da data da consumao dos factos quando se trate de infraco instantnea;

 Da prtica do ltimo facto quando se trate de infraces continuadas

 Do dia em que cessar a consumao quando se trate de infraces


permanentes.

Este prazo de prescrio pode ser suspenso, quando ocorra alguma das
circunstncias previstas no art. 113., a saber:

 Suspenso do processo disciplinar, em virtude da instaurao de processo


criminal;

 Enquanto o processo disciplinar estiver pendente, a partir da notificao da


acusao embora aqui a suspenso no se possa prolongar por mais de 2
anos;

 Enquanto a deciso final do processo disciplinar no puder ser notificada ao


arguido, por motivo que lhe seja imputvel

O prazo de prescrio volta a correr no dia em que cessar a causa de suspenso.

Alm das causas de suspenso o EOA prev ainda, no art. 114., duas causas de
interrupo, que so:

 Notificao ao advogado de que foi instaurado procedimento disciplinar;


 Notificao da acusao.

60
Deontologia Profissional

Nota devemos ter presente que o art. 112./2 EOA determina que o procedimento
disciplinar prescreve sempre quando, desde o incio do prazo, e ressalvando o
perodo de suspenso, tenham decorrido 7 anos e meio (prazo de prescrio
acrescido de metade)

Nota a prescrio do procedimento disciplinar de conhecimento oficioso


art. 112./5 EOA.

O procedimento disciplinar instaurado por deciso art. 118. EOA e arts. 2. e 3.


RD

i. Dos Presidentes dos Conselhos de Deontologia, com base em participao


de pessoa devidamente identificada, que pode, porventura, ser um tribunal,
o MP, ou um rgo de polcia criminal, ainda que a conduta em questo
tenha sido praticada fora do exerccio da profisso, conforme disposto no
art. 116. EOA e 3. RD (que, em certos casos pode desistir da
participao, conforme prescrito pelos art. 115. EOA e 7. RD)

ii. Do Bastonrio, do Conselho Superior, do Conselho Geral, dos Conselhos


Distritais ou dos Conselhos de Deontologia, independentemente de queixa
/participao.

O procedimento disciplinar tem natureza secreta at ao despacho de acusao (art.


120. EOA e art. 9./1 RD). O Dr. Arnaut entende que o carcter do processo deveria
manter-se ao longo de todo o processo e mesmo depois do seu encerramento.

Penas art. 125.:

Advertncia faltas leves

Censura falta leves

Multa at 5.000 negligncia

Suspenso entre 1 ms e 10 anos culpa grave

So sempre publicitadas art. 137. EOA

Expulso infraco que afecte gravemente a dignidade e prestgio


profissional

61
Deontologia Profissional

Pode haver lugar aplicao de penas acessrias como a restituio de


honorrios (art. 125./3) ou o pagamento de custas judiciais ou de multa e
indemnizao por litigncia de m f.

excepo das penas de advertncia e de censura, o incumprimento de


qualquer outra pena, incluindo as penas acessrias, determina a suspenso da
inscrio do advogado art. 138. EOA.

NOTA em caso de concurso de infraco, prescreve o art. 131./1 que o


arguido deve ser condenado numa pena nica.

Para a determinao da medida e a graduao da pena determina o art. 126.


EOA que se deve atender:

Aos antecedentes profissionais e disciplinares do arguido;

Ao grau da culpa;

s consequncias da infraco;

s circunstncias atenuantes ou agravantes, nomeadamente s que


constam do elenco dos arts. 127., 128. e 129. EOA, que se verifiquem no
caso concreto.

Estes factores so tambm tidos em conta para aferir de uma eventual


suspenso da pena, nos termos do art. 133. EOA.

Processo disciplinar sempre que seja feita a identificao do


advogado e a concretizao dos factos susceptveis de constituir
infraco

Aco disciplinar

Art. 139.

Processo de inqurito participao feita por particular ou por


entidade estranha AO e falte a identificao do advogado e
seja necessria a realizao de diligncias sumrias para a
concretizao ou esclarecimento dos factos participados

62
Deontologia Profissional

Prazos art. 141.EOA:

N.1 - remete para o cdigo de processo penal, mais precisamente o art. 104.
CPP, que, por sua vez, remete para o arts. 144. e 146. CPP

N.2 prazo supletivo de 10 dias

Participao

Distribuio do processo art. 144. EAO - e apensao de processos (quando


estejam pendentes vrios processos disciplinares contra o mesmo arguido art. 145.
EOA e art. 10. RD)

Nomeao de um relator para instruo do processo arts. 140., 146. e 147. EOA

Notificao do advogado para ser ouvido no mbito da instruo, podendo este


apresentar requer qualquer prova em direito permitida (art. Art. 146./6,7, e 8) e
apresentar rol de testemunhas (com limite de 3 testemunhas por facto e limite total de
10 testemunhas art. 146./9)

Parecer a concluir pelo arquivamento quando a


participao seja manifestamente invivel ou
infundada art. 4. RD

Termo da instruo (147.)

Despacho de acusao (148.) e, eventualmente,


proposta de medida de suspenso preventiva
(149.)

Nova notificao, por via pessoal ou postal, ao advogado art. 150. - o advogado
recebe, com a notificao, a cpia da acusao e a informao de que, pode requer o
julgamento pblico, exceptuando tratando-se de infraco seja passvel de suspenso,
em que o julgamento necessariamente pblico

Exerccio do direito de defesa arts. 151., 152. e 153. EOA:

Prazo de 20 dias, embora o art. 151./2,3 concebam desvios regra;

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Deontologia Profissional

Defesa escrita, com exposio clara e concisamente dos factos e razes


que a fundamentam no est sujeita a formalidades especiais;
Apresentao de requerimento probatrios (limites ao rol de testemunhas
com limite de 3 testemunhas por facto e limite total de 10 testemunhas,
ressalvando a possibilidade de o relator permitir mais testemunhas)
O arguido pode invocar as causa de excluso do CP art. 134. EOA

Relatrio do relator art. 154. - elaborado no prazo de 10 dias a contar da


realizao das diligncias requerida pela defesa ou ordenadas
oficiosamente pelo relator.

O relatrio contm: os factos apurados, a sua qualificao e


gravidade bem como uma proposta de pena ou de
arquivamento; e deve ser entregue no prazo de 5 dias.

Julgamento art. 155. e 156.

Ordinrio arts. 157. a 161. - para o Conselho Superior ou para o


seu plenrio (se a deciso em 1 instncia for
tomada pelo plenrio, apenas poder haver
recurso contencioso para tribunal administrativo)

Recurso

De reviso art. 162. a 167.

O EOA prev ainda:

 A reabilitao do advogado expulso art. 170. EOA

 A averiguao da inidoneidade para o exerccio da profisso arts. 171., 172


e 173. EOA

64
Deontologia Profissional

P.D.N 1111 Conselho Deontolgico de Coimbra

Joo, comunicou ao Sr. Presidente do Conselho Deontolgico do Conselho


Distrital de Coimbra, que entendeu existir uma violao dos deveres deontolgicos por
parte do Ilustre Mandatrio, Honrio, Advogado com escritrio em Coimbra, Cdula
Profissional n., participao que deu origem a inqurito.

Notificado o S. Advogado Arguido, procedeu-se instruo do presente


processo disciplinar.

Dos elementos trazidos para o processo extrai-se factualidade que, em nosso


entender, consubstancia infraco disciplinar, pelo que deduz a seguinte

ACUSAO

O Exmo. Senhor Doutor., Advogado com escritrio em Coimbra, foi


contactado e mandatado a 2/ 10/ 07,

Para propor uma aco de preferncia que tinha por objecto um prdio
transmitido em 30/09/07,

O autor da aco de preferncia apenas tomou conhecimento da venda no dia


31/09/07.

O arguido aceitou o patrocnio, embora soubesse que j existiam muitos


processos no seu escritrio, alguns dos quais com considervel atraso,

O arguido tinha plena conscincia de que no teria disponibilidade para


prontamente propor a referida aco, motivo pelo qual encarregou o seu estagirio de
elabora a petio inicial.

A aco deu entrada em tribunal a 19/05/08, decorridos mais de sete meses


desde a constituio do mandato

Os rus deduziram contestao por excepo, em que alegaram que a aco


tinha sido intempestiva,

65
Deontologia Profissional

A excepo foi julgada procedente e os rus foram absolvidos do pedido.

Existem indcios suficientes de que o arguido violou o dever deontolgico de


apenas aceitar patrocnio quando se tenha competncia e disponibilidade para se
ocupar da questo, constante do n2 do art. 93, e o dever de zelo e competncia,
consagrado o n.2 do art. 95, ambos do Estatuto da Ordem dos Advogados.

10

Pelo que,

O comportamento do Sr. Advogado susceptvel abstractamente de punio


cominada no n3 do art. 126 EOA, sem prejuzo do que se vier apurar no campo das
circunstncias agravantes ou atenuantes.

Notifique-se o Senhor Advogado da presente acusao e, ainda para,


querendo, apresentar defesa no prazo de 20 dias.

Junta: extracto do registo disciplinar do arguido

Localidade, data

O relator

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