IPEA Atlas Da Violencia 2017

1
Atlas da Violncia 2017

Ipea e FBSP1
Daniel Cerqueira
Renato Sergio de Lima
Samira Bueno
Luis Ivn Valencia
Olaya Hanashiro
Pedro Henrique G. Machado
Adriana dos Santos Lima
Rio de Janeiro, junho de 2017
1
Gostaramos de agradecer o gentil apoio da Maria de Fatima Marinho de Souza, da Cheila
Marina de Lima e do Dcio de Lyra Rabello Neto, da Secretaria de Vigilncia em Sade - SVS do
Ministrio da Sade. Agradecemos ainda o apoio, bem como os comentrios e as sugestes de
Alexandre Gomide, Flavia Schmidt, Erivelton Guedes, Helder Ferreira, Alexandre Cunha, Felix
Lopez, Danilo Coelho e vrios outros colegas do Ipea que participaram do seminrio interno da
Diest.
2
Sumrio
INTRODUO ................................................................................................................................ 4
1. A EVOLUO DOS HOMICDIOS NO BRASIL, REGIES E UNIDADES FEDERATIVAS .................. 6
2. A EVOLUO DOS HOMICDIOS NOS MUNICPIOS BRASILEIROS ........................................... 14
3. VIOLNCIA POLICIAL ................................................................................................................ 21
4. JUVENTUDE PERDIDA .............................................................................................................. 25
5. VIOLNCIA CONTRA NEGROS .................................................................................................. 30
6. VIOLNCIA CONTRA A MULHER .............................................................................................. 36
7. ARMAS DE FOGO ..................................................................................................................... 43
8. MORTES VIOLENTAS INDETERMINADAS E A QUALIDADE DOS DADOS .................................. 48
CONCLUSES ............................................................................................................................... 55
REFERNCIAS ............................................................................................................................... 59
APNDICE .................................................................................................................................... 61
3
INTRODUO
J no primeiro dia de 2017, uma rebelio no Complexo

Penitencirio Ansio Jobim, em Manaus, deixou um rastro de sangue com
56 mortos. Duas semanas depois, mais 26 assassinatos em um massacre
num presdio no Rio Grande do Norte. Outras rebelies se seguiram em
prises em vrios estados brasileiros nos primeiros meses do ano,
revelando mais uma vez a completa falncia do sistema de execuo penal
nacional.
Em fevereiro, a greve da Polcia Militar no Esprito Santo no

apenas levou pnico populao, mas demonstrou quo frgil o
equilbrio em torno da paz social, mesmo em estados com experincias
bem-sucedidas recentes no campo da segurana pblica, como era o caso
do estado capixaba. Antes do ano se aproximar da metade, inmeras
aes orquestradas pelo crime organizado e desorganizado impuseram o
terror aos moradores de muitas cidades, como no caso do Rio de Janeiro,
Fortaleza e Salvador, entre outras, quando no apenas nibus foram
incendiados, mas verdadeiras guerras foram travadas no espao pblico,
com inmeros homicdios perpetrados contra civis e policiais.
O cenrio supramencionado representa a continuidade da crise na

segurana pblica, que veio se agravando nos anos anteriores, conforme
analisaremos neste Atlas da Violncia 2017; e representa a contraface da
incapacidade e do descompromisso do Estado brasileiro para planejar,
propor e executar polticas penais e no campo da segurana pblica
minimamente racionais, efetivas e que garantam os direitos de cidadania
e que, em ltima instncia, reflitam a lenincia e a condescendncia da
sociedade brasileira com a criminalidade violenta letal.
No obstante, a nossa tragdia diria nos ltimos anos atingiu

contornos inimaginveis: apenas em trs semanas so assassinadas no
Brasil mais pessoas do que o total de mortos em todos os ataques
4
terroristas no mundo2 nos cinco primeiros meses de 2017, que
envolveram 498 atentados, resultando em 3.314 vtimas fatais.
Junto com esta publicao estamos inaugurando o portal

eletrnico http://ipea.gov.br/atlasviolencia/, que nasceu de uma
parceria entre o Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (Ipea) e o
Frum Brasileiro de Segurana Pblica (FBSP). Trata-se de um site para
prover indicadores e contedo sobre segurana pblica, em que o
interessado pode obter de forma rpida e fcil no apenas sries de
dados, mapas e grficos sobre incidentes violentos, crimes e
caractersticas do sistema de segurana pblica brasileiro, mas ainda
contedo com inmeras anlises, artigos e vdeos sobre vrios temas
correlacionados violncia e criminalidade.
Esta publicao trata de anlises aliceradas nos dados do Sistema

de Informao sobre Mortalidade (SIM), do Ministrio da Sade, que traz
informaes sobre incidentes at ano de 2015. Complementarmente, em
alguns tpicos, cruzamos as informaes do SIM com outras
provenientes dos registros policiais e que foram publicadas no 10
Anurio Brasileiro de Segurana Pblica, do FBSP. O presente
documento, alm desta introduo e da concluso, possui oito sees
centrais. A primeira traz uma anlise acerca da evoluo dos homicdios
nas regies e Unidades Federativas entre 2005 e 2015. Na segunda seo,
analisamos a evoluo da taxa de homicdio por municpio, quando
apresentamos a lista das taxas de homicdio em 2015 das localidades
com mais de 100 mil habitantes. Na terceira seo, tratamos de um
assunto de crucial importncia que versa sobre a letalidade policial e
sobre a necessidade de se produzir dados de melhor qualidade pelas
organizaes de segurana pblica. Na quarta, quinta e sexta sees,
analisamos a evoluo da letalidade violenta contra os jovens, negros e
mulheres no Brasil, respectivamente. A stima seo dedicada arma
2
Informaes provenientes do "mapa do terrorismo", fruto de uma parceria entre a Esri Story Maps e a
PeaceTech Lab (ver: https://storymaps.esri.com/stories/terrorist-attacks/?year=2017). No nmero
citado j se incluiu as 22 vtimas do ataque no show da Ariana Grande em Manchester em 22/05/2017.
5
de fogo e a sua relao com os homicdios nas Unidades Federativas. Na
oitava seo, fizemos algumas consideraes sobre a qualidade dos dados
sobre mortes por agresso (homicdios) do SIM, nas Unidades
Federativas. Para tanto, comparamos os registros acerca das agresses
letais com aqueles das mortes violentas com causa indeterminada e com
o total de Crimes Violentos Letais Intencionais, segundo os registros
policiais, conforme publicado no 10 Anurio Brasileiro de Segurana
Pblica, do FBSP.
Com esta publicao e com o site homnimo ora divulgado, o Ipea

e o FBSP esperam estar contribuindo para que o Estado brasileiro, junto
com a sociedade, possam avanar nas anlises qualificadas sobre a
criminalidade violenta, a partir de evidncias empricas que possam
apontar caminhos para superarmos essa verdadeira crise civilizatria
que, nas ltimas dcadas, tem naturalizado os homicdios e matado
nossos jovens.
6
1. A EVOLUO DOS HOMICDIOS NO BRASIL, REGIES E
UNIDADES FEDERATIVAS
Segundo o Sistema de Informaes sobre Mortalidade, do

Ministrio da Sade, em 2015 houve 59.080 homicdios3 no Brasil o
que equivale a uma taxa por 100 mil habitantes de 28,9. Este nmero de
homicdios consolida uma mudana de patamar nesse indicador (na
ordem de 59 a 60 mil casos por ano), e se distancia das 48 mil a 50 mil
mortes, ocorridas entre 2005 e 2007, conforme destacado no Grfico 1.1,
abaixo.
Grfico 1.1 Homicdio no Brasil, 2005 a 2015
65000 31,0
30,0
60000
29,0
55000
28,0
27,0
50000
26,0
45000
25,0
40000 24,0
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Nmero de Homicdio Taxa de Homicdio
Fonte: IBGE/Diretoria de Pesquisas. Coordenao de Populao e Indicadores Sociais. Gerncia de Estudos

e Anlises da Dinmica Demogrfica e Sim/Dasis/SVS/MS. O nmero de homicdios foi obtido pela soma
das seguintes CIDs 10: X85-Y09 e Y35-Y36, ou seja: bitos causados por agresso mais interveno legal.
Elaborao Diest/Ipea.
3
Neste conceito esto agrupadas as categorias Agresses (110) e Intervenes Legais (112) do CID-BR-10,
segundo o SIM/SVS/MS.
7
Por outro lado, tal ndice revela, alm da naturalizao do
fenmeno, um descompromisso por parte de autoridades nos nveis
federal, estadual e municipal com a complexa agenda da segurana
pblica.
Alm de outras consequncias, tal tragdia traz implicaes na

sade, na dinmica demogrfica e, por conseguinte, no processo de
desenvolvimento econmico e social. Um dado emblemtico que bem
caracteriza a questo a participao do homicdio como causa de
mortalidade da juventude masculina, 15 a 29 anos, que em 2015
correspondeu a 47,8% do total de bitos. Se considerarmos apenas os
homens entre 15 a 19 anos, esse indicador atinge a incrvel marca dos
53,8%, conforme destacado na Tabela 1.1.
Tabela 1.1 - Proporo de bitos causados por homicdios*, por faixa

etria - Brasil, 2015
Faixa etria => 10 a 14 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 64 65 a 69 Total

Masculino 17,5% 53,8% 49,9% 40,8% 31,5% 21,6% 13,5% 7,5% 4,4% 2,3% 1,4% 0,8% 7,7%
Feminino 6,1% 14,9% 13,0% 10,6% 8,0% 5,1% 3,0% 1,7% 0,8% 0,4% 0,3% 0,2% 0,8%
Total 13,2% 46,8% 43,7% 34,6% 25,4% 16,6% 10,0% 5,5% 3,1% 1,6% 0,9% 0,6% 4,7%
Fonte: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informaes sobre Mortalidade - SIM. *Considerando as agresses e intervenes legais. No se levou em conta os bitos com cujo sexo da vtima
era ignorado. Elaborao Diest/IPEA
O Grfico 1.2 mostra que a evoluo das taxas de homicdios ao

longo do perodo se deu de forma diferenciada entre as regies brasileiras.
Enquanto houve uma diminuio do indicador para a regio Sudeste (que
at a dcada de 90 era a regio que concentrava os estados mais violentos
do pas), observa-se uma virtual estabilidade na regio Sul e um
crescimento acentuado no Centro-Oeste, Norte e Nordeste.
8
Grfico 1.2 - Taxa de Homicdio no Brasil e Regies, 2005 a 2015
50
45
40
35
30
25
20
15
10
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Brasil Norte Nordeste Centro-oeste Sudeste Sul

e Anlises da Dinmica Demogrfica e MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informaes sobre Mortalidade - SIM.
O nmero de homicdios na UF de residncia foi obtido pela soma das seguintes CIDs 10: X85-Y09 e Y35-
Y36, ou seja, bitos causados por agresso mais interveno legal. Elaborao Diest/Ipea.
Ao analisar a evoluo dos homicdios por Unidade Federativa de

ocorrncia (Tabelas 1.2 e 1.3), verificamos que houve situaes bastante
distintas, sendo que, no perodo entre 2005 e 2015, a variao das taxas
de homicdios se inseriu no intervalo entre +232,0% (Rio Grande do
Norte) e -44,3% (So Paulo). Enquanto seis Unidades Federativas
sofreram aumento nesse indicador superior a 100%, seis estados tiveram
aumento entre 50% e 100%, seis estados sofreram aumento de at 50%
e nove Unidades Federativas lograram diminuio das taxas de
homicdios (Figura 1.1).
9
Figura 1.1 - Variao nas taxas de homicdios por Unidade da
Federao - Brasil, 2005 a 2015
Todos os estados com crescimento superior a 100% nas taxas de

homicdios pertenciam ao Norte e Nordeste. Por outro lado, interessante
notar que dentre as Unidades Federativas que apresentaram queda da
taxa de homicdio entre 2005 e 2015, ainda que todos os estados do
Sudeste pertenam a essa lista, h a representantes de todas as regies
brasileiras.
Nesses 11 anos analisados, cabe destacar o desempenho do estado

de Pernambuco, que foi uma ilha de diminuio de homicdios no
Nordeste entre 2007 e 2013 (quando logrou queda de 36% da taxa de
homicdio no perodo), no rastro da implantao do programa Pacto pela
Vida4. Contudo, houve um aumento dos homicdios nesse estado, a
partir de 2014, que apenas no ltimo ano aumentou 13,7%, fazendo com
4
Ver Ratton et al. (2014).
10
que a prevalncia de homicdio voltasse ao padro observado entre 2009
e 2010.
Outra observao digna de nota se refere ao fato de que a partir de

2013 o Esprito Santo saiu da lista dos cinco estados mais violentos do
pas (pela primeira vez desde 1980), ocupando em 2015 a 15 posio
nacional. Trata-se de um movimento de queda de homicdio que comeou
a ocorrer em 2010 e que ganhou fora nos anos subsequentes com a
implantao do Programa Estado Presente5, lanado em 2011. um
exemplo interessante e que deve ser acompanhado de perto, porque os
investimentos e as qualificadas inovaes em segurana pblica tiveram
a continuidade em dois governos, ainda que os eventos associados greve
da PM neste ano tenham nos mostrado o frgil equilbrio das boas
polticas em torno da paz social, que podem retroceder sem aviso prvio,
assim como o caso de Pernambuco, sublinhado acima, nos mostrou.
Quando analisada a variao das taxas de homicdio no perodo

mais recente, aps 2010, verificamos que aumentou o tamanho do grupo
de Unidades Federativas que lograram queda nas taxas de homicdio,
passando de nove para 12 Unidades Federativas, o que pode indicar uma
mudana no sinal da evoluo dos homicdios no Brasil, conquanto haja
um crescimento contnuo e acentuado principalmente no Nordeste.
Nessa anlise, cabe ainda destaque para as maiores diminuies

nas taxas de homicdios no perodo6, que aconteceram no Esprito Santo
(-27,6%), Paran (-23,4%) e Alagoas (-21,8%). Por outro lado, o
substancial crescimento da taxa de homicdios nos ltimos cinco anos
nos estados de Sergipe (+77,7%), Rio Grande do Norte (+75,5%), Piau
(+54,0%) e Maranho (52,8%) extremamente preocupante e deveria
despertar todas as atenes do poder pblico e da sociedade em geral.
5
Ver Casagrande (2015).
6
Deve-se analisar com cautela as taxas de homicdio em So Paulo, Minas Gerais e Bahia, tendo em vista
o proporcionalmente exorbitante nmero de casos de Mortes Violentas com Causa Indeterminada (MVCI)
que foram registrados nesses estados. A saber, o percentual de MVCI em relao ao total de homicdios
registrados, nessas Unidades Federativas, no ano de 2015, foi de 42,9%, 30,4% e 30,3%, respectivamente.
11
Tabela 1.2 - Taxa de homicdios por Unidade da Federao - Brasil, 2005 a 2015
Taxa de Homicdios por 100 mil Habitantes Variao %

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2005 a 2015 2014 a 2015 2010 a 2015
Brasil 26,1 26,6 25,5 26,7 27,2 27,8 27,4 29,4 28,6 29,8 28,9 10,6% -3,1% 4,0%
Acre 18,5 23,0 19,5 19,6 22,1 22,5 22,0 27,4 30,1 29,4 27,0 45,9% -8,0% 20,1%
Alagoas 39,9 53,1 59,5 60,3 59,3 66,9 71,4 64,6 65,1 62,8 52,3 31,2% -16,6% -21,8%
Amap 33,0 32,8 27,0 34,2 30,3 38,8 30,5 36,2 30,6 34,1 38,2 15,9% 12,1% -1,6%
Amazonas 18,5 21,1 21,1 24,8 27,0 31,1 36,5 37,4 31,3 32,0 37,4 101,7% 16,8% 20,3%
Bahia 20,9 23,7 26,0 33,2 37,1 41,7 39,4 43,4 37,8 40,0 39,5 89,6% -1,2% -5,2%
Cear 21,0 21,8 23,2 23,9 25,3 31,8 32,7 44,6 50,9 52,3 46,7 122,8% -10,6% 47,0%
Distrito Federal 28,2 27,7 29,2 31,8 33,8 30,6 34,6 36,0 30,0 29,6 25,5 -9,6% -13,9% -16,8%
Esprito Santo 47,0 50,9 53,3 56,4 56,9 51,0 47,1 46,6 42,2 41,4 36,9 -21,5% -10,9% -27,6%
Gois 26,1 26,3 26,0 30,7 32,1 33,0 37,4 45,4 46,2 44,3 45,3 73,6% 2,4% 37,5%
Maranho 15,3 15,7 18,0 20,3 22,0 23,1 23,9 26,5 31,8 35,9 35,3 130,5% -1,7% 52,8%
Mato Grosso 32,4 31,4 30,5 31,7 33,3 32,0 32,8 34,5 36,4 42,1 36,8 13,9% -12,5% 15,0%
Mato Grosso do Sul 27,9 29,7 30,5 29,9 30,7 26,8 27,2 27,3 24,3 26,7 23,9 -14,2% -10,5% -10,7%
Minas Gerais 22,0 21,4 20,9 19,6 18,7 18,6 21,6 23,0 22,9 22,8 21,7 -1,1% -4,7% 16,7%
Par 27,6 29,2 30,3 39,1 40,2 46,4 40,0 41,4 42,7 42,7 45,0 62,7% 5,3% -3,2%
Paraba 20,7 22,8 23,7 27,5 33,5 38,6 42,6 40,0 39,6 39,3 38,3 84,9% -2,6% -0,8%
Paran 29,0 29,8 29,5 32,5 34,6 34,3 32,1 33,0 26,7 26,9 26,3 -9,3% -2,2% -23,4%
Pernambuco 51,5 52,6 53,0 50,9 45,0 39,5 39,2 37,3 33,9 36,2 41,2 -20,0% 13,7% 4,3%
Piau 12,2 13,8 12,5 11,6 12,2 13,2 14,0 16,6 18,8 22,4 20,3 65,8% -9,6% 54,0%
Rio de Janeiro 48,2 47,5 41,6 35,7 33,5 35,4 29,7 29,4 31,2 34,7 30,6 -36,4% -11,9% -13,6%
Rio Grande do Norte 13,5 14,9 19,1 23,0 25,5 25,6 33,0 34,8 42,9 47,0 44,9 232,0% -4,5% 75,5%
Rio Grande do Sul 18,6 18,1 19,8 21,9 20,5 19,5 19,4 22,1 20,8 24,3 26,2 40,5% 7,7% 34,2%
Rondnia 36,2 37,4 27,2 32,1 35,8 34,9 28,5 33,1 27,9 33,1 33,9 -6,2% 2,7% -2,9%
Roraima 24,3 27,5 27,9 25,4 28,0 26,9 20,6 30,7 43,8 31,8 40,1 65,4% 26,3% 49,5%
Santa Catarina 10,8 11,2 10,4 13,3 13,4 13,2 12,8 12,9 11,9 13,5 14,0 30,1% 4,3% 6,5%
So Paulo 21,9 20,4 15,4 15,4 15,8 14,6 14,0 15,7 13,8 14,0 12,2 -44,3% -13,0% -16,5%
Sergipe 24,7 29,2 25,7 27,8 32,3 32,7 35,0 41,6 44,0 49,4 58,1 134,7% 17,5% 77,7%
Tocantins 14,6 17,2 16,6 18,5 22,4 23,6 25,8 26,7 23,6 25,5 33,2 128,1% 30,4% 40,5%
Fonte: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informaes sobre Mortalidade - SIM. O nmero de homicdios na UF de residncia foi obtido pela soma das seguintes CIDs 10: X85-Y09 e Y35-Y36, ou seja:
bitos causados por agresso mais interveno legal. Elaborao Diest/Ipea.
12
Tabela 1.3 - Nmero de homicdios por Unidade da Federao - Brasil, 2005 a 2015
Nmero de Homicdios Variao %

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2005 a 2015 2014 a 2015
Brasil 48136 49704 48219 50659 52043 53016 52807 57045 57396 60474 59080 22,7% -2,3%
Acre 124 158 137 133 153 165 164 208 234 232 217 75,0% -6,5%
Alagoas 1203 1620 1836 1887 1873 2087 2244 2046 2148 2085 1748 45,3% -16,2%
Amap 196 202 172 210 190 260 209 253 225 256 293 49,5% 14,5%
Amazonas 599 699 715 830 916 1082 1292 1344 1191 1240 1472 145,7% 18,7%
Bahia 2881 3311 3659 4819 5432 5844 5549 6148 5694 6052 6012 108,7% -0,7%
Cear 1699 1792 1933 2019 2165 2688 2792 3841 4473 4626 4163 145,0% -10,0%
Distrito Federal 657 660 711 812 882 786 902 954 837 843 742 12,9% -12,0%
Esprito Santo 1602 1762 1877 1947 1985 1792 1672 1667 1622 1609 1450 -9,5% -9,9%
Gois 1468 1509 1521 1792 1902 1979 2272 2793 2975 2887 2997 104,2% 3,8%
Maranho 935 969 1127 1277 1398 1519 1591 1777 2163 2462 2438 160,7% -1,0%
Mato Grosso 907 896 889 937 1000 972 1009 1074 1158 1358 1203 32,6% -11,4%
Mato Grosso do Sul 631 683 710 699 725 656 673 683 630 700 634 0,5% -9,4%
Minas Gerais 4223 4177 4125 3889 3742 3646 4262 4562 4717 4724 4532 7,3% -4,1%
Par 1926 2073 2194 2860 2989 3521 3073 3236 3405 3446 3675 90,8% 6,6%
Paraba 745 825 864 1029 1263 1455 1614 1525 1551 1551 1522 104,3% -1,9%
Paran 2977 3098 3105 3445 3698 3586 3376 3489 2936 2980 2936 -1,4% -1,5%
Pernambuco 4330 4472 4557 4446 3963 3473 3471 3327 3124 3358 3847 -11,2% 14,6%
Piau 368 418 383 361 385 411 440 525 598 717 650 76,6% -9,3%
Rio de Janeiro 7408 7389 6551 5662 5365 5667 4781 4772 5111 5718 5067 -31,6% -11,4%
Rio Grande do Norte 406 455 589 714 800 810 1054 1124 1447 1602 1545 280,5% -3,6%
Rio Grande do Sul 2021 1983 2199 2380 2242 2085 2077 2382 2322 2724 2944 45,7% 8,1%
Rondnia 555 585 432 480 538 546 450 526 483 578 600 8,1% 3,8%
Roraima 95 111 116 105 118 121 95 144 214 158 203 113,7% 28,5%
Santa Catarina 633 666 632 802 820 823 811 821 789 905 957 51,2% 5,7%
So Paulo 8870 8377 6437 6332 6557 6039 5842 6566 6035 6185 5427 -38,8% -12,3%
Sergipe 487 585 522 555 653 676 731 879 965 1097 1303 167,6% 18,8%
Tocantins 190 229 226 237 289 327 361 379 349 381 503 164,7% 32,0%
Fonte: IBGE/Diretoria de Pesquisas. Coordenao de Populao e Indicadores Sociais. Gerncia de Estudos e Anlises da Dinmica Demogrfica e MS/SVS/CGIAE - Sistema de
Informaes sobre Mortalidade - SIM. O nmero de homicdios na UF de residncia foi obtido pela soma das seguintes CIDs 10: X85-Y09 e Y35-Y36, ou seja: bitos causados por
agresso mais interveno legal. Elaborao Diest/Ipea.
13
2. A EVOLUO DOS HOMICDIOS NOS MUNICPIOS BRASILEIROS
Em 2015, apenas 111 municpios (que corresponde a 2,0% do total

de municpios, ou 19,2% da populao brasileira) responderam por
metade dos homicdios no Brasil, ao passo que 10% dos municpios (557)
concentraram 76,5% do total de mortes no pas. O propsito desta seo
analisar a evoluo dos homicdios nos municpios e, em particular, nos
304 municpios que, em 2015, possuam uma populao de mais de
100.000 pessoas residentes.
O mapa exposto na ilustrao abaixo apresenta as taxas de

homicdio em 2005 e em 2015. Nota-se, como seria de se esperar a partir
da discusso da seo anterior, a difuso dos homicdios nas grandes
regies metropolitanas para os municpios do interior do pas, sobretudo
no Norte, Nordeste, no estado de Gois e no norte de Minas Gerais7.
7
Cerqueira et al. (2013) exploraram em mais detalhes a mudana do padro de homicdios no territrio
brasileiro nos anos 2000.
14
Figura 2.1 Taxas de homicdio nos municpios brasileiros, 2005 e
2015
Fonte: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informaes sobre Mortalidade - SIM. O nmero de homicdios na

UF de residncia foi obtido pela soma das seguintes CIDs 10: X85-Y09 e Y35-Y36, ou seja: bitos
causados por agresso mais interveno legal. Elaborao Diest/Ipea.
A fim de analisarmos a prevalncia da violncia letal nos

municpios brasileiros, a Tabela A1, no apndice, aponta a lista daqueles
em que as populaes superaram 100 mil habitantes8 em 2015, que
correspondem a um conjunto com 304 territrios. Neste ano, enquanto
as taxas de homicdio por 100 mil habitantes nesse grupo variaram de
0,6 (Barreiras, na Bahia) a 105,2 (Altamira, no Par), a mdia e a mediana
foram de 32,5 e 28,6, respectivamente.
Todavia, a anlise sobre a prevalncia de violncia nos municpios

restrita apenas s taxas de homicdios pode levar a erros graves de
interpretao. Isto porque, em muitos municpios o nmero de Mortes
8
Limitamo-nos anlise dos municpios com mais de 100 mil habitantes para evitar possveis distores
no uso da taxa linear para municpios menores. Isto pode ocorrer, pois sendo o homicdio um fenmeno
raro (do ponto de vista estatstico), h o problema da alta variabilidade do estimador, que pode acarretar
a interpretaes equivocadas em duas direes. Primeiro, possvel que o municpio seja relativamente
violento, mas num determinado ano no tenha havido nenhum homicdio simplesmente porque o lapso
de perodo temporal no foi suficiente para os eventos se realizarem. No sentido contrrio, possvel,
por exemplo, que numa cidade pequena bastante pacfica, uma nica briga que tenha causado duas
mortes, em um determinado ano, faa com que a taxa fique exorbitantemente alta.
15
Violentas com Causa Indeterminada (MVCI) pode ocultar o verdadeiro
nvel de agresso letal por terceiros (homicdios). O melhor exemplo o
citado municpio de Barreiras. O registro oficial indica que l, em 2015,
ocorreu apenas uma morte por agresso (homicdio), o que o levaria ao
topo dos municpios mais pacficos. Entretanto, ocorreram nesse
territrio9, no mesmo ano, 119 MVCI, o que equivale a uma taxa de 77,3
MVCI por 100 mil habitantes. Se considerssemos a soma das taxas de
homicdio mais as de MVCI, Barreiras passaria para a lista dos
municpios mais violentos do pas.
Naturalmente, no estamos afirmando que toda MVCI seja

decorrente de homicdio10. Mas um alto ndice de MVCI faz aumentar a
margem de possibilidades da taxa de homicdio estar oficialmente
subregistrada.
Com o fito de mostrar os 30 municpios (com mais de 100 mil

habitantes) com o potencial de ter apresentado a menor e a maior
prevalncia de agresses letais em 2015, indicamos as Tabela 2.1 e 2.2,
respectivamente, em que a ordenao foi feita levado em conta a soma
das taxas de homicdios mais as MVCI. Como se pode observar, o Sudeste
domina a lista com 24 territrios (sendo 19 em So Paulo). interessante
apontar que os municpios nas duas primeiras posies esto localizados
em Santa Catarina, sendo eles Jaragu do Sul e Brusque.
9
De fato, Barreiras encabea a lista dos municpios com maior taxa de MVCI, ao passo que muitos
municpios no tiveram um caso sequer de MVCI.
10
Cerqueira (2012, 2013), com base numa anlise estatstica, alicerada nos microdados do SIM,
mostrou evidncias que cerca de 73,2% das MVCI eram na verdade decorrentes de homicdios que no
foram classificados como tal.
16
Tabela 2.1 Os 30 municpios mais pacficos em 2015, com
populao superior a 100 mil habitantes, segundo a soma das taxas
de homicdio e de MVCI
Taxa de
Nmero de Nmero Taxa de Taxa de
# UF Municpio Populao Homicdio
Homicdio de MVCI Homicdio MVCI
+MVCI
1 SC Jaragu do Sul 163.735 5 1 3,1 0,6 3,7
2 SC Brusque 122.775 5 0 4,1 0,0 4,1
3 SP Americana 229.322 9 2 3,9 0,9 4,8
4 SP Ja 143.283 7 2 4,9 1,4 6,3
5 MG Arax 102.238 6 1 5,9 1,0 6,8
6 SP Botucatu 139.483 6 4 4,3 2,9 7,2
7 SP Bragana Paulista 160.665 11 1 6,8 0,6 7,5
8 SP Jundia 401.896 28 3 7,0 0,7 7,7
9 MG Conselheiro Lafaiete 125.421 8 2 6,4 1,6 8,0
10 RJ Terespolis 173.060 11 3 6,4 1,7 8,1
11 SP Presidente Prudente 222.192 18 0 8,1 0,0 8,1
12 SP Mogi Guau 147.233 11 1 7,5 0,7 8,2
13 MG Barbacena 134.924 9 2 6,7 1,5 8,2
14 SP Marlia 232.006 15 4 6,5 1,7 8,2
15 SP Valinhos 120.258 4 6 3,3 5,0 8,3
16 SP Araraquara 226.508 17 2 7,5 0,9 8,4
17 RS Bag 121.749 11 0 9,0 0,0 9,0
18 SP Limeira 296.440 24 3 8,1 1,0 9,1
19 SP Bauru 366.992 32 2 8,7 0,5 9,3
20 SP Itatiba 113.284 10 1 8,8 0,9 9,7
21 SC Blumenau 338.876 33 0 9,7 0,0 9,7
22 PA Camet 130.868 13 0 9,9 0,0 9,9
23 MG Lavras 100.243 9 1 9,0 1,0 10,0
24 SP Araras 128.895 11 2 8,5 1,6 10,1
25 SP Votorantim 117.794 7 5 5,9 4,2 10,2
26 SP Salto 114.171 10 2 8,8 1,8 10,5
27 SP Catanduva 119.480 13 0 10,9 0,0 10,9
28 SP Santana de Parnaba 126.574 8 6 6,3 4,7 11,1
29 SP Tatu 116.682 11 2 9,4 1,7 11,1
30 PR Maring 397.437 43 2 10,8 0,5 11,3
Fonte: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informaes sobre Mortalidade - SIM. O nmero de homicdios no municpio de residncia foi obtido pela
soma das seguintes CIDs 10: X85-Y09 e Y35-Y36, ou seja: bitos causados por agresso mais interveno legal. taxa de homicdios por 100 mil
habitantes. Elaborao Diest/Ipea.
17
Em relao aos municpios mais violentos, em 2015, com mais de
100 mil habitantes, Altamira, no Par, lidera a lista, que tem
representantes de Unidades Federativas das cinco regies brasileiras.
Enquanto o Norte e Nordeste possuam 22 municpios neste ranking, o
estado de Gois participou com quatro municpios. Uma lista completa
com os 304 municpios segue no Apndice.
Tabela 2.2 Os 30 municpios mais violentos em 2015, com

populao superior a 100 mil habitantes, segundo a soma das taxas
de homicdio e de MVCI
Taxa de
Nmero de Nmero Taxa de Taxa de
# UF Municpio Populao Homicdio
Homicdio de MVCI Homicdio MVCI
+MVCI
1 PA Altamira 108.382 114 2 105,2 1,8 107,0
2 BA Lauro de Freitas 191.436 177 10 92,5 5,2 97,7
3 SE Nossa Senhora do Socorro 177.344 159 12 89,7 6,8 96,4
4 MA So Jos de Ribamar 174.267 159 9 91,2 5,2 96,4
5 BA Simes Filho 133.202 112 11 84,1 8,3 92,3
6 CE Maracana 221.504 172 26 77,7 11,7 89,4
7 BA Teixeira de Freitas 157.804 114 25 72,2 15,8 88,1
8 PR Piraquara 104.481 83 8 79,4 7,7 87,1
9 BA Porto Seguro 145.431 123 2 84,6 1,4 86,0
10 PE Cabo de Santo Agostinho 200.546 147 24 73,3 12,0 85,3
11 PA Marab 262.085 201 15 76,7 5,7 82,4
12 RS Alvorada 206.561 162 4 78,4 1,9 80,4
13 CE Fortaleza 2.591.188 1729 295 66,7 11,4 78,1
14 BA Barreiras 153.918 1 119 0,6 77,3 78,0
15 BA Camaari 286.919 207 16 72,1 5,6 77,7
16 PA Marituba 122.916 94 0 76,5 0,0 76,5
17 PR Almirante Tamandar 112.870 72 14 63,8 12,4 76,2
18 BA Alagoinhas 154.495 103 14 66,7 9,1 75,7
19 BA Eunpolis 113.191 66 19 58,3 16,8 75,1
20 GO Novo Gama 106.677 79 1 74,1 0,9 75,0
21 GO Luzinia 194.039 143 2 73,7 1,0 74,7
22 PB Santa Rita 134.940 100 0 74,1 0,0 74,1
23 MA So Lus 1.073.893 758 36 70,6 3,4 73,9
24 GO Senador Canedo 100.367 74 0 73,7 0,0 73,7
25 PA Ananindeua 505.404 352 3 69,6 0,6 70,2
26 GO Trindade 117.454 82 0 69,8 0,0 69,8
27 CE Caucaia 353.932 209 38 59,1 10,7 69,8
28 PE Igarassu 112.463 60 18 53,4 16,0 69,4
29 ES Serra 485.376 315 21 64,9 4,3 69,2
30 BA Feira de Santana 617.528 218 205 35,3 33,2 68,5
Fonte: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informaes sobre Mortalidade - SIM. O nmero de homicdios no municpio de residncia foi obtido pela soma
das seguintes CIDs 10: X85-Y09 e Y35-Y36, ou seja: bitos causados por agresso mais interveno legal. taxa de homicdios por 100 mil habitantes.
Elaborao Diest/Ipea.
interessante tecer algumas consideraes sobre os municpios

menos e mais violentos. Jaragu do Sul (SC) e Altamira (PA)
compreendiam populaes de 164 e 108 mil residentes, com densidades
demogrficas de 268,8 e 0,65 habitantes por quilmetro quadrado,
respectivamente. Alm das diferenas demogrficas e culturais, o Censo
Demogrfico do IBGE mostrava profundas distncias entre esses dois
18
municpios no que se refere aos ndices de Desenvolvimento Humano11.
Enquanto, em 2010, Jaragu do Sul se encontrava num patamar alto de
desenvolvimento (IDH = 0,803), Altamira situava-se num nvel mdio
(IDH =0,665). Enquanto no primeiro municpio o percentual de
indivduos com 18 anos ou mais de idade com o ensino fundamental
completo era de 68,7%, esse indicador era de 46,1% em Altamira, sendo
que a renda per capita no primeiro municpio era mais do que o dobro da
do segundo.
Contudo, ainda que as diferenas socioeconmicas entre dois

municpios sejam profundas e sirvam para ilustrar o potencial papel que
o estgio de desenvolvimento humano tem sobre a criminalidade violenta
letal, elas no explicam tudo, naturalmente.
A forma e a velocidade como o crescimento econmico afeta o

territrio outro aspecto relevante. Por exemplo, um crescimento rpido
e desordenado das cidades (como aconteceu em Altamira, no rastro da
construo da Usina de Belo Monte) pode ter srias implicaes sobre o
nvel de criminalidade local.
Apontaremos aqui quatro canais principais pelos quais o

desempenho econmico pode afetar a taxa de criminalidade nas cidades.
O primeiro deles est relacionado ao mercado de trabalho. O

crescimento econmico faz aumentar a oferta de postos de trabalhos, ao
mesmo tempo em que eleva o salrio real do trabalhador. Isto faz com
que o custo de oportunidade de entrar no mundo da criminalidade
urbana aumente, fazendo diminuir os incentivos a favor do crime, o que
contribui para a queda das taxas. Claramente, se as boas oportunidades
ficam restritas apenas a um pequeno grupo da sociedade, o tiro pode sair
pela culatra, uma vez que o prmio para cometer o crime aumenta para
quem no participa da festa, ou seja para aqueles indivduos que
permanecem desempregados, sem oportunidades e perspectivas futuras.
Existe uma vasta literatura emprica sobre esse tema. No Ipea, foi feito
11
Ver http://www.atlasbrasil.org.br/2013/
19
um exaustivo trabalho com dados de todos os municpios brasileiros
desde 1980 e conclumos que a cada 1% de diminuio na taxa de
desemprego de homens faz com que a taxa de homicdio diminua de 2,1%
[Cerqueira e Moura (2015)].
Por outro lado, a gerao de renda nas cidades, alm de atrair as

coisas boas que a economia de mercado pode oferecer, contribui para,
eventualmente, atrair algumas mazelas, sendo uma delas os mercados
ilcitos, que o nosso segundo canal explicativo. Nesse contexto, nos anos
2000, a maior circulao de dinheiro em vrias pequenas cidades,
sobretudo do Norte e Nordeste do pas, tornaram viveis economicamente
os mercados locais de drogas ilcitas. E no rastro da expanso desses
negcios, observou-se o incremento prevalncia da violncia letal,
utilizada no apenas na disputa por mercados, mas ainda para
disciplinar devedores duvidosos e trabalhadores desviantes do
narcotrfico, sem qual o dono do negcio perderia credibilidade,
levando a firma falncia.
Como terceiro canal, junto com o emprego e mercados ilcitos, o

desempenho econmico pode levar, indiretamente, a um processo de
desorganizao social, a partir da migrao de trabalhadores e de pessoas
em buscas de oportunidades, junto com alteraes no espao urbano e
reas residenciais, que fazem com que haja um esgaramento do controle
social do crime, um aumento de oportunidades para a perpetrao de
crimes, junto com o aumento da probabilidade de anonimato e de fuga
do criminoso.
A situao acima ocorre quando as transformaes urbanas e

sociais acontecem rapidamente e sem as devidas polticas pblicas
preventivas e de controle, no apenas no campo da segurana pblica,
mas tambm do ordenamento urbano e preveno social, que envolve
educao, assistncia social, cultura e sade, constituindo assim o
quarto canal pelo qual o desempenho econmico pode afetar a taxa de
criminalidade nas cidades. Ou seja, a qualidade da poltica pblica um
20
dos elementos cruciais que podem conduzir diminuio das dinmicas
criminais.
3. VIOLNCIA POLICIAL
A categoria intervenes legais e operaes de guerra, registro

Y35-Y36 do SIM, continua apresentando um alto grau de subnotificao,
como confirmam os nmeros da segurana pblica. Em 2015, o SIM
registrou apenas 942 casos de intervenes legais (Tabela 3.1), enquanto
a segurana pblica registrou 3.320 mortes decorrentes de intervenes
policiais (Tabela 3.2), ou seja, 3,5 vezes o nmero de registros da sade.
Para alm da necessidade de rever os protocolos de registro para

esses casos pela rea da sade, devemos insistir na mudana de um
modelo de segurana pblica que, se no promove, conivente com o uso
abusivo da fora letal e execues sumrias, ao mesmo tempo que expe
e vitimiza cada vez mais os seus agentes. Dados do Anurio Brasileiro de
Segurana Pblica indicam que, em 2015, ao menos 358 policiais civis e
militares constam das estatsticas de homicdio do pas.
Nos ltimos anos, assistimos a um realinhamento a favor desse

modelo de atuao policial que permanece como um dos maiores desafios
de nosso processo de consolidao democrtica e de um efetivo Estado
de Direito. No com surpresa, o Brasil foi condenado pela Corte
Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH), em sentena do dia 16
de fevereiro de 2017, no Caso Favela Nova Braslia. O Estado brasileiro
foi condenado pelas falhas e demora na investigao e sano dos
responsveis pelas execues extrajudiciais de 26 pessoas durante
operaes realizadas pela Polcia Civil do Rio de Janeiro nessa
comunidade do Complexo do Alemo, em 1994 e 1995.
Na sentena, a Corte dispe que o Estado brasileiro deve publicar

anualmente um relatrio oficial com os dados referentes s mortes
decorrentes de interveno policial em todas as Unidades Federativas; e
21
que o Estado tem o prazo de um ano para estabelecer os mecanismos
normativos necessrios para que, nos casos de mortes decorrentes de
interveno policial, o responsvel pela investigao seja um rgo
independente da fora pblica envolvida, uma autoridade judicial ou o
Ministrio Pblico (MP).
Com efeito, desde a promulgao da Constituio de 1988, o

Ministrio Pblico j tem essa atribuio de exercer o controle externo
das atividades policiais. Essa funo, juntamente com a de garantir a
proteo dos direitos humanos, com todos os instrumentos que lhe foram
dotados, exige do Ministrio Pblico aes contundentes e um
protagonismo que, infelizmente, so inexistentes ou ausentes, na maioria
dos casos. Isso sem falar numa possvel atuao sistmica preventiva
para modificar padres institucionais de conduta das organizaes
policiais, o que exigiria por parte do MP, em primeiro lugar, pleno
conhecimento das atividades policiais, dos meios empregados e dos
resultados obtidos.
De fato, como se pode observar, o nmero de incidentes de mortes

decorrentes de interveno policial j ultrapassou o de latrocnio12 (roubo
seguido de morte), o que demonstra que o caso de Nova Braslia no
representa uma ao isolada e que prticas letais de agentes estatais no
configuram um desvio individual de conduta, mas sim um padro
institucional de uso da fora pelas polcias. Nesse sentido, a sentena da
Corte IDH tambm dispe que o Estado brasileiro deve adotar as medidas
necessrias para que o estado do Rio de Janeiro estabelea metas e
polticas de reduo da letalidade e violncia policial.
A letalidade policial e a vitimizao policial que a ela se associa so

produtos de um modelo de enfrentamento violncia e criminalidade que
permanece insulado em sua concepo belicista, que pouco dialoga com
a sociedade ou com outros setores da administrao pblica.
12
O nmero de latrocnios no Brasil em 2015, segundo o 10 Anurio do Frum Brasileiro de Segurana
Pblica, foi de 2.314.
22
Tabela 3.1 - Mortes por interveno legal no SIM Brasil, 2005 a 2015
Nmero de Mortes por Intervenes Legais por Unidade da Federao

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Brasil 558 559 512 546 609 756 609 708 592 793 942
Acre 1 - 2 - - - - - - - -
Alagoas - 2 1 - - - - - - - -
Amap - - 2 - - - - - - - -
Bahia 65 23 31 31 48 88 85 210 140 135 225
Cear 2 - 1 - 1 1 2 - - 1 -
Distrito Federal - - 1 - 2 - 1 2 2 2 1
Esprito Santo - - - 1 1 - - - 3 1 2
Gois 2 1 - - - - 1 - 3 1 2
Maranho - 6 1 4 1 4 - 2 - 5 -
Mato Grosso 1 1 1 1 3 1 19 14 4 2 4
Mato Grosso do Sul 3 6 10 4 2 10 3 1 2 1 7
Minas Gerais 4 2 5 9 1 5 2 4 4 6 7
Par - 1 1 3 - 5 4 - 2 3 -
Paraba - 1 3 2 - - - - - - 1
Paran 12 6 7 5 18 11 55 34 26 23 75
Pernambuco 1 2 1 2 2 3 5 1 - - -
Piau - - - 1 - - 4 - 3 1 1
Rio de Janeiro 324 290 247 279 301 414 219 186 225 321 281
Rio Grande do Norte - - - - - - - 1 1 - 1
Rio Grande do Sul - 12 18 8 10 18 19 18 8 14 24
Rondnia - 1 - - - 1 2 2 2 1 -
Roraima 2 - - 1 1 - - 1 - - -
Santa Catarina 3 2 1 7 5 2 8 10 14 42 25
So Paulo 138 200 176 188 212 191 178 222 153 233 277
Sergipe - 1 - - - - - - - - 1
Tocantins - 2 3 - 1 2 2 - - 1 8
Tocantins 2 3 1 2 2 1 8
Fonte: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informaes sobre Mortalidade - SIM. Elaborao Diest/Ipea.
23
Tabela 3.2 - Mortes decorrentes de interveno policial
Mortes Decorrentes de Interveno Policial

Brasil e Unidades da
Federao Em servio Fora de Servio Total
Nmero Absoluto Nmero Absoluto Nmero Absoluto
Ano: 2014 2015 2014 2015 2014 2015
Brasil 1.774 1.778 391 455 3.146 3.320
Alagoas (1) 62 92 7 - 77 97
Bahia (2) ... ... ... ... 278 299
Cear (3) 36 60 3 20 53 86
Distrito Federal 4 6 6 4 10 10
Esprito Santo 19 17 4 7 23 24
Gois 80 114 16 27 96 141
Maranho 53 115 7 2 60 117
Mato Grosso 6 6 1 2 7 8
Mato Grosso do Sul 80 40 7 5 87 45
Minas Gerais 105 68 21 37 126 105
Par 140 161 12 19 152 180
Paran 184 216 14 25 198 241
Pernambuco (2) ... ... ... ... 29 51
Piau 13 11 3 7 16 18
Rio de Janeiro (2) ... ... ... ... 584 645
Rio Grande do Norte 69 75 - 1 69 76
Rio Grande do Sul 66 78 26 29 92 107
Roraima 1 2 1 4 2 6
Santa Catarina 88 54 3 9 91 63
So Paulo (4) 706 606 252 242 958 848
Sergipe (2) ... ... ... ... 43 43
Acre 2 ... ... ... 2 ...
Amap (2) ... ... ... ... 25 38
Paraba 21 15 2 - 23 15
Rondnia 11 6 1 1 12 7
Tocantins 2 5 1 - 3 5
Amazonas 26 31 4 14 30 45
Fonte: 10 Anurio Brasileiro de Segurana Pblica, do FBSP, com base em informaes das Secretarias
Estaduais de Segurana Pblica e/ou Defesa Social; Ouvidoria de Polcia da Bahia; Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatstica (IBGE); Frum Brasileiro de Segurana Pblica.
(-) Fenmeno Inexistente.
(...) Informao no disponvel.
(1) O total de pessoas mortas por policiais em Alagoas inclui 8 mortes decorrentes de aes conjuntas das
polcias civil e militar em 2014 e 5 em 2015.
(2) Os dados referentes a pessoas mortas por policiais no esto desagregados.
(3) O total de pessoas mortas por policiais no Cear inclui 14 mortes em que no h informao sobre a
corporao de autoria em 2014 e 6 em 2015.
(4) Foram consideradas como letalidade policial as ocorrncias de "morte decorrente de interveno policial" e
"homicdio doloso cometido por policiais fora de servio". Nos dados da Polcia Militar, inclui ainda a ocorrncia de
homicdio doloso definida como "reaes de policiais militares com provvel excludente de ilicitude (reaes a
roubo e tentativa de roubo)".
24
4. JUVENTUDE PERDIDA
Desde 1980 est em curso no pas um processo gradativo de

vitimizao letal da juventude, em que os mortos so jovens cada vez
mais jovens. De fato, enquanto no comeo da dcada de oitenta, o pico
da taxa de homicdio se dava aos 25 anos, atualmente esse gira na ordem
de 21 anos. No obstante, at a dcada passada, parecia que essa
dinmica trgica vinha perdendo fora, uma vez que, entre 2000 e 2010,
houve um pequeno incremento na taxa de homicdio de jovens (+2,5%),
ante o maior crescimento observado nos anos noventa (+20,3%) e nos
anos oitenta (89,9%). Contudo, os ltimos dados disponveis do
Ministrio da Sade nos mostram um recrudescimento do problema,
uma vez que, entre 2005 e 2015, observou-se um aumento de 17,2% na
taxa de homicdio de indivduos entre 15 e 29 anos, conforme se pode
verificar na Tabela 4.2.
Apesar de esse fenmeno ser denunciado h anos por organizaes

no governamentais de direitos humanos e movimentos sociais, e de
recentemente ter entrado na agenda estatal com a Comisso Parlamentar
de Inqurito no Senado13 sobre o assassinato de jovens, o Estado
brasileiro ainda no foi capaz de formular e implementar um plano
nacional de reduo de homicdios. E qual o resultado da omisso do
poder pblico em relao ao tema? Mais de 318 mil jovens foram
assassinados entre 2005 e 2015 (Tabela 4.1).
Em 2015 foram 31.264 homicdios de jovens entre 15 e 29 anos,

uma reduo14 de 3,3% na taxa em relao a 2014. Analisando a
dinmica da violncia letal contra jovens nas Unidades Federativas,
verificamos um quadro bastante heterogneo, assim como apontado nas
sees anteriores. Enquanto em So Paulo houve uma reduo de 49,4%,
13
Relatrio disponvel em: http://www12.senado.leg.br/noticias/arquivos/2016/06/08/veja-a-integra-
do-relatorio-da-cpi-do-assassinato-de-jovens. Consulta em 28/05/2017.
14
Esta reduo no ltimo ano h que ser analisada com cautela, uma vez que nesse perodo aumentou o
nmero de mortes violentas com causa indeterminada, conforme veremos na Seo 8.
25
nesses onze anos, no Rio Grande do Norte, por outro lado, o aumento da
taxa de homicdio de jovens foi de 292,3%.
Quando considerada apenas a populao jovem masculina,

observamos uma dinmica parecida, apenas com um patamar diferente,
uma vez que mais de 92% dos homicdios acometem os homens. Com
isso, enquanto a taxa de homicdios de jovens em 2015 era de 60,9
para cada grupo de 100 mil jovens, o mesmo indicador para os homens
jovens alcanava neste ano a incrvel marca de 113,6. Chama a ateno
as taxas de homicdios de homens jovens nos estados de Alagoas e
Sergipe que atingiram, respectivamente, 233,0 e 230,4 mortes por 100
mil homens jovens.
O drama da juventude perdida possui duas faces. De um lado a

perda de vidas humanas e do outro lado a falta de oportunidades
educacionais e laborais que condenam os jovens a uma vida de restrio
material e de anomia social, que terminam por impulsionar a
criminalidade violenta.
um filme que se repete h dcadas e que escancara a nossa

irracionalidade social. No se investe adequadamente na educao
infantil (a fase mais importante do desenvolvimento humano). Relega-se
criana e ao jovem em condio de vulnerabilidade social um processo
de crescimento pessoal sem a devida superviso e orientao e uma
escola de m qualidade, que no diz respeito aos interesses e valores
desses indivduos. Quando o mesmo se rebela ou expulso da escola
(como um produto no conforme numa produo fabril), faltam motivos
para uma aderncia e concordncia deste aos valores sociais vigentes e
sobram incentivos em favor de uma trajetria de delinquncia e crime.
Enquanto isso, a sociedade, que segue marcada pelo temor e pela

nsia de vingana, parece clamar cada vez mais pela diminuio da idade
de imputabilidade penal, pela truculncia policial e pelo encarceramento
em massa, que apenas dinamizam a criminalidade violenta, a um alto
custo oramentrio, econmico e social.
26
Tabela 4.1 - Nmero de homicdios por faixa etria de 15-29 anos de idade por Unidade da Federao Brasil,
2005 a 2015
Nmero de Homicdios Variao %

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2005 a 2015 2014 a 2015
Brasil 26793 27251 26489 27880 28267 28562 27930 30609 30689 32436 31264 16,7% -3,6%
Acre 67 85 72 76 78 74 73 101 119 111 105 56,7% -5,4%
Alagoas 696 980 1102 1142 1115 1287 1321 1231 1313 1243 1049 50,7% -15,6%
Amap 123 128 114 141 108 168 122 164 147 162 165 34,1% 1,9%
Amazonas 356 428 433 481 540 634 791 732 659 678 809 127,2% 19,3%
Bahia 1703 1947 2160 2994 3427 3571 3221 3662 3338 3553 3559 109,0% 0,2%
Cear 943 941 1066 1131 1196 1494 1568 2329 2705 2831 2450 159,8% -13,5%
Distrito Federal 403 399 431 492 523 452 493 517 465 453 382 -5,2% -15,7%
Esprito Santo 904 982 1008 1113 1164 1036 1005 969 985 958 830 -8,2% -13,4%
Gois 830 825 849 971 977 1088 1201 1518 1598 1568 1618 94,9% 3,2%
Maranho 511 527 623 714 775 837 820 952 1171 1311 1257 146,0% -4,1%
Mato Grosso 407 427 368 428 469 462 474 544 541 636 529 30,0% -16,8%
Mato Grosso do Sul 308 315 340 345 354 292 307 291 265 322 264 -14,3% -18,0%
Minas Gerais 2461 2408 2344 2204 2062 1956 2250 2512 2595 2573 2378 -3,4% -7,6%
Par 1082 1185 1263 1635 1717 1935 1758 1799 1785 1821 1936 78,9% 6,3%
Paraba 403 458 461 561 710 834 915 901 893 869 828 105,5% -4,7%
Paran 1658 1706 1760 1914 2078 1970 1786 1870 1538 1473 1471 -11,3% -0,1%
Pernambuco 2616 2616 2698 2621 2281 1977 1928 1815 1709 1881 2143 -18,1% 13,9%
Piau 210 240 186 187 205 195 223 269 329 392 328 56,2% -16,3%
Rio de Janeiro 4177 4076 3652 3092 2841 3020 2409 2397 2693 3027 2761 -33,9% -8,8%
Rio Grande do Sul 1034 980 1137 1199 1081 983 1018 1149 1078 1323 1391 34,5% 5,1%
Rondnia 246 257 210 210 231 226 187 230 212 229 261 6,1% 14,0%
Roraima 42 46 47 38 52 52 39 70 78 56 77 83,3% 37,5%
Santa Catarina 322 321 328 406 429 380 389 407 369 402 442 37,3% 10,0%
So Paulo 4719 4285 3135 2948 2940 2671 2505 2875 2552 2751 2333 -50,6% -15,2%
Sergipe 249 334 294 313 324 351 371 474 520 623 716 187,6% 14,9%
Tocantins 88 121 94 122 135 178 160 182 149 188 243 176,1% 29,3%
Fonte: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informaes sobre Mortalidade - SIM. O nmero de homicdios na UF de residncia foi obtido pela soma das seguintes CIDs 10: X85-Y09 e Y35-Y36, ou
seja: bitos causados por agresso mais interveno legal. Clculo efetuado para os indivduos entre 15 e 29 anos. Elaborao Diest/Ipea.
27
Tabela 4.2 - Taxa de homicdios por 100 mil jovens na faixa etria de 15-29 anos de idade, por Unidade da
Federao Brasil, 2005 a 2015
Taxa de Homicdio por 100 mil Habitantes Variao %

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2005 a 2015 2014 a 2015 2010 a 2015
Brasil 51,9 52,5 50,8 53,3 54,0 54,6 53,5 58,9 59,3 62,9 60,9 17,2% -3,3% 11,4%
Acre 34,3 42,7 35,5 36,9 37,2 34,8 33,8 46,2 53,8 49,5 46,2 34,8% -6,7% 32,7%
Alagoas 77,5 108,6 121,8 126,1 123,2 142,7 147,1 137,8 147,8 140,5 118,9 53,4% -15,4% -16,7%
Amap 69,2 70,2 60,9 73,4 54,9 83,5 59,3 78,1 68,6 74,0 73,7 6,5% -0,4% -11,7%
Amazonas 36,4 43,0 42,6 46,5 51,3 59,3 72,9 66,5 59,1 60,1 70,9 94,6% 18,0% 19,6%
Bahia 40,0 45,6 50,7 70,5 81,3 85,6 78,3 90,4 83,8 90,7 92,2 130,7% 1,6% 7,7%
Cear 40,4 39,8 44,6 46,9 49,3 61,4 64,4 95,9 111,7 117,3 101,9 152,3% -13,2% 65,9%
Esprito Santo 92,6 99,8 101,9 112,1 117,0 104,1 101,0 97,5 99,3 96,8 83,8 -9,4% -13,4% -19,4%
Gois 51,5 50,7 51,6 58,5 58,4 64,6 70,9 89,1 93,4 91,3 93,8 82,0% 2,8% 45,2%
Maranho 27,0 27,6 32,4 36,9 40,1 43,4 42,8 50,0 62,0 69,9 67,3 148,9% -3,8% 55,0%
Mato Grosso 49,8 51,7 44,1 50,8 55,2 54,1 55,3 63,3 63,0 74,2 61,9 24,3% -16,5% 14,5%
Minas Gerais 46,3 45,2 43,9 41,3 38,8 36,9 42,8 48,1 50,2 50,2 46,8 1,0% -6,8% 26,7%
Par 51,5 55,6 58,4 74,6 77,4 86,4 77,9 79,2 78,3 79,5 84,2 63,5% 5,9% -2,5%
Paraba 38,1 43,0 43,2 52,5 66,7 78,9 87,4 87,0 87,3 86,0 82,9 117,7% -3,7% 5,0%
Paran 60,6 62,1 63,8 69,1 74,8 70,8 64,2 67,3 55,6 53,5 53,7 -11,5% 0,4% -24,2%
Pernambuco 106,5 106,2 109,3 106,2 92,6 80,6 79,0 74,8 70,9 78,5 89,8 -15,7% 14,4% 11,4%
Piau 22,8 26,0 20,2 20,4 22,6 21,9 25,5 31,3 39,0 47,3 40,0 75,1% -15,4% 82,8%
Rio de Janeiro 107,2 104,7 94,0 79,7 73,3 78,0 62,3 62,0 69,8 78,4 71,5 -33,3% -8,8% -8,4%
Rio Grande do Sul 38,2 36,0 41,7 44,0 39,7 36,2 37,7 42,9 40,7 50,4 53,6 40,3% 6,2% 48,0%
Rondnia 53,5 55,0 44,4 43,8 47,8 46,4 38,2 46,9 43,2 46,7 53,4 -0,1% 14,3% 15,2%
Roraima 35,4 37,6 37,3 29,3 39,1 38,3 28,1 49,5 54,2 38,3 51,9 46,5% 35,4% 35,5%
Santa Catarina 20,2 19,8 19,9 24,3 25,4 22,2 22,6 23,5 21,2 23,1 25,4 25,6% 9,9% 14,0%
So Paulo 43,3 39,3 28,7 27,0 27,0 24,6 23,2 26,7 23,8 25,8 21,9 -49,4% -15,0% -10,9%
Sergipe 42,7 56,7 49,5 52,3 53,9 58,2 61,4 78,4 86,0 103,0 118,2 177,0% 14,7% 103,1%
Tocantins 22,6 30,7 23,5 30,2 33,1 43,4 38,9 44,1 36,0 45,4 58,6 158,8% 29,0% 34,9%
Fonte: IBGE/Diretoria de Pesquisas. Coordenao de Populao e Indicadores Sociais. Gerncia de Estudos e Anlises da Dinmica Demogrfica e MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informaes sobre
Mortalidade - SIM. O nmero de homicdios na UF de residncia foi obtido pela soma das seguintes CIDs 10: X85-Y09 e Y35-Y36, ou seja: bitos causados por agresso mais interveno legal. O clculo
efetuado tanto para o nmero de bitos, quanto para a populao levou em conta apenas os indivduos entre 15 e 29 anos de idade. Elaborao Diest/Ipea.
28
Tabela 4.3 - Taxa de homicdios por 100 mil homens jovens na faixa etria de 15-29 anos de idade, por Unidade
da Federao Brasil, 2005 a 2015
Taxa de Homicdio de Homens Jovens Variao %

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2005 a 2015 2014 a 2015 2010 a 2015
Brasil 96,5 97,4 94,3 99,0 100,1 100,7 98,7 108,9 109,7 116,9 113,6 17,7% -2,9% 12,7%
Acre 60,5 80,2 62,3 68,0 67,9 62,3 58,7 86,0 95,7 89,1 81,7 35,1% -8,3% 31,2%
Alagoas 147,2 205,5 232,0 244,3 235,9 273,5 283,6 264,4 285,5 270,2 233,0 58,3% -13,8% -14,8%
Amap 131,9 137,2 114,3 142,4 105,3 162,1 108,2 147,4 128,6 135,0 141,0 6,8% 4,4% -13,1%
Amazonas 67,6 80,0 79,1 87,2 97,8 111,6 139,1 123,1 111,6 113,1 131,1 93,9% 15,9% 17,5%
Bahia 74,3 84,1 94,1 131,8 153,8 159,6 145,6 170,0 157,3 173,5 176,3 137,2% 1,6% 10,5%
Cear 75,4 75,0 84,6 89,9 92,8 117,2 121,5 183,3 210,4 222,6 194,7 158,2% -12,5% 66,1%
Esprito Santo 169,0 180,7 184,7 202,8 208,9 188,9 181,2 175,3 179,2 176,2 153,6 -9,1% -12,9% -18,7%
Gois 95,7 93,2 95,0 108,9 107,9 117,3 127,4 160,7 170,0 164,0 171,9 79,7% 4,8% 46,6%
Maranho 50,5 51,7 61,3 69,9 76,2 81,6 80,1 96,1 118,7 133,9 129,3 156,2% -3,5% 58,5%
Mato Grosso 89,0 93,0 78,0 90,3 97,7 99,2 99,9 113,2 117,1 133,8 110,0 23,6% -17,8% 10,9%
Minas Gerais 85,2 81,9 79,9 74,2 70,0 65,8 76,9 86,5 91,6 92,2 85,6 0,4% -7,2% 30,1%
Par 95,6 103,9 108,5 138,9 144,6 159,3 145,9 145,5 145,5 146,1 155,9 63,2% 6,8% -2,1%
Paraba 71,3 81,4 80,8 99,4 124,0 148,1 162,1 163,2 163,0 161,8 155,5 118,2% -3,9% 5,1%
Paran 112,8 114,4 118,3 126,8 136,6 128,3 118,5 123,3 100,5 97,2 99,7 -11,7% 2,5% -22,3%
Pernambuco 201,6 200,9 207,1 201,1 173,5 151,6 148,6 142,1 132,3 148,1 171,2 -15,1% 15,6% 12,9%
Piau 42,3 47,6 37,5 37,1 42,4 41,1 48,3 58,0 73,4 89,2 73,4 73,3% -17,7% 78,5%
Rio de Janeiro 203,2 198,6 178,6 150,6 138,9 148,4 116,3 116,6 131,3 147,4 134,7 -33,7% -8,6% -9,2%
Rio Grande do Sul 69,7 67,0 76,3 80,6 70,8 64,6 67,5 76,5 73,9 93,5 97,8 40,4% 4,6% 51,4%
Rondnia 94,0 98,4 83,0 79,9 84,5 87,1 67,4 82,8 76,7 83,6 93,9 -0,1% 12,2% 7,8%
Roraima 66,4 66,0 68,8 53,2 63,7 65,2 49,6 90,5 94,4 68,6 91,4 37,6% 33,2% 40,3%
Santa Catarina 36,2 35,0 34,7 43,7 45,2 38,6 40,2 41,4 36,5 40,3 45,5 25,5% 12,7% 17,8%
So Paulo 80,0 71,8 52,2 49,3 49,1 43,6 42,1 48,8 43,0 46,9 40,0 -50,0% -14,7% -8,2%
Sergipe 81,4 107,0 94,7 99,5 103,5 110,3 113,9 149,8 164,3 198,3 230,4 183,3% 16,2% 109,0%
Tocantins 40,2 56,0 40,6 53,8 57,7 76,5 65,3 78,6 60,0 82,4 108,2 169,0% 31,3% 41,3%
agresso mais interveno legal. O clculo efetuado tanto para o nmero de bitos, quanto para a populao levou em conta apenas os indivduos homens entre 15 e 29 anos
de idade. Elaborao Diest/Ipea.
29
5. HOMICDIOS DE NEGROS
De cada 100 pessoas que sofrem homicdio no Brasil, 71 so

negras. Jovens e negros do sexo masculino continuam sendo
assassinados todos os anos como se vivessem em situao de guerra.
Cerqueira e Coelho (2017), a partir de anlises economtricas com base
nos microdados do Censo Demogrfico do IBGE e do SIM/MS, mostraram
que a tragdia que aflige a populao negra no se restringe s causas
socioeconmicas. Estes autores estimaram que o cidado negro possui
chances 23,5% maiores de sofrer assassinato em relao a cidados de
outras raas/cores, j descontado o efeito da idade, sexo, escolaridade,
estado civil e bairro de residncia. Cerqueira e Coelho mostraram que, do
ponto de vista de quem sofre a violncia letal, a cidade do Rio de Janeiro
partida no apenas na dimenso econmica entre pobres e ricos, ou na
dimenso geogrfica, mas tambm pela cor da pele. Ao calcular a
probabilidade de cada cidado sofrer homicdio, os autores concluram
que os negros respondem por 78,9% dos indivduos pertencentes ao
grupo dos 10% com mais chances de serem vtimas fatais, conforme o
Grfico 5.1 deixa assinalado.
Esse carter discriminatrio que vitima proporcionalmente mais a

juventude negra tambm foi documentado no estudo ndice de
Vulnerabilidade Juvenil Violncia e Desigualdade. Neste trabalho, o
Frum Brasileiro de Segurana Pblica15 incorporou um indicador de
desigualdade racial ao indicador sinttico de vulnerabilidade violncia
dos jovens (mortalidade por homicdios, por acidente de trnsito,
frequncia escola e situao de emprego, pobreza e desigualdade). Foi
constatado que em todas as Unidades da Federao, com exceo do
Paran, os negros com idade entre 12 e 29 anos apresentavam mais risco
de exposio violncia que os brancos na mesma faixa etria. Em 2012,
15
Ver Brasil (2014).
30
o risco relativo de um jovem negro ser vtima de homicdio era 2,6 vezes
maior do que um jovem branco.
Grfico 5.1 - Proporo de indivduos por decil da distribuio de

probabilidade de ser vtima de homicdio
Fonte: Cerqueira e Coelho (2017)
De fato, ao se analisar a evoluo das taxas de homicdios

considerando se o indivduo era negro16 ou no, entre 2005 e 2015,
verificamos dois cenrios completamente distintos. Enquanto, neste
perodo, houve um crescimento de 18,2% na taxa de homicdio de negros,
a mortalidade de indivduos no negros diminuiu 12,2%. Ou seja, no
apenas temos um triste legado histrico de discriminao pela cor da pele
do indivduo, mas, do ponto de vista da violncia letal, temos uma ferida
aberta que veio se agravando nos ltimos anos.
As Tabelas 5.1 e 5.2 descrevem a evoluo das taxas de homicdio

de negros e no negros. Chama a ateno o crescimento acentuado de
16
Na anlise que segue, adotamos a classificao do IBGE para raa/cor, em que consideramos negros
os indivduos de cor preta ou parda; e indivduos no negros, os brancos, indgenas ou amarelos.
31
mortes de negros no Rio Grande do Norte, entre 2005 e 2015, que atingiu
331,8%.
O Grfico 5.2 ilustra a variao, entre 2005 e 2015, na proporo

entre as taxas de homicdio de negros e no negros. Na mdia nacional
essa diferena contra os negros aumentou 34,7%. Verificou-se um
aumento proporcional da diferena nas mortes violentas de negros em 16
estados, sendo que essa diferena aumentou mais em Sergipe (171,9%).
Grfico 5.2 - Variao relativa de homicdios de indivduos negros

em relao aos homicdios de indivduos no negros, por UF, entre
2015 e 2005

e Anlises da Dinmica Demogrfica e MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informaes sobre Mortalidade - SIM.
O nmero de homicdios na UF de residncia foi obtido pela soma das seguintes CIDs 10: X85-Y09 e Y35-
Y36, ou seja: bitos causados por agresso mais interveno legal. Observao: Os nmeros de negros
foram obtidos somando pardos e pretos, enquanto os dos no-negros se deram pela soma dos brancos,
amarelos e indgenas. Todos os outros no entraram nas contas. Elaborao Diest/Ipea
32
Os dados mais recentes da violncia letal apontam para um quadro
que no novidade, mas que merece ser enfatizado: apesar do avano em
indicadores socioeconmicos e da melhoria das condies de vida da
populao entre 2005 e 2015, continuamos uma nao extremamente
desigual, que no consegue garantir a vida para parcelas significativas
da populao, em especial populao negra.
33
Tabela 5.1 - Taxa de homicdio por 100 mil habitantes de negros por Unidade da Federao Brasil, 2005 a 2015
Taxa de Homicdio por 100 mil Habitantes Negros por Unidade da Federao Variao %
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2005 a 2015 2014 a 2015
Brasil 31,8 32,7 32,4 33,7 34,3 36,5 35,1 36,7 36,7 38,5 37,7 18,2% -2,2%
Acre 18,0 21,0 18,6 13,8 19,6 18,0 18,7 31,6 33,8 31,6 30,5 69,8% -3,3%
Alagoas 40,6 53,9 59,4 69,7 68,0 80,6 87,5 80,8 81,3 82,1 68,2 68,0% -16,9%
Amap 37,1 39,2 31,1 36,2 33,6 41,3 32,7 36,4 32,0 41,2 44,8 20,8% 8,7%
Amazonas 19,5 22,5 24,9 28,8 30,1 38,5 41,4 41,9 35,9 37,4 43,7 124,5% 16,8%
Bahia 21,6 25,6 28,3 36,0 42,1 48,0 41,2 45,1 42,8 45,1 45,0 108,0% -0,3%
Cear 14,3 18,0 24,9 24,6 23,2 30,3 29,1 32,4 36,3 40,6 35,8 149,7% -11,8%
Distrito Federal 42,4 41,1 42,2 48,5 50,7 47,1 51,9 52,8 48,5 43,3 35,3 -16,6% -18,3%
Esprito Santo 48,3 55,6 59,9 61,6 64,2 64,8 55,6 59,1 56,4 56,7 51,3 6,3% -9,5%
Gois 32,4 33,6 30,1 37,7 40,2 45,0 48,6 55,9 58,8 55,8 56,7 75,3% 1,7%
Maranho 17,2 17,6 20,9 23,2 24,6 26,7 26,8 29,4 35,1 39,4 38,4 123,5% -2,5%
Mato Grosso 37,1 35,9 34,2 39,3 40,9 39,5 38,6 41,3 40,9 48,8 42,9 15,7% -12,0%
Mato Grosso do Sul 31,5 33,3 33,5 30,0 33,3 31,2 35,4 35,0 29,4 31,6 28,5 -9,7% -10,0%
Minas Gerais 28,7 27,6 25,2 24,6 22,6 23,9 26,7 28,1 28,8 28,9 27,5 -4,2% -4,7%
Par 32,0 33,9 35,5 44,2 46,1 54,8 46,0 46,8 48,0 49,3 51,7 61,6% 4,8%
Paraba 26,4 30,3 33,0 39,5 48,0 60,1 59,6 51,1 51,8 54,1 52,3 98,0% -3,3%
Paran 24,6 19,3 20,6 24,5 23,2 22,5 20,3 23,2 17,5 17,4 19,2 -21,7% 10,4%
Pernambuco 66,4 72,1 76,1 71,7 61,5 55,0 51,9 50,4 46,7 47,5 53,9 -18,7% 13,5%
Piau 12,8 15,5 13,5 12,6 13,4 14,3 15,0 18,7 20,6 24,4 21,7 69,0% -11,1%
Rio de Janeiro 66,5 65,9 58,7 49,9 49,0 44,5 39,4 37,5 41,4 45,9 39,2 -41,0% -14,4%
Rio Grande do Norte 14,5 16,7 22,3 27,9 29,7 34,5 43,5 46,6 55,6 64,4 62,5 331,8% -2,9%
Rio Grande do Sul 23,9 19,1 23,2 23,1 22,2 25,3 22,7 23,8 22,3 28,3 30,1 25,7% 6,2%
Rondnia 39,6 43,7 30,5 31,5 34,9 39,7 30,5 34,1 28,3 35,5 37,0 -6,5% 4,3%
Roraima 25,0 21,7 27,4 22,0 24,1 33,8 22,4 28,2 38,0 25,6 38,1 52,2% 48,9%
Santa Catarina 13,7 12,4 11,9 13,8 13,1 13,3 14,2 17,4 11,6 15,0 20,6 50,7% 37,4%
So Paulo 31,1 25,9 20,0 17,4 18,2 17,0 16,4 18,4 17,1 17,3 15,4 -50,4% -10,7%
Sergipe 24,6 29,0 26,5 28,5 31,9 38,9 42,1 48,0 55,4 60,6 73,3 197,4% 20,9%
Tocantins 15,2 18,9 19,1 18,4 21,8 27,9 27,4 27,3 24,0 25,4 32,8 115,2% 29,2%
Fonte: IBGE/Diretoria de Pesquisas. Coordenao de Populao e Indicadores Sociais. Gerncia de Estudos e Anlises da Dinmica Demogrfica e MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informaes sobre Mortalidade - SIM. O nmero
de homicdios na UF de residncia foi obtido pela soma das seguintes CIDs 10: X85-Y09 e Y35-Y36, ou seja: bitos causados por agresso mais interveno legal. Observao: Os nmeros de Negros foi obtido somando pardos
e pretos, enquanto os No-negros se deu pela soma dos brancos, amarelos e indgenas, todos os ignorados no entraram nas contas. Elaborao Diest/Ipea
34
Tabela 5.2 - Taxa de homicdio por 100 mil habitantes no negros por Unidade da Federao Brasil, 2005 a
2015
Taxa de Homicdio por 100 mil Habitantes de No Negros por Unidade da Federao Variao %
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2005 a 2015 2014 a 2015
Brasil 17,4 17,2 15,5 15,9 16,0 15,4 14,8 15,8 15,3 16,0 15,3 -12,2% -4,9%
Acre 19,3 23,6 17,7 13,2 8,1 13,9 7,2 8,0 11,1 19,4 14,5 -25,0% -25,4%
Alagoas 6,9 6,2 8,0 5,9 5,5 4,7 7,7 9,2 12,7 7,9 6,0 -12,7% -23,8%
Amap 17,1 8,6 11,6 5,2 6,4 16,1 17,0 15,8 14,5 7,8 8,3 -51,6% 5,8%
Amazonas 10,0 11,6 5,9 5,8 6,0 8,1 15,3 16,1 14,9 11,1 13,3 33,2% 18,9%
Bahia 5,8 7,2 8,8 11,2 9,7 11,3 12,7 14,1 11,5 13,3 12,0 106,2% -9,5%
Cear 5,5 5,9 7,3 6,9 7,2 10,7 9,2 8,9 9,9 10,3 9,0 63,0% -12,9%
Distrito Federal 9,5 7,9 10,7 9,9 11,1 8,9 9,4 8,3 6,4 9,7 10,8 13,7% 11,7%
Esprito Santo 18,3 17,9 18,2 16,7 16,4 17,5 15,2 12,5 15,5 15,5 11,2 -38,4% -27,2%
Gois 16,2 15,2 16,2 16,4 16,5 15,3 16,8 22,7 24,0 25,0 25,6 57,9% 2,5%
Maranho 8,9 9,2 9,8 9,0 9,9 9,8 12,8 12,9 14,8 17,7 19,1 114,3% 7,5%
Mato Grosso 25,9 23,4 26,7 19,5 20,4 20,1 21,4 20,6 24,9 27,3 22,7 -12,5% -17,0%
Minas Gerais 12,8 13,8 12,9 11,7 11,8 10,4 13,0 13,8 14,1 13,6 12,9 0,7% -5,0%
Par 11,0 9,7 11,1 13,5 12,7 15,2 14,3 15,5 16,4 12,5 13,4 22,0% 7,4%
Paraba 3,8 3,3 3,0 3,5 3,7 3,6 5,8 6,6 6,9 5,8 6,1 58,6% 5,0%
Paran 30,3 33,3 32,6 34,5 38,4 38,4 34,9 34,7 30,4 30,7 28,9 -4,8% -5,8%
Pernambuco 14,5 12,5 8,5 12,6 11,2 7,7 6,8 5,7 6,9 11,9 12,9 -10,7% 8,9%
Piau 6,8 6,8 8,1 7,1 7,4 6,7 6,9 6,6 8,4 5,6 8,6 27,1% 53,0%
Rio de Janeiro 28,1 27,4 22,3 20,5 18,7 22,5 17,7 17,7 18,1 19,4 18,2 -35,1% -6,1%
Rio Grande do Sul 17,5 17,6 19,0 21,0 19,8 18,1 17,6 20,3 19,9 22,8 24,7 41,0% 8,4%
Rondnia 26,9 23,8 18,1 22,3 24,7 24,3 18,2 22,2 24,5 25,4 25,0 -7,1% -1,7%
Roraima 20,5 48,9 22,9 26,6 28,9 8,7 10,5 33,0 54,3 44,6 44,0 114,4% -1,3%
Santa Catarina 9,1 9,7 9,6 12,5 12,7 12,7 12,1 11,5 11,7 12,8 12,7 38,6% -1,1%
So Paulo 18,8 17,3 13,2 13,5 13,7 12,4 11,4 12,7 11,5 11,6 9,9 -47,5% -14,8%
Sergipe 12,1 13,5 11,8 11,1 12,1 9,6 10,4 14,5 13,6 15,4 13,2 9,4% -14,4%
Tocantins 12,1 11,5 9,0 12,5 16,0 10,8 15,7 17,1 18,2 21,1 27,9 129,7% 32,1%
FFonte: IBGE/Diretoria de Pesquisas. Coordenao de Populao e Indicadores Sociais. Gerncia de Estudos e Anlises da Dinmica Demogrfica e MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informaes sobre Mortalidade - SIM. O nmero
de homicdios na UF de residncia foi obtido pela soma das seguintes CIDs 10: X85-Y09 e Y35-Y36, ou seja: bitos causados por agresso mais interveno legal. Observao: Os nmeros de Negros foi obtido somando pardos
e pretos, enquanto os No-negros se deu pela soma dos brancos, amarelos e indgenas, todos os ignorados no entraram nas contas. Elaborao Diest/Ipea
35
6. VIOLNCIA CONTRA A MULHER
No ltimo dia 9 de maro, a Lei 13.104/15 completou dois anos

desde sua promulgao. Conhecida como a Lei do Feminicdio, ela torna
o homicdio de mulheres em crime hediondo quando envolve violncia
domstica e familiar, e menosprezo ou discriminao condio de
mulher. Essa alterao do art. 121 do Cdigo Penal foi fundamental para
dar a visibilidade ainda perdida nos registros oficiais.
Em 2015, 4.621 mulheres foram assassinadas no Brasil, o que

corresponde a uma taxa de 4,5 mortes para cada 100 mil mulheres. Com
base nesses dados do SIM no possvel, contudo, identificar que parcela
corresponde s vtimas de feminicdios, uma vez que a base de dados no
fornece essa informao.
Conforme apontado na Tabela 6.2, ainda que a taxa de homicdio

de mulheres tenha crescido 7,5% entre 2005 e 2015, quando analisamos
os anos mais recentes, verificamos uma melhora gradual, tendo este
indicador diminudo 2,8%, entre 2010 e 2015, e sofrido uma queda de
5,3% apenas no ltimo ano da srie.
Seguindo o padro de evoluo dos homicdios em geral, pode-se

observar na Tabela 6.2, que a variao na taxa de violncia letal contra
as mulheres segue diferentes direes entre as Unidades Federativas,
tendo o estado de So Paulo obtido uma diminuio de 34,1% nesses 11
anos, ao passo que no outro extremo da tabela, se observou um
incremento de 124,4% no mesmo indicador do Maranho.
Digno de nota tambm o fato que apenas no ltimo ano houve

uma diminuio na taxa de homicdio de mulheres em 18 Unidades
Federativas. Ainda nessa tabela, enquanto So Paulo, Santa Catarina e
Distrito Federal possuam em 2015 as menores taxas, Roraima, Gois e
Mato Grosso encabeavam a lista dos estados com maior prevalncia de
homicdio contra mulheres.
36
necessrio destacar, no entanto, que estes dados guardam
diferenas significativas se compararmos as mortes de mulheres negras
e no negras. Enquanto a mortalidade de mulheres no negras teve uma
reduo de 7,4% entre 2005 e 2015, atingindo 3,1 mortes para cada 100
mil mulheres no negras ou seja, abaixo da mdia nacional -, a
mortalidade de mulheres negras observou um aumento de 22% no
mesmo perodo, chegando taxa de 5,2 mortes para cada 100 mil
mulheres negras, acima da mdia nacional.
Os dados indicam ainda que, alm da taxa de mortalidade de

mulheres negras ter aumentado, cresceu tambm a proporo de
mulheres negras entre o total de mulheres vtimas de mortes por
agresso, passando de 54,8% em 2005 para 65,3% em 2015. Trocando
em midos, 65,3% das mulheres assassinadas no Brasil no ltimo ano
eram negras, na evidncia de que a combinao entre desigualdade de
gnero e racismo extremamente perversa e configura varivel
fundamental para compreendermos a violncia letal contra a mulher no
pas.
As maiores taxas de letalidade entre mulheres negras foram

verificadas no Esprito Santo (9,2), Gois (8,7), Mato Grosso (8,4) e
Rondnia (8,2). Apenas sete Unidades da Federao lograram reduo na
taxa de mortalidade de mulheres negras por homicdio entre 2005 e 2015,
sendo eles: So Paulo (-41,3%); Rio de Janeiro (-32,7%); Pernambuco (-
25,8%); Paran (-23,9%); Amap (-20%); Roraima (-16,6%); e Mato
Grosso do Sul (-4,6%).
Os dados apresentados revelam um quadro grave, e indicam

tambm que muitas dessas mortes poderiam ter sido evitadas. Em
inmeros casos, at chegar a ser vtima de uma violncia fatal, essa
mulher vtima de uma srie de outras violncias de gnero, como bem
especifica a Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06). A violncia psicolgica,
patrimonial, fsica ou sexual, em um movimento de agravamento
crescente, muitas vezes, antecede o desfecho fatal.
37
A ampliao e o aprimoramento da rede de atendimento mulher
so fundamentais no apenas para o melhor acompanhamento das
vtimas, mas tambm pelo seu papel na preveno da violncia contra a
mulher. Um ponto importante a ser enfatizado a necessidade de que
essa rede possa ser acessada pelo sistema de sade e no apenas pelo
sistema de justia criminal. Muitas mulheres passam vrias vezes pelo
sistema de sade antes de chegarem a uma delegacia ou a um juizado, e
muitas nunca nem chegam.
Em 2016, na pesquisa Visvel e Invisvel: a vitimizao de

mulheres no Brasil, encomendada ao Datafolha pelo Frum Brasileiro
de Segurana Pblica, com representatividade nacional, aferiu-se que
29% das mulheres brasileiras relataram ter sofrido algum tipo de
violncia segundo a pesquisa, sendo que apenas 11% dessas mulheres
procuraram uma delegacia da mulher. A pesquisa tambm apontou que
em 43% dos casos a agresso mais grave foi no domiclio.
Para que essa rede de atendimento funcione plenamente

necessrio que ela consiga oferecer opes reais para que a mulher possa
sair de um ciclo de violncia. A Pesquisa de Condies Socioeconmicas
e Violncia Domstica e Familiar contra a Mulher (PCSVDFMulher),
realizada em 2016 pelo Instituto Maria da Penha-IMP em parceria com a
Universidade Federal do Cear e o Instituto para Estudos Avanados de
Toulouse, na Frana, apresenta uma radiografia da violncia de gnero
no Nordeste brasileiro, que refora a necessidade de se desenvolver aes
e programas multisetoriais e multidisciplinares.
Somente com essa abordagem poderemos construir polticas

pblicas capazes de enfrentar a violncia contra a mulher e promover
uma ampla educao de gnero para que possamos, de fato, comemorar
de forma permanente a reduo do feminicdio.
38
Tabela 6.1 - Nmero de homicdio de mulheres Brasil, 2005 a 2015
Nmero de Homicdio de Mulheres Variao %
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2005 a 2015 2014 a 2015
Brasil 3887 4030 3778 4029 4265 4477 4522 4729 4769 4836 4621 18,9% -4,4%
Acre 13 15 18 13 16 19 18 16 32 20 19 46,2% -5,0%
Alagoas 74 106 109 83 111 137 138 133 142 125 95 28,4% -24,0%
Amap 15 13 12 13 12 16 19 17 19 20 18 20,0% -10,0%
Amazonas 48 53 52 63 67 65 81 118 96 80 115 139,6% 43,8%
Bahia 211 243 249 315 345 438 449 437 423 385 382 81,0% -0,8%
Cear 143 134 126 117 138 173 189 219 278 285 254 77,6% -10,9%
Esprito Santo 149 183 186 190 216 174 167 163 171 140 141 -5,4% 0,7%
Gois 133 143 139 160 165 182 262 247 271 290 255 91,7% -12,1%
Maranho 58 67 63 81 87 117 131 114 131 152 148 155,2% -2,6%
Mato Grosso 89 70 95 86 94 80 87 100 91 111 118 32,6% 6,3%
Minas Gerais 377 392 403 377 402 409 457 460 427 403 415 10,1% 3,0%
Par 127 140 144 169 180 231 186 232 231 249 261 105,5% 4,8%
Paraba 62 62 69 87 98 119 140 137 126 117 111 79,0% -5,1%
Paran 239 249 241 306 331 338 283 321 283 284 244 2,1% -14,1%
Pernambuco 282 310 290 298 304 247 261 216 256 239 233 -17,4% -2,5%
Piau 40 32 35 38 31 40 32 46 47 63 67 67,5% 6,3%
Rio de Janeiro 507 504 416 373 350 339 366 365 387 464 387 -23,7% -16,6%
Rio Grande do Sul 209 162 193 219 225 227 202 247 210 250 284 35,9% 13,6%
Rondnia 49 51 28 39 51 37 48 51 52 56 63 28,6% 12,5%
Roraima 11 13 19 15 24 11 10 17 36 24 29 163,6% 20,8%
Santa Catarina 68 92 70 86 93 110 74 104 102 111 97 42,6% -12,6%
So Paulo 776 788 595 667 660 678 580 640 620 612 559 -28,0% -8,7%
Sergipe 28 40 34 30 36 43 60 62 56 74 70 150,0% -5,4%
Tocantins 21 22 28 21 31 34 49 49 40 35 48 128,6% 37,1%
Fonte: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informaes sobre Mortalidade - SIM. O nmero de homicdios na UF de residncia foi obtido pela soma das seguintes O nmero
de homicdios na UF de residncia foi obtido pela soma das seguintes CIDs 10: X85-Y09 e Y35-Y36, ou seja: bitos causados por agresso mais interveno legal.
39
Tabela 6.2 - Taxa de homicdio de mulheres por Unidade da Federao Brasil, 2005 a 2015
Taxa de Homicdio por 100 Mil Mulheres Variao %

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2005 a 2015 2014 a 2015 2010 a 2015
Brasil 4,1 4,2 3,9 4,1 4,3 4,4 4,4 4,6 4,6 4,6 4,4 7,3% -5,1% -1,5%
Acre 3,9 4,5 5,2 3,7 4,4 5,2 4,8 4,2 8,2 5,1 4,7 22,2% -6,3% -8,1%
Alagoas 4,6 6,7 6,7 5,1 6,7 8,2 8,2 7,8 8,2 7,3 5,4 17,2% -25,2% -33,7%
Amap 4,9 4,2 3,7 4,0 3,6 4,7 5,4 4,6 5,1 5,3 4,7 -5,7% -12,2% -0,5%
Amazonas 3,0 3,2 3,1 3,6 3,8 3,6 4,4 6,3 5,0 4,1 5,9 98,6% 43,5% 64,1%
Bahia 2,9 3,3 3,4 4,3 4,6 5,8 5,8 5,7 5,5 4,9 4,9 65,1% -1,1% -16,2%
Cear 3,4 3,2 2,9 2,7 3,1 3,9 4,2 4,8 6,1 6,3 5,6 64,6% -10,8% 43,7%
Esprito Santo 8,4 10,3 10,2 10,3 11,6 9,2 8,6 8,5 8,7 7,0 6,9 -18,5% -1,6% -25,0%
Gois 4,6 4,9 4,7 5,3 5,3 5,7 8,1 7,6 8,4 8,7 7,5 64,6% -14,1% 30,6%
Maranho 1,8 2,1 1,9 2,5 2,6 3,5 3,8 3,4 3,8 4,2 4,2 130,0% -0,3% 21,9%
Mato Grosso 6,4 4,9 6,6 5,9 6,3 5,3 5,7 6,4 5,7 7,0 7,3 13,9% 4,4% 37,7%
Minas Gerais 3,8 3,9 4,0 3,7 3,9 3,9 4,4 4,4 4,0 3,8 3,9 1,8% 3,3% -0,9%
Par 3,5 3,9 4,0 4,6 4,8 6,0 4,8 5,9 5,8 6,2 6,4 81,8% 3,6% 6,2%
Paraba 3,3 3,3 3,6 4,5 5,0 6,0 6,9 6,7 6,1 5,7 5,3 61,2% -6,8% -10,9%
Paran 4,6 4,7 4,5 5,6 6,0 6,1 5,1 5,7 5,0 5,0 4,3 -6,3% -14,3% -30,2%
Pernambuco 6,4 6,9 6,4 6,5 6,5 5,3 5,5 4,5 5,3 4,9 4,8 -25,3% -3,0% -9,4%
Piau 2,5 2,0 2,2 2,4 1,9 2,5 2,0 2,8 2,9 3,8 4,1 62,4% 7,4% 65,6%
Rio de Janeiro 6,2 6,1 5,0 4,4 4,1 4,0 4,2 4,3 4,4 5,3 4,4 -28,8% -16,7% 11,3%
Rio Grande do Sul 3,8 2,9 3,5 3,9 4,0 4,0 3,5 4,3 3,6 4,3 4,9 28,6% 13,9% 22,1%
Rondnia 6,3 6,6 3,5 4,8 6,2 4,4 5,7 6,1 6,1 6,4 7,2 14,1% 11,8% 61,3%
Roraima 5,6 6,4 8,9 7,1 10,6 4,8 4,3 7,1 14,8 9,5 11,4 103,8% 20,0% 139,3%
Santa Catarina 2,2 3,0 2,3 2,7 2,9 3,4 2,3 3,1 3,0 3,2 2,8 25,3% -12,7% -18,1%
So Paulo 3,7 3,7 2,8 3,1 3,1 3,1 2,6 2,8 2,7 2,7 2,4 -35,4% -9,9% -22,3%
Sergipe 2,8 3,9 3,2 2,8 3,3 3,9 5,4 5,5 5,0 6,5 6,0 117,4% -7,7% 53,9%
Tocantins 3,3 3,3 4,1 3,1 4,5 4,8 6,8 6,6 5,3 4,7 6,4 95,4% 37,5% 32,4%
Fonte: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informaes sobre Mortalidade - SIM. O nmero de homicdios na UF de residncia foi obtido pela soma das seguintes O nmero de homicdios
na UF de residncia foi obtido pela soma das seguintes CIDs 10: X85-Y09 e Y35-Y36, ou seja: bitos causados por agresso mais interveno legal. Elaborao Diest/Ipea.
40
Tabela 6.3 - Taxa de homicdio de mulheres negras por Unidade da Federao Brasil, 2005 a 2015
Tabela 6.3 - Taxa de homicdio de mulheres negras por Unidade da Federao Brasil, 2005 a 2015
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2005 a 2015 2014 a 2015 2010 a 2015
Brasil 4,3 4,6 4,3 4,6 4,9 5,2 5,3 5,5 5,4 5,4 5,2 22,0% -4,1% 0,5%
Acre 3,2 3,3 3,7 1,9 2,4 5,0 4,1 5,2 10,4 5,4 4,7 45,5% -13,1% -5,7%
Alagoas 4,5 6,6 6,2 6,4 8,1 8,8 9,7 9,7 9,5 9,8 7,2 59,9% -27,0% -18,7%
Amap 5,6 4,3 3,6 5,1 4,2 5,5 6,0 5,2 5,6 6,7 4,5 -20,0% -33,0% -18,9%
Amazonas 3,2 2,7 3,4 4,3 4,4 4,4 4,9 6,5 5,1 4,4 6,4 102,8% 45,2% 45,5%
Bahia 2,9 3,5 3,7 4,5 5,0 6,2 6,3 6,1 6,0 5,2 5,3 81,1% 1,7% -14,5%
Cear 1,7 2,4 3,0 2,6 2,7 3,8 3,7 3,7 4,1 4,6 4,8 190,0% 4,3% 27,6%
Distrito Federal 4,7 5,5 5,7 7,6 7,9 6,5 7,9 7,7 8,3 5,6 5,1 8,4% -8,8% -20,7%
Esprito Santo 8,6 10,3 11,3 12,4 14,5 12,0 9,6 12,2 11,1 9,3 9,2 7,0% -1,4% -23,6%
Gois 5,2 5,7 4,8 6,1 6,5 7,1 10,2 9,1 10,2 10,8 8,7 67,1% -19,3% 22,1%
Maranho 2,1 2,5 2,1 2,8 2,7 3,9 4,3 3,6 4,0 4,5 4,2 97,0% -7,4% 6,0%
Mato Grosso 6,0 4,7 6,3 6,7 6,1 5,9 6,5 6,6 6,0 7,5 8,4 40,5% 10,9% 41,5%
Minas Gerais 4,1 4,5 4,7 4,1 4,4 4,7 5,2 5,3 4,7 4,4 4,5 8,5% 2,0% -4,8%
Par 3,7 4,3 4,1 4,9 5,2 6,7 5,2 6,6 6,1 7,1 7,3 98,7% 3,6% 9,7%
Paraba 3,9 4,3 4,6 6,5 6,9 8,0 9,6 9,1 8,2 7,7 6,6 70,4% -14,2% -18,3%
Paran 3,9 3,7 2,8 3,9 4,0 3,4 3,5 4,3 3,5 3,7 2,9 -23,9% -20,2% -13,5%
Pernambuco 8,3 9,3 9,0 8,9 8,9 6,9 7,6 6,1 7,2 6,5 6,2 -25,8% -4,5% -9,8%
Piau 2,4 2,4 2,0 2,6 1,8 2,3 2,3 3,2 3,0 4,1 4,4 79,4% 7,0% 90,6%
Rio de Janeiro 7,5 7,3 6,1 6,0 5,2 5,0 5,4 5,1 5,4 6,3 5,0 -32,7% -20,4% 0,0%
Rio Grande do Norte 2,7 2,7 2,6 4,8 3,7 5,1 5,8 4,6 5,8 6,9 7,2 163,7% 5,3% 41,0%
Rio Grande do Sul 2,6 3,1 3,1 3,1 3,6 3,8 2,1 3,7 3,1 4,6 5,1 99,1% 11,1% 34,0%
Rondnia 6,1 6,5 3,9 4,1 6,6 4,4 6,0 6,8 5,2 6,5 8,2 33,8% 27,4% 87,4%
Roraima 6,3 1,9 6,3 3,1 7,5 5,7 5,7 4,0 8,0 5,5 5,2 -16,6% -4,8% -7,8%
Santa Catarina 1,7 4,2 1,6 2,1 2,0 3,6 1,2 3,7 3,3 4,3 4,0 133,4% -5,9% 10,7%
So Paulo 4,1 3,9 2,8 2,8 3,2 3,1 2,4 3,3 2,8 2,7 2,4 -41,3% -11,8% -20,6%
Sergipe 3,1 3,2 2,8 2,9 2,8 4,6 6,1 6,1 6,0 7,8 7,6 141,9% -3,2% 64,6%
Tocantins 3,2 3,6 5,1 3,3 4,5 5,8 7,0 7,1 5,5 5,0 6,9 115,1% 36,6% 17,3%
agresso mais interveno legal. Observao: Os nmeros de mulheres negras foi obtido somando pardas e pretas, enquanto as no-negras se deu pela soma dos brancas, amarelas
e indgenas, todos os ignorados no entraram nas contas. Elaborao Diest/Ipea
41
Tabela 6.4 - Taxa de homicdio de mulheres no negras por Unidade da Federao Brasil, 2005 a 2015

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2005 a 2015 2014 a 2015 2010 a 2015
Brasil 3,3 3,3 3,0 3,2 3,3 3,2 3,1 3,2 3,3 3,3 3,1 -7,4% -5,1% -4,3%
Acre 5,6 6,3 7,7 5,5 5,6 2,7 3,6 0,9 2,7 3,9 4,8 -15,0% 20,9% 73,5%
Alagoas 1,4 1,0 2,1 0,6 0,4 1,2 1,4 2,4 3,6 0,8 0,2 -85,5% -73,6% -83,4%
Amap 2,7 3,7 3,9 0,0 2,1 2,2 3,5 2,5 2,0 1,1 3,1 11,6% 189,9% 37,4%
Amazonas 2,0 4,6 1,5 1,6 1,7 1,1 3,0 5,7 4,3 2,6 3,9 100,1% 52,0% 254,9%
Bahia 1,4 1,3 1,6 2,1 1,8 2,4 2,3 2,6 2,5 3,0 2,5 84,7% -14,9% 7,1%
Cear 1,1 1,1 1,8 1,2 1,7 1,8 1,5 1,7 2,3 1,7 1,5 45,8% -12,1% -13,2%
Esprito Santo 4,2 5,7 4,0 3,7 3,9 4,1 4,7 2,1 4,5 3,0 2,7 -35,2% -10,8% -33,7%
Gois 3,5 3,6 4,0 3,8 3,5 3,5 4,6 5,0 4,9 5,7 5,5 59,0% -3,0% 57,9%
Maranho 1,0 1,0 1,5 1,4 2,2 2,1 2,4 2,1 3,1 2,9 3,7 281,9% 24,6% 73,1%
Mato Grosso 7,1 5,4 7,2 4,5 6,3 4,3 4,5 5,7 4,9 5,6 5,3 -25,6% -6,6% 21,6%
Minas Gerais 3,1 2,9 2,8 2,8 2,8 2,9 3,3 3,1 3,1 3,0 3,0 -2,1% 0,6% 3,0%
Par 3,0 2,5 2,9 3,2 2,7 3,4 3,0 3,2 4,0 2,3 2,3 -21,9% 0,9% -31,2%
Paraba 1,0 1,2 1,1 1,0 1,4 1,0 2,2 1,1 1,5 1,7 1,7 76,2% 2,8% 67,8%
Paran 4,7 4,9 5,0 6,1 6,8 7,0 5,5 6,2 5,7 5,5 4,8 1,8% -12,8% -32,1%
Pernambuco 2,2 2,2 2,0 2,5 2,3 1,6 1,2 1,2 1,5 1,9 1,9 -12,3% -0,6% 19,3%
Piau 2,0 1,0 2,2 1,6 1,8 2,5 1,0 1,2 2,3 1,0 2,2 11,1% 126,9% -10,8%
Rio de Janeiro 4,5 4,7 4,0 2,8 3,0 2,7 2,8 3,0 3,2 3,8 3,6 -19,7% -5,5% 31,8%
Rio Grande do Norte 1,5 1,7 1,8 1,1 2,8 1,9 1,4 2,0 2,8 2,8 1,2 -22,0% -57,5% -37,0%
Rio Grande do Sul 4,0 2,8 3,5 4,0 4,0 3,9 3,8 4,3 3,7 4,1 4,7 17,6% 13,4% 19,1%
Rondnia 4,8 6,3 2,7 5,1 5,1 3,6 4,3 4,2 6,3 5,3 4,6 -4,3% -12,7% 28,7%
Roraima 3,8 20,0 15,0 17,7 16,3 2,8 1,3 15,3 31,0 20,2 27,5 617,1% 36,4% 878,1%
Santa Catarina 2,0 2,6 2,2 2,7 3,0 3,4 2,4 3,0 2,8 3,0 2,6 30,6% -11,7% -21,9%
So Paulo 3,5 3,6 2,7 3,1 2,9 2,9 2,6 2,5 2,7 2,5 2,3 -33,7% -7,7% -19,6%
Sergipe 1,3 2,7 2,7 2,2 2,7 1,9 3,1 3,2 2,5 3,0 1,6 21,4% -46,9% -16,8%
Tocantins 3,5 2,4 1,1 2,5 4,6 1,6 5,3 5,2 3,7 3,4 4,4 25,5% 28,1% 180,1%
agresso mais interveno legal. Observao: Os nmeros de mulheres negras foi obtido somando pardas e pretas, enquanto as no-negras se deu pela soma dos brancas, amarelas
e indgenas, todos os ignorados no entraram nas contas. Elaborao Diest/Ipea
42
7. ARMAS DE FOGO
No Brasil, o uso da arma de fogo como instrumento para perpetrar

homicdios atingiu uma dimenso apenas observada em poucos pases
da Amrica Latina. Somente em 2015, 41.817 pessoas sofreram
homicdio em decorrncia do uso das armas de fogo, o que correspondeu
a 71,9% do total de casos. Na Europa17, por exemplo, esse ndice
bastante discrepante e encontra-se na ordem de 21%.
H uma larga literatura internacional18 que mostra que a

proliferao da arma de fogo, alm de representar um fator de risco para
as famlias porque faz aumentar o risco de suicdios, acidentes fatais
envolvendo crianas, feminicdios e homicdios , acarreta um aumento
na taxa de homicdios na sociedade. Cerqueira (2014) mostrou evidncias
de que a cada 1% no aumento da proliferao de armas de fogo faz com
que a taxa de homicdio aumente em torno de 2% nas cidades. Isso
acontece por trs canais. Em primeiro lugar, a maior disponibilidade de
armas faz diminuir o seu preo no mercado ilegal, permitindo o acesso
da mesma ao criminoso desorganizado (muitas vezes aquele criminoso
que ao praticar um roubo termina cometendo latrocnio). Em segundo
lugar, as chances de um indivduo armado sofrer homicdio, ao ser
abordado por criminosos, aumenta. Por ltimo, muitos crimes letais (seja
feminicdios, brigas de bar, de trnsito, conflito entre vizinhos, etc.)
acontecem num ambiente de conflito, em que o contendor com a arma de
fogo na mo termina perdendo a cabea e matando o oponente.
No obstante o potencial efeito da difuso das armas de fogo para

fazer aumentar a taxa de homicdio na sociedade, est em curso na
Cmara dos Deputados o Projeto de Lei 3722/12, que visa revogar o
17
United Nations Office on Drugs and Crime (UNODC), The 2011 Global Study on Homicide (2011, p. 40).
18
Ver o Manifesto dos pesquisadores contra a revogao do Estatuto do Desarmamento, disponvel
em
http://agencia.fiocruz.br/sites/agencia.fiocruz.br/files/u34/manifesto_contra_a_revogacao_do_estatut
o_do_desarmamento.pdf
43
Estatuto do Desarmamento, permitindo que at indivduos que
respondam a processos judiciais por crimes violentos possam no apenas
ter o registro de at seis armas de fogo, mas possam port-las livremente
no espao pblico.
Ao analisar a variao da taxa de homicdio por arma de fogo, por

100 mil habitantes, entre 2005 e 2015 [Tabela 7.2], observamos uma
significativa amplitude dos indicadores, com oito Unidades Federativas
em que houve diminuio da taxa de homicdio por arma de fogo; em
quatro estados o aumento foi menor do que 50%; em trs deles o aumento
situou-se entre 50% e 100%; ao passo em que em 11 Unidades
Federativas ocorreu aumento acentuado, superior a 100% no perodo,
sendo todos estados do Norte e Nordeste, cabendo destaque mais uma
vez ao estado do Rio Grande do Norte, cujo crescimento nesse indicador
foi de 303,0%.
A Tabela 7.3 indica a proporo dos homicdios que foram

perpetrados com o uso da arma de fogo em relao ao total de homicdios.
interessante notar que em Sergipe (o estado com mais violncia letal do
pas e que apresentou maior crescimento da taxa de homicdio entre 2010
e 2015) 85,1% dos homicdios foram cometidos com o uso da arma de
fogo.
Outro ponto digno de nota nessa tabela o fato que os 10 estados

onde se observou maior crescimento no uso da arma de fogo para cometer
homicdios localizam-se no Norte ou Nordeste do pas, regies onde a
aumento da criminalidade violenta letal foi mais acentuado.
44
Tabela 7.1 - Nmero de homicdios por arma de fogo por Unidade da Federao de 2005 at 2015
Nmero de Homicdios por Arma de Fogo Variao %

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2005 a 2015 2014 a 2015
Brasil 33419 34921 34147 35676 36624 36792 36737 40077 40369 42755 41817 25,1% -2,2%
Acre 36 50 51 40 61 63 50 85 95 115 116 222,2% 0,9%
Alagoas 909 1308 1552 1596 1560 1721 1913 1737 1860 1806 1476 62,4% -18,3%
Amap 55 75 60 65 69 103 80 117 104 152 154 180,0% 1,3%
Amazonas 264 379 415 446 572 635 879 855 695 762 930 252,3% 22,0%
Bahia 2022 2402 2700 3828 4361 4439 4170 4594 4287 4671 4555 125,3% -2,5%
Cear 1012 1060 1224 1332 1511 2057 2063 3135 3655 3795 3393 235,3% -10,6%
Esprito Santo 1189 1294 1363 1495 1548 1359 1352 1335 1290 1292 1093 -8,1% -15,4%
Gois 937 984 1009 1201 1260 1317 1579 1955 2138 2054 2161 130,6% 5,2%
Maranho 489 479 602 698 785 827 944 1152 1397 1688 1718 251,3% 1,8%
Mato Grosso 487 497 542 572 573 566 602 641 745 854 769 57,9% -10,0%
Minas Gerais 3099 3075 2983 2755 2603 2456 3000 3228 3468 3377 3214 3,7% -4,8%
Par 1195 1295 1385 1929 2038 2502 2077 2138 2229 2305 2539 112,5% 10,2%
Paraba 543 628 656 750 1019 1208 1379 1224 1258 1253 1264 132,8% 0,9%
Paran 2027 2229 2285 2540 2673 2630 2365 2433 2025 2071 1972 -2,7% -4,8%
Pernambuco 3509 3592 3706 3449 3117 2649 2541 2475 2299 2543 3065 -12,7% 20,5%
Piau 151 192 184 159 184 207 251 311 365 455 400 164,9% -12,1%
Rio de Janeiro 5978 5790 5102 4336 4009 4111 3411 3472 3555 3642 3182 -46,8% -12,6%
Rio Grande do Sul 1473 1425 1661 1801 1645 1496 1531 1737 1714 2055 2282 54,9% 11,0%
Rondnia 367 383 321 286 353 351 286 338 300 402 383 4,4% -4,7%
Roraima 28 38 28 29 27 29 25 32 70 47 57 103,6% 21,3%
Santa Catarina 392 386 377 505 511 483 483 491 442 499 570 45,4% 14,2%
So Paulo 5796 5761 4150 3891 3851 3469 3262 3848 3440 3541 3097 -46,6% -12,5%
Sergipe 318 403 348 368 451 452 523 648 732 898 1108 248,4% 23,4%
Tocantins 78 85 88 98 128 131 158 178 146 176 276 253,8% 56,8%
45
Tabela 7.2 - Taxa de homicdios por arma de fogo por Unidade da Federao Brasil, 2005 a 2015
Taxa de Homicdio por Arma de Fogo Variao %

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2005 a 2015 2014 a 2015
Brasil 18,1 18,7 18,0 18,8 19,1 19,3 19,1 20,7 20,1 21,1 20,5 12,7% -3,0%
Acre 5,4 7,3 7,3 5,9 8,8 8,6 6,7 11,2 12,2 14,6 14,4 168,6% -0,8%
Alagoas 30,1 42,9 50,3 51,0 49,4 55,2 60,9 54,9 56,3 54,4 44,2 46,6% -18,7%
Amap 9,3 12,2 9,4 10,6 11,0 15,4 11,7 16,7 14,2 20,2 20,1 117,2% -0,8%
Amazonas 8,2 11,4 12,2 13,3 16,9 18,2 24,8 23,8 18,3 19,7 23,6 189,1% 20,0%
Bahia 14,6 17,2 19,2 26,4 29,8 31,7 29,6 32,4 28,5 30,9 30,0 104,7% -3,0%
Cear 12,5 12,9 14,7 15,8 17,7 24,3 24,2 36,4 41,6 42,9 38,1 204,9% -11,2%
Esprito Santo 34,9 37,4 38,7 43,3 44,4 38,7 38,1 37,3 33,6 33,3 27,8 -20,3% -16,4%
Gois 16,7 17,2 17,3 20,5 21,3 21,9 26,0 31,8 33,2 31,5 32,7 96,1% 3,8%
Maranho 8,0 7,7 9,6 11,1 12,3 12,6 14,2 17,2 20,6 24,6 24,9 210,6% 1,0%
Mato Grosso 17,4 17,4 18,6 19,3 19,1 18,6 19,6 20,6 23,4 26,5 23,5 35,5% -11,1%
Minas Gerais 16,1 15,8 15,1 13,9 13,0 12,5 15,2 16,3 16,8 16,3 15,4 -4,4% -5,4%
Par 17,1 18,2 19,1 26,3 27,4 33,0 27,0 27,3 28,0 28,5 31,1 81,2% 8,8%
Paraba 15,1 17,3 18,0 20,0 27,0 32,1 36,4 32,1 32,1 31,8 31,8 110,7% 0,2%
Paran 19,8 21,5 21,7 24,0 25,0 25,2 22,5 23,0 18,4 18,7 17,7 -10,6% -5,5%
Pernambuco 41,7 42,2 43,1 39,5 35,4 30,1 28,7 27,7 25,0 27,4 32,8 -21,4% 19,7%
Piau 5,0 6,3 6,0 5,1 5,9 6,6 8,0 9,8 11,5 14,2 12,5 148,6% -12,3%
Rio de Janeiro 38,9 37,2 32,4 27,3 25,0 25,7 21,2 21,4 21,7 22,1 19,2 -50,5% -13,1%
Rio Grande do Sul 13,6 13,0 15,0 16,6 15,1 14,0 14,3 16,1 15,4 18,3 20,3 49,4% 10,6%
Rondnia 23,9 24,5 20,2 19,1 23,5 22,5 18,1 21,3 17,4 23,0 21,7 -9,4% -5,8%
Roraima 7,2 9,4 6,7 7,0 6,4 6,4 5,4 6,8 14,3 9,5 11,3 57,5% 19,2%
Santa Catarina 6,7 6,5 6,2 8,3 8,4 7,7 7,6 7,7 6,7 7,4 8,4 25,1% 12,7%
So Paulo 14,3 14,0 10,0 9,5 9,3 8,4 7,8 9,2 7,9 8,0 7,0 -51,3% -13,2%
Sergipe 16,2 20,1 17,1 18,4 22,3 21,9 25,0 30,7 33,3 40,5 49,4 205,7% 22,1%
Tocantins 6,0 6,4 6,5 7,7 9,9 9,5 11,3 12,6 9,9 11,8 18,2 204,9% 54,9%
Fonte: IBGE/Diretoria de Pesquisas. Coordenao de Populao e Indicadores Sociais. Gerncia de Estudos e Anlises da Dinmica Demogrfica e MS/SVS/CGIAE e
MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informaes sobre Mortalidade - SIM. Elaborao Diest/Ipea.
46
Tabela 7.3 - Proporo de homicdios por arma de fogo por Unidade da Federao Brasil, 2005 a 2015
Proporo de Homicdios Cometidos por Arma de Fogo Variao %

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2005 a 2015 2014 a 2015
Brasil 70,2 71,1 71,6 71,2 71,2 70,4 70,4 71,1 71,1 71,6 71,9 2,4% 0,4%
Acre 29,3 31,7 37,8 30,1 39,9 38,2 30,5 40,9 40,6 49,6 53,5 82,6% 7,8%
Alagoas 75,6 80,8 84,6 84,6 83,3 82,5 85,3 84,9 86,6 86,6 84,4 11,8% -2,5%
Amap 28,1 37,1 35,3 31,0 36,3 39,6 38,3 46,3 46,2 59,4 52,6 87,3% -11,5%
Amazonas 44,1 54,2 58,0 53,7 62,5 58,7 68,0 63,6 58,4 61,5 63,2 43,4% 2,8%
Bahia 71,8 73,1 74,4 80,0 81,0 77,1 76,3 77,4 77,2 78,9 78,7 9,6% -0,3%
Cear 59,6 59,2 63,4 66,0 69,8 76,6 73,9 81,6 81,7 82,1 81,5 36,7% -0,7%
Esprito Santo 74,2 73,4 72,6 76,8 78,0 75,8 80,9 80,1 79,7 80,4 75,5 1,7% -6,1%
Gois 63,9 65,3 66,3 67,0 66,3 66,6 69,5 70,0 71,9 71,2 72,2 12,9% 1,4%
Maranho 52,3 49,7 53,5 54,8 56,2 54,6 59,3 64,9 64,6 68,7 70,5 34,7% 2,6%
Mato Grosso 53,8 55,5 61,0 61,1 57,5 58,3 60,8 60,5 64,6 63,0 64,1 19,3% 1,8%
Minas Gerais 73,5 73,7 72,4 71,0 69,6 67,5 70,4 70,8 73,6 71,6 71,0 -3,3% -0,8%
Par 62,1 62,5 63,2 67,5 68,2 71,2 67,7 66,1 65,5 67,0 69,1 11,3% 3,2%
Paraba 72,9 76,2 76,2 73,0 80,7 83,0 85,4 80,3 81,1 80,8 83,1 14,0% 2,9%
Paran 68,4 72,1 73,8 73,8 72,6 73,6 71,2 70,4 69,6 70,0 68,9 0,8% -1,6%
Pernambuco 81,1 80,4 81,3 77,6 78,7 76,3 73,3 74,4 73,6 75,7 79,7 -1,7% 5,2%
Piau 41,0 45,9 48,0 44,2 47,8 50,4 57,6 59,2 61,3 63,6 61,6 50,2% -3,0%
Rio de Janeiro 84,4 81,6 80,9 80,6 79,2 78,3 74,8 75,7 72,8 67,5 66,5 -21,2% -1,5%
Rio Grande do Sul 72,9 72,3 76,2 75,9 73,7 72,4 74,4 73,5 74,1 75,8 78,2 7,2% 3,1%
Rondnia 66,1 65,6 74,3 59,6 65,6 64,4 63,8 64,5 62,4 69,7 63,8 -3,5% -8,4%
Roraima 30,1 34,2 24,1 27,9 23,1 24,0 26,3 22,4 32,7 29,8 28,1 -6,7% -5,6%
Santa Catarina 62,2 58,1 59,8 63,5 62,7 58,8 60,2 60,5 57,0 57,8 61,2 -1,7% 5,8%
So Paulo 66,4 70,5 66,3 63,3 60,7 59,3 57,6 60,7 58,5 59,5 60,1 -9,4% 1,1%
Sergipe 65,3 69,0 66,7 66,3 69,1 66,9 71,6 73,7 75,9 81,9 85,1 30,3% 4,0%
Tocantins 41,1 37,4 39,5 41,4 44,4 40,3 44,0 47,0 41,8 46,3 55,8 35,8% 20,4%
47
8. MORTES VIOLENTAS INDETERMINADAS E A QUALIDADE DOS
DADOS
Segundo a 10 reviso da Classificao Internacional de Doenas

(CID-10), adotada pelo Brasil desde 1996, as mortes violentas podem ser
divididas em: acidentes; leses autoprovocadas intencionalmente;
agresses; intervenes legais e operaes de guerra; e eventos cuja
inteno indeterminada. As quatro primeiras causas bsicas de
mortalidade se equivalem, grosso modo, respectivamente, ao que na
taxonomia geralmente utilizada pelas polcias no Brasil so conhecidas
como: acidentes fatais, inclusive mortes no trnsito; suicdios; homicdios
(acrescido de latrocnios e leso corporal dolosa seguida de morte); e
mortes decorrentes de interveno policial. As mortes violentas com
causa indeterminada so assim classificadas quando o bito se deu por
causa no natural, ao mesmo tempo em que os profissionais envolvidos
no sistema de informaes sobre mortalidade (isto , mdicos legistas,
gestores da sade, policiais, incluindo peritos criminais, etc.) no
conseguiram informar a motivao primeira que desencadeou todo o
processo mrbido.
A proporo de mortes violentas no esclarecidas em relao ao

total de mortes violentas um dos principais indicadores de qualidade
dos sistemas de informaes de mortalidade (da sade). Nos pases
desenvolvidos, geralmente as mortes violentas indeterminadas
representam um resduo inferior a 1% do total de mortes por causas
externas. Isto ocorre, pois nesses lugares se reconhece a importncia de
se descobrir as causas que levaram o indivduo a bito, como elemento
fundamental para evitar novas mortes futuras.
No Brasil, em 2009, esse indicador alcanou um patamar de 9,6%,

sendo que no Rio de Janeiro 25,5% das mortes violentas no foram
esclarecidas. Cerqueira (2012, 2013) identificou o crescimento dessas
mortes no esclarecidas, a partir de 2007, em alguns estados, e concluiu
48
que, em mdia, 73,9% dessas eram na verdade homicdios classificados
erroneamente, decorrentes muitas vezes das falhas de compartilhamento
de informaes entre as organizaes que compem o Sistema de
Informao sobre Mortalidade. A partir da polmica ocasionada por esses
trabalhos e por um monitoramento mais intensivo do Ministrio da
Sade, o nmero de incidentes classificados nessa rubrica diminuiu
substancialmente19 a partir de 2009, conforme as tabelas 8.1 e 8.2
apontam.
Ao analisarmos a evoluo das taxas de Mortes Violentas com

Causa Indeterminada (MVCI) por 100 mil habitantes no Brasil (Tabela
8.2), entre 2010 e 2015, verificamos uma queda de 5,7%. Neste perodo,
14 Unidades Federativas lograram ter reduo. No obstante, se
observou aumentos importantes nessas taxas em alguns estados. Em
particular, as taxas de MVCI em 2015 atingiram patamares bastante
preocupantes nos estados da Bahia (11,6) e de Pernambuco (9,0).
Quando analisada a proporo de MVCI em relao ao total de

mortes violentas (Tabela 8.3), quatro estados aparecem em pior situao:
Bahia (13,8%), Pernambuco (10,3%) Minas Gerais (9,8%) e So Paulo
(9,4%).
De fato, a anlise sobre as taxas de homicdios registrados nesses

quatro estados inspira cautela, uma vez que a proporo de MVCI em
relao ao total de homicdios (Tabela 8.4) assumiu patamares elevados,
o que implica dizer que, provavelmente, os registros oficiais de homicdios
nesses estados estejam subestimados. De fato, em 2015, estes
indicadores atingiram as marcas de 40,8%, 30,4%, 29,2% e 21,9%, nos
estados de So Paulo, Minas Gerais, Bahia e Pernambuco,
respectivamente.
19
No ano seguinte publicao do primeiro trabalho, o nmero de bitos violentos com causa
indeterminada diminuiu substancialmente em alguns estados, entre 2009 e 2010, como no Rio Grande do
Norte (-73,6%), no Rio de Janeiro (-61%), na Bahia (-40,1%) e em Minas Gerais (-14,7%).
49
A Tabela 8.3 ainda mostra que no Brasil os registros de homicdios
segundo o SIM so 6,3% maior do que o nmero de Crimes Violentos
Letais Intencionais, segundo registros policiais. Na quarta coluna dessa
tabela verificamos ainda diferenas substanciais no nmero de registros
que envolvem violncia letal, segundo a classificao do SIM e da polcia,
nos estados de Roraima (+136,0%), Tocantins (+30,6%) e So Paulo
(+24,4%), o que conspira contra a qualidade dos dados segundo os
registros policiais.
50
Tabela 8.1 Total de Mortes por Causa Indeterminada Brasil, 2005 a 2015
Total de Mortes por Causa Indeterminada Variao %
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2010 a 2015
Brasil 11269 9147 11367 12056 13253 9703 10353 10051 9788 9468 9810 1,1%
Acre 3 8 4 7 13 12 11 5 11 10 7 -41,7%
Alagoas 6 10 4 12 29 21 9 12 20 10 14 -33,3%
Amap 1 2 3 3 7 10 25 35 33 34 385,7%
Amazonas 18 29 42 49 29 46 69 42 22 42 59 28,3%
Bahia 1022 1136 1680 2094 2139 1281 1479 1766 1482 1662 1756 37,1%
Cear 140 215 382 304 408 416 552 506 336 272 556 33,7%
Distrito Federal 16 5 14 16 10 10 17 18 26 33 41 310,0%
Esprito Santo 57 88 86 149 128 104 135 163 165 189 223 114,4%
Gois 152 145 160 234 181 160 113 155 112 99 114 -28,8%
Maranho 71 101 110 107 121 104 136 149 126 133 141 35,6%
Mato Grosso 197 130 114 94 107 110 116 119 137 131 117 6,4%
Mato Grosso do Sul 57 76 68 42 48 67 61 45 77 70 62 -7,5%
Minas Gerais 826 1149 1109 1217 1479 1262 1449 1133 1341 1457 1378 9,2%
Par 100 148 140 163 168 144 116 127 169 157 157 9,0%
Paraba 31 48 68 48 48 77 52 50 90 68 49 -36,4%
Paran 172 242 289 269 291 297 353 379 378 392 362 21,9%
Pernambuco 478 488 553 593 628 644 601 556 732 557 842 30,7%
Piau 33 86 68 119 91 53 65 95 92 105 111 109,4%
Rio de Janeiro 2044 1673 3174 3259 3615 1409 1684 1576 1680 910 941 -33,2%
Rio Grande do Norte 325 324 358 331 439 116 203 253 181 186 164 41,4%
Rio Grande do Sul 446 484 467 400 508 518 399 433 281 328 261 -49,6%
Rondnia 49 25 28 29 47 41 29 34 26 15 27 -34,1%
Roraima 27 14 9 27 23 25 15 31 33 57 21 -16,0%
Santa Catarina 169 127 126 156 115 96 89 56 64 80 48 -50,0%
So Paulo 4701 2256 2197 2222 2451 2556 2521 2241 2088 2343 2212 -13,5%
Sergipe 112 119 104 84 93 89 56 59 62 66 92 3,4%
Tocantins 16 19 13 28 41 38 13 23 22 63 21 -44,7%
Fonte: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informaes sobre Mortalidade - SIM. O nmero de homicdios na UF de residncia foi obtido pela CID-BR-10: 111. Elaborao
Diest/Ipea.
51
Tabela 8.2 Taxa de Mortes Violentas por Causa Indeterminada, por 100 mil Habitantes Brasil, 2005 a 2015
Taxa de Causa Indeterminada por 100 mil Habitantes Variao %

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2010 a 2015
Brasil 6,1 4,9 6,0 6,4 6,9 5,1 5,4 5,2 4,9 4,7 4,8 -5,7%
Acre 0,4 1,2 0,6 1,0 1,9 1,6 1,5 0,7 1,4 1,3 0,9 -46,8%
Alagoas 0,2 0,3 0,1 0,4 0,9 0,7 0,3 0,4 0,6 0,3 0,4 -37,7%
Amap 0,2 0,3 0,5 0,5 1,0 1,5 3,6 4,8 4,4 4,4 324,0%
Amazonas 0,6 0,9 1,2 1,5 0,9 1,3 2,0 1,2 0,6 1,1 1,5 13,5%
Bahia 7,4 8,1 11,9 14,4 14,6 9,1 10,5 12,5 9,9 11,0 11,6 26,4%
Cear 1,7 2,6 4,6 3,6 4,8 4,9 6,5 5,9 3,8 3,1 6,2 26,9%
Distrito Federal 0,7 0,2 0,6 0,6 0,4 0,4 0,7 0,7 0,9 1,2 1,4 261,7%
Esprito Santo 1,7 2,5 2,4 4,3 3,7 3,0 3,8 4,6 4,3 4,9 5,7 91,8%
Gois 2,7 2,5 2,7 4,0 3,1 2,7 1,9 2,5 1,7 1,5 1,7 -35,3%
Maranho 1,2 1,6 1,8 1,7 1,9 1,6 2,0 2,2 1,9 1,9 2,0 29,1%
Mato Grosso 7,0 4,6 3,9 3,2 3,6 3,6 3,8 3,8 4,3 4,1 3,6 -1,1%
Mato Grosso do Sul 2,5 3,3 2,9 1,8 2,0 2,7 2,5 1,8 3,0 2,7 2,3 -14,5%
Minas Gerais 4,3 5,9 5,6 6,1 7,4 6,4 7,3 5,7 6,5 7,0 6,6 2,5%
Par 1,4 2,1 1,9 2,2 2,3 1,9 1,5 1,6 2,1 1,9 1,9 1,1%
Paraba 0,9 1,3 1,9 1,3 1,3 2,0 1,4 1,3 2,3 1,7 1,2 -39,6%
Paran 1,7 2,3 2,7 2,5 2,7 2,8 3,4 3,6 3,4 3,5 3,2 14,0%
Pernambuco 5,7 5,7 6,4 6,8 7,1 7,3 6,8 6,2 7,9 6,0 9,0 23,1%
Piau 1,1 2,8 2,2 3,8 2,9 1,7 2,1 3,0 2,9 3,3 3,5 103,8%
Rio de Janeiro 13,3 10,8 20,2 20,5 22,6 8,8 10,5 9,7 10,3 5,5 5,7 -35,5%
Rio Grande do Norte 10,8 10,6 11,6 10,7 14,0 3,7 6,3 7,8 5,4 5,5 4,8 30,1%
Rio Grande do Sul 4,1 4,4 4,2 3,7 4,7 4,8 3,7 4,0 2,5 2,9 2,3 -52,1%
Rondnia 3,2 1,6 1,8 1,9 3,1 2,6 1,8 2,1 1,5 0,9 1,5 -41,8%
Roraima 6,9 3,5 2,2 6,5 5,5 5,6 3,3 6,6 6,8 11,5 4,2 -25,2%
Santa Catarina 2,9 2,1 2,1 2,6 1,9 1,5 1,4 0,9 1,0 1,2 0,7 -54,2%
So Paulo 11,6 5,5 5,3 5,4 5,9 6,2 6,1 5,3 4,8 5,3 5,0 -19,6%
Sergipe 5,7 5,9 5,1 4,2 4,6 4,3 2,7 2,8 2,8 3,0 4,1 -4,7%
Tocantins 1,2 1,4 1,0 2,2 3,2 2,7 0,9 1,6 1,5 4,2 1,4 -49,5%
Diest/Ipea.
52
Tabela 8.3 Proporo de MVCI em relao ao total de mortes violentas, por Unidade da Federao - Brasil, 2005
a 2015
Proporo de Mortes Violentas por Causa Indeterminada ao Total de Mortes Violentas Variao %
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2010 a 2015
Brasil 0,09 0,07 0,09 0,09 0,10 0,07 0,07 0,07 0,06 0,06 0,06 -4,8%
Acre 0,01 0,02 0,01 0,02 0,03 0,03 0,02 0,01 0,02 0,02 0,014 -49,5%
Alagoas 0,00 0,00 0,00 0,00 0,01 0,01 0,00 0,00 0,01 0,00 0,005 -24,0%
Amap 0,00 0,00 0,00 0,01 0,01 0,01 0,02 0,05 0,06 0,06 0,061 341,0%
Amazonas 0,01 0,02 0,02 0,03 0,01 0,02 0,03 0,02 0,01 0,02 0,020 -2,9%
Bahia 0,13 0,13 0,18 0,20 0,19 0,11 0,12 0,13 0,12 0,13 0,138 30,8%
Cear 0,03 0,04 0,07 0,05 0,07 0,06 0,07 0,06 0,04 0,03 0,063 6,7%
Distrito Federal 0,01 0,00 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,02 0,024 349,8%
Esprito Santo 0,02 0,02 0,02 0,04 0,03 0,03 0,04 0,04 0,04 0,05 0,061 132,4%
Gois 0,03 0,04 0,04 0,05 0,04 0,03 0,02 0,02 0,02 0,01 0,017 -43,1%
Maranho 0,03 0,04 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,02 0,026 -2,1%
Mato Grosso 0,08 0,05 0,05 0,03 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,038 -0,7%
Mato Grosso do Sul 0,03 0,04 0,03 0,02 0,02 0,03 0,03 0,02 0,04 0,03 0,031 -1,2%
Minas Gerais 0,07 0,09 0,09 0,10 0,12 0,10 0,10 0,08 0,09 0,10 0,098 0,8%
Par 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,02 0,02 0,02 0,03 0,02 0,023 -2,5%
Paraba 0,02 0,02 0,03 0,02 0,02 0,03 0,02 0,02 0,03 0,02 0,015 -43,0%
Paran 0,02 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03 0,04 0,04 0,04 0,04 0,041 33,2%
Pernambuco 0,06 0,06 0,07 0,07 0,08 0,08 0,08 0,07 0,10 0,07 0,103 21,7%
Piau 0,02 0,05 0,04 0,07 0,05 0,03 0,03 0,04 0,04 0,04 0,045 67,0%
Rio de Janeiro 0,14 0,11 0,21 0,23 0,25 0,10 0,12 0,12 0,12 0,06 0,071 -30,5%
Rio Grande do Norte 0,19 0,19 0,19 0,16 0,19 0,05 0,08 0,10 0,07 0,06 0,057 5,7%
Rio Grande do Sul 0,06 0,07 0,06 0,05 0,07 0,07 0,06 0,06 0,04 0,04 0,033 -53,7%
Rondnia 0,03 0,02 0,03 0,02 0,03 0,03 0,02 0,02 0,02 0,01 0,018 -33,3%
Roraima 0,09 0,04 0,02 0,08 0,07 0,07 0,04 0,07 0,07 0,13 0,039 -41,7%
Santa Catarina 0,04 0,03 0,03 0,04 0,03 0,02 0,02 0,01 0,02 0,02 0,011 -51,5%
So Paulo 0,17 0,09 0,09 0,09 0,10 0,11 0,10 0,09 0,09 0,09 0,094 -10,9%
Sergipe 0,09 0,09 0,08 0,06 0,06 0,05 0,03 0,03 0,03 0,03 0,038 -24,7%
Tocantins 0,02 0,02 0,01 0,03 0,04 0,03 0,01 0,02 0,02 0,05 0,015 -53,0%
Diest/Ipea.
53
Tabela 8.4 Comparao do nmero de Crimes Violentos Letais Intencionais do Sinesp com as agresses e
mortes violentas com Causa Indeterminada do SIM, em 2015
Agresses +
= (Agresses+ IL - = MVCI/Agresses
CVLI-Sinesp Interveno Legal MVCI (SIM)
CVLI)/CVLI em (%) + IL em (%)
(SIM)
Brasil 55.574 59.080 9.810 6,3% 16,6%
Acre 203 217 7 6,9% 3,2%
Alagoas 1.716 1.748 14 1,9% 0,8%
Amap 273 293 34 7,3% 11,6%
Amazonas 1.415 1.472 59 4,0% 4,0%
Bahia 6.039 6.012 1.756 -0,4% 29,2%
Cear 4.019 4.163 556 3,6% 13,4%
Distrito Federal 682 742 41 8,8% 5,5%
Esprito Santo 1.444 1.450 223 0,4% 15,4%
Gois 2.813 2.997 114 6,5% 3,8%
Maranho 2.191 2.438 141 11,3% 5,8%
Mato Grosso 1.349 1.203 117 -10,8% 9,7%
Mato Grosso do Sul 598 634 62 6,0% 9,8%
Minas Gerais 4.339 4.532 1.378 4,4% 30,4%
Par 3.579 3.675 157 2,7% 4,3%
Paraba 1.502 1.522 49 1,3% 3,2%
Paran 2.594 2.936 362 13,2% 12,3%
Pernambuco 3.888 3.847 842 -1,1% 21,9%
Piau 667 650 111 -2,5% 17,1%
Rio de Janeiro 4.365 5.067 941 16,1% 18,6%
Rio Grande do Norte 1.588 1.545 164 -2,7% 10,6%
Rio Grande do Sul 2.777 2.944 261 6,0% 8,9%
Rondnia 542 600 27 10,7% 4,5%
Roraima 86 203 21 136,0% 10,3%
Santa Catarina 913 957 48 4,8% 5,0%
So Paulo 4.364 5.427 2.212 24,4% 40,8%
Sergipe 1.243 1.303 92 4,8% 7,1%
Tocantins 385 503 21 30,6% 4,2%
Fonte: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informaes sobre Mortalidade - SIM e 10 Anurio do FBSP. Elaborao
Diest/Ipea.
54
CONCLUSES
O nmero de homicdios no Brasil, em 2015, ficou estvel na

mesma ordem de grandeza dos dois anos anteriores. Segundo o
Ministrio da Sade, nesse ano houve 59.080 mortes. Trata-se de um
nmero exorbitante, que faz com que em apenas trs semanas o total de
assassinatos no pas supere a quantidade de pessoas que foram mortas
em todos os ataques terroristas no mundo, nos cinco primeiros meses de
2017, e que envolveram 498 casos, resultando em 3.314 indivduos
mortos.
O perfil tpico das vtimas fatais permanece o mesmo: homens,

jovens, negros e com baixa escolaridade. Contudo, nos chama a ateno
o fato de que, na ltima dcada, o vis de violncia contra jovens e negros
tenha aumentado ainda mais.
O que se observou nos dados um futuro da nao comprometido.

Entre 2005 e 2015, nada menos do que 318 mil jovens foram
assassinados. Analisando o ano de 2015, a participao do homicdio
como causa de mortalidade da juventude masculina, entre 15 a 29 anos
de idade, correspondeu a 47,8% do total de bitos (e 53,8% se
considerarmos apenas os homens entre 15 a 19 anos). Nesse ltimo ano,
60,9 indivduos para cada grupo de 100 mil jovens, entre 15 e 29, foram
mortos. Se considerarmos apenas a juventude masculina, este indicador
aumenta para 113,6.
Depois da diminuio da marcha de crescimento dos homicdios

contra jovens entre os anos 80 (+89,9%), os anos 90 (+20,3%) e os anos
2000 (+2,5%), verificou-se um aumento de 17,2% na taxa de homicdio
de indivduos entre 15 e 29 anos, entre 2005 e 2015.
Quando analisamos a cor da pele da vtima, verificamos que a

diferena de letalidade contra negros em relao ao restante da
populao aumentou. De fato, dois cenrios distintos foram observados
55
no perodo entre 2005 e 2015. Enquanto houve um crescimento de 18,2%
na taxa de homicdio de negros, a mortalidade de indivduos no negros
diminuiu 12,2%. Com isso, ao considerar a proporo entre as taxas de
homicdio de negros e no negros, verificamos um aumento de 34,7% na
diferena de letalidade contra negros.
Em 2015, 4.621 mulheres foram assassinadas no Brasil, o que

corresponde a uma taxa de 4,5 mortes para cada 100 mil mulheres.
Ainda que, em termos de letalidade violenta, as mulheres sejam menos
afligidas, este nmero representa uma pequena ponta do iceberg das
centenas de milhares de violncias (fsicas, psicolgicas e materiais) que
afligem a populao feminina, que so motivadas por uma cultura
patriarcal e que passam invisveis aos olhos da sociedade. No entanto, as
diferenas raciais apareceram mais uma vez misturadas questo de
gnero. Enquanto a taxa de homicdios de mulheres no negras diminuiu
7,4%, entre 2005 e 2015, o indicador equivalente para as mulheres
negras aumentou 22,0%.
Como era de se esperar, a arma de fogo continuou como

personagem central na histria da violncia letal em 2015. 41.817
pessoas foram mortas por essas armas, o que correspondeu a 71,9% do
total de homicdios no pas. Depois de uma reduo nas mortes por
armas de fogo que se seguiu aps o Estatuto do Desarmamento at 2007,
observou-se um incremento nas mortes por esse tipo de instrumento nos
ltimos anos, sobretudo, no Norte e Nordeste do pas.
Conforme indicam as pesquisas cientficas, a difuso das armas de

fogo um elemento crucial que faz aumentar os homicdios. Portanto, h
a necessidade de se aprimorar o controle de armas no pas, no apenas
no que diz respeito operacionalizao acerca do que est previsto na
Lei, mas ainda pelo desenvolvimento de um trabalho integrado de
inteligncia policial que envolva os vrios nveis governamentais, de modo
a restringir os canais que permitem que a arma entre ilegalmente no pas,
ao mesmo tempo que possibilite a apreenso e destruio das armas que
se encontram em circulao no mercado ilcito.
56
Analisando a variao na taxa de homicdio no pas entre 2010 e
2015, observou-se as maiores quedas no Esprito Santo (-27,6%), no
Paran (-23,4%) e em Alagoas (-21,8%). Por outro lado, os maiores
crescimentos aconteceram nos estados de Sergipe (+77,7%), Rio Grande
do Norte (+75,5%), Piau (+54,0%) e Maranho (52,8%). Com exceo do
Tocantins e Amazonas, todos os estados com crescimento superior a
100% nas taxas de homicdios, entre 2005 e 2015, pertenciam ao
Nordeste.
Em 2015, apenas 111 municpios (2,0% do total de municpios)

responderam por metade dos homicdios no Brasil, ao passo que 10% dos
municpios (557) concentraram 76,5% do total de mortes no pas.
Observamos profundas diferenas em termos de desenvolvimento
humano entre os municpios que ocuparam a primeira posio entre os
mais pacficos e os mais violentos, a saber, Jaragu do Sul (SC) e Altamira
(PA). Enquanto os indicadores de escolaridade e de renda so
francamente favorveis ao municpio catarinense, consideramos outros
canais que potencialmente explicam a relao entre crescimento
econmico e criminalidade violenta, que podem ajudar a entender as
diferenas de letalidade violenta nos territrios.
Entre 2007 e 2015 os exemplos de Pernambuco e do Esprito Santo

foram simblicos, no sentido de indicar como governadores
comprometidos com a segurana pblica e munidos de boa tcnica,
inteligncia e planejamento poderiam ensejar a diminuio de crimes
violentos em suas regies. Entre 2007 e 2013 a taxa de homicdio
pernambucana caiu 36%, no rastro da implantao do Pacto pela Vida.
Entre 2010 e 2015 a taxa de homicdio no Esprito Santo diminuiu 27,6%
(numa trajetria nunca antes observada no estado), ao mesmo tempo em
que foi lanado o programa Estado Presente. No obstante,
infelizmente, os ltimos episdios da greve da PM capixaba, bem como
do recrudescimento da violncia letal em Pernambuco aps 2013, nos
mostram o quo frgil o equilbrio em torno das polticas efetivas de
segurana pblica.
57
Diante das anlises supramencionadas, que mostram uma
deteriorao, nos ltimos anos, no cenrio sobre a garantia do direito
vida e cidadania, fica patente a necessidade de um maior
comprometimento das principais autoridades polticas e do campo da
segurana pblica em torno de um pacto contra os homicdios, em que a
coordenao, o planejamento e a boa gesto venham a substituir o
proselitismo poltico vazio, seguido de aes miditicas que nada
resolvem.
58
REFERNCIAS
BRASIL. ndice de Vulnerabilidade Juvenil Violncia e desigualdade

racial 2014. Secretaria Geral da Presidncia da Repblica, Secretaria
Nacional de Juventude, Ministrio da Justia e Frum Brasileiro de
Segurana Pblica. Braslia, 2015.
BUENO, S.; CERQUEIRA, D. R. C.; E LIMA, R. S. (2013). Sob fogo cruzado

II: letalidade da ao policial, in 7 Anurio Brasileiro de Segurana
Pblica, editado pelo Frum brasileiro de Segurana Pblica.
CASAGRANDE, R. (2015). ESTADO PRESENTE EM DEFESA DA VIDA

UM NOVO MODELO PARA A SEGURANA PBLICA. Fundao Joo
Mangabeira. Disponvel em: http://fjmangabeira.org.br/wp-
content/uploads/2016/06/estado-presente-em-defesa-da-vida-1.pdf
CERQUEIRA, D e COELHO, D. (2017). Democracia Racial e Homicdios

de Jovens Negros na Cidade Partida. TD 2267 - ipea, Braslia, Janeiro
de 2017
CERQUEIRA, D., COELHO, D. MORAIS, D., MATOS, M., PINTO

JNIOR, J. e MEDEIROS, M. (2013) A singular dinmica territorial dos
homicdios no Brasil nos anos 2000. In Brasil em desenvolvimento 2013
: estado, planejamento e polticas pblicas / Instituto de Pesquisa
Econmica Aplicada ; editores: Rogrio Boueri, Marco Aurlio Costa. -
Braslia : Ipea, 2013. Disponvel em:
http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/livro
_brasil_desenvolvimento2013_vol03.pdf
CARVALHO, Jos Raimundo; OLIVEIRA, Victor Hugo de. Pesquisa de

Condies Socioeconmicas e Violncia Domstica e Familiar contra a
Mulher. Instituto Maria da Penha, 2016.
59
CERQUEIRA, D. R. C. e COELHO, D. S. C. (2015). Reduo da Idade de
Imputabilidade Penal, Educao e Criminalidade. . Rio de Janeiro: Ipea,
Nota Tcnica N 15.
CERQUEIRA, D. R. C. e Moura, Rodrigo (2015). O EFEITO DAS

OPORTUNIDADES NO MERCADO DE TRABALHO SOBRE AS TAXAS DE
HOMICDIOS NO BRASIL. Working Paper. Anpec, 2015
CERQUEIRA, D. R. C. (2014). Causas e consequncias do crime no Brasil.

1. ed. RIO DE JANEIRO - RJ - BRAZIL: BNDES, 2014. v. 1. 196p.
CERQUEIRA, D. R. C. (2013) Mapa dos Homicdios Ocultos no Brasil. Rio

de Janeiro: Ipea, set. 2011. Texto para Discusso, n. 1848.
CERQUEIRA, D. R. C. (2012) Mortes violentas no esclarecidas e

impunidade no Rio de Janeiro. Economia Aplicada (Impresso), v. 16, p.
201-235, 2012.
FBSP. Anurio Brasileiro de Segurana Pblica. So Paulo, ano 10, 2016.
FBSP. Visvel e Invisvel: a vitimizao de mulheres no Brasil. So Paulo,

maro de 2017.
RATTON, Jos Luiz; GALVO, Clarissa e FERNANDEZ, Michelle (2014).

O Pacto pela Vida e a Reduo de Homicdios em Pernambuco. Artigo
Estratgico, Agosto, 2014. Instituto Igarap. Disponvel em
https://igarape.org.br/wp-content/uploads/2014/07/artigo-8-p2.pdf
60
APNDICE
Tabela A1 Prevalncia nos municpios com populao superior a

100 mil habitantes, segundo a soma das taxas de homicdio e de
MVCI
61
# UF Municpio Populao Nmero de Nmero Taxa de Taxa de Taxa de
Homicdio de MVCI Homicdio MVCI Homicdio
+MVCI
1 SC Jaragu do Sul 163.735 5 1 3,1 0,6 3,7
2 SC Brusque 122.775 5 0 4,1 0,0 4,1
3 SP Americana 229.322 9 2 3,9 0,9 4,8
4 SP Ja 143.283 7 2 4,9 1,4 6,3
5 MG Arax 102.238 6 1 5,9 1,0 6,8
6 SP Botucatu 139.483 6 4 4,3 2,9 7,2
7 SP Bragana Paulista 160.665 11 1 6,8 0,6 7,5
8 SP Jundia 401.896 28 3 7,0 0,7 7,7
9 MG Conselheiro Lafaiete 125.421 8 2 6,4 1,6 8,0
10 RJ Terespolis 173.060 11 3 6,4 1,7 8,1
11 SP Presidente Prudente 222.192 18 0 8,1 0,0 8,1
12 SP Mogi Guau 147.233 11 1 7,5 0,7 8,2
13 MG Barbacena 134.924 9 2 6,7 1,5 8,2
14 SP Marlia 232.006 15 4 6,5 1,7 8,2
15 SP Valinhos 120.258 4 6 3,3 5,0 8,3
16 SP Araraquara 226.508 17 2 7,5 0,9 8,4
17 RS Bag 121.749 11 0 9,0 0,0 9,0
18 SP Limeira 296.440 24 3 8,1 1,0 9,1
19 SP Bauru 366.992 32 2 8,7 0,5 9,3
20 SP Itatiba 113.284 10 1 8,8 0,9 9,7
21 SC Blumenau 338.876 33 0 9,7 0,0 9,7
22 PA Camet 130.868 13 0 9,9 0,0 9,9
23 MG Lavras 100.243 9 1 9,0 1,0 10,0
24 SP Araras 128.895 11 2 8,5 1,6 10,1
25 SP Votorantim 117.794 7 5 5,9 4,2 10,2
26 SP Salto 114.171 10 2 8,8 1,8 10,5
27 SP Catanduva 119.480 13 0 10,9 0,0 10,9
28 SP Santana de Parnaba 126.574 8 6 6,3 4,7 11,1
29 SP Tatu 116.682 11 2 9,4 1,7 11,1
30 PR Maring 397.437 43 2 10,8 0,5 11,3
31 SP So Jos do Rio Preto 442.548 27 24 6,1 5,4 11,5
32 SC Tubaro 102.883 12 0 11,7 0,0 11,7
33 SP Rio Claro 199.961 24 0 12,0 0,0 12,0
34 SP So Caetano do Sul 158.024 11 8 7,0 5,1 12,0
35 SP Indaiatuba 231.033 16 12 6,9 5,2 12,1
36 MG Poos de Caldas 163.677 10 10 6,1 6,1 12,2
37 SP Atibaia 137.187 16 1 11,7 0,7 12,4
38 SP So Carlos 241.389 24 6 9,9 2,5 12,4
39 AM Parintins 111.575 13 1 11,7 0,9 12,5
40 SP Vrzea Paulista 116.601 11 4 9,4 3,4 12,9
41 SC Florianpolis 469.690 61 2 13,0 0,4 13,4
42 RJ Petrpolis 298.142 28 12 9,4 4,0 13,4
43 SP Franca 342.112 29 17 8,5 5,0 13,4
44 SP Ourinhos 110.282 11 4 10,0 3,6 13,6
45 SC Lages 158.732 19 3 12,0 1,9 13,9
46 SC Balnerio Cambori 128.155 15 3 11,7 2,3 14,0
47 MG Passos 113.122 14 2 12,4 1,8 14,1
48 SP Barretos 119.243 12 5 10,1 4,2 14,3
62
49 SP Santos 433.966 41 21 9,4 4,8 14,3
50 SP Birigui 118.352 13 4 11,0 3,4 14,4
51 SC So Jos 232.309 31 3 13,3 1,3 14,6
52 SP Guaruj 311.230 40 6 12,9 1,9 14,8
53 PR Umuarama 108.218 15 1 13,9 0,9 14,8
54 MG Patos de Minas 148.762 19 3 12,8 2,0 14,8
55 SP Francisco Morato 168.243 18 7 10,7 4,2 14,9
56 SP Sertozinho 120.152 12 6 10,0 5,0 15,0
57 MG Varginha 132.353 19 1 14,4 0,8 15,1
58 RJ Nova Friburgo 184.786 20 8 10,8 4,3 15,2
59 SP Ribeiro Preto 666.323 79 24 11,9 3,6 15,5
60 SP Sorocaba 644.919 67 33 10,4 5,1 15,5
61 SP Campinas 1.164.098 169 13 14,5 1,1 15,6
62 SP Santa Brbara d'Oeste 190.139 29 1 15,3 0,5 15,8
63 PR Apucarana 130.430 21 0 16,1 0,0 16,1
64 SP Piracicaba 391.449 59 7 15,1 1,8 16,9
65 SC Palhoa 157.833 24 3 15,2 1,9 17,1
66 RJ Volta Redonda 262.970 42 3 16,0 1,1 17,1
67 SP So Paulo 11.967.825 1584 483 13,2 4,0 17,3
68 SP Sumar 265.955 39 7 14,7 2,6 17,3
69 SP Ferraz de Vasconcelos 184.700 25 7 13,5 3,8 17,3
70 MG Divinpolis 230.848 39 1 16,9 0,4 17,3
71 SP Ribeiro Pires 120.396 6 15 5,0 12,5 17,4
72 RS Santa Cruz do Sul 126.084 22 1 17,4 0,8 18,2
73 RS Uruguaiana 129.652 21 3 16,2 2,3 18,5
74 SP Itu 167.095 24 7 14,4 4,2 18,6
75 SP Mogi das Cruzes 424.633 65 16 15,3 3,8 19,1
76 SP Franco da Rocha 145.755 22 6 15,1 4,1 19,2
77 PR Camb 103.822 19 1 18,3 1,0 19,3
78 RJ Barra Mansa 179.915 33 2 18,3 1,1 19,5
79 SP Assis 101.597 5 15 4,9 14,8 19,7
80 SP Jacare 226.539 39 6 17,2 2,6 19,9
81 PR Arapongas 115.412 21 2 18,2 1,7 19,9
82 SP So Bernardo do Campo 816.925 57 108 7,0 13,2 20,2
83 SP Po 113.793 18 5 15,8 4,4 20,2
84 RS Bento Gonalves 113.287 23 0 20,3 0,0 20,3
85 SP Guarulhos 1.324.781 209 63 15,8 4,8 20,5
86 SP Araatuba 192.757 39 1 20,2 0,5 20,8
87 SC Itaja 205.271 43 0 20,9 0,0 20,9
88 SP Barueri 262.275 40 15 15,3 5,7 21,0
89 MS Trs Lagoas 113.619 24 0 21,1 0,0 21,1
90 SP Carapicuba 392.294 60 23 15,3 5,9 21,2
91 ES Colatina 122.646 26 0 21,2 0,0 21,2
92 PR Toledo 132.077 28 0 21,2 0,0 21,2
93 MG Ituiutaba 103.333 19 3 18,4 2,9 21,3
94 SP Hortolndia 215.819 33 13 15,3 6,0 21,3
95 SP Santo Andr 710.210 48 105 6,8 14,8 21,5
96 SP So Jos dos Campos 688.597 73 76 10,6 11,0 21,6
63
97 SP So Vicente 355.542 38 39 10,7 11,0 21,7
98 SP Cotia 229.548 39 11 17,0 4,8 21,8
99 SP Itapetininga 157.016 17 18 10,8 11,5 22,3
100 SP Mau 453.286 41 62 9,0 13,7 22,7
101 SP Diadema 412.428 73 21 17,7 5,1 22,8
102 PR Londrina 548.249 117 8 21,3 1,5 22,8
103 PA Santarm 292.520 67 1 22,9 0,3 23,2
104 SC Joinville 562.151 129 2 22,9 0,4 23,3
105 MG Muria 107.263 24 1 22,4 0,9 23,3
106 SC Chapec 205.795 48 0 23,3 0,0 23,3
107 MS Campo Grande 853.622 170 30 19,9 3,5 23,4
108 PR Ponta Grossa 337.865 72 8 21,3 2,4 23,7
109 MG Uberlndia 662.362 138 19 20,8 2,9 23,7
110 RO Ji-Paran 130.419 29 2 22,2 1,5 23,8
111 RS Rio Grande 207.860 49 2 23,6 1,0 24,5
112 SP Suzano 285.280 46 24 16,1 8,4 24,5
113 RS Santa Maria 276.108 58 10 21,0 3,6 24,6
114 SP Itaquaquecetuba 352.801 80 7 22,7 2,0 24,7
115 PI Parnaba 149.803 26 11 17,4 7,3 24,7
116 SP Osasco 694.844 125 47 18,0 6,8 24,8
117 RS Caxias do Sul 474.853 115 7 24,2 1,5 25,7
118 MA Cod 120.265 31 0 25,8 0,0 25,8
119 MG Araguari 116.267 27 3 23,2 2,6 25,8
120 PR Cascavel 312.778 81 1 25,9 0,3 26,2
121 RS Erechim 102.345 26 1 25,4 1,0 26,4
122 SP Taubat 302.331 49 31 16,2 10,3 26,5
123 SP Pindamonhangaba 160.614 33 10 20,5 6,2 26,8
124 SP Itapevi 223.404 44 16 19,7 7,2 26,9
125 DF Braslia 2.914.830 742 41 25,5 1,4 26,9
126 SP Guaratinguet 119.073 22 10 18,5 8,4 26,9
127 ES Cachoeiro de Itapemirim 208.702 49 9 23,5 4,3 27,8
128 SP Praia Grande 299.261 43 41 14,4 13,7 28,1
129 MS Dourados 212.870 56 4 26,3 1,9 28,2
130 SP Cubato 127.006 19 17 15,0 13,4 28,3
131 PR Guarapuava 178.126 51 0 28,6 0,0 28,6
132 MG Montes Claros 394.350 78 35 19,8 8,9 28,7
133 RJ Rio de Janeiro 6.476.631 1444 422 22,3 6,5 28,8
134 SC Cricima 206.918 60 0 29,0 0,0 29,0
135 MG Belo Horizonte 2.502.557 610 116 24,4 4,6 29,0
136 SP Embu das Artes 261.781 31 45 11,8 17,2 29,0
137 SP Jandira 118.832 23 12 19,4 10,1 29,5
138 RS Passo Fundo 196.739 52 6 26,4 3,0 29,5
139 CE Itapipoca 124.950 30 7 24,0 5,6 29,6
140 RJ Maric 146.549 38 6 25,9 4,1 30,0
141 ES Vitria 355.875 89 18 25,0 5,1 30,1
142 MA Aailndia 109.685 33 0 30,1 0,0 30,1
143 MG Ipatinga 257.345 55 23 21,4 8,9 30,3
144 PA So Flix do Xingu 116.186 31 5 26,7 4,3 31,0
64
145 MA Bacabal 102.656 30 2 29,2 1,9 31,2
146 SP Taboo da Serra 272.177 41 44 15,1 16,2 31,2
147 PA Bragana 121.528 35 3 28,8 2,5 31,3
148 MG Pouso Alegre 143.846 4 41 2,8 28,5 31,3
149 MS Corumb 108.656 31 3 28,5 2,8 31,3
150 MG Itabira 117.634 34 3 28,9 2,6 31,5
151 PR Curitiba 1.879.355 518 83 27,6 4,4 32,0
152 MG Juiz de Fora 555.284 124 57 22,3 10,3 32,6
153 MG Uberaba 322.126 93 13 28,9 4,0 32,9
154 RS Pelotas 342.873 108 6 31,5 1,7 33,2
155 AM Santana 112.218 36 2 32,1 1,8 33,9
156 MG Tefilo Otoni 141.046 39 9 27,7 6,4 34,0
157 CE Crato 128.680 41 3 31,9 2,3 34,2
158 AC Rio Branco 370.550 126 1 34,0 0,3 34,3
159 MG Ibirit 173.873 43 17 24,7 9,8 34,5
160 RJ Itabora 229.007 73 7 31,9 3,1 34,9
161 RJ Resende 125.214 41 3 32,7 2,4 35,1
162 SP Itapecerica da Serra 167.236 23 36 13,8 21,5 35,3
163 RJ Niteri 496.696 134 43 27,0 8,7 35,6
164 GO Rio Verde 207.296 73 2 35,2 1,0 36,2
165 TO Palmas 272.726 98 1 35,9 0,4 36,3
166 PR Paranagu 150.660 51 4 33,9 2,7 36,5
167 MA Caxias 161.137 58 1 36,0 0,6 36,6
168 MG Ub 111.012 33 8 29,7 7,2 36,9
169 ES Guarapari 119.802 38 7 31,7 5,8 37,6
170 RS Sapucaia do Sul 138.357 51 1 36,9 0,7 37,6
171 RJ Duque de Caxias 882.729 298 38 33,8 4,3 38,1
172 RJ Campos dos Goytacazes 483.970 184 3 38,0 0,6 38,6
173 MG Ribeiro das Neves 322.659 116 11 36,0 3,4 39,4
174 PR Pinhais 127.045 44 7 34,6 5,5 40,1
175 PE Garanhuns 136.949 49 6 35,8 4,4 40,2
176 CE Iguatu 101.386 36 5 35,5 4,9 40,4
177 MA Timon 164.869 65 2 39,4 1,2 40,6
178 MG Sete Lagoas 232.107 89 6 38,3 2,6 40,9
179 RJ So Gonalo 1.038.081 370 55 35,6 5,3 40,9
180 RS Novo Hamburgo 248.694 96 6 38,6 2,4 41,0
181 RS Gravata 272.257 77 35 28,3 12,9 41,1
182 PB Campina Grande 405.072 169 0 41,7 0,0 41,7
183 RJ Maca 234.628 88 10 37,5 4,3 41,8
184 RR Boa Vista 320.714 120 14 37,4 4,4 41,8
185 RO Porto Velho 502.748 208 3 41,4 0,6 42,0
186 PE Vitria de Santo Anto 135.805 49 8 36,1 5,9 42,0
187 ES Vila Velha 472.762 183 16 38,7 3,4 42,1
188 SE Lagarto 102.257 43 1 42,1 1,0 43,0
189 AM Macap 456.171 188 12 41,2 2,6 43,8
190 PA Tucuru 107.189 43 4 40,1 3,7 43,8
191 RJ Mag 234.809 95 10 40,5 4,3 44,7
192 PI Teresina 844.245 351 27 41,6 3,2 44,8
65
193 PE Petrolina 331.951 124 25 37,4 7,5 44,9
194 RJ So Joo de Meriti 460.625 188 19 40,8 4,1 44,9
195 PE Paulista 322.730 105 41 32,5 12,7 45,2
196 GO Anpolis 366.491 150 17 40,9 4,6 45,6
197 PR Foz do Iguau 263.782 109 12 41,3 4,5 45,9
198 PR Campo Largo 124.098 47 10 37,9 8,1 45,9
199 MG Santa Luzia 216.254 81 19 37,5 8,8 46,2
200 RS Cachoeirinha 125.975 55 5 43,7 4,0 47,6
201 RJ Mesquita 170.751 72 10 42,2 5,9 48,0
202 PE Camaragibe 154.054 59 15 38,3 9,7 48,0
203 CE Juazeiro do Norte 266.022 126 2 47,4 0,8 48,1
204 MT Cuiab 580.489 256 24 44,1 4,1 48,2
205 BA Santo Antnio de Jesus 101.548 47 2 46,3 2,0 48,3
206 RS Porto Alegre 1.476.867 688 28 46,6 1,9 48,5
207 RJ Rio das Ostras 131.976 61 3 46,2 2,3 48,5
208 RJ Nova Iguau 807.492 345 48 42,7 5,9 48,7
209 GO Itumbiara 100.548 48 1 47,7 1,0 48,7
210 RO Ariquemes 104.401 50 1 47,9 1,0 48,9
211 RJ Belford Roxo 481.127 213 24 44,3 5,0 49,3
212 MG Contagem 648.766 269 51 41,5 7,9 49,3
213 CE Maranguape 123.570 51 10 41,3 8,1 49,4
214 GO Goinia 1.430.697 698 10 48,8 0,7 49,5
215 PE Recife 1.617.183 582 220 36,0 13,6 49,6
216 RS Canoas 341.343 156 14 45,7 4,1 49,8
217 MT Sinop 129.916 58 7 44,6 5,4 50,0
218 ES Linhares 163.662 71 11 43,4 6,7 50,1
219 PA Abaetetuba 150.431 76 0 50,5 0,0 50,5
220 MT Rondonpolis 215.320 103 6 47,8 2,8 50,6
221 MG Governador Valadares 278.363 113 29 40,6 10,4 51,0
222 RS So Leopoldo 228.370 114 4 49,9 1,8 51,7
223 PA Barcarena 115.779 60 0 51,8 0,0 51,8
224 PR So Jos dos Pinhais 297.895 131 24 44,0 8,1 52,0
225 SP Caraguatatuba 113.317 49 10 43,2 8,8 52,1
226 MG Coronel Fabriciano 109.363 48 10 43,9 9,1 53,0
227 RJ Angra dos Reis 188.276 98 3 52,1 1,6 53,6
228 PE Olinda 389.494 161 50 41,3 12,8 54,2
229 MG Sabar 134.382 53 20 39,4 14,9 54,3
230 PE So Loureno da Mata 110.264 53 7 48,1 6,3 54,4
231 MA Imperatriz 253.123 138 0 54,5 0,0 54,5
232 RJ Nilpolis 158.309 71 16 44,8 10,1 55,0
233 CE Sobral 201.756 110 1 54,5 0,5 55,0
234 PE Jaboato dos Guararapes 686.122 293 87 42,7 12,7 55,4
235 GO Valparaso de Gois 153.255 84 1 54,8 0,7 55,5
236 GO guas Lindas de Gois 187.072 101 3 54,0 1,6 55,6
237 AM Manaus 2.057.711 1130 17 54,9 0,8 55,7
238 RJ Cabo Frio 208.451 105 12 50,4 5,8 56,1
239 PB Patos 106.314 58 2 54,6 1,9 56,4
240 MG Vespasiano 118.557 52 15 43,9 12,7 56,5
66
241 BA Vitria da Conquista 343.230 171 23 49,8 6,7 56,5
242 AL Macei 1.013.773 573 4 56,5 0,4 56,9
243 PE Santa Cruz do Capibaribe 101.485 55 3 54,2 3,0 57,2
244 PR Colombo 232.432 110 23 47,3 9,9 57,2
245 RN Parnamirim 242.384 133 7 54,9 2,9 57,8
246 RJ Araruama 122.865 66 5 53,7 4,1 57,8
247 BA Ilhus 180.213 69 37 38,3 20,5 58,8
248 GO Aparecida de Goinia 521.910 308 0 59,0 0,0 59,0
249 PR Araucria 133.428 61 18 45,7 13,5 59,2
250 BA Salvador 2.921.087 1542 191 52,8 6,5 59,3
251 ES So Mateus 124.575 65 9 52,2 7,2 59,4
252 BA Juazeiro 218.324 125 5 57,3 2,3 59,5
253 PE Caruaru 347.088 193 14 55,6 4,0 59,6
254 RN Mossor 288.162 170 2 59,0 0,7 59,7
255 ES Cariacica 381.802 199 30 52,1 7,9 60,0
256 BA Jequi 161.528 89 8 55,1 5,0 60,1
257 PB Joo Pessoa 791.438 467 9 59,0 1,1 60,1
258 BA Paulo Afonso 119.214 67 5 56,2 4,2 60,4
259 MT Vrzea Grande 268.594 148 18 55,1 6,7 61,8
260 PA Belm 1.439.561 875 15 60,8 1,0 61,8
261 RN Natal 869.954 446 92 51,3 10,6 61,8
262 AL Arapiraca 231.053 141 2 61,0 0,9 61,9
263 BA Itabuna 219.680 124 12 56,4 5,5 61,9
264 PA Parauapebas 189.921 116 3 61,1 1,6 62,7
265 MA Pao do Lumiar 117.877 68 6 57,7 5,1 62,8
266 SE Aracaju 632.744 371 29 58,6 4,6 63,2
267 GO Formosa 112.236 70 1 62,4 0,9 63,3
268 TO Araguana 170.183 105 3 61,7 1,8 63,5
269 PA Paragominas 107.010 67 1 62,6 0,9 63,5
270 RJ Itagua 119.143 73 4 61,3 3,4 64,6
271 RJ Queimados 143.632 86 7 59,9 4,9 64,7
272 MG Betim 417.307 215 57 51,5 13,7 65,2
273 RS Viamo 251.978 156 13 61,9 5,2 67,1
274 PA Castanhal 189.784 124 4 65,3 2,1 67,4
275 BA Feira de Santana 617.528 218 205 35,3 33,2 68,5
276 ES Serra 485.376 315 21 64,9 4,3 69,2
277 PE Igarassu 112.463 60 18 53,4 16,0 69,4
278 CE Caucaia 353.932 209 38 59,1 10,7 69,8
279 GO Trindade 117.454 82 0 69,8 0,0 69,8
280 PA Ananindeua 505.404 352 3 69,6 0,6 70,2
281 GO Senador Canedo 100.367 74 0 73,7 0,0 73,7
282 MA So Lus 1.073.893 758 36 70,6 3,4 73,9
283 PB Santa Rita 134.940 100 0 74,1 0,0 74,1
284 GO Luzinia 194.039 143 2 73,7 1,0 74,7
285 GO Novo Gama 106.677 79 1 74,1 0,9 75,0
286 BA Eunpolis 113.191 66 19 58,3 16,8 75,1
287 BA Alagoinhas 154.495 103 14 66,7 9,1 75,7
288 PR Almirante Tamandar 112.870 72 14 63,8 12,4 76,2
67
289 PA Marituba 122.916 94 0 76,5 0,0 76,5
290 BA Camaari 286.919 207 16 72,1 5,6 77,7
291 BA Barreiras 153.918 1 119 0,6 77,3 78,0
292 CE Fortaleza 2.591.188 1729 295 66,7 11,4 78,1
293 RS Alvorada 206.561 162 4 78,4 1,9 80,4
294 PA Marab 262.085 201 15 76,7 5,7 82,4
295 PE Cabo de Santo Agostinho 200.546 147 24 73,3 12,0 85,3
296 BA Porto Seguro 145.431 123 2 84,6 1,4 86,0
297 PR Piraquara 104.481 83 8 79,4 7,7 87,1
298 BA Teixeira de Freitas 157.804 114 25 72,2 15,8 88,1
299 CE Maracana 221.504 172 26 77,7 11,7 89,4
300 BA Simes Filho 133.202 112 11 84,1 8,3 92,3
301 MA So Jos de Ribamar 174.267 159 9 91,2 5,2 96,4
302 SE Nossa Senhora do Socorro 177.344 159 12 89,7 6,8 96,4
303 BA Lauro de Freitas 191.436 177 10 92,5 5,2 97,7
304 PA Altamira 108.382 114 2 105,2 1,8 107,0
Fonte: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informaes sobre Mortalidade - SIM. O nmero de homicdios no municpio de
residncia foi obtido pela soma das seguintes CIDs 10: X85-Y09 e Y35-Y36, ou seja: bitos causados por agresso mais
interveno legal. Elaborao Diest/Ipea.
68
69

IPEA Atlas Da Violencia 2017

Enviado por

Direitos autorais:

Formatos disponíveis

IPEA Atlas Da Violencia 2017

Enviado por

Dados do documento

Título original

Direitos autorais

Formatos disponíveis

Compartilhar este documento

Compartilhar ou incorporar documento

Opções de compartilhamento

Você considera este documento útil?

Este conteúdo é inapropriado?

Direitos autorais:

Formatos disponíveis

IPEA Atlas Da Violencia 2017

Enviado por

Direitos autorais:

Formatos disponíveis

1

Atlas da Violncia 2017

Renato Sergio de Lima

Luis Ivn Valencia

Pedro Henrique G. Machado

Adriana dos Santos Lima

Rio de Janeiro, junho de 2017

J no primeiro dia de 2017, uma rebelio no Complexo

Em fevereiro, a greve da Polcia Militar no Esprito Santo no

O cenrio supramencionado representa a continuidade da crise na

No obstante, a nossa tragdia diria nos ltimos anos atingiu

Junto com esta publicao estamos inaugurando o portal

Esta publicao trata de anlises aliceradas nos dados do Sistema

Com esta publicao e com o site homnimo ora divulgado, o Ipea

Segundo o Sistema de Informaes sobre Mortalidade, do

Grfico 1.1 Homicdio no Brasil, 2005 a 2015

Nmero de Homicdio Taxa de Homicdio

Fonte: IBGE/Diretoria de Pesquisas. Coordenao de Populao e Indicadores Sociais. Gerncia de Estudos

Alm de outras consequncias, tal tragdia traz implicaes na

Tabela 1.1 - Proporo de bitos causados por homicdios*, por faixa

Faixa etria => 10 a 14 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 54 55 a 59 60 a 64 65 a 69 Total

O Grfico 1.2 mostra que a evoluo das taxas de homicdios ao

Brasil Norte Nordeste Centro-oeste Sudeste Sul

Fonte: IBGE/Diretoria de Pesquisas. Coordenao de Populao e Indicadores Sociais. Gerncia de Estudos

Ao analisar a evoluo dos homicdios por Unidade Federativa de

Todos os estados com crescimento superior a 100% nas taxas de

Nesses 11 anos analisados, cabe destacar o desempenho do estado

Outra observao digna de nota se refere ao fato de que a partir de

Quando analisada a variao das taxas de homicdio no perodo

Nessa anlise, cabe ainda destaque para as maiores diminuies

Taxa de Homicdios por 100 mil Habitantes Variao %

Nmero de Homicdios Variao %

Em 2015, apenas 111 municpios (que corresponde a 2,0% do total

O mapa exposto na ilustrao abaixo apresenta as taxas de

Fonte: MS/SVS/CGIAE - Sistema de Informaes sobre Mortalidade - SIM. O nmero de homicdios na

A fim de analisarmos a prevalncia da violncia letal nos

Todavia, a anlise sobre a prevalncia de violncia nos municpios

Naturalmente, no estamos afirmando que toda MVCI seja

Com o fito de mostrar os 30 municpios (com mais de 100 mil

Tabela 2.2 Os 30 municpios mais violentos em 2015, com

interessante tecer algumas consideraes sobre os municpios

Contudo, ainda que as diferenas socioeconmicas entre dois

A forma e a velocidade como o crescimento econmico afeta o

Apontaremos aqui quatro canais principais pelos quais o

O primeiro deles est relacionado ao mercado de trabalho. O

Por outro lado, a gerao de renda nas cidades, alm de atrair as

Como terceiro canal, junto com o emprego e mercados ilcitos, o

A situao acima ocorre quando as transformaes urbanas e

A categoria intervenes legais e operaes de guerra, registro

Para alm da necessidade de rever os protocolos de registro para

Nos ltimos anos, assistimos a um realinhamento a favor desse

Na sentena, a Corte dispe que o Estado brasileiro deve publicar

Com efeito, desde a promulgao da Constituio de 1988, o

De fato, como se pode observar, o nmero de incidentes de mortes

A letalidade policial e a vitimizao policial que a ela se associa so

Nmero de Mortes por Intervenes Legais por Unidade da Federao

Mortes Decorrentes de Interveno Policial

Desde 1980 est em curso no pas um processo gradativo de

Apesar de esse fenmeno ser denunciado h anos por organizaes