Acordo Geral de Paz

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Acordo de cessao das hostilidades

Acordo Geral de Paz (AGP) de Moambique

A 4 de Outubro comemorado o dia do AGP de Moambique. O AGP foi assinado em Roma, em


1992, entre o governo moambicano e a Renamo, colocando fim a uma guerra sangrenta e
devastadora que se arrastava a 16 anos e que devastou a economia nacional e teve, tambm,
consequncias trgicas para a populao que at hoje se fazem sentir.

O acordo foi composto por sete Protocolos, que regulam questes de carcter poltico, militar,
social e econmico. Para a sua implementao foram constituidas comisses que funcionaram
entre finais de 1992 e finais de 1994.

O AGP deu origem ao ciclo poltico e econmico que ainda hoje vivemos em Moambique.

Antecedentes do AGP

O fluxo de refugiados moambicanos para os pases vizinhos como consequncia do conflito


armado, constitua um elemento de instabilidade, impelindo os Estados doadores, as
organizaes internacionais e o sector privado, a pressionarem a Frelimo no sentido de se
encetarem reformas polticas e econmicas. Contudo as reformas s poderiam ser aplicadas
adequadamente, se enquadradas num processo de paz que conduzisse reconciliao nacional e
a eleies livres.

Em 1989, as partes envolvidas voltam a encontrar-se, desta vez em Nairobi. Esta ronda de
negociaes foi grandemente proporcionada pelos esforos episcopado moambicano que
tentava por todos meios persuadir Afonso Dhlakama sobre a necessidade de transferir o
confronto armado para o campo da luta poltico-diplomtica. Em 1990, as partes renem-se em
Blantyre, Malawi, mas as negociaes no so conclusivas, o que de resto inviabilizou o
encontro.

Acordo Geral de Paz (AGP) de Moambique

Joaquim Alberto Chissano, o ento presidente da Repblica de Moambique, e Afonso


Dhlakama, presidente da Renamo, encontrando-se em Roma, sobre a presidncia do governo
italiano, na presena do ministro dos negcios estrangeiro da republica italiana, e na presena de
Robert Mugabe, Ketumile Masire, George Saitoti, Roelof Botha, John Tembo, Ahmed Haggag,
os mediadores e dos representantes dos observadores. No termo do processo negocial de Roma,
para estabelecimento de uma paz duradoura e duma slida democracia em Moambique, aceitam
como obrigatrio os seguintes documentos que constituem o acordo geral de paz:

Protocolo 1 (dos princpios fundamentais)

Protocolo 2 (dos critrios e das modalidades para formao e reconhecimentos dos partidos
politicos)

Protocolo 3 (dos princpios e das leis eleitorais)

Protocolo 4 (das questes militares)

Protocolo 5 (das garantias)

Protocolo 6 (cessar fogo)

Protocolo 7 (da conferncia dos doadores)

Aceitam igualmente como partes integrantes do acordo de paz de Moambique os seguintes


documentos:

a) Comunicado conjunto do dia 10 de Julho de 1990;

b) Acordo de 1 de Dezembro de 1990;

c) Declarao do governo da Repblica de Moambique e da RENAMO sobre os principios


orientadores de ajuda humanitria, assinando em Roma, aos 16 de Julho de 1992;

d) Declarao conjunta assinada em Roma, ao 7 de Agosto de 1992.

O ex presidente da Repblica de Moambique Joaquim Alberto Chissano e o presidente da


RENAMO comprometeram-se para tudo fazerem para se alcanar uma efectiva reconciliao.
Acordos de Inkomti

Acordo de Inkomti, realizou-se em Pretria, em 1984, a primeira ronda de negociaes entre a


Frelimo e a Renamo. O principal objectivo relacionava-se com a legitimao do poder institudo
e do reconhecimento da Renamo como fora poltica. As negociaes ficariam inviabilizadas por
diferentes motivos como a presena sul-africana e portuguesa que apoiavam a Renamo.

Acordos de Lusaka

Reunidas em Lusaka de 5 a 7 de Setembro de 1974, as delegaes da Frente de Libertao de


Moambique e do Estado Portugus, com vista ao estabelecimento do acordo conducente a
Independncia de Moambique, acordaram nos seguintes pontos.

1. O Estado Portugus, tendo reconhecido o direito do Povo de Moambique a Independncia,


aceita por acordo com a Frente de Libertao de Moambique a transferncia progressiva dos
poderes que detm sobre o territrio nos termos a seguir enunciados.

2. A Independncia completa de Moambique ser solenemente proclamada em 25 de Junho de


1975, dia do aniversrio da fundao da Frente de Libertao de Moambique.

3. Com vista a assegurar a referida transferncia de poderes so criadas as seguintes estruturas


governativas que funcionaro durante o perodo de transio que se inicia com a assinatura do
presente acordo:

a) Um Alto-comissrio de nomeao do Presidente da Repblica Portuguesa.

b) Um Governo de Transio nomeado por acordo entre a Frente de Libertao de Moambique


e o Estado Portugus.

c) Uma Comisso Militar Mista nomeada por acordo entre o Estado Portugus e a Frente de
Libertao de Moambique.

4. Ao Alto-comissrio, em representao da soberania Portuguesa, compete:


a) Representar o Presidente da Repblica Portuguesa e o Governo Portugus.

b) Assegurar a integridade territorial de Moambique.

c) Promulgar os decretos-lei aprovados pelo Governo de Transio e ratificar os actos que


envolvam responsabilidade directa para o Estado Portugus

d) Assegurar o cumprimento dos acordos celebrados entre o Estado Portugus e a Frente de


Libertao de Moambique e o respeito das garantias mutuamente dadas, nomeadamente as
consignadas na Declarao Universal dos Direitos do Homem.

e) Dinamizar o processo de descolonizao.

Direitos Humanos

A aspirao de proteger a dignidade humana de todas as pessoas est no centro do conceito de


direitos humanos. Este conceito coloca a pessoa humana no centro da sua preocupao,
baseado num sistema de valores universal e comum dedicado a proteger a vida e fornece o molde
para a construo de um sistema de direitos humanos protegido por normas e padres
internacionalmente aceites.

Durante o sculo XX, os direitos humanos evoluram como um enquadramento moral, poltico e
jurdico e como linha de orientao para desenvolver um mundo sem medo e sem privaes.

No sculo XXI, mais imperativo do que nunca tornar os direitos humanos conhecidos e
compreendidos e faz-los prevalecer.

O artigo (art) 1 da Declarao Universal dos Direitos Humanos (DUDH), adotada pelas Naes
Unidas em 1948, refere os principais pilares do sistema de direitos humanos, isto , liberdade,
igualdade e solidariedade. Liberdades tais como a liberdade de pensamento, conscincia e de
religio, bem como de opinio e de expresso esto protegidas pelos direitos humanos. Do
mesmo modo, os direitos humanos garantem a igualdade, tal como a proteo igual contra todas
as formas de discriminao no gozo de todos os direitos humanos, incluindo a igualdade total
entre mulheres e homens.
A solidariedade relaciona-se com os direitos econmicos e sociais, tais como o direito
segurana social, remunerao justa, condies de vida condignas, sa- de e educao acessveis,
que so parte integrante do sistema de direitos humanos

Concluso

A assinatura do AGP foi o culminar de um processo que fora iniciado em 1984 com a assinatura
do Acordo de Inkomti entre Moambique e frica do Sul com vista ao alcance da paz e de
reconciliao nacional entre os moambicanos e que conduzisse realizao de eleies
multipartidrias livres e transparentes.

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