O Tratado de Maastricht 1992'

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RELAÇÕES INTERNACIONAIS

E O SISTEMA INTERNACIONAL:

O TRATADO DE MAASTRICHT
1992

Prof: Doutoranda Rhara Nakoneczny Moraes Machado

Alunos:
Ana Luiza Torres 36294501
Evandro O. de Oliveira 38845814
Hemilly dos Santos Ribas de Almeida 37365754

Curitiba
2024
O TRATADO DE MAASTRICHT

O Tratado de Maastricht estabeleceu a União Europeia com três pilares:


Comunidades Europeias, política externa e de segurança comum, e cooperação
em justiça e assuntos internos. O Tratado de Amsterdã fez ajustes para tornar a
União mais eficiente e democrática, enquanto o Tratado de Maastricht promoveu
a livre circulação de bens, pessoas, serviços e capital, visando a estabilidade
política na Europa.

I. O TRATADO DE MAASTRICHT
O Tratado da União Europeia, assinado em Maastricht a 7 de fevereiro de
1992, entrou em vigor em 1 de novembro de 1993.
A. Estruturas da União
O Tratado de Maastricht estabeleceu a União Europeia, promovendo uma
união mais estreita entre os povos europeus. Criou um quadro institucional único,
incluindo o Conselho Europeu, Parlamento Europeu, Comissão Europeia,
Tribunal de Justiça e Tribunal de Contas. Além disso, instituiu o Comité
Económico e Social, o Comité das Regiões, o Sistema Europeu de Bancos
Centrais e o Banco Central Europeu, juntamente com instituições financeiras
como o Banco Europeu de Investimento e o Fundo Europeu de Investimento.
B. Competências da União
O Tratado de Maastricht organizou as competências da União Europeia em
três áreas principais, conhecidas como "pilares". O primeiro pilar incluía as
Comunidades Europeias, que lidavam com questões econômicas e sociais. O
segundo pilar tratava da política externa e de segurança comum, enquanto o
terceiro pilar abordava a cooperação em assuntos de justiça e internos. Esses
pilares funcionavam com base em uma mistura de poderes compartilhados entre
os Estados-Membros e elementos supranacionais, como a participação da
Comissão Europeia e a consulta ao Parlamento Europeu. Esta estrutura
permaneceu até ser reformada pelo Tratado de Lisboa.
1. A Comunidade Europeia (primeiro pilar)
A Comunidade tinha por missão garantir o bom funcionamento do mercado
único, um desenvolvimento harmonioso, equilibrado e sustentável das atividades
económicas, um elevado nível de emprego e de proteção social e a igualdade
entre mulheres e homens. Eram estes os objetivos a concretizar pela
Comunidade, dentro dos limites dos poderes que lhe tinha sido confiados,
através do estabelecimento de um mercado comum e de medidas afins,
consignadas no artigo 3.º do Tratado CE, bem como da adoção de uma política
económica e de uma moeda única, nos termos do artigo 4.º. A ação da
Comunidade devia respeitar o princípio da proporcionalidade e, nos domínios que
não fossem da sua competência exclusiva, o princípio da subsidiariedade (artigo
5.º do Tratado CE).
2. A Política Externa e de Segurança Comum (PESC) (segundo pilar)
A União tinha por missão definir e implementar, através de métodos
intergovernamentais, uma política externa e de segurança comum. Os Estados-
Membros deviam apoiar esta política ativamente e sem reservas, num espírito de
lealdade e de solidariedade mútuas. Esta política tinha como objetivos: a
salvaguarda dos valores comuns, dos interesses fundamentais, da
independência e da integridade da União, de acordo com os princípios da Carta
das Nações Unidas; o reforço da segurança da União sob todas as formas; o
fomento da cooperação internacional; o desenvolvimento e o reforço da
democracia e do Estado de direito, bem como o respeito dos direitos do Homem
e das liberdades fundamentais.
3. A cooperação nos domínios da justiça e dos assuntos internos (terceiro
pilar)
Cabia à União desenvolver uma ação comum nestes domínios através de
métodos intergovernamentais, a fim de proporcionar aos cidadãos um elevado
nível de proteção num espaço de liberdade, segurança e justiça. Esta ação
incidia sobre os seguintes domínios:
— regras relativas à passagem das fronteiras externas da Comunidade e
reforço dos controlos;
— luta contra o terrorismo, a grande criminalidade, o tráfico de droga e a
fraude internacional;
— cooperação judiciária em matéria penal e civil;
— criação de um Serviço Europeu de Polícia (Europol) dotado de um
sistema de intercâmbio de informações entre as forças policiais
nacionais;
— luta contra a imigração clandestina;
— política de asilo comum.
CENÁRIO GLOBAL:
O tratado de Maastricht surgiu como uma repercussão indireta do colapso
da União Soviética. Com o desmoronamento do Muro de Berlim trinta meses
antes, a Europa Central emergiu de quatro décadas de isolamento. Este evento
foi seguido por crescentes demandas democráticas e nacionalistas em todo o
continente, culminando na reunificação da Alemanha em 1990 e no
desmembramento da União Soviética em 1991. O Tratado de Maastricht
representou o segundo marco fundamental na construção da Europa, sucedendo
ao Tratado de Roma de 1957. Ele delineou o curso em direção a uma união
monetária, que entrou em vigor em 1º de janeiro de 1999 para os onze países
então membros da União. Notavelmente, o Reino Unido optou por manter sua
moeda nacional.
O Sistema Internacional passou por uma ampla reconfiguração em seus
princípios políticos, econômicos e militares. O colapso da União Soviética
resultou em um grande vazio de poder estratégico no leste europeu - nações
que, após recuperarem suas soberanias, buscaram reintegrar-se plenamente ao
Ocidente. Consequentemente, durante a década de 90, os países do leste
europeu buscaram integração tanto na esfera de segurança (OTAN) quanto na
política e economia (União Europeia). Diante das mudanças geopolíticas
significativas ocorridas no continente europeu, os eventos de 1992 e 1993
desempenharam um papel crucial na formação da União Europeia.

CONSEQUÊNCIAS ECONÔMICAS:
O Tratado representou o ápice de várias décadas de deliberações sobre o
fortalecimento da cooperação econômica na Europa. Em 1986, os líderes
europeus reviveram o debate sobre a implementação de uma moeda única, e em
1989, comprometeram-se a realizar um processo de transição em três fases.
Com o Tratado de Maastricht, foi pavimentado o caminho para a criação do euro,
a moeda única europeia. Além disso, estabeleceu o Banco Central Europeu
(BCE) e o Sistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC), delineando claramente
os objetivos de ambos. Desde a aprovação do plano para a introdução da moeda
única europeia, o euro ascendeu para se tornar a segunda moeda mais
transacionada globalmente, integrando-se ao cotidiano de aproximadamente 350
milhões de pessoas nos países que compõem a área do euro.
A assinatura do Tratado de Maastricht promoveu a integração dos países
europeus, resultando em um aumento significativo na circulação de pessoas,
serviços, produtos e capitais pelo continente. Isso contribuiu para a diminuição do
nacionalismo, o aumento da expansão econômica e social, e uma maior atenção
ao desenvolvimento sustentável nas discussões políticas.

PRINCIPAIS PARTICIPANTES:
Na data de 07 de Fevereiro de 1992, os representantes de 12 países
assinaram o Tratado que daria início a União Europeia, foram eles: Alemanha,
Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países
Baixos, Portugal e Reino Unido.
Os parlamentos de cada nação subsequentemente ratificaram o Tratado,
ocasionalmente realizando referendos para tal propósito. Oficialmente em vigor
desde 1º de novembro de 1993, o Tratado de Maastricht marcou o
estabelecimento formal da União Europeia (UE) nesta data. Desde então, mais
16 países aderiram à UE e adotaram as disposições estabelecidas no Tratado de
Maastricht e nos tratados subsequentes. Notavelmente, após a saída do Reino
Unido, a UE atualmente conta com 27 Estados Membros.
Por outro lado, no que diz respeito à adesão de novos países membros, a
União Europeia passou por quatro fases de expansão desde sua fundação em
1993. A primeira ocorreu em 1995, quando a Áustria, Finlândia e Suécia foram
admitidas no bloco europeu. Em seguida, em 2004, ocorreu a maior etapa de
alargamento, principalmente para o leste da Europa: Estônia, Letônia e Lituânia
(nações bálticas), Polônia, República Tcheca, Eslováquia, Hungria, Eslovênia,
Malta e Chipre foram os países que aderiram à União Europeia durante a
segunda fase de expansão, em 2004. Posteriormente, em 2007, Bulgária e
Romênia se juntaram ao bloco. Por fim, em 2013, a Croácia tornou-se a nação
mais recente a aderir à União Europeia. Apesar de a União Europeia ter
completado quatro fases de expansão no continente europeu, atualmente há
outros países aspirantes que desejam ingressar no bloco europeu. Nesse
sentido, destaca-se o empenho de alguns países da Parceria Oriental e das seis
nações dos Bálcãs Ocidentais em fortalecer suas relações com a União
Europeia.

TRATADOS RESULTANTES:
Desde que o Tratado de Maastricht foi assinado, houve um aumento na
convergência entre os países da UE, embora certas áreas, como políticas
econômicas e orçamentais, permaneçam sob controle nacional. Os líderes
europeus têm tomado decisões sobre várias medidas adicionais para impulsionar
uma integração mais profunda.
Tratado de Amsterdã: Firmado em 1997, conferiu novos poderes à União
Europeia e promoveu a cooperação no âmbito jurídico e dos assuntos internos do
bloco.
Pacto de Estabilidade e Crescimento: O objetivo do pacto era por sua vez
garantir a continuidade de políticas orçamentárias robustas por parte dos países
participantes. Este pacto foi acordado em 1997.
Mecanismo Europeu de Estabilidade: Ele foi criado para auxiliar países
com instabilidade financeira que tivessem como moeda o euro, causados por
financiamentos.
União Bancária: O Mecanismo Único de Supervisão e o Conselho Único foram
instituídos após a crise financeira com o intuito de aumentar a segurança do
sistema bancário europeu, além de fortalecer a integração e estabilidade
financeira.
Tratado de Nice: Teve como objetivo reformar a estrutura institucional da
União Europeia, a fim de fazer face aos desafios do novo alargamento, assinado
em 2001.

RESPOSTAS E CRÍTICAS INTERNACIONAIS:


O capítulo encerra com uma análise crítica sobre a construção e a
trajetória do regionalismo europeu através da integração econômica comunitária.
Destacam-se três pontos principais:
1. A evolução dos projetos de Europa reflete a ausência de um padrão
uniforme ao longo do tempo, com propostas variadas que se adaptam às
mudanças políticas. O regionalismo atual não resgata nenhum modelo anterior,
mas surge em um contexto pós-Segunda Guerra Mundial, no qual as nações
europeias estavam vulneráveis e buscavam estabilidade e recuperação
econômica.
2. O fator externo, especialmente a estratégia dos Estados Unidos de
reinserir as potências europeias no cenário internacional, foi determinante para a
configuração do regionalismo europeu. Esse processo se baseou em três pilares:
sociopolítico, militar e geopolítico, que permitiram às elites burguesas europeias
manter o controle político dos Estados.
3. Dentro das várias vertentes do regionalismo europeu, a integração
econômica comunitária, que culminou na União Europeia, ganhou destaque.
Originada de propostas conservadoras elitistas e impulsionada pela economia
política liberal, esse processo evoluiu influenciado por transformações
internacionais e pelas contradições entre autonomia e subordinação.
Considerando tudo o que foi discutido, é importante concluir com algumas
observações relevantes. Após uma análise detalhada da institucionalidade que
consolidou o projeto comunitário na forma de uma organização internacional, é
crucial destacar alguns aspectos críticos em relação à estrutura estabelecida pelo
acordo de Maastricht.

CONCLUSÃO:
Tendo em vista o panorama europeu, cabe indagar: outra integração é
possível? Para a reversão deste cenário de deterioração democrática e social é
fundamental que haja a mobilização das massas populares contra a engrenagem
instalada (burguesias e Estados), de forma a desconstruir fantasias e alterar a
dinâmica perversa da realidade, até mesmo para que experiências semelhantes
(com os mesmos erros) sejam evitadas.
Fontes e Referências:

Os Tratados de Maastricht e de Amesterdão | Fichas temáticas sobre a União


Europeia | Parlamento Europeu. Disponível em:
<https://www.europarl.europa.eu/factsheets/pt/sheet/3/os-tratados-de-
maastricht-e-de-amesterdao>. Acesso em: 17 mar. 2024.

Tratado de Maastricht. Disponível em:


<https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Maastricht>. Acesso em: 17 mar.
2024.

BANK, E. C. Cinco factos que precisa de saber sobre o Tratado de


Maastricht. www.ecb.europa.eu, 11 dez. 2023. Acesso em: 17 mar. 2024.

CLIPPING, E. Tratado de Maastricht: Contexto histórico, objetivo e


consequências. Disponível em:
<https://blog.clippingcacd.com.br/cacd/tratado-de-maastricht>. Acesso em: 17
mar. 2024.

FELIPE, L.; OSORIO, B. UM ESTUDO CRÍTICO DA UNIÃO EUROPEIA:


CONTRADIÇÕES DE SEU DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL E NORMATIVO.
[s.l: s.n.]. Disponível em:
<https://www.ie.ufrj.br/images/IE/PEPI/teses/2015/Luiz%20Felipe%20Brand
%C3%A3o%20Osorio.pdf>.

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