26 de fevereiro a 3 de maio de 2014 - Sesc Consolao

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 sumrio / mapa da exposio

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 05 apresentao

07 introduo

38 embrace

man and woman

80 the butterfly dream

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barakei kamaitachi 50

ukiyo-e un homme rodin

68 94

navel and A-bomb 98

105 cronologia

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Kazuo Ohno The Butterfly Dream Eikoh Hosoe

LUZ EM BUSCA DE CORPO

A obra fotogrfica de Eikoh Hosoe explora as relaes entre imagem e corpo, o que no incomum: mui-
tos fotgrafos debruaram-se sobre essa temtica desde fins do sculo XIX, imprimindo-lhe conotaes
diversas. Mas a circunstncia contempornea, marcada pela circulao global de dados, objetos e capital,
tornou o quadro mais complexo, j que assiste crescente produo, compartilhamento e comercializao
da imagem humana.
Vale perguntar se a arte, como se operasse uma fora de ressignificao, poderia agir contra o esva-
ziamento de sentido aparentemente implcito nesse convvio com o excesso. As fotografias expostas em
Eikoh Hosoe: Corpos de Imagens esboam hipteses para esse questionamento, a partir de expedientes
como a nfase na expressividade da figura humana, bem como no cotejamento com a tradio japonesa.
Uma das linhas de fora do trabalho do fotgrafo advm de seu fascnio pelo ser humano em plena
ao performtica. Protagonistas do panorama cultural japons do ps-Guerra como o escritor Yukio
Mishima e o danarino Kazuo Ohno se oferecem como cocriadores e como matria-prima para a cons-
truo visual. As consequncias de tais encontros entre lente e expresso corporal criam pontes entre o
rigor formal e estados de esprito carregados de dramaticidade.
Outro vetor relevante na obra de Hosoe a relao com a tradio, o que o permite situar suas moti-
vaes estticas num tempo dilatado. Exemplo disso a utilizao dos rolos impressos (emakimonos), no
qual a remisso iconografia japonesa combinada com o uso de tecnologias contemporneas. Ganha
relevo aqui um sentido de narrativa, que se espelha na preferncia pelas sries e ajuda a ambientar as
imagens em contexto potico especfico.
Operar no terreno das polticas culturais de interesse pblico significa, para o Sesc, pensar a cultura
como direito. Nesse sentido, uma exposio como Eikoh Hosoe: Corpos de Imagens busca efetivar uma
das facetas desse direito, ao aproximar pblico e produo artstica, no com o intuito de solicitar adeso,
mas de ampliar as opes de escolha. Em que medida as verses imagticas do humano, multiplicadas
por mdias as mais diversas, sero repensadas luz das fotografias agora expostas trata-se de uma inda-
gao que orbita a esfera do incalculvel, tpica do campo do simblico.

Danilo Santos de Miranda

Diretor Regional do Sesc So Paulo

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 A Fundao Japo, criada em 1972, desenvolve O fato de minhas fotografias passarem a ser exi-
suas atividades por meio de trs principais seg- bidas na to distante So Paulo um motivo de
mentos: Intercmbio artstico e cultural, Ensi- alegria para mim. Kazuo Ohno e Tatsumi Hijikata
no da lngua japonesa fora do Japo e Estudos tiveram exposies a seu respeito e minhas obras
japoneses e intercmbio intelectual. Em todos fizeram parte delas.
os segmentos citados, esta instituio trabalha Desta feita, porm, o pblico poder ver em
com o objetivo de manter o intercmbio cultural e nica mostra a minha produo de cinco dcadas,
a compreenso mtua entre os pases do mundo desde Man and Woman, passando por Barakei,
e o Japo. Kamaitachi, The Butterfly Dream, Embrace, at Un
Para impulsionar a compreenso da arte e da Homme Rodin, que meu ltimo trabalho.
cultura japonesa, a Fundao Japo desenvolve Nesta exposio, a apresentao dos traba-
e apoia uma ampla diversidade de exposies de lhos ser feita atravs da antiga tcnica de Printing
artes visuais, que trazem desde obras tradicionais utilizada em Emaki, desenhos que so colados en-
at contemporneas, trabalhando com vrias ins- tre si para formar uma nica obra em rolo, tcnica
tituies no mundo. essa a qual venho me dedicando h alguns anos.
Esta exposio, Eikoh Hosoe: Corpos de Ima- Se nessa oportunidade, ao levar para o pbli-
gens, mais um registro da parceria entre o Sesc co brasileiro o universo do meu trabalho, e con-
So Paulo, prod.art.br e a Fundao Japo, e apre- seguir despertar o interesse desse pblico sobre
senta o extraordinrio conjunto de obras de Eikoh a fotografia japonesa, isto ser motivo de uma
Hosoe, um cone da fotografia japonesa. O olhar imensa alegria.
de Hosoe transporta-nos para uma nova e desa- Para finalizar, gostaria de apresentar o meu
fiadora atmosfera da histria da fotografia ps- agradecimento ao Sesc So Paulo, promotor do
guerra no Japo, e trazer suas obras ao pblico evento, prod.art.br, ao Sr. Hideki Matsuka, que
brasileiro de extrema importncia. se engajou com enorme entusiasmo, tanto para a
Com a certeza de estarmos contribuindo para realizao do evento quanto no projeto do layout
oferecer informaes sobre o Japo e o povo ja- deste espao, e Japan Foundation que prestou
pons, expressamos os nossos sinceros agrade- um grande apoio na concretizao do projeto.
cimentos ao Sesc So Paulo pela parceria nestes
longos anos de relacionamento, possibilitando Fevereiro de 2014
desta forma a efetiva realizao de intercmbio Eikoh Hosoe
cultural entre os povos.

Akira Fukano
Diretor geral da Fundao Japo em So Paulo

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uma narrativa corroda pelo pensamento but

Eikoh Hosoe (1933) faz parte de uma gerao que mudou radicalmente o modo de conceber arte, corpo e
mdia no Japo. Ele conhecido como um dos mais importantes fotgrafos japoneses, embora tambm
tenha chamado a ateno com a sua pequena mas intensa produo cinematogrfica transmiditica.
Um bom exemplo de projeto deste tipo aconteceu em 1960, quando criou, com Shuji Terayama e
Shintaro Ishihara, o Jazz Film Laboratory que reunia experincias de diversos artistas, inclusive o seu
famoso filme preto e branco Navel and A-bomb (O Umbigo e a Bomba Atmica), do qual participaram
alguns danarinos que integravam o primeiro grupo de But, criado por Tatsumi Hijikata.
Foi justamente com Hijikata que Hosoe produziu um de seus ensaios fotogrficos mais importantes:
Kamaitachi. As imagens foram publicadas pela primeira vez em 1969 e reeditadas em 2005 e 2009.
Este ensaio performativo girava em torno da vida rural em Akita, um lugar pobre, muito frio e com ventos
que cortavam a pele. Esta regio, onde Hijikata nasceu e passou a sua infncia e adolescncia, j havia
sido documentada antes da viagem/peregrinao dos dois artistas. O fotgrafo Ihei Kimura (1901-1974) foi
responsvel por algumas das imagens mais emblemticas do lugar e das pessoas que a viviam. No entanto,
nos retratos criados por Hosoe, a presena insistente e subversiva de Hijikata instalava uma nova narrativa
corroda pelo pensamento but. O corpo era invadido pelo ambiente e, muitas vezes, nele desaparecia. O
movimento nunca assumia a sua clausura no enquadramento da foto. E tambm no havia nenhum limite
claro entre figura e fundo, nem entre observador e cena; e muito menos entre sujeito e objeto.
Essa dinmica de sobreposio de imagens, texturas, sombras (e assombraes) reincide, a partir de
ento, na obra de Hosoe. Aciona uma srie de intertextualidades e movimentos que apresentam, em uma
mesma imagem, tempos distintos.
provvel que essa migrao entre linguagens e narrativas tenha se tornado uma das principais
habilidades de Hosoe, tornando inevitvel a sua insero no cinema e na performance.
Mas bom lembrar que nada disso seria possvel sem a sua indiscutvel sensibilidade para criar um retrato.
Nunca um retrato qualquer. Mas aquele que sugere e compartilha a sntese fictcia da vida de algum.

Christine Greiner
curadora

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The Walters Art Museum

infinitas narrativas
Esta exposio traz pela primeira vez Amrica do Sul, uma retrospectiva da obra de Eikoh Hosoe.
So sete sries na qual o corpo, objeto primeiro de todo conhecimento e de toda visibilidade1, o
leitmotiv, o ponto de partida para alcanar os limites e a bordas de nossas almas, de nossas histrias.
o recorte e a composio do corpo que Hosoe usa como almofariz para macerar memrias e emoes
suas, de seus temas, de seu povo criando no imagens solitrias, mas narrativas: matrizes de vida e
campo experimental, sempre aberto e em pleno funcionamento.
A contrapelo da fotografia de sua poca, voltada sobretudo ao plano documental de funo social,
Hosoe persegue o subjetivo da realidade. Suas narrativas partem do desejo e vo se desenhando durante
o processo de criao que s vezes duram poucas sesses, outras vezes duram meses, ou at mesmo
anos. Narrativas infinitas que se atualizam, se desdobram, se sobrepem e se transformam a partir do
olhar de cada espectador, ad infinitum.
Nos ltimos anos, Eikoh Hosoe escolheu mostrar seu trabalho atravs de kakejikus e emakimonos
formatos tradicionais da arte japonesa. Enquanto os kakejikus so painis verticais que devem ser
pendurados, os emakimonos so longos rolos lineares. Ao resgat-los da tradio, Hosoe, como um
alquimista, encontra na forma a maneira de expressar o contedo narrativo de suas fotografias. Arcaico
e contemporneo, mesmo e diverso, na amlgama entre gravura, teatro, dana e literatura que Hosoe
atinge a sua singularidade.
Os corpos aqui presentes, de homens e mulheres, de Tatsumi Hijikata e Kazuo Ohno, de Yukio Mishima
e das esculturas de Rodin, misturam tempos, vividos e imaginados, e espaos, externos ou internos. Suas
tores, seus saltos e enleios envolvem o espectador no somente atravs do olhar, da mera observao,
mas tambm atravs do corpo, que precisa mergulhar num movimento extensivo para apreender a
totalidade da obra de Hosoe em formato emakimono, como se danassem num percurso entremeado
de narrativas. apenas assim, na abertura, que novos tempos e novas histrias vo se revelando obra
prpria de cada espectador.
Finalmente, o que o filsofo japons Kuniichi Uno afirma sobre uma performance do But poderia
sintetizar essa exposio que agora se apresenta ao pblico brasileiro: Trata-se do corpo e do tempo. Um
aspecto especial do corpo revela uma figura singular do tempo. O corpo est sempre l, mas como disse
Hijikata: Nenhuma vez a carne nomeou o que l est nela. O corpo pode estar presente e ausente, e
quando est presente, ele sai da linha contnua do tempo que corre determinado pela ao, a significao,
a economia, a representao do mundo. um outro tempo que surge na ferida desta linha rompida.2

Ricardo Muniz Fernandes

curador

1 G. Didi-Huberman. O que vemos, o que nos olha. Trad. Paulo Neves. So Paulo: Editora 34, 1998.
2 K. Uno. A gnese de um corpo desconhecido. Trad. Christine Greiner. So Paulo: n-1 edies, 2012.

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Tatsumi Hijikata Kamaitachi Eikoh Hosoe

Tatsumi Hijikata e Eikoh Hosoe, como um Duplo Espiral:
Danarino But e Fotgrafo

Foi no ano de 1959, Eikoh Hosoe viu pela primeira vez a dana de Tatsumi Hijikata, Kinjiki [Cores
proibidas], considerada obra inaugural do But.
Entusiasmado por essa dana nunca vista, procurou o danarino. Desde ento, deu-se o incio da
amizade que os uniu durante toda a vida e tambm o comeo da vida de um fotgrafo que testemunhou
o nascimento e acompanhou o desenvolvimento do But.
Hosoe cedo iniciou a atividade como freelancer e, j em 1956, realizou a sua primeira exposio
individual. Na poca em que Hosoe, com sua fina personalidade moldada pela origem citadina, comeava a
se estabelecer atravs de sua vigorosa atuao como artista, Hijikata, cinco anos mais velho, experimentava
uma agonia criativa, remoendo-se na pobreza e no sentimento de inferioridade por ser algum do interior.
A Kinjiki liberta, entretanto, Hijikata para o novo universo. A obra foi um ponto de ignio da revoluo
na dana moderna no Japo e, ao mesmo tempo, um hipocentro que originou uma nova arte.
Nesse processo, Yukio Mishima desempenhou um grande papel. Admirado e maravilhado pela
ritualidade, pela pureza do ato de dana em si que observou no ensaio de Hijikata imediatamente anterior
apresentao de Kinjiki, Mishima eleva essa manifestao como o espetculo mais interessante em
toda a cidade de Tquio.
O respeito de Mishima pela dana de Hijikata, o apoio que deu s suas atividades, incentivou o
danarino desconhecido, nutrindo-o de coragem coragem, esta, que foi a base de sua criao, tornando-
se elemento fundamental para o estabelecimento do But.
Enquanto isso, Hosoe crescia como fotgrafo. Em 1960, foi realizada a exposio individual Man and Woman.
No ano seguinte, o livro de ensaio fotogrfico com o mesmo ttulo lanado, levando Hosoe ao estrelato.
Hijikata um dos modelos deste livro. A foto em que ele aparece far parte do catlogo de seu
primeiro recital, conhecido como Portflio de Eikoh Hosoe, dedicado a Tatsumi Hijikata. Mishima, ao ver
as fotos de Hijikata feitas por Hosoe, encomenda ao fotgrafo uma imagem para a capa de seu prximo
livro, bem como seu retrato para contracapa.
A srie tirada para este propsito origina a coletnea Barakei.
A sesso de fotos para Barakei comeou na residncia de Mishima, com seus ornamentos em estilo
europeu meridional. Em seguida, foram feitas algumas tomadas no estdio Asbestos, ateli de Hijikata,
tendo como modelo os dois.

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 A coletnea teve um acabamento algo escandaloso, provocado pela personalidade de Mishima. A
expresso masoquista causada pela nudez e pela tendncia homossexual do prprio escritor causa uma
sensao hertica extrema. Mas Hosoe, ao elevar o corpo humano ao sublime, logrou realizar suas
fotografias no firmamento das artes.
Dois anos aps a edio de Barakei, Hosoe inicia o processo de produo de Kamaitachi.
As duas obras mantm um elo profundo no universo de produes do fotgrafo. Para tanto, foi decisivo
ter duas existncias icnicas da literatura e da arte performtica do ps-guerra como objetos fotogrficos.
Hosoe define essa linhagem de obras como documental subjetiva. Em comum, existe o fato do fotgrafo
se confrontar com um corpo; de um lado, o corpo de um escritor, do outro, o de um danarino de But.
Evidentemente, h diferenas radicais entre essas obras. Enquanto em uma as fotos so produzidas
num ambiente artificial, interior (com exceo daquelas feitas no jardim), a outra realizada sobretudo a cu
aberto, no ambiente natural. A escolha de Tohoku, regio nordestina do arquiplago japons, caracteriza a
obra simultaneamente, j que uma referncia territorial ligada aos temas de expresso corporal do But.
Essa regio significa muito tanto ao autor, Hosoe, quanto ao modelo-objeto, Hijikata.
Hosoe de Tquio, mas veio luz em Yamagata, terra dos ancestrais de sua me, para onde ela foi
para realizar o parto. Hosoe nada lembra dessa passagem, pois retorna a Tquio aos trs meses de vida.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Hosoe refugiou-se em Yonezawa. Foi durante o refgio coletivo, com
colegas sextanistas da escola primria, que Hosoe experimenta a vida no campo. Embora curta, essa
vivncia de Tohoku deixa um marca profunda no jovem.
O local da sesso fotogrfica de Kamaitachi fica na provncia de Akita, regio vizinha provncia de
Yamagata. Para Hosoe, essa viagem quela regio, junto com Hijikata, significava uma viagem de registro
de memrias da sua poca de refgio.
Para Hijikata, entretanto, Akita era a sua terra natal. Para ele, a sesso significava um retorno triunfante
s terras ancestrais. Se o But nasceu de sementes filosficas e artsticas ocidentais, foi no Japo que ele
brotou e, durante o trabalho, Hijikata teve a plena certeza de que isso aconteceu em Tohoku.
Por obras do destino, os dois artistas seguiram Akita, portanto, com uma grande questo em comum:
O que o Japo?
O local de produo ficava numa pequena vila de Tashiro, distrito de Ugomachi, no sul da provncia de
Akita. Nesta cidade ficava a sede do cl ao qual Hijikata pertencia. Da vila da sede, at o local de produo,
havia muitas estradas ngremes e em curvas. Aps percorrer os morros de Nanamagari, encontra-se uma
pequena comunidade agrcola instalada numa rea cercada de montanhas. uma paisagem sem grandes
caractersticas, na qual reina a calmaria o que causa, repentinamente, a estranha sensao de que se
est num espao mgico. Ali o palco da sesso fotogrfica de Kamaitachi.
O que significa Kamaitachi? Hijikata explica:

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 um fenmeno que causa um ferimento, que faz sangrar, e advm do surgimento de um vcuo
causado por redemoinhos que se formam devido a diferena de presso atmosfrica. Embora contenha
a palavra Itachi, que significa fuinha, trata-se de um fenmeno natural.
Por que enxergamos mais um animal do que um fenmeno da natureza na srie Kamaitachi, de
Hosoe? No h outra explicao a no ser a intensa frico que Hijikata provoca na sensibilidade de quem
olha as fotografias. Por exemplo, quando corre desenfreadamente pelo campo de arroz ps-colheita, com
um beb no brao esquerdo e com o direito estendido para trs. At por causa da grossa pigmentao da
foto de Hosoe, Hijikata causa a impresso de ser uma fuinha.
Shuzo Takiguchi escreve, no prefcio de Kamaitachi:
Tatsumi Hijikata usa sua maestria na dana para penetrar abruptamente no centro do vcuo que existe
entre o tempo e o espao, descendendo para ponto mais prximo do local em que nascemos. Ele chegou
ao ninho do vcuo, o lar de kamaitachi, a fuinha-foice.
O que aconteceu, ento, neste ninho do vcuo?
Hosoe comenta: Num gesto extremamente deselegante, num ato de puro desrespeito, foi realizada a
sesso de fotos em Tashiro. Hijikata brincou com as crianas, sentou-se entre os camponeses, sequestrou
o beb, defecou no meio da plantao, fez com que o carregassem numa liteira improvisada, feita de
pontaletes de madeira.
Tudo ocorreu, nas palavras de Hosoe, como num ato de happening, violento e instantneo. Foi algo
que nem o cinema, nem a televiso, nem a pintura ou a literatura conseguiriam realizar. Somente a arte
fotogrfica.
Hijikata, brincalho, atraa as crianas. Sendo palhao, causava riso nos camponeses. Hijikata era um
humilde imbecil, um Xam, um rei dos tolos que surgira na vila. Naquela comunidade calma, foi a
apario do corpo, que emana raios e redemoinhos, e a ao do fotgrafo, que induz o espectador s
tamanhas tonturas, que fez nascer Kamaitachi.
Hijikata diz, ainda: No que eu fosse o kamaitachi, quem foi, era aquele que fotografava. Que rasgava
o espao. A srie foi feita a partir deste ponto de vista.
Kamaitachi. Creio ser tima denominao. A lente do fotgrafo e o corpo do danarino se tornam
kamaitachis e, como se fossem um duplo espiral, rasgam a pele e a carne de um e outro.
A exposio de Kamaitachi foi realizada em maro de 1968 em Tquio, no Salo Nikon, sob o ttulo
Uma extravagante tragicomdia Um drama fotogrfico estrelando o gnio japons do But, Tatsumi
Hijikata. E o livro Kamaitachi sai do prelo no ano seguinte.
Como se v, o ttulo da exposio ainda no era Kamaitachi. Durante a produo das fotos ainda no
existia Kamaitachi. Hijikata era apenas um estranho no cenrio buclico daquela comunidade.

Takashi Morishita
curador

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 Man and Woman das fotografias, como ele deveria cri-las a fim
de que as pessoas pudessem entender o que
Imagem e Ideia ele queria dizer? Quem entenderia este trabalho,
que mais parecia uma representao de ritos de
Tatsuo Fukushima alguma seita esquisita?
Era um domingo e a maior parte de seus
Certo dia, Hosoe me pediu que o acompanhasse vizinhos estava fora. Eu abri a porta de seu
para comprar algumas maquiagens de teatro. estdio e o encontrei sozinho com uma modelo,
Paramos numa pequena loja em frente ao Teatro fotografando, absortos. Ele me cumprimentou
Nichigeki, que dispunha de alguns restos de com um Bem? e seguiu fotografando,
materiais de toalete e acessrios baratos. Ele regulando a cmera, e dando direes modelo.
escolheu maquiagens de cores variadas. Eu Tirei meus sapatos em silncio e me movi para
fiquei extremamente curioso com o que ele trs dele. Levando o meu rosto o mais prximo
pretendia fazer. Primeiro, usarei preto e amarelo. que podia para o nvel de sua cmera e da
Depois, vermelho e verde, e depois rosa. E quero modelo, tentava ver o que ele fotografava e o que
branco, tambm. tentava alcanar.
Foi com interesse que assisti sua preparao Olhei por sobre seu ombro quando ele
para o trabalho com estas maquiagens no dia ajoelhou para observar o vidro fosco e liberar
seguinte. Antes de comear a fotografar, ele as o obturador, e comecei a perceber algo do
aplicou, em padres fantsticos, no rosto e nas significado que existia por trs das imagens
mos de sua modelo, pintando a face metade de cada uma das fotografias agora dispostas
preta, metade branca, traando um crculo ao lado a lado em Man and Woman. Eu vi homem
redor dos olhos, ou colocando um corao e mulher em estado de caos, gritando,
vermelho na testa. Qualquer pessoa se sentiria silenciosamente, o grito desesperado da vida,
inclinada a pensar que ele havia perdido a cabea. alvos sobre os quais luz e trevas e toda a
Pode ser por esta razo que este homem, um existncia haviam se concentrado.
tipo geralmente despreocupado, parecia desta Foi primeira vista uma cena de paixo e
vez relutante em ser visto trabalhando. poder estranhos e misteriosos, raiva e quietude.
Se este trabalho poderia resultar em As poses da modelo sob a clara luminosidade do
fotografias, e, em caso positivo, se as pessoas estdio e, em especial, sua estranha maquiagem
poderiam entend-las, eram questes sobre as me fizeram entender o que Hosoe tentava
quais o prprio Hosoe no tinha a menor ideia. expressar em termos simblicos ao pintar aquela
Como ningum antes havia experimentado este maquiagem teatral em seu corpo e seu rosto.
tipo de trabalho, ele tinha que faz-lo totalmente Aps observ-lo em silncio por algum tempo,
por conta prpria. Mesmo que pudesse eu dei um passo para trs, fiz um grande desvio
possivelmente expressar suas ideias por meio circundando-o, e deixei o estdio.

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 Durante os seis meses seguintes, Hosoe A foto de uma mulher encarando o espectador
trabalhou furiosamente, como se possudo por com uma flor entre os lbios no um retrato da
um demnio, para capturar com a lente de sua modelo, tampouco uma imagem glamorosa de
cmera as imagens que ele sentia que devia ter pasquim.
e que representariam a fria de sua existncia De novo, a imagem da modelo, lanada
interior em busca de canais para o exterior. insensivelmente sobre o cho como um osso de
Ele experimentou continuamente. Encharcou cachorro, junto aos trs braos masculinos, no
sua modelo com gua, trouxe modelos , obviamente, um nu convencional. V-la como
masculinos, experimentou novos tipos um nu nonsense discernir sua inteligncia, mas
de papel sensibilizado para novos efeitos, perder totalmente a seriedade da imagem.
posicionou e reposicionou seus modelos Um editor de revistas fez a mim o seguinte
infinitamente, os fez assumir inmeras novas comentrio, Muitas das imagens me parecem
expresses. Experimentou cores, mas os tons homossexuais. De fato, todos os crticos que
de cor tendiam a ser harmoniosos demais e viram as imagens invariavelmente mencionaram
resultar em imagens meramente agradveis. sexo em seus comentrios. Alm do ttulo, por
Decidiu-se contra a cor e enterrou as fotos que todo mundo pensou dessa maneira sobre
coloridas em seus arquivos. Elas eram boas e Man and Woman?
teriam causado aplausos em uma exposio No campo literrio, o comentrio normal para,
convencional, mas no eram o que ele buscava por exemplo, Sexus, de Henry Miller, que ele
para seus propsitos particulares. Ele descartou trata de problemas sexuais modernos, ou que
impiedosamente e selecionou rigidamente, Dirio de um Ladro, de Jean Genet, sobre
transitando, de suas ideias iniciais, para um homossexualidade. A obra de Hosoe representa
tratamento mais rgido e austero nas escolhas o primeiro caso no qual a fotografia atraiu
finais que geraram esta srie. comentrios deste tipo.
A obscuridade e granulao criadas pela A fotografia geralmente descrita como
grossa maquiagem foram descartadas. As um registro literal, grfico de coisas fsicas e
cores violentas e formas estranhas com que ele eventos. Mas em Man and Woman, o fotgrafo
iniciara foram reduzidas maquiagem do olho busca deliberadamente representar sentimentos
da modelo, a flor entre seus lbios, o pequeno interiores, incluindo sexuais, e expressar por
pssaro trazido nas mos, o polvo sobre o brao, meio de imagens seu prprio conflito interior.
e, acima de tudo, o tratamento preto-e-branco Ele alcana isso em certa medida porque as
dos olhos, dentes, lbios e seio da mulher e o imagens do ao espectador um novo insight.
vigoroso peito do modelo masculino. Tudo nas Elas mostram que possvel tratar com a cmera
fotografias fora transformado em expresso algumas situaes da vida que tradicionalmente
simblica. pertenceram ao meio do romance.

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 At ento, fotografias de nu eram julgadas parte do seu significado, mas a ideia de
boas ou ruins essencialmente sobre bases homossexualidade aqui vai alm daquela
estticas e nunca como juzos intelectuais sobre fisicamente ertica, como contraparte
problemas modernos do sexo. A fotografia tem heterossexualidade.
sido confinada a seu papel tradicional como o Um exemplo disto a ltima imagem no livro
registro impassvel de aparncias exteriores, um corpo masculino musculoso, delicado na
mas Hosoe, aqui, utiliza a tcnica fotogrfica gentileza dispensada a dois pequenos pssaros,
para o tratamento de faces e corpos de homem trazidos nas mos em concha.
e mulher a fim de representar ou simbolizar Hosoe buscou como fotgrafo a
conflitos interiores. resposta para o problema da representao
Do ponto de vista convencional, uma imagem psicolgica partindo de seu fundamento um
de nu somente isso, uma imagem de um desnudamento literal at o essencial. Para ele,
assunto humano um retrato, o material humanidade significa a relao entre homem
fotografado sempre d as bases para sua e mulher, a ligao entre seres humanos de
apreciao. Em documentrios, os nicos sexualidade concreta. sentimento humano no
problemas trazidos tona so problemas sociais, que h de mais profundo, de amor no interior do
e a questo mais profunda da prpria vida dio, de liberdade no interior do amor, da alegria
sempre deixada de lado. no interior da liberdade.
A imagem de mulher de Hosoe no Hosoe disse:
expressa a beleza da modelo, seu carter ou Meu Man and Woman desta vez foi uma
individualidade. No tampouco um retrato de tentativa de capturar o drama humano, seus
mulher nem mesmo uma imagem de um ser ritos secretos mantidos na escurido. Em meu
humano. Suas imagens do corpo humano no prximo Man and Woman, eu pretendo traz-lo
so representaes de nudez como tais. Ele luz do cu, da terra e do sol.
simplesmente utiliza o corpo humano como um
meio, e um meio poderosamente expressivo,
para investigaes da verdade artstica e
psicolgica.
Man and Woman no requer classificao
ou definio. Obviamente, a srie induz o
espectador a pensar sobre sexo. Parece-me que
o fotgrafo consegue, atravs das camadas das
imagens, transmitir ao espectador as imagens e
ideias subterrneas que ele traz na mente.
O editor que v elementos de
homossexualidade nestas imagens entendeu

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 barakei

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Barakei Este o registro de nossa estadia, como contado
pela cmera de Hosoe.
Yukio Mishima Diante daquela cmera, como eu logo
percebi, meu prprio esprito e meu psicolgico
Um dia, sem aviso, Eikoh Hosoe apareceu e se tornaram totalmente redundantes. Foi
me transportou fisicamente para um estranho uma experincia emocionante, um estado de
mundo. Eu j havia visto um pouco do trabalho coisas com o qual h muito eu sonhava. Hosoe
mgico que a cmera podia produzir, mas o simplesmente explorava, atravs de sua cmera
trabalho de Hosoe no uma simples mgica, muito como o romancista utiliza as palavras e o
nem mesmo um tipo de feitio mecnico; o compositor, os sons as vrias combinaes em
uso desse civilizado instrumento de preciso que os objetos a serem fotografados poderiam
para propsitos absolutamente opostos ser dispostos, bem como a luz e a sombra que
civilizao. O mundo para o qual fui abduzido, resultariam daquelas possveis combinaes.
sob o feitio de suas lentes, era anormal, Para ele, em sntese, os objetos correspondem
deformado, sarcstico, grotesco, selvagem e s palavras e aos sons; so despidos de seus
promscuo... ainda assim, havia ali uma clara vrios significados e arremessados num arranjo,
corrente subterrnea de lirismo que murmurava tambm sem significado, em que a reflexo sem
gentilmente atravs de seus canais invisveis. significado de uns aos outros eventualmente
Era, em certo sentido, o reverso do mundo em restaura uma certa ordem luz e sombra.
que vivemos, onde nosso culto s aparncias somente atravs desses meios que os
sociais e nossa preocupao com a moral pblica elementos com os quais ele compe podem
e a higiene criam esgotos sujos e desagradveis adquirir uma qualidade abstrata, similar quela
que se retorcem abaixo da superfcie. Diferente das palavras e dos sons. Um requisito inicial
do nosso, o mundo para o qual fui levado para esse processo, claro, que os objetos
era uma cidade estranha, repelente nua, fotografados tenham algum significado do qual
cmica, desgraada, cruel, e, mais do que isso, possam ser despidos. Por isso era necessrio
demasiadamente decorativa contudo, em seus que o modelo humano fosse um escritor, e
canais subterrneos flua, inesgotavelmente, uma que o pano de fundo consistisse de pinturas
corrente difana de sentimentos puros. renascentistas e mobilirio barroco espanhol.
SIM, ERA ESTRANHA A CIDADE PARA QUAL Estes no compunham, entretanto, um modo
FUI LEVADO... uma cidade que no se encontra de realizar stira ou pardia, mas de atingir o
no mapa de terra alguma, onde Morte e Eros estilo nico de abstrao do fotgrafo. O uso, por
brincam desenfreadamente ao longo das praas, exemplo, de A Vnus Adormecida, de Giorgione,
na clara luz do dia... Ns permanecemos nessa ou O Nascimento da Vnus, de Botticelli,
cidade do outono de 1961 at o vero de 1962. tem uma significncia bastante diferente da

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monomanaca pardia de Evening Bells de Dal. fotgrafo, consagrados metamorfose incerta
Se o fotgrafo deve criar obras que representem que deveria ocorrer como resultado da situao
seu esprito do mesmo modo que artistas de ritual to diligentemente organizada. Para mim,
outros gneros, ele precisa primeiro sem ter eu estava em um mundo objetivo no qual olhos
nada pronto, nenhum componente abstrato como abertos ou fechados, rejeio e afirmao, eram
palavras ou sons , fornecer outros meios para a reduzidos a precisamente o mesmo significado.
alcanar a abstrao. Parece-me que antes que a fotografia
Antes de tudo, portanto, a exterioridade possa existir como arte, ela deve, pela sua
dos objetos a serem fotografados deve ser prpria natureza, escolher se ser registro
precisamente definida, e um certo estado ou testemunho. Mesmo que se use lentes
de coisas estabelecido, de modo que, por especiais, o assunto distorcido, a cmera s
exemplo, o olho do modelo possa ser, de sabe como relacionar as coisas diretamente.
maneira bem simples, seu olho e suas costas. Ainda que abstrata, a composio, ou seja, o
Diante da cmera de Hosoe, fui treinado at que significado individual da relao estabelecida
significasse exatamente a mesma coisa, para entre objetos, permanece, inevitavelmente,
mim, olhar diretamente para a lente ou virar como um tipo de precipitado no dispersvel. A
completamente minhas costas para ela. Se a maior funo do fotgrafo extra-lo atravs de
carne das minhas costas e a retina de meu olho dois mtodos. Estas alternativas so o registro e
fossem ambos tratados simplesmente como o testemunho.
exterioridades, que sentido poderia ter olhar? As obras-primas da fotografia jornalstica
pertencem primeira classe. As imagens que o
CONTUDO, EU NO ERA O NICO fotgrafo extraiu da realidade, sejam de eventos
COLOCADO NUMA POSIO EM QUE OS particulares, seja da reao angustiada dos
OLHOS NO CONTAVAM. Era o mesmo para homens aos mesmos, j carregam em si um selo
Hosoe como fotgrafo. De modo bastante bvio, de autenticidade que o fotgrafo incapaz de
medida em que espreitava a ocular do visor, ele alterar, mesmo que minimamente; o significado
aguardava que alguma metamorfose tomasse dos objetos, por um processo de purificao,
os objetos que via dali. Do incio ao fim, suas torna-se, ele prprio, tema da obra. Pode-se dizer
operaes eram destinadas a preparar um estado que a fotografia que escolhe o registro toma a
de coisas em que seus prprios olhos pudessem autenticidade absoluta do objeto fotografado
ser trados, em que uma reverso bem-sucedida, como sua forma, e a purificao do significado
do tipo de imagens primrias j vistas em seu como seu tema. Por outro lado, quando o
mundo subconsciente, pudesse ser atingida. fotgrafo escolhe testemunhar, o significado dos
Assim, os objetos a serem fotografados objetos descritos pela cmera perde algumas
eram escolhidos, dispostos... algumas vezes, partes no processo de ser extrado, enquanto
literalmente presos e, junto com o prprio outras partes so distorcidas e encaixadas

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em um novo ambiente, para assim servirem
como elementos formais da obra; j o tema da
obra reside unicamente na expresso do juzo
subjetivo do fotgrafo. Seu testemunho tudo:

Isto verdade.
Isto uma fotografia, e como voc a v:
no h mentiras nem enganos.
A arte de Hosoe , de modo supremo, aquela
do testemunho, a definio dada h pouco
pode se encaixar em exemplos concretos de
seu trabalho. No modo como ele trata uma nica
rosa, por exemplo... Essa rosa em particular
incorpora o conceito geral da coisa chamada
rosa que a maioria dos homens guarda em
seus crebros, assim como vrios significados
especiais implcitos em seu local de origem,
a espcie, a forma e a cor. A lente da cmera
descreve, no somente a rosa, MAS TAMBM
O SEU SIGNIFICADO. , de fato, somente
este significado e no a imagem com o
qual se pode brincar e retorcer no processo de
desvelamento do testemunho. Numa fotografia
documental, o significado seria ele prprio o
tema da obra, mas, aqui, o significado da rosa
transformado e trabalhado como um elemento
formal da composio. aqui que ele pode se
tornar, pela primeira vez, uma rosa na forma de um
palcio, uma rosa como um elefante, uma rosa-
-tero, uma rosa flica... E ainda assim, o elefante
e o tero permanecem, no o tema da obra, mas
como meros elementos formais. O tema consiste
to-somente no testemunho de Hosoe:
ESTA A VERDADEIRA ROSA.
ISTO UMA FOTOGRAFIA, E COMO VOC
A V: NO H MENTIRAS NEM ENGANOS.

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 Pode-se detectar aqui, elevado a um nvel Retribuio da rosa
incomparavelmente mais alto, o mesmo apelo
Por seus rgidos costumes, os xeiques
emocional pattico que reside oculto em
ofereciam seu smen,
toda falsa fotografia espiritualista, em toda
cuidadosamente preservado em gua de rosas
fotografia pornogrfica; pode-se suspeitar que
como prova de poder masculino.
o estranho, que o perturbador apelo emocional
da arte fotogrfica consiste somente nesse Allen Edwards: Jewel in the Lotus [Jia na Ltus]
mesmo e repisado refro: este um fantasma
verdadeiro... isto uma fotografia, e como
voc a v: no h mentiras nem enganos.
Esta alegao, este testemunho, eu sinto,
constituem o todo da mensagem pessoal de
Hosoe. Seria, de fato, somente atravs desse
montono refro que qualquer auto-revelao se
faz possvel ao fotgrafo?
Ainda que suas obras sejam vibrantes, com
um frgil, mas intenso tremular de emoo...
a emoo do testemunho no pode tomar
parte na credibilidade objetiva. Por que voc
no acredita, quando uma fotografia? Por que
voc no acredita, quando algo que realmente
ocorreu perante meus olhos? Mal sonhavam os
antigos fotgrafos, com suas engenhocas em
forma de caixa, cobertas com forro vermelho,
que a fotografia... este produto da civilizao
da mquina, este todo-poderoso monarca do
realismo, mais realista que o mais realista dos
pintores... seria utilizada para um testemunho
to irnico! A solido destas obras origina-se
da, da repetio do mesmo testemunho a cada
vez numa chave diferente; e aqui, eu afirmaria
sem hesitao, reside a poesia da fotografia.
O fotgrafo olhou atenta e claramente, com
seus prprios olhos, para metamorfoses
desconhecidas, e testemunhou em seu nome.

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O Relgio que ri Profanaes diversas
e a testemunha inerte
Ey, Parvutee!
A boca de uma mulher sempre pura.
Parvutee veyshah-sey
Assim tambm o pssaro que apanha o fruto.
Sumvhaushun punyeh hey,
O bezerro puro quando flui o leite da me
Paupeh nushow hey!
vaca, e o co de caa que apanhou o veado
tambm puro. Oh Tu de Peitos Montanhosos!
Ter relaes carnais com a deusa
Cdigo de Manu*
Parvutee uma virtude que destri todo pecado.

Allen Edwards: Jewel in the Lotus [Jia na Ltus]

A ronda diria do cidado

Ele, de postura ereta e inflexvel, mas manso

e perseverante, que se esquiva,
do cruel e no faz mal aos seres viventes:
se ele assim viver para sempre,
ento pela limitao de seus ganhos e
atravs de doaes ele alcanar a beno do cu.

No permita a dana.
No permita o canto.
No permita o tocar de instrumentos,
nem o bater de palmas,
nem o ranger de dentes.
No permita qualquer grito estranho de
excitao.

Cdigo de Manu*

* Cdigo de Manu: Conjunto de livros redigidos entre os

sculos II a.C. e II d.C. que constituem a legislao na ndia

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 embrace

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Embrace de isolamento que recusa a se emancipar.
Essa mesma corrente subterrnea aparece em
Yukio Mishima sua srie cmica e cruel, Kamaitachi, ou The
Weasels Sickle [A Foice da Fuinha] Deus est
A beleza lancinante da srie de fotografias do morto e seres humanos nus encaram o mundo
Sr. Eikoh Hosoe intitulada Embrace me tocou sem vergonha ou orgulho.
profundamente desde que as vi pela primeira Uma das razes para o sentimento de pathos
vez, publicada numa revista. Aquela viscosidade que Embrace propicia decorre da representao
que se associa ao sexo aqueles odores terrosos dos humanos como sendo empurrados com
e temperaturas de rgos internos macios e de fora para o canto, capazes de expressar seu
formas indeterminadas foi meticulosamente arrebatamento somente por meio de uma
removida destas fotografias. Para mim, esta tenso rgida e obstinada. Os modelos nas
uma srie repleta de uma beleza forte e atltica. fotografias parecem estar lutando uns contra
Mais que tudo, uma srie sobre a forma. os outros. Ento, de repente, a carne alva,
No se deve pensar no Sr. Hosoe como algum reluzente e lrica aparece como neve suave que
vagando nos domnios do abstracionismo. No cai por entre eles. A alvura desta carne no
do seu feitio criar uma obra abstrata sobre a uma alvura fluida que desaparece num instante,
carne humana e ento associar outros sentidos a mas uma alvura de extrema elegncia, que
ela. O brilho original que a carne humana possui inspira espanto e nunca desvanece.
insubstituvel e no pode ser alterado pelo A dignidade de Embrace capaz de
estilo. A carne no tem nenhuma caracterstica fazer balanar aqueles acostumados a ver
prpria alm de sua luz; ainda assim, ao dividi-la fotografias comuns de nu. Ela expressa a
em partes, como Hosoe o fez, ela libera ainda verdadeira nobreza da natureza e representa
mais luz natural por um certo tempo e espao. os eternos anseios do mecanismo da cmera.
Movendo-se para perto da carne, sua cmera Como amigo ntimo de Eikoh Hosoe, eu o
captura habilmente estas imagens nicas do tenho acompanhado na jornada que o levou
corpo como uma raposa sagaz desce o morro e criao de sua obra, e sempre o respeitei
captura um frango no galinheiro. como um mestre da autodisciplina como
Embrace cria uma conscincia do ser humano algum que no deixa de colocar a sua frente
como uma criatura pattica, elegante e poderosa. patamares cada vez mais altos. Nesse sentido,
Contudo, eu hesitaria em cham-la de cntico de pode-se dizer que Embrace foi um patamar
louvor humanidade, pois ela tambm possui especialmente desafiador, alcanado com um
uma corrente subterrnea de melancolia. Esta nvel adicional de maestria.
melancolia atravessa toda a arte de Hosoe e
pode ser melhor expressa como uma sensao Setembro de 1970.

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 kamaitachi

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A Fotografia
de Eikoh Hosoe
Donald Keene
Capturar um momento precioso que, de outra
maneira, passaria desapercebido, uma das
funes da cmera. E tambm o cerne das
formas breves da poesia japonesa. O poeta
Takuboku Ishikawa (1886-1912) relata por que
preferia escrever poemas tanka1 em apenas
trinta e uma slabas em vez de poemas sem
limite de extenso:

As pessoas dizem que a forma tanka

inconveniente porque muito curta. Eu penso
que ser curta precisamente o que a faz
conveniente. Ns somos constantemente
submetidos a tantas sensaes, vindas tanto
de dentro como de fora de ns mesmos, que as
esquecemos assim que elas ocorrem, ou mesmo
que nos lembremos delas por um instante,
acabamos nunca, nem mesmo uma nica vez
em todas as nossas vidas, expressando-as
Apesar de uma sensao poder durar apenas
um segundo, um segundo que nunca mais
retornar. Eu me recuso a deixar tais momentos
escaparem. A maneira mais conveniente de
expressar tais experincias atravs do tanka.2

1 [N.T.] Forma potica breve tpica do Japo.

2 Ishikawa Takuboku, Dawn to the West [Alvorecer para o Oeste], vol. 2.

Nova Iorque: Holt, Rinehart e Winston 1984, pp. 43-44.

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 Uma maneira igualmente conveniente de para provar que eles podiam fazer mais do que
registrar tais experincias com uma cmera celebrar a beleza da mudana das estaes.
fotogrfica. Frequentemente, costumava-se Mas muitos dos melhores poetas do perodo
retratar os japoneses, em desenhos, carregando ps-guerra escolheram se expressar em formas
uma ou mais cmeras, prontos para fotografar no tradicionais que permitiam a eles ventilar
qualquer coisa que momentaneamente atrasse totalmente suas emoes como homens
sua ateno. Essa representao era indelicada, modernos que passaram pelo suplcio do conflito.
mas apontava uma verdade: tirar fotos e compor Depois da guerra, Eikoh Hosoe, ento com doze
pequenos poemas japoneses (tanto haiku quanto anos, retornou a Tquio. L, ele foi cercado pela
tanka) revelam a mesma sensibilidade. O poeta devastao da grande cidade onde crescera.
haiku tenta capturar, da maneira mais econmica, Alguns anos depois, quando obteve sua
um instante em particular; isso tambm primeira cmera, teria sido completamente
verdade para o fotgrafo. Um poeta europeu natural para ele fotografar as runas. De fato,
poderia se sentir reprimido se obrigado a confinar muitos fotgrafos o fizeram, frequentemente
seus insights lricos a meras dezessete ou trinta incluindo em suas cenas algum elemento da
e uma slabas, preferindo alongar seus poemas natureza que fazia um comentrio silencioso
at ter esgotado o assunto mesmo que a sobre a loucura do homem que travava guerras
segunda ou a terceira estrofe sejam inferiores algumas flores numa cerca escura, a neblina
primeira. Um poeta japons, atravs de rigorosa pairando sobre um prdio vazio, pssaros
seleo, encapsula em poucas palavras uma empoleirados numa chamin quebrada. Este
experincia momentnea, tornando-a importante no foi definitivamente o caminho escolhido por
e memorvel. O poema curto e a fotografia, Hosoe. A maioria de suas fotografias era precisa
ambas artes que reduzem a experincia e cuidadosamente arranjada para obter o efeito
criativa a um momento evocativo, tem sido que ele havia visualizado. Indiscutivelmente, a
particularmente prprios aos japoneses. mais conhecida delas, de Yukio Mishima com
Entretanto, nem todos os poetas japoneses uma rosa em frente ao rosto, no poderia ter
escrevem haiku. Em 1946, logo aps o fim da sido uma foto instantnea. Cada uma de suas
Guerra do Pacfico, um professor da Universidade fotos era planejada para produzir o mximo
de Kyoto publicou um artigo que rotulava o efeito dramtico por isso, provavelmente,
haiku como uma arte de segunda classe. Era que Mishima cooperou com tanto entusiasmo na
particularmente doloroso para os poetas lerem srie Barakei.
tais comentrios naquela poca, quando todos A srie de Hosoe, Kamaitachi, mostra sua arte
os valores japoneses eram vistos como tendo em suas formas mais diversas. O nome que o
sido negados aps a derrota da nao na artista deu srie se refere a um demnio-fuinha
guerra. Alguns poetas defendiam o meio; outros mitolgico que assombra a zona rural japonesa.
deliberadamente distorciam a forma do haiku Kamaitachi tambm se refere a um corte na pele

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 causado pelo vento, literalmente um talho de
fuinha. Hosoe escolheu uma vila como cenrio
por conta de suas caractersticas mantidas de
um Japo do passado, contraste perfeito para as
loucas aes improvisadas por seu colaborador
Tatsumi Hijikata, fundador do movimento
de dana Ankoku But. Outro fotgrafo
provavelmente teria feito fotos muito diferentes
nesta vila, talvez buscando retratar a persistncia
da tradio japonesa no mundo moderno, ou
talvez contrastando a vida simples dos aldees,
o sal-da-terra, com a superficialidade daqueles
que vivem nas grandes cidades. Isso o que
Hosoe no fez.
Em vez disso, entre 1965 e 1968, nesta
colaborao com Hijikata, os dois criaram na vila
uma srie de eventos inesquecveis para Hosoe
fotografar. No meio dos anos 60, Hijikata estava
no processo de combinar formas tradicionais de
dana japonesa com as ideias colhidas das artes
performativas e outras fontes, como um meio de
desafiar a identidade japonesa contempornea
e de romper tabus scioculturais. Nas imagens
de Hosoe, uma mulher, vestida com seus finos
trajes de casamento, est parada em frente a
uma casa antiquada. Ela segura em sua mo
um copo de saqu do qual ela vai beber no ritual
sansan kudo (trs-vezes-trs trocas de copos).
Ela sorri alegremente, prestes a embarcar em
uma nova vida. Mas no telhado, um homem
estranho e nefasto est agachado como uma
ave de rapina. Quem ele? Um demnio
que vai zombar da felicidade desta menina?
Ou simplesmente um observador, vigiando
silenciosamente o casamento, assim como tudo
mais na vila? Hosoe no nos conta, e talvez ele

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 ficasse relutante em explicar. Mas a foto, uma vestindo um largo quimono. O que ele est
vez vista, difcil de esquecer. tentando ver? Provavelmente no o rosto, ou os
Em outra fotografia, a mesma menina poros da pele do homem, mas em vez disso, algo
confrontada por uma feiticeira, tambm vestida que nenhuma lente de aumento pode revelar: o
em trajes japoneses, cuja boca aberta parece que est em seu corao.
estar tecendo exclamaes sobre a aparncia Algumas das cenas de Kamaitachi so
da garota ou talvez rogando pragas, prevendo surrealistas um homem parcialmente vestido
que a felicidade da garota no v durar. O voa pelo ar, em outra imagem ele carregado
significado do choque dramtico est aberto para no alto de um tipo de plataforma utilizada para
qualquer interpretao que o espectador escolha. carregar um altar porttil, uma figura (homem
Provavelmente no existe nenhuma interpretao ou mulher?) sentada num campo de ervas altas
correta. O momento, planejado pelo fotgrafo, realiza um encantamento com braos agitados.
material para devaneios ou pesadelos. Estas imagens so cativantes e permanecem
A figura no telhado retorna em uma na memria, mesmo que no consigamos
impressionante fotografia de uma estante de desvendar seu significado.
madeira na qual o arroz colhido ser empilhado. A fotografia no Japo percorreu um longo
O cu ameaador, mas o que d foto sua caminho desde que foi introduzida no pas. Ela
qualidade memorvel a figura agachada olhando comeou principalmente como um meio de
para o espao. Quem ele? Por que est ali? satisfazer a vaidade de governantes, e mais tarde
Talvez ele seja a solido propriamente dita. Outra se tornou o meio de capturar a beleza do pas.
fotografia de Kamaitachi preenchida com ainda Nas imagens de Eikoh Hosoe, ela a expresso
mais assombro de isolamento: uma lua maligna de uma mente complexa e especialmente
ilumina a pequena figura de uma mulher deitada moderna.
numa praia deserta.
As faces dos aldees, tais como capturadas Maio de 2009
por Hosoe, so de uma expressividade
tocante. Eu duvido que ele os tenha escolhido
(como outro fotgrafo faria) por parecerem
convincentemente simples aldees. Tampouco
Hosoe tentava sugerir em suas fotografias a vida
dura que essas pessoas levavam (na maneira da
fotografia americana sobre o Dust Bowl3). Em
uma fotografia de Kamaitachi, algum segura
uma lente de aumento no rosto de um jovem

3 [N.T.] Dust Bowl foi um perodo de severas tempestades de areia que

atingiram os EUA e o Canad na dcada de 1930 e duraram quase dez anos.

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Kamaitachi: Em direo
ao ninho do vcuo
Shuzo Takiguchi
Quando somo fotografados, nossos corpos e
almas se tornam vtimas de um sacrifcio num
ritual que subtrai nossas sombras. Os esquims
acreditavam que seus espritos residiam em
suas sombras, e que os xams tinham o poder
de roub-la. O Ramo de Ouro, de Sir James
George Frazer, no o nico trabalho a narrar o
deslumbrante drama do destino, ou da vida e da
morte, que se desdobra entre o homem e sua
sombra.
Como a vida, a morte vem e vai talvez por
pouco tempo, talvez por mais. A histria de
Narciso vai continuar a dominar nossas vidas de
maneiras que vo se tornando cada vez mais
complicadas com o passar do tempo; entretanto,
a cmera (ou, de acordo com os aldees em
Sikkim, o olho mau na caixa) parece ter nos
reduzido, num s golpe, fsica da luz e sombra.
As lentes objetivas parecem abertas ao todo
da natureza, para onde tudo converge. O fato,
contudo, que uma vez na escurido, tudo vira
de ponta cabea para s depois ser transformado
em natureza.
At que ponto estavam Katsu Kaishu1,
Baudelaire, e outros luminares do incio
da era moderna que posaram diante da
cmera sutentados, de maneira tnue, pelo
reconhecimento da natureza no meio da estranha

1 Oficial tido como responsvel pela modernizao da marinha japonesa

(1823-1899).

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 confuso de afetao e narcisismo cientes
de que nas lentes espreitava o mal? Em todo
caso, ns eventualmente iremos notar que, tal
como o olho nu, as lentes sempre existem em
seu estado selvagem2. Poucas vezes estamos
cientes do fato bizarro (ou talvez ns apenas
aceitemos isso como uma verdade auto-evidente)
de que ambos, seja o ladro de sombras (o
fotgrafo), ou as vtimas do ladro (os temas),
so seres humanos.
Eu acho quase impossvel acreditar que a
cmera possa realmente capturar, por exemplo,
o desejo de um pssaro em voo num momento
especfico ou mesmo em qualquer momento.
Muitas vezes, o fotgrafo inadvertido perde a
realidade de vista, e a realidade foge ou desliza
exatamente para fora do enquadramento. Ou,
surpreendentemente, a realidade pode estar ali,
no canto da imagem, invisvel e completamente
despercebida.
E ento, aqui estou, lembrando da corrosiva
mxima de Man Ray: Fotografia no arte.
Antes de olharmos para as imagens de
Kamaitachi, quero enfatizar a importncia de
distingui-las do conceito genrico que se refere
fotografia encenada. Elas so estritamente,
categoricamente diferentes das fotografias
posadas dos narcisistas atuais. Se Hosoe no
tivesse encontrado Tatsumi Hijitaka, o fenomenal
mestre de But, ele no poderia ter criado esta
srie extraordinria. Hijitaka um homem que,
falando metaforicamente, pode se transformar,
em instantes, num pssaro fantasmagrico.
Isto no uma fotografia teatral, mas, sim, uma

2 Aluso a Andr Breton em O surrealismo e a pintura.

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 rara ocasio na qual a cmera obscura se torna Hoje, ao que parece, kamaitachi pertence
um teatro. E a existncia paradoxal da cmera lenda e mitologia. E o que seria kamaitachi?
que pode fotografar um vasto vazio quando Memrias da minha infncia me inundam: meu
pretendamos capturar um objeto concreto que pai era um mdico rural, e diversas vezes eu
se revela como um golpe de sorte para Hijikata, o vi fazendeiros serem carregados para a soleira
mestre do movimento. de nossa casa, afirmando terem sido mordidos
Tal como as lentes, Hijikata um danarino por um kamaitachi. Para mim, estes eram
nico, sempre consciente de que o olho existe momentos assustadores, que cheiravam a
em seu estado selvagem3. Sua experincia sangue, tal como o primeiro raio de relmpago
da dana no nunca uma questo de saltar cruzando o cu escuro. Eu ouvia os fazendeiros
atravs do palco, fingindo ser um cisne: se falando que foram atacados do nada, embaixo
um pssaro o que ele tem em mente, Hijikata de hastes de arroz secando, ou sob uma antiga
se torna um corvo. O corvo mergulha no cho, rvore de caqui. Mas ningum guardava rancor
bem abaixo do palco. Ento corre, se quiser contra aquela fuinha invisvel. Alis, uma famlia
correr, ou voa, se quiser voar. Para Hijitaka, no de fuinhas de verdade fez sua toca no sto da
teria o vcuo paradoxal que habita a cmera se cabana de palha que ficava atrs de nossa casa.
tornado, num certo momento, uma mquina De vez em quando eu as via sair em disparada
divina? E ento, voluntria ou involuntariamente, atravs de um campo, sempre tomando a rota
podemos alcanar as luzes do purgatrio, pela mais curta, e ento desaparecendo. Elas viviam
qual ansivamos, para alm dos milnios da entre as pessoas mas as evitavam. O rumor era
histria humana. que aquelas pequenas criaturas mal conceituadas
No mnimo, eu vejo aqui uma fora inevitvel eram to cautelosas e geis que nunca tomavam
que luta para preservar a relao entre o o mesmo caminho duas vezes. Fico imaginado
fotgrafo e o tema. Muito provavelmente, o que ser que aconteceu com elas. Um livro
nenhum outro trabalho se aproxima tanto do define kamaitachi como a lacerao de um
significado original do termo happening (por pequeno vcuo criado por um demnio de poeira.
mais simplificado que possa ser nesse caso) Ningum sabe a verdade de fato. Os dias dos
como esse. Tatsumi Hijikata usa sua maestria kamaitachi h muito tempo se foram.
na dana para penetrar abruptamente no centro Seria o kamaitachi um esprito da terra, um
do vcuo que existe entre o tempo e o espao, fantasma que aparecia apenas para fazendeiros?
descendendo para o ponto mais prximo do local Se sim, aquela lmina invisvel deve ter sido
em que nascemos. incrivelmente afiada para saltar atravs do cu e
Ele chegou ao ninho do vcuo, o lar de perfurar a carne.
kamaitachi, a fuinha-foice. difcil dizer se Tatsumi Hijikata um esprito
da terra ou do ar; entretanto, mesmo antes
3 Ibid.

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de podermos contemplar a questo, ele se Uma garota sorri como a virgem de um
aproxima do cho quase que verticalmente e santurio a quem os deuses dotaram do mal
corre como uma ventania por uma vila rural. e da inocncia em perfeito equilbrio. Onde as
Esta vila um distrito de cultivo de arroz garotas nascem fadas? Cedo ou tarde elas vo
onde persiste, anonimamente, a realidade experimentar o orgasmo da vida e da morte. E
social japonesa mais absurda e incoerente. ento elas iro partir. Ser que elas iro retornar
Hijikata aparece subitamente, como um falco para a terra ou para o cu? Ningum sabe qual
mergulhando em direo ao cho ou um caminho vo tomar.
sequestrador vindo do paraso. De qualquer modo, duas interminveis e
O deus dos campos de arroz sorri com essa contraditrias jornadas as aguardam.
cena. Um tmido trao deste sorriso est na Vcuo peludo! Vcuo sangrento! Vcuo cortante!
mscara de dana teatral kagura, mas no o Voc precisa continuar a existir nesta terra!
sorriso envergonhado reprisado infinitamente na O desejo pelos cus leva inexoravelmente
televiso. um sorriso que s pode existir entre a um desejo pelas entranhas da terra. E ento
os demnios, um sorriso presente at mesmo a excrescncia vai levar ao imenso vazio,
numa trilha entre campos de arroz estreis e vice-versa. A metamorfose csmica que
durante uma terrvel penria, um alarmante mas esse fenmeno busca vai ocorrer, de maneira
cmico sorriso do reino do inconsciente. extrema e tangvel. O teatro de vcuo ,
Num momento preciso, nosso danarino e tambm, parte da evoluo.
fotgrafo chegam numa vila desgastada pelo Para chegar fonte do fantasma de xtase,
tempo seus passos quase no so escutados precisamos cavar mais e mais, dia aps dia.
e eles capturam um breve momento nessa E a testemunha um flash instantneo.
vila esvaziada, onde znias e outras flores
desabrocham cobertas pela poeira branca do
solo. A vila inteira, hipnotizada como se diante de
uma casa mal assombrada, os cativa.
Seria ele um falco que acabou de pousar ou
uma fuinha saltadora? uma tolice perguntar.
o nosso danarino que seria ferido. Os aldees
o encaram inocentemente, como se ele os
recordasse de um sacerdote h muito esquecido.
Eles sorriem, sem saber por que, na chegada
do tolo distrado. Seu sorriso se torna o mesmo
sorriso da trilha entre os campos de arroz. um
sorriso que est nas bordas do terror.

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 ukiyo-e

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O Teatro Fotogrfico se deveram ajuda que recebi da mo invisvel
de Tatsumi Hijikata. De outro modo, teria sido
Eikoh Hosoe impossvel para mim tirar estas fotografias sob
condies to frenticas. O estdio de dana
Estas fotografias expressam o verdadeiro Asbesto no era apenas um lugar para aulas de
xtase do masculino diante do feminino, disse dana, mas tambm era uma espcie de salo
meu bom amigo Kokichi Asayama, editor de em que artistas como Yukio Mishima, Tatsuhiko
uma revista cientfica. E uma mulher, repleta de Shibusawa, Shuzo Takiguchi, Tadanori Yokoo e
medo, flutua no ar, perde-se e geme de prazer, muitos outros se reuniam para discutir arte, para
grita Ah, estou morrendo. Para mim, este o beber e para contrapor suas vises de mundo
momento de alegria em que vida e morte se reunies das quais participei regularmente
fundem, acrescentou. durante as dcadas de 1960 e 1970.
Penso que este o maior elogio feito ao Quando ouvi dizer que esse centro da
meu Ukiyo-e. De fato, eu mesmo me empolguei intelectualidade estava prestes a fechar um
durante sua encenao e durante as sesses de sacrifcio em prol da nossa economia moderna
fotos. Trs dias depois, ento, experimentei essa senti uma tristeza profunda; era como se essa
excitao mais uma vez enquanto estudava as tragdia no pudesse ser enfrentada com meras
provas. Para mim, aquele era um momento raro palavras de adeus. Senti que devia criar alguma
para se desfrutar. coisa nova, ainda que experimental, a partir do
Eu havia preparado uma espcie de teatro que foi o estdio de dana Asbestos, como
fotogrfico no estdio de dana Asbestos, em forma de expressar minha gratido por tudo o
Tquio espao criado por Tatsumi Hijikata, que ele havia produzido. E eu precisava usar
fundador do But, e Akiko Motofuji, sua viva. necessariamente o espao do estdio, espao
Projetei sobre os danarinos slides de ukiyo-e, que havia absorvido o suor, as lgrimas, e at
as xilogravuras erticas japonesas do sculo o sangue vertido de incontveis danarinos e
XVIII, de artistas como Harunobu e Hokusai e, artistas no desempenho de seus ofcios.
vez ou outra, Jakuchu, cujas imagens utilizadas Tendo pensado bastante que o But de
retratavam galos e flores. Hijikata era uma derivao do ukiyo-e, to
A sesso de fotos principal aconteceu logo apreciado pelo povo do Japo da Era Edo; eu
antes do fechamento do estdio de dana diria que o But um tipo de ukiyo-e, e que o
Asbestos, no final de 2002, e em janeiro substrato do But o ukiyo-e.
e fevereiro de 2003. Era uma poca que Na dimenso das artes performticas
dificilmente se poderia chamar de normal para japonesas, tanto clssicas como modernas, o
o estdio, e fico aliviado que este novo trabalho teatro N e o teatro Kabuki so criaes originais
tenha tido resultados to bons. De fato, os de seus tempos, mas tambm poderamos
resultados, miraculosamente bons, certamente nos perguntar se a performance artstica de

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 vanguarda que atualmente se produz representa, um, dois, trs, quatro, e era durante aquele
hoje, nosso tempo e nosso mundo. Caso intervalo que o mundo misterioso do Tempo, a
partamos do pressuposto de que a performance quarta dimenso, aparecia. Essa revelao ainda
artstica de vanguarda de hoje est arraigada permanece um mistrio para mim, ainda que
tradio, perceberemos que o But, criado nos eu tenha experimentado a tcnica por muitas
anos 1960 por Tatsumi Hijikata, uma forma de vezes e tenha vivenciado momentos desse tipo
arte contempornea prestigiada tanto no Japo em outras ocasies, em trabalhos como Gaud
quanto internacionalmente. e Tatsuhiko Shibusawa (1965); Shohaku e
Nos seus ltimos anos de vida, Hijikata Kazuo Ohno (1999); e na srie Meus Amigos e
chamou o But de Tohoku Kabuki kabuki Minhas Fotografias (2000).
da regio nordeste do Japo. Como amigo de Na pintura, a questo da dimenso do Tempo
Hijikata desde seu primeiro recital de dana em surgiu durante o incio do sculo XX. Picasso,
1959, assisti a muitas de suas performances por exemplo, ouviu falar da Teoria Especial da
e o fotografei com frequncia at sua morte, Relatividade de Einstein e se perguntou como
em 1986. Agora, tendo chegado a setenta anos seria possvel expressar o tempo/espao como
de idade, entendi seu But como um ukiyo-e uma segunda dimenso em suas pinturas.
moderno. Essa, claro, minha teoria pessoal, Sua soluo apareceu em Les Demoiselles
mas, como fotgrafo, queria testar essa ideia e dAvignon (1907), na qual ele apresentou a ideia
esta srie minha resposta. ao novo sculo.
Agora, ao que parece, Hijikata retornou Na fotografia, Moholy-Nagy publicou Pintura,
[da performance demonaca] do demnio de Fotografia, Filme (1925), obra na qual discutiu
Kamaitachi para participar deste projeto, que o problema do espao/tempo e, a partir da,
envolve imagens de ukiyo-e do sculo XVIII. estimulou fotgrafos de peso a buscar uma
Creio que ele deve ter danado em frente soluo para esse desafio constante no trabalho
minha cmera com sua amada Akiko Motofuji com a cmera.
e com seu ento jovem Yoshito Ohno, alm de Desde os anos finais do sculo XX, a
seus antigos estudantes de dana que agora tecnologia digital se expandiu muito. Agora
so artistas proeminentes dentre eles Koichi parece ser o momento certo para que tanto a
Tamano, Saga Kobayashi e Mitsutaka Ishii. fotografia digital quanto a analgica lidem de
Ao tirar estas fotografias, projetei slides maneira sria com a relao que estabelecem
de ukiyo-e nos corpos pintados de branco de entre espao e tempo. As imagens de Ukiyo-e
jovens danarinos do workshop de dana do so apenas a minha tentativa pessoal de integrar
Asbestos, cujos movimentos eram realizados espao e tempo com o meio analgico da
sob minha direo. Para conseguir o tempo de fotografia de sais de prata, com a qual trabalhei
exposio de quatro segundos de que precisava ao longo de toda a minha vida.
para as fotografias, eu tinha que gritar Pare,
10 de janeiro de 2004, Tquio.

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 the butterfly dream

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Admirvel aquele
Cuja vida
um contnuo relmpago

Matsuo Bash

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 Com Argentina, together
Kazuo ohno
Eu, com Argentina, together, sempre. J faz
50 anos. Mas se eu por um acaso morrer, por
doena ou acidente, quando isto acontecer, sabe,
quero persegui-la mesmo que transformado em
cinzas, em cinzas. E eu estou andando. As cinzas
so a alma de seu interior, o corao, spiritual.
Para onde quer que estenda a mo, h cinzas.
Como eu mesmo sou cinza, as cinzas e a alma
se tornam unas. No h nada, s as cinzas so
a chave. Cinzas antes de se persuadir que so
cinzas, bem, no h nada...
...me enviaram um pequeno panfleto com uma
foto da Argentina sorrindo. Nesse dia, quando
voltei pra casa de tarde, abri e l estava, falavam
da Argentina. Que felicidade! Me mandaram.
Ah, Argentina, estava pensando, quando ela,
a foto... me dirigiu a palavra: Ohno-san, dance.
Dance para mim. A foto, olhando assim pra mim,
sem afastar os olhos, o corao, a alma, a foto:
dance para mim. No sabia mais o que fazer.
Nessa hora, que apuro! Porque no tenho foras.
E a, ela de novo: Ohno-san, vou eu danar, me
acompanhe. Aquela Argentina, sorrindo: dance
comigo. Eu, diante disso, era o mximo, eu s
disse obrigado, e um ano depois pisei no palco.

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Borboleta a atravessar o mar
podem ser mar e borboleta.
Pode ir voando dentro do mar.
Como ela voaria?
Est nadando no mar.

Anzay Fuyue

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De uma crislida,
uma borboleta
Kazuo ohno
De uma crislida, transformou-se numa
borboleta. certo que havia uma energia por
mim desconhecida. No d mais, eu no
posso mais do que isso. Mas tudo continua...
Voc pode se transformar numa borboleta.
Este o Xis da questo. As asas transformadas
da borboleta eram extremamente imaturas.
Tocaram o ar, naquele instante. Mas naquele
comeo no podiam voar. Durante um curto
espao de tempo. Durante quanto tempo?
E como agiu a vida? Foi a conscincia que agiu?
Acho que no!
Eu no consigo explicar. Mas neste curto
espao de tempo, at a borboleta conseguir
voar, isto dana pura...

Um monte de gente
nasce dentro de mim
Kazuo ohno
O esprito vai se alargando.
Essas coisas a gente faz no dia-a-dia,
no mesmo? D pra fazer.
Como nascemos do universo,
temos relao com as coisas do universo.
D pra fazer o que quiser.

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 Sobre Hosoe
Yoshito Ohno
Maio de 1959, Kinjiki, performance de Tatsumi
Hijikata, desempenhada por ele e por mim. No
outono desse mesmo ano, uma verso atualizada
de Kinjiki, na qual Kazuo Ohno participa, foi
representada. Era o ponto zero do But.
O encontro com Eikoh Hosoe aconteceu nesse
exato momento.
Hijikata enfocava a forma e dizia que, uma vez
a forma decidida, ela conduziria a alma; Kazuo,
por sua vez, dizia que deveramos valorizar a
alma e que, partindo dela, a forma acompanharia.
Logo aps o But comear, foi lanado o livro
Kamaitachi, de Eikoh Hosoe com Hijikata. Eu
particularmente achava que no seria prtico para
Hosoe fazer um livro sobre Kazuo Ohno, pois
a alma invisvel e no fcil de ser capturada
numa imagem. No entanto, no dia em que Kazuo
celebrava seu centsimo aniversrio, Hosoe
apresentou um livro para ele. Era o The Butterfly
Dream, feito dessa tal maneira, passados meio
sculo desde que nos conhecemos.

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 HINO A KAZUO OHNO Rezo por este que se matou sem saber do seu
perdo]
Kazuko Shiraishi Na igreja daquela Nancy
Dancei o But Chamada de Jesus
Quem da divindade foi amado Quem este que dana naquela igreja de Nancy
Miraculoso homem de But Lgrimas, lgrimas de Kazuo
Se ora s uma de volpia misteriosa danarina Quem dana Judas
Ora s um aviador da floresta dos espritos que Neste se transmuta e dana e dana
cruza] Repentinamente
A galxia Bach!
Ou ento um general barbudo de espesso humor O cego
Satrico e espirituoso com Napoleo de boneco Estende a mo que faz soar o rgo
Nas suas costas A mim e Kazuo Ohno
E E ento o p de Jesus sobre as mos de Maria
Nenm de pureza de noventa e tantos anos Vem a minha palma
Quem at Judas amou e por sua vez E as flores de pano se tornam ccegas ccegas
Amado de Jesus Abraada no p de flores
Daquele sou comparsa a este peo mil perdes Maria, Jesus e eu brincamos felizes os trs
Sim! Foi em Nancy Rezamos na alegria
Maio de 1980 Para Judas, por ele
No Festival de Nancy de Frana Ah, e mais:
As folhas brilhavam verdes Aquela rubra bandeja festiva
E Kazuo Ohno carregava consigo a tristeza uma rubra bandeja festiva ou ento sonho de
daquele Judas] um embrio, viu?!]
Rezei longamente por este infeliz Eu no sabia
Desejo danar como um Judas Que era o assento vazio
Creio em Jesus Deixado por Jesus
Quanto mais assim creio Para Judas
Penso eu ser o prprio Judas que a Jesus traiu
(Entendes este peso?)
Finalmente
O Jesus at Judas perdoa

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 un homme rodin

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 A vida plena em
Fotos: Kenji Takahashi | Cortesia da Taka Ishii Gallery Photography / Film

Un Homme Rodin
Ricardo Muniz Fernandes
Em poucas palavras Hosoe nos conta a gnese
da srie Un Homme Rodin:

Michelangelo era um deus para Rodin, e

Rodin um deus para mim.
Comecei com o desejo imprudente, cheio de
irreverncia, de expressar o homem-Rodin,
mais do que registrar fotografias de esculturas.
Senti que essa abordagem seria a melhor
maneira de demonstrar minha adorao e meu
respeito por Rodin. A caminho de Paris, decidi
que esse mtodo era absolutamente necessrio
para fotografar sua obra, nestes tempos.
Eu sigo trabalhando com o corpo humano.
Produzi estas fotos, com esta cmera uma
cmera digital de bolso, uma cmera de escala
humana , porque a obra de Rodin me permitiu
sentir que no fotografava esculturas, mas sim
seres humanos.

Nesta srie, composta em 2010 e construda

como um livro que se desdobra, Hosoe
mergulha na obra do escultor francs obra pela
qual ele sempre foi apaixonado at conseguir
revelar sua essncia: o movimento da vida em
si, a vida plena, este fluxo e refluxo que Rodin
nos traz de baixo, de dentro, cercando a matria
bruta a pedra.

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Fotos: Kenji Takahashi | Cortesia da Taka Ishii Gallery Photography / Film

 Com este livro-obra, Hosoe cria, mais uma
vez, um dilogo nico com a obra de um artista,
fazendo da camra um outro cinzel, uma batuta
que vai nos conduzindo pelas dobras do livro,
nos fazendo danar ao seu redor e, neste
movimento, descobrir Rodin e suas formas
intangveis, inesgotveis. Danamos com o corpo
e com nosso olhar ao redor desta infinitude
da obra, atravs desta imensido voltada a si
mesmo potncia nica da obra de arte.
Hosoe, aqui, no comenta Rodin; pelo
contrrio: junto com o escultor, e sob o
olhar do espectador, que ele mestre que
cria uma narrativa. Narrativa de um duplo,
de fantasmas, do avesso de um avesso, do
centro de um dentro, de movimentos que
nunca se completam e que sempre guardam
ainda alguma outra possibilidade, algum lugar
a ser explorado: qualidade de toda obra de
Rodin, seja ela um monumento, seja uma figura
mnima, e de toda a obra de Hosoe, com suas
sries-histrias-memrias. Vidas imbricadas e
reiventadas, que ns, espectadores-danarinos,
vamos descobrindo ao circunavegar estes
muitos dentros de Rodin, de Hosoe e de ns
mesmos que se desdobram no ritmo desta
obra-sanfona-livro-potncia.

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 navel and A-bomb

Direo: Eikoh Hosoe | Fotografia e edio: Meiki Higashikata e Eikoh Hosoe | But: Tatsumi Hijikata e Yoshito
Ohno | Msica: Norio Maeda | Texto Introdutrio: Taro Yamamoto | Recitao: Hiroshi Mizushima | Durao: 15

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 Umbigos e Bombas-A:
Algumas Notas sobre
o Filme Experimental
da dcada 1960
de Eikoh Hosoe
donald richie
Por volta de 1960, uma dcada de extraordinria
atividade artstica se iniciou no Japo. Havia
muitas razes para isso, algumas delas
econmicas e/ou polticas; como resultado, deu-
-se a formao de uma contracultura. Nova arte
(o grupo Gutai, Tadanori Yokoo), novo drama
(Shuji Terayama, Juro Kara), novos filmes (Nagisa
Oshima, Shohei Imamura) questionavam o status
quo e sugeriam inovaes ao establishment.
Entre outras manifestaes, ocorreu a
sbita emergncia do filme experimental, um
gnero at ento pouco conhecido no Japo.
Em outubro de 1960, uma noite dedicada ao
cinema, jazz e poesia teve lugar no Video Hall,
em Yurakucho, empreendimento de um grupo
autodenominado Jikkenshitsu Jeune, composto
pelo poeta Shuntaro Tanikawa, o dramaturgo
Shuji Terayama, o escritor Shintaro Ishihara (hoje
prefeito de Tquio1), o compositor Toru Takemitsu
e o fotgrafo Eikoh Hosoe, entre outros. Naquela
noite, trs curta-metragens foram exibidos,
Fotos: Vdeo Stills

incluindo Navel and A-Bomb, de Eikoh Hosoe.

Na ocasio, Hosoe dissera que o umbigo
era algo como a prpria energia da vida a
sexualidade, e que a bomba era seu oposto,

1 [N. T.] Seu mandato encerrou-se em 2012.

99
 aquilo que pode destruir todas as coisas.2 a
oposio entre eles que origina o filme de Hosoe.
Seus mtodos de produo foram bastante
caractersticos daquele tempo. Hosoe
havia escrito um roteiro, hoje perdido, e ele
prprio ajudou a fotografar e editar o filme. O
companheiro na direo de fotografia era um
colega de faculdade desempregado, e Hosoe
utilizou uma Bolex de mo. A trilha sonora foi
improvisada (e gravada) durante a exibio
de estreia, e o poema de Taro Yamamoto foi
adicionado aps ele ter visto os primeiros cortes
do filme. Tal criao, de improviso, era padro no
perodo e contava muito para o frescor desses
novos trabalhos.
Os elementos visuais do filme so tambm
bastante caractersticos de seu tempo. A bomba
atmica era, ento, quinze anos aps seu uso
inicial, um smbolo ubquo. Ela j se distanciava
do seu contexto de guerra, sendo agora vista
como smbolo do Japo enquanto vtima. Hosoe,
em seu filme, a utiliza duas vezes, numa delas
de forma abstrata (tinta derramada sobre gua,
fotografada de cabea para baixo) e, outra,
como a coisa real (imagem de noticirio cedida
pelo Signal Corps dos EUA), mas o Japo como
vtima no algo por ele enfatizado. Antes, a
recuperao da bomba, da prpria guerra, este
o tema pouco ortodoxo do filme.
Outro elemento daqueles tempos foi o uso
da recm-surgida forma de dana But. Aqui,

Fotos: Vdeo Stills

o danarino seu prprio fundador, Tatsumi
Hijikata (com quem Hosoe mais tarde viria a
criar um distinto portflio de fotografias) e suas

2 Japanese Experimental Film & Video: 1955-1994, Image Forum: Tquio,

1994, p. 47.

100
 erupes coreografadas, que se encaixam numa
obra que traa o renascimento da vida.
Do campo da morte (exemplificado no s
pela bomba, mas tambm atravs do frango
sem cabea, algo que tambm aparece numa
produo anterior de Hijikata) nos movemos
atravs de uma era pastoral (homens carregando
bodes) at uma era de construo (homens com
cordas). Bem distante, vemos mos lutando pela
ma de demasiado conhecimento (e guerra
consequente) e, depois, estamos na terra dos
muito jovens, aquelas nuas crianas cintilando
de luz das quais fala o texto de Taro Yamamoto.
E quando um pnis minsculo, porm afirmativo
da criao, enquadrado com uma ilha distante
de mesmo formato3, ns somos apresentados
a uma similaridade, uma inteireza, um
renascimento aps a placa negra da noite da
morte ser quebrada.
O umbigo, smbolo e cicatriz da prpria vida,
marcado por um X. No Japo, como em
qualquer lugar, um X pode significar excluso
ou eliminao o filme de Tanikawa/Takemitsu,
exibido no mesmo programa de Hosoe, se
chamava Batsu [X] e tratava exatamente desta
natureza probatria do smbolo. A contracultura
estava pondo um fim num sem-nmero de coisas
enquanto assistimos aos personagens riscando
seus Xs por todo o mundo do establishment.
No filme de Hosoe, no entanto, so os prprios
Xs que esto sendo erradicados. O danarino ele
Fotos: Vdeo Stills

mesmo, afirmativo da vida, os esfrega e apaga.

Ao final deste filme extraordinariamente otimista,
somos apresentados diretamente ao que o poeta

3 Japanese experimental Film: 1960-1980. Introduction and notes by

Donald Richie, New York: American Federation of the Arts, 1981, p.14.

101
 descrevera anteriormente. De p, nus sob o cu/
Ns somos os menores filhos do Sol.
Tudo isso era de fato diferente do cinema
japons comum do ps-guerra. To experimental
quanto, era esta afirmao direta do sexo e da
vida. Sobre este e os outros dois filmes exibidos
naquele noite, Toshio Matsumoto escreveu que
diferente dos padres tradicionais dos filmes
feitos naquele tempo, estes trs trabalhos
desenvolveram possibilidades para um outro tipo
de filme.4
Um dos fatores que gerou este outro
tipo de filme foi o prprio estilo de Hosoe
experimental em seu sentido mais amplo.
medida que assistimos ao filme, vemos a
evoluo da iconografia que Hosoe tambm
vinha criando em sua fotografia.
A montagem analtica de mos, cotovelos,
joelhos e ndegas, que operam como abstraes
nos minutos de abertura do filme, so
reminiscncias do trabalho que Hosoe estava
para criar em 1961, na sua srie Man and Woman.
As figuras mascaradas nuas, e o modo como se
apresentam, remetem primeira srie de fotos
de Hosoe (tambm de 1961) com o escritor Yukio
Mishima. E, claro, o prprio tema lembra a obra
posterior, Return to Hiroshima (1971). Tanto o que
vemos, como o modo como o vemos, so criados
atravs da reflexo do ethos de sua dcada, bem
como do estilo em evoluo do artista. Em seu
sentido mais pleno, Navel and A-Bomb, de Hosoe,

Fotos: Vdeo Stills

verdadeiramente experimental.

4 The Dawn of the Japanese Short Film, Toshio Matsumoto in A

Retrospective of the Japanese Short Film, Oberhausen Short Film Festival,
1994, p.19.

102
 A placa negra
Da morte
Da noite
Se quebra,
A luz
Chamusca
As frontes
Que pertencem
A ningum.
A chama
Vem do Oeste,
As barbas dos deuses
Definham
Pelo cu.
Nuvens de veneno
Fluem
Tra-la-la,
Tra-la-la
Tra-la-la.
Oh, este no
O som das ondas
O movimento perptuo
Da me mar,
Aquele que flui
Da fonte da vida
No ira
Mas incandescentes crianas de luz.

Ns nascemos,
No h retorno,
Inesperadamente lanados
Na luz
Ns viemos
Viver mais ferozes
Que todos
De p, nus
Fotos: Vdeo Stills

Sob o cu
Os menores
Filhos
Do Sol

Poema de Taro Yamamoto

103
 O dualismo esfrico convivncia entre elementos antagnicos.
Pensei, ento, em um modelo para resolver essa
da fotografia oposio. Vamos imaginar uma esfera como o
nosso globo terrestre e que o objetivo seja
Eikoh Hosoe o polo norte e o subjetivo, o polo sul. Nessa
esfera, o viajante fotografia busca um dos
Eu pensei, por um longo tempo, em como obter
polos e, depois de muito sacrifcio, poder chegar
uma teoria da fotografia dotada de liberdade.
a uma das extremidades. Porm, se continuar a
Penso que a fotografia a arte da relao entre
viagem, ele pode voltar ao ponto de partida. O
o fotgrafo e o objeto a ser fotografado. Creio
viajante pode fixar-se por um longo tempo em
que nessa relao tecida entre ambos, quanto
algum lugar da esfera que lhe agradar ou pode
maior a proximidade entre o objeto e o lugar
continuar livremente o seu deslocamento e
em que a fotografia se situa, mais o registro
desbravar terrenos desconhecidos.
documental objetivo valorizado, ao passo que,
Por exemplo, no meu caso, chamo tanto
quanto menor a distncia entre esse lugar e o
Barakei (Ordeal by Roses) quanto Kamaitachi
fotgrafo, mais a autoexpressividade subjetiva
de documentrios subjetivos porque ambas
do fotgrafo manifestada. Alm disso, como
as obras unificam o terreno subjetivo
a fotografia necessita inevitavelmente do objeto
da autoexpressividade e objetivo do
a ser fotografado, ela se inicia no encontro do
documentrio. O lugar onde essas obras se
fotgrafo com o objeto. Tal fato no depende
situam fica na zona prxima da regio subtropical,
deste ltimo ser figura humana ou coisa
entre o polo norte e o polo sul, perfazendo
material, ou dessa confluncia ser fortuita ou
uma existncia majestosa e sem contradio
necessria: nunca deixar de ser um encontro.
sobre a esfera.
Desse modo, podemos constatar que fotografia
Eu gostaria, agora, de denominar Dualismo
a arte do encontro.
esfrico da fotografia de Eikoh Hosoe a teoria
Contudo, no dualismo fotogrfico normalmente
esfrica capaz de produzir a diversidade dessas
estabelecido, registro documental = objetivo
fotografias a fim de buscar a minha prpria
X autoexpressividade = subjetivo as duas
maneira de ver a existncia desta arte, dotada
polaridades so concebidas como oposio linear
de liberdade.
e ambas se confrontam, o que torna impossvel
Gostaria de pensar a fotografia de uma maneira
obter uma unidade entre elas. Porm, isso
livre, na qual os fotgrafos se sintam mais
vlido apenas na teoria ou na linguagem verbal
flexveis e libertos do feitio da teoria que os faz
porque, na expresso fotogrfica real, esses dois
infelizes e tambm de apostar na possibilidade
aspectos ora se aglutinam, ora independem, ora
de uma fotografia mais frtil e rica.
se entrelaam, desenvolvendo a diversidade do
universo da expresso fotogrfica por meio dessa

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 1953 [20 anos]
Visita a exposio de Edward Weston, proeminente
fotgrafo americano, que o marca profundamente.

1933 1954 [21 anos]

Nasce em 18 de maro em Yonezawa, Yamagata, cidade do Gradua-se na Faculdade de Fotografia de Tquio e decide
interior do Japo. Filho de um sacerdote budista, recebe o se tornar fotgrafo independente. Comea a trabalhar para
nome de Toshihiro Hosoe. Aos trs meses de idade, muda- revistas femininas e revistas sobre fotografia.
-se com a famlia para Tquio, onde passa a infncia.
1955 [22 anos]
1944 [11 anos] Publica seu primeiro livro de fotografias intitulado 35mm
Durante a Segunda Guerra, refugia-se com a famlia na casa Snaps.
de seus avs em Yonezawa. Seu irmo mais velho, Uichiro,
morto na guerra. Daquela poca, Hosoe guarda os mitos 1956 [23 anos]
e lendas que seu tio contava, inclusive sobre o demnio- Primeira exposio individual Galeria de Foto Konishiroku,
-fuinha, kamaitachi. em Ginza, Tquio. Nela, apresenta a foto-narrativa intitulada
Uma Garota Americana em Tquio.
1945 [12 anos]
Em agosto, com o fim da guerra, volta com a famlia para 1957 [24 anos]
Tquio. Participa da exposio coletiva, Olho de Dez (curadoria de
Tatsuo Fukushima) Galeria de Foto Konishiroko, em Ginza,
1947 [14 anos] Tquio. Nela, apresenta a srie de trabalhos intitulada O
Por sugesto dos primos que o aconselham a escolher um mundo das crianas: um registro do jardim de infncia. Sua
nome mais apropriado para a nova era, altera seu nome famlia se muda para Kameari, em Tquio. Seu pai abre uma
para Eikoh Hosoe. loja de materiais fotogrficos.

1949 [16 anos] 1958 [25 anos]

Entra para a Escola Secundria Sumidagawa, onde participa Participa da segunda edio da exposio coletiva, Olho
de um clube de Ingls e de um clube de fotografia. de Dez (curadoria de Tatsuo Fukushima) Galeria de Foto
Konishiroko, em Ginza, Tquio. Nela, apresenta a obra Nu
1950 [17 anos] de jovens irms. Abre um escritrio conjunto com amigos
Comea a frequentar a rea militar de habitao americana em Ginza, Tquio.
no Japo para aprender Ingls. Durante esse perodo, ele
passa a fotografar crianas americanas. 1959 [26 anos]
Fica profundamente impressionado com o recital de But
1951 [18 anos] de Tatsumi Hijikata. No mesmo ano, os dois se tornam
Vence o prmio mais alto do Concurso da Fuji Photo amigos. Abre um escritrio conjunto com amigos em Ginza,
(categoria de estudante) pelo seu trabalho Poddie Tquio. Participa da terceira edio da exposio coletiva,
Jawoski. Decide se tornar um fotgrafo profissional. Olho de Dez (curadoria de Tatsuo Fukushima) Galeria
de Foto Konishiroko, em Ginza, Tquio. Nela, apresenta a
1952 [19 anos] obra Os deuses loucos. Funda, junto com Kikuji Kawada,
Entra para a Faculdade de Fotografia de Tquio, conhecida Akira Sato, Akira Tanno, Shomei Tomatsu e Ikko Narahara,
como Shadai (hoje o Instituto Politcnico de Tquio). a agncia VIVO (que significa vida em esperanto)
Sua fotografia intitulada Criana selecionada para seguindo o modelo da famosa Agncia Magnum, fundada
a edio de novembro da revista de fotografia, Shashin em 1947 por Robert Capa. O fotgrafo holands Ed van
Salon. O crtico Tatsuo Fukushima demonstra interesse der Elsken visita o Japo e l conhece Hosoe, de quem
pelo seu trabalho. Os dois se encontram e Fukushima o se torna amigo. Na ocasio, Elsken afirma a Hosoe que
apresenta para o grupo de artistas Demokrato, que tem seu trabalho bem japons isso leva Hosoe a meditar
como lder o artista Ei-Q, cujo trabalho exerce grande profundamente sobre o significado de ser japons.
influncia sobre Hosoe.

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 1960 [27 anos] 1965 [32 anos]
Apresenta a srie Man and Woman [Otoko no Onna/ Nasce sua filha, Kanako. Convida Tatsumi Hijikata para
Homem e Mulher] em exposio individual Galeria de uma viagem cidade natal do danarino, Akita. Os dois
Foto Konishiroku, em Ginza, Tquio. Pela exposio da srie comeam a visitar a regio de tempos em tempos para
Man and Woman, Hosoe recebe o prmio de Fotgrafo sesses de fotografia. Colabora com Kon Ichikawa num
mais promissor da Associao Japonesa de Crticos de projeto de documentrio sobre as olimpadas no Japo,
Fotografia. Recebe o prmio de Fotgrafo do ano do dirigindo a parte de Jud e Pentatlo. Viaja novamente para
Concurso da Fuji Photo. Suas fotografias aparecem na a Amrica e para a Europa e, desde ento, passa a viajar ao
publicao Tatsumi Hijikatas 306 Dance Experience, exterior anualmente.
com subttulo Portflio de Eikoh Hosoe, dedicado a
Tatsumi Hijikata. Essa publicao vista pelo escritor Yukio 1966 [33 anos]
Mishima, e desperta seu interesse por Hosoe. Dirige o Seu trabalho Kimono selecionado para a exposio
filme experimental Navel and A-Bomb [Heso to Genbaku/ Dez Fotgrafos Museu de Arte Moderna de Tquio.
Umbigo e Bomba-A], exibindo-o no Modern Jazz and Film
Festival Yurakucho Video Hall, Tquio. 1967 [34 anos]
Publica o livro infantil Taka-chan and I [Taka-chan e Eu] com
1961 [28 anos] texto de Betty Jean Lifton Norton & Co., Nova Iorque.
O fotgrafo Daido Moriyama torna-se assistente de Hosoe Participa da exposio Fotografia no Sculo XX (curadoria
por um certo perodo. A VIVO dissolvida. O livro Man de Nathan Lyons) Galerie Nationale du Canada, Ottawa.
and Woman publicado com poemas de Taro Yamamoto
e textos de Ed van der Elsken e Tatsuo Fukushima. Suas 1968 [35 anos]
fotografias aparecem na publicao Tatsumi Hijikatas Exposio individual Uma extravagante tragicomdia
Dance Experience 2, com subttulo Portflio de Eikoh Um drama fotogrfico estrelando o gnio japons do
Hosoe, dedicado a Tatsumi Hijikata. Yukio Mishima publica But, Tatsumi Hijikata Ginza Nikon Salon, Tquio. Esta
um livro de artigos e, impressionado com o trabalho de exposio formar a base para o livro Kamaitachi. Faz a
Hosoe para Hijikata, convida o fotgrafo para produzir a curadoria da exposio World Masters of Photograph
capa e seu retrato para o livro. Em seguida, Hosoe convida para a Coleo da George Eastman House, organizada pela
Mishima para posar para ele. O processo dura seis meses Sociedade Japonesa de Fotgrafos Profissionais.
e o resultado a srie Barakei.
1969 [36 anos]
1962 [29 anos] Exposio individual internacional na qual apresenta Man
Inscreve a srie Killed by Roses [Barakei/Morto pelas and Woman Instituto Smithsonian, Washington. D.C.,
rosas] para a exposio de fotografias NON, (curadoria Estados Unidos. Hosoe contribui na edio da revista The
de Tatsuo Fukushima) Matsuya, Ginza, Tquio. O ttulo Photo Image, cujo primeiro exemplar traz 32 imagens da
da srie foi dado por Mishima a pedido de Hosoe. Casa-se sua srie Embrace [Hoyo/Abrao]. O livro Kamaitachi
com Misako Imai (irm mais nova do fotgrafo Hisae Imai). publicado pela editora Gendai Shichosha. Com prefcio de
Shuzo Takiguchi, poemas de Toyoichiro Miyoshi e design
1963 [30 anos] grfico de Ikko Tanaka.
Nasce seu filho, Kenji. O livro Killed by Roses lanado
pela Editora Shueisha, de Tquio. Com prfacio de Yukio 1970 [37 anos]
Mishima e design grfico de Kohei Sugiura. O livro Killed Exposio individual internacional na qual apresenta Barakei
by Roses recebe o Prmio Associao Japonesa de Focus Gallery, So Francisco, Estados Unidos. Recebe,
Crticos de Fotografia. Primeira exposio internacional: do Ministro da Educao japons, um Prmio na categoria
apresenta a srie Killed by Roses na exposio Fotografia de Arte pela srie Kamaitachi. O Instituto Smithsonian
Contempornea de 1963 Museu de Fotografia da adquire para seu acervo a srie Man and Woman assinada
George Eastman House, Nova Iorque, Estados Unidos. pelo artista. Yukio Mishima comete seppuku, suicdio ritual.
Publica o livro Return to Hiroshima [Retorno Hiroshima]
1964 [31 anos] com texto de Betty Jean Lifton Athenium, Nova Iorque.
Viaja pela primeira vez para a Amrica e para a Europa.
profundamente marcado pela arquitetura de Gaud ao
visitar Barcelona.

106
1971 [38 anos] 1977 [44 anos]
Reedita o livro Barakei, mas o ttulo em ingls alterado Inicia sua srie sobre a obra de Gaud, apresentando parte
para Ordeal by Roses [Provao pelas Rosas], com prefcio dela meses depois numa exposio individual Nikon
de Yukio Mishima e design grfico de Tadanori Yokoo. Essa Salon, Ginza, Tquio. Volta a Barcelona em dezembro,
verso de Kamaitachi recebe varias reedies, tanto no ficando at janeiro para fotografar mais obras de Gaud.
Japo quanto no resto do mundo. Nasce a segunda filha de
Hosoe, Kumiko. Exposio individual com retrospectiva das 1978 [45 anos]
suas sries mais famosas Galeria Shunju, Ginza, Tquio. Visita Juan Mir em Maiorca, Espanha. Participa da
A srie Embrace publicada como livro pela Shashin exposio VIVO: Seis fotgrafos japoneses Museu de
Hyoronsha. Prefcio de Yukio Mishima, posfcio e design Arte de Santa Brbara, Califrnia, Estados Unidos.
grfico por Eikoh Hosoe. Hosoe publica um preldio da
srie Simmon: A Private Landscape [Simmon: paisagem 1979 [46 anos]
ntima] na revista The Photo Image, com fotos do ator Participa da exposio Fotografia japonesa: Hoje e
Simon Yotsuya, famoso por suas bonecas japonesas. suas Origens Galleria dArte Moderna, Bologna, Itlia.
Exposio individual da srie Kamaitachi Silver Image
1972 [39 anos] Gallery, Ohio, Estados Unidos. A exposio depois levada
Apresenta uma conferncia no Visual Studies Workshop, para Salzburg, ustria, e Lausanne, Sua. Retrospectiva
Nova Iorque. Photographers Gallery, Melbourne, Austrlia.

1973 [40 anos] 1980 [47 anos]

Publica a srie Modern Days Elder [Idosos dos dias atuais] Exposio individual com apresentao de Barakei e
na revista Seasonal Keiei Mondai. Realiza uma srie de Kamaitachi Fnac Frum, Paris, Frana. A exposio
workshops no Phoenix College, Arizona, e no Columbia depois levada para Anturpia, na Blgica, e Zurique e
College, Chicago. Nos prximos anos, voltar a dar Basel, na Sua.
palestras e workshops em vrias faculdades do mundo.
Exposio Individual com retrospectiva Light Gallery, 1981 [48 anos]
Nova Iorque. Eleito vice-presidente da Sociedade Japonesa de
Fotgrafos Profissionais. Exposio individual retrospectiva
1974 [41 anos] Fnac Frum, Lille, Frana, e depois no Fnac Frum,
Participa da Exposio Nova Arte Japonesa (curadoria Toulouse, Frana.
de John Szarkowski e Shoji Yamagishi), com as sries
Kamaitachi e Man and Woman Museu de Arte Moderna 1982 [49 anos]
(MoMA), Nova Iorque. Ajuda a criar e participa do projeto Exposio individual A Figura Humana 1960-1980
The Photo WORKSHOP School, uma escola gratuita em Museu de Fotografia da George Eastman House, Nova
Tquio para fotgrafos emergentes que funciona at 1976. Iorque, Estados Unidos. Nesse ano, Hosoe apresenta mais
duas exposies individuais em Nova Iorque, que depois
1975 [42 anos] so reunidas num s evento que viaja pelos Estados
Torna-se professor titular na Faculdade de Fotografia de Unidos. Exposio individual 35 pioneiros do crescimento
Tquio (Shadai). Ajuda a criar o acervo de fotografias econmico do ps-guerra Fuji Photo Salon, Ginza,
da Faculdade de Fotografia de Tquio e contribui para Tquio. Exposio individual Retrospectiva de Eikoh
a implantao de uma galeria de arte no campus da Hosoe 1960-1980 Muse de Art Moderne de la Ville
faculdade. Expe a srie Simmon: A Private Landscape de Paris, Paris, Frana. condecorado com a Medaille
Light Gallery, Nova Iorque. de Vermeille de la Ville de Paris. O livro Human Body
publicado pela Nihon Geijutsu Shuppansha. Navel and
1976 [43 anos] A-Bomb exibido no festival Filme experimental japons
Expe a srie Simmon: A Private Landscape Shiseido 1960-1980 (Curadoria de Donald Richie), que depois viaja
The Ginza, Ginza, Tquio. Participa da exposio Nova para sessenta cidades dos Estados Unidos.
fotografia no Japo Kulturhaus, Graz, ustria.
condecorado cidado honorrio de Tucson, Estados Unidos.

107
 1983 [50 anos] 1991 [58 anos]
Recebe uma Medalha Honorria no Encontro Participa da exposio Inovaes na fotografia japonesa
Internacional de Fotografia em Arles, Frana. Exposio nos anos 1960 Museu Metropolitano de Fotografia de
individual com seu trabalho recente Light Gallery, Nova Tquio. Participa da exposio Fotgrafos no Japo 1955-
Iorque. 1965 Museu da Prefeitura de Yamaguchi, Japo.

1984 [51 anos] 1993 [60 anos]

Edita o livro As fotografias de Toyo Miyatake, publicado Participa da exposio Fotgrafos que criaram uma nova
pela Bungeishunjusha. O livro The Cosmos of Gaudi [Gaud era Museu Metropolitano de Fotografia de Tquio.
no Uchu/O cosmos de Gaud] publicado pela Shueisha.
Com prefcio de Shuzo Takiguchi, poemas e ilustraes de 1994 [61 anos]
Juan Mir e design grfico de Yusaku Kamekura. Exposio Recebe o prmio de Melhor fotgrafo do Ano (1993) da
individual intitulada Eikoh Hosoe: Zen e transcendncia Sociedade Japonesa de Fotografia. Participa da exposio
Padiglione dArte Contemporanea, Milo, Itlia. Grito contra o cu (curadoria de Alexandra Monroe) com
Navel and A-Bomb Museu de Arte de Yokohama. Essa
1985 [52 anos] exposio depois viaja para o Museu Guggenheim, Nova
Exposio individual Burden Gallery, Nova Iorque. Iorque, e para o Museu de Arte Moderna de So Francisco,
Expe sua srie sobre Gaud em Ginza. Participa da Estados Unidos.
exposio Sol Negro: o olho de quatro Museu de Arte
Moderna, Oxford, Reino Unido. Publica A place called 1995 [62 anos]
Hiroshima [Um lugar chamado Hiroshima] com texto de Torna-se diretor do Museu Kiyosato de Artes Fotogrficas, em
Betty Jean Lifton Kodansha International. Yamanashi, Japo, cargo que mantm at hoje.

1986 [53 anos] 1998 [65 anos]

Exposio Homage to Gaudi [Homenagem Gaud] Recebe a Medalha de Honra com faixa roxa do governo
Printemps, Ginza, Tquio. Participa da exposio Japo de japons, pela sua contribuio no campo artstico.
vanguarda 1910-1970 Muse National dArt Moderne,
Paris, Frana. Hijikata Tatsumi falece aos 57 anos. 1999 [66 anos]
Sua obra publicada num volume integrante da srie de
1987 [54 anos] livros Mestres da Fotografia, da Fundao Aperture, de
Vai a Nova Iorque estudar processo de impresso Nova Iorque.
fotogrfica por metais de platina e paldio. De volta
ao Japo, abre um estdio para continuar praticando a 2000 [67 anos]
tcnica. Retrospectiva Eikoh Hosoe: 1950-2000 Museu de Arte
de Yamagata. Essa exposio viaja para vrios locais do
1988 [55 anos] Japo at 2003.
Exposio Fotografia: O mundo de Eikoh Hosoe Ikeda
Museum of 20th Century Art, Ito, Shizuoka, Japo. Essa 2002 [69 anos]
exposio viaja para o Museu Municipal de Arte de Niigata Ao saber que o estdio de dana Asbestos, fundado por
e o Museu Nacional de Arte de Osaka. Tatsumi Hijikata, estava para ser fechado, realiza a srie
Ukiyo-e como homenagem. As sesses de foto ocorrem
1989 [56 anos] entre 2002 e 2003. Retrospectiva Eikoh Hosoe Morto
jurado no Comit de Celebrao do aniversrio de 150 pelas rosas Gallery Priska Pasquer, Colnia, Alemanha.
anos da fotografia.
2003 [70 anos]
1990 [57 anos] Recebe a Medalha Especial de 150 anos da Royal
Exposio Eikoh Hosoe: Fotografias 1955-1988 Photographic Society. Hosoe o nico fotgrafo japons
Festival de Foto de Houston, Texas, Estados Unidos. Essa a receber essa honraria. Retrospectiva Eikoh Hosoe
exposio viajou pelos Estados Unidos e Europa at 1999 Galeria Kowasa, Barcelona, Espanha. Participa da reedio
com o ttulo de Eikoh Hosoe: Meta. da exposio Nova Arte Japonesa 1955-1970 (curadoria

108
de John Szarkowski e Shoji Yamagishi), com as sries 2010 [77 anos]
Kamaitachi e Man and Woman Museum of Modern Art, condecorado como Pessoa de Mrito Cultural pelo
MoMA, Nova Iorque. Ministro de Educao do Japo. Publica o livro de artista,
Un Homme Rodin, pela Taka Ishii Gallery de Tquio,
2004 [71 anos] Japo, com sua srie recente Human-Rodin [Ningen-
Exposio individual da srie Ukiyo-e intitulada Eikoh -Rodin/Homem-Rodin]. Exposio Individual Eikoh
Hosoe: projees Ukiyo-e Howard Greenberg Gallery, Hosoe Galerie Photo4, Paris, Frana. Retrospectiva
Nova Iorque. Participa da Bienal Internacional de Fotografia xtase e memria Galleria Carla Sozzani, Milo, Itlia.
de Brescia com Kamaitachi Brescia, Itlia. Exposio da Retrospectiva Teatro da Memria Instituto de Cultura
srie Ukiyo-e Acte2Galerie, Paris, Frana. Japonesa, Colnia, Alemanha. Recebe a Medalha de
Honra pelas conquistas na arte da fotografia do National
2005 [74 anos] Arts Club, Estados Unidos.
Participa de uma srie de exposies menores em diversos
locais do mundo. 2011 [78 anos]
Retrospectiva Eikoh Hosoe: Teatro da Memria
2006 [73 anos] Art Gallery of New South Wales, Sydney, Austrlia.
Em homenagem ao centenrio de Kazuo Ohno, publica o Retrospectiva Eikoh Hosoe CLAIR Galerie, Munique,
livro The Butterfly Dream com uma seleo de fotografias Alemanha. Exposio Emakimono Three Shadows
que Hosoe fez de Ohno durante 46 anos, entre 1960 e Photo, Pequim, China. Retrospectiva Irracionalidade
2005. Retrospectiva O dualismo esfrico da fotografia: Kahmann Gallery, Amsterd, Holanda.
o mundo de Eikoh Hosoe Museu Metropolitano de
Fotografia de Tquio. Publica a edio definitiva Kamaitachi, 2012 [79 anos]
Butterfly Dream pela editora Seigensha, reunindo num s Recebe a Medalha ao Mrito Veracruzana, do Mxico. Na
volume as sries Kamaitachi e The Butterfly Dream. ocasio, d um ciclo de palestras e apresenta suas sries
mais recentes no Centro da Imagem da Cidade do Mxico.
2007 [74 anos] Exposio Indiviual Eikoh Hosoe BLD Gallery, Tquio,
Publica o livro Deadly ashes: Pompeii, Auschwitz, Trinity Japo.
Site, Hiroshima [Cinzas mortais: Pompeia, Auschwitz, Trinity
e Hiroshima], pela editora Maso Sha. Com texto de Robert 2013 [80 anos]
Jay Lifton, ainda trazia o manifesto de Rusell e Einstein. Exposio da srie sobre Rodin intitulada Un Homme
consagrado com a Ordem do Sol Nascente, uma das Rodin Taka Ishii Gallery, Tquio, Japo. Retrospectiva
maiores honrarias japonesas. Retrospectiva Eikoh Hosoe: Curated Body: 1959-1970 Miyako Yoshinaga Gallery,
Obras de arte: Comeando com o Daguerretipo at Nova Iorque. Participa do Festival Kyotographie 2013
Photo Gallery International, Tquio, Japo. Kyoto, Japo. Participa da exposio Fotogravura: Mestres
da Coleo Museu de Arte da Filadlfia, Estados Unidos.
2008 [75 anos]
Recebe o Prmio de Arte Mainachi do Governo Japons. 2014 [81 anos]
Exposio de Embrace e Kamaitachi Gallery White Pela primeira vez na Amrica do Sul, apresenta a
Room, Tquio, Japo. Retrospectiva Eikoh Hosoe e o retrospectiva Eikoh Hosoe: Corpos de Imagens
But: Fotografando estranhas ideias Museu de Arte de Sesc Consolao, So Paulo, Brasil.
Los Angeles, California, Estados Unidos.

2009 [76 anos]

Publicao do livro Hana Dorobou [Ladro de flor] pela
editora Tosei-Sha. Com texto de Rui Hayakawa, o livro
apresenta uma srie de fotografias, registradas h quarenta
anos e por muito tempo esquecida, de bonecas artesanais
feitas pela designer Yoko Kamoi. O lanamento foi seguido
por uma exposio na galeria de fotos da editora Tosei-Sha.

109
 SERVIO SOCIAL DO COMRCIO
Administrao Regional no Estado de So Paulo

PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL

Abram Szajman

DIRETOR DO DEPARTAMENTO REGIONAL

Danilo Santos de Miranda

SUPERINTENDNCIAS
Tcnico-Social Joel Naimayer Padula Comunicao Social Ivan Paulo Giannini
Administrao Luiz Deoclcio Massaro Galina Assessoria Tcnica e de
Planejamento Srgio Jos Battistelli

GERNCIAS
Artes Visuais e Tecnologia Juliana Braga de Mattos Adjunta Nilva Luz Assistentes
Juliana Okuda, Sandra Leibovici Ao Cultural Rosana Paulo da Cunha Adjunta
Kelly Adriano Assistentes Heloisa Pisani, Juliano Azevedo Artes Grficas Hlcio
Magalhes Adjunta Karina Musumeci Assessoria de Relaes Internacionais
Aurea Leszczynski Vieira Gonalves

Consolao Felipe Mancebo Adjunta Simone Avancini Coordenao Tiago de

Souza, Sabrina Popp Marin, Nancy Hitomi Korim Coordenadores de rea -
Programao Tiago de Souza Comunicao Elaine de Sousa Administrativo
Marco Antonio da Silva Alimentao Fernanda Mendes Conejero Manuteno
e Servios Antonio Zacarias de Carvalho

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ficha tcnica

Realizao: Sesc So Paulo

Apoio: Japan Foundation, Art Center - Keio University, Studio Hosoe

Curadoria: Ricardo Muniz Fernandes, Christine Greiner e Takashi Morishita

Colaborao: Michiko Okano
Projeto Expogrfico: Hideki Matsuka Assistente: Vinicius Cardoso Ferreira
Produo: prod.art.br
Comunicao: Carminha Gongora
Direo Tcnica: Jlio Cesarini
Coordenao tcnica: Andr Lucena (som), Ana Irias (iluminao), Rodrigo Gava (vdeo)
Construo/Montagem: Wanderley Wagner da Silva, Wiliam Torres, Ednomar Mendona,
Nelson Fracola Filho, Enrique Casas e Alba Rezende
Intervenes/Pintura Mural: Futoshi Yoshizawa

Traduo de textos (ingls): Daniel Cordova, Isabela Sanches

Traduo de textos (japons): Michiko Okano, Lucio Kubo
Reviso: Isabela Sanches
Design grfico: rico Peretta

Agradecimentos: Kenji Hosoe, Minori Miyake, Sergio Minehiro Kitayama,

Taka Ishii Gallery Photography, Toshio Mizohata, Yoshito Ohno, Yukio Waguri

111
 Agendamento de visitas monitoradas:
[email protected]
tel. 11 3234-3000

112
 realizao

apoio

produo

Sesc Consolao
Rua Dr. Vila Nova, 245
CEP 01222-020 So Paulo - SP
TEL.: +55 11 3234 3000
[email protected]
sescsp.org.br
/sescconsolacao