O Projeto Ético-Político Do Serviço Social
O Projeto Ético-Político Do Serviço Social
O Projeto Ético-Político Do Serviço Social
1
Jos Paulo Netto Professor Emrito da Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ. Doutor em
Servio Social, participa do debate terico do Servio Social na Amrica Latina desde os anos
do movimento de reconceituao, autor de larga bibliografia e tem reconhecida interveno nas
polmicas contemporneas das Cincias Sociais. Lecionou no Instituto Superior de Servio Social de
Lisboa/ISSSL entre 1976 e 1979 e fez parte do corpo docente dos seus cursos de ps-graduao
entre 1989 e 2003. Tem experincias acadmicas na Europa, na Amrica Central, na Argentina e
no Uruguai.
*Texto-base da interveno do Dr. Jos Paulo Netto no III Congresso Internacional de Servio
Social, promovido pelo Instituto Superior de Servio Social de Lisboa/Universidade Lusada e
pela Associao dos Profissionais de Servio Social em Lisboa, 13-14 de maro de 2014.
Lusada. Interveno Social, Lisboa, n. 42/45 (2 semestre de 2013 a 1 semestre de 2015) 229
O projecto tico-Poltico Profissional do servio social brasileiro, pp. 229-242
Lusada. Interveno Social, Lisboa, n. 42/45 (2 semestre de 2013 a 1 semestre de 2015) 231
Jos Paulo Neto
232 Lusada. Interveno Social, Lisboa, n. 42/45 (2 semestre de 2013 a 1 semestre de 2015)
O projecto tico-Poltico Profissional do servio social brasileiro, pp. 229-242
Lusada. Interveno Social, Lisboa, n. 42/45 (2 semestre de 2013 a 1 semestre de 2015) 233
Jos Paulo Neto
234 Lusada. Interveno Social, Lisboa, n. 42/45 (2 semestre de 2013 a 1 semestre de 2015)
O projecto tico-Poltico Profissional do servio social brasileiro, pp. 229-242
Lusada. Interveno Social, Lisboa, n. 42/45 (2 semestre de 2013 a 1 semestre de 2015) 235
Jos Paulo Neto
236 Lusada. Interveno Social, Lisboa, n. 42/45 (2 semestre de 2013 a 1 semestre de 2015)
O projecto tico-Poltico Profissional do servio social brasileiro, pp. 229-242
Lusada. Interveno Social, Lisboa, n. 42/45 (2 semestre de 2013 a 1 semestre de 2015) 237
Jos Paulo Neto
238 Lusada. Interveno Social, Lisboa, n. 42/45 (2 semestre de 2013 a 1 semestre de 2015)
O projecto tico-Poltico Profissional do servio social brasileiro, pp. 229-242
Lusada. Interveno Social, Lisboa, n. 42/45 (2 semestre de 2013 a 1 semestre de 2015) 239
Jos Paulo Neto
240 Lusada. Interveno Social, Lisboa, n. 42/45 (2 semestre de 2013 a 1 semestre de 2015)
O projecto tico-Poltico Profissional do servio social brasileiro, pp. 229-242
Espero ter deixado bem claro que o projeto tico-poltico supe uma
formao profissional redimensionada, capaz de qualificar o assistente social
nos planos tico-poltico, terico, tcnico-instrumental e interventivo. Ora,
o crescimento descontrolado dos cursos de licenciatura, no marco de uma espantosa
mercantilizao do ensino superior, submetido a uma lgica empresarial e de caa ao lucro,
tem aviltado os padres da formao profissional. Desde 1997, a poltica educacional
do governo vem favorecendo escandalosamente a expanso do ensino privado
e o afrouxamento das exigncias acadmicas. O rpido aumento quantitativo de
assistentes sociais vem sendo acompanhado de uma queda na qualidade terica
e tcnica dos novos profissionais. indiscutvel que uma formao profissional
debilitada afeta negativamente o projeto tico-poltico.
Dois outros dados questionam substantivamente a efetividade do projeto
tico-poltico. O primeiro diz respeito assistencializao das polticas sociais:
desde 1995, com o governo Fernando Henrique Cardoso, mas atravessando os
dois governos Lus Incio Lula da Silva e o governo Dilma Rousseff, as polticas
sociais brasileiras vm apresentando um evidente cariz assistencialista, de que o
exemplo mais bvio o Programa Bolsa Famlia. sabido que esta assistencializao
ou filantropizao das polticas sociais fenmeno universal, com forte inspirao nas
agncias multilaterais, falta de mecanismos efetivos para o enfrentamento da crise
estrutural do sistema capitalista. No Brasil, como em outros pases, essas polticas
assistencialistas tm aliviado situaes de penria e de tenso social, mas a sua natureza
e os seus impactos colidem claramente com o projeto tico-poltico, na exata
medida em que a sua natureza e o seu direcionamento travam a autonomia dos
sujeitos sociais a que se destinam. O prosseguimento dessas polticas seguramente
pe em questo o aprofundamento do projeto tico-poltico do Servio Social.
O outro componente que problematiza o projeto tico-poltico relaciona-
se s condies concretas do exerccio profissional reside na configurao do
mercado de trabalho dos assistentes sociais.
Os dados disponveis demonstram que no h desemprego para os assistentes
sociais de fato, inclusive pela larga expanso das polticas assistencialistas
j referidas, nos ltimos 10 anos o mercado de trabalho tem absorvido os
profissionais de Servio Social. O principal empregador dos profissionais o
Estado: na primeira dcada deste sculo, cerca de 78% dos assistentes sociais
trabalhava em instituies pblicas de natureza estatal (41% na esfera municipal,
24% na esfera provincial e 13% na esfera federal). O segundo maior empregador
so as empresas privadas (13%) e, em seguida, o chamado Terceiro Setor (7%).
Mas h que sublinhar que, exatamente nos ltimos 10 anos, vem ocorrendo uma
significativa precarizao das relaes de trabalho que, somada a uma mdia salarial
baixa, introduz uma pondervel insegurana nos vnculos laborais. Se esta tendncia
tiver continuidade e tudo indica que a ter , as condies para o exerccio
profissional concorde com o projeto tico-poltico estaro muito comprometidas.
Por outro lado, h a considerar a atmosfera cultural e ideolgica no interior
da qual se move o Servio Social como, no preciso diz-lo, o conjunto das
Lusada. Interveno Social, Lisboa, n. 42/45 (2 semestre de 2013 a 1 semestre de 2015) 241
Jos Paulo Neto
242 Lusada. Interveno Social, Lisboa, n. 42/45 (2 semestre de 2013 a 1 semestre de 2015)