Cartilha Me Ensina A Fazer Renda
Cartilha Me Ensina A Fazer Renda
Cartilha Me Ensina A Fazer Renda
fazer renda
Princpios Bsicos
da Renda de Bilro
Histrico Elementos da renda Como fazer
Tcnica bsica Pontos bsicos da renda
Patrocnio:
Apoio:
Realizao:
Correalizao:
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Apresentao
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Histrico
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Elementos da renda
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Como fazer
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Tcnica bsica
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Pontos bsicos
MEIO PONTO 24
pontos TRANA E TORCIDO 30
ponto PANO 36
ponto PERNA-CHEIA 42
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Referncias
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apresentao
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histrico
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Onde produzida
na atualidade
A regio Sul considerada por alguns pesquisadores como uma das
primeiras a ter renda de bilro no
Brasil. Essa renda encontrada em
Santa Catarina, com destaque para
Florianpolis. Nessa cidade, a atividade no se limita Lagoa da Conceio, bairro turstico bastante conhecido que tem sua principal via
batizada de Avenida das Rendeiras,
onde se encontram pequenas lojas
de rendeiras locais. A renda de bilro pode ser encontrada em vrias
outras reas, com destaque para os
bairros Barra da Lagoa, Costa da Lagoa, Rio Tavares, Campeche, Pntano do Sul, Ribeiro da Ilha, Santo
Antnio de Lisboa, Sambaqui, Ratones, Cacup, Praia do Forte, Ponta
das Canas, Jurer e Estreito.
Uma caracterstica marcante da renda de bilro de Santa Catarina, que
pode ser apontada como um diferencial daquela produzida em outras regies, o ponto tramoia, considerado tpico da capital catarinense.
Ele tambm conhecido como sete
pares, por ser o nico que tecido com sete pares de bilros. Doralcio Soares, respeitado pesquisador e
autor de diversos trabalhos sobre o
No Brasil,
mais do que
um artesanato
preservado
ao longo de
geraes, a
renda de bilro
faz parte da
herana cultural
deixada pelos
colonizadores.
Florianpolis
destaque na
produo de renda
de bilro no Brasil, e
a renda representa
um dos principais
elementos culturais
da regio.
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Dos 6 mil
aorianos que
aportaram no
Brasil entre
1748 e 1756,
em torno de
3 mil se fixaram
na vila Nossa
Senhora do
Desterro, atual
Florianpolis.
res condies financeiras, as meninas aprendiam para fazer o seu prprio enxoval e impressionar o noivo
e a sogra com seus dotes manuais.
A transmisso do saber
A renda de bilro vem se mantendo
viva em Florianpolis h quase trs
sculos por meio da transmisso da
tcnica no seio familiar, de gerao
em gerao. No passado, cabia s
mulheres mais experientes mes,
tias, avs, primas, irms mais velhas a tarefa de ensinar a prtica
s mais novas. A iniciao acontecia
de forma oral ainda na infncia, por
volta dos seis ou sete anos de idade,
geralmente depois dos afazeres domsticos, quando se sentavam todas juntas para tecer.
Alm de manter a tradio, o objetivo era que as iniciantes logo pudessem fazer peas para vender e ajudar
a pagar as contas da casa. Durante
muito tempo, as rendas foram, juntamente com a pesca e a agricultura,
as principais atividades econmicas
da cidade. Nas famlias com melho-
A importncia
da preservao
A renda de bilro , assim como outras artes populares cermica, bordado, cestaria, danas, cantigas folclricas , uma herana trazida para
Santa Catarina pelos imigrantes aorianos. Ela representa um importan-
histrico
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As mudanas buscam dar visibilidade ao produto e aumentar suas vendas, porm, mantendo a originalidade da tcnica.
Ao encarar a renda de bilro como
um produto, e no apenas um costume de famlia, as rendeiras comearam a profissionalizar e diversificar sua produo. Alm de toalhas
e outros produtos de cama e mesa,
passaram a tecer artigos de vesturio e at acessrios. Esse movimento
que vem sendo verificado em todo
o Brasil ganhou o apoio do mercado da moda. Hoje, j possvel ver
rendas manuais nas passarelas e em
colees de importantes grifes e estilistas. J a deciso de fazer peas
menores permitiu que pessoas com
menos poder aquisitivo pudessem
adquiri-las, conquistando-se assim
novos consumidores.
Outras iniciativas das rendeiras vm
proporcionando o fortalecimento
dessa tradio. Entre as principais,
esto: identificao de pblico interessado em aprender; motivao de
outras rendeiras a repassar seu conhecimento; mobilizao e estmulo junto s antigas rendeiras para
que voltem a produzir; realizao de
cursos abertos ao pblico em geral;
criao de aulas diferenciadas para
turistas, associando o ensino da tcnica experincia com a cantoria da
ratoeira (forma antiga de as rendeiras cantarem versos improvisados);
busca de novos espaos de comercializao da renda, com destaque
para a Casa das Rendeiras no Mercado Pblico de Florianpolis; e participao em feiras e exposies.
Os novos usos
para produtos
tradicionais
representam
inovao,
criatividade
e viso
empreendedora
das rendeiras,
que vm dando
flego comercial
a essa atividade.
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O pique o desenho (grfico ou molde) da renda feito em papel. Para facilitar sua fixao na
almofada, ele colado em um papelo mais
firme (papel-sola ou papel-carto). Na primeira vez que esse carto for utilizado, dever ser
picado, ou seja, antes de dar incio execuo da renda, todos os pontos desenhados no
papel devero ser furados com alfinete. Dessa forma, o pique se transforma em gabarito e
poder ser aplicado inmeras vezes para a reproduo do mesmo desenho.
Bilros
So pequenas hastes de madeira cilndricas
de 10 a 17 cm de comprimento que possuem
uma esfera em uma das extremidades, que varia em formato e tamanho. A linha enrolada
na parte mais alongada do bilro.
O bilro a ferramenta de trabalho da rendeira, e ele trabalhado aos pares. O movimento alternado e contnuo da rendeira vai sendo orientado pela troca de lugar dos alfinetes.
At hoje, os bilros so feitos por artesos que
podem utilizar na sua confeco diferentes tipos de madeira, como canela, rabo-de-macaco,
ara e pau-vermelho.
Principal ferramenta de
trabalho da rendeira, o bilro
trabalhado aos pares e
serve de apoio para linha.
elementos da renda
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Pique
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Almofada
A almofada a base de apoio para a produo
da renda e onde se prende, com alfinetes, o pique (molde) da renda que vai ser construda.
O seu dimetro determina o tamanho mximo da pea a ser feita. Portanto, peas grandes de renda precisam de almofadas maiores,
ou devero ser tecidas em partes e depois costuradas mo.
Apresentando forma cilndrica e estrutura
firme, geralmente confeccionada pelas prprias rendeiras.
Enchimento: As almofadas precisam ser
preenchidas com um material acolchoado, necessrio para espetar os alfinetes que prendem os piques.
Linhas
No que se refere ao uso da linha, ainda prevalece o tradicional: fio de algodo na cor branca. Embora no seja to comum, tambm
possvel empregar fios sintticos e padres coloridos.
As marcas de linhas mais utilizadas so Crculo (linhas Clea) e Coats Corrente (linha Esterlina no 5 e no 8).
Estrutura de madeira que funciona como suporte e facilita o movimento da almofada quando o que est sendo produzido de comprimento maior do que a circunferncia dela.
Esse cavalete em geral pode ser ajustado altura do trabalho da rendeira e de construo
simples, feito artesanalmente na prpria comunidade.
Antigamente no se utilizava cavalete, a almofada ficava no cho, onde a rendeira se sentava,
na janela e na porta de casa, para aproveitar a
claridade do sol.
Estrutura de madeira
construda de forma artesanal
que apoia a almofada para
a confeco da renda.
Alfinetes
A importncia do alfinete para a renda de bilro vai alm da utilidade de prender a pea na
almofada. Ele serve como apoio e guia para
onde a rendeira direciona a renda que est
sendo tecida.
De forma prtica, o alfinete prende o pique
(desenho) na almofada ao mesmo tempo em
que sustenta a linha que vai sendo rendada. O
cuidado no posicionamento do alfinete vai garantir uma renda com a tenso adequada do
fio, ou seja, uma renda bem-feita.
Atualmente, o alfinete encontrado em metal, geralmente ao niquelado, e cabea de
plstico, mas j houve um tempo em que a sua
funo era resolvida com espinhos da laranjeira ou de outras plantas.
elementos da renda
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Cavalete
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iferentemente do que acontece com outras tcnicas artesanais, a renda de bilro no atendida pela grande indstria no que se
refere produo de instrumentos
necessrios para a sua confeco.
Saber fazer uma almofada de bilros faz parte do aprendizado inicial de quem deseja ser aprendiz de
rendeira, e o primeiro ensinamento passado pelas mestras rendeiras
mostra o quanto importante conhecer todos os processos que contribuem para a continuidade dessa
tradio.
Complementar almofada temos
o cavalete de madeira como suporte para a rendeira desenvolver seu
trabalho. Segundo as lembranas
mais remotas, o cavalete nem sem-
como fazer
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Almofada
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Cavalete
As dimenses para o cavalete proposto neste
projeto so para uma pea com 70 cm de altura
depois de pronta, mas essas dimenses podem
ser alteradas de acordo com o desejado buscando uma altura confortvel para o trabalho.
A madeira sugerida o pnus, e o projeto apresenta ajustes que tornam a estrutura dobrvel, facilitando a forma de guardar o cavalete
quando ele no estiver sendo usado e tambm
o seu transporte.
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como fazer
Encaixar o parafuso barra nos furos ajustando as porcas travantes na parte interna e as
porcas borboleta na parte externa, conforme
o encaixe do projeto ao lado.
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laada
n de rendeira
tcnica bsica
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Fechar o ponto
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tcnica bsica
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meio ponto
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PONTOs TRANA E TORCIDO
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PONTO PANO
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PONTO PERNA-CHEIA
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meio ponto
Este ponto, tambm conhecido como pano
aberto, empregado geralmente como pano
de fundo na tecelagem da renda, assim como
no centro e na estruturao das bordas.
Se a trama for tecida mais fechada, o ponto
ficar mais firme; se for tecida mais aberta, o
ponto ficar mais flexvel. Essa aparncia do
ponto depende da textura da linha utilizada e
do ajuste do ponto no momento da tecelagem.
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pontos bsicos > meio ponto
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Execuo do ponto
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pontos bsicos > meio ponto
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PONTOs TRANA
E TORCIDO
O ponto trana, tambm conhecido como
trancinha, utilizado em quase todos os
desenhos de renda, porque serve como elemento decorativo, para unir partes da renda e, em
alguns piques, tecido como pano de fundo.
O ponto torcido, ou torcidinho, de fcil
execuo e tambm est presente em muitas
rendas. Ele serve basicamente para fazer a
unio com outros pontos do desenho e na
tecelagem dos bicos da renda.
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pontos bsicos > pontos trana e torcido
Pique Pontos
Trana e Torcido
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pontos bsicos > pontos trana e torcido
Execuo do ponto
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Fechar o ponto, com os dois pares de bilros do centro, com os movimentos A, B, C e D (cruzar-trocar-trocar-cruzar) e fazer sete vezes
o ponto trana at o prximo furo do pique abaixo, direita.
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pontos bsicos > pontos trana e torcido
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PONTO PANO
Esse ponto, conhecido tambm como paninho, utilizado geralmente em pequenas
partes da renda para construir o desenho e
alguns detalhes. Alm disso, empregado no
acabamento da renda para que a borda tenha
uma boa resistncia ao ser costurada ao tecido.
A aparncia do ponto pode ser mais fechada ou
mais aberta, dependendo da textura da linha e
do ajuste do ponto no momento da tecelagem.
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pontos bsicos > ponto pano
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Execuo do ponto
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PONTO
Perna-cheia
Este um ponto que serve como elemento
decorativo da renda. Por isso, utilizado tanto
no meio da renda quanto na borda, e pode ser
executado em qualquer sentido.
A tecelagem deste ponto feita no ar, sem
auxlio de molde ou alfinete, pois os alfinetes
so colocados apenas no incio e no fim do
trabalho. A aparncia do ponto depende do tipo
de linha utilizada e dos ajustes no momento da
tecelagem, ou seja, se forem mais apertados, a
pea ter aspecto engomado; se os pontos forem
mais frouxos, o aspecto ser mais flexvel.
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pontos bsicos > ponto perna-cheia
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Execuo do ponto
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pontos bsicos > ponto perna-cheia
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Para conchar este ponto, segure os bilros pela parte mais grossa
e estique levemente o bilro externo da direita e o bilro externo
da esquerda, cada um para o seu lado, puxados para baixo.
A parte do ponto que fica mais larga tem um ajuste mais leve,
ou seja, tem mais linha.
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Repita os movimentos de entrelaamento com o bilro trabalhador (a, b, c e d) at chegar perto do furo do pique direita.
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pontos bsicos > ponto perna-cheia
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PERDIGO, Teresa; AMORIM, Maria Norberta; CORREIA, Alberto. Rendas dos Aores:
ilhas do Pico e Faial. Aores: Secretaria Regional da Economia, 2004.
MELO, Osvaldo Ferreira de. Influncia Cultural dos Aores em Santa Catarina. In: 2o
CONGRESSO DE COMUNIDADES AORIANAS, 1986. Angra do Herosmo: 1986.