Ugalde 2014
Ugalde 2014
Ugalde 2014
ERECHIM RS - BRASIL.
JUNHO DE 2014.
ERECHIM RS - BRASIL.
JUNHO DE 2014.
Comisso Julgadora:
____________________________________
Profa. Dra. Geciane Toniazzo Backes
Orientadora
____________________________________
Profa. Dra. Rogrio Luis Cansian
Orientador
____________________________________
Prof. Dr. Elton Franceschi
UNIT - Aracaj
____________________________________
Prof. Dr. Sheila Mello da Silveira
IF Catarinense - Concrdia
____________________________________
Prof. Dr. Natlia Paroul
URI Erechim
____________________________________
Prof. Dr. Juliana Steffens
URI Erechim
ERECHIM RS - BRASIL.
JUNHO DE 2014.
AGRADECIMENTOS
DEUS que me concedeu sade para finalizar mais essa etapa da minha vida
profissional.
Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Misses URI Erechim e
ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Alimentos pela oportunidade de
realizao deste trabalho.
Ao Instituto Federal Farroupilha Campus Jlio de Castilhos, pela licena
capacitao e pela permisso de utilizao de sua infraestrutura.
Aos meus orientadores, professores Rogrio Luis Cansian e Geciane Toniazzo
Backes, pelos inestimveis ensinamentos e tempo disponibilizados mim para a
concretizao deste trabalho.
Aos bolsistas Aline Maria de Cezaro e Felipe Vedovatto pelo auxlio nas atividades
laboratoriais. s colegas Viviane Astolfi, Valria Borszcz, Andria Dalla Rosa, Simone
Michelin, Rbia Mores e Aline Cenci pela troca de ideias, sugestes, palavras amigas e
amizade que muito ajudaram-me a superar os percalos do decorrer do caminho.
s colegas do IFFarroupilha, Ana Denize Grassi Padilha, Greice Oliveira, Aline
Bezerra, Jamila Kalil e Natili Piovesan pelo apoio e auxlio prestados.
duas pessoas muito especiais, meu pai Paulo (in memoriam) e minha av Judith
(in memoriam), que no decorrer deste percurso nos deixaram e que, cada um do seu jeito,
vibravam com minhas conquistas, por menores que fossem.
minha famlia, em especial meu esposo Mauro, por ter realizado, com o auxlio de
minha me Ilze e irm Mrcia, exemplarmente papel de pai e me da nossa filha Maria
Ceclia, nas inmeras vezes que precisei ausentar-me de casa durante estes anos.
luz e essncia da minha vida, minha filha Maria Ceclia.
Meus sinceros agradecimentos.
Talvez no tenhamos conseguido fazer o melhor, mas lutamos para que o melhor fosse
feito. No somos o que deveramos ser, no somos o que iremos ser. Mas graas a Deus,
no somos o que ramos
Martin Luther King
Abstract of Doctoral Thesis submitted to the Graduate Program in Food Engineering as part
of the requirements for the Degree of Doctor in Food Engineering.
BIOFILMS ASSETS WITH INCORPORATION OF ESSENTIAL OILS
Several alternatives have been investigated to minimize the environmental impact of
conventional polymers, including the use of biodegradable polymers. Compared to synthetic
polymers, natural polymers have the advantages of biodegradability obtained from
renewable resources, in addition to being potentially edible can adduce antioxidants and
antimicrobials packaged foods. This study aimed to determine the chemical composition,
antibacterial and antioxidant activities in vitro of essential oils (EOs) of rosemary
(Rosmarinus officinalis), clove (Eugenia caryophyllata), oregano (Origanum vulgare) and
sage (Salvia sclarea) to identify those with the greatest potential for use in active biofilms
made from corn starch, chitosan and cellulose acetate, for application in meat products. The
major volatile compounds identified by gas chromatography were bornyl acetate (39.64%),
eugenol (89.58 %), carvacrol (60.71 %) and linalol (39,26 %) in EOs of rosemary, clove,
oregano and sage, respectively. In EOs tested for all concentrations, there was a better
performance against the Gram-positive than Gram-negative, with the exception of EO clove,
which showed similar behavior in both and the EO rosemary that had the highest means of
halos formed in the face of Gram-negative. Regarding MIC (Minimal Inibitory
Concentration), there was a good performance of EO oregano compared to the others,
averaging 0.016 mg.mL-1 for Gram-positive and 0,020 mg.mL-1 for Gram-negative bacteria.
It was observed synergism when using the combination of the EOs of clove and oregano 1:1,
reducing the MIC of clove. From the results obtained using the DPPH (2,2-diphenyl-1picryl-hidrazila) assay, we can conclude that the clove EO has excellent potential to be used
as an antioxidant with IC50 (concentration of oil required to capture 50% of the DPPH free
radical) of 11.79 g.mL-1. The combination of the EOs of clove and oregano 1:1 afforded a
percent antioxidant activity of 85.16 % at the maximum concentration of 100 g.mL-1 and
an IC50 of 6.40 g.mL-1. For the elaboration of active biofilms, were used corn starch,
chitosan and cellulose acetate polymers, produced by casting method, incorporated with EOs
of clove, oregano and their binary combination 1:1. The films were evaluated subjectively
as its continuity, homogeneity and maneuverability, and, in general, had become colorless,
translucent and good looking, showing no insoluble particles visible to the naked eye. Corn
starch and chitosan have shown to be suitable polymers for the production of biofilms with
additives in in vitro tests, providing a good diffusion of EOs used, with the expression of
antioxidant and antimicrobial properties of the oils tested. Biofilms of cellulose acetate
showed antibacterial activity, only when were used 5 % of the EOs. Polymer matrices of
corn starch, incorporated with 1% of clove EO, showed rapid initial release of EO (~30 %
in the first 24 hours) and subsequent slowly and steadily release up to 30 days. The presence
of EO in biofilms interfered negatively with sensory acceptance of enveloped sausages with
respect to flavor and aroma aspects. Was observed antioxidant effect of EO in the products,
with significant difference (p<0.05) between treatments with respect to the values of TBA
(2-thiobarbituric acid) at the end of the 15 days of storage under refrigeration.
Keywords: essential oils, antimicrobial, antioxidant, biofilms.
LISTA DE FIGURAS
Captulo 1
Figura 1 Biopolmeros de ocorrncia natural com utilizao em filmes e revestimentos
biodegradveis....................................................................................................................18
Figura 2 Representao das estruturas primrias da quitina e quitosana..........................22
Figura 3 - Aplicaes da quitosana na indstria de alimentos.............................................23
Figura 4 Esquema da reao de produo do acetato de celulose.....................................26
Figura 5 - Esquema de permeao de vapor dgua atravs de filmes polimricos.............35
Figura 6 - Diferentes modos de incorporao de aditivos nos produtos alimentares. Os
pontos pretos correspondem a um composto antimicrobiano..............................................40
Figura 7 Frmulas estruturais de alguns componentes presentes no OE de alecrim (a) pineno, (b) acetato de bornila, (c) cnfora, (d) 1-8 cineol, (e) limoneno, (f) borneol e (g)
verbenona............................................................................................................................46
Figura 8 Frmula estrutural do eugenol...........................................................................47
Figura 9 Frmulas estruturais do carvacrol (a) e timol (b)................................................48
Figura 10 - Frmulas estruturais de alguns componentes presentes no OE de slvia (a) tujona, (b) cariofileno, (c) 1,8-cineol, (d) -humuleno e (e) cnfora...................................49
Figura 11 - Estruturas qumicas de alguns constituintes dos OEs.......................................51
Figura 12 Representao esquemtica do comportamento do radical DPPH utilizado na
determinao da atividade antioxidante de OEs..................................................................56
Captulo 3
Figura 1 - Espessura mdia* dos biopolmeros amido de milho, quitosana e acetato de
celulose controle (BAC, BQC e BAC) e incorporados com OE de organo (OEO), cravoda-ndia (OEC) e 1:1 organo e cravo-da-ndia (OEOC)..................................................113
Figura 2 - Atividade antioxidante (AA) dos biopolmeros amido de milho, quitosana e
acetato de celulose controle (C), incorporados com diferentes % de OE de cravo-da-ndia
(OEC), OE de organo (OEO) e OE cravo-da-ndia e organo na proporo 1:1
(OECO).............................................................................................................................125
Captulo 4
Figura 1 Envelopamento prvio das salsichas................................................................137
Figura 2 - Ficha utilizada para aplicao do teste diferena do controle............................139
3
LISTA DE TABELAS
Captulo 1
Tabela 1 Materiais de embalagens comumente utilizados. ............................................. 17
Captulo 2
_________________________________________________________________________
Tabela 1 Principais compostos volteis (% de rea) encontrados nos OEs de alecrim,
cravo-da-ndia, organo, slvia e cravo-da-ndia/organo 1:1. ........................................... 89
Tabela 2 . Halos mdios (em mm) obtidos pelo mtodo de difuso de placas dos OEs (5,
10 e 15 L) de alecrim (Rosmarinus officinalis), cravo-da-ndia (Eugenia caryophyllata),
organo (Origanum vulgare) e slvia (Salvia officinalis) frente bactrias Gram-positivas e
Gram-negativas....................................................................................................................92
Tabela 3 Concentrao inibitria mnima (CIM) do OE de organo (Origanum vulgare),
cravo-da-ndia (Eugenia caryophyllata) e mistura de organo e cravo-da-ndia (1:1).........93
Tabela 4 - Equaes da reta e IC50 dos OEs testados..........................................................97
Captulo 3
_________________________________________________________________________
Tabela 1 - Valores L*, a*, b*, E e opacidade (Y) mdios dos biopolmeros de amido de
milho, quitosana e acetato de celulose adicionados de OE de organo, cravo e mistura de
organo e cravo-da-ndia (1:1), em diferentes concentraes.............................115
Tabela 2 - Halos mdios* (mm) apresentados pelo biopolmero de amido controle (BAC) e
incorporado com OEs de cravo-da-ndia (BAOEC), organo (BAOEO) e cravo-da-ndia
organo 1:1 (BAOECO).............119
Tabela 3 - Halos mdios* (mm) apresentados pelo biopolmero de quitosana controle (BQC)
e incorporado com OEs de cravo-da-ndia (BQOEC), organo (BQOEO) e cravo organo
1:1 (BQOECO)..121
Tabela 4 - Halos mdios* (mm) apresentados pelo biopolmero de acetato de celulose
controle (BACC) e incorporado com OEs de cravo-da-ndia (BACOEC) , organo (BACOEO)
e cravo organo 1:1 (BACOECO).......123
Captulo 4
_________________________________________________________________________
Tabela 1 Mdias* das notas do teste de diferena do controle das amostras de salsicha
controle (C), envelopadas com amido (A) e amido + 1 % de OE de cravo-da-ndia
(A1%).................................................................................................................................143
Tabela 2 Mdias* obtidas atravs de escala hednica estruturada** no teste de aceitao
global das amostras de salsichas controle (C), envelopadas com amido (A) e amido + 1 %
de OE de cravo-da-ndia (A1%)..........................................................................................144
Tabela 3 Resultados mdios* dos cromas L*, a* e b* das amostras de salsicha
armazenadas sob refrigerao (5 C)..................................................................................149
SUMRIO
INTRODUO ................................................................................................................... 12
Objetivo geral...................................................................................................................... 15
Objetivos especficos ........................................................................................................... 15
Captulo 1
_________________________________________________________________________
1.REVISO BIBLIOGRFICA ......................................................................................... 16
1.1 Biofilmes ....................................................................................................................... 16
1.2 Polmeros biodegradveis .............................................................................................. 19
1.2.1 Amido ......................................................................................................................... 19
1.2.1.1 Composio qumica ............................................................................................... 19
1.2.1.2 Gelatinizao do grnulo e formao de pasta ........................................................ 20
1.2.1.3 Amido de milho ....................................................................................................... 21
1.2.2 Quitosana .................................................................................................................... 22
1.2.2.1 Atividade antimicrobiana ........................................................................................ 24
1.2.2.2 Atividade antioxidante............................................................................................. 25
1.2.3 Acetato de celulose ..................................................................................................... 26
1.3 Elaborao de filmes biodegradveis ............................................................................ 27
1.3.1 Plastificantes ............................................................................................................... 28
1.3.1.1 Glicerol .................................................................................................................... 29
1.3.2 Mecanismos de formao dos filmes ......................................................................... 30
1.4 Mtodos de avaliao dos filmes ................................................................................... 31
7
10
_________________________________________________________________________
6 CONCLUSO GERAL ............................................................................................... 155
7 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS........................................................157
Anexo A - Parecer consubstanciado do Comit de tica....................................................158
11
INTRODUO
O Brasil produz cerca de 240 mil toneladas de lixo por dia, nmero inferior ao
produzido nos EUA (607 mil toneladas/dia), mas bem superior ao de pases como a Alemanha
(85.000 toneladas/dia) e a Sucia (10.400 mil toneladas/dia). Desse total, a maior parte vai
parar nos lixes a cu aberto (Vilpoux e Averous, 2004), sendo que apenas 16,5 % do total de
plsticos rgidos e filmes flexveis produzidos so reciclados, o que equivale a 200.000
toneladas por ano (ABRE, 2011).
A produo de materiais biodegradveis oferece uma soluo interessante para os
materiais plsticos, tendo em vista que os mesmos aps passarem por um processo de
compostagem resultam em compostos mineralizados, sendo redistribudos no meio ambiente,
atravs de ciclos elementares como o do carbono, nitrognio e enxofre (Mali et al., 2005).
Dentre os materiais biodegradveis que podem ser utilizados em substituio aos
plsticos, na embalagem de alimentos, esto os de origem biolgica como os polissacardeos,
protenas, lipdios ou suas combinaes. Dos polissacardeos estudados, o amido um dos
que vem sendo explorados para a produo de materiais termoplsticos biodegradveis,
devido ao seu baixo custo, disponibilidade e produo a partir de fontes renovveis (Pelissari,
2009).
Outras opes so a quitosana, polissacardeo derivado da quitina, e o acetato de
celulose, obtido a partir da acetilao da celulose, os quais tm sido considerados excelentes
materiais para a concepo de revestimentos de alimentos bem como estruturas de embalagens
(Oliveira Jr., 2002; Caner, 2005; Silveira, 2005).
Nos ltimos anos, os pesquisadores se dedicaram ao estudo de embalagens capazes
no s de proteger, mas de interagir com o produto. As embalagens ativas so desenvolvidas
para interagir de forma desejvel com o produto, mudando as condies de acondicionamento
para aumentar a vida de prateleira e melhorar a sua segurana ou as suas propriedades
sensoriais. Os filmes que recebem aditivos e esto em contato com a superfcie do produto
liberam, de forma gradativa, o composto para a superfcie do alimento, onde a maioria das
reaes qumicas e microbiolgicas ocorre (Soares et al., 2006). Uma opo seria a
incorporao de leos essenciais (OEs) matriz polimrica utilizada para a produo dos
12
14
OBJETIVO GERAL
Desenvolver biofilmes de amido de milho, quitosana e acetato de celulose, contendo
diferentes concentraes de leos essenciais para aplicao em salsicha.
OBJETIVOS ESPECFICOS
- Avaliar os leos essenciais de alecrim (Rosmarinus officinalis), cravo-da-ndia (Eugenia
caryophyllata), organo (Origanum vulgare) e slvia (Salvia sclarea) in vitro, com relao a
sua atividade antimicrobiana e antioxidante;
- Caracterizar quimicamente os leos essenciais;
- Formular filmes de amido de milho, quitosana e acetato de celulose, com incorporao de
diferentes concentraes dos leos essenciais selecionados nas etapas anteriores;
- Avaliar a atividade antimicrobiana e antioxidante in vitro, dos filmes formulados;
- Investigar o efeito dos filmes na conservao de salsicha realizando anlises sensoriais e
quantificando a oxidao lipdica durante o armazenamento sob refrigerao.
15
CAPTULO 1 -
1 REVISO BIBLIOGRFICA
1.1 Biofilmes
Embalagem para alimentos, de acordo com a ANVISA (Agncia Nacional de
Vigilncia Sanitria) (ANVISA, 2012) o artigo que est em contato direto com alimentos,
destinado a cont-los desde a sua fabricao at a sua entrega ao consumidor, com a finalidade
de proteg-los de agentes externos, de alteraes e de contaminaes, assim como de
adulteraes.
As embalagens plsticas produzidas com os polmeros convencionais de fonte
petroqumica degradam-se muito lentamente no ambiente, pois so bastante resistentes s
radiaes, ao calor, ao ar, gua e ao ataque imediato de micro-organismos. Isso gera
problemas ambientais, visto que a degradao desses materiais leva centenas de anos
(Arvanitoyannis et al., 1999). Vrias alternativas tm sido investigadas para minimizar o
impacto ambiental dos polmeros convencionais, incluindo a utilizao de polmeros
biodegradveis. Em comparao com os polmeros sintticos, os polmeros naturais como
materiais de embalagens de alimentos, tm as vantagens da biodegradabilidade, obteno
partir de recursos renovveis e serem potencialmente comestveis (Quintero et al., 2012).
O desenvolvimento de recobrimentos e pelculas comestveis tem sido objeto de
numerosos trabalhos de pesquisa nos ltimos 20 anos. Sem dvida, tanto o conceito quanto a
prtica de recobrir um alimento para melhorar sua qualidade e aumentar seu perodo de
armazenamento muito antigo. A aplicao direta de revestimentos em frutas ctricas para
evitar sua desidratao e proporcionar brilho, provavelmente a aplicao mais antiga dos
recobrimentos comestveis (Pan e Caballero, 2011).
Emulses derivadas de leos minerais tm sido empregadas desde o sculo 13 na
China, para elevar a conservao de frutos ctricos e demais produtos perecveis que eram
transportados por longas distncias, principalmente por via martima. Na dcada de 1950, a
cera de carnaba foi amplamente empregada para esse fim, mas devido aparncia fosca
resultante de sua aplicao, para melhor resultado visual, polietileno e parafinas foram
16
adicionados. partir da dcada de 60, ceras e vernizes processados a partir de gomas solveis
em gua se tornaram populares no revestimento de ctricos e frutas em geral (Assis, 2012).
Filmes so estruturas para envolver produtos. Quando so completamente degradados
por micro-organismos so considerados biodegradveis, sendo denominados biofilmes. Os
biofilmes so materiais de fina espessura, preparados a partir de macromolculas biolgicas,
que agem como barreira a elementos externos (umidade, gases e leos), protegendo os
produtos e aumentando sua vida de prateleira. Adicionalmente, podem carrear compostos
antimicrobianos e antioxidantes, sendo denominados biofilmes ativos (Krochta e MulderJohnston, 1997).
Dentre os materiais pesquisados, os biopolmeros naturais, como os polissacardeos e
as protenas, so os mais promissores, devido ao fato de serem abundantes, renovveis, e
capazes de formar uma matriz contnua (Gontard e Guilbert, 1993). Filmes obtidos a partir
dessas matrias-primas so econmicos, devido ao baixo custo das mesmas e ao fato de serem
biodegradveis. Ainda apresentam outras vantagens, como poderem ser consumidos em
conjunto com o produto, reterem compostos aromticos, carrear aditivos alimentcios ou
componentes com atividades antimicrobiana e/ou antioxidante (Pranotto et al., 2005).
O uso de polmeros partir de fontes renovveis para embalagens de alimentos
crescente. No entanto, em comparao com os polmeros sintticos termoplsticos, eles
apresentam problemas quando processados com as tecnologias tradicionais e mostram
desempenhos inferiores em termos de propriedades funcionais e estruturais (Nedi et al., 2011).
Os materiais de embalagens comumente utilizados em alimentos esto ilustrados na
Tabela 1.
Tabela 1 Materiais de embalagens comumente utilizados em alimentos.
Tipo de filme
Polietileno
Unidade monomrica
Etileno
Polivinilideno
Vinilideno
Polister
Etilenoglicol + cido
tereftlico
Celofane
Glicose (celulose)
Caractersticas
Propriedades mecnicas desejveis,
termoadesivo.
Barreira gua/O2 desejveis,
termoadesivo, no muito forte.
Propriedades mecnicas desejveis,
baixa barreira gua/O2, no
termoadesivo.
Barreira gua/O2 desejveis, no
termoadesivo.
De acordo com Kader (1989) um bom material de embalagem deve preencher alguns
pr-requisitos:
- permitir uma troca gasosa lenta, mas controlada do alimento (reduzida absoro de O2);
- propiciar barreira seletiva a gases (CO2) e vapor dgua;
- criao de uma atmosfera modificada no que diz respeito composio interna de gases,
regulando assim o processo de amadurecimento de frutas e hortalias, levando a um aumento
da vida de prateleira;
- reduo da migrao de lipdios, em produtos de confeitaria;
- manuteno da integridade estrutural;
-servir como um veculo para incorporar aditivos alimentares (corantes, aromatizantes,
antioxidantes, antimicrobianos, etc.) e,
- evitar ou reduzir a contaminao microbiolgica durante armazenamento prolongado.
limitante, tendo em vista que comparados filmes sintticos, possuem flexibilidade limitada,
pois o amido gelatinizado apresenta fortes ligaes polares que os tornam quebradios
(Lawton, 1996).
1.2.2 Quitosana
A quitosana um polissacardeo composto por unidades de 2-acetamida-2-deoxi-Dglicopiranose e de 2-amino-2-deoxi-D-glicopiranose obtida pela desacetilao parcial da
quitina (Figura 2), sendo tambm encontrada na parede celular de fungos (Fai et al., 2008). A
quitina sintetizada por um grande nmero de organismos vivos, encontrada no exoesqueleto
dos artrpodes e insetos, na cutcula dos aneldeos e moluscos, nas paredes celulares de fungos
e leveduras e na concha de crustceos como camaro, lagosta e caranguejo (Kurita, 2006).
A utilizao de massa micelial de fungos como fonte alternativa de quitina e quitosana
tem demonstrado grandes vantagens, tais como: extrao simultnea de quitina e quitosana,
independncia dos fatores de sazonalidade, produo em larga escala, sendo que a quantidade
destes polissacardeos extrados da biomassa varia de acordo com a espcie de fungo e
condies nutricionais, principalmente a fonte de carbono utilizada. Fungos da Diviso
Zygomycotina apresentam simultaneamente quitina e quitosana em sua parede celular
(Stamford et al., 2007).
A quitina passa a ser chamada de quitosana quando o grau de acetilao menor que
50 % e esta torna-se solvel em cidos diludos, como cido actico, maleico e ltico (Dutta
et al., 2011).
22
23
27
1.3.1 Plastificantes
A Unio Internacional de Qumica Aplicada (IUPAC) define plastificante como uma
substncia incorporada em um material com o intuito de melhorar a sua flexibilidade e
funcionalidade. Reduz a tenso de deformao, dureza, viscosidade, ao mesmo tempo em que
aumentam a flexibilidade da cadeia do polmero e sua resistncia fratura (Horn, 2012).
A adio de plastificantes necessria para melhorar a flexibilidade dos biofilmes.
Diversos materiais plastificantes podem ser adicionados aos filmes, como os mono e
oligossacardeos (glicose, sacarose), lipdios (cidos graxos saturados, monoglicerdeos e
surfactantes) e os poliis (glicerol, sorbitol, eritritol). Destes, os poliis so os mais utilizados
para filmes com polissacardeos, melhorando sua flexibilidade pela reduo das interaes
polmero-polmero (Horn, 2012).
Das teorias que explicam o efeito da plasticizao, duas so particularmente teis em
se tratando de filmes comestveis, a teoria gel e do volume livre. A teoria gel diz respeito
rgida estrutura tridimensional dos polmeros. As molculas do plastificante ligam-se ao longo
da estrutura do polmero, reduzindo a rigidez da estrutura por enfraquecer e/ou impedir
ligaes do tipo Van der Walls, pontes de hidrognio, ligaes covalentes, etc., alm de
facilitarem o movimento das molculas do polmero, resultando em aumento da flexibilidade
28
1.3.1.1 Glicerol
O glicerol um dos agentes plastificantes mais utilizados na composio de solues
filmognicas, devido a sua estabilidade e compatibilidade com as cadeias biopolimricas dos
biofilmes (Chillo et al., 2008). um composto orgnico, pertencente classe dos poliis.
lquido temperatura ambiente, higroscpico, inodoro, viscoso e de sabor adocicado.
Encontra-se presente em todos os leos e gorduras de origem animal e vegetal na sua forma
combinada, ou seja, ligado a cidos graxos tais como o cido esterico, oleico, palmtico,
lurico formando a molcula de triacilglicerol (Bobbio e Bobbio, 2003).
Alves et al. (2007) avaliando os efeitos do glicerol e da amilose nas propriedades de
filmes de amido de mandioca, verificaram que medida que a proporo de glicerol foi
aumentada, a permeabilidade ao vapor dgua, tenso de ruptura, mdulo de Young e fora
de perfurao foram reduzidos.
Arrieta et al. (2011), pesquisando biofilmes ativos partir de protenas do leite, com
diferentes concentraes de glicerol, verificaram atravs de microfotografias que, somente
29
partir de 35 % de glicerol a aparncia dos biofilmes ficou mais homognea, alm de produzir
uma reduo significativa no Mdulo de Young, indicando uma diminuio na rigidez do
material, comportamento esperado em um processo de plasticizao.
Propriedades mecnicas so importantes para revestimentos e filmes comestveis, pois
refletem sua durabilidade e capacidade de melhorar a integridade mecnica do alimento. A
adio de agentes plastificantes em biopolmeros tem um grande efeito sobre as propriedades
mecnicas do filme, tais como a flexibilidade e o aumento da sua resistncia (Sothornvit e
Krochta, 2005).
30
A resistncia trao medida pela fora mxima que o filme pode sustentar. A
elongao geralmente tirada do ponto de quebra e expressa como porcentagem de aumento
do comprimento original da amostra. Fora resultante a fora de trao na qual ocorre o
primeiro sinal de deformao no elstica. O mdulo de elasticidade ou mdulo de Young
mede tambm a resistncia do filme (Barreto, 2003).
A tenso () a razo entre a carga ou fora de trao (F) e a rea de seo transversal
inicial do corpo de prova (A) (Equao 1), expressa em Pa.
=F
(1)
A
Elongao (L) o incremento do comprimento entre marcas produzido no corpo de
prova pelo carregamento sob trao. Chamado tambm de extenso, sendo expresso em mm.
A deformao () dos filmes adimensional, sendo determinada pela equao abaixo:
= ln L
(2)
L0
(3)
diferentes
exibem
padres de trao diferentes. Por exemplo, um polissacardeo possui alta resistncia trao
e pouca elongao, enquanto que materiais proteicos apresentam moderada resistncia
trao e longa elongao. Este comportamento pode ser explicado, pelas diferenas existentes
na estrutura molecular destes materiais. A estrutura da cadeia polimrica de um polissacardeo
linear, enquanto que as protenas apresentam uma estrutura complexa devido s interaes
inter e intramoleculares dos grupos radicais (Chen, 1995).
32
Os eventos trmicos que geram modificaes em curvas DSC podem ser basicamente,
transies de primeira e de segunda ordem. As transies de primeira ordem apresentam
variaes de entalpia, endotrmica ou exotrmica, e do origem formao de picos. As
transies de segunda ordem caracterizam-se pela variao de capacidade calorfica, porm
sem variaes de entalpia, no gerando picos nas curvas de DSC, apresentando-se como um
deslocamento da linha base (Canevarolo Jr., 2002).
A temperatura de transio vtrea (Tg) o valor mximo da faixa de temperatura que,
durante o aquecimento de um material polimrico, permite que as cadeias da fase amorfa
adquiram mobilidade. Abaixo da Tg o polmero no tem energia interna suficiente para
permitir o deslocamento de uma cadeia em relao a outra por mudanas conformacionais.
Dessa forma ele est no estado vtreo, onde se apresenta duro, rgido e quebradio. Acima da
Tg as cadeias polimricas sofrem rotao e movimentos difusionais, estando o polmero no
estado elastomrico (Canevarolo, 2002). Em geral a Tg depende da histria trmica do
material, do peso molecular das cadeias polimricas, da presena de plastificantes, do grau de
cristalinidade e da composio da amostra (Roos, 1995), sendo especfica para cada material.
As propriedades mecnicas e de barreira dos polmeros esto relacionadas com a Tg.
Dessa forma, o conhecimento da temperatura de transio vtrea dos filmes biodegradveis
ajuda na escolha das melhores condies de armazenamento, sendo esperado que a permeao
a gases e ao vapor dgua atravs dos filmes seja maior acima da Tg, onde as cadeias do
polmero esto em maior movimento (Rogers, 1985).
A termogravimetria (TGA) uma tcnica de anlise trmica, na qual a variao da
massa da amostra (perda ou ganho) determinada em funo da temperatura e/ou tempo,
enquanto a amostra submetida a uma programao controlada de temperatura. Esta tcnica
possibilita conhecer as alteraes que o aquecimento pode provocar na massa das substncias,
permitindo estabelecer a faixa de temperatura em que comeam a se decompor, acompanhar
o andamento da desidratao e de reaes de oxidao, combusto, decomposio, etc.
(Canevarolo Jr., 2002).
Em materiais polimricos, a TGA tem sido largamente utilizada para avaliao da
estabilidade trmica, determinao do contedo de umidade e aditivos, estudos de cintica de
degradao, anlise de sistemas de copolmeros, estabilidade oxidao e temperaturas de
degradao (Pelissari, 2009).
34
35
36
suficiente para serem envolvidas em torno da superfcie do alimento (Cutter e Sumner, 2002).
Quando aplicados na forma de pelculas sobre um produto, devem atender a alguns requisitos
funcionais tais como barreira a umidade, cor, aparncia, transparncia, caractersticas
mecnicas e reolgicas adequadas (Guilbert et al., 1986). Estas propriedades podem ser
influenciadas pela adio de compostos como os plastificantes, agentes antimicrobianos,
antioxidantes, etc.
Os revestimentos podem atuar no alimento como carreadores de agentes com funo
especfica como antioxidante, antimicrobiana, corante, aromtica, entre outras. Inmeras
pesquisas em todo o mundo tm mostrado o potencial do uso dos revestimentos incorporados
com agentes ativos na manuteno e prolongamento da vida til de alimentos, sendo eles de
origem vegetal ou animal (Soares et al., 2009).
39
Incorporao na matriz do
alimento
Alimento
Dipping ou pulverizao
Incorporao no filme
40
ferrlico, quercetina ou extrato de ch verde. A atividade antioxidante dos filmes foi testada
contra a oxidao de lipdios de fils de sardinha, sendo que os filmes com extrato de ch
verde foram os mais eficazes, tanto com relao aos valores dos ndices de perxido quanto a
concentrao de malonaldedo, durante o perodo de armazenamento.
Salmieri e Lacroix (2006) desenvolveram filmes base de alginato e policaprolactona
incorporados com OEs de organo, segurelha e canela e avaliaram as suas propriedades
antioxidantes por meio do teste colorimtrico do N, N-dietil-p-fenilenediamina (DPD). Os
resultados demonstraram que os filmes base de organo exibiram as maiores propriedades
antioxidantes.
Propriedades antioxidantes bem como de barreira luz de um revestimento a base de
gelatina, contendo extratos aquosos de organo ou slvia foram desenvolvidos por GmezEstaca et al. (2009). Yasin e Abou-Taleb (2007) avaliaram o efeito de revestimentos
comestveis a base de farinha de trigo e xantana incorporados com diferentes teores de tomilho
e manjerona, na qualidade de fils de tainha semi-fritos durante o seu armazenamento
refrigerado. Os revestimentos contendo 5 % de tomilho e manjerona foram os mais eficazes
tratamentos antioxidantes, com relao s taxas de bases volteis nitrogenadas totais,
trimetilamina, cido tiobarbitrico, acidez (mg KOH) e ndice de perxidos.
Cardoso et al. (2010) avaliando a estabilidade oxidativa de carne bovina in natura
refrigerada revestida com um biofilme a base de gelatina contendo extratos de alecrim e
organo, verificaram que os tratamentos apresentaram um efeito positivo na estabilidade do
ndice de TBARS (oxidao lipdica), sendo que os melhores resultados foram apresentados
no tratamento alecrim + organo.
A migrao do antioxidante a partir da pelcula do polmero para o alimento um
processo complexo, afetado principalmente pelas propriedades da matriz do polmero, da
natureza da substncia antioxidante e das caractersticas da superfcie do produto (Lpez-deDicastillo et al., 2012).
45
(a)
(b)
(e)
(c)
(f)
(d)
(g)
Figura 7 Frmulas estruturais de alguns componentes presentes no OE de alecrim (a) pineno, (b) acetato de bornila, (c) cnfora, (d) 1-8 cineol, (e) limoneno, (f) borneol e (g)
verbenona.
Os extratos de folhas de alecrim obtidos com trs diferentes solventes (hexano, acetona
e metanol) apresentaram efeitos inibidores da oxidao lipdica quando avaliados pelo mtodo
Rancimat tendo banha suna como substrato, apresentando um perodo de induo at duas
vezes superior ao do BHA (butil hidroxianisol), e at trs vezes superior ao do BHT (butil
hidroxitolueno) (Chen et al., 1992).
47
(a)
(b)
48
O OE de slvia obtido principalmente das folhas, extrado por arraste de vapor com
rendimento variando de 0,5 a 1,1 %. Possui como principais componentes a -tujona,
cariofileno, 1,8-cineol, -humuleno e cnfora (Figura 10). Os compostos presentes no OE so
biologicamente ativos e possuem ao txica e farmacolgica (Duke, 2002). A slvia tem sido
extensivamente estudada e reconhecida por sua capacidade antioxidante relacionada aos seus
compostos fenlicos (Fasseas et al., 2007).
Figura 10 - Frmulas estruturais de alguns componentes presentes no OE de slvia (a) tujona, (b) cariofileno, (c) 1,8-cineol, (d) -humuleno e (e) cnfora.
49
50
51
52
53
lipdios com o oxignio. A rancidez oxidativa pode ocorrer por via enzimtica pela ao das
enzimas lipoxigenases ou por via no enzimtica, atravs da autoxidao ou da fotoxidao
(Fennema et al., 2010). A oxidao lipdica pode levar destruio de vitaminas, cidos
graxos, pigmentos e protenas, mas a perda das qualidades sensoriais o efeito mais visvel
decorrente deste processo. Alm das perdas nutricionais e sensoriais, pode gerar compostos
indesejveis e at mesmo potencialmente prejudiciais sade humana (Mariutti e Bragagnolo,
2007).
Os mecanismos antioxidantes dos compostos que so usados para aumentar a
estabilidade oxidativa de alimentos incluem o controle de radicais livres, pr-oxidantes e
intermedirios da oxidao, sendo o BHT (butil hidroxitolueno) e o BHA (butil hidroxianisol)
antioxidantes sintticos amplamente utilizados na indstria de alimentos (Mariutti e
Bragagnolo, 2007), embora atualmente sua inocuidade tenha sido questionada, o que
impulsiona a busca por compostos com esta funo a partir de fontes naturais, particularmente
aquelas de origem vegetal como os OEs (Snchez, 2010).
A atividade antioxidante dos OEs est relacionada, principalmente, com a presena de
compostos fenlicos. Compostos como o timol, carvacrol e eugenol, presentes nos OEs de
cravo-da-ndia e organo tem conhecida atividade antioxidante. Teixeira et al. (2013)
avaliando OEs comerciais, identificaram uma forte e moderada atividades antioxidantes em
OEs de cravo-da-ndia e organo respectivamente, similares s encontradas em antioxidantes
sintticos como o BHT.
Cuvelier et al. (1994) identificaram os constituintes antioxidantes da slvia como
sendo carnosol, rosmadial, cido carnosnico, rosmanol e epirosmanol, previamente
encontrados em alecrim, e notadamente conhecidos por suas propriedades antioxidantes. A
adio de 3% de OE de slvia adicionados a carne homogeneizada foram eficientes no
controle da oxidao lipdica durante a coco e armazenamento a 4 C por 12 dias (Faseas et
al., 2007).
do agente oxidante, dos produtos intermedirios ou dos produtos finais da oxidao pode ser
usada para medir a atividade antioxidante.
Embora vrios mtodos sejam sido utilizados para mensurar a capacidade antioxidante
de suplementos alimentares e dietticos, extratos de plantas medicinais e compostos puros,
apenas alguns deles so eficientes devido s dificuldades encontradas ao se avaliar a
capacidade antioxidante destas substncias, em funo de limitaes associadas a questes
metodolgicas e de fontes de radicais livres (Glin et al., 2012).
Um dos mtodos mais utilizados para verificar a atividade antioxidante de compostos
puros consiste em avaliar a atividade sequestradora do radical 2,2-difenil-1-picril-hidrazila
(DPPH), de colorao prpura, que absorve em um comprimento de onda de 515 nm. Por ao
de um antioxidante ou uma espcie radicalar (R.), o DPPH reduzido formando 2,2difenilpicril-hidrazina (DPPH-H), de colorao amarela com consequente desaparecimento da
banda de absoro, sendo a mesma monitorada pelo decrscimo da absorbncia (Oliveira et
al., 2009) (Figura 12).
Embora este radical tenha como limitao sua semelhana com radicais peroxila, este
ensaio comumente utilizado para avaliar a capacidade antioxidante de farelo e gros de trigo,
legumes, cido linoleico conjugado, ervas, sementes comestveis, leos e farinhas, em
diferentes sistemas de solventes incluindo etanol, soluo aquosa de acetona, metanol, lcool
e benzeno (Cheng et al., 2006). Comparado com outros mtodos, o ensaio DPPH tem muitas
vantagens tais como uma boa estabilidade, sensibilidade, simplicidade e viabilidade (Jin et al.,
2006).
Os resultados do ensaio DPPH tm sido apresentados de diferentes maneiras. A
maioria dos estudos exprime os resultados como o valor IC50, definido como a quantidade de
56
1998). Dentre os embutidos crneos cozidos, temos a categoria dos produtos emulsionados na
qual esto includos os pats, salsichas e mortadelas. Entende-se por salsicha, o produto crneo
industrializado obtido da emulso de carne de uma ou mais espcies de animais de aougue,
adicionados de ingredientes, embutido em envoltrio natural, artificial ou por processo de
extruso, e submetido a um processo trmico adequado (BRASIL, 2000).
A vida de prateleira dos produtos depende dos seus parmetros intrnsecos e
extrnsecos, este perodo estabelecido pelos produtores (Hoffmann, 2001). A salsicha dever
estar permanentemente submetida ao do frio desde o fabrico at o consumo, a temperaturas
entre 0 C e 5 C, para o produto refrigerado, e iguais ou inferiores a -18 C, quando congelado.
A RDC n 12 de 2001 estabelece que o limite mximo de contaminao deste produto para
Coliformes a 45oC de 10 UFC/g, para Staphylococcus coagulase positiva, o limite
3x10 UFC/g, 5x10 UFC/g para Clostridium sulfito redutor e ausncia de Salmonella sp. em
25 g de alimento (BRASIL, 2001).
Em salsichas vendidas granel a presena de micro-organismos patognicos superior
ao embalado a vcuo, porm tambm h ocorrncia de patgenos neste tipo de embalagens.
Staphylococcus spp. coagulase positiva o micro-organismo patognico de maior ocorrncia
em salsichas do tipo hot dog, enquanto a Salmonella pouco observada (Martins et al, 2008).
Mrema et al. (2006) analisaram 120 salsichas e observaram que 26 % das amostras foram
positivas para Salmonella sp. Listeria monocytogenes foi encontrada por Wallace et al. (2003)
em 532 de 32.800 embalagens para salsicha (1,6 %), isto indica que os produtos tambm
podem estar sendo contaminados no ps-processamento.
A presena de patgenos evidencia a necessidade de se investir em tcnicas de
descontaminao para garantir a segurana do alimento. Tambm h o interesse em reduzir
ou eliminar os micro-organismos deteriorantes para aumentar a durabilidade do produto.
Como em muitos alimentos refrigerados, o crescimento microbiano o principal responsvel
pela deteriorao da carne e dos produtos crneos, em conjunto com as alteraes bioqumicas
e enzimticas (Devlieghere et al., 2004).
A oxidao lipdica e as alteraes da cor so atributos importantes que podem estar
relacionados degradao e deteriorao de produtos crneos e que influenciam diretamente
os aspectos sensoriais, a qualidade nutricional e a aceitao pelo consumidor. O rompimento
da integralidade das membranas musculares pela desossa mecnica, moagem, reestruturao
ou cozimento alteram os compartimentos celulares com a liberao de ferro da mioglobina e
de outras protenas. A interao deste e de outros agentes pr-oxidantes com os cidos graxos
58
60
em vista a crescente preocupao dos consumidores com aspectos relacionados sua sade e
questes ambientais.
O uso de condimentos como antioxidantes naturais tem sido objeto de estudo em
pesquisas que empregam diversas matrizes alimentares como hambrgueres, almndegas,
embutidos, desidratados e cortes marinados (Mariutti e Bragagnolo, 2009). Devido crescente
demanda de utilizao dos antioxidantes naturais em nvel industrial, a presena de compostos
fenlicos em plantas tem sido muito estudada, pelo fato destes inibirem a oxidao lipdica,
alm de participarem de processos responsveis pela cor, aroma e adstringncia em vrios
produtos (Peleg et al., 1998), contudo h a necessidade de se buscar a melhor forma de
utilizao dos antioxidantes naturais para esta finalidade, haja vista que os extratos elaborados
at ento tem apresentado bons resultados quanto atividade antioxidante, porm ainda detm
algumas interferncias nas caractersticas sensoriais dos produtos aos quais so adicionados
(Brum, 2009).
Os vegetais so fontes ricas em antioxidantes naturais como tocoferis, vitamina C,
carotenides e compostos fenlicos. A maioria destes compostos antioxidantes possui uma
base molecular semelhante, ou seja, pelo menos um anel aromtico e um grupo hidroxila,
incluindo os cidos fenlicos, flavonides e isoflavonas, steres de galato (taninos
hidrolisveis),
ligninas,
coumarinas,
estilbenos,
flavononas
protoantocianidinas
oligomricas. Juntos, estes compostos produzem um arranjo de antioxidantes que pode agir
por diferentes mecanismos para conferir um sistema de defesa efetivo contra o ataque dos
radicais livres (Shahidi, 1997).
Testes como ndice de perxidos, cidos graxos livres, anisidina, Kreis, Valor Tolox
(valor total de oxidao) e compostos volteis so utilizados no controle de qualidade de leos,
gorduras e produtos que a contenham, por fornecerem informaes valiosas e essenciais a
respeito do processo oxidativo na predio da rancidez do alimento analisado (Osawa et al.,
2005).
O mtodo mais usual para acompanhar a evoluo da oxidao de lipdios em carnes
e produtos crneos o teste de TBA (cido tiobarbitrico, que mede a formao de
malonaldedo (MDA), um produto da lipoperoxidao provocada principalmente por radicais
livres hidroxila, que so formados principalmente a partir de perxido de hidrognio
catalisado pela reao ferro-Fenton ou pela reao Haber-Weiss (Rampelotto, 2012). A reao
envolve o cido 2-tiobarbitrico com o malonaldedo, produzindo um composto de cor
vermelha, medido espectrofotometricamente a 532 nm de comprimento de onda. Os
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CAPTULO 2
ATIVIDADE ANTIBACTERIANA E ANTIOXIDANTE IN VITRO DOS LEOS
ESSENCIAIS DE ALECRIM, CRAVO-DA-NDIA, ORGANO E SLVIA
Mariane L. Ugaldea,b, Aline M. de Cezarob, Aline Cencib, Rogrio L. Cansianb, Geciane
Toniazzob, Juliana Steffensb
Instituto Farroupilha Federal - Campus Jlio de Castilhos So Joo do Barro Preto s/n - Caixa Postal 38 CEP 98130-000 Jlio de Castilhos RS, Brasil.
b
URI Erechim, Departamento de Cincias Agrrias, Av. Sete de Setembro, 1621- CEP 99700-000, Erechim
RS, Brasil.
a
83
1 INTRODUO
Os leos essenciais (OEs) so lquidos aromticos e volteis extrados de componentes
das plantas como razes, flores, caules, folhas, sementes, frutos e da planta inteira (Sanches et
al., 2010). So considerados metablitos secundrios das plantas, tendo funo relevante na
sua defesa, atuando como agentes antibacterianos, antivirais, antifngicos e inseticidas.
Embora a indstria de alimentos os utilize principalmente como aromatizantes, os mesmos
representam uma fonte antimicrobiana e antioxidante natural alternativa, podendo ser
utilizados na conservao dos produtos. No Brasil, OEs e extratos esto compreendidos dentro
da classe de aditivos como aromatizantes naturais. No entanto, excluem-se do regulamento da
ANVISA, as matrias de origem vegetal ou animal que possuam propriedades aromatizantes
intrnsecas, quando no so utilizadas exclusivamente como fonte de aromas (ANVISA,
2012).
Os OEs so constitudos por diversos compostos orgnicos de baixo peso molecular,
com atividades biolgicas distintas, podendo ser divididos em trs grupos de acordo com a
sua estrutura qumica: terpenos, terpenides, fenilpropenos e outros (Hyldgaard et al., 2012).
Deviso ao carter hidrofbico dos OEs e seus componentes, os mesmos ligam-se aos lipdios da
membrana celular microbiana, modificando sua estrutura o que ocasiona alteraes na sua
permeabilidade, levando morte da clula. A atividade antioxidante dos OEs est relacionada
principalmente com a presena de compostos fenlicos. Juntos, os diferentes compostos presentes
nos OEs produzem um arranjo de antioxidantes que pode agir por diferentes mecanismos para
conferir um sistema de defesa efetivo contra o ataque dos radicais livres (Shahidi, 1997).
Os OEs de alecrim, cravo-da-ndia, organo e slvia possuem atividades
antimicrobiana e antioxidante descritas na literatura (Angioniet al., 2004, Burt, 2004; Chenet
al., 1992; Oliveira, 2009; Scherer et al., 2005; Duke, 1994; Fasseas et al., 2007). Entretanto,
existem poucos trabalhos comparando estes efeitos, principalmente com OEs comerciais, os
quais podem mais facilmente serem utilizados na indstria de alimentos.
Em virtude da importncia da busca de antimicrobianos e antioxidantes naturais com
aplicao na indstria de alimentos, o presente trabalho objetivou determinar
comparativamente a composio qumica, atividade antibacteriana e antioxidante in vitro de
OEs comerciais de alecrim, cravo-da-ndia, organo e slvia.
84
2 MATERIAL E MTODOS
Para a determinao da composio qumica, atividades antibacterianas e
antioxidantes in vitro foram utilizados OEs comerciais (Ferquima) de alecrim (Rosmarinus
officinalis), cravo-da-ndia boto (Eugenia caryophyllata), organo (Origanum vulgare) e
slvia (Salvia sclarea).
Para avaliar a atividade antimicrobiana pela formao de halo de inibio, empregouse placas de Petri, com meio de cultura gar Meller-Hinton (Merck) e discos de papel
Whatmann n3, com 7 mm de dimetro (Silvestri et al., 2011). As culturas das bactrias foram
inoculadas por espalhamento nas placas com auxlio de uma ala de Drigalski, num volume
de 200 L (108 UFC.mL-1). Para cada micro-organismo e leo testado, foi preparada uma
placa na qual foram depositados trs discos com o volume a ser testado (5, 10 ou 15 L de
leo puro), um disco controle negativo (branco) e um disco controle positivo (30 g do
antiobitico cloranfenicol). Estes volumes foram determinados partir de testes prvios,
sendo que o volume mximo de OE usado foi o que o disco de papel absorveu sem transbordar.
Aps a incubao das placas a 36 1C durante 48 horas, os resultados foram analisados
medindo-se o dimetro do halo de inibio de crescimento das bactrias, incluindo o dimetro
do disco de papel.
Os resultados foram expressos em milmetros pela mdia aritmtica dos valores dos
halos obtidos nas trs repeties (por volume utilizado), sendo as mdias submetidas a Anlise
de Varincia (ANOVA) e comparadas pelo teste de Tukey (p<0,05), utilizando-se o programa
ASSISTAT.
Para determinar a Concentrao Inibitria Mnima (CIM), foi utilizado o mtodo
indireto de crescimento bacteriano, mediante a densidade tica em meio de cultura lquido
(Pierozan et al., 2009). Aps os resultados obtidos das anlises do antibiograma em meio
slido, onze bactrias selecionadas foram cultivadas em meio de cultura caldo LB
temperatura de 37 C durante 24 horas. A bactria E. faecalis no foi utilizada nesta etapa
tendo em vista a impossibilidade de reativao da mesma. Aps o perodo de crescimento das
culturas, foram inoculados, em micro tubos (eppendorf) 10 L de pr-inculo (108 UFC.mL1
contendo diferentes concentraes dos OEs (0,01 a 2,5 mg.mL-1) e o controle, sem leo
essencial. Todas as concentraes de cada OE, com as diferentes bactrias, foram avaliadas
em triplicata. Posteriormente ao processo de inoculao, os micro tubos foram incubados em
agitador eletromagntico (60 Hz), por um perodo de 24 horas, em sala climatizada
temperatura de 32 C. Antes e aps o perodo de incubao, 0 e 24 horas respectivamente,
foram transferidas alquotas de 100 L da cultura bacteriana para microplacas de fundo chato,
realizando-se trs leituras para cada repetio.
Ocorreram problemas de turbidez da amostra apenas com o OE de organo na
concentrao de 2,5 mg.mL-1, a qual no pode ser utilizada.
86
2.3 Atividade antioxidante pela captura de radicais livres com o teste de DPPH
A metodologia para avaliao da atividade antioxidante, baseada na medida da
extino da absoro do radical 2,2-difenil-1-picril hidrazil (DPPH) em 515 nm, foi realizada
em triplicata, por mtodo espectrofotomtrico (Kulisic et al., 2004). A tcnica consistiu na
incubao, por 30 minutos, de 500 L de uma soluo etanlica de DPPH 0,1 mM, com 500
L de solues, contendo concentraes crescentes dos OEs de alecrim, cravo-da-ndia,
organo e slvia (1,0; 2,5; 7,5; 10; 25; 50; 75; 100; 250; 500; 750 e 1.000 g.mL-1) em etanol.
Procedeu-se da mesma forma para a preparao da soluo denominada controle,
substituindo-se, 500 L da amostra por 500 L de etanol. A soluo denominada branco foi
preparada com as solues em diferentes concentraes dos OEs e etanol, sem DPPH. O
composto antioxidante BHT (butil-hidroxi-tolueno) foi utilizado como controle positivo.
O percentual de captao do radical DPPH foi calculado em termos da percentagem
de atividade antioxidante (AA%), conforme a Equao 1.
AA% = 100 - {[(Abs. amostra Abs.branco) x 100] Abs. controle}
(1)
A concentrao de OE necessria para capturar 50% do radical livre DPPH (IC 50) foi
calculada por anlise de regresso linear dos pontos plotados graficamente (Carbonari, 2005).
Para a plotagem dos pontos, foram utilizados os valores das mdias obtidas das triplicatas
realizadas para cada uma das concentraes. O poder antioxidante foi calculado de acordo
com a equao da curva da atividade antioxidante, onde Y substitudo por 50 e x representa
o valor do IC50. Os resultados foram expressos pela mdia aritmtica dos valores obtidos nas
trs repeties, sendo as mdias analisadas estatisticamente por Anlise de Varincia
87
3 RESULTADOS E DISCUSSO
3.1 Composio qumica
A composio qumica dos OEs determinada por fatores genticos, porm, outros
fatores podem acarretar alteraes significativas na produo dos metablitos secundrios. Os
estmulos decorrentes do ambiente no qual a planta se encontra, podem redirecionar a rota
metablica, ocasionando a biossntese de diferentes compostos. Dentre estes fatores, podemse ressaltar as interaes planta/micro-organismos, planta/insetos e planta/planta; idade e
estgio de desenvolvimento, fatores abiticos como luminosidade, temperatura, pluviosidade,
nutrio, poca e horrio de coleta, bem como tcnicas de colheita e ps colheita (Morais,
2009).
Vrias publicaes tm apresentado dados sobre a composio qumica de diferentes
OEs, podendo compreender mais de sessenta componentes individuais (Burt, 2004). Os
compostos majoritrios podem constituir at 85 % do OE, ao passo que outros esto presentes
apenas como elementos trao, tendo estes ltimos um papel fundamental a desempenhar nas
atividades biolgicas, possivelmente produzindo um efeito sinrgico entre os demais
componentes (Bauer et al., 2001; Snches et al., 2010). Os teores dos principais componentes
encontrados nos OEs avaliados, incluindo a combinao binria 1:1 dos OEs de cravo-dandia e organo, determinados atravs da anlise por CG-EM, esto apresentados na Tabela 1.
Pesquisas relatam o isolamento e identificao de diferentes compostos com atividade
antioxidante e antimicrobiana presentes no OE de alecrim, o qual constitudo por
hidrocarbonetos monoterpnicos, steres terpnicos, linalol, verbinol, terpineol, 3- octanona
e acetato de isobornila, dentre outros compostos (Alonso Junior, 1998). No presente estudo,
foi identificado como composto majoritrio o acetato de bornila (39,64 %) (Tabela 1).
Dafedera et al. (2000) e Pintore et al.(2002) identificaram para o OE de alecrim, percentuais
que variaram entre 3-89 % de acetato de bornila, 2-25 % de 1,8 cineol, 2-14 % de cnfora e
2-25 % de -pineno.
O OE de cravo-da-ndia apresentou o fenilpropeno eugenol como composto voltil
majoritrio (89,58 %) (Tabela 1), sendo que resultado semelhante foi obtido por Silvestri et
al., (2010) com o eugenol representando 90,3 % dos compostos volteis. Arenas et al. (2011)
88
Tabela 1 Principais compostos volteis (% de rea) encontrados nos OEs de alecrim, cravoda-ndia, organo, slvia e cravo-da-ndia/organo 1:1.
I.K.*
Composto
p-cimeno
1,8 cineol
-terpineno
Linalol
Cnfora
-terpineol
Acetato de
linalila
Acetato de
bornila
Timol
Carvacrol
Eugenol
Acetato de
geraniol
Trans-cariofileno
Total (%)
Alecrim
(Rosmarinus
officinalis)
Cravo-daOrgano
Slvia
ndia (boto)
(Origanum (Salvia
(Eugenia
vulgare)
sclarea)
caryophyllata)
10,06
0,25
6,73
3,57
39,26
0,94
0,15
1,12
0,54
16,14
7,75
26,17
Organo /
Cravo-dandia 1:1
1026
1033
1062
1098
1143
1189
1257
22,52
16,72
7,21
-
2,98
3,34
1,73
2,03
1,03
2,22
1285
39,64
1290
1298
1356
1383
89,58
-
4,50
60,71
-
1,65
2,79
15,39
56,42
-
1404
86,10
98,45
4,35
91,40
1,67
85,29
3,80
91,73
O OE de slvia teve como composto voltil principal o linalol (39,26 %) (Tabela 1).
Povh e Ono (2007) avaliaram a composio qumica do OE de slvia e obtiveram como
compostos majoritrios 1,8-cineol, -tujona, -tujona, cnfora, borneol e -humuleno.
89
90
Houve uma tendncia de aumento na eficincia dos OEs medida que se aumentou o
volume usado de 5 para 15 L, mas tal efeito no foi estatisticamente significativo (p>0,05)
para todos os micro-organismos e OEs testados (Tabela 2).
Embora haja excees na literatura, em geral os OEs so mais efetivos contra bactrias
Gram-positivas do que Gram-negativas, o que pode ser atribudo maior complexidade da
dupla parede celular destas (Burt, 2004). Tal fato pde ser observado nos OEs de organo e
slvia testados no presente estudo, para todas as concentraes utilizadas. O OE de cravo-dandia apresentou comportamento semelhante frente s bactrias Gram-positivas e negativas,
enquanto que o OE de alecrim foi mais efetivo frente s Gram-negativas.
Cristani et al., (2007) relataram a eficcia antimicrobiana de quatro monoterpenos
(timol, carvacrol, -cimeno e -terpineno) frente bactria Gram-positiva S. aureus e Gramnegativa E. coli, levando em conta os danos causados sobre biomembranas. Ficou evidente
que o efeito antimicrobiano destes compostos resultado, ao menos parcialmente, de uma
alterao da frao lipdica da membrana plasmtica dos micro-organismos. Alm disso, os
compostos podem atravessar as membranas celulares, penetrando assim para o interior da
clula, interagindo com os locais crticos para a atividade bacteriana (Burt, 2004).
91
Tabela 2 - Halos mdios (em mm)* obtidos pelo mtodo de difuso em gar dos OEs (5, 10 e 15 l) de alecrim (Rosmarinus officinalis), cravoda-ndia (Eugenia caryophyllata), organo (Origanum vulgare) e slvia (Salvia sclarea) frente Bactrias gram-positivas e gram-negativas.
Bactrias
Gram-positivas
E. faecalis
M. luteus
L.monocytogenes
S. aureus
S. epidermidis
S. mutans
Mdia
Gram-negativas
Aeromonas sp.
E. coli
K. pneumoniae
P. aeruginosa
P. mirabilis
S. choleraesuis
Mdia
5 L
11,01,0a
10 L
13,00a
13,0
1,73b
25,00b
15,01,0ab
5 L
18,67
0,58c
17,01,0a
11,0
1,0b
11,00b
13,33
0,58b
14,05
27,33
0,58b
15,00a
13,33
0,58b
14,67
0,58a
16,39
15 L
13,0
1,0a
16,67
1,15a
33,33
1,53a
15,0
1,0a
17,67
1,53a
15,00a
18,44
8,67
0,58b
9,00b
8,78
11,0
1,73ab
10,33
0,58ab
9,89
12,67
1,53a
12,0
1,73a
11,33
13,00
1,0ab
23,67
1,53b
13,00
1,0ab
NS
15,0
1,73a
27,00a
10,22
12,78
14,33
15,02,0a
NS
10 L
25,33
1,53b
17,01,0a
15 L
30,0
1,73a
19,331,53a
5 L
13,332,05a
10 L
15,01,41a
15 L
17,01,41a
5 L
NS
10 L
NS
15 L
NS
12,670,94b
16,671,25a
19,331,25a
NS
NS
NS
NS
NS
18,670,94b
21,330,47b
31,331,25a
NS
NS
NS
9,01,0b
11,01,0ab
12,671,15a
NS
9,00b
10,670,47a
NS
NS
NS
24,671,53b
27,00ab
30,672,52a
10,670,47c
13,670,94b
19,331,25a
NS
NS
NS
12,671,15b
13,01,0b
17,671,53a
13,00b
15,331,25b
18,670,94a
8,00a
81,0a
9,331,15a
13,67
15,55
18,39
11,39
15,17
19,39
1,33
1,33
1,55
NS
NS = no sensvel; * mdia das triplicatas, incluindo o dimetro de 7 mm do disco de papel ** Mdias seguidas da mesma letra na mesma linha
para o mesmo OE, no diferem entre si pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade.
92
A metodologia dos discos tem como importncia maior fornecer dados iniciais da
ao antimicrobiana de produtos naturais, pela facilidade e rapidez de execuo (Klancnik
et al., 2010). Porm, considera-se fundamental a continuidade dos estudos para obteno
de valores de Concentrao Inibitria Mnima (CIM), o que foi realizado na segunda parte
desta pesquisa.
Na avaliao dos resultados da Concentrao Inibitria Mnima (CIM), observouse que o OE de organo apresentou o melhor desempenho dentre os leos testados, sendo
efetivo frente a todos os micro-organismos avaliados (Tabela 3), atingindo uma mdia de
0,016 mg.mL-1 para bactrias Gram-positivas e 0,020 mg.mL-1 para Gram-negativas.
Busatta et al., (2007), avaliando a atividade antimicrobiana in vitro do OE de organo,
encontrou valores mdios para a CIM de 0,46 mg.mL-1, ou seja, um desempenho bem
inferior ao encontrado no presente estudo.
Tabela 3 Concentrao inibitria mnima (CIM) do OE de organo (Origanum
vulgare), cravo-da-ndia (Eugenia caryophyllata) e mistura de organo e cravo-da-ndia
(1:1).
Bactrias gram-positivas
Micrococcus luteus
Listeria monocytogenes
Staphylococcus aureus
Staphyloccus epidermidis
Streptococcus mutans
Mdia
Bactrias gram-negativas
Aeromonas sp.
Escherichia coli
Klebsiella pneumoniae
Pseudomonas aeruginosa
Proteus mirabilis
Salmonella choleraesuis
Mdia
Organo
0,010
0,025
0,010
0,010
0,025
0,016
0,010
0,025
0,025
0,025
0,025
0,010
0,020
CIM mg.mL-1
Cravo-da-ndia Organo/cravo 1:1
0,5
0,5
0,75
0,075
0,75
0,075
0,75
0,025
0,75
0,5
0,7
0,23
-1
CIM mg.mL
0,75
0,5
0,75
0,5
0,1
0,075
0,75
0,075
0,5
0,075
0,1
0,025
0,49
0,21
timol, que so os componentes fenlicos presentes em maior quantidade (KocicTanackou et al., 2012; Kacaniova et al., 2012). Ao testarem a suscetibilidade de Listeria
innocua frente aos compostos carvacrol, timol e eugenol, Garca-Garca et al. (2011),
obtiveram melhores resultados com o primeiro composto. Entre as combinaes binrias,
carvacrol+timol, em diferentes concentraes, foram as que mais alcanaram atividade
bactericida, evidenciando atividade sinrgica.
A atividade antimicrobiana de um OE pode depender de apenas um ou dois dos
componentes majoritrios que o formam. No entanto, uma quantidade crescente de
evidncias indica que a atividade inerente dos OEs, pode ser funo da interao entre
seus constituintes menores. Diversas atividades antimicrobianas sinrgicas foram
relatadas para componentes ou fraes de OEs, utilizando-se combinaes binrias ou
ternrias (Burt, 2004).
Fazendo-se um paralelo entre os resultados obtidos na difuso em gar e na CIM,
dos OEs testados, pode-se observar que permaneceram os melhores desempenhos para os
OEs de cravo-da-ndia e organo, embora com algumas particularidades. Na difuso em
gar, o OE de organo foi ineficaz frente bactria K. pneumoniae, enquanto que ao
realizar sua CIM, obteve-se um valor de 0,025 mg.mL-1 (Tabela 3). Isso que pode ser
devido uma possvel dificuldade do leo em migrar para o gar no teste da difuso em
gar, enquanto que quando realiza-se a determinao da CIM, o mesmo encontra-se em
contato direto com o micro-organismo.
3.3 Atividade antioxidante pela captura de radicais livres com o teste de DPPH
Um dos mtodos mais utilizados para verificar a atividade antioxidante consiste
em avaliar a atividade sequestradora do radical 2,2-difenil-1-picril-hidrazila (DPPH), de
colorao prpura, que absorve em um comprimento de onda de 516 nm. Por ao de um
antioxidante ou uma espcie radicalar (R.), o DPPH reduzido formando 2,2difenilpicril-hidrazina
(DPPH-H),
de
colorao
amarela
com
consequente
.
Silvestri et al., (2010) avaliando OE de cravo-da-ndia em diferentes
. Scherer et al. (2009), obtiveram um IC50 de 7,8 g.mL-1 para OE comercial de cravo-
da-ndia, sendo que identificaram o eugenol como composto majoritrio, com 83,75% da
rea total, o mesmo observado na presente pesquisa (Tabela 1), o qual um composto
fenlico de forte ao antioxidante, j comprovada tanto in vitro quanto in vivo (Ito e
Yoshino, 2005). Os antioxidantes fenlicos funcionam como sequestradores de radicais
e, algumas vezes, como quelantes de metais, agindo tanto na etapa de iniciao quanto na
propagao do processo oxidativo (Ramalho e Jorge, 2006). Prez-Ross et al. (2007)
chegaram a um IC50 de 13,2 g.mL-1 para o OE de cravo-da-ndia obtido das folhas da
planta.
Dentre as ervas da famlia Labiatae, o alecrim o mais extensivamente estudado
e seus extratos so os mais conhecidos como antioxidantes naturais, sendo sua atividade
atribuda principalmente presena de compostos fenlicos, volteis e no volteis, como
os flavonides, os cidos fenlicos e os diterpenos fenlicos, tais como o cido carnsico
e o carnosol (hidrofbicos) e o cido rosmarnico e o rosmanol (hidroflicos), sendo que
mais de 90% desta atividade atribuda aos compostos hidrofbicos, principalmente ao
cido carnsico (Justo et al., 2008).
O OE de slvia foi o que apresentou o menor desempenho dentre os leos
analisados, com uma atividade antioxidante de 19,70 % na concentrao de 1.000 g.mL1
capacidade antioxidante relacionada aos seus compostos fenlicos (Cuppet e Hall, 1998).
Cuvelier et al. (1994) identificaram os constituintes antioxidantes da slvia como sendo
carnosol, rosmadial, cido carnosnico, rosmanol e epirosmanol, previamente
encontrados em alecrim, e notadamente conhecidos por suas propriedades antioxidantes.
A partir da correlao entre a atividade antioxidante (AA %) e a concentrao dos
leos utilizados, foram obtidas as equaes da reta, as quais fornecem os dados para
96
IC50 (g.mL-1)
11,79
Organo
172,44
Alecrim
475,14
Slvia
3.267,45
Cravo-da-ndia/organo 1:1
6,40
BHT
8,0
leo essencial
Cravo-da-ndia
e um IC50 de 6,40 g.mL-1 (Tabela 4), atividade esta superior obtida para a substncia
de referncia, o BHT, utilizada na presente pesquisa, bem como para ambos os OEs
quando utilizados em isolado, resultado possivelmente da composio qumica
diferenciada obtida desta combinao (Tabela 1). Juntos, os diferentes compostos
presentes nos OEs, produzem um arranjo de antioxidantes que pode agir por diferentes
97
mecanismos para conferir um sistema de defesa efetivo contra o ataque dos radicais livres
(Shahidi, 1997).
O BHT uma substncia de referncia, utilizada nas pesquisas que fazem uso do
mtodo DPPH. Os valores de IC50 desta molcula apresentam uma ampla gama de
variao de acordo com a literatura, indo de 19,4 M at 393 M, diferenas estas devidas
principalmente a uma no padronizao das tcnicas utilizadas, o que dificulta a
comparao entre os resultados (Zaouali et al., 2010; Scherer et al., 2005; Mishra et al.,
2012).
Os compostos fenlicos possuem uma potente ao antioxidante, apesar de ainda
no haver um esclarecimento com relao ao seu mecanismo in vivo. O eugenol,
composto majoritrio do OE de cravo-da-ndia, possui capacidade inibitria da
peroxidao lipdica na fase de iniciao e propagao atravs da interferncia nas
reaes em cadeia, sequestrando o O2 ativo e, ao ser metabolizado em um dmero
(dieugenol), inibe a peroxidao propriamente dita em nvel de propagao da reao em
cadeia de radicais livres com o -tocoferol, demonstrando potente ao antioxidante e
aplicabilidade estratgica na indstria (Affonso et al., 2012).
A atividade antioxidante de 33 fito constituintes presentes na noz-moscada,
pimenta preta, cravo-da-ndia, gernio e melissa foi avaliada, sendo que as maiores
atividades foram observadas para os constituintes eugenol, carvacrol e timol, em
comparao aos demais (Jukicet al., 2007). O eugenol e o carvacrol foram os compostos
volteis majoritrios encontrados na combinao binria 1:1 dos OEs de cravo-da-ndia
e organo (Tabela 1), o que justifica o IC50 obtido da mistura (Tabela 4).
4 CONCLUSES
Os compostos volteis majoritrios identificados foram acetato de bornila (39,64
%), eugenol (89,58 %), carvacrol (60,71 %) e linalol (39,26 %) nos OEs de alecrim,
cravo-da-ndia, organo e slvia, respectivamente.
Os OEs de organo e slvia testados no presente estudo, em todas as concentraes
utilizadas, foram mais efetivos contra bactrias Gram-positivas do que Gram-negativas.
O OE de cravo-da-ndia apresentou comportamento semelhante frente a ambas, enquanto
que o OE de alecrim foi mais efetivo contra s Gram-negativas.
98
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao CNPq, CAPES, FAPERGS e SC&T-RS pelo suporte
financeiro.
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105
1 INTRODUO
Filmes polimricos so estruturas para envolver produtos. Quando so
completamente degradados por micro-organismos so considerados biodegradveis,
sendo denominados filmes biopolimricos. Os filmes biopolimricos so materiais de fina
espessura, preparados a partir de macromolculas biolgicas, que agem como barreira a
elementos externos (umidade, gases e leos), protegendo os produtos e aumentando sua
vida de prateleira. Adicionalmente, podem carrear compostos antimicrobianos e
antioxidantes, sendo denominados filmes biopolimricos ativos (Krochta e MulderJohnston, 1997).
Dentre os materiais pesquisados, os biopolmeros naturais, como os
polissacardeos e as protenas, so os mais promissores, devido ao fato de serem
abundantes, renovveis, e capazes de formar uma matriz contnua (Gontard e Guilbert,
1993). Estruturas lineares de alguns polissacardeos como, por exemplo, celulose, amido
e quitosana, originam filmes resistentes, flexveis e transparentes. Ainda apresentam
outras vantagens, como poderem ser consumidos em conjunto com o produto, reterem
compostos aromticos, carrear aditivos alimentcios ou componentes com atividades
antimicrobiana e/ou antioxidante (Pranotto et al., 2005).
A incorporao de substncias antimicrobianas e/ou antioxidantes em materiais
de embalagem, tem se destacado em virtude do papel das alteraes microbianas e
oxidativas na qualidade dos produtos alimentares (Siripatrawan e Harte, 2010). Esta
abordagem pode reduzir a adio de grandes quantidades de aditivos alimentares que so
geralmente incorporados em alimentos. Devido ao potencial risco para a sade causado
por compostos ativos sintticos (Gmez-Estaca et al., 2009), diversas pesquisas so
conduzidas com compostos ativos naturais como alternativa aditivos sintticos,
incluindo a incorporao de leos essenciais (Oussalah et al., 2004; Gmez-Estaca et al.,
2010; Du et al., 2011).
Os OEs so lquidos aromticos e volteis extrados de componentes das plantas
como razes, flores, caules, folhas, sementes, frutos e da planta inteira (Snchez et al.,
2010), sendo classificados como GRAS (Generally Regarded As Safe), o que os torna
atrativos ao consumidor por no apresentarem efeito txico, mesmo quando empregados
em concentraes relativamente elevadas (Pereira et al., 2006). Quimicamente, em sua
maioria, so constitudos de substncias terpnicas e eventualmente de fenilpropanides,
107
2 MATERIAL E MTODOS
2.1 Obteno dos filmes biopolimricos ativos
Os filmes biopolimricos de amido de milho, quitosana e acetato de celulose
foram obtidos pela tcnica casting, a qual consiste na desidratao de uma soluo
coloidal, denominada soluo filmognica (SF). Os filmes biopolimricos de quitosana
foram preparados de acordo com Siripatrawan e Harte (2010), com modificaes, partir
de uma soluo contendo 2 % de quitosana (p/v) (Polymar, Fortaleza, Cear, Brasil),
30 % de glicerol (p/p) (Sigma-Aldrich Brasil Ltda, So Paulo, SP, Brasil) como agente
plastificante, suspensos em uma soluo de cido actico 1 % (Sigma-Aldrich Brasil Ltda,
So Paulo, SP, Brasil). A SF foi submetida ao processo de esterilizao em autoclave
121C/10 minutos, sendo posteriormente filtrada.
Os filmes biopolimricos de amido de milho foram obtidos partir de uma soluo
contendo 3 % de amido de milho (p/v), 30 % de glicerol (p/p) (Proton Qumica) como
agente plastificante, suspensos em gua destilada. Os componentes foram misturados e
aquecidos gradualmente sob agitao em banho-maria, at atingir a temperatura de 80 C
sendo a mesma mantida por 10 minutos.
As solues filmognicas (SF) eram resfriadas at a temperatura de 40 C para
ento ser feita a adio dos OEs comerciais de cravo-da-ndia, organo (Ferquima, So
Paulo, Brasil) e da combinao binria 1:1 de ambos, nas propores 1,0 %, 2,5 % e 5,0
% (v/v), sendo posteriormente submetidas agitao em equipamento turrax (Multitec,
Canoas, RS, Brasil) por trs minutos. Manteve-se uma SF sem a adio de OE, a qual foi
denominada de controle. 90 g de SF foram vertidas em placas de acrlico de 15 x 15 cm
previamente higienizadas com lcool 70 %, objetivando a formao de filmes com
espessura homognea, sendo posteriormente submetidas secagem em estufa com
108
2.2 Espessura
A espessura dos filmes foi determinada de acordo com Monterrey e Sobral (1999)
onde se fixou o peso da SF depositada em cada placa, como descrito anteriormente. Aps
a secagem das SF, mediu-se a espessura dos filmes com um micrmetro digital
(Mitutoyo, Suzano, SP, Brasil) com preciso de 0,001 mm, em cinco pontos diferentes,
sendo um no centro e outros quatro no permetro. Todas as medidas foram realizadas em
triplicata, sendo as mdias analisadas estatisticamente por Anlise de Varincia
(ANOVA) e comparadas pelo teste de Tukey (p<0,05), utilizando-se o programa
ASSISTAT.
111
3 RESULTADOS E DISCUSSO
3.1 Espessura
A espessura dos filmes formados um parmetro que influencia suas propriedades
(Cuq et al., 1996). O controle da espessura importante para se avaliar a uniformidade
desses materiais, a repetitividade da medida de suas propriedades e a validade das
comparaes entre filmes, sendo difcil sobretudo nos processos de produo do tipo
casting (Sobral, 1999). Os resultados da determinao da espessura dos biofilmes esto
dispostos na Figura 1.
Os filmes produzidos partir da quitosana apresentaram valores de espessura
maiores que os de amido de milho e acetato de celulose, sendo que o biopolmero
utilizado foi a nica fonte de variao entre eles. Mohammad et al. (2012) pesquisando
blendas polimricas de quitosana e amido pelo mtodo casting, obtiveram valores mdios
de espessura de 0,20 mm, enquanto Bangyekan et al. (2006) encontraram valores mdios
de 0,10 mm para filmes produzidos com quitosana tambm pelo mtodo casting.
Abdollahi et al. (2012) obtiveram valores entre 0,049 e 0,052 mm para filmes de quitosana
incorporados com OE de alecrim e nanoargila.
Observando-se a Figura 1, possvel verificar que houve uma tendncia de
aumento da espessura dos filmes de quitosana e amido de milho, na medida em que foram
incorporadas maiores quantidades de OEs, embora nem sempre significativa
estatisticamente (p>0,05). Moradi et al. (2012) caracterizando filmes de quitosana
incorporados com OE de tomilho e extrato de semente de uva encontraram valores de
espessura estatisticamente iguais para todos os tratamentos, entre 0,07 e 0,08 mm.
Comportamento semelhante foi observado por Arce (2011), pesquisando a influncia da
introduo de OEs nas propriedades de pelculas comestveis base de quitosana.
112
114
Tabela 1 Valores L*, a*, b*, E e opacidade (Y) mdios dos filmes biopolimricos de
amido de milho, quitosana e acetato de celulose adicionados de OE de organo, cravo e
mistura de organo e cravo-da-ndia (1:1), em diferentes concentraes.
Parmetros Colorimtricos**
a*
b*
E
Y
leo essencial de Organo
C
98,20 0,84a -14,84 0,25d 1,86 0,36e
ND
50,07 0,32d
a
e
d
b
Amido de
1,0% 99,45 0,28
-15,98 0,48
10,88 1,33
9,18 1,54
50,71 0,25c
a
e
d
b
Milho
2,5%
98,10 0,3
-15,71 0,39
11,07 0,24
9,27 0,53
52,07 0,17b
5,0% 93,74 0,29b -15,79 0,24e 14,06 0,26c
13,03 0,51a
54,62 0,34a
C
59,513,51de
2,58 0,51ab
16,56 1,34c
ND
27,43 0,17g
1,0% 61,42 0,27d
2,70 0,38ab
16,17 1,89c
4,28 0,52c
27,99 0,08fg
d
abc
b
b
Quitosana
2,5% 61,76 0,82
2,49 0,26
22,98 2,86
7,17 2,08
28,40 0,35f
e
a
a
a
5,0% 58,11 2,48
2,96 0,29
27,65 0,88
12,24 2,12
31,46 0,20e
c
bc
f
C
71,00 0,52
2,35 0,08
-10,96 0,18
ND
15,91 0,34hi
c
abc
f
d
Acetato de
1,0% 71,71 0,48
2,52 0,09
-11,23 0,12
0,90 0,42
15,43 0,31i
c
bc
f
d
Celulose
2,5% 71,84 0,19
2,41 0,13
-11,55 0,24
1,12 0,43
15,72 0,19i
c
c
f
cd
5,0% 73,00 0,11
2,04 0,20
-11,55 0,24
2,17 0,52
16,46 0,28h
leo essencial de Cravo-da-ndia
C
94,54 2,04a -14,86 0,07e
1,81 0,05d
ND
52,21 0,81b
a
e
d
d
Amido de
1,0% 93,45 2,02
-14,73 0,05
1,80 0,12
2,42 2,08
51,89 0,70b
Milho
2,5% 90,83 0,74a -14,74 0,05e
2,25 0,07d
3,99 2,68d
52,78 0,44b
5,0% 87,17 1,21b -15,38 0,04d
2,66 0,26d
9,43 1,99bc
58,94 0,21a
C
56,09 1,28e
4,18 0,42b
22,54 3,34c
ND
18,31 0,22e
Quitosana
1,0% 53,70 1,88e
3,30 0,21bc
22,88 2,67c
5,84 2,0bcd
19,50 0,56e
f
a
b
ab
2,5% 48,65 3,68
6,32 0,45
29,53 1,47
10,83 3,19
28,09 0,68d
f
a
a
a
5,0% 46,34 3,06
6,79 1,33
33,65 4,37
15,95 3,66
29,29 0,26c
c
c
f
C
79,74 1,16
2,79 0,10
-12,39 0,31
ND
14,72 0,10f
cd
c
d
Acetato de
1,0% 77,79 1,09
2,76 0,04
-11,60
2,30 1,12
14,98 0,21f
ef
Celulose
0,32
2,5% 74,10 2,85d
2,67 0,21c
-10,85 0,91e 5,98 1,76bcd 15,61 0,35f
5,0% 74,95 0,96d
2,70 0,20c
-10,95 0,49e 5,08 1,63cd
15,57 0,28f
leo essencial de Organo e Cravo-da-ndia (1:1)
C
96,02 1,92a -15,12 0,38d
1,78 0,25e
ND
48,81 0,08d
Amido de
1,0% 93,6 1,95ab -15,06 0,18d
6,77 0,31d
5,76 0,93b
48,17 0,61c
b
d
d
b
Milho
2,5% 88,66 3,54
-14,93 0,46
7,22 0,30
7,48 3,26
51,47 0,16b
b
d
d
b
5,0% 89,91 0,16
-15,23 0,5
7,46 0,18
6,36 1,81
54,13 0,36a
d
c
c
C
67,98 3,40
1,77 0,23
10,64 0,50
ND
22,60 0,36g
d
b
b
b
Quitosana
1,0% 63,09 2,27
2,72 0,49
12,33 1,43
6,29 3,47
22,88 0,46g
e
a
a
a
2,5% 54,07 4,19
4,95 0,42
17,93 1,68
16,14 5,96
35,61 0,41f
e
a
a
a
5,0% 51,46 0,99
4,88 0,20
19,33 0,52
18,92 3,14
36,83 0,34e
c
b
g
C
75,85 2,16
2,53 0,08
-11,49 0,30
ND
14,95 0,31j
c
b
g
b
Acetato de
1,0% 74,57 2,32
2,51 0,06
-11,1 60,19
2,94 1,56
17,29 0,21i
Celulose
2,5% 76,15 1,57c
2,56 0,10b
-11,50 0,15g
1,40 0,87b
18,60 0,24h
5,0% 74,66 1,08c
2,38 0,15b
-10,35 0,21f
2,17 1,14b
18,78 0,37h
** Mdias seguidas de mesma letra nas colunas, para cada leo essencial, no diferem significativamente
pelo teste de Tukey (p<0,05). Obs. Para os biopolmeros controle no foi determinada a diferena total de
cor (E), por estes terem sido utilizados como padro para o clculo dos demais. C = Controle sem leo
essencial.
Biopolmero
com filmes incorporados com OEs (Ojagh et al. 2010, Pranoto et al., 2005). Arce (2011)
observou o mesmo efeito em pelculas comestveis base de quitosana incorporadas com
OEs de alecrim e tomilho. Moradi et al. (2012) caracterizando filmes de quitosana
incorporados com OE de tomilho e extrato de semente de uva, encontrou valores de L*
entre 35 e 77, nos diferentes experimentos realizados. Rotta (2008) encontrou valores
mdios de 48,39 para o parmetro L* em filmes elaborados partir de SF contendo 1 a
3,5 % de quitosana.
Os valores de L* apresentados pelos filmes de acetato de celulose variaram entre
71,00 e 79,74 (Tabela 1), indicando uma boa transparncia. Diferentemente do que
ocorreu nos filmes base de amido de milho e quitosana, no houve influncia da adio
dos OEs nos parmetros avaliados. Lcio et al. (2011) avaliando filmes de acetato de
celulose incorporados com OE de organo, obteve valores maiores de L*, mdia de 92,51,
sendo que este parmetro foi afetado significativamente pela adio do OE. Cabe salientar
que foram utilizados propores de OE superiores as utilizadas no presente estudo (60
%).
Os dados do croma a*, apresentaram-se negativos (-14,74 a -15,98) nos filmes de
amido de milho, indicando a presena do componente verde, enquanto que os dados do
croma b* apresentaram valores positivos (1,78 a 14,06) (Tabela 1), indicando o
componente amarelo. Houve pouca variao do croma a* comparando-se o filme controle
com os incorporados com OEs, enquanto que o croma b* variou significativamente, em
especial nos filmes nos quais o OE de organo estava presente.
Nos filmes de quitosana, os dados do croma a*, apresentaram-se positivos (1,67 a
6,79) (Tabela 1), indicando a presena do componente vermelho, da mesma forma que os
dados do croma b* (10,64 a 33,65), indicando o componente amarelo, os quais tiveram
uma tendncia, nem sempre significativa de aumento na medida em que maior proporo
de OEs foi incorporada. Abdollahi et al. (2012) relataram que as coordenadas de cor a* e
b* aumentaram significativamente medida em que incorporou-se OE de alecrim em
filmes base de quitosana e argila, alm de ocasionar reduo nos valores de L*. Pereda
et al. (2011), obtiveram valores mdios superiores que os encontrados na presente
pesquisa, para os parmetros L* e b* em filmes com 2 % de quitosana, 80,39 e 44,67,
respectivamente. A presena da cor amarelada, caracterstica dos filmes de quitosana,
pode ser interessante se o mesmo for utilizado com o objetivo de proteger alimentos
sensveis reaes de deteriorao catalisadas pela luz.
116
Quando foi utilizado o acetato de celulose, os dados do croma a*, apresentaramse positivos (2,04 a 2,79), indicando a presena do componente vermelho, enquanto que
os dados do croma b* apresentaram valores negativos (-10,35 a -12,39) (Tabela 1),
indicando o componente azul. Houve pouca variao dos valores entre os diferentes
tratamentos, no tendo sido identificado um padro de comportamento com relao
adio de OEs. Takeuchi et al. (2011) avaliando as propriedades ticas e mecnicas de
filmes ativos a base de acetato de celulose adicionados de curcumina, obtiveram valores
mdios de 93,6; 140 e 1,39 e para os parmetros L*, a* e b* respectivamente, nos filmes
controle (sem curcumina), observando-se uma grande diferena em relao ao presente
estudo, em particular para o croma b*.
Os valores do parmetro diferena total de cor (E) (Tabela 1), nos filmes foram
maiores medida que se incorporou mais OEs aos mesmos, em funo das diferenas
existentes entre estes e os biofilmes controle, principalmente nos valores dos cromas L*,
a* e b*. Comportamento semelhante foi observado por Abdollahi et al. (2012) e Moradi
et al. (2012). Yoshida e Antunes (2009) verificaram que filmes emulsionados
apresentaram uma diferena total de cor (E) mais acentuada em relao ao filme padro,
relacionada incorporao de lipdios, o que promoveu um aumento no parmetro b * e
uma reduo nos parmetros a* e L*, semelhante ao que ocorreu no presente estudo. Lcio
et al. (2011) observaram este mesmo comportamento em pesquisa com filmes de acetato
de celulose incorporados com OE de organo.
Em relao opacidade dos filmes, a mesma apresentou-se mais elevada medida
que maiores concentraes de OEs foram adicionadas, coincidindo com a reduo dos
valores de L*, variando entre 48,17 e 58,94 %, 18,31 a 36,83 % e 14,72 e 18,78 %,
respectivamente nos filmes de amido de milho, quitosana e acetato de celulose (Tabela
1).
As diferenas observadas para os filmes controle de quitosana nos parmetros L*,
a* e b* e opacidade nos diferentes experimentos (Tabela 1), podem ser devidas presena
de substncias insolveis na SF, embora a mesma tenha sido submetida processo de
filtragem.
117
118
Tabela 2 Halos mdios* (mm) apresentados pelo biopolmero amido controle (BAC) e incorporado com OEs de cravo-da-ndia (BAOEC),
organo (BAOEO) e cravo-da-ndia organo 1:1 (BAOECO).
S.aureus
M. luteus
0 0d
0 0d
7,67 0,57c
L.
monocytogenes
0 0e
0 0e
7,33 0,57d
BAC
BAOEC 1%
BAOEO 1%
0 0e
0 0e
9,33 0,57cd
BAOECO 1:1 1%
10,33 1,53cd
2,67 4,62d
BAOEC 2,5%
7,670,76d
BAOEO 2,5%
E. coli
0 0f
0 0f
10,67 0,57d
S.
choleraesuis
0 0f
0 0f
7,00 0,57e
P.
aeruginosa
0 0e
0 0e
7,67 0,57d
11,00 1,00c
10,67 1,15d
10,33 0,57c
10,33 0,57c
7,330,58c
8,330,58d
7,670,47e
8,000,5de
7,330,58d
11,330,57c
9,33 0,57bc
12,331,15c
11,330,57d
9,66 0,57cd
10,330,57c
BAOECO 1:1
2,5%
10,330,57cd
11,33 0,57bc
11,670,57c
11,671,15cd
10,67 0,57c
12,001,00c
BAOEC 5%
11,670,76c
11,670,58bc
11,670,58c
13,670,58bc
14,330,58b
12,330,58c
BAOEO 5%
21,671,53a
22,670,57a
26,671,15a
25,671,53a
21,331,53a
21,332,08a
BAOECO 1:1 5%
15,331,15b
12,670,57b
16,670,57b
15,330,57b
13,670,57b
15,671,15b
*Est incluso o dimetro de 7 mm dos discos. Mdias seguidas da mesma letra na mesma coluna no diferem estatisticamente entre si. Foi
aplicado o Teste de Tukey ao nvel de 5% de probabilidade.
119
120
Tabela 3 - Halos mdios* (mm) apresentados pelo biopolmero quitosana controle (BQC) e incorporado com OEs de cravo-da-ndia (BQOEC),
organo (BQOEO) e cravo organo 1:1 (BQOECO).
S.aureus*
M. luteus*
E. coli*
S. choleraesuis*
P. aeruginosa*
7,670,58c
L.
monocytogenes*
8,671,15cde
8,670,58def
8,670,58cd
9,330,58cd
8,331,15c
BQOEC 1%
7,670,58f
7,330,58c
7,330,58e
7,671,15d
8,670,58d
8,331,15c
BQOEO 1%
10,330,58c
8,330,58c
9,670,58bcd
10,670,58bc
9,671,15cd
10,330,58bc
BQOECO 1:1 1%
9,330,58cde
10,670,58b
9,330,58bcd
11,67,0,58b
10,00cd
10,671,15bc
BQOEC 2,5%
8,330,58ef
7,670,58c
8,330,58de
10,01,0bcd
9,330,58cd
9,670,58bc
BQOEO 2,5%
10,670,58c
8,670,58c
10,00bcd
11,330,58b
10,01,0cd
11,330,58b
BQOECO 1:1
2,5%
BQOEC 5%
10,00cd
11,00b
9,67 0,58bcd
12,00b
10,670,58cd
11,671,15b
8,670,58def
8,331,15c
10,670,58b
10,331,15bc
11,01,0bc
10,670,58bc
BQOEO 5%
12,330,58b
11,330,58b
10,33 0,58bc
11,671,15b
12,670,58b
12,01,0b
BQOECO 1:1 5%
14,330,58a
12,670,58a
14,670,58a
15,330,58a
14,670,58a
16,330,58a
BQC
* Est incluso o dimetro de 7 mm dos discos. Mdias seguidas da mesma letra na mesma coluna no diferem estatisticamente entre si. Foi
aplicado o Teste de Tukey ao nvel de 5% de probabilidade.
121
Quando foi feita a combinao binria 1:1 dos OEs de cravo-da-ndia e organo,
os halos formados diferiram significativamente entre si (p<0,05), na concentrao 5,0 %,
para todas as bactrias testadas, sendo que os maiores halos foram observados para a
bactria P. aeruginosa (16,33 mm).
Na Tabela 4 podem ser observados os resultados do teste de difuso em gar para
os filmes produzidos base de acetato de celulose. Na concentrao 1 % dos OEs de
cravo-da-ndia, organo e sua combinao binria 1:1, no houve formao de halo frente
a nenhuma das bactrias testadas. Quando foi utilizada a concentrao 2,5 %, o OE de
organo formou halos frente s bactrias M. luteus, E. coli e S. cholerasuis, no sendo
observados halos para o OE de cravo-da-ndia e combinaes. Somente na concentrao
5,0 % houve formao de halos para todas as bactrias testadas, nos OEs utilizados. Para
a bactria S. aureus no houve diferena significativa (p>0,05) entre os OEs utilizados na
concentrao 5,0 %, sendo este comportamento tambm observado para as bactrias M.
luteus e S. cholerasuis. L. monocytogenes, E. coli e P. aeruginosa foram mais sensveis
(p<0,05) aos filmes de acetato de celulose incorporados com 5,0 % de OE de organo.
No processo de obteno dos filmes de acetato de celulose, o qual diferiu dos
demais filmes produzidos na presente pesquisa, pode-se observar a alta capacidade que
este polmero possui de incorporar os OEs os quais a ele so adicionados, no
necessitando da etapa de homogeneizao. Relacionando este fato com o baixo
desempenho obtido pelos OEs testados em comparao aos demais filmes produzidos,
pode-se inferir que o polmero dificulta a liberao dos princpios ativos para o gar, no
ocorrendo consequentemente inibio microbiana, quando os OEs foram utilizados em
concentraes mais baixas.
Por estes resultados, no se pode afirmar que no houve atividade antimicrobiana,
j que esta pode ocorrer sem migrao dos compostos ativos, resultando em uma inibio
dos micro-organismos em contato direto com a superfcie do filme (Pranoto et al., 2005).
Segundo Cagri et al. (2001), uma interao entre grupamentos do polmero e os
compostos ativos do agente incorporado pode reduzir ou at impedir a migrao de
compostos ativos para o sistema.
122
Tabela 4 - Halos mdios* (mm) apresentados pelo biopolmero acetato de celulose controle (BACC) e incorporado com OEs de cravo-da-ndia
(BACOEC), organo (BACOEO) e cravo organo 1:1 (BACOECO).
S.aureus*
M. luteus*
E. coli*
S. choleraesuis*
P. aeruginosa*
00b
L.
monocytogenes*
00d
BACC
00b
00c
00b
00d
BACOEC 1%
00b
00b
00d
00c
00b
00d
BACOEO 1%
00b
00b
00d
00c
00b
00d
BACOECO 1:1
1%
BACOEC 2,5%
00b
00b
00d
00c
00b
00d
00b
00b
00d
00c
00b
00d
BACOEO 2,5%
00b
8,01,0a
9,00b
10,330,58a
9,330,58a
10,00ab
BACOECO 1:1
2,5%
BACOEC 5%
00b
00b
00d
00c
00b
00d
8,33 0,58a
8,67 0,58a
8,00c
9,00b
9,670,58a
9,330,58bc
BACOEO 5%
8,33 0,58a
9,00a
10,00a
10,330,58a
9,330,58a
10,670,58a
BACOECO 1:1
7,670,58a
8,00a
8,330,58bc
8,670,58b
8,330,58a
8,330,58c
5%
* Est incluso o dimetro de 7 mm dos discos. Mdias seguidas da mesma letra na mesma coluna no diferem estatisticamente entre si. Foi
aplicado o Teste de Tukey ao nvel de 5% de probabilidade.
123
124
100
AA (%)
80
60
40
20
0
1
1
100
AA (%)
80
60
20
40
d
100
AA (%)
80
cd
abc bcd
ab
60
40
20
0
Figura 2 - Atividade antioxidante (AA) (%) dos biopolmeros amido de milho (BA),
quitosana (BQ) e acetato de celulose controle (BAc) (C) e incorporados com diferentes %
de OE de cravo-da-ndia (OEC), OE de organo (OEO) e OE cravo-da-ndia e organo na
proporo 1:1 (OECO).
*Mdias seguidas da mesma letra no diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Tukey ao
nvel de 5% de probabilidade.
125
4 CONCLUSES
O amido de milho e a quitosana, mostraram nos testes in vitro, serem biopolmeros
adequados para a produo de filmes nos quais sero adicionados aditivos, possibilitando
uma boa difuso dos OEs utilizados, no teste de difuso em gar e a expresso da
capacidade antioxidante dos leos testados. Os filmes de acetato de celulose apresentaram
formao de halos, para todas as bactrias avaliadas, somente quando utilizou-se 5 % dos
OEs e combinaes testadas. Os biopolmeros ativos contendo OE de cravo-da-ndia,
apresentaram atividade antioxidante (%) superior aos demais j nas menores
concentraes utilizadas.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao CNPq, CAPES, FAPERGS e SC&T-RS pelo suporte
financeiro.
5 REFERNCIAS
ABDOLLAHI, M.; REZAEI, M.; FARZI, G. A novel active bionanocomposite film
incorporating rosemary essential oil and nanoclay into chitosan. Journal of Food
Engineering, vol. 111: 343350, 2012.
ARCE, C.C.A. Caracterizacin de peliculas comestibles de quitosano y la afectacin
de las propiedades por aplicacin de aceites esenciales. Trabajo de grado (Especialista
126
127
129
PONCE, A.G.;
MARCOVICH, N.E.;
RUSECKAITE, R.A.;
YEN, M.; YANG. J.; MAU, J. Antioxidant properties of chitosan from crab shells.
Carboydrate Polymers, vol.74, p. 840-844. 2008.
YOSHIDA, C.M.P.; ANTUNES, A.J. Aplicao de filmes proteicos base de soro de
leite. Cincia e Tecnolologia de Alimentos, vol. 29, n. 2, p. 420-430, 2009.
132
CAPTULO 4
Instituto Farroupilha Federal - Campus Jlio de Castilhos So Joo do Barro Preto s/n - Caixa
URI Erechim, Departamento de Cincias Agrrias, Av. Sete de Setembro, 1621- CEP 99700-
133
1 INTRODUO
A poluio ambiental, devido ao descarte de filmes plsticos de polmeros
sintticos sem nenhum controle um grande problema mundial. Pelcula um filme fino
preparado a partir de materiais biolgicos, o qual age como barreira a elementos externos
e, consequentemente, pode proteger o produto embalado de danos fsicos e biolgicos e
aumentar a sua vida til (Henrique et al, 2008). Devido a sua abundncia e
degradabilidade, muitos pesquisadores tem utilizado o amido para a elaborao de
pelculas biodegradveis (Pelissari, 2009). Segundo Shimazu et al. (2007), a aplicao do
amido na preparao de pelculas se baseia nas propriedades qumicas, fsicas e funcionais
da amilose para formar gis e filmes.
Pesquisas atuais se dedicam ao estudo de embalagens capazes no s de proteger,
mas de interagir com o produto. As embalagens ativas so desenvolvidas para interagir
de forma desejvel com o produto, mudando as condies de acondicionamento para
aumentar a vida de prateleira e melhorar a sua segurana ou as suas propriedades
sensoriais. Os filmes que recebem aditivos e esto em contato com a superfcie do produto
liberam, de forma gradativa, o composto para a superfcie do alimento, onde a maioria
das reaes qumicas e microbiolgicas ocorrem (Soares et al., 2006).
Os consumidores mais conscientes e informados demandam produtos seguros e
de qualidade atestada, obtidos a partir de boas prticas de fabricao e controle de riscos.
Nessa direo tm sido desenvolvidas pesquisas visando a substituio de aditivos
sintticos utilizados para auxiliar na preservao dos alimentos, seja de alteraes
qumicas quanto microbiolgicas, por elementos mais naturais, menos agressivos a sade
do consumidor e ao meio ambiente. Uma opo seria o uso de leos essenciais (OEs),
substncias naturais volteis de origem vegetal classificados como GRAS (Generally
Regarded As Safe), o que os torna atrativos ao consumidor por no apresentarem efeito
txico, mesmo quando empregados em concentraes relativamente elevadas (Pereira et
al., 2006).
Os OEs so lquidos aromticos e volteis extrados de componentes das plantas
como razes, flores, caules, folhas, sementes, frutos e da planta inteira (Sanches et al.,
2010). So considerados metablitos secundrios das plantas, tendo funo relevante na
134
2 MATERIAL E MTODOS
2.1 Elaborao dos filmes biopolimricos
Os filmes foram preparados partir de uma soluo contendo 3 % de amido de
milho (p/v), 30 % de glicerol (p/p) (Proton Qumica) como agente plastificante,
suspensos em gua destilada, pela metodologia casting. Os componentes foram
misturados e aquecidos sob agitao gradualmente em banho-maria em aquecedor
magntico at atingir a temperatura de 80 C/10 minutos. A soluo filmognica (SF) foi
resfriada at a temperatura de 40 C para ser feita a adio do OE comercial de cravo-dandia boto (Eugenia caryophyllata) (Ferquima), na proporo de 1,0 % (v/v), sendo
posteriormente submetida agitao em equipamento turrax por trs minutos. Mantevese uma SF sem a adio de OE.
Posteriormente as SF eram vertidas em placas de acrlico de 15 x 15 cm
previamente higienizadas com lcool 70 % at um peso de 90 g, objetivando a formao
de filmes com espessura homognea, sendo submetidas secagem em estufa com
circulao de ar uma temperatura de 40 C por 24 horas. Passado este perodo, os filmes
eram retirados das placas e armazenados em recipientes lacrados temperatura de 4 C
at as anlises posteriores.
135
2.2 Quantificao do OE
A quantificao do OE efetivamente incorporado nos filmes foi determinada por
cromatografia gasosa. 10 g de filme foram diludas em 40 mL de gua destilada e
mantidas sob agitao a 4 C por 6 horas. Posteriormente foi feita uma separao
lquido/lquido com adio de 10 mL de hexano, em funil de separao. O OE recuperado
na fase orgnica foi analisado por cromatografia gasosa e a rea do pico majoritrio foi
comparada rea do mesmo pico cromatogrfico de 10 mL de uma soluo contendo
10.000 ppm do OE em anlise. A concentrao de OE efetivamente incorporado foi obtida
pela seguinte equao:
[ ] incorporada = [ ] leo x rea filme
(1)
rea leo
Onde:
[ ] incorporada = concentrao de leo efetivamente incorporada (mg/10 g de filme)
[ ] leo = concentrao do leo essencial em 10 mL de hexano (10.000 ppm convertido
para mg/10mL);
rea filme = rea do pico majoritrio de 10g do filme em 10 mL de hexano;
rea leo = rea do pico majoritrio do leo essencial em 10 mL de hexano (10.000 ppm
convertido para mg/10mL).
A anlise cromatogrfica foi feita em equipamento Shimadzu GC-2010. Foi
utilizada coluna capilar de slica fundida INOWAX (30m x 250m i.d.), 0,25m de
espessura de filme, detector FID, com a seguinte programao de temperatura: 40-180 C
(3 C/min), 180-230 C (20 C/min), 230 C (20min), temperatura do injetor 250 C,
detector a 275 C, modo de injeo split, razo de split 1:100, gs de arraste H2 (56 KPa),
volume injetado de 1,0 L de amostra diluda em n-hexano (1:10) (Merck).
Foram feitas avaliaes nos tempos 0 dia, 1 dia, 7 dias, 15 dias, 21 dias e 30 dias,
considerando-se a massa de 10 g de filme, com a concentrao de 1% de OE de cravoda-ndia, o qual foi o mesmo utilizado no envelopamento das salsichas. Durante os
diferentes tempos, os filmes foram mantidos em contato com papel filtro umedecido (0,3
136
mL de gua/g de papel filtro m/m), visando simular a liberao gradual do leo essencial
para o produto.
137
138
139
3 RESULTADOS E DISCUSSO
3.1 Quantificao do OE
Neste trabalho o leo essencial de cravo-da-ndia, o qual apresentou o eugenol
como composto voltil majoritrio (89,58 %), foi incorporado em filmes biopolimricos
de amido de milho visando uma liberao prolongada do leo em produtos alimentcios.
A cintica de liberao do leo foi investigada em um sistema visando simular um
produto crneo embutido. Os experimentos foram conduzidos nos tempos de 0 a 30 dias
em triplicata, obtendo-se uma liberao final de aproximadamente 78% do leo
incorporado. Os dados experimentais de cintica de liberao do leo essencial de cravoda-ndia esto apresentados na Figura 4.
140
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
0
10
15
20
25
30
35
Tempo (dias)
nas primeiras 24 horas) atravs do filme para o meio aquoso. J na segunda fase, vrios
so os efeitos combinados que tornam a cintica de liberao praticamente de ordem zero.
O principal deles o aumento do caminho da difuso do leo essencial do interior da
matriz polimrica para o meio aquoso externo associado interaes fsicas e qumicas
do leo essencial com a estrutura da matriz polimrica. Assim, a liberao do leo
essencial nesta etapa (em tempos mais longos) acontece de maneira lenta e constante
(Beiro da Costa et al., 2013).
Filmes comestveis podem reduzir a difuso, uma vez que o OE faz parte da sua
estrutura, interagindo com o polmero e o plastificante. A capacidade de liberao do
princpio ativo depende de muitos fatores, incluindo interao eletrosttica entre o agente
e o polmero corrente, osmose, as alteraes estruturais e ambientais. Gimnez et al.
(2013) avaliaram a cintica de liberao de compostos ativos a partir de filmes produzidos
com gar e gar-gelatina incorporados com ch verde. A presena de gelatina na matriz
do filme impediu a liberao dos compostos fenlicos totais em gua, com consequente
reduo da capacidade antioxidante do mesmo.
Comparado com a aplicao direta do agente, seriam necessrias menores
quantidades de agentes ativos quando filmes comestveis so utilizados, a fim de
conseguir uma vida til especfica devido a uma liberao gradual em superfcies
alimentares (Ponce et al., 2008; Sebti et al., 2005).
Cor
Sabor
Aroma
0,450,78a
1,151,09b
0,70,91b
0,751,19a
1,471,32b
1,21,32b
A1%
0,771,31a
4,022,23a
3,32,29a
0,59
0,81
0,86
d.m.s.**
* mdias com letras iguais na mesma coluna no diferem entre si (p<0,05) pelo teste de
Dunnet. Escala estruturada de 8 pontos, sendo 0 para "nenhuma diferena" e 8 para
"extremamente diferente". ** diferena mnima significativa.
7,871,21a
7,651,66a
A1%
4,922,64b
d.m.s.
1,00
* mdias com letras iguais na mesma coluna no diferem entre si (p<0,05) pelo teste de
Tukey.
**9=gostei muitssimo, 8=gostei muito, 7=gostei moderadamente, 6=gostei ligeiramente, 5=nem
gostei/nem desgostei, 4=desgostei ligeiramente, 3=desgostei moderadamente, 2=desgostei muito,
1=desgostei muitssimo.
50
Controle
40
30
20
10
0
1
4
5
6
7
Escala de Pontos
Oxidao lipdica
O teste de TBARS quantifica o malonaldedo, um dos principais produtos da
decomposio dos hidroperxidos de cidos graxos poli-insaturados, formado durante o
processo oxidativo.
144
0,35
a
a
0,3
0,25
0,2
Controle
0,15
0,1
Amido
a
a
a
Amido + leo 1%
b
ab
0,05
0
0
7
Tempo (dias)
15
, valor o qual no foi alcanado por nenhuma das amostras durante o perodo de
armazenamento.
145
146
a
a
pH
a
a
Controle
5,9
Amido
5,8
Amido + leo
1%
5,7
5,6
0
Tempo (dias)
15
147
148
Tempo
(dias)
Controle
Amido
Amido 1% OE cravoda-ndia
41,65 4,62a
49,73 1,99a
42,55 4,89a
15
42,24 2,48a
42,9 3,33a
43,97 0,71a
18,89 1,69b
23,41 1,64a
20,39 1,36ab
15
19,82 0,70ab
20,49 1,01a
17,43 2,19b
11,58 1,04b
14,53 1,17a
12,80 0,76ab
15
12,94 0,57a
12,76 0,64a
9,86 1,80b
L*
a*
b*
4 CONCLUSES
A partir dos resultados obtidos conclui-se que, com uma concentrao de 1 % do
OE de cravo-da-ndia no filme de amido de milho, a mesma apresentou uma rpida
liberao inicial do OE (~30 % nas primeiras 24 horas) e posterior liberao de forma
lenta e constante at os 30 dias.
A presena do OE de cravo-da-ndia nos filmes interferiu negativamente na
aceitao das salsichas na anlise sensorial, com relao aos aspectos sabor e aroma. Foi
observado efeito antioxidante do OE nos produtos, havendo diferena significativa
(p<0,05) entre os tratamentos com relao aos valores de TBA ao final dos 15 dias de
armazenamento refrigerado. No ficou evidente uma relao entre oxidao lipdica e os
parmetros de cor dos produtos.
AGRADECIMENTOS
5 REFERNCIAS
ACN, J.M.O. Estudio de la difusin del carvacrol y el eugenol desde pelculas de
protena de suerolcteo a diferentes simulantes alimentarios. Mster Tecnologas y
calidad en las industrias agroalimentarias). Departamento de Tecnologa de los
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150
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143, 2011.
153
SANSUKCHAREARNPON,
A.;
WANICHWECHARUNGRUANG,
S.;
F.
Natural
Antioxidants
Chemistry,
Health
Effects
and
154
5 CONCLUSO GERAL
A partir dos resultados obtidos pode-se concluir que:
A partir dos parmetros AA (%) e IC50 obtidos utilizando-se o teste DPPH, podese verificar que o OE de cravo-da-ndia tem excelente potencial para ser utilizado
como antioxidante, com IC50 de 11,79 g.mL-1, sendo que este ndice foi ainda
melhor quando da sua utilizao na combinao binria 1:1 com o OE de organo,
chegando a 6,40 g.mL-1;
A aplicao da pelcula de amido de milho incorporada com 1 % de OE de cravoda-ndia em salsicha, apresentou efeito antioxidante nos produtos, havendo
diferena significativa (p<0,05) entre os tratamentos com relao aos valores de
TBARS ao final dos 15 dias de armazenamento refrigerado. O que dificultaria a
viabilidade da aplicao seria a interferncia do leo nas caractersticas sensoriais
do produto.
156
. Em funo das dificuldades enfrentadas com a tcnica casting para a produo das
matrizes polimricas, com relao retirada das mesmas das placas, substitu-la pelo
processo de extruso;
. Avaliar a influncia dos leos essenciais nas propriedades mecnicas, trmicas e de
barreira dos biofilmes;
. Realizar testes in vitro com os componentes majoritrios identificados nos leos com
maiores atividades antioxidantes e antimicrobianas, isoladamente e em conjunto, visando
sua futura utilizao em biofilmes ativos, com o intuito de eliminar a interferncia
sensorial do leo nas matrizes polimricas;
. Quantificar a liberao dos leos essenciais nas demais matrizes polimricas e em
diferentes concentraes;
. Testar os biofilmes em outros produtos alimentcios.
157
ANEXO A
158
159
160
161
162