Guia de Cuidados Nutricionais para Pacientes Oncológicos
Guia de Cuidados Nutricionais para Pacientes Oncológicos
Guia de Cuidados Nutricionais para Pacientes Oncológicos
GUIA DE
CUIDADOS
NUTRICIONAIS PARA
PACIENTES
ONCOLÓGICOS
Aproveite a leitura!
ALIMENTOS
A rotina familiar e de trabalho, a cultura e o acesso aos alimentos influenciam nossas
escolhas alimentares, fazendo com que a praticidade no dia a dia seja um ponto
importante nessa decisão. Em prol da praticidade, em alguns momentos
escolhemos consumir alimentos industrializados, ultraprocessados ou prontos para
ingestão. Mas é preciso estarmos cientes de que o processamento desses
alimentos pela indústria influencia nos ingredientes, no sabor e até na forma e no
local em que iremos consumi-los.
Esses alimentos nem sempre são os mais indicados para o paciente oncológico. A
Organização Mundial de Saúde (OMS) classifica carnes processadas como salsicha,
bacon, linguiça, presunto, salame, mortadela e etc. no grupo 1 de carcinogênicos,
colocando-as no mesmo grupo de risco do cigarro. Isso significa que há evidências
suficientes correlacionando esses alimentos à formação do câncer. Além disso,
existem estudos que relacionam o uso de aditivos alimentares a alguns tipos de
cânceres.
Outro ponto que deve ser observado nos alimentos industrializados e processados é
que muitas vezes eles possuem um desequilíbrio nutricional. Ou seja, são alimentos
muito densos energeticamente, com gordura de qualidade ruim e excesso de
açúcar, sendo que essas características não trazem benefícios para o paciente
oncológico. Por isso, quanto mais naturais os alimentos que consumirmos, melhor.
capítulo 1
GRAUS DE
PROCESSAMENTO
O Guia Alimentar da População Brasileira traz, em
sua última edição, recomendações sobre o nível
de processamento dos alimentos e coloca os in
natura e os minimamente processados como
base da nossa alimentação. Esses são tipos de
alimentos que preservam suas características
nutricionais, sendo fonte de fibras, vitaminas e
minerais.
1.
Alimentos in natura e minimamente
processados
2.
Alimentos processados
Minimamente
In natura processado Processados Ultraprocessados
Entretanto, sabemos que é difícil uma vida com alimentos exclusivamente in natura
ou minimamente processados, o que torna fundamental ler o rótulo dos alimentos,
entender a lista de ingredientes presentes e fazer as melhores escolhas.
ORGÂNICOS
Alimentos orgânicos possuem maior quantidade de micronutrientes e compostos
bioativos, aumentando a sua densidade nutricional (conceito discutido mais a
frente) em relação às comidas convencionais.
Uma grande limitação para o consumo de orgânicos é o seu difícil acesso, seja por
não vender perto de onde moramos ou ter preço acima da média em alguns locais.
Contudo, mesmo que sua alimentação não seja composta 100% por alimentos
orgânicos, qualquer produto que você já consiga inserir em sua dieta faz diferença!
capítulo 2
PONTOS POSITIVOS
NO CONSUMO
+
DE ORGÂNICOS:
Diminuímos a nossa exposição diária a
componentes tóxicos e potencialmente
carcinogênicos;
[DICA PRÁTICA]
Para encontrar onde vende alimentos orgânicos
na sua cidade, acesse o site do Instituto Brasileiro
de Defesa do Consumidor:
ENCONTRE
TEMPEROS
capítulo 3
NATURAIS E
ESPECIARIAS
Os temperos naturais e as especiarias precisam ter papel fundamental na
alimentação. Eles possuem muitas propriedades associadas à prevenção do câncer,
à diminuição da proliferação de células tumorais e ao aumento do bem-estar do
paciente oncológico.
[DICA PRÁTICA]
Para ter sempre ervas fresquinhas ao seu alcance, que tal uma hortinha dentro de
casa?
DENSIDADE
capítulo 4
NUTRICIONAL DA
ALIMENTAÇÃO
A densidade nutricional não é um conceito novo. Foi um dos primeiros métodos
para análise da composição de um alimento. Por exemplo, em 100g de pão francês
quanto temos de energia? Precisamos saber a sua lista de ingredientes e, a partir
disso, fazer esse cálculo. Nesse caso, 100g de pão francês tem mais ou menos 300
kcal.
Mas o que isso de fato significa? Vamos expandir um pouco mais esse conceito e
olhar outros parâmetros além da densidade energética: qual a quantidade de
micronutrientes presentes em um pão francês? Quais são os compostos bioativos?
Por exemplo, se olharmos esses dois cafés da manhã, eles são praticamente
equivalentes em calorias:
Opção 1 Opção 2
Incrível, não é?
Não tem problema consumir a opção 1 de vez em quando. Algumas pessoas gostam
dessa combinação e podem inseri-la em momentos da semana. Mas devemos
considerar a densidade nutricional da opção 2. Essa, sim, deve ser o nosso padrão!
É importante ter o foco em alimentos que irão te nutrir e agregar benefícios ao seu
organismo. Porque, quanto mais forte o paciente estiver, mais forte ele estará para a
batalha contra o câncer.
ALIMENTAÇÃO
Todos nós temos um alimento favorito, aquele que sempre gostamos de comer. Mas,
comê-lo todo dia, pode não ser a melhor opção, mesmo que este seja considerado
saudável. Uma alimentação monótona e com pouca quantidade de cores pode levar
a deficiências nutricionais, pois teremos acesso apenas àquelas fontes de nutrientes.
Um exemplo interessante pode ser esse: imagine uma pessoa que todos os dias, no
café da manhã, come pão de forma com queijo branco, uma xícara de leite com café
e uma banana. Essa refeição possui uma boa quantidade de cálcio, proveniente dos
laticínios, e de potássio, da banana. Mas, ao trocar em alguns dias o pão branco por
pão integral, o queijo por ovo mexido e a banana por uma laranja, essa pessoa está
inserindo fibra alimentar, vitaminas A, C e D e aumentado a oferta de vitaminas do
complexo B.
OS ALIMENTOS
Os alimentos podem ser vetores de doenças trazidas por micro-organismos
patogênicos, nos casos em que a imunidade esteja baixa e se os devidos cuidados
sanitários não forem tomados. Para o paciente oncológico, é necessário tomar esses
cuidados especialmente na vigência do tratamento, pois uma intoxicação alimentar
nesse momento pode significar perda de peso, desconforto e descontinuidade
momentânea do tratamento.
Com relação às carnes, prefira as com cor vermelho vivo, com textura firme e com
gordura de cor clara;
Os alimentos não perecíveis, como cereais e grãos, devem ser guardados em locais
frescos e arejados, sem a incidência de sol ou calor. Caso visualize insetos dentro
dos cereais, descarte tudo.
Frutas e verduras devem ser higienizadas em
água corrente, folha a folha, fruta a fruta, para
remover sujeiras e parasitas visíveis. Em seguida,
deixe o alimento de molho em água com
hipoclorito de sódio (um produto encontrado nos
mercados para sanitização dos alimentos),
conforme a orientação do fabricante –
geralmente demora uns 15 minutos. Lave
novamente em seguida.
[DICA PRÁTICA]
Ao fazer as compras, higienize todas as frutas e
hortaliças. Caso não consiga fazer isso de uma
vez só, tome cuidado para não armazenar junto
alimentos não higienizados com os higienizados.
HIDRATAÇÃO
capítulo 7
Manter uma hidratação adequada é essencial! Isso vai ajudar a eliminar as toxinas do
corpo e a prevenir que elas se acumulem, ajudando no tratamento do paciente
oncológico. A maioria dos medicamentos e das quimioterapias são excretadas pelo
rim. Dessa forma, o consumo adequado de água faz com que não haja acúmulo
desses medicamentos nos rins, evitando danos ao órgão.
Além disso, a água também ajuda a manter o trânsito intestinal regulado, hidratando
as células do trato gastrointestinal e o bolo fecal. Melhora, ainda, a absorção de
nutrientes.
Em alguns momentos, é possível que a água provoque náuseas, então uma dica é
consumir água com gás (de preferência naturalmente gaseificada).
Não espere ter sede para beber água! Deixe sempre um copo ou uma garrafa com
água perto de você e vá bebendo ao longo do dia. Lembre-se também de que o
excesso de água é prejudicial e um consumo muito acima do recomendado pode
ocasionar desbalanço eletrolítico.
Como ingerir água em caso de efeitos colaterais:
Náusea
Mucosite
[DICA PRÁTICA]
Para saber o quanto de água ingerir por dia = Peso corporal (kg) x 30 a 35 (mL).
O resultado (em mL) é a quantidade de água recomendada para você, por dia!
MASTIGAÇÃO
capítulo 8
Você sabia que o simples fato de colocar um alimento no prato e comê-lo não
garante que conseguiremos aproveitá-lo?
PESO
A manutenção do peso durante o tratamento oncológico é muito importante,
contribuindo para melhor tolerância às terapias e redução de efeitos colaterais. Nesse
período, é muito comum termos o cenário de perda de peso, mesmo que essa seja
uma condição evitável, especialmente com o acompanhamento nutricional correto.
A perda de peso, na maioria das vezes, ocorre por dois mecanismos: o primeiro
relacionado com um gasto energético maior ocasionado pelo tumor e o segundo
pelos efeitos colaterais que diminuem a ingestão alimentar – por exemplo: falta de
apetite, dor, náuseas, vômitos, alteração do paladar, feridas na boca, diarreia ou
obstipação (prisão de ventre).
Por outro lado, o que vemos hoje também são alguns tipos de cânceres e
tratamentos que levam ao ganho de peso. O excesso de tecido adiposo acumulado
nesse momento também não é benéfico – muitas vezes gera aumento da inflamação
e pode aumentar os efeitos colaterais do tratamento.
Dessa forma, a manutenção do peso, focando
principalmente na preservação da massa magra
(músculo), diminui desconfortos e algumas das
complicações relacionadas ao tratamento.
[DICA PRÁTICA]
Para saber se está ganhando ou perdendo peso
fique de olho nas suas roupas! Se estiverem mais
soltinhas, você pode estar perdendo peso e se
estiverem mais justas, você pode estar ganhando
peso.
PROCURE UM
capítulo 10
PROFISSIONAL
ESPECIALIZADO
Independente do momento do tratamento oncológico, é importante manter um
acompanhamento nutricional especializado, pois cada indivíduo reage ao tratamento
de uma forma diferente.