Cinética Enzimática

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LICENCIATURA EM BIOLOGIA

DISCIPLINA

BIOQUMICA
Ano Lectivo de 2013/2014

Aula n 12
28 MAR

Ricardo Boavida Ferreira

Laboratrio 46

Cintica enzimtica
Reaes enzimticas com um substrato e com mais de um substrato. Equao de MichaelisMenten. Equaes cinticas e definio de parmetros cinticos. Mtodos de clculo dos
parmetros cinticos.
Regulao da atividade enzimtica. Inibio reversvel e irreversvel; mecanismos cinticos de
inibio.
Efeitos cooperativos e alostricos. Enzimas (protenas) alostricas, caractersticas estruturais e
conformao das enzimas alostricas. Regulao alostrica.
Problemas sobre cintica enzimtica.
Material de estudo: diapositivos das aulas, bibliografia recomendada e textos de apoio.

Principais factores que afectam a velocidade das reaces catalisadas por enzimas:

- Concentrao de enzima
- Concentrao do substrato
- Temperatura
- pH

O melhor mtodo de investigar o efeito de cada um destes factores ser fazer variar
cada um de per si (mantendo os outros constantes) e determinar a alterao
produzida na velocidade da reaco enzimtica como consequncia dessa variao.

Velocidade de catlise: influncia da concentrao de enzima


Existe proporcionalidade entre as velocidades iniciais (no tempo zero, t0) e as quantidades de
enzima, isto ,
v = k [E]
Portanto, dentro de condies adequadas e idnticas, duas molculas de enzima actuando
independentemente, transformaro uma quantidade de substrato dupla da que transformada
por uma nica molcula, no mesmo intervalo de tempo.

Velocidade de catlise: influncia da concentrao do substrato


Determinadas as velocidades iniciais (v) de uma reaco enzimtica para uma srie de
concentraes do substrato (S), a representao grfica de v em funo de [S] fornece uma
seco de uma hiprbole rectangular de equao

em que a e b so duas constantes, sendo a o mximo valor de v (ponto de tangncia


assntota) e b o valor de [S] para o qual v = 1/2 a. A a d-se normalmente a designaco de
velocidade mxima, representando-se por Vmax ou V, e a b (uma importante constante das
reaces enzimticas) foi dado o nome de constante de Michaelis, representando-se por
Km. Portanto, a equao anterior toma, para as reaces enzimticas, a forma usual

a qual designada por equao de Michaelis-Menten.

Significado das constantes Km e Vmax


A constante de Michaelis, Km, representa o valor da concentrao do substrato para o qual
essa reaco se processa a uma velocidade igual a metade de Vmax. A constante exprime-se
pois em unidades de concentrao (por exemplo, em mol/L), sendo obviamente
independente das unidades em que se exprime a velocidade da reaco.
Do ponto de vista prtico, Km fornece indicaes sobre a eficincia com que a enzima
trabalha com dado substrato. Um Km pequeno indica que (para igual concentrao de S) a
enzima capaz de catalisar a transformao desse substrato a maior velocidade do que
quando o Km grande.
Km s uma medida da afinidade da enzima para o seu substrato quando a teoria de
Michaelis-Menten for verificada, sendo ento Km uma constante de dissociao. Nestes
casos (porventura os mais correntes) em geral o inverso de Km que tomado como medida
da afinidade. Baixos valores de Km correspondero a elevadas afinidades e altos valores a
baixas afinidades.
Vmax uma velocidade enzimtica e portanto ter as dimenses dessa velocidade,
exprimindo-se usuaImente em mol de produto formado por s. A constante Km independente
da quantidade de enzima presente na reaco, enquanto que Vmax depende dessa
quantidade pois que quanto mais enzima estiver presente maior ser a velocidade da
reaco, tendo-se por definio (quando a enzima est saturada),
Vmax

= k [E]

Velocidade de catlise: influncia da temperatura


Ao estudar a actividade cataltica de uma enzima ao longo do tempo, para uma srie de
temperaturas, obtem-se um conjunto de curvas. Como da se depreende, a velocidade inicial
da reaco enzimtica aumenta regularmente com o acrscimo da temperatura. No entanto, a
quantidade de substrato transformado em intervalos de tempo sucessivos vai decrescendo,
para temperaturas superiores a um certo valor.

a temperatura exerce dois efeitos antagnicos sobre o sistema enzimtico. Por um lado
aumenta a velocidade inicial (ou verdadeira actividade cataltica) da enzima, por outro conduz
a uma progressiva inactivao das molculas da enzima. A conjugao dos dois efeitos
conduz definio de uma temperatura ptima.

A taxa de inativao das enzimas em soluo aumenta rapidamente com a temperatura. Na


maioria dos casos essa inativao virtualmente instantnea a temperaturas prximas de 70
C. O nmero de enzimas que pode suportar temperaturas de 100 C sem sofrerem inativao
extremamente reduzido. Um exemplo j clssico o da enzima adenilato cinase que
catalisa a reao:
ATP + AMP = ADP + ADP
Esta enzima pode suportar um aquecimento prolongado a 100 C e a pH 1,0.
A inactivao das enzimas pelo calor devida desnaturao da protena enzimtica, a qual
grandemente influenciada pelo pH.
O efeito da temperatura nas reaes enzimticas (e em outros processos celulares)
geralmente expresso em termos do coeficiente de temperatura Q10. O Q10 representa o fator
pelo qual a velocidade das reaes enzimticas (ou de outro processo biolgico) vem
multiplicada em consequncia de um acrscimo de temperatura de 10 C. O Q 10 das reaes
enzimticas situa-se geralmente entre 1 e 2. uma caracterstica geral dos processos de
catIise o facto de o Q10 das reaes catalisadas ser mais baixo do que o das reaes no
catalisadas, e o das reaes catalisadas por enzimas ser mais baixo que o das reaes
catalisadas por catalisadores inorgnicos.

Velocidade de catlise: influncia do pH


As enzimas so usualmente activas apenas numa gama restrita da escala do pH. Alm disso,
verifica-se que existe normalmente um valor bem definido de pH para o qual a actividade
cataltica de cada enzima mxima - pH ptimo da enzima; em certos casos, contudo,
observa-se antes uma banda bastante larga de mxima actividade (patamar de valores
ptimos de pH) que no caso extremo da papana (quando tem a benzoilarginamida como
substrato) se estende por vrias unidades de pH. Para grande nmero de enzimas, o pH
ptimo, alm de ser bem definido, situa-se prximo da neutralidade, ou quando muito entre os
limites de pH 5 e 9. Todavia, h algumas excepes, de que exemplo a pepsina, que com
certos substratos apresenta um ptimo de pH a 1,5.
O efeito do pH sobre a catlise enzimtica, como todos os efeitos de pH, devido a
alteraes no estado de ionizao dos componente do sistema, em consequncia da variao
da concentrao em H+.

Effects of pH on enzyme activity

 Binding of substrate to
enzyme
 The ionization states of the
amino acid residues involved
in the catalytic activity of the
enzyme
 The ionization of the
substrate
 The variation of protein
structure (significant at
extremes of pH)

Pepsin is an enzyme that works best at pH = 2 in the highly


acidic conditions of the stomach

Teoria de Michaelis-Menten
Para uma reacao enzimtica que segue a cintica de Michaelis-Menten, o grfico da velocidade inicial da
reao (v) em funo da concentrao de substrato (S) e uma hiprbole rectangular da forma

Os parmetros que caracterizam esta equao e


que so em geral estimados a partir dos
resultados observados so Vmx (a velocidade
inicial mxima, que teoricamente atingida
quando a enzima estiver saturada por uma
concentrao infinita de substrato) e Km (a
constante de Michaelis, numericamente igual
concentrao de substrato que corresponde a
metade da velocidade inicial mxima).

De acordo com a teoria de Michaelis e Menten, para uma reaco enzimtica com um nico substrato,
a enzima livre (E) e o substrato (S) esto permanentemente em equilbrio com o complexo ES durante a
reaco:

(1)

De acordo com esta teoria, a primeira equao traduz uma simples dissociao e a transformao de ES
(segunda equao) ser um processo muito mais lento do que aquela dissociao. Por outras palavras, a
constante k2 ser muito mais baixa do que k1. Portanto, a velocidade de formao do produto
(velocidade da reaco enzimtica, v) no estar dependente da velocidade de formao do complexo
ES, mas apenas da taxa de decomposio deste complexo, isto ,

(2)
A constante de dissociao de ES, Ks, pode facilmente ser determinada a partir de cima, pois corresponde
ao inverso da constante de equilbrio desta equao e viria a receber a designao de constante
de Michaelis (Km). Portanto ser:

(3)

A conjugao das equaes (2) e (3) permite obter a equao de Michaelis-Menten do seguinte modo:

Dada a dificuldade prtica de determinar as concentraes da enzima livre e do complexo ES e a


possibilidade de quantificar a quantidade total de enzima, ET,

(4)
Substituindo [ E ] na equao (3) fica

(5)
Resolvendo em ordem a [ ES ] fica

(6)
Substituindo agora o valor de [ ES ] na equao (2) vir

(7)

Repare-se no significado de k2 [ET] nesta equao. Quando a concentrao do subtrato for muito elevada,
todas as molculas da enzima estaro ligadas a molculas do substrato ([ET] = [ES], enzima saturada)
e a enzima estar funcionando ao mximo da sua velocidade; portanto, do ponto de vista terico, poder
escrever-se nessas condies - ver equao (2):

(8)
A substituio deste valor na equao (7) fornecer finalmente a equao de Michaelis-Menten:

(9)

Uma vez que a relao entre a varivel independente S e a varivel dependente v e no-linear, Michaelis e
Menten (1913) reconheceram desde logo que no era prtica a determinao de Vmx e Km a partir da
equao da hiprbole. Para tal,contribuia o facto de haverem restries de natureza fIsica, as quais tornam
apenas posslvel a medio de v para valores positivos e finitos de S. No era assim fcil determinar com
rigor aqueles parmetros, j que as assimptotas no podem ser localizadas com preciso; alm disso, era
difIcil traar com rigor uma hiprbole rectangular.
A equao de Michaelis-Menten pode hoje ser representada de maneira diferente para a determinao de
Vmx e Km, a partir de uma srie de medies da velocidade inicial a diferentes concentraes de substrato:
uns mtodos so simples, rpidos e expeditos, mas de menor preciso; outros so mais precisos e
complexos, complexidade esta apenas aparente dada a possibilidade de utilizao de computadores cada
vez mais exactos e rpidos. De todos eles, apenas faremos referncia a cinco, por serem talvez os de
utilizao mais corrente. Dentro destes, os trs mais conhecidos resultam de transformaes lineares da
equao de Michaelis-Menten.

A teoria/equao de Michaelis-Menten aplica-se apenas a reaces qumicas catalisadas por enzimas com
um s substrato.
Contudo, a maioria das reaces enzimticas do metabolismo celular so reaces com mais de um
substrato. A cintica enzimtica destas reaces consideravelmente mais complexa. Por este motivo, e
apenas no caso das enzimas que seguem a cintica de Michaelis-Menten, utiliza-se comummente um
truque: satura-se a enzima relativamente a todos os seus substratos com excepo daquele que se
pretende estudar, ficando assim a velocidade da reaco a depender da concentrao de um nico
substrato.

Teoria do steady-state de Briggs-Haldane


A teoria de Michaelis-Menten considera que a formao do produto (P) a partir do complexo ES a fase
lenta do processo enzimtico e portanto que ES se mantm sempre em equilbrio com E e S (equao 1).
Contudo, dadas as elevadssimas capacidades catalticas de muitas enzimas, tornou-se evidente que
a formao de P poderia ocorrer to rapidamente que o equilbrio

poder nunca chegar a verificar-se na prtica. Briggs e Haldane, em 1925, consideraram no ser
necessrio admitir a existncia de um equilbrio de dissociao entre ES e E + S, mas aceitar antes
o princpio de que as concentraes dos intermedirios do processo enzimtico (ES nas reaces de um
s substrato) permaneciam constante durante a reaco. Portanto, era sugerido que durante a reaco
enzimtica

A formao do complexo ES e a sua transformao para originar E + P ou E + S ocorriam (na ausncia


de outros factores) a velocidades aproximadamente iguais, pelo que a concentrao de ES se mantinha
constante
devido a esse estado de equilbrio dinmico (steady-state) dos reagentes; isto , a taxa de desintegrao
de ES igualava a taxa da sua formao.

Usando o postulado acabado de referir, Briggs e Haldane desenvolveram uma teoria em que relacionaram
a velocidade da reaco enzimtica com a concentrao do substrato, obtendo uma equao idntica de
Michaelis-Menten. A diferena fundamental entre as duas equaes refere-se ao significado da constante
Km. Enquanto que segundo a teoria de Michaelis-Menten Km uma constante de dissociao igual a k-1/k1,
segundo a teoria de Briggs-Haldane a nova constante, Km1, tem o valor:

ou

Vindo Km1 a igualar Km quando k2 for muito mais pequeno do que k1. Relembre-se que esta foi a premissa
admitida por Michaelis e Menten, o que mostra ser a sua teoria um caso particular da teoria do steady-state.
Sendo a equao 9 a expresso matemtica de ambas as teorias, e no se fazendo normalmente distino
grfica entre as constantes Km1 e Km, deve-se pois ter cuidado em exprimir correctamente o valor de Km
quando tal for necessrio.

Mtodos de clculo de
Vmx e Km

Michaelis-Menten theory

Maud Menten

Leonor Michaelis

1 - Mtodo de Lineweaver-Burk ou "double reciprocal plot"


Invertendo ambos os membros da equao de Michaelis-Menten obtm--se a seguinte equao:

Esta equao mostra que a representao grfica de 1/v em funo de 1/S uma recta, com derivada
igual a Km/Vmx, ordenada na origem igual a 1/Vmx e abcissa na origem igual a -1/Km

Comentrios
-Grande popularidade.
- No deve ser utilizado. imperfeito do ponto de vista
estatstico. o pior de todos os mtodos.
- Principal defeito: tomando o inverso de v, os menores
valores de v (que so precisamente aqueles valores
que tm maior percentagem de erro) desempenham um
papel exageradamente importante na determinao da
posio da recta ajustada ilustrado pelas barras
verticais da figura, as quais correspondem todas mesma
amplitude de erro em v.
Grfico de Lineweaver-Burk ou "double reciprocal
plot". As barras verticais correspondem a um erro
de 0,05.Vmx em v.

- Principais vantagens: as variveis v e S esto


separadas; maus dados experimentais originam
frequentemente bons ajustamentos.

The Effects of Enzyme Inhibitors

Enzymes can be inhibited competitively, when the substrate and inhibitor compete for binding to the same
active site or noncompetitively, when the inhibitor binds somewhere else on the enzyme molecule
reducing its efficiency.
The distinction can be determined by plotting enzyme activity with and without the inhibitor present.

Competitive Inhibition
In the presence of a competitive inhibitor, it takes a higher substrate concentration to achieve the same
velocities that were reached in its absence. So while Vmax can still be reached if sufficient substrate is
available, one-half Vmax requires a higher [S] than before and thus Km is larger.

Noncompetitive Inhibition
With noncompetitive inhibition, enzyme molecules that have been bound by the inhibitor are taken out of the
game, so enzyme rate (velocity) is reduced for all values of [S], including Vmax and one-half Vmax but
Km remains unchanged because the active site of those enzyme molecules that have not been inhibited is
unchanged.

2 - Mtodo de Hanes
Multiplicando ambos os membros da equao de Lineweaver-Burk por S obtm-se a equao de Hanes:

Esta equao mostra que a representao grfica de S/v em funo de S uma recta, com derivada igual
a 1/Vmx, ordenada na origem igual a -Km/Vmx e abcissa na origem igual a Km.
Comentrios
- imperfeito do ponto de vista estatstico. Melhor que o mtodo
de Lineweaver-Burk porque os erros em v reflectem-se mais
homogeneamente em S/v do que em 1/v.
- Tal como no mtodo anterior, tomando o inverso de
V, d-se nfase exagerado aos valores mais baixos de v, que
so precisamente os valores que tm maior percentagem de
erro.
- A varivel independente, S, aparece em ambos os membros da
equao, de tal modo que um grfico de S/v em funo de S
mostra um certo grau de correlao inevitvel - inevitvel no
sentido em que, mesmo se v e S
fossem variveis aleatrias independentes, as variveis S/v e S
estariam correlacionadas entre si. Esta correlao inevitvel,
sendo positiva,tende a fortalecer a correlao observada entre
as duas variveis porque a relao terica contida na equao
Grfico de Hanes. As barras verticais
correspondem a um erro de 0,05.Vmx em v. de Hanes tambm positiva.
- Este mtodo tem o inconveniente de no separar as variveis S
e v.

3 - Mtodo de Eadie-Hofstee
Multiplicando ambos os membros da equao de Lineweaver-Burk por v.Vmx e rearranjando a equao,
obtm-se a 3 transformao linear da equao de Michaelis-Menten: a equao de Eadie-Hofstee:

Esta equao mostra que a representao grfica de v em funo de v/S uma recta, com derivada igual
a -Km, ordenada na origem igual a Vmx e abcissa na origem igual a Vmx/Km.
Comentrios
- imperfeito do ponto de vista estatstico.
- Sofre, em menor extenso, do mesmo inconveniente
estatstico que o mtodo de Lineweaver-Burk, com a
complicao adicional de que ambas as variveis so
afectadas pela variabilidade experimental em v.
- O facto de v aparecer em ambos os membros da equao
provoca um certo grau de correlao inevitvel entre as
variveis v e v/S de tal modo que, mesmo quando S e v so
duas variveis aleatrias independentes, as variveis v e v/S
esto relacionadas entre si. Esta correlao, sendo positiva,
tende a enfraquecer a correlao observada entre as
variveis no grfico, j que a relao terica dada pela
equao entre v e v/S negativa.
Grfico de Eadie-Hofstee. As barras oblquas
correspondem a um erro de 0,05.Vmx em v.

- Como ambas as variveis esto sujeitas a erro, o mtodo


geral do ajustamento de uma recta a pontos pelo mtodo dos
mnimos quadrados no , teoricamente, aplicvel.

4- Representao grfica linear directa (direct linear plot)


Trata-se de um mtodo estatistico no-paramtrico, grfico, introduzido por Eisenthal e Cornish-Bowden
(1974).
Rearranjando a equao de Michaelis-Menten de modo a obter Vmx em funo de Km, chega-se seguinte
equao:

Ento, se tratarmos Vmx e Km como sendo variveis e v e S como constantes, esta equao define uma
linha reta, com derivada v/S, ordenada na origem v e abcissa na origem -S. Cornish-Bowden (1979) refere
que isto no to estranho como pode parecer primeira vista - com efeito, uma vez S e v medidos
experimentalmente, eles passam a ser constantes j que qualquer anlise dos resultados os mantm
inalterados; em relao a Vmx e Km, eles podem ser tratados como variveis enquanto no forem
estimados os seus valores.
Assim, neste mtodo, cada par de valores experimentais (Si,vi) origina uma recta num grfico que
representa Vmx em funo de Km.

direct linear plot

Modelo terico

Exemplifiquemos o mtodo para um primeiro caso de n = 2


observaes.
Uma vez construdos os eixos coordenados (Vmx em funo de
Km) e obtidas as duas observaes experimentais, ficamos com
2 pares de valores (Si,vi), com i =1,2. Para o primeiro par de
valores (S1, v1) marcam-se os pontos Km = -S1 no eixo dos Km e
Vmx = v1 no eixo dos Vmx; em seguida, traa-se uma
recta que passa por estes dois pontos, a qual prolongada
para o 1 quadrante.
Para este par de valores (S1, v1) h, portanto, uma infinidade de
pares de valores Vmx e Km que satisfazem a equao:
Vmx = v1 + v1/S1 . Km
conveniente notar que esta recta no um grfico, no
mesmo sentido dos que se obtm pelo 3 mtodos anteriores;
no "direct linear plot" cada recta corresponde a um s ponto
experimental.

Direct linear plot - Cada linha representa


uma observao e traada a partir da
abcisa na origem, Km = -Si e da ordenada
na origem Vmx = vi. As coordenadas do
ponto de interseco do os valores de Km
e Vmx que satisfazem s observaes.

Traando do mesmo modo a recta que corresponde a uma


segunda observao (com diferentes valores de S e v, isto ,
com S2 S1 e v2 v1), verifica-se igualmente que h uma
infinidade de valores de Vmx e Km que satisfazem a nova
equao:
Vmx = v2 + v2/S2 . Km
Para o caso em que S2 S1 e v2 v1, estas duas rectas no
definem os mesmos pares de valores de Km e Vmx, excepto no
ponto de interseco - este ponto define o nico par de valores
Km e Vmx que satisfaz ambas as observaes (exceptuam-se
os casos em que v1/S1 = v2/S2, isto , casos em
que as duas rectas so paralelas, por no haver ponto de
interseco entre elas) .

Modelo real
Na prtica, como as observaes esto sujeitas a
erro, no h um nico ponto, comum
interseco de todas as rectas. O grfico que
normalmente se obtm est representado na
figura. Neste caso, cada interseco fornece uma
estimativa inicial de Km e de Vmx. Estas
estimativas so marcadas em ambos os eixos
coordenados. As melhores estimativas
a tomar para Km e Vmx sero as medianas das
respectivas estimativas iniciais.
As melhores estimativas dos parmetros Km e
Vmx so dadas por:
Km*= mediana dos valores de Km i,j
Vmax* = mediana dos valores de Vmax i,j
Este mtodo foi intitulado de "direct linear plot
porque representa cada observao por uma recta
e porque fornece directamente os valores de
Vmx e Km, isto , a representao grfica linear
e a sua leitura directa.

Direct linear plot. As linhas so traadas


como indicado na figura anterior e cada interseco
(crculos) fornece uma estimativa Ki,j do Km
e uma estimtiva Vmx i,j de Vmx. Estas estimativas
esto marcadas nos eixos coordenados .
A melhor estimativa de Km ( Km) obtm-se tomando
a mediana dos Km i,j e a de Vmx ( Vmx)
obtm-se tomando a mediana dos Vmx i,j .

Vantagens e inconvenientes do "direct linear plot


Vantagens:
- a interseco das retas d diretamente o valor dos parmetros Km e Vmx, os quais so lidos diretamente no
grfico, sem necessidade de clculo;
- muito simples de construir, porque consiste apenas de linhas retas;
- no so necessrias transformaes;
- fornece indicaes claras e precisas acerca da qualidade das observaes, identificando observaes aberrantes;
- fornece indicao visual da preciso das constantes estimadas;
- muito insensvel a valores aberrantes;
- requer poucos pressupostos acerca da natureza do erro experimental;
- , estatisticamente, mais preciso do que os trs mtodos anteriormente referidos;
- permite um fcil diagnstico do tipo de inibio.
Desvantagens:
- permite apenas a representao de um nmero reduzido de observaes em cada grfico; como o nmero de
interseces obtidas a partir de n observaes (Si, vi) dado por 1/2.n.(n-1), fcil de ver que o mtodo grfico se
complica muitssimo quando o nmero de observaes vai aumentando; com efeito, para 10 observaes,
necessrio traar 10 retas e determinar as coordenadas dos seus 45 pontos de interseco [para 16 observaes
sero 120). Isto torna limitativa a utilizao do mtodo porque alm de o tornar muito trabalhoso, praticamente
impossvel, para as dimenses normais do papel correntemente utilizado, a determinao grfica das coordenadas
de centenas de pontos de interseco. Alm disso, o ponto de interseco de duas retas define-se mais facilmente
se elas se intersectarem com ngulos prximos de 90, criando-se situaes ambguas quando os ngulos de
interseco so muito agudos. Com um nmero grande de retas, por mais bem espaados que estejam os valores
de Si e vi, as retas intersectar-se-o com ngulos muito agudos, o que torna pouco precisa a estimativa dos
parmetros; este inconveniente pode ser ultrapassado pela utilizao de um computador;
- em determinadas condies menos preciso que o ajustamento direto da hiprbole retangular aos pontos
experimentais, pelo mtodo dos mnimos quadrados;
- no adequado para a utilizao de repeties (vrias medies de v para um dado valor de S), o que
frequente acontecer na prtica;
- no fornece informao analtica simples acerca da preciso das estimativas dos parmetros Km e Vmx.

5 - Ajustamento directo de uma hiprbole rectangular aos pontos experimentais, pelo mtodo dos mnimos quadrados

A equao de Michaelis-Menten tal como usualmente escrita est incompleta, j que ignora o efeito do erro
experimental. Por isso, mais correcto escrev-la sob a forma:

com i = 1, 2, ..., n, em que ei mede o desvio relativo do valor observado vi do valor calculado
Vmx.Si/(Km+Si). O erro (1+ei) aparece na equao como um factor e no como um erro aditivo, pois tal
parece corresponder a uma situao mais exacta.
Quando a equao de Michaelis-Menten expressa sob esta forma, fcil concluir porque que as
transformaes lineares atrs referidas originam resultados pouco precisos.
Pondo a expresso de cima em funo de ei vir:

Interessa-nos pois obter a equao da hiprbole rectangular que faa ei o mnimo possvel - basta para
isso aplicar o mtodo dos mnimos quadrados.

Principais vantagens e inconvenientes deste mtodo


Vantagens:
- simples;
- separa as variveis v e S;
-as estimativas dos parmetros so, em geral, mais precisas que nos mtodos lineares;
- no so necessrias transformaes de variveis e, consequentemente, transformaes das suas
varincias.
Desvantagens:
- grfico no linear;
- dificuldade no traado preciso das assimptotas;
- todos estes clculos estatsticos sao relativamente trabalhosos e tanto mais quanto maior o valor de n;
para maior rigor e rapidez requer utilizao de computador;
- efeitos no tomados em conta no modelo e que originam maus ajustamentos no so to facilmente
detectveis como nos mtodos lineares - por exemplo, os diferentes tipos de inibio podem ser mais
facilmente reconhecidos com os mtodos lineares.

Problemas de Enzimologia

Nota: In enzymology, turnover number (also termed kcat) is defined as the


maximum number of molecules of substrate that an enzyme can convert to product
per catalytic site per unit of time.

Solues

FIM

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