Trabalho de Química - 2° BI

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Cinética Química

A cinética química é uma subárea da Química que estuda a velocidade das reações
químicas, bem como mecanismos para seu controle. É por meio do estudo da cinética
que se desenvolvem modelos matemáticos para entender a velocidade de consumo de
um reagente ou de geração de um produto em uma reação química.

O estudo da cinética química permite que saibamos os fatores capazes de alterar a


velocidade de uma reação química, seja para torná-la mais rápida ou então mais lenta.
A compreensão desse campo é essencial para o desenvolvimento de diversas áreas
industriais, como a farmacêutica, a de petróleo e gás, a automotiva, entre outras.

O que a Cinética Química estuda?


A cinética química estuda a velocidade com que se desenvolve uma reação química,
bem como os fatores capazes de controlar a progressão de uma reação, seja para
retardá-la, seja para acelerá-la.

Essa área da Físico-Química existe porque a Termodinâmica, apesar de ser muito


importante para os sistemas químicos, não possui apenas a capacidade de determinar
se um processo químico é espontâneo ou não.

Alguns processos, mesmo sendo termodinamicamente favoráveis (ou seja,


espontâneos), praticamente não ocorrem, como é o caso da decomposição do benzeno
em carbono e hidrogênio, por exemplo. Isso tudo porque a Termodinâmica não estuda
ou prevê os detalhes da progressão de um processo químico, algo que é competência
da área de cinética química.

Velocidade das Reações Químicas

Em geral, a velocidade é definida como a variação de uma propriedade dentro de um


intervalo de tempo. Na Física, por exemplo, mede-se velocidade quando se afere a
variação da posição de um corpo, ou seja, qual a distância percorrida dentro de um
intervalo de tempo. Em Química, de forma distinta, a velocidade de uma reação
química avalia a variação da concentração de um participante, seja reagente ou
produto, dentro de um intervalo de tempo.

→ Velocidade média da reação química


É bem verdade que a velocidade de consumo de um reagente (R) ou de geração de
produto (P) muda com o tempo, e, por isso, é interessante que se trabalhe com a
velocidade média da reação química (Vm), calculada da seguinte forma:
Perceba que a velocidade média para o reagente possui um sinal negativo antes. Isso
porque como o reagente é consumido, a variação da concentração é negativa, e como
não se admitem valores negativos para a velocidade, deve-se incluir o sinal para
correção.

Dentro de uma reação química, contudo, os reagentes e produtos são consumidos ou


gerados mediante uma proporção estequiométrica. Por exemplo, na reação de síntese
da amônia:
N2 + 3 H2 ⇌ 2 NH3
O gás hidrogênio é consumido com o triplo da velocidade que o gás nitrogênio, pois a
proporção estequiométrica é de 1 para 3 entre esses reagentes. Assim, a velocidade
média de gás nitrogênio em relação ao gás hidrogênio é:

Dessa forma, é possível estabelecer uma velocidade média única para qualquer
reação. No exemplo anterior, essa velocidade média única é:

→ Lei da Velocidade
Uma das principais formas de estudo da tendência da velocidade de uma reação
química é por meio das velocidades iniciais. Isso porque no início de uma reação
química, a concentração dos produtos é igual a zero. Dessa forma, pode-se excluir a
interferência dos produtos na velocidade da reação, simplificando o entendimento e os
cálculos. Observe, a seguir, uma reação hipotética:
AB → A + B
Experimentalmente, sabe-se que quanto maior a concentração inicial do reagente,
maior a velocidade de consumo deste. Assim, pode-se dizer que:

Velocidade inicial de consumo de AB ∝ [AB]inicial

O símbolo ∝ significa “proporcional a”. Para retirar a proporcionalidade e transformar


essa leitura em uma igualdade, usa-se uma constante de proporcionalidade, conhecida
como constante de velocidade, representada pela letra k:

Velocidade inicial de consumo de AB = k ∙ [AB


A constante k é exclusiva de cada reação, ou seja, ela varia de acordo com o processo
químico estudado. Em um mesmo processo químico, o valor de k só se altera com a
mudança da temperatura em que a reação química ocorre. Perceba que a variação da
concentração de AB em função da velocidade inicial de consumo é uma equação de
primeiro grau, ou seja, uma relação linear.

Porém, para alguns processos químicos, essa relação pode ser qualquer uma — como,
por exemplo, quadrática, cúbica ou simplesmente sem relação. Ou seja, a velocidade
de consumo é constante e só depende do valor de k. Então, de modo geral, uma lei de
velocidade para um processo químico com n reagentes (R) pode ser escrita como:

Velocidade = k ∙ [R1]a ∙ [R2]b ∙ ... ∙ [Rn]n

Os expoentes são conhecidos como “ordem” e podem ser qualquer número inteiro
positivo, além do 0 — ou seja, 0, 1, 2, 3 e assim sucessivamente —, não necessariamente
diferentes um do outro, podendo ser iguais também.

As ordens de cada reagente são determinadas experimentalmente, mediante a avaliação


das velocidades em situações diversas. Contudo, em dois casos é possível determinar o
valor dessas ordens de maneira direta: quando a reação ocorre em uma única etapa
(chamada de reação elementar) ou quando a etapa lenta da reação química é
conhecida. Nesses casos, a ordem é numericamente igual aos coeficientes
estequiométricos da equação química.

A seguir, veja um exemplo em relação a uma reação elementar:


2 NO2 → 2 NO + O2

A expressão da velocidade é então v = k ∙ [NO2] 2.

A seguir, veja um exemplo de etapa lenta da reação:


A reação química 2 H2 + 2 NO → N2 + H2O ocorre em duas etapas, sendo a 1ª etapa
a mais lenta.

1ª etapa: H2 + 2 NO → N2O + H2O (lenta)


2ª etapa: H2 + N2O → N2 + H2O (rápida)

Nesse caso, a lei de velocidade é dada por:


v = k ∙ [H2] ∙ [NO]2

Fatores que alteram a Velocidade da Reação Química

- Concentração dos Reagentes

No que diz respeito à concentração, devemos lembrar que a lei da velocidade de uma
reação química é diretamente proporcional ao produto das concentrações dos
reagentes, em mol.L-1. Por exemplo, para uma reação hipotética, que ocorre em uma
única etapa, temos:

x A + y B → AxBy

A expressão da velocidade para essa reação é:

v = k ∙ [A]x ∙ [B]y

Assim, quanto maiores forem as concentrações de A e B, maior será a velocidade da


reação química, uma vez que são linearmente proporcionais.

- Temperatura
A temperatura é também um importante fator de regulação cinética. É preciso lembrar
que a temperatura é a medida da energia cinética de um corpo, sendo esta calculada
como:

Logo, quanto maior a temperatura, maior a energia cinética, e quanto maior a energia
cinética, maior a velocidade das partículas (observe que há uma dependência
quadrática). Assim, quanto mais velozes estiverem as partículas, mais frequentes e
vigorosas serão as colisões entre elas, propiciando assim que os choques superem a
energia de ativação da reação química mais facilmente e com maior frequência.

É por isso que os alimentos são estocados em baixa temperatura para aumentar seu
tempo de conservação, por exemplo. Quando colocamos alimentos na geladeira, as
reações químicas responsáveis pela deterioração são desaceleradas pela queda da
temperatura.

- Superfície de Contato
A superfície de contato tem relação com o número de partículas disponíveis para a
reação química. Por exemplo, ao dissolver um comprimido efeverscente inteiro,
percebe-se um maior tempo de dissolução quando se compara o mesmo processo com
o comprimido triturado. Isso se dá porque no comprimido triturado, mais partículas
estão participando do processo, ou seja, há uma maior superfície de contato entre os
participantes do sistema.

Assim, quanto maior a superfície de contato, mais partículas estão presentes para
participar do processo químico, o que aumenta a velocidade do processo.

No processo de reciclagem do alumínio, por exemplo, deve-se diminuir a superfície de


contato durante a fusão do metal, já que ele é facilmente oxidado pelo ar em altas
temperaturas, e se pulverizado, o metal é transformado em óxido de alumínio. Por isso,
os materiais de alumínio que serão reciclados são prensados em blocos, de modo a
diminuir o contato do metal com o ar atmosférico (que contém cerca de 20% de gás
oxigênio).

- Catalisadores

Os catalisadores são substâncias muito desejadas em processos químicos, já que


aumentam a velocidade da reação química sem ser consumidos. Isso permite que
poucas quantidades de catalisador sejam empregadas no processo.

Quimicamente, o catalisador fornece uma rota reacional de menor energia de ativação,


explicando o porquê de ele ser capaz de acelerar os processos. O catalisador,
inicialmente, liga-se ao reagente, o qual desenvolve a reação pela nova rota reacional
de menor energia propiciada pelo catalisador. Quando o produto é então formado, o
catalisador é quimicamente regenerado, demonstrando o porquê de não ser
consumido.

Os catalisadores, entretanto, não têm capacidade de alterar o equilíbrio químico, já que


aceleram, na mesma proporção, tanto a reação direta quanto a reação inversa. Existem
os catalisadores homogêneos, que são aqueles que estão na mesma fase dos
reagentes — como, por exemplo, catalisadores gasosos em reações entre gases. Há
também os catalisadores heterogêneos, que são aqueles que estão em uma fase
distinta dos reagentes. Um exemplo são os catalisadores sólidos que estão finamente
divididos no meio reacional.

As enzimas são importantes catalisadores do nosso corpo, permitindo que as reações


químicas que ocorram em nosso organismo sejam mais rápidas.

Importância da Cinética Química

Sem dúvida alguma, o conhecimento da velocidade de uma reação química é


imprescindível para nossa sociedade. Já citadas anteriormente, as geladeiras permitem
que consigamos estocar alimentos por mais tempo, reduzindo assim a perda e o custo
deles.

Na indústria, hoje, dificilmente um processo não conta com um catalisador. O ramo de


catálise é um dos mais importantes da Química, pois se busca, cada vez mais,
catalisadores mais baratos, duráveis e seletivos.

O estudo da cinética química também contribuiu para o desenvolvimento do air bag,


dispositivo de segurança obrigatório nos carros atuais, consistindo em uma bolsa que
infla em milésimos de segundos após a colisão do veículo. Essa bolsa é estufada
rapidamente por conta da decomposição da azida de sódio. Tal decomposição é
acionada por um sensor de colisão, que gera uma faísca e desencadeia a seguinte
reação, a qual produz gás N2, que infla as bolsas:
2 NaN3 + → 2 Na + 3 N2

Na Farmácia, o estudo cinético é imprescindível ao desenvolvimento de medicamentos.


Um remédio pode ser desenvolvido, por exemplo, para ser metabolizado mais
lentamente ou mais rapidamente. Por isso, diversas formas de administração podem ser
utilizadas, como líquidos, comprimidos, cápsulas ou mesmo compostos intravenosos.

Imagine um paciente que está com uma tremenda crise de enxaqueca. Para ele, deve ser
administrado um medicamento que alivie o mais rápido possível os sintomas da crise, de
forma distinta de um paciente que faz uso de medicamentos diários, cuja liberação
costuma ser lenta.

Foi também o estudo da cinética que permitiu calcular em quanto tempo materiais se
deterioram na natureza, como vidros, metais e plásticos.

Além disso, os estudos e modelos cinéticos possibilitam as datações de fósseis e


múmias egípcias.

Esses são apenas alguns exemplos de como a cinética química está presente em nosso
dia a dia, influenciando a nossa relação com o mundo.

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