O Culto Às Imagens
O Culto Às Imagens
O Culto Às Imagens
imagens sagradas se desenvolveu gradual e naturalmente." (s.v. Images, Veneration of . Em The Catholic Encyclopedia, Volume VII, 1910; negrito acrescentado) Talvez as escassas aluses s imagens no nos proporcione informao de como eram tratadas, mas este mesmo facto testemunha que o seu papel na vida crist era modesto, e de modo algum tinha a importncia indevida que adquiriu depois.
" indubitvel que onde quer que h uma imagem no h religio . Porque se a religio consiste de coisas divinas, e no h nada divino a no ser nas coisas celestiais, segue-se que as imagens se acham fora da esfera da religio, porque no pode haver nada de celestial no que se faz da terra ... no h religio nas imagens, mas uma simples imitao de religio." (Instituies Divinas 2:19; negrito acrescentado). Em 305 ou 306 um conclio reunido em Elvira, prximo da actual Granada, estabeleceu no seu cnon 36: "Ordenamos que no haja pinturas na Igreja, de modo que aquele que objecto de nossa adorao no ser pintado nas paredes." No passado, apologistas catlicos como Barnio e Belarmino questionaram este snodo espanhol, mas a sua ortodoxia hoje geralmente admitida.
Eusbio de Cesareia fala de uma esttua de Cristo existente em Paneas que teve ocasio de ver, e comenta: "E no estranho que tenham feito isto os pagos de outro tempo que receberam algum benefcio de nosso Salvador, quando indagamos que se conservavam pintadas em quadros as imagens de seus apstolos Paulo e Pedro, e inclusive do prprio Cristo, coisa natural, pois os antigos tinham por costume honr-los deste modo, sem distino, como a salvadores, segundo o uso pago vigente entre eles." (Histria Eclesistica 7,18:4; negrito acrescentado). Tambm Epifnio (315-403), bispo de Salamina em Chipre, que era um acrrimo inimigo dos ensinamentos de Orgenes, concorda com este contra as imagens, segundo uma carta a Joo, bispo de Jerusalm, conservada por Jernimo. Epifnio foi a uma igreja da Palestina orar e, segundo diz: "achei ali uma cortina pendurada nas portas da citada igreja, pintada e bordada. Tinha uma imagem de Cristo ou de um dos santos; no recordo precisamente de quem era a imagem. Vendo isto, e opondo-me a que a imagem de um homem fosse pendurada na igreja de Cristo, contrariamente ao ensinamento das Escrituras, a rasguei..." Epifnio, alm disso, aconselha Joo que instrua os responsveis para que no se pendurem cortinados desse tipo em nenhuma Igreja de Cristo, "opostos como esto nossa religio", e continua: "Um homem da tua rectido devia ser cuidadoso em suprimir uma ocasio de ofensa, indigna da Igreja de Cristo e dos cristos que esto confiados a teu cargo." (Jernimo, Epist. 51:9; negrito acrescentado). Num dos seus escritos contra os maniqueus, Agostinho de Hipona admite que alguns adoram imagens, mas no reconhece os tais como verdadeiros cristos: "No renas contra mim os professantes do nome cristo, que nem conhecem nem do evidncia do poder de sua profisso... Sei que h muitos adoradores de tmulos e de pinturas ... Nem surpreendente que entre tantas multides [de cristos] hajas de encontrar alguns que pela sua vida de condenao possas enganar os incautos e seduzi-los [para tir-los] da segurana catlica." (De Moribus Eccl. Cath., 34:75). O bispo de Hipona, como Orgenes antes dele, refutou de antemo o argumento de So Toms acerca de que no se presta culto imagem, mas ao que representa: "Envergonhem-se todos os que servem a uma escultura, os que se gloriam nos dolos! Mas avana um que se cr douto e diz: 'Eu no adoro uma pedra nem esta imagem que no tem sentimentos; porque no possvel que os vossos profetas tenham imaginado que tinham olhos e no viam, e que eu seja ignorante at ao ponto de no saber que a imagem no tem alma e no v pelos seus olhos e no ouve pelos seus ouvidos. Eu no adoro isto; mas me inclino perante isto que vejo e sirvo quele a quem no vejo', 'quem este?'. 'Algum poder invisvel - se nos diz que radica nesta imagem'. Mediante este tipo de explicao acerca de suas imagens, pensam que so muito inteligentes e que de modo algum se os pode contar entre os adoradores de dolos." (Sobre Salmos 96, 2; negrito acrescentado). Deste modo, o ensinamento unnime dos Padres dos primeiros sculos, o qual a igreja de Roma se preza de respeitar e venerar, radicalmente adverso ao uso de imagens no culto. Adicionalmente, como notou Agostinho, tambm os pagos, salvo os muito incultos, no tomavam as imagens como algo mais que representaes; mas so precisamente tais representaes o que os escritores cristos antigos probem como contrrias s Escrituras e portanto opostas ao cristianismo.
coisas, mesmo aplicadas aos seus superiores civis e sociais; estava acostumado a tratar os smbolos do mesmo modo, dando-lhes a honra relativa que era obviamente na realidade dirigida aos seus prottipos. E assim trouxe os seus hbitos normais para a igreja. A tradio, o instinto conservador que em assuntos eclesisticos insiste sempre no costume, gradualmente fez esteretipos de tais prticas at que se inscreveram como rubricas e se tornaram parte do ritual... Ao mesmo tempo deve-se reconhecer que imediatamente antes do surgimento do iconoclasmo [reaco violenta contra as imagens] as coisas tinham ido muito longe na direco da adorao das imagens. Ainda que seja inconcebvel que algum, excepto qui o mais estpido campons, pudesse ter pensado que uma imagem podia ouvir as oraes ou fazer alguma coisa por ns. E no entanto, a forma em que alguns tratavam os seus cones sagrados indica mais que a honra meramente relativa que se ensina aos catlicos a observar para com estes. Em primeiro lugar, as imagens se tinham multiplicado enormemente em toda a parte, as paredes das igrejas estavam cobertas por dentro desde o cho at ao tecto com cones, cenas da Bblia e grupos alegricos (um exemplo disto Santa Maria Antiqua, construda no sculo VII no foro romano , com a sua disposio sistemtica de pinturas que recobrem toda a igreja). Os cones, especialmente no Oriente, eram levados como proteco nas viagens, marchavam cabea dos exrcitos, e presidiam as corridas no hipdromo; estavam expostos num lugar de honra em cada habitao, em cada comrcio; cobriam taas, vestimentas, mveis, anis; onde quer que se encontrasse um espao, era preenchido com um quadro de Cristo, nossa Senhora, ou um santo. difcil entender o que aqueles cristos bizantinos dos sculos VII e VIII pensavam acerca deles. O cone parece ter sido de certo modo o canal atravs do qual se aproximavam do santo; tem um valor sacramental ... naqueles que o observavam; por e atravs do cone Deus operava milagres; o cone at parece ter tido uma espcie de personalidade prpria na medida em que certas imagens eram especialmente eficazes para [obter] certas graas. Os cones eram coroados com grinaldas, se lhes queimava incenso, eram beijados. Diante deles ardiam lamparinas e se cantavam hinos em sua honra. Os doentes eram postos em contacto com eles, eram atravessados no caminho de um incndio ou uma inundao para det-los por uma espcie de magia. Em muitas oraes deste tempo a inferncia natural das palavras seria que se dirigiam prpria imagem. Se tanta reverncia se brindava s imagens ordinrias "feitas com as mos", quanta mais se dava s milagrosas "no feitas com mos" (eikones acheiropoietai). Destas havia muitas que tinham descido milagrosamente do cu ou - como a mais famosa de todas em Edessa - tinham sido produzidas por nosso prprio Senhor pela impresso do seu rosto num pano (a histria do retrato de Edessa a forma oriental de nossa lenda da Vernica). O imperador Miguel II (820-829), em sua carta a Lus o Piedoso, descreve os excessos dos iconolatras: Eles tiraram a santa cruz das igrejas e a substituram por imagens diante das quais queimam incenso... Cantam salmos diante destas imagens, se prostram perante elas, imploram sua ajuda. Muitos vestem as imagens com roupagens de linho e as escolhem como padrinhos para os seus filhos. Outros que se fazem monges, abandonando a antiga tradio segundo a qual o cabelo que cortado recebido por alguma pessoa distinguida - o deixam cair nas mos de alguma imagem. Alguns sacerdotes raspam a pintura das imagens, a misturam com o po e o vinho consagrados e do-no aos fiis. Outros pem o corpo do Senhor nas mos de imagens, de onde tomado pelos comungantes. Ainda outros, desprezando as igrejas, celebram o servio divino em casas privadas, usando uma imagem como altar (Mansi, XIV, 417-422).
Estas so as palavras de um veemente iconoclasta e devem, sem dvida, ser recebidas com cautela. De qualquer forma, a maior parte das prticas descritas pelo imperador podem estabelecer-se por outra evidncia irrefutvel." (negrito acrescentado). interessante que este autor romanista, enquanto tenta eximir os catlicos daquilo que atribui aos orientais, apresenta como paradigma da profuso de imagens uma igreja de Roma. Do mesmo modo, para qualquer um que, como o que isto escreve, viva num pas de tradio catlica, o retrato que faz dos excessos dos orientais resulta dolorosamente familiar.
"Porque desta maneira se mantm o ensinamento de nossos santos Padres, ou seja, a tradio da Igreja Catlica, que recebeu o Evangelho de um extremo ao outro da terra; desta maneira seguimos Paulo, que falou em Cristo [2 Corntios 2:17] e o divino colgio dos Apstolos e a santidade dos Padres, mantendo as tradies [2 Tessalonicenses 2:14] que recebemos... Aqueles, pois, que se atrevam a pensar ou ensinar de outra maneira; ou a descartar, seguindo os sacrlegos hereges, as tradies da Igreja, e inventar novidades, ou rejeitar alguma das coisas consagradas Igreja: o Evangelho ou a figura da cruz, ou a pintura de uma imagem, ou uma santa relquia de um mrtir; ou a excogitar transtornar com astcia e engodo algo das legtimas tradies da Igreja Catlica... se so bispos ou clrigos, ordenamos que sejam depostos; se monges ou leigos, que sejam separados da comunho." (Denzinger 303-304). Note-se que os bispos iconolatras no puderam nem sequer apelar suposta tradio apostlica, pois nenhuma havia para apoiar o culto s imagens. Esgrimiram, em contrapartida, uma espria "tradio da igreja catlica" quando, na realidade, todos os escritores cristos dos primeiros sculos que trataram o tema se opuseram por completo a semelhante abominao . E isto para no reiterar o claro ensinamento das Escrituras.
7. Concluso
Em concluso, o culto s imagens, proibido na Bblia e rejeitado unanimemente com horror pelos mestres cristos primitivos, e proibido pelo bispo de Roma Gregrio I e pelos trezentos bispos reunidos em Hieria, se introduziu pela porta dos fundos da Igreja de maneira gradual e cresceu at propores descomunais. A sano dogmtica de to repugnante doutrina foi um estigma que permaneceu at ao seu questionamento e firme rejeio durante a Reforma do sculo XVI. Assim que, queridos catlicos e orientais, vos convido a rejeitar os falsos mestres que vos extraviam e a voltar s Escrituras e prtica da Igreja primitiva. Isso ser sem dvida agradvel a Deus. Fernando D. Sarav