Trabalho Historia Da Igreja-1

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INSTITUTO TEOLÓGICO QUADRANGULAR

CLENIR FLORIANO DINAT


CRISTIANE RIOS BOEIRA DIAS

HISTÓRIA DA IGREJA
CRISTÃOS PRIMITIVOS
DIA DO SENHOR

Trabalho apresentado no Instituto


Teológico Quadrangular 2º e 3º
Anos, disciplina de História da
Igreja

Prof.ª. Pra. Selma de Oliveira

PELOTAS
2023
1. IMPÉRIO ROMANO

É a designação do último período da história da Civilização Romana,


embora esse termo seja usado frequente e genericamente para referir-se a toda
experiência histórica de Roma. Essa última fase da história romana é entendida
como um império que se iniciou em 27 a.C., com a coroação de Otávio como
imperador, e durou até 476 d.C., quando Rômulo Augusto foi destronado.
Tal período teve uma organização política diferente em relação ao período
da república, uma vez que a característica básica no império era a centralização
do poder na figura do imperador. O auge do poder romano ocorreu nesse
momento, mas a crise na economia romana e as invasões germânicas levaram
o império ao fim.

1.1. FIM DA REPÚBLICA

O surgimento do império é consequência da decadência do modelo


republicano, com a República Romana vivendo uma grave crise em sua última
fase, sobretudo nos séculos II a.C e I a.C. A crise republicana ficou marcada
por rebeliões populares, rebeliões de escravos, ditaduras, guerras civis e
muita instabilidade na política.
As novas demandas políticas que surgiram nessa fase, frutos do crescimento
da população romana e do crescimento territorial do império, fizeram com que a
centralização do poder surgisse como alternativa política. Isso se deu quando as
regiões conquistadas pelos romanos começaram a ser anexadas, tornando-se
províncias romanas.
As novas necessidades políticas e os novos problemas foram enxergados
como complexos demais para a autoridade do Senado. Assim, a figura de uma
autoridade máxima como a responsável por administrar esse cenário ganhou
força. Outra questão importante também é que um novo ator político começou a
consolidar-se no final da república: os militares.
No final da república, os generais romanos tornaram-se figuras populares
porque lideravam as tropas romanas. Um dos casos mais famosos foi o de Júlio
César, conhecido pela conquista da Gália, região habitada pelos gauleses,
povos de origem celta. A popularização dos militares foi influenciada também
pela sua profissionalização, que aconteceu em meados do século II a.C.
Todo esse cenário criou uma arena de tensões e disputas pelo poder, e, para
resolver essa situação, foi proposta a criação dos triunviratos. Essa forma de
governo era basicamente uma gestão de Roma por três pessoas escolhidas para
o cargo. O primeiro triunvirato foi formado por Júlio César, Crasso e Pompeu e
levou a uma guerra civil.
Os três governantes disputaram o poder entre si, e o vencedor foi Júlio
César, que ascendeu como ditador vitalício sobre Roma em 46 a.C. Nessa
função seus poderes eram ilimitados, mas duraram pouco, porque diversos
membros do Senado conspiraram contra o ditador e assassinaram-no em 44
a.C.
Assim foi formado um segundo triunvirato, e os governantes escolhidos
foram Otávio, Marco Antônio e Lépido. Uma nova guerra civil surgiu, causada
pelo mesmo motivo da que havia acontecido no primeiro triunvirato: disputa pelo
poder. Lépido abandonou suas pretensões, e a disputa foi travada entre Otávio
e Marco Antônio. Otávio saiu como vencedor, e Marco Antônio cometeu suicídio
em 30 a.C.
A vitória na guerra fez de Otávio uma figura extremamente poderosa em
Roma. Ele era dono de uma força militar expressiva e ainda contava com o apoio
popular, e o resultado disso foi inevitável: o Senado foi obrigado a ceder seu
poder para Otávio, fazendo com que ele se tornasse imperador romano.
Otávio foi transformado em Princeps Senatus, o primeiro dos senadores, uma
posição que lhe dava grandes poderes políticos e autoridade sobre o Senado.
Ele ainda foi nomeado comandante-em-chefe dos exércitos romanos, cargo
conhecido como Imperator, e recebeu o título de Augusto, que o tornava uma
figura sagrada (no sentido religioso mesmo) em Roma.

1.2. INÍCIO DO IMPÉRIO ROMANO

Otávio Augusto foi o primeiro imperador da fase final


da Civilização Romana, governando de 27 a.C. a 14 d.C.
A subida de Otávio ao trono e sua transformação em
imperador de Roma aconteceram em 27 a.C. e marcaram o
início da última fase da história romana: o império. Como
imperador, ele concentrava o poder político em si, e o
Senado era uma instituição com poder secundário. Otávio
permaneceu nesse cargo até 14 d.C.
Seu reinado ficou marcado pela sua habilidade política, e ele conseguiu
promover um dos governos mais prósperos da história romana. Ao invés de
desafiar o Senado, preferiu governar com essa instituição ao seu lado, e, para
isso, ele não atacou os privilégios dos senadores, garantindo um clima de
estabilidade, embora alguns problemas tenham aparecido.
Apesar dos poderes irrestritos, ele garantiu que o funcionamento da
política romana em moldes semelhantes aos que existiam na república. Além da
estabilidade política, seu governo foi próspero e soube garantir a satisfação das
províncias romanas, o que permitiu a manutenção do território do Império
Romano.
Com a relativa estabilidade política e paz interna, Otávio pôde revitalizar
Roma e garantir o desenvolvimento econômico do império. Entre as obras de
revitalização promovidas na sua gestão está a melhoria da infraestrutura do
império com o desenvolvimento de estradas e a construção de aquedutos.
Essas obras não aconteceram somente em Roma, mas em todo império,
sobretudo nas províncias mais rebeldes. Isso foi parte de uma estratégia da Pax
Romana: obras que garantiam o desenvolvimento econômico das províncias em
troca de fidelidade e paz. O posicionamento de tropas em locais estratégicos,
sobretudo nos limites do império, e a imposição da cultura romana foram outros
mecanismos utilizados para a conquista dessa lealdade.
Considera-se então que o reinado de Otávio foi o responsável por iniciar
a Pax Romana. Apesar disso, não se tratou inteiramente de um período de paz,
porque os romanos seguiam travando suas guerras de conquistas e problemas
internos ainda existiam, mas, em relação ao final da república, tratou-se de um
período muito mais estável. Após a morte de Otávio, o trono romano foi
sucedido por Tibério, seu filho adotivo.

1.3. ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

O poder dos imperadores, apesar de absoluto, era frágil, pois diversos


interesses poderiam voltar-se contra eles, e, por isso, conspirações
frequentemente aconteciam e imperadores morriam assassinados. Apesar então
de deter o poder político, militar e religioso, o imperador deveria preocupar-se
com o exército, grupo que frequentemente voltou-se contra a autoridade máxima
romana, e com as províncias, sendo fundamental garantir a satisfação delas.

A administração da economia durante o reinado de Otávio foi uma das


mais bem-sucedidas de Roma.
A satisfação das províncias, sua estabilidade e sua fidelidade eram
fundamentais porque elas produziam o grosso do que era consumido em Roma,
sobretudo o alimento. Grande parte da comida consumida em Roma vinha da
Hispânia, na Península Ibérica, e do norte da África. A garantia da produtividade
desses locais, por sua vez, passava pela obtenção de trabalhadores escravos,
figuras fundamentais na economia romana.

1.4. DINASTIAS ROMANAS

A fase imperial, como já vimos, estendeu-se de 27 a.C. a 476 d.C. Os


historiadores do assunto criaram uma divisão dessa fase
em quatro dinastias que existiram de 27 a.C. a 235 d.C. De 235 d.C. em diante,
inicia-se a crise do século III d.C. e, portanto, é também iniciada a crise do
Império Romano. As quatro dinastias romanas foram:

• Dinastia Júlio-Claudiana (27 a.C.-68 d.C)


• Dinastia Flaviana (69-96 d.C.)
• Dinastia Nerva-Antonina (96-192 d.C.)
• Dinastia Severa (193-235 d.C.)

1.5. CRISE DO IMPÉRIO ROMANO

O século III d.C. é, portanto, o início da crise romana, que perdurou por
mais de 200 anos, fazendo com que o final da história romana fosse de agonia.
A economia foi a primeira área do império que demonstrou seu enfraquecimento,
e isso estava diretamente relacionado com o sistema escravista.
Como mencionado, o trabalho dos escravos era fundamental para que a
produtividade romana se mantivesse em níveis aceitáveis. Essa dependência
fez com que a economia estagnasse quando o número de escravos obtidos para
o trabalho começou a diminuir. Essa causa estava diretamente relacionada com
a diminuição das guerras de conquista, fontes de obtenção dos escravos para
Roma.
A crise da economia afetou o Império Romano em diferentes áreas, mas,
principalmente, em uma área vital para a sua segurança: a manutenção das
tropas. Sustentar um exército era caríssimo, e, com a economia enfraquecida,
manter a quantidade de soldados não foi mais possível. Reduzir as tropas
deixou zonas importantes do império desprotegidas, sobretudo as fronteiras.
Além disso, era necessário aumentar os impostos, o que prejudicava a
estabilidade social do império. Muitas reformas foram realizadas, mas, com o
fracasso delas, decidiu-se, durante o reinado de Teodósio, por dividir o Império
Romano no ano de 395. Administrar um império do tamanho de Roma de
maneira centralizada mostrava-se inviável.
A decadência romana iniciou-se no século III d.C., levando o Império
Romano ao fim em 476.
A perda do poder político romano já era perceptível nesse momento
porque, desde 330, a capital do império não era mais Roma e sim
Constantinopla. Com a divisão, surgiu Império Romano do Ocidente e Império
Romano do Oriente, cada qual com sua capital. A parte oriental, próspera e
estável, sobreviveu, mas a parte ocidental, empobrecida e enfraquecida,
sucumbiu.
O golpe de misericórdia sobre o Império Romano foi dado
pelos povos germânicos, que habitavam além das fronteiras romanas e que,
desde o século III d.C., começaram a migrar, procurando invadir o território
romano: essas foram as invasões germânicas. Diferentes povos,
como saxões, visigodos e vândalos, travaram guerra contra Roma.
O fim do Império Romano deu-se em 476, quando os hérulos invadiram
Roma e Odoacro, líder desse povo germânico, destituiu Rômulo Augusto, o
último imperador.

2. A QUEDA DE JERUSALÉM (70 D.C.)

A dispersão dos judeus e a total destruição de sua cidade e templo são os


próximos eventos a se considerar no restante do primeiro século, embora,
estritamente falando, essa terrível catástrofe não faça parte da história da igreja,
e sim da história dos judeus. No entanto, pelo fato de ter sido um cumprimento
literal da profecia do Salvador, e que afetou de imediato aqueles judeus que eram
cristãos, esse evento merece um lugar em nossa história.
Os discípulos, antes da morte e ressurreição de Cristo, eram fortemente
judaicos em todos os seus pensamentos e associações. Eles conectavam o
Messias ao templo. Seus pensamentos eram de que Ele deveria libertá-los do
poder dos romanos, e que todas as profecias sobre a terra, as tribos, a cidade e
o templo seriam cumpridos. Mas os judeus rejeitaram o próprio Messias e,
consequentemente, todas as suas próprias esperanças e promessas nEle. As
palavras iniciais de Mateus 24 são muito significativas e importantes: “E, quando
Jesus ia saindo do templo…”. O templo estava agora, de fato, vazio aos olhos
de Deus. Tudo o que dava valor a Ele ali agora se foi. “Eis que a vossa casa vai
ficar-vos deserta” (Mateus 23:38). Ela agora estava pronta para a destruição.
“Aproximaram-se dele os seus discípulos para lhe mostrarem a estrutura
do templo.” (Mateus 24:1). Eles ainda se ocupavam com a grandeza e glória
externas dessas coisas. “Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em
verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derrubada.”
(Mateus 24:2). Essas palavras foram literalmente cumpridas pelos romanos
cerca de quarenta anos depois de terem sido faladas, e da mesma maneira que
o Senhor predisse: “Porque dias virão sobre ti, em que os teus inimigos te
cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te estreitarão de todos os lados; e te
derrubarão, a ti e aos teus filhos que dentro de ti estiverem, e não deixarão em
ti pedra sobre pedra, pois que não conheceste o tempo da tua visitação.” (Lucas
19:43,44).
Depois dos romanos terem experimentados muitas decepções e derrotas
na tentativa de abrir uma brecha nas muralhas, por causa da desesperada
resistência dos judeus insurgentes e, embora houvesse pouca esperança de
tomar a cidade, Tito mesmo assim convocou um conselho de guerra. Dois planos
foram discutidos: invadir violentamente a cidade imediatamente; consertar os
aparatos militares e reconstruir as máquinas; ou sitiar e induzir a fome na cidade
para forçar a rendição. A última foi a preferida, e todo o exército foi colocado para
“entrincheirar” toda a cidade. Mas o cerco foi longo e difícil. Durou da primavera
até setembro. E durante todo o tempo, as mais sem precedentes misérias de
todo tipo foram experimentas pelos sitiados. Mas afinal chegou o fim, quando
tanto a cidade quanto o templo estavam nas mãos dos romanos. tt estava
ansioso para tomar o magnificente templo e seus tesouros. Mas, contrários a
suas ordens, um soldado, montado nos ombros de um de seus camaradas, ateou
fogo em uma pequena porta dourada no pátio exterior. As chamas logo se
espalharam. Tito, vendo isto, correu ao lugar o mais rápido que pôde. Ele gritou,
fez sinais para seus soldados para que extinguissem o fogo; mas sua voz foi
abafada, e seus sinais não foram percebidos em meio à terrível confusão. O
esplendor do interior do templo o encheu de admiração e, como as chamas ainda
não tinham chegado ao lugar santo, ele fez um último esforço para salvá-lo,
exortando os soldados a apagar o incêndio; mas era tarde demais. Chamas
ardentes se erguiam por todas as direções, e a feroz excitação da batalha,
somada à insaciável esperança de pilhagem, tinha atingido seu ápice. Tito mal
sabia que Alguém que era maior que ele tinha dito: “Não ficará aqui pedra sobre
pedra que não seja derrubada.” (Mateus 24:2). A palavra do Senhor, e não os
comandos de Tito, devia ser obedecida. O templo foi realmente arrasado até as
fundações, de acordo com a palavra do Senhor.
Para quase todos os aspectos particulares desse terrível cerco, estamos
em débito com Josefo, que estava no acampamento romano e próximo da
pessoa de Tito naquele tempo. Ele agiu como intérprete quando foram tratados
os termos entre Tito e os insurgentes. Os muros e baluartes de Sião pareciam
inconquistáveis para os romanos, e Josefo ansiava muito por um tratado de paz.
No entanto, os judeus rejeitavam cada proposta, até que os romanos finalmente
triunfaram. Ao entrar na cidade, Josefo nos conta que Tito se encheu de
admiração pela sua força. De fato, ao contemplar a sólida altitude das torres, a
magnitude de várias das pedras, e a precisão de suas junções, e ao ver quão
grandes eram sua amplitude e quão vasta sua altura, “Claramente”, exclamou
Tito, “lutamos com Deus do nosso lado; e foi Deus quem derrubou os judeus
daqueles baluartes, pois o que as mãos humanas ou máquinas podiam fazer
contra aquelas torres?” Tais foram as confissões do general pagão. Certamente
deve ter sido o cerco mais terrível de toda história do mundo registrada.
Os relatos dados por Josefo sobre os sofrimentos dos judeus durante o
cerco são horríveis demais para serem transferidos para nossas páginas. Os
números que pereceram sob Vespasiano no país, e sob Tito na cidade, no
período de 67–70 d.C., por fome, facções internas e pela espada romana,
chegou à casa de 1.350.460, além de cem mil vendidos como escravos1.
Infelizmente, essas foram as horríveis consequências da incredulidade e
desdém aos apelos solenes, ternos e a afetuosos de seu próprio Messias.
Podemos imaginar as lágrimas do Redentor derramadas sobre a cidade amada?
E podemos imaginar as lágrimas dos pregadores de hoje em dia, enquanto apela
a amados pecadores, em vista da vinda e dos juízos eternos? Certamente é de
se maravilhar o fato de que tantas lágrimas sejam derramadas por causa de
pecadores imprudentes, descuidados e perdidos. Ah, que corações sintam como
sentiu o Salvador e que olhas chorem como os dEle!
Os cristãos, com quem temos mais especialmente que tratar, lembrando-
se do aviso do Senhor, em grupo deixaram Jerusalém antes do cerco ser
formado. Eles viajaram para Pella, uma vila além do Jordão, onde
permaneceram até que Adriano lhes permitiu retornar às ruínas da antiga cidade.
E isso nos leva ao fim do primeiro século.
Durante os curtos reinados de Vespasiano e de seu filho Tito, o número
de cristãos deve ter crescido consideravelmente. Isto aprendemos, não de algum
relato direto que possamos ter sobre a prosperidades deles, mas das
circunstâncias incidentais que provam isso, e que vamos conhecer em seguida.

3. IMPERADOR CONSTANTINO

Flávio Valério Aurélio Constantino (272 d.C. - 337 d.C.),


chamado de "Constantino, o Grande", foi o segundo
imperador romano da dinastia Constantina.
Foi o primeiro imperador a dar liberdade ao Cristianismo
no Império Romano. Destacou-se também pela série de
reformas administrativas, militares e religiosas realizadas
durante o seu reinado.

3.1. COMO CONSTANTINO SE TORNOU IMPERADOR?

O pai de Constantino, o imperador Constâncio I, faleceu no ano de 306


d.C. em Eboracum (atual York, Inglaterra).
Suas tropas decidiram declarar seu filho como imperador. No entanto,
como o regime da época era a tetrarquia, Constantino compartilhou o título de
Augusto (o mais alto na hierarquia) com os imperadores regentes Magêncio (filho
de Maximiano), Licínio e Maximino. Magêncio de Constantino dividiam o governo
do Império Romano do Ocidente.
Em outubro de 312 d.C., Constantino I avançou para um confronto com
Magêncio, pois pretendia dominar de forma exclusiva o Império Romano do
Ocidente. Ele avançou pelo norte da Itália, passando por locais que hoje
correspondem às cidades de Turim e Milão.
Sabendo da aproximação de Constantino I, Magêncio resolveu
surpreendê-lo com sua tropa na Ponte Mílvia, ainda existente atualmente sobre
o Rio Tibre, pois sabia que interceptá-lo neste local seria crucial para impedi-lo
de entrar em Roma.
Apesar de dispor de uma tropa com um total de homens inferior às de
Magêncio, em 28 de outubro de 312 d.C., Constantino derrotou seu opositor que,
durante a batalha, caiu no rio e morreu afogado. Assim, passou a reinar sozinho
como imperador do Império Romano no Ocidente.

3.2. IMPERADOR ÚNICO DO IMPÉRIO ROMANO

As disputas de Constantino para defender sua posição incluíram uma


série de acontecimentos como negociações diplomáticas e guerras civis.
Ao derrotar Magêncio, Constantino passou a liderar sozinho o Império Romano
Ocidental. No entanto, o Império Romano Oriental ainda tinha como imperadores
Maximino e Licínio.
Em uma negociação entre estes dois territórios ficou estabelecido, pelo
Édito de Milão, que o Império Romano seria neutro no que diz respeito a
religiões, Constantino oferece sua irmã em casamento para Licínio, o que
culminou em uma maior proximidade entre os dois.
Esta aproximação criou tensões que resultaram no rompimento de
relações de Maximino e Licínio em 313, que se enfrentaram na Batalha de
Tzíralo, em 30 de abril de 313. Licínio saiu como vencedor e, meses depois,
Maximino veio a falecer. Assim, Licínio passou a reinar sozinho no Império
Romano do Oriente.
A esta altura, Licínio era o imperador da parte oriente do Império Romano,
e Constantino, o imperador da parte ocidente. Entretanto, os dois passaram a se
enfrentar de forma direta na luta pelo poder.
Em julho de 324 d.C., teve lugar a Batalha de Helesponto (atual
Darnadelos), um combate naval do qual a tropa de Constantino, liderada por seu
filho Crispo, saiu vitoriosa.
Posteriormente, o confronto final aconteceu em setembro de 324 d.C., na
Batalha de Crisópolis. Após uma derrota esmagadora, onde perdeu grande parte
de seu exército, Licínio conseguiu escapar.
Ao compreender que os soldados que haviam restado não seriam
suficientes para um novo confronto, Licínio se rendeu ao inimigo, intermediado
por sua esposa.
Constantino se comprometeu a atender o pedido da irmã para poupar a
vida de seu marido Licínio, mas acabou por matá-lo após alguns meses. Com
isso, terminou a Tetrarquia e Constantino passou a ser o único imperador de
todo o Império Romano (ocidente e oriente).

Figura 1. Império Romano Oriental e Império Romano Ocidental

3.3. ORIGEM DE CONSTANTINOPLA

A cidade de Constantinopla foi estabelecida na cidade de Bizâncio, em


330 d.C. Atualmente, ela conhecida como Istambul, na Turquia.
Consciente de que Roma ficava um tanto afastada das fronteiras orientais
do Império Romano, e que era palco de confrontos, Constantino resolveu mudar
a capital do Império e escolheu o local por conta de sua localização estratégica.
Batizada de Constantinopla em sua própria homenagem, Constantino
também chamou a cidade de “Nova Roma”. Governada pela legislação romana
e marcada pela presença do Cristianismo, a língua oficial era o grego.
3.4. CONSTANTINO E O CRISTIANISMO

Durante muito tempo, o Cristianismo foi interpretado pelo Império Romano


como uma afronta, pois em vez de adorar ao Imperador, seus adeptos adoravam
a Deus.
Nesse período, os cristãos foram perseguidos e muitas de suas
propriedades e de seus lugares de culto foram confiscados. Era comum, por
exemplo, atirar cristãos aos leões no Coliseu de Roma para entreter as
multidões.
Constantino teve um papel fundamental em prol do Cristianismo quando,
com Licínio, assinou em 313 d.C. o Édito de Milão, decretando o fim da
perseguição religiosa e garantindo oficialmente a legitimidade não só do
Cristianismo, mas também de todas as outras religiões.
Embora seja considerado como o primeiro Imperador romano a se
converter ao Cristianismo, alguns historiados defendem a ideia de que
Constantino, na verdade, era pagão.
Neste sentido, sua posição favorável à religião cristã nada mais era do
que um interesse político, pois o apoio dado à Igreja Cristã era uma forma de
manter a paz no Império Romano.
Prova disso é o fato de nunca ter frequentado missas ou outros atos
religiosos, e de apenas ter pedido para ser batizado e cristianizado no final de
sua vida, quando já sabia que a morte se avizinhava.
O Cristianismo só passou a ser a religião oficial do Império Romano em
380 d.C., através do Édito de Tessalônica, por ordem do imperador Teodósio I.

3.5. A CRUZ DE CONSTANTINO

Um dia antes do confronto com Magêncio, que viria a


ficar conhecido como a Batalha da Ponte Mílvia,
Constantino teve uma visão enquanto olhava para o sol: viu
as letras X e P entrelaçadas com uma cruz, com o dizer em
latim In Hoc Signo Vinces, que significa “Com este sinal,
vencerás”.
Assim, ordenou que todos os seus soldados pintassem uma cruz em seus
escudos e acabou por sair vitorioso do confronto. Uma segunda teoria afirma
que não tenha se tratado de uma visão, mas sim de um sonho.

3.6. O IMPÉRIO ROMANO SOB O DOMÍNIO DE CONSTANTINO

Durante o reinado de Constantino, o Império Romano passou por uma


série de reformas religiosas, administrativas e militares. Confira abaixo as
principais.

3.6.1 REFORMAS RELIGIOSAS

• Legalizou o Cristianismo e as demais religiões através do Édito de Milão.


• Unificou a igreja cristã, de modo a acabar com as divergências doutrinais.
• Convocou, em 325 d.C., o Concílio de Niceia, que validou a natureza
divina de Jesus através de uma votação.

3.6.2 REFORMAS ADMINISTRATIVAS

• Fundou uma nova capital para o Império Romano: Constantinopla,


também chamada de Nova Roma.
• Estabeleceu que o cargo de senador deixasse de ser um cargo público e
passasse a ser uma posição administrativa hierárquica.
• Permitiu aos senadores Liberdade para eleger quem ingressaria no
Senado.

3.6.3 REFORMAS MILITARES

• Aboliu a guarda pretoriana, responsável por proteger a parte central do


acampamento, onde ficavam os oficiais do exército.
• Criou as escolas palatinas, que passaram a ser o núcleo do sistema militar
romano.
• Colocou praticamente todas as forças militares móveis à sua disposição
imediata.
3.7. CURIOSIDADES SOBRE CONSTANTINO

• Decretou o domingo como dia do descanso.


• Definiu a maneira de calcular a data da Páscoa.
• Fixou o 25 de dezembro como o dia de Natal.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] BEZERRA, J. Império Romano. Toda Matéria, 2023. Disponível em:


<https://www.todamateria.com.br/imperio-romano/>. Acesso em: 15 de fev. de
2023.

[2] História da Igreja, 2023. Disponível em: <https://leituracrista.com/livros/a-


historia-da-igreja/roma_e_seus_governantes_64_dc__177_dc/a_queda_de_
jerusalem_70_dc.html>. Acesso em: 17 de fev. de 2023.

[3] BEZERRA, J. Quem foi Constantino?. Toda Matéria, 2023. Disponível em:
< https://www.todamateria.com.br/constantino/>. Acesso em: 20 de fev. de 2023.

[4] MEDEIROS, E. L., História da Igreja. 2018. Apostila.

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