LIVRO 2 - Deus Não Age Diretamente Sobre A Matéria

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Deus no age diretamente sobre a matria

O Livro dos Espritos - Ao dos Espritos nos fenmenos da Natureza


536. So devidos a causas fortuitas, ou, ao contrrio, tm todos um fim
providencial, os grandes fenmenos da Natureza, os que se consideram como
perturbao dos elementos?
Tudo tem uma razo de ser e nada acontece sem a permisso de Deus.
a) - Objetivam sempre o homem esses fenmenos?
s vezes tm, como imediata razo de ser, o homem. Na maioria dos casos,
entretanto, tm por nico motivo o restabelecimento do equilbrio e da harmonia das
foras fsicas da Natureza.
b) - Concebemos perfeitamente que a vontade de Deus seja a causa primria,
nisto como em tudo; porm, sabendo que os Espritos exercem ao sobre a matria e
que so os agentes da vontade de Deus, perguntamos se alguns dentre eles no
exercero certa influncia sobre os elementos para os agitar, acalmar ou dirigir?
Mas evidentemente. Nem poderia ser de outro modo. Deus no exerce ao
direta sobre a matria. Ele encontra agentes dedicados em todos os graus da escala dos
mundos.
Revista Esprita 1859
CONVERSAS FAMILIARES DE ALM-TMULO.
Um Oficial do exrcito da Itlia.
SEGUNDA CONVERSA (Sociedade; 1 de julho de 1859. Ver o nmero de
Julho).
1. Evocao. - R. Eis-me; falai-me.
2. Prometestes voltar a nos ver, e disso nos aproveitamos para vos pedir dar-nos
algumas explicaes complementares. - R. De bom grado.
3. Depois da vossa morte, assististes a alguns combates que ocorreram? - R. Sim,
o ltimo.
4. Quando sois testemunha, como Esprito, de um combate e vedes os homens se
massacrarem, isso vos faz experimentar o sentimento de horror que sentimos, ns
mesmos, vendo semelhantes cenas? - R. Sim, eu o experimento mesmo sendo homem,

mas ento o respeito humano reprimia esse sentimento como sendo indigno de um
soldado.
5. H Espritos que sentem prazer em ver essas cenas de carnificina? - R.
Poucos.
6. Que sentimento experimentam, com essa viso, os Espritos de uma ordem
superior? - R. Grande compaixo; quase desprezo. O que vs mesmos experimentais
quando vedes animais se dilacerarem entre si.
7. Assistindo a um combate, e vendo os homens morrerem, sois testemunha da
separao da alma e do corpo? - R. Sim.
8. Nesse momento, vedes dois indivduos: o Esprito e o corpo? - R. No; que ,
pois, o corpo? - Mas o corpo no est menos ali, e deve ser distinto do Esprito? - R. Um
cadver, sim; mas no mais um ser.
9. Que aparncia tem, para vs, o Esprito nesse momento? -R. Leve.
10. O Esprito se afasta imediatamente do corpo? - Consenti em nos descrever,
eu vos peo, to explicitamente quanto possvel as coisas tais quais se passam, e que a
vejamos como se lhes fssemos testemunhas - R. H poucas mortes inteiramente
instantneas; a maior parte do tempo o Esprito, cujo corpo acaba de ser ferido por uma
bala comum ou uma bola de canho, se diz: eu vou morrer, pensemos em Deus,
sonhemos com o cu, adeus, Terra que eu amei. Depois desse primeiro sentimento, a dor
vos arranca de vosso corpo, e ento que se pode distinguir o Esprito que se move ao
lado do cadver. Isso parece to natural que a viso, do corpo morto, no produz
nenhum efeito desagradvel. Estando toda a vida transportada para o Esprito, s ele
chama a ateno; com ele que se conversa, ou a ele que se dirige.
Nota. - Poder-se-ia comparar esse efeito ao que produz um grupo de banhistas; o
espectador no presta ateno s roupas que eles deixaram beira d'gua.
11. Geralmente, o homem surpreendido por uma morte violenta, durante algum
tempo, no se cr morto. Como se explica sua situao, e como pode iludir-se, uma vez
que deve bem sentir que seu corpo no mais material, resistente? - R. Ele o sabe, e no
tem iluso.
Nota. - Isso no perfeitamente exato; sabemos que os Espritos se iludem em
certos casos, e que no se crem mortos.
12. Uma violenta tempestade manifestou-se no fim da batalha de Solferino; foi
por uma circunstncia fortuita ou por um fim providencial? - R. Toda circunstncia
fortuita o fato da vontade de Deus.

13. Essa tempestade tinha um objetivo, e qual era ele? - R. Sim, certamente:
parar o combate.
14. Foi provocado no interesse de uma das partes beligerantes e qual? - R. Sim,
sobretudo para os nossos inimigos.
- Por que isso? Podeis nos explicar mais claramente? - R. Perguntais-me por
qu? Mas no sabeis que, sem essa tempestade, nossa artilharia no deixaria escapar um
Austraco?
15. Se essa tempestade foi provocada, deveu ter agentes; quais eram esses
agentes? - R. A eletricidade.
16. o agente material; mas h Espritos tendo em suas atribuies a conduo
dos elementos? - R. No, a vontade de Deus basta; no h necessidade de ajudas assim
comuns.
(Ver mais adiante o artigo sobre as tempestades.)
AS TEMPESTADES. - PAPEL DOS ESPRITOS NOS FENMENOS
NATURAIS.
(Sociedade, 22 de julho de 1859).
1. (A Fr. Arago.) Nos foi dito que a tempestade de Solferino tivera um objetivo
providencial, e se nos assinala vrios fatos desse gnero, notadamente em fevereiro e
junho de 1848. Essas tempestades, durante os combates, tinham um fim anlogo? - R.
Quase todas.
2. O Esprito interrogado a esse respeito nos disse que s Deus agia, nessas
circunstncias, sem intermedirios. Permiti-nos algumas perguntas a esse respeito, e
rogamos consentirdes em resolver com a vossa clareza habitual.
Concebemos, perfeitamente, que a vontade de Deus seja a causa primeira, nisto
como em todas as coisas, mas sabemos tambm que os Espritos so seus agentes. Ora,
uma vez que sabemos que os Espritos tm uma ao sobre a matria, no vemos
porque, alguns dentre eles, no teriam uma ao sobre os elementos, para agit-los,
acalm-los ou dirigi-los. - R. Mas evidente; isso no pode ser de outro modo; Deus
no se entrega a uma ao direta sobre a matria; ele tem seus agentes devotados em
todos os graus da escala dos mundos. O Esprito evocado no falou assim seno por um
conhecimento menos perfeito dessas leis, como das da guerra.
Nota. A comunicao do oficial, narrada acima, foi obtida no dia 1 de julho;
esta no ocorreu seno no dia 22 e por um outro mdium; nada, na questo, indica a

qualidade do primeiro Esprito evocado, qualidade que lembra espontaneamente aquele


que acaba de responder. Esta circunstncia caracterstica, e prova que o pensamento
do mdium nada tem com a resposta. Assim que, numa multido de circunstncias
fortuitas, o Esprito revela, seja sua identidade, seja sua independncia. Por isso,
dizemos que necessrio sempre ver, sempre observar; ento se descobre uma multido
de nuanas que escapam ao observador superficial e de passagem. Sabe-se que
necessrio agarrar os fatos quando eles se apresentem, e que no provocando que eles
sero obtidos. O observador atento e paciente encontra sempre alguma coisa para
aproveitar.
3. mitologia est inteiramente fundada sobre as idias espritas; nela
encontramos todas as propriedades dos Espritos, com a diferena que os Antigos deles
fizeram os deuses. Ora, a mitologia nos representa esses deuses, ou esses Espritos, com
atribuies especiais; assim, uns esto encarregados do vento, outros do raio, outros de
presidir a vegetao, etc; essa crena est despida de fundamentos? - R. Ela est to
pouco despida de fundamento que ainda est bem abaixo da verdade.
4. Na origem das nossas comunicaes, os Espritos nos disseram coisas que
parecem confirmar esse princpio. Disseram-no, por exemplo, que certos Espritos
habitam mais especialmente o interior da Terra, e presidem aos fenmenos geolgicos.
-- R. Sim, e no tardareis muito para ver a explicao de tudo isso.
5. Esses Espritos que habitam o interior da Terra, e presidem aos fenmenos
geolgicos, so de uma ordem inferior? - R. Esses Espritos no habitam positivamente
a Terra, mas presidem e dirigem; so de uma ordem muito diferente.
6. So Espritos que estiveram encarnados em homens como ns? - R. Que o
sero, e que foram. Disso vos direi mais, se quiserdes, dentro de pouco tempo.

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