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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

EMANUELLE RENCK

COMPARAO ENTRE AS EMBARCAES PESQUEIRAS QUE PRATICAM O


MTODO DE CERCO CONSTRUDAS NO VALE DO ITAJA E PERU

JOINVILLE
2014

EMANUELLE RENCK

COMPARAO ENTRE AS EMBARCAES PESQUEIRAS QUE PRATICAM O


MTODO DE CERCO CONSTRUDAS NO VALE DO ITAJA E PERU

Trabalho

de

Concluso

de

Curso

apresentado ao Curso de Graduao em


Engenharia

Naval

da

Universidade

Federal de Santa Catarina como requisito


parcial para a obteno do ttulo de
Engenheiro Naval.

Professor Orientador: Ricardo Aurlio Quinhes Pinto.

Joinville
2014

EMANUELLE RENCK

COMPARAO ENTRE AS EMBARCAES PESQUEIRAS QUE PRATICAM O


MTODO DE CERCO CONSTRUDAS NO VALE DO ITAJA E PERU
Este Trabalho de Concluso de Curso foi julgado adequado para obteno do Ttulo
de Engenheiro Naval, e aprovado em sua forma final pela comisso examinadora e
pelo Curso de Graduao em Engenharia Naval da Universidade Federal de Santa
Catarina.

Joinville, 02 de Dezembro de 2014.

________________________
Prof. Thiago Pontin Tancredi
Coordenador do Curso

COMISSO EXAMINADORA:
__________________________
Prof. Ricardo Aurlio Quinhes Pinto.
Orientador
__________________________
Prof. Luiz Eduardo Bueno Minioli

__________________________
Prof. Thiago Pontin Tancredi.

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Maria Eliete e Leomar, meu irmo Lucas, minhas queridas
avs e ao meu av e a toda minha famlia que me incentivou a seguir em frente
sempre com muito carinho palavras de apoio.
A todos os meus professores que me acompanharam e me ajudaram a
crescer no apenas como aluno durante toda graduao.
Ao professor Ricardo Aurlio Quinhes Pinto pela pacincia e pelas ideias
durante a orientao.
A todos os meus amigos que fizeram de Joinville um lugar especial. Que
nossa amizade conhea as fronteiras dessa cidade e sempre faa parte de nossas
vidas.
A todas as pessoas que se dispuseram a conversar e prestar entrevista
para a realizao desse trabalho.

RESUMO

A regio do Vale do Itaja conhecida como o maior polo pesqueiro brasileiro,


onde grande parte da produo de pescado no estado de Santa Catarina
desembarcada. Os municpios de Itaja e Navegantes possuem estrutura para
atender ao setor pesqueiro, construindo as embarcaes pesqueiras nacionais mais
tecnolgicas. Assim, o presente trabalho aborda de forma sucinta a situao nessa
regio em relao s ltimas embarcaes construdas que praticam o mtodo de
cerco e como elas se encontram em questes de equipamentos eletrnicos e de
artes de pesca para o convs. O objetivo principal comparar essas embarcaes
com as construdas no Peru, na qual, praticam o mesmo mtodo de captura para
espcies-alvo semelhantes (sardinha / anchoveta). Para este levantamento foram
feitas entrevistas semi-estruturadas com pessoas que trabalham nos diferentes
ramos que englobam as embarcaes pesqueiras, desde tripulao a engenheiros.
Como resultados verificou-se que o Peru est mais bem estruturado em termos de
projeto e construo de embarcaes pesqueiras que praticam o mtodo de cerco,
alm de que suas embarcaes possuem maiores dimenses, so mais bem
equipadas e possuem equipamentos de convs que no so usadas em
embarcaes brasileiras.

Palavras-chave: Pesca Industrial com rede cerco. Traineira. Vale do Itaja. Peru.

ABSTRACT

The Vale do Itaja region is known as the largest Brazilian fishing hub, where
most of the fishery production in Santa Catarina is landed in this area. The towns of
Itaja and Navegantes have structure to attend the fishing sector, building the most
technological national fishing vessels. Thus, this paper briefly describe the situation
in the region , in relation of the latest purse seiners built and how it are on issues of
electronic equipment and fishing gear on deck. The main objective is to compare
these vessels to the ones built in Peru, which practice the same method of capture,
the purse seine, for similar target species (sardine / anchovy). For this survey were
made semi-structured interviews with people who work in different sectors that
encompass the fishing vessels, from crew to engineers. The results showed that
Peru is much better structured in terms of design and construction of fishing vessels
and that its purse seiners are larger, better equipped and have deck equipment that
are not used on Brazilian vessels.

Keywords: Purse Seine industrial fishery. Purse seiner. Vale do Itaja. Peru.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

MPA

Ministrio da Pesca e Agricultura

EPAGRI

Empresa de Pesquisa Agropecuria e Extenso Rural de Santa


Catarina

PROFROTA

Programa Nacional de Financiamento da Ampliao e Modernizao


da Frota Pesqueira Nacional

SUDEPE

Superintendncia para o Desenvolvimento da Pesca

UNIVALI

Universidade do Vale do Itaja

SINDIPI

Sindicato dos Armadores e das Indstrias da Pesca de Itaja e


Regio

CCTmar

Centro de Cincias Tecnolgicas da Terra e do Mar

FAO

Organizao das Naes Unidas para Alimentao e Agricultura

GEP

Grupo de Estudo Pesqueiro

RSW

Refrigerao por gua do mar

AB

Arqueao Bruta

SUMRIO

1. INTRODUO .................................................................................................................................. 10
2. FUNDAMENTAO TERICA........................................................................................................ 14
2.1 PESCA......................................................................................................................................... 14
2.1.1 PESCA ARTESANAL .......................................................................................................... 16
2.1.2 PESCA INDUSTRIAL ........................................................................................................... 19
2.2 CARACTERIZAO DA INDSTRIA DE PESCA CATARINENSE ......................................... 21
2.3 EMBARCAES PESQUEIRAS INDUSTRIAIS ....................................................................... 23
2.4 MODALIDADES DE PESCAS .................................................................................................... 26
2.4.1 ARRASTO DE PORTAS NICO.......................................................................................... 28
2.4.2 ARRASTO DE PORTAS COM DUAS EMBARCAES.................................................... 28
2.4.3 ARRASTO DE PORTAS COM TANGONES ....................................................................... 28
2.4.4 REDE DE EMALHAR FLUTUANTE E DE FUNDO ............................................................. 29
2.4.5 REDE DE CERCO ................................................................................................................ 29
2.4.6 ESPINHEL SUPERFICIAL E DE FUNDO............................................................................ 33
2.4.7 VARA E ISCA VIVA.............................................................................................................. 33
2.5 DESEMPENHO DOS DESEMBARQUES POR MODALIDADE ................................................ 33
3. EMBARCAES PESQUEIRAS MTODO DE CERCO ................................................................ 36
3.1 TRAINEIRAS ARTESANAIS E INDUSTRIAIS........................................................................... 37
3.2 TRAINEIRAS EM RELAO AO ARRANJO DO CONVS ..................................................... 39
3.3 TRAINEIRAS SEGUNDO ESPCIE-ALVO DE CAPTURA....................................................... 40
3.4 TRAINEIRAS SEGUNDO A SUA TTICA ................................................................................. 43
4. EQUIPAMENTOS ............................................................................................................................. 44
4.1 EQUIPAMENTOS DE CONVS ................................................................................................. 44
4.1.1GUINCHO DE CERCO .......................................................................................................... 44
4.1.2 POWER BLOCK................................................................................................................... 46
4.1.3 ROLO TRIPLO...................................................................................................................... 47
4.1.4 ESTIVADOR (ESPALHADOR) ............................................................................................ 49
4.1.5 PETREL V-SHEAVES .......................................................................................................... 50
4.1.6 TAMBOR DE REDE ............................................................................................................. 51
4.1.7 SARICO (BRAILER)............................................................................................................. 51
4.1.8 BOMBA DE SUCO DE PEIXE ........................................................................................ 53
4.1.9 GRUA.................................................................................................................................... 55
4.1.10 ROLO DE BORDA.............................................................................................................. 56
4.1.11 PATESCA ........................................................................................................................... 57

4.2 SISTEMAS DE ARMAZENAMENTO ............................................................................................. 57


4.2.1SISTEMA DE ARMAZENAMENTO POR GELO .................................................................. 57
4.2.2 SISTEMA DE REFRIGERAO PELA GUA DO MAR.................................................... 58
4.2.3 SALMOURA ......................................................................................................................... 59
4.2.4 SISTEMA DE CONGELAMENTO A SECO ......................................................................... 60
4.3 REDE DE CERCO .......................................................................................................................... 60
4.4 EQUIPAMENTOS ELETRNICOS ............................................................................................ 61
4.4.1 RADAR ................................................................................................................................. 62
4.4.2 PILOTO AUTOMTICO ....................................................................................................... 62
4.4.3 GPS....................................................................................................................................... 63
4.4.4 ECO SONDA ........................................................................................................................ 63
4.4.5 NETSONDA .......................................................................................................................... 64
4.4.6 SONAR ................................................................................................................................. 64
4.4.7 RDIO................................................................................................................................... 65
5. ESTUDO DE CASO A ...................................................................................................................... 66
5.1 CARACTERISTICAS DAS TRAINEIRAS DA REGIO DO VALE DO ITAJA ......................... 67
5.1.1 MTANOS SEIF...................................................................................................................... 70
5.2 CONSTRUES DE NOVAS TRAINEIRAS.............................................................................. 73
5.2.1 NABIHA JORGE SEIF ......................................................................................................... 74
5.2.2 TRIMAR XVI e TRIMAR XVII ............................................................................................... 76
6. ESTUDO DE CASO B ...................................................................................................................... 80
6.1 SRIE INCAMAR ........................................................................................................................ 84
7. RESULTADOS.................................................................................................................................. 87
8. CONCLUSO E SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS................................................... 89
8.1 CONCLUSO.............................................................................................................................. 89
8.2 SUGESTES PARA FUTUROS TRABALHOS ......................................................................... 91
9. REFERNCIAS................................................................................................................................. 92

10

1. INTRODUO

A regio de Itaja considerada como o centro da pesca industrial moderna


no Brasil, onde se encontram os barcos mais bem equipados nesse setor, quando
comparados aos de outras regies brasileiras. Porm, muitas das embarcaes de
pesca industrial foram construdas h muitos anos e no se renovaram ao longo do
tempo. Elas tambm carecem de tecnologia para a realizao de viagens a longas
distncias da costa, conservao do pescado no mar, captura intensiva e segurana
da tripulao a bordo.
Os fatos mencionados no se limitam a essa regio, pois toda a costa
brasileira tm apresentado srias dificuldades em relao s embarcaes
pesqueiras industriais. Segundo o MPA1 (2014), os problemas esto relacionados
com a defasagem tecnolgica associada s diversas etapas da cadeia produtiva,
excesso de esforo da pesca e a baixa qualidade dos produtos pesqueiros.
A fim de aprimorar e desenvolver a frota pesqueira nacional e a sua
construo, o governo federal criou em 2004 o Programa Nacional de Financiamento
da Ampliao e Modernizao da Frota Pesqueira Nacional - Profrota Pesqueira que
tem por finalidade fornecer crdito atravs de financiamentos para aquisio,
construo, conservao e modernizao de embarcaes para empresas
industriais. Aps 4 anos com o programa estagnado, devido a dificuldade de muitos
armadores em atender s exigncias, o plano governamental retornou em 2014
adequando-se melhor a realidade dos armadores.
Alm do investimento por parte do governo fundamental valorizar os
estudos e pesquisas relacionados s embarcaes pesqueiras nacionais. Assim
pode-se adquirir e renovar o contedo sobre essa rea, reconhecendo os elos onde
h fraqueza e o porqu do seu desenvolvimento parecer estar estagnado. E nesse
contexto que o presente trabalho deseja contribuir com informaes e dados teis.
Com esses investimentos no setor naval almeja-se que as embarcaes
tornem-se cada vez mais eficientes para a produo do pescado, acarretando em
menores custos das operaes de pesca, menor tempo gasto no trabalho, maior
1

MPA Pesca Indutrial. Disponvel em:< http://www.mpa.gov.br/index.php/pesca/industrial>. Acesso em


Julho de 2014.

11

lucratividade, maior volume de pescado capturado, entre outros. Com embarcaes


eficientes o Estado catarinense e os outros no Brasil podem se tornar mais
competitivos e fortalecer o mercado interno.
O objetivo deste trabalho elaborar um levantamento das caractersticas de
embarcaes pesqueiras de cerco, tambm conhecidas como traineiras, atuantes na
pesca industrial, principalmente na pesca da sardinha, e construdas no Vale do
Itaja. A escolha pela traineira devido a sua importncia na regio, onde elas foram
responsveis por desembarcar 67.840 toneladas nas cidades de Itaja, Navegantes
e Porto Belo, de um total 68.094 no estado catarinense. O foco nas ltimas
traineiras construdas na regio, onde elas sero comparadas com embarcaes do
Peru, pas destaque na produo pesqueira atravs do mtodo estudado.

12

1.1 METODOLOGIA

A metodologia utilizada nesse trabalho baseou-se em uma pesquisa


exploratria

em

entrevistas

semi-estruturadas.

pesquisa

exploratria

proporcionou ao autor maior conhecimento sobre o assunto estudado, atravs de


extensa pesquisa bibliogrfica e estudo de caso. Na entrevista semi-estruturada foi
possvel levantar dados e caractersticas das embarcaes que praticam o mtodo
de cerco, alm de possibilitar melhor discernimento sobre o assunto.
Objetivando preservar a identidade dos entrevistados os nomes foram
alterados. Ao total foram ouvidos uma mulher e 10 homens, entre eles esto:
a) Sr. Joo funcionrio, no setor de coordenadoria, do Sindicato dos
Armadores e das Indstrias da regio do Vale do Itaja;
b) Sr. Ricardo engenheiro responsvel por diversos projetos de embarcaes
pesqueiras que esto sendo construdas em Itaja e Navegantes;
c) Sr. Carlos administrador de um estaleiro em Itaja que parou de construir
embarcaes pesqueiras;
d) Sr. Otvio gerente de produo de um estaleiro em Itaja, na qual constri e
repara embarcaes pesqueiras de madeira e ao;
e) Sr. Antnio armador de embarcaes pesqueiras de diversas modalidades;
f) Sr. Fernando chefe de frota de uma empresa de pescado peruana;
g) Sr. Jos capito de navio pesqueiro no Peru;
h) Sr. Leandro gerente do desembarque de pescado de uma empresa de
captura e comrcio de pescados em Itaja;
i) Sr. Rodrigo comandante de pesca de uma embarcao de cerco construda
em Itaja;
j) Sr. Joo tripulante de uma embarcao de cerco construda em Itaja;
k) Sra. Marcela gerente de uma empresa revendedora de equipamentos
eletrnicos.
Para a caracterizao das traineiras catarinense, foram analisadas suas
dimenses principais, material do casco, equipamentos utilizados para a pesca,
motorizao, tripulao e sistema de armazenamento, que os entrevistados

13

apontaram como principais itens que identificam as boas qualidades pesqueiras de


uma embarcao.

14

2. FUNDAMENTAO TERICA

2.1 PESCA

A pesca faz parte da vida humana h muitos anos, sendo ela anterior
agricultura. Alguns mtodos so to antigos que pesquisadores se baseiam em
indicaes arqueolgicas e etnolgicas para datar a utilizao deles. H anzis, por
exemplo, esculpidos em madeira e osso que foram encontrados em stios datados
de 8000 a.C. e existem registros que no Egito por volta de 2000 a.C., redes e arpes
eram manuseadas pela populao (JENNINGS; KAISER; REYNOLDS, 2001).
Antes de o Brasil ser colonizado pelos portugueses, os indgenas j
praticavam a pesca como forma de subsistncia. Peixes, crustceos e moluscos
eram alimentos de grande importncia para sua dieta alimentar (DIEGUES, 1999).
As tribos nativas possuam sua prpria tcnica para a construo de canoas e
artefatos utilizados na captura do pescado.
Anos mais tarde a atividade pesqueira brasileira foi influenciada por diferentes
pases, destacando-se Portugal e Espanha. E foi atravs da presena marcante da
pesca que diversas culturas regionais se desenvolveram, entre elas: jangadeiro, em
todo o litoral do Nordeste; caiara, na regio litornea entre o Rio de Janeiro e So
Paulo e a cultura aoriana, no litoral de Santa Catarina e Rio Grande do Sul
(DIEGUES, 1999).
At nos anos 30, a atividade pesqueira era voltada para a pequena produo
mercantil. Os pescadores ao redor da costa brasileira, excluindo aqueles que
habitavam grandes centros urbanos, praticavam a agricultura e a pesca. A partir
dessa dcada, a pesca da sardinha atravs do mtodo de cerco foi inserida em
algumas regies, provocando mudanas tecnolgicas significativas. Grandes
volumes capturados aliados estruturao industrial do ramo originaram a uma
desvinculao da produo de baixa escala para assumir um carter comercial
(DIEGUES, 1983).
Aproximadamente 30 anos mais tarde, na dcada de 60 , a indstria
pesqueira recebeu apoio do governo brasileiro, por intermdio do rgo da Sudepe,

15

onde foram concedidos incentivos fiscais. Aps uma dcada dessa implementao a
pesca comercial teve seu auge, seguida de uma grande crise nos anos 80. Os
principais motivos para essa ocorrncia foram rpida sobre pesca de algumas
espcies de pescado e a recesso econmica no pas (DIEGUES, 1999).
Como ressalta o artigo 36 para os efeitos da Lei de Crimes Ambientais
considera-se pesca todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender
ou capturar espcimes dos grupos dos peixes, crustceos, moluscos e vegetais
hidrbios2, suscetveis ou no de aproveitamento econmico, ressalvadas as
espcies ameaadas de extino, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora
(BRASIL, Lei n 9.605, de 12 de Fevereiro de 1998, 1998).
Segundo o IBGE a costa brasileira entende-se pelo Oceano Atlntico atravs
de 7.367 km onde no se observa acidentes geogrficos de expresso3. O extenso
costado brasileiro, grandes rios e afluentes podem ser vistos como um potencial
para a atividade pesqueira.
Segundo o 1 Anurio Brasileiro da Pesca e Aquicultura (2014) a atividade
pesqueira brasileira, pesca extrativa e aquicultura, gera um PIB nacional de R$ 5
bilhes, proporcionando 3,5 milhes de empregos diretos e indiretos. A expectativa
da FAO que em 2030 o Brasil torne-se um dos maiores produtores de pescado do
mundo, com um total de 20 milhes de toneladas por ano, aproximadamente 18,6
milhes a mais do que foi produzido em 2011 (1 ANURIO BRASILEIRO DA
PESCA E AQUICULTURA, 2014).
Alm da sua principal funo, fornecer alimento, seja para o consumo prprio ou
para o comrcio, a pesca empregada como importante atividade econmica e de
lazer. usualmente classificada em trs categorias:
(1) Esportiva/ recreativa (amadora);
(2) Subsistncia (amadora);
(3) Comercial (profissional).
A pesca esportiva/recreativa a modalidade onde o praticante o faz por hobby,
esporte ou como meio de recreao, sem que dela dependa a subsistncia do
pescador.
2

So seres autotrficos aquticos empregados como recursos pesqueiros ou ligados a cadeias trficas
mantendo esse tipo de recurso. Segundo Instituto Chico Mendes. Disponvel em: <
http://www.icmbio.gov.br/sisbio/duvidas-frequentes/32-vegetais-hidrobios.html>. Acesso em Agosto de 2014.
3
Acidentes geogrficos de expresso so reas onde a terra e o mar coexistem harmoniosamente.

16

Na pesca de subsistncia, o pescado utilizado como fonte de alimento de quem


pesca e de sua famlia. Nessa atividade extrativista no h como finalidade o
comrcio ou escambo.
A pesca comercial a atividade pesqueira com fins comerciais, pode ser
segmentada em funo da proporcionalidade na produo. Sendo a proporo de
baixa escala tem-se a pesca artesanal, j para mdia e alta a pesca conhecida
como empresarial ou industrial.
Segundo o Diagnstico da Cadeia Produtiva da Pesca Martima no estado do
Rio de Janeiro (2009, p. 146) a atividade pesqueira a ao de capturar espcies
em regies marinhas, estuarinas ou continentais e posteriormente vend-las. Essa
prtica necessita de um esforo para a obteno do pescado, que pode ser
simplificado pela seguinte equao.

anzis,

Onde a captura faz referncia a quantidade de pescado em quilos adquirido


durante o esforo, que pode ser em termos de tempo (hora), lance, nmero de
anzis ou por viagem.

2.1.1 PESCA ARTESANAL

A pesca artesanal caracterizada por ser praticada em regime familiar e/ou


por pequenas comunidades, que fazem uso de embarcaes de pequeno porte ou
at mesmo sem embarcaes, em regies costeiras e estuarinas. Esse tipo de
pesca tem valor cultural, devido s tradies nessa associada, como festas, lendas,
mtodos e apetrechos de pesca (LINS, 2011).
As embarcaes pesqueiras artesanais podem ser particularizadas por
possurem at 20 toneladas de registro bruto, geralmente construdas de madeira,
com meios de produo mecanizados ou no. O que pode ser visto no Brasil,
atualmente, que os pescadores artesanais apesar de, geralmente, possurem o
conhecimento tradicional sobre pesca utilizam baixo capital e meios acessveis de
produo, caracterizando a utilizao de uma sistemtica simples, algumas vezes

17

defasado e com baixos nmeros de produo de acordo com a Secretaria de Estado


de Pesca e Aquicultura do Par4.
Para fins de legislao a pesca artesanal pode ser definida, como ressalta o
artigo Art. 8o da Pesca Comercial: a) artesanal: quando praticada diretamente por
pescador profissional, de forma autnoma ou em regime de economia familiar, com
meios de produo prprios ou mediante contrato de parceria, desembarcado,
podendo utilizar embarcaes de pequeno porte; (BRASIL, Lei n 11.959, de 29 de
junho de 2009).
De acordo com a Empresa de Pesquisa Agropecuria e Extenso Rural de
Santa Catarina EPAGRI (2004), cerca de 25 mil pescadores artesanais atuam no
estado. Eles so responsveis, correspondente ao ano de 2011, por 23% da
produo catarinense de pescado, no ano de 2007 produziram apenas 7,36% do
total.

no

Brasil

aproximadamente

45%

da

produo

anual

brasileira desembarcada de pescado oriunda da pesca artesanal. (MPA5, 2014).


Os municpios onde a pesca artesanal se sobressai em Santa Catarina so
Laguna, Itapo, Palhoa, Penha, Governador Celso Ramos, Florianpolis e Passo
de Torres (SEVERO, 2008)
Grfico 1 Produo pesqueira desembarcada em Santa Catarina de 1990 a 2010.

Produo pesqueira em SC
Valores em kg de pescado
desembarcado

160.000.000
140.000.000
120.000.000
100.000.000
80.000.000

Pesca Industrial

60.000.000

Pesca artesanal

40.000.000

Total

20.000.000
0

Fonte: Autor, segundo Boletim Estatstico da Pesca Industrial de Santa Catarina (2012).

Site oficial da Secretaria de Estado Pesca e Aquicultura do Par. Disponvel em:


http://www.sepaq.pa.gov.br/?q=node/24>. Acesso em Junho de 2014.
5
Disponvel em : < http://www.mpa.gov.br/index.php/pesca/artesanal>. Acesso em Setembro de 2014.

<

18

A figura 1 mostra a relevncia da pesca industrial em relao pesca


artesanal no estado de Santa Catarina. Tambm representada em forma de grfico
como pode ser visualizado no grfico 1.
Figura 1 Valores em quilogramas da Produo pesqueira desembarcada no estado
catarinense, entre os anos de 1990 a 2012.

Fonte: Boletim Estatstico da Pesca Industrial de Santa Catarina - ano 2012.

19

2.1.2 PESCA INDUSTRIAL

Evidenciando o artigo Art. 8o da Pesca Comercial: b) industrial: quando


praticada por pessoa fsica ou jurdica e envolver pescadores profissionais,
empregados ou em regime de parceria por cotas-partes, utilizando embarcaes de
pequeno, mdio ou grande porte, com finalidade comercial; (BRASIL, Lei n 11.959,
de 29 de junho de 2009).
Diversos autores diferem a pesca industrial da artesanal em algumas
caractersticas. Segundo Klippel, S. et al. (2005) as principais diferenas na pesca
industrial so (1) uso de barcos e apetrechos com maior capacidade de produo e
mais tecnolgicos, (2) diviso de atividades, e (3) o armador no participa da pesca.
De acordo com Martins (1995) a pesca artesanal se distingue da industrial
pelas seguintes caractersticas (1) no utilizao de embarcaes ou com
comprimento de at 8 metros, (2) geralmente sem sistema de refrigerao, e (3)
menor poder de pesca, por conseguinte, rea de atuao menor.
Apesar de ser comum aos autores caracterizarem as diferenas significativas
entre esses dois tipos de pesca comercial, a atividade pesqueira pode variar
conforme a regio e armador, o que dificulta uma classificao exata. Para fins do
trabalho, como definido anteriormente, a atividade pesqueira pode ser classificada
como: pequena, mdia e grande escala.
A pesca industrial captura altos volumes de pescado com finalidade mercante.
Essa mercadoria, alm de introduzida no mercado nacional, s vezes exportada,
como o caso do camaro e da lagosta, ambos ocupam grande espao na
exportao brasileira (1 Anurio brasileiro da Pesca e Aquicultura, 2014).
Outros pescados so utilizados na indstria, onde so processados e estocados
para posterior venda. Exemplos comuns da industrializao do pescado so os
cortes especiais de sua carne, como postas ou fils e o enlatamento de suas partes.
O quadro 1 representa as principais diferenas, de forma generalizada, entre
a pesca artesanal e a industrial observadas no Brasil.

20

Quadro 1 Principais diferenas entre a Pesca Artesanal e a Pesca Industrial.

Pesca Artesanal

Pesca Industrial

Tamanho
embarcao

Pequeno

Mdio/Grande
Vnculo empregatcio com o

Trabalho

Familiar/Comunidade

armador
Costa/Zona pelgica e demersal

Local da pesca
Destino
pescado
Autonomia
Tcnicas

Costa/Esturio

(regio ocenica)

do Geralmente mercado
local

Mercado/Indstria/Exportao

At 24 horas

De dois a alguns dias

Rudimentares/Baixa

Sofisticadas/Emprego de

tecnologia

Tecnologia

Baixa

Mdia/ Alta

Capacidade
produo
Fonte: Autor.

Na pesca industrial h diviso das tarefas entre a tripulao, isso ocorre


devido ao porte da embarcao, sua autonomia no mar e tambm em funo da
tecnologia empregada na operao. O nmero de integrantes varia conforme o
mtodo de pesca utilizado e da automatizao dos equipamentos. Entre as funes
existentes esto o mestre, contramestre, gelador, proeiro, cozinheiro, motorista e os
homens de convs (DIEGUES, 1983, p.119).
As embarcaes pesqueiras industriais possuem mecanizao para o seu
deslocamento e tambm no desenvolvimento do processo de captura, um exemplo
a automatizao no lanamento e o recolhimento das redes. Os equipamentos
eletrnicos como o sonar, sonda, radar, GPS6 e rdio so fundamentais para a
localizao de cardumes, navegao e a segurana envolvida no trecho percorrido.
Os apetrechos e equipamentos influenciam diretamente na produtividade alcanada.
Segundo o MPA7 (2014), quando se trata de pesca industrial empresarial , a
empresa a responsvel pela embarcao e pelos equipamentos utilizados para a

Sistema de Posicionamento Global (do ingls global positioning system, GPS)


MPA. Pesca Industrial. Disponvel em:< http://www.mpa.gov.br/index.php/pesca/industrial>. Acesso em
Julho de 2014.
6
7

21

pesca. Ela tambm planejada em diferentes setores, podendo em alguns casos


existir simultaneamente as etapas de captura, beneficiamento e comercializao do
pescado.
Com base no Boletim Estatstico da Pesca Industrial de Santa Catarina - ano
2012, o total de pescado desembarcado pela frota industrial no Estado de Santa
Catarina em 2012 foi de 157.223 t, sendo que as cidades de Itaja e Navegantes
foram responsveis por 83% desse valor.
Segundo o mesmo Boletim os peixes sseos so os mais capturados pela
frota pesqueira catarinense, eles representaram a aproximadamente 83% de todo o
pescado desembarcado em 2012. Os principais peixes capturados em 2012 foram:
sardinha-verdadeira (51.877.914 kg), bonito-listrado (20.327.163 kg), corvina
(13.277.420 kg), castanha (5.384.834 kg), abrtea-de-fundo (5.173.555 kg),
cavalinha (5.138.963 kg), sardinha-lage (3.680.126 kg).

2.2 CARACTERIZAO DA INDSTRIA DE PESCA CATARINENSE

O acompanhamento do desenvolvimento da produo pesqueira catarinense,


em nmeros, acontece desde 1964. O Estado de Santa Catarina por intermdio do
Governo do Estado e do setor pesqueiro industrial concentram seus esforos a fim
de continuar com a gerao e a divulgao de dados estatsticos sobre a pesca
industrial no estado.
De acordo com o Monitoramento da Atividade Pesqueira no Litoral do Brasil
(2004), a publicao mais antiga sobre dados relativos estatstica pesqueira em
Santa Catarina de 1964, onde atravs do Centro de Pesquisas de Pesca foi
publicado o boletim Produo Pesqueira de Santa Catarina. A partir dessa data
iniciou-se o levantamento de dados a cerca do desembarque de pescado. Nos anos
seguintes novas entidades apoiaram essa pesquisa, como exemplo a extinta
Superintendncia do Desenvolvimento da Pesca (SUDEPE) e a Organizao das
Naes Unidas para Alimentao e Agricultura (FAO).
Em 1999, o boletim ganhou novos apoios e foi chamado de Boletim
Estatstico da Pesca Industrial. Atualmente a ltima publicao ganhou reforo com

22

o convnio 3359/20138 e alm dos valores da produo pesqueira anual e mensal


da pesca industrial de Santa Catarina, ela traz resultados discriminados por
modalidades, espcies, cidades, entre outros.
Segundo Oliveira (2013)

apenas Santa Catarina e Rio de Janeiro trabalham

com boletins estatsticos no setor de produo relacionado pesca industrial. Os


outros estados brasileiros apresentam seus dados com base em estimativas.
Atravs da publicao do Boletim Estatstico da Pesca Industrial de Santa
Catarina10 referente ao ano de 2012, notaram-se significativos resultados, que
evidenciam

desembarcadas

importncia
157

mil

dessa

atividade

toneladas,

um

no

Estado.

recorde

na

Em

2012

produo

foram

pesqueira,

considerando os ltimos 22 anos. Alm disso, o Estado foi apontado como o maior
produtor de pescado de origem marinha e de sediar o maior polo pesqueiro industrial
no Brasil.
na regio litornea do Vale do Itaja, englobando os municpios de Itaja,
Navegantes e Porto Belo que est localizado o maior polo pesqueiro industrial do
Brasil, responsvel por aproximadamente 90% da produo pesqueira total do
estado catarinense. Entre os estaleiros pesqueiros sediados nessa regio, podem-se
citar Estaleiro Felipe, Ablio Souza, Maccarini, D Leon e Santa Gertrudes. Entre as
empresas que trabalham com captura e processamento de pescados, e possuem
uma frota de embarcaes pesqueiras tem-se Costa Sul Pescados, Femepe, Cais
do Atlntico, Rio Pesca, JS Pescados, entre outros.
As principais modalidades de pesca industrial praticadas nos municpios de
Itaja, Navegantes e Porto Belo so o arrasto-duplo, o arrasto simples, o cerco, o
emalhe fundo, o espinhel de superfcie e a tcnica de vara e isca-viva (Boletim
Estatstico da Pesca Industrial de Santa Catarina, 2013).
No ano de 2012, Itaja e Porto Belo desembarcaram grande parte de sua
produo pesqueira utilizando do mtodo de cerco, j em Navegantes as tcnicas de
arrasto duplo e de cerco se destacaram. Sendo assim, em Santa Catarina a frota de
cerco considerada a mais importante e representativa em termos de tonelagem
8

Atualmente o boletim possui parceria entre a Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca, a Secretaria de
Desenvolvimento Regional de Itaja, o Sindicato dos Armadores e das Indstrias da Pesca de Itaja e Regio
(Sindipi) e a Universidade do Vale do Itaja (Univali).
9
Revista Sindipi, edio n 60, ano 2013, Boletins estatsticos da pesca industrial so lanados com apoio do
Governo Estadual, por Flavio Roberto Oliveira.
10
Download disponibilizado no site do Grupo de Estudo Pesqueiro GEP. Disponvel
em:<http://siaiacad04.univali.br/?page=estatistica_boletins>. Acesso em Julho de 2014.

23

desembarcada (Boletim Estatstico da Pesca Industrial de Santa Catarina, 2013, p.


23).
O Sindicato dos Armadores e das Indstrias da Pesca de Itaja e Regio
(Sindipi) possui 300 associados, entre os quais esto armadores e indstrias, que
geram em torno de 30 mil empregos diretos e 70 mil indiretos. Segundo os dados
apresentados no Boletim Estatstico da Pesca Industrial de 2012, a regio de Itaja
contribui com 90,95% dos empregos do setor no estado.
A frota brasileira pesqueira, de acordo com o Ministrio da Pesca e
Agricultura - MPA (2006) de aproximadamente 30 mil barcos, a grande maioria
destinada a pesca artesanal. Em 2011, o nmero de embarcaes destinadas
pesca industrial era por volta de cinco mil (1 Anurio Brasileiro da Pesca e
Aquicultura, 2014).

2.3 EMBARCAES PESQUEIRAS INDUSTRIAIS

Assim como a maioria das embarcaes, no momento do projeto e da


construo as funes principais da embarcao pesqueira devem ser levadas em
considerao, logo, o estudo das atividades a serem realizadas fundamental para
o desenvolvimento do projeto. Outro estudo relevante o dos equipamentos, pois
eles exercem um papel essencial na operao de captura, armazenamento e
eventual processamento do pescado.
Os principais requisitos nesse tipo de embarcao so responder
adequadamente a modalidade de pesca; possuir um arranjo geral correspondente
quanto disposio dos apetrechos, poro de armazenamento, casa de mquinas
entre outros; possibilitar que a autonomia da embarcao seja garantida durante o
perodo de pesca no mar; possuir linhas de casco que assegurem uma boa
navegabilidade; possibilidade de navegar na rota pr-determinada (LAMB, 2003).
Existem diversos fatores que interferem no projeto de embarcaes
pesqueiras, segundo Arroyo (1994), as principais so:
a)

A modalidade de pesca empregada na captura (cerco, espinhel, arrasto,

emalhe, vara e isca-viva entre outros);

24

b)

Tamanho/Volume da captura a ser transportada;

c)

Clima e condio do mar no local de atuao;

d)

Distncia da costa regio de operao (tempo mnimo de trajeto);

e)

Requisitos de estabilidade e velocidade;

f)

Quantidade de tripulantes e quantas cabines sero necessrias para a

acomodao;
g)

Autonomia mxima durante a pescaria;

h)

Regulamentos governamentais.
Segundo Endal (data desconhecida) o casco a principal parte da estrutura

de uma embarcao e o mesmo deve satisfazer os seguintes requisitos:


i.

Flutuar com a carga desejada no projeto;

ii.

Possuir estrutura e ser forte o suficiente para resistir s foras estticas


causadas pelo prprio peso e pela carga, e foras dinmicas provenientes
mar (ondas etc.);

iii.

Perfil hidrodinmico;

iv.

Ser adequado para a tripulao exercer suas tarefas, funcionando como um


local de trabalho.
As embarcaes pesqueiras industriais podem ser construdas em diferentes

materiais. Os materiais mais comuns so de madeira, polmero, ao e alumnio. A


escolha do material regida nas decises referente aos custos e nos requisitos de
construo. A madeira j no um material muito empregado na construo de
novas embarcaes de pesca, devido aos altos valores e a sua manuteno. Outro
fator para a queda no uso da madeira est relacionado com legislaes ambientais e
consequentemente a pouca disponibilidade de madeiras nobres no mercado.
Em Santa Catarina os elevados preos de madeira de alta qualidade
prejudicam a construo naval, onde vrios estaleiros trabalhavam com essa
matria prima, como o caso do D Leon, Estaleiro Felipe e Estaleiro Santa
Gertrudes. Atualmente muitos deles se dedicam a rea de reparo das embarcaes
j construdas.
A estabilidade um fator muito importante para todas as embarcaes, com
as pesqueiras no diferente, entre os fatores influenciadores esto os apetrechos,

25

as operaes de pesca, estado do mar e a superfcie livre. O projeto deve


corresponder positivamente quanto ao critrio de estabilidade que for adotado.
As embarcaes pesqueiras industriais possuem mecanizao para a sua
navegao e tambm no desenvolvimento do processo de captura, um exemplo o
lanamento e o recolhimento das redes (DIAS NETO; MARRUL FILHO, 2003, p. 13).
Os apetrechos e os equipamentos eletrnicos para deteco de cardumes
influenciam diretamente na produtividade alcanada em cada captura. J o GPS e
rdio so fundamentais na navegao e segurana envolvida no trecho percorrido.
Para conhecer os tipos mais comuns de embarcaes pesqueiras devem-se
conhecer os mtodos de pescas industriais realizados. No Captulo 2.3 esto
listadas essas embarcaes industriais existentes conforme a modalidade praticada.
Os navios indstrias so identificados pelo fato que alm de capturar o
pescado, eles so capazes de process-lo a bordo, conservando-o em boas
condies at na hora do desembarque. O processamento varia conforme a
espcie, o mercado que se deseja alcanar e os requisitos do armador. Entre as
operaes que o pescado pode ser submetido esto a filetagem, corte, esfola,
descasque, refrigerao e congelamento (DGRM)11.
Entre algumas caractersticas que, geralmente, essas embarcaes possuem
em comum so: grandes dimenses, alta autonomia, grande capacidade de
armazenamento, alta tecnologia empregada.
De acordo com a FAO12, uma frota pesqueira de navios-indstrias e de navios
de arrasto/indstria foi construda pelo bloco sovitico entre os anos de 1960 a
1980, onde os maiores navios possuam cerca de 8.000 toneladas de arqueao
bruta e mais de 120 metros de comprimento. No Brasil ainda no foi construdo
nenhum navio fbrica.

Site do governo de Portugal sobre a Direo-Geral de Recursos Naturais, Segurana e Servios Martimos.
Disponvel
em:<
http://www.dgrm.minagricultura.pt/xportal/xmain?xpid=dgrm&actualmenu=8580&selectedmenu=106019&xpgid=genericPage&cont
eudoDetalhe=108653>. Acesso em Outubro de 2014.
12
Organizao das Naes Unidas para Alimentao e Agricultura que trabalha no combate fome e
pobreza. Disponvel em:< http://www.fao.org/fishery/topic/13635/en>. Acesso em junho de 2014.
11

26

2.4 MODALIDADES DE PESCAS

Como relata Andrade (1998, p. 5) h sete principais tipos de pesca industrial


em relao captura do pescado em Santa Catarina. Abaixo so listados os
principais tipos e o nome da frota utilizada para cada tipo de pescaria.
a) Arrasto de portas nico - frota de arrasteiros simples;
b) Arrasto de portas com duas embarcaes - frota de parelhas;
c) Arrasto de portas com tangones - frota de camaroeiros;
d) Rede de emalhar flutuante e de fundo frota de caceio;
e) Rede de cerco - frota de traineiras;
f) Espinhel superficial e de fundo - frota de espinheleiros;
g) Vara e isca-viva - frota de vara e isca-viva.
No grfico 2 mostra a porcentagem de cada frota em relao ao total
registrada no estado de Santa Catarina, em 2008. As frotas esto separadas por
mtodo que praticam e a pesca por arrasto de portas com tangones que possui a
maior frota em Santa Catarina, cerca de 280 embarcaes.
Grfico 2 Porcentagem de cada frota em relao ao total de embarcaes catarinenses
registradas no ano de 2008.

Frota pesqueira catarinense


3% 4% 5%

Arrasteiros simples
Parelhas

5%
11%

Camaroeiros /tangoneiros
Caceio

15%

37%

Traineiras (rede de cerco)


Espinheleiros

20%

Vara e isca-viva
Outros

Fonte: Autor, segundo dados do Grupo de Estudo Pesqueiro (GEP13).


13

Grupo de Estudo Pesqueiro da Univali em convnio com outras entidades, promovendo pesquisas voltadas a
estatsticas
e
projetos,
como
exemplo
o
IGEPESCA.
Disponvel
em:
<
http://siaiacad04.univali.br/?page=conheca_frotas_lista>. Acesso em Agosto de 2014.

27

De acordo com o Boletim Estatstico da Pesca Industrial Catarinense (2013, p.


33) a tabela 1, lista a modalidade seguida do nmero de embarcaes diferentes, de
cada tcnica, que atuaram durante o ano de 2012, na pesca industrial em Santa
Catarina e qual foi o seu rendimento mdio por ms (Kg/viagem).
O mtodo que apresentou o maior rendimento mdio por ms, no ano de
2012 em Santa Catarina, foi o vara e isca-viva, seguido pelo Arrasto de portas com
duas embarcaes. Um dos motivos que leva a tcnica da vara e isca-viva ser mais
rentvel devido espcie-alvo de captura, peixes maiores, que agregam maior
peso por unidade pescada.
Tabela 1- Embarcaes pesqueiras industriais de Santa Catarina, total de embarcaes
atuantes em cada modalidade e o seu rendimento mdio mensal.

Embarcao

Total de barcos

Rendimento [

Arrasteiros com tangones

276

17.167

Arrasteiros de Parelhas

28

64.786

Arrasteiros simples

25

49.996

Traineira

102

29.671

Caceio de fundo

153

17.797

Espinheleiro de superfcie

91

11.496

Espinheleiro de fundo

15.534

Vara e isca-viva

38

85.591

Fonte: Autor, baseado no Boletim Estatstico da Pesca Industrial Catarinense (2013, p. 33).

Nos prximos tpicos so apresentadas as principais modalidades atuantes


na pesca industrial em Santa Catarina.
O mtodo de arrasto pode ser classificado de acordo com a conformao das
embarcaes e redes e do procedimento da operao, como escrito no tpico
anterior so o arrasto simples/de portas nico (otter trawl), arrasto duplo/de portas
com tangones (double-rig trawl) e arrasto de parelha/ de portas com duas
embarcaes (pair trawl).

28

2.4.1 ARRASTO DE PORTAS NICO

No arrasto de portas nico utilizado apenas uma embarcao e uma nica


rede cnica com hidroportas ou portas. A operao de pesca ocorre atravs do
lanamento da rede que tracionada pela popa e conforme a embarcao avana, a
captura vai ocorrendo. A profundidade que a rede atuar e a durao variam
conforme escolha do armador e/ou comandante de pesca.

2.4.2 ARRASTO DE PORTAS COM DUAS EMBARCAES

Essa modalidade tambm conhecida com arrasto de parelha. A operao de


captura exercida por duas embarcaes na qual apenas uma delas lana e recolhe
a rede. Entretanto no momento do arrasto as duas sero utilizadas para deslocar a
rede. A rede possui grandes dimenses e seu formato cnico. As embarcaes
geralmente possuem o mesmo porte e no momento da captura devem se portar de
maneira similar, navegando com velocidade uniforme e mantendo a distncia
constante (GEP14).

2.4.3 ARRASTO DE PORTAS COM TANGONES

Tambm conhecido como arrasto duplo, nessa modalidade so utilizadas


duas ou mais redes cnicas para a captura do pescado. As redes possuem um par
de portas retangulares em cada extremidade para evitar que a ela se feche. As
redes podem ser utilizadas paralelamente, pois a embarcao pesqueira dessa
modalidade possui tangones15. Elas variam de malha conforme o que se deseja

14

Arrasto
de
Parelhas

GEP.
Disponvel
em:
<
http://siaiacad04.univali.br/?page=conheca_frotas_detalhes/arrasto-parelhas>. Acesso em Agosto de 2014.
15
Grandes braos laterais nos quais se fixam os cabos de trao das redes, fixando as mesmas. Os tangones
so dispostos em cada lado da embarcao e permitem o arrasto simultneo de redes iguais e as mantem
afastadas do barco.

29

capturar, as malhas mais finas so adequadas para o arrasto de camares, por


exemplo (GEP16).

2.4.4 REDE DE EMALHAR FLUTUANTE E DE FUNDO

Na tcnica de pesca por emalhe a captura ocorre atravs da reteno do


pescado nas malhas da rede de emalhe, tambm conhecida como rede de espera.
Segundo o GEP17, na frota industrial de Santa Catarina, so armadas de 200 a 400
redes, em uma operao de pesca, cada uma com 50 metros e unidas entre si. As
redes so armazenadas e lanadas da popa da embarcao, elas permanecem no
mar de 8 a 12 horas. A captura dos peixes ocorre atravs da coliso e do
emaranhamento deles com a rede. Aps o tempo determinado, a rede recolhida
por um guincho localizado prximo a proa.

2.4.5 REDE DE CERCO

Segundo Valentini e Pezzuto (2006) o mtodo de pesca pela rede de cerco


iniciou na dcada de 40 no Brasil e sempre teve como espcie-alvo a sardinhaverdadeira. Entretanto, nos ltimos anos com a queda na produo desse recurso, a
frota de traineiras diversificou a captura para outras espcies como, por exemplo, a
tainha

sardinha-lage

(ROSSI-WONGTSCHOWSKI;

VILA-DA-SILVA;

CERGOLE, 2006). Essa modalidade tem caractersticas industriais e tradicional


nas regies Sul e Sudeste do Brasil.
A tcnica de pesca de cerco consiste em cercar os cardumes pelas laterais e
tambm pelo fundo atravs da utilizao de longas e largas redes. As capturas

16

Arrasto Duplo - GEP. Disponvel em: < http://siaiacad04.univali.br/?page=conheca_frotas_detalhes/arrastoduplo>. Acesso em Julho de 2014.
17
Rede
de
emalhar
de
fundo
e
superfcieGEP.
Disponvel
em:
<
http://siaiacad04.univali.br/?page=conheca_frotas_detalhes/rede-emalhar-sup-fund>. Acesso em Julho de
2014.

30

ocorrem comumente na superfcie ou meia gua, atingindo principalmente as


espcies pelgicas.
De um modo geral a operao da pesca de cerco inicia pela deteco do
cardume atravs de instrumentos eletrnicos, comumente o sonar, caracterizado no
captulo 3.1, e tambm pela experincia do proeiro (comandante da pesca). Na
figura 2 pode ser visualizado um sonar em funcionamento, atuando na localizao
de cardumes de sardinhas.
Outra prtica muito importante utilizada na localizao do cardume a
observao de sinais ao redor da zona de pesca que pode indicar a presena de
aglomerado de peixes, seja pela concentrao de aves marinhas, agitao na
superfcie do mar e a presena de golfinhos (BEN-YAMI, 1994).
Aps a visualizao do cardume, um bote auxiliar, denominado de panga ou
caco lanado da embarcao principal detendo uma extremidade da rede, como
ilustrado na figura 3. O panga permanece parado enquanto a embarcao de cerco
circunda o cardume liberando a rede de cerco pela popa, como na figura 4.
Figura 2 Foto ilustrativa do sonar marca Furuno modelo CSH-8L .

Fonte: Vdeo postado por Tomas Basaldua18.

18

Disponvel em:< https://www.youtube.com/watch?v=JUZtLPG5xHQ>. Acesso Outubro de 2014.

31

Figura 3 Ilustrao do Panga liberado da popa da embarcao de cerco.

Fonte: Gulf of Maine Research Institute.19

A traineira retorna a posio inicial, com o cerco j formado, e ento se inicia


o fechamento do fundo da rede atravs do recolhimento do cabo de cerco que
percorre por dentro de anilhas localizadas no fundo da rede, juntamente com o lastro
dela. H embarcaes onde a rede se fecha passando uma asa para cada lado, no
necessitando do cabo. Essa operao realizada pelo guincho de convs e de
extrema importncia, pois atravs dela que o cardume mantm-se no cerco.
Figura 4 Ilustrao da embarcao principal circundando o cardume na operao do
cerco.

Fonte: Gulf of Maine Research Institute.

19

Herring
Harvest:
Purse
Seining.
Disponvel
http://www.gma.org/herring/harvest_and_processing/seining/> . Acesso em Outubro de 2014.

em:<

32

Nesse momento o panga posiciona-se perpendicularmente a traineira


segurando um cabo conhecido por tesoura. As extremidades desse cabo so
presas uma na popa e outra na proa da embarcao principal. Isso auxilia para que
a embarcao se mantenha mais estvel no momento que a rede e os peixes sejam
recolhidos da gua e para que a traineira no avance para cima da rede.
A rede fechada forma uma bolsa, impedindo a fuga do cardume. O
recolhimento da maior parte da rede necessrio para que a bolsa reduza o seu
tamanho. Assim, os peixes ficam em um pequeno espao, facilitando a sua retirada,
como ilustrado na figura 5. O reboque da rede de cerco pode ser atravs de
equipamentos de convs (captulo 4.1) como o power block, o rolo triplo, a tambor
ou com o petrel.
O transbordo do pescado usualmente ocorre atravs de dois mtodos o sarico
e a bomba de suco de peixe. Para peixes de grandes propores o uso da bomba
invivel, sendo o sarico o equipamento utilizado.
A principal espcie-alvo no mtodo do cerco em Santa Catarina a sardinhaverdadeira, outras espcies importantes so a cavalinha, enchova, palombeta ,
sardinha-lage e tainha (Boletim Estatstico da Pesca Industrial de Santa Catarina,
2013).
Figura 5 Ilustrao do procedimento realizado para fechar a rede de cerco, enquanto o
panga reboca a embarcao pelo lado contrrio ao recolhimento da rede.

Fonte: Gulf of Maine Research Institute.

33

2.4.6 ESPINHEL SUPERFICIAL E DE FUNDO

Conhecida tambm como longline (linha longa), esse tipo de pesca faz o uso
de uma linha muito longa, podendo chegar at 100 km. Ao longo da linha principal
h diversas linhas secundrias onde so espalhados os anzis juntamente com
algum tipo de isca (JABLONSKI et al., 2006). Alm dos anzis so largados pela
popa da embarcao boias e boias-rdio para a localizao do espinhel aps o
tempo de espera na captura do peixe.

2.4.7 VARA E ISCA VIVA

Nesse mtodo so necessrios vrios pescadores equipados com varas com


linhas e anzis. Eles lanam esse apetrecho em cima do cardume e de acordo o
GEP20 devido voracidade dos peixes eles so fisgados mesmo sem a isca no
anzol. Para manter o cardume prximo embarcao e/ou atrai-lo so lanados
alguns peixes vivos (isca-viva) no mar e tambm so jorrados jatos de gua no mar
para simular a movimentao de peixes(presa) na superfcie.

2.5 DESEMPENHO DOS DESEMBARQUES POR MODALIDADE

Com base no Boletim Estatstico da Pesca Industrial Catarinense (2013) foi


possvel descrever de forma simplificada o desempenho dos desembarques
realizados pelas principais frotas industriais no estado de Santa Catarina, durante o
ano de 2012. O grfico 3 resume em termos de porcentagem os valores obtidos.

20

GEP. Vara e isca-viva. Disponvel em: <http://siaiacad04.univali.br/?page=conheca_frotas_detalhes/varaisca-viva>. Acesso em Agosto de 2014.

34

(a) Arrasto de porta nico


A frota industrial de arrasto simples foi de 25 embarcaes, na quais foram
responsveis por 7.194 t de pescados desembarcados.
(b) Arrasto com duas embarcaes
No arrasto de parelha atuaram 28 embarcaes que foram responsveis por
desembarcar 11.855 t de pescado.
(c) Arrasto de porta com tangones
No

arrasto

duplo,

276

diferentes

embarcaes

atracaram

nos

portos

catarinenses. A produo total da frota nesse mesmo ano foi de 25.047 t, sendo que
Itaja e Navegantes receberam 93% desse total.
(d) Emalhe de fundo
A frota industrial de emalhe de fundo foi de 153 embarcaes. Elas foram
responsveis por 20.000 t de pescados desembarcados no estado, sendo que Itaja
destacou-se entre os municpios, produzindo aproximadamente metade do volume
total arrecadado.
(e) Cerco
Na frota industrial de cerco houve um registro de 102 embarcaes diferentes
que desembarcaram em Santa Catarina. A produo total atravs do mtodo de
cerco foi de 68.094 t sendo que Itaja abrangeu a maior parte da produo (47.372
t), seguida por Navegantes (13.750 t) e Porto Belo (6.718 t).
(f.1) Espinhel de superfcie
Durante o ano de 2012, 91 embarcaes de espinhel de superfcie atuaram e
foram responsveis por desembarcar 2.495 t de pescado.

35

(f.2) Espinhel de fundo


A frota de espinhel de fundo pouco representativa em Santa Catarina, no
ano de 2012 apenas 7 embarcaes diferentes desembarcaram no estado. Os
descarregamentos

ocorreram

exclusivamente

no

porto

de

Itaja

foram

responsveis pela produo de 215 t de pescados.


(g) Vara e isca-viva
A frota Vara e isca-viva foi de 38 embarcaes. O volume total produzido e
desembarcado no estado foi equivalente a 21.817 t.
Como citado anteriormente o mtodo de cerco possui a terceira maior frota
em Santa Catarina (Grfico 3) e o quarto maior rendimento mdio mensal no estado
(Tabela 1). Contudo, a frota que mais desembarca pescado e corresponde a
aproximadamente 43% da produo total, sendo assim, uma das frotas mais
importantes economicamente para o estado catarinense.
Grfico 3- Desembarque realizado em Santa Catarina no ano de 2012, pelas principais
frotas de pesca industrial.

Desembarque em SC por frota


2%

0%

14%

5%

Arrasto simples

7%

Arrasto de parelhas

16%

Arrasto duplo
Emalhe de fundo

43%

13%

Rede de Cerco
Espinhel de Superfcie
Espinhel de fundo
Vara e isca-viva

Fonte: Autor, atravs de dados do Boletim Estatstico da Pesca Industrial Catarinense


(2013).

36

3. EMBARCAES PESQUEIRAS MTODO DE CERCO

As embarcaes que praticam o mtodo de cerco so conhecidas como


traineiras. Elas podem ser classificadas conforme a tecnologia empregada e volume
alcanado na operao; do ponto de vista do arranjo do convs; em relao
espcie a ser capturada e da ttica que utilizam, variando conforme o pas.
Segundo o autor Schmidt (1960) o projeto das traineiras devem seguir sete
requisitos gerais:
(1) Mau tempo A embarcao deve ser projetada para realizar a operao de
pesca tanto em mau tempo quanto em guas calmas;
(2) Eficincia de mo de obra O processo deve manusear as grandes redes de
cerco com o mnimo de mo de obra possvel. O que emprega o uso de
maquinrios, que reduzem a quantidade de tripulantes e tornam a operao
mais produtiva;
(3) Segurana dos pescadores e eliminao de trabalho duro De acordo com o
autor a educao e o padro de vida aumentaram em diferentes reas da
pescaria, com isso importante melhorar a segurana e eliminar
desnecessrios trabalhos pesados, a fim de atrair uma melhor tripulao para
a indstria;
(4) Rapidez no estabelecimento e recolhimento - fundamental que a rede
esteja disponvel para ser montado o cerco com uma velocidade rpida. O
autor acredita que os ataques de tubaro podem ser reduzidos se a rede for
iada rapidamente;
(5) Rapidez no recolhimento dos peixes Um eficiente sistema de sarico deve
ser concebido a fim de transferir o peixe da rede de cerco para o poro da
embarcao rapidamente;
(6) Eficincia Novamente o autor frisa a importncia de um acelerado ritmo nas
operaes acimas citadas. Nos anos 60 a resposta para essa eficincia era o
uso de modernos guinchos do tipo tambor.
(7) Pescaria noturna A tcnica no qual a traineira opera deve ser igualmente
eficaz quando realizada a noite, assim como durante o dia.

37

3.1 TRAINEIRAS ARTESANAIS E INDUSTRIAIS

A primeira classificao, como anteriormente comentada, se d pela proporo


na produo (baixa, mdia, alta escala), incluindo algumas caractersticas como, por
exemplo, comprimento e grau de tecnologia envolvido, sejam em equipamentos e/ou
maquinrios. Assim, tem-se:
(a) Traineiras de pesca artesanal ou semi-industrial, figura 6;
(b) Traineiras de pesca industrial, figura 7.
Segundo a FAO21, nas traineiras de pesca artesanal ou semi-industrial os
equipamentos de manuseio so o guincho de cerco; carretel/rolo linha de cerco;
sarico; power block e o tambor de rede. J nas traineiras que atuam na pesca
industrial os equipamentos, no geral, so o power block hidrulico ou o rolo triplo,
um potente e grande guincho de cerco, guindastes, sarico ou bomba para suco de
peixes.
Uma caracterstica presente em muitas embarcaes traineiras um desenho de
casco com uma espcie de rampa na popa, que facilita a descida da rede e tambm
do panga. As que no possuem essa rampa devem ter uma espcie de cilindro
(roller) para a mesma funo.
Nas figuras 6 e 7 observam-se as diferenas em termos de casco, arranjo,
potncia de equipamentos de duas embarcaes que praticam o mesmo mtodo de
pesca, a modalidade de cerco, mas uma sendo considerada de artesanal a semiindustrial e a Fig. 7 caracterizando uma embarcao industrial. As duas
embarcaes trabalham com o panga, rede de cerco, grua e power block,

21

Fishing Gear Types Purse seines (FAO). Disponvel em: < http://www.fao.org/fishery/geartype/249/en>.
Acesso em Outubro de 2014.

38

Figura 6 Foto ilustrativa da traineira semi-industrial catariense V Chico V

Fonte: No encanto azul do mar.22


Figura 7 Foto ilustrativa da embarcao de cerco industrial Cape Cod dos Estados
Unidos.

Fonte: Trimarine23

22
23

Disponvel em:< https://www.facebook.com/noencantoazuldomar>. Acesso em Outubro de 2014.


Disponvel em:< http://www.trimarinegroup.com/operations/fleet.php>. Acesso em Outubro de 2014.

39

3.2 TRAINEIRAS EM RELAO AO ARRANJO DO CONVS

Do ponto de vista do arranjo do convs, de acordo com a FAO24, h dois


principais tipos traineiras, que podem ser distinguidos: Americanas (Fig. 8),
europeias (Fig. 9).
As traineiras americanas so mais comuns nas costas da Amrica do Norte e
em muitas reas da Oceania. No convs o passadio e os alojamentos esto
organizados na proa, ou prximos a ela, e o convs de trabalho na popa. Algumas
caractersticas da classe da embarcao de cerco americana so listadas abaixo
(FAO25).
a)

Comprimento total normalmente> 25 metros

b)

Potncia normalmente> 350 Hp

c)

Arqueao Bruta> 50 AB (TAB em toneladas de arqueao)

Figura 8 Ilustrao do tpico arranjo de convs em uma embarcao americana.

Fonte: FAO.
24

Fishing Vessel Types Purse seiners (FAO). Disponvel em:< http://www.fao.org/fishery/vesseltype/140/en>.


Acesso em Outubro de 2014.
25
Fishing
Vessel
Types

American
seiners
(FAO).
Disponvel
em:<
http://www.fao.org/fishery/vesseltype/710/en>. Acesso em Outubro de 2014.

40

As embarcaes de cerco estilo europeias so comuns em todas as guas


pescadas pelos pases europeus, como o Mar do Norte e o Bltico. O arranjo de
convs nesse tipo de embarcao caracterizado por ter os alojamentos e o
passadio perto da meia nau em direo popa da embarcao, onde est
armazenada a rede de cerco. O convs de trabalho est situado da meia nau para
frente. Algumas caractersticas da classe da embarcao de cerco europeia so
listadas abaixo (FAO26).
a) Comprimento total normalmente> 30 metros
b) Potncia normalmente> 350 Hp
c) Arqueao Bruta> 60 AB (TAB em toneladas de arqueao)
Figura 9 Ilustrao do tpico arranjo de convs em uma embarcao europeia.

Fonte: FAO.

3.3 TRAINEIRAS SEGUNDO ESPCIE-ALVO DE CAPTURA

H as traineiras segundo espcie-alvo de captura: a tambor (Fig. 10) e a de


atum (Fig. 11). As traineiras destinadas a espcies pelgicas como a sardinha e a
26

Fishing
Vessel
Types

European
seiners
(FAO).
http://www.fao.org/fishery/vesseltype/720/en>. Acesso em Outubro de 2014.

Disponvel

em:<

41

anchova no foram descritas, por possurem o arranjo parecido com as


embarcaes americanas.
As traineiras a tambor foram desenvolvidas para projetos de pequenas
embarcaes que praticam a pesca de salmo em esturios de rios, baas e
enseadas. Possuem o passadio e o alojamento montados a proa da embarcao e
o cilindro/tambor montado na popa. A rede fica armazenada de modo a estar
enrolada nesse tambor, conforme pode ser observado na Figura 10.
Traineiras de atum, atualmente, compem uma frota muito moderna, que est
em constante desenvolvimento, em termos de tamanho e tambm em equipamentos
e tcnicas de pesca (IEO, 2008). Esse investimento ocorre devido ao elevado preo
que algumas espcies de atum possuem e tambm pela alta demanda de volume da
indstria de conservas de atum no mercado. Essas embarcaes aumentaram o
tamanho e a capacidade gradualmente para poder capitalizar bancos de pesca
longnquos e produtivos.
Figura 10 Foto ilustrativa de uma embarcao de cerco a tambor navegando no Estreito
de Johnstone, na Colmbia Britnica.

Fonte: Flickr / winkyintheuk27

A pesca de cerco do atum pode ser realizada em grupo, apesar de no ser


to comum quanto operao desempenhada por apenas uma embarcao. As
traineiras que trabalham em grupo recebem o apoio de outras embarcaes no
momento da localizao, captura, armazenagem e tambm para o transporte
(SPC/FISHERIES, 1989).

27

Disponvel em:< http://www.flickr.com/photos/winkyintheuk/2771639367/>. Acesso em Outubro de 2014.

42

O arranjo das embarcaes de cerco de atum quanto ao convs semelhante


s embarcaes americanas, com o passadio e alojamentos projetados mais para
a proa. Nessas embarcaes comumente h uma torre de atum que est disposta
no topo de um mastro. Essa torre normalmente equipada com todos os
dispositivos de controle e manobra. Alm da torre, o helicptero pode ser um
excelente visualizador de cardumes de atum, sendo assim deve existir no convs
uma estrutura adequada para o pouso e decolagem, o heliponto.
As redes de atum geralmente so maiores e mais pesadas, necessitando de
equipamentos mais potentes. Algumas embarcaes dispem de propulsores de
proa para auxiliar na manobra.
Alm do panga, as traineiras de atum podem possuir lanchas rpidas que
auxiliam a embarcao principal na funo de reunir o cardume. As lanchas
navegam velozmente em pontos estratgicos assustando os atuns e reunindo-os.
Figura 11 Foto ilustrativa de uma embarcao de cerco de atum chamada Capt. M. J.
Souza.

Fonte: David Leggott28

28

Disponvel em:< http://nelsonians.blogspot.com.br/2010/02/helicopter-what-helicopter.html>. Acesso em


Outro de 2014.

43

3.4 TRAINEIRAS SEGUNDO A SUA TTICA

O autor Schmidt (1960, p. 38) faz classificaes conforme a ttica utilizada em


diferentes reas e para diferentes espcies. Alguns exemplos dessas traineiras so:
Traineira da costa do Pacifico, Traineira Sul Africana para sardinhas e Traineira
portuguesa de sardinha apresentadas na Figura 12.
Figura 12 Ilustrao de embarcaes de cerco, segundo sua ttica. Da esquerda para a
direita: Traineira da costa do Pacifico, Traineira Sul Africana de sardinhas e Traineira
portuguesa de sardinha.

Fonte: Schmidt (1960, p. 38).

44

4. EQUIPAMENTOS

Ao longo dos anos, pescadores e fabricantes de equipamentos de convs


introduziram diversas inovaes voltadas para a reduo da mo de obra a bordo e
tambm para facilitar o processo de trabalho durante as operaes de pesca (FAO)
De acordo com Miyake (2004) na pesca industrial do atum os principais
avanos foram o uso do guindaste hidrulico na dcada de 1960; o aumento
progressivo no poder dos guinchos; modificaes em relao ao tamanho e
componente das redes; introduo do radar de deteco de aves em 1987.

4.1 EQUIPAMENTOS DE CONVS

4.1.1GUINCHO DE CERCO

Antigamente era comum o uso de guinchos de transmisso por correia, mas


eles no eram confiveis quando uma tenso extra era aplicada ao mesmo.
Atualmente os guinchos utilizados em traineiras so hidrulicos ou eltricos (WATT,
1986).
O guincho para o mtodo de cerco um dos principais maquinrios do
convs. Ele possui formato de tambor onde um longo cabo encontra-se enrolado a
ele, geralmente o cabo de ao de 15 a 25 mm de dimetro. H guinchos que
possuem mais de um tambor para realizar sua funo, como mostra a Figura 14.
Quando a rede de cerco lanada ao mar, de metros em metros anilhas so
largadas tambm. Por dentro dessas anilhas percorre o cabo de cerco que est
conectado com o guincho, nesse momento o guincho deixa o cabo livre, sem
exercer trao sobre o ele (SPC/FISHERIES, 1989). Esse arranjo pode ser
visualizado na Figura 13.
Quando o cerco j est formado o guincho recolhe o cabo que passa entre as
anilhas, na extremidade inferior da rede, para ento fechar o fundo da rede,

45

formando uma espcie de bolsa. Essa operao muito importante, pois ela que
ir impedir que o cardume escape.
Figura 13 Ilustrao da pesca de cerco com luz, onde a espcie-alvo possui hbitos
noturnos.

Fonte: Fisheries Research & Development Corporation Fishing Methods, traduzido pelo
autor.

O guincho deve ser capaz de puxar a rede em diferentes velocidades, pois a


operao no mtodo de cerco no sempre realizada com a mesma velocidade. O
fechamento completo da rede de cerco varia de tempo conforme diversos aspectos,
entre eles o quo profundo o peixe est; o tamanho e o peso da rede; lugar onde a
rede foi lanada; potncia do guincho; velocidade do guincho e a direo da corrente
martima (WATT, 1986).

46

Figura 14- Foto ilustrativa do Guincho de cerco Marco modelo WS 455

Fonte: Catalogo TH Marco.

4.1.2 POWER BLOCK

Introduzido nos anos 50 a linha Puretic Power Block foi um sistema que
revolucionou a mecanizao da pesca em cerco. Combinada com a tecnologia de
energia hidrulica e redes novas, maiores e sintticas, o carter desse mtodo de
pesca mudou. A partir da introduo desse equipamento foi possvel reduzir 12
pescadores na tripulao para cada rede de cerco. Com isso, a eficincia na
operao dobrou, o iamento da rede comeou a ser mais rpido e foi possvel
cercar cardumes cada vez maiores (SCHMIDT JR., 1960)
O power block constitudo por uma roldana em forma de V montada na
extremidade de uma grua ou de um pau de carga, como apresentado na Figura 15.
O material que reveste a roldana geralmente uma borracha dura ou uma borracha
travada que melhora a trao da rede durante seu hasteamento e reduz os
desgastes.
Esse equipamento tem a funo de iar a rede a partir da gua, passando
sobre uma polia que gira ao descer a rede at chegar ao nvel do convs. A rede
ser deixada na posio onde ser empilhada e posteriormente poder ser limpa, de
modo a retirar algas, peixes, entre outros, pela tripulao, essa localizao onde
ela ficar armazenada at o prximo lanamento de rede.
O power block um equipamento que funciona atravs de energia hidrulica
fornecida por bombas hidrulicas que so alimentadas pelo motor principal ou
auxiliar. controlado remotamente atravs de um console montado no convs, onde

47

possvel ajustar as rotaes e a fora de trao em funo da exigncia na


operao (PARENTE, 2003)
O power block continua em desenvolvimento em relao a dimenso e
potncia para poder acompanhar o crescimento quanto ao tamanho e peso de novas
redes de cerco. Os benefcios desse equipamento alm de trazer a rede para dentro
da embarcao com maior rapidez utilizando menos mo-de-obra oferece maior
segurana para a tripulao.
Figura 15 Foto ilustrativa de um Power Block Marco em funcionamento.

Fonte: Tcnicas hidrulicas Marco29.

4.1.3 ROLO TRIPLO

O rolo triplo (triple roller) um sistema de trao mltipla, na qual a rede


transportada por um sistema de guincho de rede com trs rolos. conhecido,
mundialmente, com o nome comercial de trplex.
O rolo triplo possui a mesma funo operacional que o power block. Ele
formado por trs rolos que funcionam simultaneamente, com a diferena que o rolo
do centro possui o sentido de rotao diferente dos outros dois. Na Figura 16
possvel visualizar com clareza os trs rolos que formam esse equipamento. Os
29

Site oficial da empresa TH Marco. Disponvel em: < http://www.thmarco.com/en/productos/una-purseseiners__6/item/uretic-powerblocks__6.html>. Acesso em Outubro de 2014.

48

rolos podem ser inclinados no eixo vertical a fim que o seu posicionamento possa
ser alterado (PARENTE, 2003).
Esse apetrecho costuma estar localizado perto do costado boreste da
embarcao, devido ao fato que o cerco e a suspenso da rede ocorrem por esse
bordo, ou ento na popa a meia nau.
O uso desse equipamento beneficia a estabilidade da traineira em relao ao
uso do power block, uma vez que o ponto de trao da rede efetuado a uma
distncia menor do convs (PARENTE, 2003).
Outras vantagens do rolo triplo so em relao a maior facilidade para realizar
as manobras (principalmente em embarcaes de cerco europeias), pois a rede
estar localizada longe do hlice do navio (FAO30).
Figura 16 Foto ilustrativa do maior rolo triplo do mundo, Triplex 1020, instalado em uma
embarcao de cerco norueguesa, a Svanaug Elise.

Fonte: Site oficial da empresa Triplex AS31.

30

Fishing
Technology
Equipments

Triple
roller.
Disponvel
em:
<
http://www.fao.org/fishery/equipment/tripleroller/en>. Acesso em Outubro de 2014.
31
Disponvel em: < http://www.triplex.no/news/view/worlds_largest_triplex_to_svanaug_elise>. Acesso em
Outubro de 2014.

49

4.1.4 ESTIVADOR (ESPALHADOR)

Para manusear e empilhar a rede de cerco aps o rolo triplo conveniente


embarcao possuir um estivador, que possui o mesmo princpio do power block, s
que com menor potncia. O estivador est suspenso por uma lana, estabelecido
em estrutura que pode estar fixa no convs ou em uma grua (PARENTE, 2003).
Esse guindaste reduz o trabalho dos tripulantes para deixar a rede empilhada
e tambm pode reduzir o tempo necessrio para a rede esteja novamente pronta
para o lanamento. Entre o rolo triplo e o estivador pode ser adicionado um cilindro
de rampa e transporte para auxiliar a passagem da rede para a popa da
embarcao. O sistema rolo triplo, rampa e estivador pode ser visualizado na Figura
17.
Figura 17 Foto ilustrativa de uma embarcao de cerco com o rolo triplo, cilindro de
transporte e estivador.

Fonte: Site oficial Triplex AS.

50

4.1.5 PETREL V-SHEAVES

Esse equipamento foi lanado pela Petrel Engenharia da frica do Sul, que
considerada uma das empresas lderes no projeto e na fabricao de equipamentos
de convs para a indstria pesqueira.
Petrel v-sheave um sistema para iamento da rede atravs de um
equipamento parecido com o power block. Esse apetrecho possui uma roldana
hidrulica revestida de borracha ou ao inoxidvel, porm, diferente do power block ,
esse apetrecho montado ao nvel do convs, uma foto ilustrativa desse
equipamento pode ser vista na Figura 18.
Aps a rede passar pela roldana principal ela atravessa uma roldana
intermediaria abaixo do nvel do petrel v-sheave, este arranjo aumenta a frico,
reduzindo

escorregamento

aumentando

velocidade

de

trao

(SPC/FISHERIES, 1989).
Segundo Purse seining32 o fato do petrel v-sheave ter o centro de gravidade
localizado mais abaixo que os outros rebocadores de rede proporciona mais
estabilidade, quando a falta dela causada pelo mau tempo( principalmente ventos
fortes).
Figura 18 Foto ilustrativa de um Petrel v-sheave modelo NW-56-SF

Fonte: Catalogo Petrel, disponvel no site oficial da empresa.

32

Equipamentos e tcnicas do cerco. Disponvel em:<http://purse-seining.over-blog.com/newtec>. Acesso em


Outubro de 2014.

51

4.1.6 TAMBOR DE REDE

Tambor de rede (Figura 19) um carretel de grande potncia, geralmente


hidrulico, no qual uma rede de arrasto ou uma rede de cerco enrolada nele para
realizar seu recolhimento da gua. um equipamento tpico em conveses de
traineiras destinadas a captura do salmo, como anteriormente mencionado.
Figura 19 Foto ilustrativa de uma rede de cerco enrolada no tambor de rede.

Fonte: Site oficial do Governo do Canad Segurana no transporte a bordo do Canad. 33

4.1.7 SARICO (BRAILER)

Nos anos 60 o uso do convencional sarico j estava bem desenvolvido na


Noruega, Islndia e Canad. De acordo com o autor Schmidt (1960) j naquela
poca era notvel que em poucos anos o sarico seria superado pelas bombas de
suco, em locais onde os peixes capturados teriam como destino a reduo
(farinha e leo). Para peixes como salmo e atum o autor acreditava que o mtodo
com sarico continuaria.
O sarico um pu de rede operado mecanicamente. Ele usado para
transferir a captura do cerco para o bordo da traineira, quando a rede j est
reduzida e encostada no costado da embarcao.

33

Disponvel em:< http://www.bst-tsb.gc.ca/eng/rapports-reports/marine/2002/m02w0147/m02w0147.asp>.


Acesso em Outubro de 2014.

52

O sarico possui um dispositivo chamado de brailer block e ele que sustenta


a base at o momento em que o fundo deve ser aberto para os peixes escoarem
para o poro de armazenamento.
Uma diferena entre os tipos de saricos existentes a presena ou no de
um cabo. Com o cabo a tripulao pode auxiliar no posicionamento desse apetrecho
ou ento ele poder necessitar de uma estrutura adequada na embarcao para
facilitar sua operao.
A figura 20 mostra a operao de recolhimento do peixe atravs de um
modelo de sarico sem o cabo e a imagem 21 sem o cabo.
Figura 20 Ilustrao da operao de recolhimento do peixe atravs de um modelo de
sarico sem o cabo. Modelo espanhol.

Fonte: Observer training Guidebook International Seafood Sustainability Foundation


ISSF.

Na pescaria de salmo , quando pequenas capturas so realizadas o peixe


trazido a bordo junto com a rede toda, sem o uso de sarico ou bomba.

53

Figura 21- Ilustrao da operao de recolhimento do pescado atravs de um modelo de


sarico com um longo cabo.

Fonte: Observer training Guidebook International Seafood Sustainability Foundation


ISSF.

4.1.8 BOMBA DE SUCO DE PEIXE

As bombas de suco de peixes possuem a mesma funo que os saricos e


so responsveis por desembarcar o pescado da rede de cerco e tambm transferilo da embarcao para o cais. Esse equipamento demanda menos esforo da
tripulao comparado com o sistema com sarico.
Uma mangueira conectada a bomba, que permanece no convs, esse
tubo/mangueira colocado dentro da bolsa formada pela rede de cerco e alm de
succionar os peixes, ele ir aspira gua. Aps passar por esta etapa, o pescado e a
gua passam por uma tubulao que os levar para o poro de armazenamento,
porm, antes chegar nele os peixes e a gua atravessam um equipamento para
retirar a gua, conhecido como separador de gua. O separador de gua se
assemelha com uma grelha, como pode ser visto na figura 23.
Algumas bombas de peixe criam uma presso positiva de gua para empurrar
o peixe e a gua da mangueira at o convs da traineira. Isto permite a utilizao de
mangueiras flexveis e leves que alm de serem fceis de manusear, podem ser

54

enroladas para o armazenamento, quando a bomba no est em uso (FAO34). A


Figura 24 mostra uma mangueira flexvel (na cor azul) posicionada dentro da rede
de cerco, antes do inicio da operao de suco do pescado.
Atualmente as bombas de suco de peixes so instaladas at mesmo em
classe de traineiras pequenas a mdias (18 m a 24 m). Assim como os outros
equipamentos as bombas vm se modernizando com o tempo, entre as inovaes e
atualizaes esto a busca por maior quantidade de peixe transportado pelo menor
tempo possvel, profundidade que a mangueira da bomba alcana e uma forma de
suco mais suave para no agredir o pescado.
A figura 22 apresenta um modelo de bomba que est venda pela empresa
Marco.
Figura 22 Foto ilustrativa de uma bomba para suco de peixes Modelo U882
CAPSULPUMP da marca Marco.

Fonte: Catlogo Marco

34

Fishing
Technology
Equipments

Fish
pump.
Disponvel
http://www.fao.org/fishery/equipment/fishpump/en>. Acesso em Outubro de 2014.

em:

<

55

Figura 23 Foto ilustrativa de um separador de gua usado em embarcaes de cerco


peruanas.

Fonte: Arquivo pessoal Gunther Fillies Araujo Chefe de Operaes de Frota.

Figura 24 Foto ilustrativa de Mangueira da bomba Capsule.

Fonte: Site oficial da empresa Marco.

4.1.9 GRUA

A grua um equipamento muito verstil, que pode ter diferentes funes para
a traineira durante a operao de pesca. Entre as utilidades, pode se citar:

56

(a) a instalao do rolo de estivador na extremidade da grua;


(b) descarga do pescado no cais atravs de algum suporte;
(c) retirada do peixe do cerco atravs do sarico instalado na grua;
(d) quando a rede de cerco j est reduzida, importante que a grua segure um lado
da rede para mant-la em uma posio alta, evitando a fuga dos peixes;
(e) operao de carga e descarga de redes e outros petrechos.

4.1.10 ROLO DE BORDA

Rolo de borda, enxugador ou roller (Figura 25) um rolo cilndrico, movido


hidraulicamente, posicionado sobre a borda falsa de um bordo da traineira. Sua
funo facilitar o recolhimento da rede de cerco, atravs do movimento de rotao
que conferido ao cilindro.
Parte da rede puxada pelo bordo com a ajuda do rolo de borda, diminuindo
o trabalho da tripulao e proporcionando que os cardumes fiquem concentrados em
um menor espao.
Figura 25 Foto ilustrativa de um rolo de borda em uma embarcao de cerco.

Fonte: Site oficial TH Marco.

57

4.1.11 PATESCA

Patesca (Figura 26) um equipamento de sistema de roldanas e polias


utilizadas com um cabo, formando ngulos retos. Tem por finalidade agregar fora e
capacidade ao guincho. Seu uso no exclusivo de embarcaes pesqueiras, sua
aplicao tambm est relacionada em ancoragem e guincho de veculos (Acro
Cabos de ao) 35.
Figura 26 Foto ilustrativa de uma patesca com olhal ou gancho

Fonte: Acro Cabos de Ao.

4.2 SISTEMAS DE ARMAZENAMENTO

4.2.1SISTEMA DE ARMAZENAMENTO POR GELO

Esse sistema muito utilizado quando se trata de pescarias curtas ou ento


para a pesca artesanal. Em Santa Catarina o uso do sistema de gelo est presente
em quase 100% das traineiras.

35

Site Acro Cabos de ao, produtor de patescas. Disponvel em:< http://www.acrocabo.com.br/patescapatescas.php>. Acesso em 17 de Outubro de 2014.

58

O principio dessa tcnica intercalar camadas de peixe e gelo no poro de


armazenamento. Os primeiros peixes inseridos no poro recebem o peso dos outros
pescados capturados, sobreposto tambm ao gelo, com isso parte da captura
danificada, principalmente aquela que est por baixo, resultando em perdas
significativas na produo.
Outro agravante que comumente visto nesse sistema, o fato das
embarcaes no possurem uma refrigerao que garanta a preservao do gelo.

4.2.2 SISTEMA DE REFRIGERAO PELA GUA DO MAR

Segundo Kelman (1977) h dois mtodos mais difundidos de arrefecimento


da gua do mar praticados em embarcaes pesqueiras, um atravs da refrigerao
mecnica e o outro atravs da adio de gelo.
CSW , geralmente, empregado quando se trata de gua do mar refrigerada
pela adio de gelo, enquanto a sigla RSW referente Refrigerated salt water
Refrigerao por gua do mar e pela ao mecnica.
O sistema RSW basicamente um mtodo de refrigerao utilizando o chiller,
que nada mais que uma mquina frigorfica, que opera atravs do ciclo de
refrigerao pela compresso do vapor.

Assim a gua do mar recirculada,

impulsionada, por bombas para o sistema de refrigerao e para os pores de


armazenamento.
Um tanque, geralmente o central, preenchido com gua do mar logo aps
deixar o porto. Essa gua deve ser resfriada pela planta de refrigerao at a
temperatura de 0C antes de o pescado ser posto a bordo.
Aps serem selecionados quantos pores sero necessrios para a operao
de pesca, eles sero preenchidos com ou 1/3 da gua do mar pr-resfriada
proveniente do tanque central. A gua em cada tanque ento circulada
continuamente para manter uma melhor temperatura na conservao do mesmo
(KELMAN, 1977).
A maioria dos sistemas RSW usam compressores de freon e trocadores de
calor a fim de manter o pescado em torno de -1C a -3C. Eles exigem muito menos
energia e despesas comparado com sistemas congeladores.

59

Geralmente, o RSW empregado em embarcaes pesqueiras que realizam


viagens relativamente curtas, limitadas por volta de 15 dias, dependendo da
qualidade que o mercado exige no produto capturado.

4.2.3 SALMOURA

O sistema de resfriamento atravs de salmoura permite o congelamento do


pescado. Nesse sistema a salmoura formada pela dissoluo do sal na gua que
circula o poro de armazenamento do pescado. Cerca de 1,3t de cloreto de sdio
so adicionados em 1 m, com isso a temperatura da gua salmourada pode
alcanar at aproximadamente -22C, sem congelar.
Segundo Craveiro (2009, p. 39) o congelamento do pescado ocorre atravs
da imerso do mesmo no poro de armazenamento, onde j se encontra o fluido
congelador (salmoura) em estado lquido e a baixa temperatura. O peixe em contato
com a salmoura perde rapidamente calor por conveco.
Os equipamentos empregados no sistema de congelamento por salmoura so
o compressor, separador, trocador de calor, condensador e bomba. A salmoura
arrefecida por serpentinas contnuas que revestem o interior dos pores e esto
vinculados com os compressores que recebem gs amonaco ou freon
(SPC/FISHERIES, 1989).
Aps o peixe estar congelado, a salmoura no necessita mais circular no
tanque. Sendo assim, alguns pores possuem um condensador na sua parte
superior ou ento o volume da salmoura no poro pode ser reduzido para 1/5 do seu
valor inicial.
As perdas relacionadas danificao do pescado nessa tcnica so mnimas.
A salmoura garante uma qualidade de conserva superior ao gelo, alm de
proporcionar que a qualidade seja mantida por muito mais tempo atravs do
congelamento. Esse sistema permite que as viagens de pesca sejam maiores e que
a embarcao possa desembarcar a captura em pocas de baixa oferta. Apesar
dessas vantagens, o pescado que congelado na salmoura geralmente apenas
adequado para o mercado de conservas.

60

4.2.4 SISTEMA DE CONGELAMENTO A SECO

Esse sistema tambm conhecido como blast freeze e pode conservar o


pescado, congelando-o at uma temperatura acima de -60C. Com isso o peixe
mantem uma elevada qualidade, sem haver problemas de penetrao do sal, como
acontece na salmoura (SPC/FISHERIES, 1989).
Geralmente esse equipamento destinado na conservao do atum e mais
comum em embarcaes que praticam o espinhel ao invs das traineiras.

4.3 REDE DE CERCO

De acordo com Prado e Dremire (1988) as redes de cerco apresentam


variaes quanto s caractersticas construtivas. No geral, elas possuem entre 900 e
1000 metros por 120 metros de altura (com a malha esticada), correspondendo a
uma altura real dentro da gua de aproximadamente 60 metros nas extremidades e
de 70 metros com a medio realizada no meio do comprimento da rede.
Na extremidade superior a rede formada por uma tralha de flutuadores que
permite que a rede no afunde, j a borda inferior construda de uma tralha de
chumbos (lastro). As tralhas permitem que a rede fique estendida na vertical,
formando uma espcie de parede (MELLO, 2003)
As anilhas so penduradas na extremidade inferior, prximo ao lastro como
pode ser visualizado na Figura 27. Como j mencionado, elas, juntamente com o
cabo de cerco e o guincho de cerco so responsveis por fechar a rede de cerco,
evitando a fuga do cardume.
A rea da rede onde a captura se aglomera conhecida como ensacador, na
qual constitudo por uma rede de fio mais espesso e em alguns casos, com menor
malhagem, por se tratar da zona onde concentra um maior peso e no pode haver
riscos de rompimento.

61

Figura 27 Principais elementos de uma rede de cerco

Fonte: Whitehead (1931)

4.4 EQUIPAMENTOS ELETRNICOS

Segundo as Normas da Autoridade Martima NORMAM, todas as


embarcaes de grande porte, ou seja, aquelas que possuem comprimento igual ou
superior a 24 metros devem portar a bordo um radar, ecobatmetro e um Sistema de
Posicionamento Global (NORMAM-03/DPC, seo III, Material de Navegao e
segurana para embarcaes).
H diversos equipamentos utilizados na deteco de cardumes disponvel
para que uma embarcao de cerco possa localizar com mais preciso os peixes.
Alguns desses sistemas no so necessrios em outros mtodos de pesca (WATT,
1986).

62

4.4.1 RADAR

Radares so equipamentos padro/obrigatrios de segurana e navegao


em qualquer navio de pesca, eles so especialmente benficos durante perodos de
visibilidade restrita e noite, pois indica objetos com possvel de risco de coliso,
como pedras, ilhas e outras embarcaes.
Esse instrumento realiza a varredura do que se encontra acima da linha
dgua prximo a embarcao.
O radar que possui uma antena aberta faz uma captao de longo alcance,
varredura em 360, captando o que est em volta. Quanto mais perto do objeto o
radar emite um sinal sonoro, no qual aumenta a sua intensidade conforme a
proximidade aumenta.
Segundo a senhora Marcela, embarcaes que viajam longas distncias
necessitam de radar de longo alcance, j a embarcaes que trabalham na orla no
h a mesma necessidade. O alcance necessrio do radar pode variar tambm com o
comprimento da embarcao, em geral, as maiores necessitam de maior alcance.
Radares com alcance de at 120 milhas so conhecidos como radares de
pssaro e so empregados em embarcaes que capturam atum. Eles procuram no
radar por bando de aves (gaivotas) que estejam sobrevoando a mesma rea por
determinado tempo, podendo indicar que naquela localizao encontra se algum
cardume de atum.

4.4.2 PILOTO AUTOMTICO

O piloto automtico faz com que a embarcao mova-se sem os comandos


do motorista. Um trajeto no GPS escolhido e ento o piloto automtico
conectado no GPS, fazendo com que a embarcao siga o rumo escolhido no GPS.
Com o piloto automtico o leme fica reto no deixando a embarcao ser
levada pela marola. Segundo a senhora Marcela, os mestres perceberam que com o
uso do piloto automtico foi possvel reduzir o custo do leo diesel de 20 a 30%.

63

4.4.3 GPS

O Sistema de posicionamento global conhecido popularmente como GPS


um sistema de navegao por satlite que transmite a um equipamento receptor a
posio na qual a embarcao se encontra. Alm de servir como localizador ele
altamente usado como navegador, traando as rotas de direcionamento que o
mestre estipula.
O GPS pode salvar localizaes e isso interessante para marcar pontos de
pesca, onde h incidncia de peixe ou lugares onde as pescaria conseguem
alcanar bons volumes de captura, por exemplo. Normalmente, podem ser salvas de
10 a 20 mil posies.
H aparelhos eletrnicos que podem exercer vrias funes em apenas um
equipamento, um exemplo a combinao de GPS com eco sonda.

4.4.4 ECO SONDA

Esse equipamento realiza a varredura no eixo vertical de reas da linha


dgua at o fundo do mar. O transdutor colocado no fundo do casco, ento
apenas nos lugares onde a embarcao navegar ser possvel ter a leitura da
sonda.
O tamanho do transdutor compatvel com a profundidade que pode alcanar
a leitura, ou seja, quanto maior o transdutor maior a altura do fundo do mar at a
superfcie do casco. Podendo variar de 100, 300, 600 metros, etc.
Atravs desse equipamento pode se identificar mantas de peixes, que esto
circulando abaixo do casco da embarcao, alm de superfcies que podem
comprometer a segurana a bordo, como pedras, superfcies rasas, corais, entre
outros.
Segundo Barros (2001) o funcionamento desse equipamento acontece a partir
de um pulso sonoro enviado do transdutor que refletido de volta a ele em forma de
eco quando bate em algum obstculo (pedra, fundo do mar, cardume).

64

4.4.5 NETSONDA

A netsonda tem o principio da eco sonda, com a diferena que o transdutor


colocado no cabo principal da rede e tem a finalidade de verificar a profundidade da
rede em relao ao fundo do mar (LINS, 2011).

4.4.6 SONAR

O sonar considerado o equipamento eletrnico mais importante para o


mtodo do cerco, pois ele detecta e localiza objetos imersos na gua atravs das
ondas sonoras que so refletidas deles.
O funcionamento se baseia no uso de um transdutor, localizado em torno da
traineira. Diferente da sonda esse transdutor gera a imagem no apenas na vertical
e sim em todos os eixos, proporcionando uma viso a 360 .
Em algumas traineiras pode haver dois ou trs diferentes tipos de sonar
funcionando ao mesmo tempo. Um dos motivos para sondar diferentes espcies,
segundo Watt (1986) peixes sem bexiga natatria (como a cavala e o atum) so
muito difceis de localizar com um sonar de baixa frequncia, j os peixes com
bexiga natatria (exemplo arenque e sardinha) no so bem visualizados em sonar
de alta frequncia.
Aps a visualizao do cardume fundamental que a traineira no se
aproxime muito do cardume, evitando que os peixes se agitem causando o seu
desagrupamento. O proeiro ou o comandante da pesca deve estar atento a quatro
pontos a partir do sonar:
i)

A profundida que os peixes se encontram;

ii)

A direo que o cardume est se movimentando;

iii)

A profundidade do fundo o mar no local da operao e

iv)

Tipo do fundo do mar

65

4.4.7 RDIO

O rdio utilizado para a comunicao entre os que possuem o mesmo sinal


do aparelho e tambm para a comunicao com a guarda costeira. Geralmente so
usados para avisar aos outros pescadores onde h bons volumes de pescado e para
pedidos de ajuda.
Para embarcaes costeiras usa-se o VHF, que alcana a distncia de at 20
milhas da orla. Embarcaes que navegam acima dessa distncia devem utilizar
rdio com sinal SSB no qual poder se comunicar at 120 milhas da costa. O sinal
intermedirio conhecimento como UHF, que funciona de 50 a 100 milhas.
Rdio VHF s pode se comunicar com rdios de sinal VHF, o mesmo ocorre
com o SSB. Sendo assim, rdio VHF no consegue se comunicar com o SSB.

66

5. ESTUDO DE CASO A

O estudo de caso A trata da situao da pesca de cerco, situao das


traineiras e a construo naval dessas embarcaes na regio do Vale do Itaja.
Para a realizao desse estudo de caso foram realizadas entrevistas com
pessoas atuantes em diferentes setores relacionados pesca industrial nos
municpios de Itaja e Navegantes. O nome fictcio dado aos entrevistados para
preservar sua privacidade foi listada no captulo 1.1.
Na entrevista com o senhor Joo foram levantados alguns pontos
relacionados pesca industrial na regio do Vale do Itaja. Segundo ele, grande
parte da frota pesqueira que atua nos estados do Rio de Janeiro, So Paulo, Paran
e Rio Grande do Sul realizam suas manutenes na regio. Os municpios de Itaja
e Navegantes possuem uma infraestrutura para fornecer esses servios e produtos,
como mo de obra, equipamentos, aparelhagem, redes, entre outros.
Atualmente os estaleiros que fabricavam embarcaes de madeira esto
trabalhando com reparos, de acordo com o Sr. Joo, realizando pequenos reparos,
os estaleiros ganham em volume. A construo de barcos em madeira de maior
porte est estagnada na regio, os motivos seriam com as licenas em relao
construo de novas embarcaes e o alto preo das madeiras nobres.
Os armadores esto optando pelo uso do ao naval ao invs da madeira, que
alm de poder alcanar comprimentos maiores , segundo o Sr. engenheiro Ricardo
as desvantagens nos cascos de madeira esto ligadas a baixa eficincia
hidrodinmica e tambm em relao porosidade que esse material possui,
facilitando a proliferao de bactrias.
Quando questionado sobre a defasagem tecnologia em relao s traineiras
construdas na regio, Sr. Joo mencionou acreditar que no est a nvel de
equipamentos eletrnicos e sim na cultura e poltica da pesca.
O Brasil no produz equipamentos eletrnicos para navegao e localizao
de cardumes. Em Itaja a empresa Radionaval faz a representao e assistncia
tcnica desses produtos, que so oriundos da Coreia do Sul, Japo e Estados
Unidos. Entre os equipamentos esto sondas, sonares, radares, GPS, pilotos
automticos, entre outros.

67

O proprietrio da Radionaval Eletrnica, Lindolfo Rosa Neto, viaja para pases


produtores de equipamentos eletrnicos navais a fim de trazer ao mercado brasileiro
novas tecnologias. Segundo Sra. Marcela, os equipamentos novos so testados,
antes de serem lanados no mercado, em uma embarcao prpria da empresa
com o propsito de averiguar o funcionamento no clima brasileiro.
s vezes so necessrias algumas modificaes ou adaptaes dos
equipamentos para o mercado brasileiro. Entre as j realizadas pela Radionaval
esto s tradues de GPS para a lngua portuguesa e o desenvolvimento de caixas
de proteo para os pilotos automticos de uma determinada marca.
As taxas para as importaes desses produtos eletrnicos navais so muito
altos, de acordo com a senhora Marcela cerca de metade do preo do produto de
compra proveniente dos custos de importao. esse o fator fundamental para a
introduo desses produtos no mercado brasileiro e no a falta de acesso a essas
tecnologias.

5.1 CARACTERISTICAS DAS TRAINEIRAS DA REGIO DO VALE DO ITAJA

A partir do Sistema Nacional de Informaes da Pesca e Aquicultura


SINPESQ mais especificamente o Registro Geral da Atividade Pesqueira - RGP foi
possvel levantar dados referentes s traineiras registradas na regio do Vale do
Itaja. O RGP um recurso do poder executivo que permite legitimar pessoas fsicas
e jurdicas exercendo a atividade pesqueira, assim como as embarcaes utilizadas
para esse fim.
Os grficos 4, 5, 6 e 7 retratam a situao das traineiras, registradas nos
municpios de Itaja, Navegantes e Porto Belo, atuantes em relao ao material do
casco, idade, comprimento, arqueao bruta (AB) e a potncia do motor. Para
identificar somente as traineiras utilizadas na pesca industrial foram consideradas
embarcaes com comprimento igual ou superior a 12 metros e AB superior a 20.

68

Grfico 4 Material do casco das traineiras com RGP referente aos municpios de Itaja,
Navegantes e Porto Belo.

Material do casco das traineiras da regio


do Vale do Itaja

62%
Ao
38%

Madeira

Fonte: Autor, baseado no RGP.


Grfico 5 Idade das traineiras com RGP referente aos municpios de Itaja, Navegantes e
Porto Belo.

Idade das traineras da regio do Vale do


Itaja
12%

6%
15%

5 >10 anos
10 20 anos
9%

29%

20>30 anos
3040 anos
40> anos

29%

Fonte: Autor, baseado no RGP.

69

Grfico 6 Arqueao bruta das traineiras com RGP referente aos municpios de Itaja,
Navegantes e Porto Belo.

Arqueao Bruta das traineras da regio do


Vale do Itaja
6%

6% 5%
0 - 50
51 - 100
101 - 150

32%

151 - 200

51%

201 -250

Fonte: Autor, baseado no RGP.


Grfico 7 Arqueao bruta das traineiras com RGP referente aos municpios de Itaja,
Navegantes e Porto Belo.

Potncia do motor das traineras da regio


do Vale do Itaja
0% 3%
9%
23%

14%

0100 HP
100>200 HP
200300 HP
300>400 HP
400500 HP

51%

Fonte: Autor, baseado no RGP.

500> HP

70

5.1.1 MTANOS SEIF

Foi realizada uma visita ao cais do JS Pescados, onde a traineira Mtanos Seif
do armador Jorge Seif estava atracada para a realizao de sua manuteno geral,
que ocorre a cada um ou um ano e meio.
O Mtanos Seif uma traineira que comeou a ser construda em 2006 e foi
inaugurada em 2008, no municpio de Itaja. O casco foi construdo de ao naval
dentro do Estaleiro Felipe no comando do Jeison Coninck. O Mtanos Seif foi
finalizado dentro do cais do JS Pescado que possui uma oficina prpria e contou
tambm com servios terceirizados.
Tabela 2 Informaes sobre a traineira Mtanos Seif.

Nome embarcao

Mtanos Seif

Ano de construo (entrega)

2008

Armador

JS Pescados / Jorge Seif

Comprimento total

35,7 m

Boca

9m

Calado

4m

Capacidade dos pores carga

180 t ou 240 m

Material do casco

Ao naval

Motor principal

Cummins KTA38 MO

Potncia

860 HP

Tripulao

19 tripulantes

Potncia motor (panga ou caco)

295,9 HP

Engenheiro responsvel

Andr Luiz Pimentel

Fonte: Autor.

O Mtanos Seif foi primeira traineira brasileira a usar o sistema de


refrigerao por Salmoura, anteriormente a ela apenas outras embarcaes que
pescam atum, em mtodos diferentes do de cerco. Apesar de j estar a seis anos
atuando em operaes de pesca uma das melhores e mais tecnolgicas traineiras
construda na Regio do Vale do Itaja.

71

A entrada do sistema de refrigerao por salmoura revolucionou a pesca de


cerco no Brasil, pois anteriormente a essa tcnica as embarcaes adotavam o gelo
para refrigerar o pescado, limitando a viagem de pesca da sardinha, por exemplo,
em apenas trs dias. A autonomia no mar da embarcao em relao ao sistema de
conservao aumentou consideravelmente.
A partir do Mtanos Seif outras traineiras adotaram esse mtodo para congelar
o pescado, entre elas Cabral VII, Leandro de Luis C e Alalunga V. Entretanto, essa
uma realidade distante para a grande maioria das traineiras, que ainda conservam o
pescado pelo gelo.
A operao de pesca de cerco realizada por essa traineira a mesma
descrita anteriormente, captulo 2. O recolhimento da rede de cerco atravs do
power block pode ser visualizada na Figura 28.
O Mtanos Seif se dedica a dois tipos de pescaria a da sardinha e a de outros
peixes, como por exemplo, corvina, xerelete e cavala. A diferena entre essas duas
capturas de pescados est relacionada com a rede (o seu tamanho e a malha):
(a) Rede para peixes (corvina, xerelete) excluindo a pesca da sardinha: 750 metros
de comprimento por uma altura de 120 a 150 metros. Malha 7 ou 5 cm . Fio 15 no
sacador.
(b) Rede para sardinha: 1.100 metros de comprimento por uma altura de 120 a 130
metros. Malha 12 mm (12 mm entre ns). Fio 48 no sacador.
Figura 28 Foto ilustrativa do recolhimento da rede de cerco no convs da embarcao
Mtanos Seif.

Fonte: Guto Kuerten.

72

Apetrechos de pesca do Mtanos Seif


Os principais equipamentos para a realizao da operao de cerco
instalados na traineira Mtanos Seif um power block, guincho de convs,
carregadeira, sarico , patesca e grua.
A patesca tem como funo iar o lastro da rede quando o mesmo se
encontra dentro do mar.
O guincho de convs utilizado quando a captura de cerco rpido,
utilizando o cabo de ao para percorrer entre as 92 anilhas da rede e depois ser
recolhido. Essa prtica comum em guas mais profundas quando necessita mais
resistncia e rapidez no reboque do cabo.
O guincho do convs foi fabricado na Hoffmann Metalrgica, em Itaja, a
pedido especial do armador, pois essa empresa no fabrica guinchos. A construo
foi baseada em um modelo de guincho espanhol j existente.
A carregadeira um tipo de guincho manual onde o cabo empregado
menos resistente, usado para cardumes menores, consequentemente mais leves,
que se encontram perto da superfcie e no necessitam de rapidez para o
fechamento do fundo da rede. A carregadeira e a grua tambm foram construdas
em Itaja, na antiga empresa Adilson Naval.
O power block foi construdo pela Merko, em Itaja, e possui motor radial
hidrulico de 100HP, roldana com 36 polegadas de dimetro, capacidade para
suportar at 8,5 toneladas e com velocidade de recolhimento de 10m/min. A
empresa Merko vende cerca de 5 power blocks por ano.
Equipamentos Eletrnicos Mtanos Seif
A pesca da sardinha geralmente ocorre no fim da tarde ou no comeo da
manh. A identificao do cardume ocorre, geralmente, atravs de um sonar,
localizado na sala de comandos como apresentado na Figura 29. No convs um
tripulante pode tentar visualizar o cardume a olho nu ou com binculo, para saber se
seu tamanho realmente considervel para a operao de cerco. Apesar de a
embarcao possuir uma torre de atum ela no utilizada para a localizao de
cardumes, segundo o senhor Rodrigo.

73

Figura 29 Sala de comandos Mtanos Seif, o primeiro aparelho eletrnico na esquerda da


foto o sonar.

Fonte: Guto Kuerten.

Os principais equipamentos eletrnicos de comunicao, navegao e pesca


so os seguintes:
(a) Dois Sonares Um deles o Furuno, modelo: CSH-5L. O sonar de maior
alcance do Mtanos atinge at 2 km, porm nessa distncia ele no funciona
muito bem. At 1000 metros de cobertura o ideal para o sonar operar;
(b) Dois GPS Um deles da marca Seiwa, modelo Seawave;
(c) Eco sonda capaz de operar com bom funcionamento at 100 metros.
(d) Radar marca Icom modelo 1000, com alcance at 8 milhas ou 12875 metros;
(e) Dois Rdios comunicadores Um rdio SSB Furuno FS-1503 e um rdio VHF.
(f) Piloto automtico Furuno modelo NAV500.

5.2 CONSTRUES DE NOVAS TRAINEIRAS

Na regio do Vale do Itaja esto em construo quatros embarcaes para a


pesca do cerco:
i.

Nabiha Jorge Seif

ii.

Trimar XVI

74

iii.

Trimar XVII

iv.

Ferreira XXVI

5.2.1 NABIHA JORGE SEIF

A Nabiha Jorge Seif a maior embarcao pesqueira j construda no Brasil, ela


ser destinada a pesca de atum e olhete pelo mtodo de cerco. Atualmente no
existem traineiras pescando atum, segundo o senhor Otvio (informao verbal)
uma modalidade nova para o Brasil. A tabela 3 fornece informaes sobre a traineira
Nabiha Jorge Seif.
Tabela 3 Caractersticas da traineira Nabiha Jorge Seif

Nome embarcao

Nabiha Jorge Seif

Ano de construo (entrega casco)

2014

Armador

JS Pescados / Jorge Seif

Comprimento total

42 m

Boca

10 m

Calado

4m

Capacidade dos pores (carga)

300 t ou 400m

Material do casco

Ao naval

Motor principal

2 Cummins de 650 HP

Autonomia

2000 milhas

Sistema armazenamento

Salmoura

Tripulao

20 tripulantes

Engenheiro Responsvel

Andr Luiz Pimentel

Fonte: Autor

A primeira etapa da construo terminou em Maio de 2014 e foi realizado dentro


das instalaes do Estaleiro Felipe pelo comando do senhor Jeison Coninck onde
foram construdos o casco e a casaria em ao naval.
A segunda etapa da construo ser realizada no cais da empresa JS Pescados,
conforme pode ser visualizado na Figura 30. Ainda no h uma previso precisa de

75

quando a traineira Nabiha Jorge Seif estar finalizada e pronta para comear a
operar. A Figura 31 mostra o convs da traineira com diversas entradas para o
poro de armazenamento e a casaria localizada a proa.
O panga da embarcao Nabiha Jorge Seif encontra-se finalizado como mostra a
Figura 32. Observa-se que o seu casco, na parte inferior, possui uma espcie de
suporte para facilitar a sua descida da popa da embarcao.
Figura 30 Foto ilustrativa da Traineira Nabiha Jorge Seif atracada no cais da empresa JS
Pescados.

Fonte: Autor, em Outubro de 2014.


Figura 31 Foto ilustrativa do convs e da casaria da Nabiha Jorge Seif

Fonte: Autor, em Outubro de 2014.

76

Figura 32 Foto ilustrativa do panga da traineira Nabiha Jorge Seif.

Fonte: Autor, em Outubro de 2014.

Os principais equipamentos de convs que sero instalados so o power


block, sarico, grua, guincho de convs.

5.2.2 TRIMAR XVI E TRIMAR XVII

As traineiras Trimar XVI e Trimar XVII encontra-se em construo (Figura 33,


34 e 35) dentro das instalaes do Estaleiro Felipe pelo comando do senhor Jeison
Coninck onde o casco est sendo soldado pelo processo de arame tubular, com
arame de dimetro de 1,2 mm e gs de proteo CO.
A tabela 4 fornece informaes sobre a traineira Trimar XVI.

77

Figura 33 Foto ilustrativa da construo da traneira Trimar XVI.

Fonte: Fonte: Autor, em Outubro de 2014.


Tabela 4 Informaes sobre a traineira Trimar XVI

Nome embarcao

Trimar XVI

Ano de construo (entrega casco)

2014

Armador

Jos Conca e Ramon Garcia

Comprimento total

34 m

Boca

8,6 m

Calado

4,15 m

Capacidade dos pores carga

178 m ou 237 m

Sistema armazenamento

Salmoura

Material do casco

Ao naval

Motor principal

Cummins de 650 HP

Tripulao

18 tripulantes

Autonomia

1000 milhas

Engenheiro responsvel

Andr Luiz Pimentel

Fonte: Autor

78

Figura 34 Foto ilustrativa da traineira Trimar XVI em construo.

Fonte: Autor, em Outubro de 2014.


Figura 35 Foto ilustrativa da traineira Trimar XVII em construo.

Fonte: Autor, em Outubro de 2014.

79

Outras caractersticas das traineiras Trimar XVI e XVII, segundo o senhor


Jeison Coninck:
(a) Casco quinado;
(b) Hlice com tubeira de velocidade;
(c) Eixo principal em inox com 7,5 metros de comprimento e 3 buchas de
apoio;
(d) Eixos intermedirios em ao carbono;
(e) Casa de mquinas na proa;
(f) Ir atuar principalmente na pesca da sardinha.

80

6. ESTUDO DE CASO B

O estudo de caso B tem como finalidade caracterizar a pesca de cerco em


pases estrangeiros e, principalmente, retratar as traineiras construdas e atuantes
nele.
A escolha do pas para anlise foi baseada em algumas especificaes que
sejam semelhantes ao Brasil, para haver coerncia na comparao entre as tcnicas
e os apetrechos que so utilizados dentro do mtodo de certo entre os pases.
Uma das especificaes foi espcie-alvo, pois no Brasil ainda no h
traineiras que praticam o mtodo de cerco em cardumes de atum. Essas traineiras
possuem como j mencionado, alguns recursos e caractersticas que no condiz
com a realidade brasileira, como exemplo: helicptero, lanchas rpidas e radares de
pssaro.
Outras especificaes estudadas foram:
(a) Espcie-alvo;
(b) Referncia para o Brasil;
(c) Reconhecimento no mundo.
Nesse contexto o Peru foi escolhido. Apesar de ser um pas menos
desenvolvido e possuir um PIB muito menor do que o Brasil, o Peru lder mundial
de produo no segmento da pesca de cerco (Revista Sindipi, 2014, ed. 63).
O grande potencial biolgico do mar peruano deu origem ao desenvolvimento
tecnolgico da indstria naval peruana, sustentada principalmente na construo de
navios tipo traineiras. (CHAVEZ; TACHIBANA; PIZARRO,)
Segundo o Boletim Estatstico da Pesca e Aquicultura (2009) o Peru encontrase entre os maiores produtores mundiais de pescado (provenientes da pesca
extrativa e da aquicultura) juntamente com a China, Indonsia e ndia. A produo
peruana alcanou aproximadamente sete milhes de toneladas e foi responsvel por
cerca de 1/3 da produo mundial de farinha de peixe. A maior parte do seu produto
exportada, 97% de pescados e 96% da produo de leo de peixe (MASUDA,
2009).
A anchoveta ou anchova a principal espcie-alvo na pesca pelo mtodo de
cerco no Peru. Esse peixe pelgico vive em grandes cardumes e apresenta

81

caractersticas semelhantes sardinha (principal espcie-alvo das traineiras


brasileiras).
Como no Brasil a pesca industrial de cerco peruana praticada por diferentes
tipos de embarcaes desde as de madeira at as de ao naval, com grandes
intervalos de comprimentos.
Segundo Cspedes (2003) as embarcaes traineiras industriais de mdio a
grande porte so fabricadas de ao naval. As de pequeno porte so de madeira e
so conhecidas como Vikingas.
Tabela 5 Diferenas entre as embarcaes industriais peruanas que praticam o mtodo do
cerco.

Traineiras

Mdio/Grande porte

Vikingas

Nvel de Organizao

Alto

Mdio/Baixo

Capital e Investimentos

Alto

Baixo

Artes da Pesca (Cerco)

Alto/mediana tecnologia

Baixa tecnologia

Projeto e Construo

Mtodos analticos

Mtodo tentativa e erro

Captura

Altos volumes

Mdio volume

Conservao

Refrigerao pela gua Gelo


do mar (RSW e CSW)

Fonte: Autor de acordo com Cspedes (2003).

Com desenvolvimento da indstria da farinha nos anos 60 e 70, o fluxo de


investimento pblico e privado no setor, facilitou o crescimento da frota e promoveu
a construo de plantas de processamento ao longo da costa (Come Anchoveta36).
A dcada de 60, segundo Chavez, Tachibana e Pizarro foi poca de ouro da
indstria naval peruana, onde foram construdos uma mdia de 70 navios por ano.
As embarcaes pesqueiras de ao, da modalidade de cerco, comearam a
ser construdas em 1963, com dimenses para acomodar 80 toneladas de anchova
ou sardinha nos pores. Oito anos mais tarde, em 1971, os pores alcanavam 350
toneladas (PISCOYA, 2004).
Nos anos 90, o Peru contou com diversos programas para promover a
modernizao da atividade pesqueira. Entre as aes esto planos de privatizao
36

Site amplo informativo sobre setores relacionados a anchoveta Come Anchoveta. Disponvel em:<
http://www.anchoveta.info/index.php%3Foption%3Dcom_content%26task%3Dblogsection%26id%3D0%26Ite
mid%3D9%26limit%3D10%26limitstart%3D40>. Acesso em 10 de Outubro de 2014.

82

do setor pesqueiro; potencializao das pesquisas pesqueira fortalecendo o Instituto


do Mar do Peru IMARPE; criao do Fundo Nacional de Desenvolvimento
Pesqueiro FONDEPES; entre outros (TAIRA, 2011).
Entre os planos desenvolvidos est o Apoio as Universidades com programas
Acadmicos de pesca, que teve como objetivo contribuir ao melhor desenvolvimento
das atividades acadmicas relacionadas a atividade pesqueira. Foram doadas 15
embarcaes de madeira, completamente equipadas para a navegao e para a
operao de pesca. Em 1996 foram 10 universidades contempladas com os barcos
pesqueiros (TAIRA, 2011).
Atualmente o mercado da indstria naval liderado pela empresa de
Servicios Industriales da la Marina - SIMA , como pode ser visualizado na Figura 36.
Essa empresa atua na construo e reparao naval desde 1945, sendo
responsvel pela construo de diversas traineiras. A primeira traineira construda
no SIMA foi no ano de 1954 e possua 22,6 m de comprimento, 5,6 m de boca e 2,92
m de pontal.
Figura 36 Ilustrao da diviso atual do mercado naval peruano.

Fonte: Chavez, Tachibana e Pizarro.

Foram fabricadas 80 embarcaes pesqueiras na Empresa SIMA, em dois


locais diferentes Sima Callao (SC) e Sima Chimbote (SCH), as Figuras 37 e 38
mostram o potencial peruano em relao construo de traineiras.

83

Figura 37 Lista de embarcaes pesqueiras construdas pela SIMA

Fonte: SIMA
Figura 38 Lista de embarcaes pesqueiras construdas pela SIMA

Fonte: SIMA.

84

6.1 SRIE INCAMAR

A ltima srie de embarcaes construdas no estaleiro SIMA destinadas


pesca de cerco Incamar I, II e III so consideradas as embarcaes mais velozes,
modernas e com maior capacidade de carga j fabricada no Peru. A Figura 39
apresenta a Incamar I.

Figura 39 Maior embarcao construda no Peru Incamar I.

Fonte: Estaleiro SIMA

Tabela 6 Informaes sobre a traineira Incamar I.

Nome embarcao

Incamar I

Ano de construo (entrega)

2011

Armador

COPEINCA SA

Comprimento total

77 m

Boca moldada

11 m

Pontal moldado

5m

Capacidade dos pores carga

800 m

Material do casco

Ao naval

Motor principal

Man Diesel Mod.:6I21/3-VBS

Potncia

1755 BHP

Tripulao

26 tripulantes

Fonte: Autor, baseado na Especificao Tcnica do Incamar I.

85

Apetrechos de pesca do Incamar I


Os seguintes equipamentos para a realizao da operao de cerco esto
instalados na traineira Incamar I:
(a) Guincho principal de pesca ITALMECAN WCE-35 com trs tambores e painel
de controle;
(b) Iador de rede (petrel) ITALMECAN IT-56 instalado a boreste;
(c) Posicionador de rede (power block) ITALMECAN IT-48 instalado na parte
central do convs ;
(d) Um guincho de corte ITALMECAN WF3 ER60A;
(e) Um guincho de atrito ITALMECAN WF - 16T;
(f) Uma bomba de pescado ITALMECAN modelo IT 3000, de 18 dimetro
(g) Um separador de gua desenhado de acordo com a capacidade da bomba,
com tubos de distribuio para os diferentes pores;
(h) Um carretel para acomodar as mangueiras da bomba de pescado de
acionamento hidrulico;
(i) Um guincho hidrulico ITALMECAN WM118-50 instalado no mastro para
manobrar a lana principal;
(j) Um guincho hidrulico ITALMECAN WHM-4-30 instalado no pau de carga
para iar a bomba absorvente;
(k) Duas gruas ITALMECAN GH20 2.5-8, com um brao de 8 metros capaz de
aguentar 2,5 toneladas.
Sistema armazenamento do Incamar I
O Sistema de armazenamento instalado na srie Incamar atravs de
resfriamento por gua do mar (RSW). A tabela 7 caracteriza esse sistema.
Equipamentos do sistema:
(a) Compressor de parafuso J.E HALL modelo VR 2.2 (1800 RPM);
(b) Condensador tipo casco e tubo AQUATERM modelo SF-CD-280;
(c) Recebedor de amonaco AQUATERM modelo TK 20-40;
(d) Refrigerador de gua AQUATERM modelo HSET 32-30/366;
(e) Bomba para refrigerante.

86

Tabela 7- Caractersticas do sistema de resfriamento RSW instalado no Incamar I.

Volume total dos pores resfriados

806,67 m

Nmero de pores

Volume de cada poro

100 m

Porcentagem de gua refrigerada

30%

Temperatura inicial da gua do mar

28C

Temperatura final da gua do mar

0C

Tempo de esfriamento

4 horas

Tipo de refrigerante

Amonaco

Fonte: Autor, baseado na Especificao Tcnica do Incamar I.

Equipamentos Eletrnicos Incamar I


Os principais equipamentos eletrnicos de comunicao, navegao e pesca,
em uso nas embarcaes da srie Incamar, so os seguintes:
(a) Um sonar FURUNO modelo FSV-30;
(b) Um sonar FURUNO modelo CSH-5L;
(c) Um eco sonda cientifico FURUNO modelo FCV-30;
(d) Um eco sonda de pesca FURUNO modelo FCV-1150;
(e) Um radar marinho FURUNO modelo FAR-2157;
(f) Um radar FURUNO modelo DRS 12A;
(g) Uma navegao Integrada NavNet 3D;
(h) Um auto piloto Nav pilot 7001;
(i) Um indicador de temperatura RD-30 FURUNO;
(j) Um rdio VHF FM-4000 FURUNO;
(k) Um rdio HF FS-2570 FURUNO;
(l) Um rdio HF FS-1503 FURUNO;
(m) Um correntmetro FURUNO CI-68.

87

7. RESULTADOS

Atravs das visitas e entrevistas as principais mudanas na regio do Vale


do Itaja, nos ltimos 15 anos, em relao construo de embarcaes pesqueiras
citadas pelos os entrevistados so:
a. Queda na construo de embarcaes pesqueiras de madeira e a
ascenso nas construdas de ao naval;
b. O sistema de conservao do pescado de gelo foi substitudo, em algumas
embarcaes, pelo sistema salmourador. Apesar dessa tecnologia j estar
presente, a grande maioria das embarcaes ainda conservam o pescado
no gelo;
c. Maior comprimento das embarcaes pesqueiras;
d. Evoluo nos aparelhos eletrnicos navais;
e. As embarcaes de cerco foram as que apresentaram maiores avanos
tecnolgicos (comprimento, material do casco, sistema de conservao,
equipamentos).
A Tabela 8 compara as caractersticas encontradas entre a traineira construda
no Vale de Itaja, Mtanos Seif, na qual referncia para outras embarcaes
brasileiras e a embarcao referncia no Peru, a Incamar I. As duas embarcaes
destacam-se em seu pas pelo seu comprimento, equipamentos utilizados,
capacidade de poro, produtividade.
Alm da tabela pode-se citar que as embarcaes peruanas esto muito
melhores equipadas tanto em equipamentos de convs, como em equipamentos
eletrnicos. Apenas um sonar da Marcar Furuno modelo CSH-5l est presente nas
duas embarcaes. Os equipamentos eletrnicos na embarcao Incamar I alm de
serem em maior quantidade, mostram-se ser superiores em termos de alcance e
preciso. Mtanos Seif no apresenta indicador de temperatura, eco sonda cientfico,
correntmetro e modelo de navegao em 3D aparelhos que o Incamar I possui.
Os equipamentos de convs no Incamar I so basicamente todos da marca
ITALMECAN I, do Peru. J os equipamentos de convs do Mtanos Seif so de
variadas empresas da regio do Vale do Itaja, onde algumas delas no produzem
mais o produto instalado na embarcao, como o caso da Hoffmann Metalrgica

88

que construiu o guincho. Outra empresa que construiu alguns equipamentos para a
traineira catarinense est sobre nova direo e no foi possvel obter mais
detalhamento.
Tabela 8 Comparao entre Mtanos Seif e Incamar I.

MTANOS SEIF

INCAMAR I

Mtodo de captura

Rede de cerco

Rede de cerco

Espcie-alvo

Sardinha

Anchoveta

Pas de construo

Brasil

Peru

Material do casco

Ao naval

Ao naval

Comprimento

35,7 m

77 m

Boca

9m

11 m

Calado

4m

5m

Capacidade de

180 t ou 240 m

800 m

Cummins KTA38 MO

Man Diesel 6i21/3-VBS

860HP

1755 HP

Tripulao

19-23

26

Power Block

Possui

Possui

Sistema Petrel

No possui

Possui

Sistema de conservao

Salmoura

RSW (gua do mar

armazenamento
Motor principal

refrigerada)
Sistema de recolhimento Sarico

Bomba de suco de

do pescado da rede

peixe

Equipamentos

Importados, alguns da

Importados, praticamente

eletrnicos

marca FURUNO

todos da marca FURUNO

Fonte: Autor.

89

8. CONCLUSO E SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS

8.1 CONCLUSO

Neste trabalho foi abordado desde um breve histrico da pesca seguido das
particularizaes entre a pesca artesanal e a industrial. Na pesca industrial o
assunto foi aprofundado e um resumo dos mtodos empregados foi apresentado. O
tema do trabalho abordou as embarcaes que praticam o mtodo de cerco em
geral, com foco nas construdas na regio do Vale do Itaja.
Foram estudadas no apenas as embarcaes pesqueiras, que praticam o
mtodo do cerco, peruanas e brasileiras. Durante o tempo dedicado ao projeto, s
embarcaes de cerco atuneiras e de outros pases foram consideradas, a fim de ter
conhecimento suficiente para escrever sobre os equipamentos de convs e
eletrnicos, sistema de refrigerao e mtodo de operao presentes nesse mtodo.
Apesar da regio do Vale do Itaja ser considerado como o principal polo
pesqueiro do Brasil, diversas lacunas so observadas nesse setor como: os
equipamentos eletrnicos e de convs estrangeiros que so altamente taxados pelo
governo, dificultando a entrada de novas tecnologias; a grande maioria das traineiras
operam com sistemas obsoletos de conservao do pescado ( base de gelo) ;
armadores com poucos recursos para investimentos; licena de embarcaes que
traz entraves em relao a novas construes; apenas um engenheiro naval
realizando os projetos de traineiras na regio.
Percebe-se que a construo de embarcaes pesqueiras no Vale do Itaja
ainda est fortemente ligada as tradies, com grande base em conhecimentos
empricos. Poucos indivduos conhecem os equipamentos que so utilizados em
outros pases, como por exemplo, o rolo triplo e o petrel, fato que confirmado
quando se observa os equipamentos que as traineiras industriais da regio utilizam,
que so sempre os mesmos (power block, guincho de convs e sarico).
J em 1973 o Peru construa embarcaes 10 metros maiores do que a
maior embarcao pesqueira atual brasileira. A tecnologia empregada tanto no
projeto quanto na produo est muito evoluda nesse pas. A embarcao Yara

90

construda em 1973 possui 51,5 metros de comprimento e 600m, enquanto a


embarcao brasileira Nabiha, que ainda no est pronta, e com 42 metros possui
em apenas 400 m para armazenagem. As traineiras peruanas optam mais pelo
sistema petrel ao invs do power bock, sistema RSW ao invs de salmoura e bomba
de peixe ao invs de sarico.
A maioria dos entrevistados reconhece que as embarcaes de cerco tanto
do estado de Santa Catarina, quanto s brasileiras possuem caractersticas
inferiores a de muitos pases estrangeiros, incluindo o Peru. As principais
caractersticas citadas foram em relao motorizao, ao comprimento total da
embarcao, alguns equipamentos (convs e eletrnicos) e a cultura de pesca.
Pelo fato desse tema ser muito pouco discutido no Brasil e no haver
materiais significativos produzidos aqui que este trabalho revela sua importncia.
Poucas pessoas conhecem sobre o assunto e muitos no fazem ideia do que est
sendo realizado para inovar as embarcaes existentes.

91

8.2 SUGESTES PARA FUTUROS TRABALHOS

O trabalho encaminhou-se para um carter informativo baseado atravs de


extensa reviso literria, visitas e entrevistas instrutivas para obter informaes
equivalentes a situao das traineiras da regio do Vale do Itaja. Para trabalhos
futuros, alguns temas podem ser mencionados:
-Projeto conceitual de uma embarcao traineira;
-Caracterizao da situao catarinense em relao aos outros mtodos de
pesca;
- Descrio sobre as caractersticas de segurana e conforto necessrios a
uma boa embarcao de pesca.

92

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103

ANEXO I

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA


Entrevista direcionada para armadores ou representantes do mesmo.
Entrevista para fins de Estudo de Caso, no trabalho de Concluso de
Curso da aluna Emanuelle Renck.

Nome do respondente: .................................................................................................


Funo ou cargo: .........................................................................................................

1- O senhor (a) presenciou alguma mudana na construo e no emprego de


tecnologias de pesca em embarcaes pesqueiras no Brasil nos ltimos 15
anos?
2- Quais os principais fatores responsveis pela estagnao da construo de
embarcaes pesqueiras na regio?
3- Em sua opinio as embarcaes pesqueiras industriais catarinenses
destinadas ao mtodo de cerco tem tecnologia suficiente para competir com
embarcaes estrangeiras?
4- No que o senhor (a) acredita que estas embarcaes poderiam melhorar?
5- O que o senhor (a) julga ter maior diferena entre as embarcaes
construdas no Vale do Itaja contra as estrangeiras?
6- Em sua opinio falta incentivo do governo no setor da pesca industrial?
Sobre a embarcao do mtodo de cerco presente em sua empresa/cais:
7- Nome (s) das embarcaes traineiras?
8- Ano de construo da(s) embarcaes?
9- Qual (is) capacidade de carga no poro? (tonelagem)
10-Qual o comprimento total, boca e calado da(s) embarcao (es)?
11-Qual o material foi utilizado na fabricao do casco?

104

12-Quais os equipamentos utilizados para realizar a operao de pesca? (power


block,

carregadeira,

rede,

sonar,

sonda,

etc.

So

manuais

ou

automatizados?
13-Qual a motorizao da embarcao?
14-Qual o sistema de transmisso utilizado na embarcao?
15-Qual a tripulao da embarcao?

(Exemplo: 1 cozinheiro, 1 mestre, 2

pescadores...)
16-Qual a autonomia da embarcao? Quanto tempo, geralmente, as viagens
duram?
17-Qual o sistema de armazenamento do pescado utilizado? (Gelo, salmoura,
RSW).

105

ANEXO II

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA


Entrevista direcionada para representantes e/ou funcionrios de
estaleiro.
Entrevista para fins de Estudo de Caso, no trabalho de Concluso de Curso da aluna
Emanuelle Renck.
Nome do respondente: .................................................................................................
Funo ou cargo: .........................................................................................................

1- H quanto tempo o senhor (a) trabalha na rea de embarcaes pesqueiras?


2- O senhor (a) presenciou alguma mudana na construo e no emprego de
tecnologias de pesca em embarcaes pesqueiras no Brasil nos ltimos 15 anos?
3- Quais tipos de embarcaes so/ foram produzidos no seu estaleiro?
4- Quais principais tipos de embarcaes de pesca foram ou so produzidos na regio
de Itaja (cerco, arrasto ou espinhel)?
5- O estaleiro construa integralmente a embarcao?
6- Quais os principais fatores responsveis pela estagnao da construo de
embarcaes pesqueiras na regio?
7- Qual o principal tipo de pesca desenvolvido pelas empresas da regio?
8- Em sua opinio as embarcaes industriais pesqueiras catarinenses destinadas a
pesca de cerco tem tecnologia suficiente para competir com embarcaes
estrangeiras?
9- No que o senhor (a) acredita que estas embarcaes poderiam melhorar?
10-Onde o senhor (a) acha so construdas as melhores embarcaes para a atividade
de pesca?
11-O que o senhor (a) julga ter maior diferena entre as embarcaes construdas no
Vale do Itaja contra as estrangeiras?
12-Em sua opinio falta incentivo do governo no setor da pesca industrial?

106

13-Para qual a modalidade de pesca o Estaleiro na qual o senhor (a) trabalha produziu
mais embarcaes?
14-Quais as principais caractersticas em uma embarcao de pesca comercial ?

107

ANEXO III

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA


Entrevista direcionada para engenheiros de embarcaes pesqueiras.
Entrevista para fins de Estudo de Caso, no trabalho de Concluso de
Curso da aluna Emanuelle Renck.
Nome do respondente: .................................................................................................
Funo ou cargo: .........................................................................................................

1. O senhor (a) presenciou alguma mudana na construo e no emprego de


tecnologias de pesca em embarcaes pesqueiras no Brasil nos ltimos 15 anos?
2. Quais os principais fatores responsveis pela estagnao da construo de
embarcaes pesqueiras na regio?
3. Em sua opinio as embarcaes industriais pesqueiras catarinenses destinadas
pesca de cerco tem tecnologia suficiente para competir com embarcaes
estrangeiras?
4. No que o senhor (a) acha estas embarcaes deveriam melhorar?
5. O que o senhor (a) julga ter maior diferena entre as embarcaes construdas no
Vale do Itaja contra as estrangeiras?
6. Quais foram os ltimos projetos de traineiras que o senhor (a) projetou? Essas
embarcaes foram ou esto sendo construdas?
7. Voc conhece as embarcaes de cerco Peruanas? O que o senhor (a) acha que as
difere das brasileiras?

108

ANEXO IV

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA


Entrevista direcionada para o engenheiro responsvel pela construo
das traineiras Nabiha Jorge Seif e pela srie Trimar (XVI, XVII).
Entrevista para fins de Estudo de Caso, no trabalho de Concluso de Curso da aluna
Emanuelle Renck.
Nome do respondente: .................................................................................................
Funo ou cargo: .........................................................................................................

Sobre o projeto das embarcaes:


Nabiha Jorge Seif
1. Qual o comprimento total, boca, calado da embarcao?
2. Qual a capacidade de carga armazenada? (tonelagem)
3. Qual tipo de ao foi utilizado na construo do casco?
4. Qual a motorizao da embarcao?
5. Qual o sistema de transmisso utilizado na embarcao?
6. Qual a tripulao prevista?
7. Qual a autonomia da embarcao?
8. Qual o sistema de armazenamento do pescado?
9. Quais os equipamentos utilizados para realizar a operao de pesca? (power
block, carregadeira, rede, sonar, sonda, etc ) So manuais ou automatizados?
10. O projeto da Nabiha foi o maior e mais tecnolgico que o senhor (a) j projetou
(considerando traineiras e barcos de pesca)?
Trimar XVI
11. Qual o comprimento total, boca, calado da embarcao?
12. Qual a capacidade de carga armazenada? (tonelagem)
13. Qual tipo de ao foi utilizado na construo do casco?
14. Qual a motorizao da embarcao?
15. Qual o sistema de transmisso utilizado na embarcao?

109

16. Qual a tripulao prevista?


17. Qual a autonomia da embarcao?
18. Qual o sistema de armazenamento do pescado?
19. Quais os equipamentos utilizados para realizar a operao de pesca? (power
block, carregadeira, rede, sonar, sonda, etc ) So manuais ou automatizados?

110

ANEXO V

Tabela montada pelo autor atravs dos dados do Sistema Nacional de


Informaes da Pesca e Aquicultura SINPESQ mais especificamente o Registro
Geral

da

Atividade

Pesqueira

RGP,

disponvel

em:

<

http://sinpesq.mpa.gov.br/rgp/>. As embarcaes listadas a seguir praticam o


mtodo de cerco e possuem registro nos municpios de Itaja, Navegantes e Porto
Belo (regio do Vale do Itaja).
Comprimento
[m]

AB

Potncia do
motor [HP]

Material do
Casco

Ano
construo

24,12

83

380

Ao

1984

28,8

127

425

Ao

1986

ALEXIA F

19,85

65

310

Madeira

1985

ANTONIO P. DOMINGOS

23,56

93

290

Ao

1985

ATENA F

27,6

141

425

Madeira

2007

CABRAL I

18,3

39

267

Madeira

1955

NOME
ABILIO SOUZA
ALALUNGA VI

CARLOS FRANCISCO I

22,2

95

325

Madeira

2006

DOM ISAAC XIII

24,12

109

350

Ao

1984

DOM MANOEL XVII

27,15

141

425

Madeira

2006

DOM MARCU S

25,5

121

380

Madeira

2006

EDSON MATHEUS III

22,9

84

360

Madeira

1984

EDUARDO ANTONIO F

26,38

108

425

Ao

1999

FERREIRA IX

17,37

58

310

Madeira

1984

FERREIRA XV

23,3

105

311

Ao

1984

FILHO DA PROMESSA F

22,4

78

290

Madeira

1985

21,44

21

325

Ao

1981

30,5

180

600

ao

2007

IPE III A
LEANDRO E LUIS C
LUIZ PAULO III

20,5

89

270

Madeira

2009

25,09

109

343

Madeira

1988

24,4

113

325

Ao

1985

25,09

109

343

ao

1988

PRIMAVERA XIX

28

158

409

Ao

2006

PRIMAVERA XX

27

145

409

Madeira

2006

RIOPESCA V

24,1

83

325

Madeira

1987

SEIVAL III

23,6

63

240

Madeira

1980

SONI C

27,3

112

360

Madeira

1978

26,38

106

425

Ao

1995

VELHO POCHO I

27,4

136

380

Madeira

2005

VICTORIA MAR

25,24

91

290

Madeira

1985

AGUIA DOURADA III

19,25

86

290

Ao

1984

MAR DE CORTEZ III


MARILIA I A
MOMM I

TATIANA F

111
AGUIA DOURADA XI

24,62

117

350

Ao

1991

AGUSTINHO DE CASTRO III

25,14

93

270

Madeira

1968

BOLIVAR IV

21

65,5

380

Ao

1974

CABRAL VII

28,4

152

550

Madeira

2006

24,66

95

343

Madeira

1967

FELIPPE JORGE

26,8

134

316

Madeira

1999

FERREIRA III

25,9

95

425

Madeira

1989

FERREIRA V

24,75

89

425

Madeira

1975

FERREIRA VI

18,72

65

290

Madeira

1974

FENIX Z

FERREIRA VII

23,4

81

325

Madeira

1974

FERREIRA VIII

22,75

60,3

335

Madeira

1971

FERREIRA X

17,28

58

290

Madeira

1983

FERREIRA XIII

19,14

99

290

Ao

1985

FERREIRA XIV

23,3

103

290

Ao

1985

FERREIRA XVI

19,14

99

290

Ao

1985

FERREIRA XXIII

23,7

89

370

Madeira

1987

FERREIRA XXVI

31

214

670

Ao

2011

FLOR DE LOTUS I

25,5

64

357

Madeira

1981

HIRO SHO

22,6

61

330

Madeira

1972

IPE IV

23,5

81

325

Madeira

1974

JAMAR

26,7

161

375

Madeira

1954

21,44

90

400

Ao

1974

AIO VICTOR

13,8

19,3

220

Madeira

1939

KOPESCA II

19,98

82

270

Madeira

1984

LAGUNA II A

24,4

113

345

Ao

1985

MANOEL ESPOGEIRO

25,4

109

350

Madeira

1986

MAR CASPIO I

23,15

61

320

Madeira

1970

MAR DE BETH

22,05

61

325

Madeira

1983

30,6

212

525

Madeira

2013

PRIMAVERA XVI

23,96

81

370

Madeira

1987

PRIMAVERA XVIII

25,09

98

335

Ao

1987

RIOPESCA VII

JOSE ANTONIO V

MATHEUS MARQUES

28,85

153

530

Madeira

2013

VERDE VALE IV

23

74

250

Madeira

1970

VICTORINHA MAR

12

18,2

180

Madeira

1984

VICTORINHA MAR I

13

16,5

115

Madeira

1984

35,7

231

850

Ao

2008

CRISTO REI

10

6,7

60

Madeira

1999

DANILO S

9,9

60

Madeira

2013

DOM MAEL II

10,38

15

90

Madeira

2013

ELIZANDRA II

10

4,5

24

Madeira

1984

J SANTOS

12

4,6

45

Madeira

1993

KOWALSKY VI

25,2

117

720

Ao

2001

MATHEUS S

15,5

28

180

Madeira

2003

12

9,1

75

Madeira

1998

MTANOS SEIF

NAMAR

112
PRINCIPE DA PAZ II

10,7

11

90

Madeira

2010

SEGUIMOS COM DEUS II

11,3

9,6

90

Madeira

2001

10,18

4,76

45

Madeira

1989

60

Madeira

2009

VIUVA NEGRA

8,5

18

Madeira

1993

VO CHICO I

12

90

Madeira

1986

V CHICO V

13,7

14,6

175

Madeira

1999

V ZICO

10,53

12

60

Madeira

2010

LEIXES I

30,46

212

380

Ao

2004

TATIANE III
UNIDOS SOMOS

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