Aquicultura PRAD
Aquicultura PRAD
Aquicultura PRAD
PPGEMinas UFPE
Recife, 2008
Ministrio da Educao
Universidade Federal de Pernambuco
Centro de Tecnologia e Geocincias
Programa de Pos-Graduao em Engenharia Mineral
PPGEMinas - UFPE
por
Recife, 2008
MESTRE EM ENGENHARIA
rea de concentrao: Minerais e Rochas Industriais
Linha de pesquisa: Gesto Ambiental na Minerao
por
Paulo de Tarso da Fonseca Albuquerque
Engenheiro de Pesca
2008
A345a
BCTG/2008-170
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, a Deus, por ter me dado fora e pacincia necessrias...
A meus pais, Paulo Pessoa e Alexandra da Fonseca, pelo amor, pela educao, pelo
companheirismo, pelos cuidados, e tambm pelas pisas, gritos e traumas, pois sem isso,
acho que eu seria uma pessoa bem pior. A meus irmos Paulo Filho e Paola pela
cumplicidade e verdadeira amizade. Yslane, pela compreenso, pelos bons momentos e
pela nossa filha.
Ao meu orientador e amigo Prof. Carlos Magno Muniz e Silva, por quem tenho profunda
admirao e respeito.
Sou grato aos professores Dr. Eugenia Cristina Gonalves Pereira (ex Co-orientadora) e
Dr. Niccio Henrique da Silva, pela extrema boa vontade e receptividade quanto ao
primeiro projeto de pesquisa. Tambm sou grato pela extrema compreenso destes
profissionais com relao substituio do tema anterior pelo atual.
Ao Sr. Clvis Carvalho da CPRH, pela ateno e s solcitas colaboradoras do arquivo, pela
presteza e disponibilizao de dados.
banca examinadora, pela contribuio intelectual.
UFPE/PROPESQ/CAPES, pelo auxlio financeiro durante os meses de vigncia do
mestrado.
Aos colegas e professores do PPGEMinas, pela convivncia acadmica.
Ao Departamento de Engenharia de Minas da Universidade Federal de Pernambuco,
funcionrios e colaboradores.
Obrigado!
SUMRIO
Lista de figuras
Lista de tabelas
Lista de terminologias
Lista de abreviaturas
Resumo
Abstract
1 INTRODUO
1.1 GENERALIDADES
2 REVISO BIBLIOGRFICA
10
15
30
30
31
37
45
53
63
63
68
75
5 CONCLUSES E SUGESTES
92
5.1 CONCLUSES
92
94
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
96
107
108
LISTA DE FIGURAS
Fig. 2.1.1 Fases da minerao e conseqente desativao (OLIVEIRA JNIOR, 2006). 08
Fig. 2.2.1 Taludes revegetados da cava da mina do Germano, Mariana MG
(SAMARCO, 2007).
13
14
16
Fig. 2.3.2 Exemplo das diferentes temperaturas de produo, com gua superficial e
com gua subterrnea proveniente das minas em West Virgnia/EUA(MILLER et al,
2002).
17
18
20
Fig. 2.3.5 Croqui do Layout dos viveiros da Collie Aquafarm (STORER, 2005).
21
Fig. 2.3.6 Vista area (imagem de satlite) da Pedreira Dimnor Parc, Pas de Gales
(GOOGLE, 2008).
22
Fig. 2.3.7 Vista panormica da pedreira Dimnor Parc, Pas de Gales (LAFARGE,
2007)
23
Fig. 2.3.8 Antiga Pedreira Dinmor Parc. Ao fundo, fbrica da Bluewater Flatfish Farm.
(GEOGRAPH, 2007).
23
24
Fig. 2.3.10 Piscicultura em tanques-redes ao largo da costa de Loch Fyne, parte norte
da pedreira (GEOGRAPH, 2007).
25
26
Fig. 2.3.11(b) Layout do Projeto Zawia Aqicultura sobre antiga pedreira (MUIR e
BERG, 1987).
26
29
31
37
39
Fig. 3.3.3 Lavra de argila no municpio do Cabo de Santo Agostinho e Jaboato dos
Guararapes, RMR.
42
42
Fig. 3.3.5 Frentes de lavra de granito/gnaisse para a produo de brita (a) e para a
produo de pedra de cantaria (b)
44
Fig. 3.4.1 Realidade do cenrio Formal dos empreendimentos mineiros de areia, brita e
argila na RMR e Goiana, perante os rgos Reguladores: DNPM e CPRH. (DNPM,
2007; CPRH, 2007).
53
Fig. 3.5.1 Quadro geral dos Mtodos de Recuperao Ambiental previstos em PRADs
de empreendimentos mineiros da RMR
54
56
57
60
Fig. 4.1.1 Principais espcies de cultivadas na regio nordeste (QUEIROZ et al, 2002)
64
65
66
67
68
70
73
78
81
82
83
Fig. 4.3.6 Cavas formadas pela lavra de argila, no municpio de Itapissuma, da RMR.
85
86
Fig. 4.3.8 Algumas cavas de pedreira podem ser utilizadas para a prtica da piscicultura
em tanques-redes.
87
Fig. 4.3.9 Cava da Pedreira Lidermac, em Jaboato dos Guararapes. Invivel para a
construo de viveiros.
88
Fig. 4.3.10 A cava da pedreira Guarany pode ser aproveitada para piscicultura em
tanques-redes, devido sua lmina dgua e proximidade com o rio Jaboato.
89
LISTA DE TABELAS
TABELA 2.1.1 Descrio das principais etapas da minerao (DNPM, 1995;
adaptado).
11
12
30
35
39
41
43
62
71
71
76
77
91
LISTA DE TERMINOLOGIAS
Aqicultura: cultivo ou criao de organismos aquticos algas, peixes, moluscos,
crustceos e outros em gua doce ou salgada;
Aqfero: meio sedimentar poroso ou rocha fraturada, dotado de permeabilidade, capaz de
liberar gua naturalmente ou por captao artificial;
Biomassa: peso total de matria viva (ex. peixes) num espao delimitado (ex. viveiro);
Carcinicultura: cultivo comercial de crustceos decpodes (ex. camares);
Degradao ambiental: processo gradual de alterao negativa do ambiente resultante de
ao antrpica que pode causar desequilbrio e destruio, parcial ou total, dos
ecossistemas;
Elementos-trao (metais pesados): elementos qumicos encontrados em pequenas
quantidades que, em maiores concentraes, apresentam efeitos adversos sade humana;
Esturio: poro final de um rio sujeita aos efeitos sensveis das mars;
Eutrofizao: enriquecimento excessivo da gua com nutrientes, causando proliferao
excessiva de microorganismos que deterioram a qualidade da gua;
Lagostim: crustceo decpode semelhante lagosta, marinho ou de gua-doce;
Limnologia: estudo de fenmenos biticos e abiticos relativos aos corpos de gua doce;
Manguezal: ecossistema costeiro tropical dominado por flora e fauna tpicas adaptadas a
um substrato periodicamente inundado pelas mars, com grandes variaes de salinidade;
Ordenamento pesqueiro: conjunto harmnico de medidas que visam expandir ou
restringir uma atividade pesqueira, de modo a se obter sustentabilidade no uso do recurso
explorado;
Ostreicultura: cultivo de ostras;
Passivo ambiental: condies impostas e impactos decorrentes de atividades e/ou
processos industriais, minerrios, agrcolas, urbanos, entre outros;
Piscicultura: cultivo de peixes em cativeiro;
Poliquetas: classe de vermes aneldeos, geralmente marinhos, utilizados na alimentao de
espcies aqcolas;
Raceway: sistema de cultivo intensivo. Consiste em tanques com alto fluxo de renovao
dgua e operam com uma ou mais trocas totais de gua por hora;
Truticultura: cultivo de trutas;
Viveiro: reservatrio de gua utilizado no cultivo de espcies aquticas.
LISTA DE ABREVIATURAS
ABCC: Associao Brasileira de Criadores de Camaro
AIA: Avaliao de Impacto Ambiental
APP: rea de Proteo Permanente
CONDEPE/FIDEM: Agencia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco
CPRM: Servio Geolgico do Brasil
CPRH: Companhia Pernambucana de Recursos Hdricos Agncia Estadual de Meio
Ambiente e Recursos Hdricos
DNPM: Departamento Nacional de Produo Mineral
DQO: Demanda Qumica de Oxignio
EIA: Estudo de Impacto Ambiental
FAO: Food and Agriculture Organization of the United Nations
FDA: Foods ando Drugs Administration
GAA: Global Alliance Aquaculture
IDH: ndice de Desenvolvimento Humano
IDH-M: ndice de Desenvolvimento Humano Municipal
IET: ndice de Estado Trfico
NPDS: Sistema Nacional de Eliminao de Descargas Poludas (EUA)
PCA: Plano de Controle Ambiental
PGIRS: Plano de Gerenciamento Integrado dos Resduos Slidos
PRAD: Plano de Recuperao de reas Degradadas
RAD: Recuperao de reas Degradadas
RCA: Relatrio de Controle Ambiental
RIMA: Relatrio de Impacto Ambiental
RMR: Regio Metropolitana do Recife
RESUMO
Atualmente, a Indstria Mineral, em virtude de polticas conservacionistas e das crescentes
exigncias sociais, busca enquadrar o setor nos modelos de sustentabilidade scioambiental. Para tal, conta com complexos sistemas de gesto ambiental que possibilitam a
criao de condies adequadas (recuperao) ao uso futuro (reabilitao) da rea explotada
(degradada). Entre as diversas alternativas de reabilitao ambiental para as cavas inundadas
resultantes da lavra a cu aberto, a aqicultura vem destacando-se no Brasil e no mundo.
Para as reas de estudo (Regio Metropolitana do Recife RMR e o municpio de
Goiana/PE) tal realidade pode ser comprovada mediante o levantamento acerca dos
planejamentos de recuperao ambiental previstos em PRADs (Plano de Recuperao de
reas Degradadas) mineiros, onde a aqicultura contemplada em 19% dos PRADs
mineiros da RMR e 43% dos PRADs do municpio de Goiana/PE, entre os anos de 2003 e
2007. Assim, o presente trabalho (Dissertao) consiste de uma anlise preliminar das
alternativas viveis de aqicultura voltadas para a reabilitao das reas mineradas de
agregados (areia, argila e brita) localizadas nas reas de estudo, atravs da reutilizao
sustentvel das cavas, vislumbrando a insero social (gerao de emprego & renda) das
comunidades circunvizinhas e/ou ribeirinhas. Em sntese, as alternativas de aqicultura
passveis de reabilitao ambiental para as reas de estudo so classificadas quanto aos
nveis preliminares de exeqibilidade, considerando os condicionantes naturais (abitico,
bitico e social) e tecnolgicos disponveis. Pela prpria vocao geolgica, os areeiros da
RMR e Goiana/PE so favorveis quanto exeqibilidade tcnica e econmica para
implantao de piscicultura e carcinicultura, marinha e de gua-doce. O cultivo de peixes e
camares marinhos economicamente vivel apenas para areeiros costeiros. A ostreicultura
mais indicada para leitos de rios dragados em zonas estuarinas. Para as minas de argila, a
piscicultura e carcinicultura com espcies de gua-doce podero ser viveis, entretanto, para
o cultivo de organismos marinhos no h viabilidade econmica. A ausncia de pedreiras
prximas costa inviabiliza a utilizao de cavas para piscicultura e carcinicultura marinha.
A ostreicultura desaconselhvel para as mesmas. Em se tratando de piscicultura e
carcinicultura de gua-doce, cavas inundadas e inundveis de pedreiras da RMR
apresentam-se favorveis implantao de projetos aqcolas. Em virtude das questes
supracitadas, pode-se concluir que a aqicultura desponta como forma sustentvel de uso
seqencial e produtivo do solo para as reas de estudo.
Palavras-chave: reabilitao ambiental, aqicultura, minerao de agregados.
ABSTRACT
Currently, the Mineral Industry seeks to support the sector in models of social and
environmental sustainability, because of conservation policies and increasing social
demands. To this end, with complex environmental management systems that enable the
creation of appropriate conditions (recovery) for future use (rehabilitation) of the exploited
area (degraded). Among the various alternatives for environmental remediation for flooded
pits from the raging in the open, highlighting the aquaculture comes up in Brazil and the
world. For the areas of study (Recife Metropolitan Region - RMR and Goiana/PE city) this
reality can be proved by the survey about the planning of environmental recovery expected
in RDAPs (Recovery of Degraded Area Plan) mining, where aquaculture is contemplated in
19% of the RMR RDAPs miners and 43% of the city of Goiana/PE RDAPs, between the
years 2003 and 2007. Thus, this work (Dissertation) is a preliminary analysis of viable
alternatives for aquaculture aimed at the rehabilitation of mined areas of aggregates (sand,
clay and crushed stone) located in the study areas, through sustainable reuse of pits, seeing
the insertion social (generation of employment & income) of the communities surrounding
and/or riverine. In summary, the alternatives of aquaculture likely to environmental
remediation for areas of study are classified acording to the level of preliminary feasibility,
considering the natural limitations (abiotic, biotic and social) and technology available. For
the geological own vocation, the megrims of the RMR and Goiana/PE are favourable as
the technical and economic feasibility for deployment of fish and shrimp farming, marine
and fresh-water. The cultivation of marine fish and shrimps is economically viable only for
coastal megrims. The oyster farming is more suitable for beds of rivers dredged in estuarine
areas. Concerning the clay mines, fish and shrimp farming with fresh-water species may be
viable, however, cultivation of marine organisms there is no economic viability. The
absence of quarries near the coast makes the use of pits to marine fish and shrimp farming.
The oyster farming is inadvisable for them. When it comes to freshwater fish farming and
freshwater shrimp farming, flooded pits and flooded quarries of the MRR present
themselves in favour of the deployment of aquaculture projects. Because of the issues
mentioned above, one can conclude that the aquaculture arises as a sustainable use of
sequential and productive soil in the areas of study.
Keywords: environmental rehabilitation, aquaculture, aggregates mining.
1. INTRODUO
1.1 GENERALIDADES
A minerao como atividade industrial indispensvel manuteno do nvel de
qualidade de vida e progresso da sociedade moderna. Atribuindo caractersticas vivas aos
inanimados minerais, podemos dizer que os mesmos ajudaram a definir os rumos da
histria, garantido a supremacia dos povos que souberam melhor utiliz-los.
Os Bens Minerais, extrados e tratados pela Indstria Mineral, so imprescindveis
para a grande maioria dos setores produtivos da economia mundial, possuindo incontveis
usos e aplicaes. O desenvolvimento tecnolgico para o setor, associado ao crescimento
da demanda mundial por tais recursos como resposta s exigncias da modernizao scioeconmica, a Indstria Mineral, alm de extrair recursos naturais progressivamente,
proporciona agresses aos limites de tolerncia dos ecossistemas, reprimindo e eliminando
espcies de natureza viva, reduzindo, portanto, a biodiversidade (ALTVATER, 1995).
Outrossim, Ripley et al (1996) reafirmam que os efeitos ambientais da minerao esto
associados ao conjunto de etapas inerentes ao processo produtivo, sendo boa parte destes
efeitos, adversos. Brandt (1998) afirma que os impactos negativos da minerao so muitas
vezes irreversveis.
A magnitude dos impactos gerados pela Indstria Mineral mundial foi estimada por
Wellmer e Becker-Plate (2001), que quantificaram a movimentao total de material slido
no planeta em cerca de 72 bilhes de metros cbicos anuais, sendo que 35 bilhes de
metros cbicos so movimentados pelo ser humano. Destes, a minerao a maior
responsvel, movimentando cerca de 17,8 bilhes de metros cbicos por ano.
O processo de extrao mineral promove profundas alteraes no ambiente, sendo
capaz de modificar o relevo, a paisagem, os aqferos, os cursos dgua, a flora, e
conseqentemente, a fauna. A minerao pode ser considerada como um agente estressor,
alterando o equilbrio do ecossistema, que passa a se expressar de maneira anormal. A NBR
13030, especfica para minerao, define rea degradada como rea com diversos graus de
alterao dos fatores biticos e abiticos, causados pelas atividades de minerao, (ABNT,
1993). Tal alterao afeta a complexidade, o funcionamento e a estabilidade de um
ecossistema que pode ter passado milhares de anos para chegar a seu estado clmax
(ODUM, 1988).
(ii)
(iii)
2. REVISO BIBLIOGRFICA
2.1
INDSTRIA
MINERAL:
DEFINIES,
ETAPAS
PECULIARIDADES
ii.
iii.
iv.
v.
Desenvolvimento
Lavra
Beneficiamento
Desativao
DESCRIO
Consiste na procura pelos Minerais a serem explorados.
Estudo das propriedades e caractersticas fsicas, qumicas, mineralgicas,
tecnolgicas, mercadolgicas e viabilidade econmica do mineral descoberto na
fase de prospeco.
Planejamento, preparao e organizao de toda a infra-estrutura necessria para a
explotao dos recursos minerais. a etapa que antecede a lavra.
a fase de explotao e aproveitamento industrial da jazida. Constitui a minerao
propriamente dita. Divide-se em: desmonte / escavao, carregamento e
transporte dos minerais para as unidades de beneficiamento.
Altera as condies fsicas, qumicas e fsico-qumicas dos minerais, de forma a
atender s especificaes requeridas pelo setor industrial e mercados. Compreende
o tratamento, cominuio e concentrao do minrio.
Encerramento de todas as atividades inerentes minerao, de forma temporria
ou permanente. Geralmente ocorre devido exausto da jazida, a fatores
mercadolgicos, econmicos, ambientais ou legais. Essa etapa deve estar prevista
em um Plano de Desativao de Empreendimentos Mineiros PDEM, ou Plano
de Fechamento, devendo incluir a recuperao da rea degradada como medida
compensatria, tornando-a apta para o uso futuro sustentvel e econmico.
levando em considerao,
ao mesmo tempo, as
Viabilidade
NO
SIM
Lavra
Beneficiamento
Mineral
Cavas, rea de
subsidncia e
pilhas
Bacias ou
Barragens de
Rejeito
Fase I
Prdesativao
Recuperao
das reas
degradadas
Deciso de Desativao
Descomissionamento
Fechamento
Manuteno
Ps-fechamento
Fase II
Reabilitao
ambiental
das reas
degradadas
ii.
iii.
iv.
v.
vi.
vii.
10
ix.
x.
2.2
11
CONCEITO DE RECUPERAO
Qualquer alternativa, exceto recriao da topografia original e restabelecimento
das condies prvias do uso do solo.
Retorno parcial ou total da superfcie s condies ambientais.
Processo em que se criam as condies de adequao a um novo uso e de
ambiente saudvel.
Estabelecimento do uso do solo compatvel com o ambiente circunvizinho e
com as diretrizes de planejamento.
Projeto planejado de uso do solo.
Processo que deve considerar o ambiente natural e cultural da regio
circunvizinha e obter um uso do solo gerencivel e sustentvel.
Retorno do stio a um uso de acordo com plano prvio e em conformidade
com a vizinhana.
Processo em que se busca reversibilidade total ou parcial do ecossistema
Procedimento de minimizao de impactos ambientais de acordo com plano
prvio.
Processo de reparao dos impactos ambientais, com reconstruo de uma
superfcie estvel do solo e revegetao ou instalao de outro uso do solo.
Aplicao de tcnicas de manejo, tornando uma rea apta a um uso do solo
produtivo e sustentvel, em equilbrio dinmico (fsico, qumico e biolgico)
com a circunvizinhana.
12
Caractersticas
Medidas Tcnicas
Estabilidade Fsica
Segurana
Restringir o acesso s
reas perigosas;
Prever acesso de
emergncia para a
gua;
Prevenir rupturas
inclinadas nos taludes;
Controlar a descarga
de sedimentos, se
necessrio
Estabilidade Qumica
Drenagem cida e/ou lixiviao de metais
Regular a qualidade de
gua (coletar gua e
instalar drenagens)
Controlar as reaes de
inundao; Cobrir para controlar
as reaes e/ou migrao;
Coletar e tratar; Instalar
drenagens.
Recuperar a superfcie
igual original ou
outra alternativa de uso
aceitvel; Restabelecer
as drenagens
13
c)
d)
e)
f)
g)
III- drenagem;
IV- adequao paisagstica e topogrfica e
V- revegetao;
Programa de acompanhamento e monitoramento;
Planta atualizada na qual conste a situao topogrfica atual das reas a serem
reabilitadas;
Aptido e uso futuro da rea;
Apresentar mapas, fotografias, planilhas e referncias bibliogrficas e
Cronograma fsico e financeiro do plano de reabilitao.
O Plano de Recuperao de reas Degradadas PRAD, a ser detalhado mais
14
Um exemplo tcnico, porm inovativo na diversificao de usos de reas psmineradas o estdio municipal de Braga, em Portugal (Figura 2.2.2 b), concebido como
alternativa de reabilitao ambiental de uma antiga pedreira urbana (SKYSCRAPERCITY,
2008). A recuperao e posterior reabilitao ambiental, em alguns casos, superam o estado
original da paisagem antes da minerao, resultando principalmente no melhoramento da
esttica do local em relao ao estado original (AMBIENTEBRASIL, 2007). Ou seja, a
minerao traz a formao de paisagens que podem ter um uso seqencial para recreao e
lazer, como o caso do lago do Parque Municipal do Ibirapuera (SP), local de antigo areeiro
(BITAR, 1997). O mesmo mostrado na Fig.2.2.3.
15
2.3
rea aps explotada tenha novos usos conforme exigncias legais. Tais exigncias
geralmente implicam em uso seqencial e sustentvel da rea. A escolha da aqicultura
como forma de reabilitao justificvel pela crescente importncia da mesma na produo
de protenas de origem animal. Ds e Shaw (1999) atribuem o papel futuro da aqicultura
na produo de alimentos:
[...] possvel que a aqicultura seja capaz de suprir
algumas das demandas crescentes por protenas e relacionese reduo na demanda por cereais; contudo, nosso
conhecimento da aqicultura futura sempre mais incerto
que o da agricultura tradicional em solo. Todavia, nenhuma
tentativa foi feita para examinar este aspecto do problema.
Embora a assertiva de Ds e Shaw (1999) no tenha explorado a eficcia da
aqicultura como alternativa possvel problemtica alimentar do porvir, compensa por
evidenciar a impossibilidade de uma previso exata da produo futura de alimentos. Ainda
segundo a literatura, a previso da capacidade futura da produo mundial de alimentos
constitui uma preocupao real por motivos bvios: o crescimento acelerado da populao
mundial e o aumento da degradao ambiental. Como as projees para o crescimento da
populao mundial so maiores do que para a produo, haver aumento da demanda, com
conseqente tendncia de elevao do preo do pescado em todo o planeta (DS e
SHAW, 1999).
A FAO (2006) estima que a produo pesqueira mundial at 2020, para fins de
consumo humano, cresa cerca de 40%, saindo das atuais 100 milhes de toneladas,
aproximadamente, para cerca de 140 milhes. A maior parcela desse crescimento advir da
16
aqicultura, que dever responder por quase a metade do pescado consumido pela
humanidade (FAO, 2006). O aumento da aqicultura na produo mundial de pescados,
entre os anos de 1950 e 2000, mostrado na Fig.2.3.1.
17
Fig.2.3.2. Exemplo das diferentes temperaturas de produo, com gua superficial e com
gua subterrnea proveniente das minas em West Virgnia/EUA (MILLER et al, 2002).
Segundo Miller et al (2002) , em West Virgnia a aqicultura representa o nico
caminho para o desenvolvimento econmico de reas rurais prximas a minas fechadas
(ver Fig.2.3.3). Em seus estudos, Miller et al (2002) perceberam que as reas com altas taxas
de desemprego esto prximas das reas mineiras com alto fluxo/vazo de gua, ou seja,
reas ideais para implantao de aqicultura.
A qualidade da gua oriunda de minas de carvo muito influenciada pela qumica
do depsito do carvo e geologia local. O que ocorre que nas terras ao sul de W.V, os
depsitos de carvo possuem baixos nveis de enxofre e ferro (Pirita-FeS2) e as guas
subterrneas dessas minas podem ser utilizadas com o mnimo, ou nenhum tratamento.
18
padres
de
segurana
alimentar
da
FDA
(FOOD
AND
DRUGS
19
20
(b) Raceways
(c) Tanques-redes
21
Fig. 2.3.5. Croqui do Layout dos viveiros da Collie Aquafarm (STORER, 2005).
Outro exemplo bastante peculiar ocorreu em Appley Bridge (Inglaterra). Neste, a
rea mineral foi utilizada de forma indireta. Duas antigas pedreiras de arenito, aps fase de
exausto, foram destinadas como reas de aterro sanitrio. Em ambas as reas, o elevado
contedo orgnico e alto teor de umidade dos resduos ocasionaram a produo de gs de
aterro (biogs). O gs era utilizado como combustvel para geradores eltricos e os rejeitos
trmicos provenientes das mquinas foram utilizados como fonte de calor a uma
piscicultura vizinha (CADDET, 2007).
Em pases economicamente pobres, a aqicultura tambm tem contribudo para o
desenvolvimento local. Em Gana, devido ao alto nmero de lagoas formadas por cavas
inundadas e abandonadas pela minerao, o Ministrio de Pesca de Gana em parceria com
a FAO, avalia maneiras de converter tais reas em parques produtores de peixes (FAO,
1982).
Como decorrncia do processo de Fechamento de Mina, as comunidades que
vivem em reas de minerao devem se adaptar a novos meios de obteno de fontes de
renda. Nesse caso, a criao de peixes em tanques-redes tornou-se uma opo rentvel e
mitigadora dos impactos scio-econmicos do descomissionamento mineral em Gana
(FAO, 1982).
Decorrente das extensas buscas em stios da internet e no levantamento da
literatura impressa levantamento bibliogrfico pde-se constatar que em alguns locais do
mundo, em especial nos pases do Reino Unido, pedreiras desativadas prximas costa tm
22
Fig. 2.3.6. Vista area (imagem de satlite) da Pedreira Dimnor Parc, Pas de Gales
(GOOGLE, 2008).
Durante anos aps o encerramento da atividade, a Lafarge Aggregates deu incio
aos trabalhos de recuperao ambiental da pedreira, incluindo a remoo do cais e demais
instalaes. Para compensar a falta de solo, grande parte das reas da pedreira e de seu
entorno foram cobertas com rochas pulverizadas para promover o crescimento vegetal
(LAFARGE, 2007). A figura 2.3.7 mostra a vista panormica do empreendimento mineiro:
23
Fig. 2.3.7. Vista panormica da pedreira Dimnor Parc, Pas de Gales (LAFARGE, 2007).
Alm da criao de um parque natural, foi concebida a primeira piscicultura
marinha em terra firme de que se tem notcia, realizada pela Bluewater Flatfish Farms Ltd
(Fig. 2.3.8), filial do grupo grego Selonda (SELONDA, 2007) multinacional da
aqicultura. Todas as etapas de produo, desde a incubao ao beneficiamento, so
efetuadas na rea da antiga pedreira. Os peixes so criados isolados em grandes tanques
com gua do mar, eliminando qualquer risco de evaso e contaminao (CCE, 2006).
Fig. 2.3.8. Antiga Pedreira Dinmor Parc. Ao fundo, fbrica da Bluwater Flatfish Farm.
(GEOGRAPH, 2007). Foto: Eric Jones, 2008.
Com o sucesso, a piscicultura ajudou a restaurar a aparncia natural da rea,
estimulando a economia local (LAFARGE, 2007). Em 2002, primeiro ano de operao, a
24
fazenda possua apenas sete funcionrios, produzindo cerca de 200 toneladas de Turbot
(Psetta maxima), um tipo de linguado. Atualmente a fazenda produz centenas de toneladas,
aumentando a oferta de empregos (CCE, 2006).
Outro interessante projeto consiste no aproveitamento dos rejeitos orgnicos da
piscicultura marinha em questo, como alimento para cultura de poliquetas a serem
cultivadas em escala comercial (AERP, 2004).
Relativamente prxima pedreira Dinmor Parc, outro exemplo de pedreira
reabilitada para a piscicultura foi encontrado na Inglaterra, nas Ilhas Orkney
(GEOGRAPH, 2007). As pedreiras dessa regio foram implantadas pelos italianos, durante
a Segunda Guerra Mundial, com a finalidade de obteno de material para construo das
denominadas Barreiras Churchill. A principal pedreira abriga hoje uma fazenda de peixes
(Fig. 2.3.9).
25
Figura 2.3.10. Piscicultura em tanques-redes ao largo da costa de Loch Fyne, parte norte
da pedreira (GEOGRAPH, 2007). Foto: Patrick Mackie.
Na Eslovquia, trutas so cultivadas em muitos tipos de reservatrios de gua,
incluindo cavas inundadas formadas pela extrao de areia e cascalho, e pedreiras (FAO,
1996).
A aqicultura em reas previamente degradadas tambm tem sido uma fonte
saudvel de produo de protena animal em muitas partes do continente africano, em
especial, no Kenya (FAO, 1982). Em 1971 foi criada a fazenda Baobab construda sobre
uma antiga pedreira desativada, cidade de Mombasa. A aqicultura intensiva realizada em
raceways e tanques circulares de concreto para a produo de diversas linhagens de
tilpias e camares de gua doce, incluindo ps-larvas (FAO, 1982). O sistema de produo
da fazenda considerado altamente intensivo.
Outro exemplo o projeto Zawia Aqicultura Marinha, concebido em uma seo
da antiga pedreira Zawia, na Repblica da Lbia (MUIR e BERG, 1987). A fazenda foi
projetada para produzir o Seabass europeu (Dicentrarchus labrax), Seabream (Sparus aurata) e
possivelmente tilpia (Oreochromis mossambicus), com o uso de modernos raceways sob
condies intensivas (MUIR e BERG, 1987). A Fig. 2.3.11, mostra um esboo da situao e
layout proposto:
26
Figura 2.3.11(b). Layout do Projeto Zawia Aqicultura sobre antiga pedreira (MUIR e
BERG, 1987).
Os projetos Zawia e Baobab Farm diferem dos casos anteriormente citados devido
ao no aproveitamento das cavas inundadas para piscicultura em tanques-redes. Tanto o
27
28
29
30
N de
municpios
Absoluta (km)
Relativa (%)
PERNAMBUCO
185
98.311,62
100
Regio Agreste
Zona da mata
Regio Metropolitana do Recife RMR
Serto
Serto So Francisco
71
24.395,92
24,82
58
11.189,97
11,38
14
2.768,45
2,83
49
48.072,80
48,9
14.652,92
14,9
31
Grande parte dos municpios da RMR est situada em reas litorneas, distribudos
pela costa leste, cuja extenso de 117 km. A RMR considerada uma regio de
desenvolvimento estratgico, no apenas pela sua localizao geogrfica privilegiada, mas
tambm pela grande influncia que a mesma exerce sobre o Nordeste brasileiro devido a
sua importncia histrica e econmica, abrigando os principais centros administrativos do
Nordeste e sedes de organismos federais (FIDEM, 2007).
O municpio de Goiana ocupa uma rea de 501.170 km; estando situada no norte
da Regio de Desenvolvimento denominada Zona da Mata. Limita-se ao Sul com trs
municpios da RMR (Igarassu, Itamarac e Itapissuma) e Itaquitinga. Ao Norte com o
Estado da Paraba. A Oeste com os municpios de Condado e Itamb, e a Leste Oceano
Atlntico. A RMR e o municpio de Goiana so representados na figura 3.1.1.
32
terrestres (solos, rochas, gua e ar) e tipos naturais de energia (gravitacional, solar, energia interna da Terra
e outros), incluindo suas modificaes decorrentes da ao biolgica e humana".
(i) Clima:
A localizao da RMR na zona litoral-mata concorre para que seu clima seja quente
e mido, com pluviosidade entre 1000 a 2000 mm/ano concentrada no perodo de maro a
julho. A temperatura mdia de 27 C e a amplitude trmica se situa em torno de 5. Os
meses mais quentes do ano so atenuados pelos ventos alsios de sudeste. De acordo com o
sistema de classificao de Keppen, que considera a precipitao e temperatura, o clima
predominante na RMR enquadra-se no tipo As, ou seja, clima quente e mido com chuvas
de outono-inverno. O clima do Sul da RMR pode ser enquadrado em AMs (SUDENE,
1978), quente e mido com chuvas durante quase todo o ano e com uma estao seca
menor entre os meses de outubro a dezembro. Aspectos climticos e fisiogrficos do
municpio de Goiana assemelham-se bastante aos da RMR, tendo-se em vista a
proximidade.
(ii) Geologia:
Topograficamente, a RMR apresenta trs unidades distintas: a plancie flviomarinha (PFV), os tabuleiros sedimentares e as elevaes do complexo cristalino. Na
plancie flvio-marinha se concentra grande parte da cidade do Recife, sendo as plancies
costeiras de formao Quaternria, de baixa elevao ( 10m), resultantes de deposio de
sedimentos marinhos e de aluvies continentais formados pelos cursos dgua. Estas
plancies ocorrem em faixas estreitas, sendo ao longo da costa mais larga ao norte
estreitando-se ao sul e em alguns pontos desaparecendo. Quanto aos tabuleiros, sedimentos
de idade terciria de espessura variada, se apresentam como relevo plano e suave-ondulado
com trechos ondulados a suavemente ondulados, em altitudes que variam de 80 a 150m.
Por fim, os relevos dos patamares cristalinos, limitados ao sul do Recife, que apresentam
aspectos de outeiros e morros de topos arredondados resultantes de superfcies aplainadas
pela eroso com altitudes acima de 60m, destacando-se a Serra do Urucu com cerca de
424m localizada no municpio do Cabo de Santo Agostinho.
O municpio de Goiana est geologicamente inserido nas Formaes Maria Farinha,
Barreiras, Gramame e Beberibe. Tambm esto presentes os depsitos sedimentares da
Plancie Flvio-Marinha, depsitos Flvio lagunares e aluvionares.
33
(iii) Hidrografia:
Segundo Viessman et al (1975) Bacia Hidrogrfica uma rea definida
topograficamente, drenada por um curso dgua ou um sistema conectado de cursos dgua
tal que toda vazo efluente seja descarregada atravs de uma simples sada. As Bacias
Hidrogrficas que compem a RMR so a dos rios Jaguaribe, Botafogo, Igarassu, Timb,
Paratibe, Beberibe, Capibaribe, Tejipi, Jaboato e o Pirapama. A maior parte do
abastecimento de gua garantida pelo chamado sistema integrado, que formado por
diversos mananciais independentes.
II Meio Bitico
Animais, vegetais e microorganismos constituem o meio bitico, cujas condies
so criadas e modificadas pelos mesmos (GLIESSMAN, 2005). O Meio bitico difere do
abitico principalmente por no ser esttico, e sim dinmico.
(i) Vegetao:
A distribuio espacial da vegetao na RMR e Goiana/PE est condicionada pelos
aspectos naturais de solo e relevo, bem como pelos scio-econmicos (atividades agrcolas
e ocupao urbana). Outrossim, pela inexpressiva variao climtica. Dentre os tipos da
flora nativa, ainda persistem reas remanescente do litoral ao interior atravs de espcies de
floresta halo-paludcola de manguezais encontradas nas regies estuarinas. Posteriormente
tem-se as restingas de cotas baixa e fora do alcance das mars, com espcies tpicas e
adaptadas aos solos essencialmente arenosos de baixa fertilidade com nveis freticos pouco
profundos. Todavia, este tipo de cobertura vegetal se encontra menos freqente devido
substituio pelo plantio de coqueiros e pelos crescentes desmatamentos para expanso
urbana. Em reas mais elevadas (Formaes do Grupo Barreira e do Complexo Cristalino)
e encostas foi possvel desenvolver grandes florestas, como as remanescentes do Horto de
Dois Irmos (Recife) e Serra do Cotovelo (Moreno e Cabo). Quanto a Mata Atlntica, esta
se apresenta em rarssimas manchas entremeadas por imensos canaviais (FIDEM, 2007).
(ii) Fauna:
A costa da RMR propicia a formao de vastas reas estuarinas e manguezais, cujo
potencial animal constitudo basicamente da fauna tpica desses ambientes, onde se pode
destacar crustceos, moluscos, peixes e aves. Associada vegetao, ao solo e s
caractersticas hdricas dos esturios, a fauna tpica bastante diversificada, representada
34
por vrias espcies de crustceos, moluscos e peixes (BRAGA, 1994), cuja captura
desempenha importante papel na sobrevivncia das populaes locais. Alm da pesca
artesanal, outra forma de utilizao desse ecossistema a instalao de viveiros para a
prtica de aqicultura, principalmente nos municpios do litoral norte da RMR e Goiana.
III Meio Socio-econmico
Meio Scio-econmico constitui um dos principais fatores do meio antrpico e est
associado a aspectos sociais e econmicos tais como renda, uso e ocupao do solo,
educao, hbitos, entre outros.
(i) Economia:
A Regio Metropolitana do Recife destaca-se por possuir excelente base logstica: o
Complexo Industrial Porturio de Suape; o Aeroporto Internacional dos Guararapes e as
malhas rodoviria (BRs 101 e 232), ferroviria e metroviria (FIDEM, 2007).
A RMR responsvel pela formao e concentrao de recursos humanos
qualificados para produo de bens e servios, sendo consolidada como o principal plo
tercirio do Nordeste (FIDEM, 2007).
A RMR responsvel por mais da metade da renda do Estado e constitui um
grande centro econmico, onde a indstria de bens e servios predominante. A Regio
tambm funciona como um centro distribuidor de diversos tipos de mercadorias. O
comrcio, principalmente na cidade de Recife, atrai consumidores de cidades
circunvizinhas, inclusive de outros Estados, atravs de seus shopping-centers, feiras,
mercados e lojas (FIDEM, 2007).
A maior concentrao de indstrias de transformao do Estado Pernambucano
encontra-se na RMR. A agroindstria constitui outro pilar da economia metropolitana, com
destaque para o setor sucroalcooleiro, voltado para a produo do lcool e acar, que
embora utilizem a mesma matria-prima, caracterizam dois mercados bastante distintos.
Junto ao monoplio da cana-de-acar, observa-se tambm o cultivo de frutas e hortalias,
porm de forma um pouco dispersa.
A extrao e beneficiamento de minerais no-metlicos constituem o carro-chefe da
economia do municpio de Goiana, seguida pela indstria de papel, celulose e alimentar
(acar). O municpio o 3 maior produtor agropecurio do Estado, 5 maior produtor de
cana-de-acar, 4 de ovos e 3 de coco-da-baa (FIDEM, 2007).
35
(ii) Populao:
A RMR concentra 43,1 % da populao de Pernambuco, com cerca de 3.658.318
habitantes (IBGE, 2007). Destes, 97% esto em rea urbana e 3% na rea rural. O conjunto
dos quatro municpios mais populosos da regio composto por Recife, Jaboato dos
Guararapes, Olinda e Paulista, que agrupa 2.897.684 habitantes, correspondendo a 79,20%
da populao da RMR e a 33,23% do Estado. A cidade do Recife destaca-se com uma
populao estimada em 1.533.580 habitantes (IBGE, 2007). Araoiaba sendo o municpio
menos populoso, conta com 16.520 habitantes (IBGE, 2007).
Cerca de 60% da populao da RMR vive na linha de pobreza, com renda de um
salrio-mnimo por ms. A taxa de escolarizao do ensino-mdio de crianas com idade
entre 15 a 17 anos de 79,9%; superior mdia brasileira que de 78,5%.
Segundo Corra (2007), a distribuio de renda na RMR a mais desigual da Regio
Nordeste. Como fruto dessa desigualdade social generalizada, a tenso social na forma de
violncia surge como um dos principais indicadores negativos da RMR. De acordo com
Waiselfisz (2007), a RMR destaca-se como uma das regies metropolitanas mais violentas
do pas.
O municpio de Goiana possui populao de aproximadamente 72.000 pessoas
(IBGE, 2000), o que corresponde a 1,96% da populao do Estado. Destes, 61% vivem em
zona urbana. De acordo com o IBGE (2000); 55,6% da populao de Goiana vive na linha
da pobreza, com renda mdia menor que um salrio mnimo.
(iii) ndice de Desenvolvimento Humano-IDH
O IDH um indicador scio-econmico bastante utilizado em todo o mundo. O
IDH varia entre o valor mnimo de zero e o mximo de um, porm, para fins de anlise,
comumente so incorporados os valores para mdio-alto, mdio-mdio e mdio-baixo
(Tabela 3.2.1).
Tabela 3.2.1 Nveis de IDH e respectivos valores (FIDEM/PRIS, 2003).
Nvel de IDH
Valor
Baixo
0-0,49
Mdio
0,5-0,79
Alto
0,8-1
Mdio-Alto
0,7-0,79
Mdio-Mdio
0,6-0,69
Mdio-Baixo
0,5-0,59
36
37
38
39
Localizao
Cabo de Santo
Agostinho
Itapissuma
Ilha de Itamarac
Igarassu
Moreno
Olinda
Paulista
Recife
40
41
Localizao
Camaragibe
Igarassu
Itamarac
Moreno
BR-232 e Jacobina
Olinda
Paulista
Recife
42
Fig. 3.3.3 Lavra de argila no municpio do Cabo de Santo Agostinho e Jaboato dos
Guararapes, RMR.
Fig. 3.3.4. Vista area das reas de lavra de argila em encostas, s margens do Km 79 da
BR 101 Sul, municpio de Jaboato dos Guararapes (GOOGLE, 2008).
43
Localizao
Ponte dos Carvalhos no Engenho Caiongo ocorrncia de granito-gnaisse pouco fraturado, de
textura mdia a grosseira
Moreno
Tal como ocorre com a areia e argila, torna-se difcil uma avaliao a respeito das
reservas legais ou mesmo do potencial das pedreiras localizadas na RMR. Em geral, o
carter de informalidade desse segmento menor do que nos casos de areia e argila.
De qualquer forma, no municpio de Jaboato dos Guararapes esto concentradas
as principais pedreiras que abastecem o segmento da construo civil de toda a RMR, e
tambm detm as maiores reservas lavrveis deste mineral, com 19.976.926 toneladas
(DNPM, 2006). Em seguida, o municpio de Ipojuca que apresenta reserva de 1.989.980 de
toneladas, sendo o segundo maior produtor de britas na RMR.
44
45
46
Regra de garantia: onde qualquer cidado pode propor ao popular, visando cesso
de atos lesivos ao meio ambiente (CF, art.5, LXXIII);
Regras de competncia: de competncia administrativa comum da Unio, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municpios protegerem o meio ambiente,
47
48
49
Essa obrigao
50
51
ii.
iii.
iv.
v.
poluidor/degradante
com
especificaes
prazos
conforme
regulamentao.
No tocante ao Regime de Aproveitamento e Explorao de Recursos Minerais, o
Cdigo de Minerao, institudo pelo decreto Lei N 227, de 28 de Fevereiro de 1967,
define os regimes de explorao das substncias minerais, estabelecendo critrios para a
obteno dos ttulos minerrios mediante procedimentos administrativos adequados e
distintos. De acordo com o Art. 2 os regimes de aproveitamento das substncias minerais,
52
para efeito deste Cdigo, so: Regime de autorizao de pesquisa; regime de concesso de
lavra; regime de licenciamento; regime de monopolizao; regime de permisso de lavra
garimpeira; regime de registro de extrao; regime de monoplio e regimes especiais
(CPRH, 2006).
O regime de autorizao refere-se fase da pesquisa mineral para todas as
substncias minerais, com exceto daquelas regidas pelo regime de monopolizao (petrleo,
entre outras). O regime de concesso pertinente fase de lavra ou do aproveitamento
industrial da jazida para todas as substncias minerais consideradas explotveis, com
exceo daquelas regidas pelo regime de monopolizao. O principal objetivo da utilizao
desses regimes a obteno da portaria de lavra emitida pelo Ministrio das Minas e
Energia, permitindo o aproveitamento do recurso mineral. O alvar de pesquisa, emitido
pelo Departamento Nacional de Produo Mineral DNPM constitui ttulo intermedirio
e autoriza ao interessado a pesquisar determinada substncia mineral, de modo a definir sua
quantidade, qualidade e distribuio espacial.
As reas mximas a serem exploradas em tais regimes, para substncias de emprego
imediato na construo civil correspondem a 50 hectares. O regime de licenciamento, por
sua vez, regula o aproveitamento das substncias minerais in natura, de emprego imediato
na construo civil, argila vermelha e calcrio para corretivo de solos, independentemente
de prvios trabalhos de pesquisa e facultado exclusivamente ao proprietrio do solo ou a
quem dele obtiver expressa autorizao. O regime de extrao restrito aos minerais
agregados ou de uso imediato para a construo civil, explotados por rgos da
administrao direta ou autrquica da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municpios para uso exclusivo em obras pblicas por eles executadas diretamente.
Mesmo tendo a portaria de lavra do DNPM como requisito para a obteno da licena
de operao, h certa discrepncia entre o nmero de licenas expedidas entre o DNPM 4
Distrito e a CPRH, conforme mostrado na Fig.3.4.1.
53
Fig. 3.4.1. Realidade do cenrio Formal dos empreendimentos mineiros de areia, brita e
argila na RMR e Goiana, perante os rgos Reguladores: DNPM e CPRH. (DNPM, 2007;
CPRH, 2007).
Comparando-se as licenas expedidas pela CPRH (LO) e os regimes expedidos pelo
DNPM para empreendimentos mineiros de areia, brita e argila, entre 2000 e 2007, nota-se
uma discrepncia entre os dados. A divergncia entre CPRH e DNPM pode ser justificada
pela maior efetividade na fiscalizao por parte da CPRH, entretanto, esta dispe de mais
recursos. Tal alcance da CPRH pode ser garantido pela atuao da Companhia
Independente de Policiamento do Meio Ambiente CIPOMA. Sobrinho (2007) afirma
ainda que: alguns empresrios que esto atuando na retirada de areia tm licenciamento, tanto pela
CPRH quanto pelo DNPM, mas no todos. Segundo o mesmo, o nmero reduzido de tcnicos
do DNPM constitui fator limitante para uma fiscalizao mais efetiva, principalmente da
extrao de areia.
54
Uma anlise de contedo dos PRADs aprovados pelo rgo ambiental do estado de
Pernambuco, a Agncia Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hdricos CPRH foi
realizada a fim de se obter informaes referentes ao planejamento da recuperao das
reas degradadas pela minerao de agregados nos municpios da RMR e Goiana, por
empresas licenciadas entre os anos de 2003 e 2007. Da RMR, foram analisados 91 PRADs,
destes 43 de areia, 33 de argila e 14 de granito/gnaisse para brita. Com relao Goiana,
foram analisados 24 PRADs, em sua maioria de areeiros, sendo apenas um de pedreira. No
referido levantamento, pde-se observar que os PRADs estavam includos ou
simplesmente mencionados, sobretudo, em PCAs e RCAs - Planos de Controle Ambiental
e Relatrios de Controle Ambiental, respectivamente, no havendo nenhum PRAD sido
encontrado de forma individualizada.
A Recuperao Ambiental disposta em PRADs elaborados por empreendimentos
engloba diversas metodologias de recuperao (ver Fig. 3.5.1) dentre as quais, tcnicas de
revegetao, juntamente com a reconformao topogrfica, so prticas comumente
adotadas.
Fig. 3.5.1 - Quadro geral dos Mtodos de Recuperao Ambiental previstos em PRADs de
empreendimentos mineiros da RMR
A integrao de tcnicas de revegetao com tcnicas de reconformao
topogrfica caracterizada por afirmaes do tipo: Ser feito o plantio com vegetao
tpica da regio e Manuteno dos requisitos indispensveis estabilidade do solo. A
revegetao inclui a construo de barreiras vegetais destinadas suavizao do impacto
55
ii.
iii.
iv.
v.
56
vi.
vii.
57
por parte dos empreendedores de recuperar suas reas lavradas para um uso seqencial
economicamente sustentvel.
No caso das argilas lavradas na RMR, medidas geotcnicas associadas a tcnicas de
revegetao assumem papel de excelncia, com 43% do total. Em determinados casos,
Implantao de Comrcio e Projeto Imobilirio, surgem como formas de recuperao.
No quesito Aqicultura, a piscicultura integrada a tcnicas de revegetao com espcies
agrcolas constituem interessantes propostas de recuperao, incentivando, inclusive, a
prtica de reuso da gua dos viveiros para ferti-irrigao.
Dentre os PRADs investigados e classificados por substncia mineral, as pedreiras
da RMR apresentam propostas de metodologias distribudas entre tcnicas de revegetao;
remodelamento topogrfico integrado a revegetao e metodologias indefinidas (ver Fig.
3.5.3); de forma bem equacionada. Vale ressaltar a ausncia da aqicultura como mtodo
alternativo de reabilitao para pedreiras.
58
ii.
iii.
Muitos empreendimentos enfatizam a capacidade de autodepurao e autosustentao do meio ambiente: Apesar de ser um empreendimento mineiro, suas
caractersticas relativamente simples e de baixa produo, divergem da minerao
convencional, sabidamente agressiva e potencialmente danosa, ou:
[...] A rea impactada constituir local para o desenvolvimento de
peixes, a exemplo do que tem sido observado em outras reas de
dragagem em leito de rio. Dentro de cerca de 3 anos em funo da
pluviosidade da regio, a cava ser reposta com material carreado
de montante, repondo naturalmente a areia removida. Pelas
caractersticas da rea minerada, no haver necessidade de
recomposio topogrfica, uma vez que sero conservados os
taludes naturais das margens, enquanto o lago a ser criado pelas
59
60
Quantidade
25
7
4
2
2
1
1
1
26
4
1
1
2
11
1
1
1
91
61
62
Comunidade
local
Objetivos
Recolocao em outro
emprego;
Controle
Estabilidade econmica;
Bem-estar social;
Melhora do nvel educacional
da comunidade.
63
4. PROPOSIO DE ALTERNATIVAS
AQICULTURA PARA A REABILITAO
REAS PS-MINERADAS
4.1
DESCRIO
DAS
PRINCIPAIS
ALTERNATIVAS
DE
DAS
DE
AQICULTURA
INTRODUO:
A aqicultura subdivide-se em diversas vertentes, cada qual com suas
64
municpio de Goiana/PE detm 70% das reas ocupadas pela aqicultura no litoral norte
do Estado (CPRH, 2003), seguido pelos municpios da RMR norte, Itapissuma (23,2%) e
Itamarac (6,8%). O cultivo artesanal de peixes, ostras e camaro, realizado em geral, por
pescadores locais. Os peixes cultivados para engorda (sana, tainha, camurim, curim,
bicudo e carapeba), geralmente so apanhados no prprio esturio e a produtividade
baixa (CPRH, 2003). A carcinicultura marinha em larga escala, representada por
gigantescas fazendas construdas no mangue, que produzem a espcie Litopenaeus vannamei
(CPRH, 2003).
65
66
67
meio externo. O tanque-rede, tambm conhecido como cage net ou pound net,
construdo utilizando-se de redes de poliamida multifilamento (nylon) sem ns, que so
macias e muito resistentes, flexveis e de fcil manejo (CONOLLY, 2000). O fluxo
contnuo da gua passa por estes aparatos, fornecendo oxignio aos peixes e removendo os
metabolitos ao mesmo tempo. Tanques-redes so considerados sistemas intensivos e so
bastante utilizados para a piscicultura. Embora no seja comum, camares, lagostas e
moluscos tambm podem ser cultivados nesse tipo de sistema, neste caso, faz-se necessrio
o uso de malhas adequadas ao tamanho destes.
68
3. Requerimentos de infra-estrutura;
4. Requerimentos Biofsicos;
5. Sistema de cultivo adotado.
69
Na
verdade,
todos
os
fatores
supracitados
esto
interligados
so
70
de gua para reparar as perdas por infiltrao (FIGUIREDO et al, 2006). guas de rios,
crregos, represas, audes, minas, poos e at mesmo a gua captada das chuvas so
utilizadas no abastecimento das pisciculturas (ONO e KUBITZA, 2002).
A quantidade (vazo) de gua deve ser compatvel com as exigncias do projeto,
sendo capaz de compensar as perdas por evaporao e infiltrao. Nas regies tropicais, a
evaporao pode chegar a 250 m/dia/ha, sendo influenciada pela temperatura, umidade
do ar, velocidade do vento, insolao, entre outros (OLIVEIRA, 1999). O volume
necessrio (Vn) para o abastecimento de viveiros pode ser estimado como a soma do
volume dgua contido nos viveiros (Vb), mais o volume de perdas (Vp), ou seja, Vn =
Vb+Vp.
O cultivo intensivo em tanques-redes s vivel em grandes reas represadas e
abrigadas, com uma profundidade acima de 4 m, onde exista uma boa circulao dgua
(CONOLLY, 2000). extremamente importante que haja uma distncia suficiente entre o
fundo do tanque e o fundo do lago/cava. A grande densidade de peixes por metro cbico,
relacionada ao consumo de rao e excrementos, resulta na liberao de detritos e amnia
na gua, causando poluio (CONOLLY, 2000). Para garantir maior eficincia na
renovao dgua, o uso de formas retangulares e quadradas facilita a passagem da mesma
de forma homognea, enquanto a forma circular dissipa parte da corrente, conforme
ilustrado na Fig.4.2.1.
71
PEIXES
CAMARO MARINHO
Temperatura
pH
26 a 30C
6,5 a 8,0
25 a 30C
7,5 a 8,5
Oxignio dissolvido
>5 mg/l
>5 mg/l
Gs carbnico (CO2)
<10 mg/L
<5 mg/L
>30 mg/L
>100 mg/L
>30 mg/L
<0,2 mg/L
>100 mg/L
<0,1 mg/L
Nitrito (NO2)
<0,3mg/L
Gs sulfdrico (H2S)
<0,002mg/L
<0,005mg/L
Salinidade
GUA-DOCE
(ppm)
<120
12 a 24
28 a 100
2 a 42
10 a 27
41 a 53
<0.02
<0.02
<0.02
< 0.01
<0.02
40 225
38
<0.2
GUA MARINHA
(ppm)
5950 10500
400 525
1250 1345
3 14
0.05 0.15
<0.03
<0.4
0.03 4.6
<0.005
<0.03
19000 19600
-
GUA SALOBRA
(ppm)
2.353 2.715
175 195
3500 4000
175 220
460 540
5 30
<0.03
<0.06
<0.03
<0.01
<0.03
6600 7900
-
217
>5
>5
>5
6.5 8.5
-
7.0 8.5
-
<0.1
<0.1
<20
7.0 8.5
28 31C
72
73
74
75
76
MINERAO
ProbeTolerase
se
Extrao
de
cascalho e
areia
Extrao
de
cascalho e
areia
Extrao
de areia e
material
rochoso
Extrao
mineral
Extrao
mineral
-
Meta
Probe-se
Tolera-se
Incentiva-se
Subzona da Plataforma
Continental
Piscicultura
Ostreicultura
no esturio
Extrao
mineral
Maricultura
Viveiros
(em
mangues)
Viveiros (em
retromangue)
Maricultura
Maricultura
Extrao
mineral
Extrao
mineral
Maricultura,
aqicultura
(em
retromangue)
-
Extrao
mineral
viveiros (em
retromangue)
Maricultura
Minera
o
comercial
Subzona de Preservao da
Vida Silvestre da APA de
Guadalupe (REBIO de
Saltinho)*
Subzona de Conservao da
Vida Silvestre da APA de
Sirinham *
77
AQICULTURA
Incentiva-se
Meta
Subzona de Incentivo
Recuperao e Diversificao de
Usos
MINERAO
Meta
Probe-se
Extrao
mineral
Aqicultura
Aqicultura
Licenciamento
das atividades
informais
Aqicultura
de gua doce
Aqicultura
Aqicultura
Aqicultura
Aqicultura
Aqicultura
Aqicultura
Aqicultura
Recuperao
Recuperao
Recuperao
Extrao
mineral
Tolera-se
Incentiva-se
Recuperao
/reabilitao
de reas psmineradas
pela extrao
de areia,
inclusive
aqicultura.
Extrao
mineral
Extrao
de areia
Extrao
de areia
Extrao
de areia
Extrao
de algas
calcrias
Extrao
de areia
Extrao
de areia
Extrao
artesanal
de areia
-
Recuperao
-
* No pertencem RMR
Pertence parcialmente RMR
Uma pequena parte no corresponde RMR
78
Fig.4.3.1. Vista area dos limites dos viveiros de carcinicultura da Fazenda Mulata Grande
no municpio de Itapissuma na RMR.
Nas reas de extrao de areia, devido as suas caractersticas de porosidade, a gua
normalmente vai se acumulando e se somando s provenientes das chuvas. Em geral sob o
pacote arenoso, a uma profundidade baixa, h um horizonte endurecido e impermevel,
principalmente em casos de solos Podzis Hidromrficos (ARAJO FILHO, et al, 2000),
o que impede a infiltrao da gua, favorecendo a sua acumulao aps a retirada da areia.
Esses Podzis costeiros so originados de materiais derivados de sedimentos arenosos do
79
80
que a minerao de agregados - areia em especial - tambm responsvel por grande parte
da degradao dos mangues do litoral norte.
A ocupao de antigos areeiros pode representar uma soluo problemtica
ambiental pertecente carcinicultura marinha, oferecendo uma vantagem do ponto de vista
conservacionista: grande parte das exploraes de areia em terra firme, nos litorais norte e
sul, est presente em reas mais afastadas do ecossistema manguezal, ou seja, em reas
denominadas retromangues. O Cdigo de Conduta da ABCC (BRASIL, 2001) estabelece,
entre outras metas, a proteo das reservas naturais de manguezais e fortalecimento da
biodiversidade dos ecossistemas costeiros. As principais normas so:
81
82
83
As reas mais indicadas so aquelas que se mantm com lmina d'gua constante,
suficiente para garantir a produo do empreendimento e que possa ser constantemente
renovada de modo a se evitar a eutrofizao dos lagos e lagoas (Fig.4.3.5).
84
85
86
87
Fig.4.3.8. Cavas de pedreiras que podem ser utilizadas para a prtica da piscicultura em
tanques-redes.
Cavas mais amplas e menos profundas podem ser adaptveis construo de
viveiro(s) para a prtica de piscicultura ou carcinicultura, com solues tcnicas em
engenharia. Para tal procedimento, o enchimento parcial com material exgeno (de
emprstimo) poderia ser vivel tecnicamente, porm, necessrio saber a quantidade de
camada de solo adequada para viabilizar a construo de viveiros/taludes. Alm disso, os
custos com esse tipo de recuperao podem ser bastante onerosos (ver Figura 4.3.9). De
acordo com Oliveira (1999), afloramentos rochosos devem ser evitados para a construo
de viveiros devido aos elevados custos de construo.
88
89
Fig.4.3.10. A cava da pedreira Guarany pode ser aproveitada para piscicultura em tanquesredes, devido sua lmina dgua e proximidade com o rio Jaboato.
Grande parte das pedreiras do municpio de Jaboato dos Guararapes encontra-se
num raio de cerca de 4 km do aterro sanitrio da Muribeca. O aqfero sob este aterro
comprovadamente contaminado, apresentando nveis de DQO de 1.702,1 mg/l e 2.021,2
mg/l, alm de detectados elevados de teores de ferro, cobre e mangans (CPRM, 2001).
A piscicultura marinha em cavas pode ser uma alternativa interessante para
pedreiras litorneas. Uma das vantagens que os peixes so cultivados isolados do mundo
marinho, o que diminui os riscos de evaso, contaminao por poluio e patgenos
marinhos; permitindo ainda proteo contra possveis predadores. Alm disso, possibilita
maior controle sobre os impactos causados pela aqicultura. Para a implantao de projetos
de piscicultura marinha, as pedreiras devem contar com dois determinantes vitais:
90
91
Bitico
Social
NVEL
PRELIMINAR DE
EXEQIBILIDADE
DAS
ALTERNATIVAS
PROPOSTAS
CONDICIONANTES
Abitico
RMR
Areeiros
Carcinicultura Marinha
Ostreicultura*
Piscicultura Marinha
Argileiros
Piscicultura/Carcinicultura de gua Doce
Piscicultura/Carcinicultura Marinha
Ostreicultura
Piscicultura/Carcinicultura Marinha
X
Piscicultura/Carcinicultura de gua Doce
X
X
em tanques-redes
GOIANA (areeiros)
Carcinicultura Marinha
Ostreicultura*
Piscicultura Marinha
Pedreiras
Ostreicultura
92
5. CONCLUSES E SUGESTES
5.1 CONCLUSES
A presente pesquisa pioneira quanto ao estudo da insero da aqicultura entre as
alternativas propostas de reabilitao ambiental de reas ps-mineradas em Regies
Metropolitanas do Nordeste brasileiro, bem como ao tecer consideraes acerca da
proposio de alternativas aqcolas. De acordo com o levantamento das alternativas de
recuperao e reabilitao ambiental realizado na CPRH, a aqicultura contemplada em
19% dos PRADs mineiros da RMR e 43% dos PRADs do municpio de Goiana/PE,
compreendidos entre os anos de 2003 e 2007.
A constatao do crescente interesse pela aqicultura nos planejamentos de
recuperao ambiental para as reas de estudo, coincide com a presena de algumas
vantagens, entre as quais: reverso do passivo ambiental da rea degradada atravs de uso
seqencial, produtivo e rentvel do solo; e criao de novas reas para o cultivo.
reas ps-mineradas destinadas aqicultura tambm podem ser teis ao
ordenamento pesqueiro local. Com as crescentes tendncias de cesso de guas pblicas da
unio, a aqicultura em reas ps-mineradas pode mitigar conflitos locacionais entre
pescadores artesanais e empresrios da carcinicultura/piscicultura marinha.
O uso de cavas inundadas de pedreiras ou a utilizao de tanques-redes, por
exemplo, permite aos pescadores um melhor planejamento de suas atividades, na medida
em que os reservatrios/tanques garantem regularidade no fornecimento de peixes
capturados. Tradicionalmente, o pescado ao ser acondicionado em cmaras frigorficas e
freezers, est sujeito perda de qualidade e ao desperdcio, devido ao tempo, condies de
mercado e condies inadequadas de estocagem. O armazenamento do pescado capturado
vivo em cavas inundadas e em tanques-redes pode assegurar o fornecimento contnuo do
mesmo.
Portanto, conclui-se que a aqicultura na reabilitao ambiental de reas
degradadas, alm de ser ambientalmente correta, tcnica e economicamente vivel, pode ser
socialmente justa. Para tal, necessrio que um projeto aqcola seja conduzido
corretamente, atravs de servios de extenso rural.
93
94
informaes a respeito de como melhor utilizar uma rea a ser recuperada ou reabilitada
so essenciais.
Com o aumento do nmero de reas mineradas e cadastramento das centenas de
lavras informais, novas reas destinadas aqicultura podem ser criadas.
Do ponto de vista cientfico, uma maior interao entre as artes da aqicultura e da
minerao deve ser encarada como um desafio construtivo e no como obstculo. A
relao entre os segmentos minerao e aqicultura pode, ento, ser exemplificada:
a) A aqicultura depende de insumos de origem mineral (agro minerais) para
fins de manejo, principalmente, nos processos de calagem e fertilizao de
viveiros;
b) E a minerao, em que depende da pesca e aqicultura? A resposta est
na aqicultura como alternativa sustentvel para reabilitao das reas psmineradas, e, por conseguinte, a produo de protena animal com gerao
de emprego e renda;
c) Reverso do Passivo Ambiental atravs de mudanas de atitudes
empresariais dos superficirios.
95
na
reabilitao
ambiental,
sob
as
ticas
do
aqicultor/minerador/comunidade;
xiii) Avaliar e propor a integrao de culturas considerando as vocaes naturais da
regio estudada como forma de uso futuro do solo ps-minerado;
xiv) Instalao de estaes experimentais para realizao de testes ecotoxicolgicos,
avaliao de crescimento e demais parmetros relacionados ao cultivo;
xv) Estudo e Avaliao dos possveis impactos ambientais ocasionados por tais
alternativas.
96
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106
107
ANEXO I
108
ANEXO II