Aquicultura PRAD

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 125

Ministrio da Educao

Universidade Federal de Pernambuco


Centro de Tecnologia e Geocincias
Programa de Ps-Graduao em Engenharia Mineral

PPGEMinas UFPE

A aqicultura como alternativa de reabilitao ambiental para


reas mineradas na Regio Metropolitana do Recife RMR e
Goiana/PE

Paulo de Tarso da Fonseca Albuquerque


Engenheiro de Pesca

Recife, 2008

Ministrio da Educao
Universidade Federal de Pernambuco
Centro de Tecnologia e Geocincias
Programa de Pos-Graduao em Engenharia Mineral
PPGEMinas - UFPE

A aqicultura como alternativa de reabilitao ambiental para reas


mineradas na Regio Metropolitana do Recife RMR e Goiana/PE

por

Paulo de Tarso da Fonseca Albuquerque


Engenheiro de Pesca

Trabalho realizado no Laboratrio de Controle Ambiental na Minerao do


Programa de Ps-Graduao em Engenharia Mineral PPGEMinas, UFPE.

Recife, 2008

A AQICULTURA COMO ALTERNATIVA DE REABILITAO


AMBIENTAL PARA AS REAS MINERADAS NA REGIO
METROPOLITANA DO RECIFE RMR E GOIANA/PE

Submetida ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia Mineral


PPGEMinas, como parte dos requisitos para obteno de Ttulo de

MESTRE EM ENGENHARIA
rea de concentrao: Minerais e Rochas Industriais
Linha de pesquisa: Gesto Ambiental na Minerao

por
Paulo de Tarso da Fonseca Albuquerque
Engenheiro de Pesca

2008

A345a

Albuquerque, Paulo de Tarso da Fonseca.


A aqicultura como alternativa de reabilitao ambiental para reas
mineradas na Regio Metropolitana do Recife RMR e Goiana-PE /
Paulo de Tarso da F. Albuquerque. - Recife: O Autor, 2008.
108 folhas, il : figs., tabs.
Dissertao (Mestrado) Universidade Federal de Pernambuco.
CTG. Programa de Ps-Graduao em Engenharia Mineral, 2008.
Inclui Bibliografia e Anexos.
1. Engenharia Mineral. 2. Aqicultura. 3. Minerao dos
Agregados. I. Ttulo.
UFPE
551

CDD (22. ed.)

BCTG/2008-170

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO


PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA MINERAL

PARECER DA COMISSO EXAMINADORA


DE DEFESA DE DISSERTAO DE MESTRADO DE
PAULO DE TARSO DA FONSECA ALBUQUERQUE
A AQICULTURA COMO ALTERNATIVA DE REABILITAO AMBIENTAL
PARA AS REAS MINERADAS NA REGIO METROPOLITANA DO RECIFE
RMR E GOIANA/PE
REA DE CONCENTRAO: MINERAIS E ROCHAS INDUSTRIAIS
A comisso examinadora composta pelos professores abaixo, sob a presidncia do
Dr. Carlos Magno Muniz e Silva, considera o candidato,

PAULO DE TARSO DA FONSECA ALBUQUERQUE, Aprovado.

Dedicado minha filha Yasmin.

AGRADECIMENTOS
Primeiramente, a Deus, por ter me dado fora e pacincia necessrias...
A meus pais, Paulo Pessoa e Alexandra da Fonseca, pelo amor, pela educao, pelo
companheirismo, pelos cuidados, e tambm pelas pisas, gritos e traumas, pois sem isso,
acho que eu seria uma pessoa bem pior. A meus irmos Paulo Filho e Paola pela
cumplicidade e verdadeira amizade. Yslane, pela compreenso, pelos bons momentos e
pela nossa filha.
Ao meu orientador e amigo Prof. Carlos Magno Muniz e Silva, por quem tenho profunda
admirao e respeito.
Sou grato aos professores Dr. Eugenia Cristina Gonalves Pereira (ex Co-orientadora) e
Dr. Niccio Henrique da Silva, pela extrema boa vontade e receptividade quanto ao
primeiro projeto de pesquisa. Tambm sou grato pela extrema compreenso destes
profissionais com relao substituio do tema anterior pelo atual.
Ao Sr. Clvis Carvalho da CPRH, pela ateno e s solcitas colaboradoras do arquivo, pela
presteza e disponibilizao de dados.
banca examinadora, pela contribuio intelectual.
UFPE/PROPESQ/CAPES, pelo auxlio financeiro durante os meses de vigncia do
mestrado.
Aos colegas e professores do PPGEMinas, pela convivncia acadmica.
Ao Departamento de Engenharia de Minas da Universidade Federal de Pernambuco,
funcionrios e colaboradores.

Obrigado!

SUMRIO
Lista de figuras
Lista de tabelas
Lista de terminologias
Lista de abreviaturas
Resumo
Abstract

1 INTRODUO

1.1 GENERALIDADES

1.2 JUSTIFICATIVAS E MOTIVAO

1.3 OBJETIVOS: GERAL E ESPECFICOS

1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAO

2 REVISO BIBLIOGRFICA

2.1 A INDSTRIA MINERAL: DEFINIES, ETAPAS E PECULIARIDADES

2.2 A RECUPERAO & REABILITAO AMBIENTAL NA MINERAO: OBJETOS,


TCNICAS E ALTERNATIVAS ADOTADAS

10

2.3 AQICULTURA COMO ALTERNATIVA DE REABILITAO AMBIENTAL DE REAS


PS-MINERADAS

15

3 CARACTERIZAO DA REA DE ESTUDO: RMR E


GOIANA/PE

30

3.1 LOCALIZAO E SITUAO

30

3.2. A CARACTERIZAO AMBIENTAL

31

3.3 A ATIVIDADE DE MINERAO

37

3.4 O PASSIVO AMBIENTAL

45

3.5 A REABILITAO AMBIENTAL DAS REAS PS-MINERADAS

53

4 PROPOSIO DE ALTERNATIVAS DE AQICULTURA PARA A


REABILITAO DAS REAS PS-MINERADAS

63

4.1 DESCRIO DAS PRINCIPAIS ALTERNATIVAS DE AQICULTURA

63

4.2 VIABILIDADE E SUSTENTABILIDADE

68

4.3 PROPOSIO DE ALTERNATIVAS SUSTENTVEIS PARA A REA DE ESTUDO

75

5 CONCLUSES E SUGESTES

92

5.1 CONCLUSES

92

5.2 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS

94

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

96

ANEXO I ZEEC ZONEAMENTO ECOLGICO-ECONMICO COSTEIRO


DO LITORAL SUL DE PERNAMBUCO

107

ANEXO II ZEEC ZONEAMENTO ECOLGICO-ECONMICO COSTEIRO


DO LITORAL NORTE DE PERNAMBUCO

108

LISTA DE FIGURAS
Fig. 2.1.1 Fases da minerao e conseqente desativao (OLIVEIRA JNIOR, 2006). 08
Fig. 2.2.1 Taludes revegetados da cava da mina do Germano, Mariana MG
(SAMARCO, 2007).

13

Fig. 2.2.2 Exemplos sustentveis de uso seqencial em reas ps-mineradas.

14

Fig. 2.3.1 Aumento da aqicultura na produo mundial de pescados (FAO, 2006).

16

Fig. 2.3.2 Exemplo das diferentes temperaturas de produo, com gua superficial e
com gua subterrnea proveniente das minas em West Virgnia/EUA(MILLER et al,
2002).

17

Fig. 2.3.3 Piscicultura em tanques de fibra, em West Virginia/EUA (MILLER et al,


2002).

18

Fig. 2.3.4 Instalaes de cultivo de truta da Mettiki Coal Corporation (ASHBY e


DEAN, 2007).

20

Fig. 2.3.5 Croqui do Layout dos viveiros da Collie Aquafarm (STORER, 2005).

21

Fig. 2.3.6 Vista area (imagem de satlite) da Pedreira Dimnor Parc, Pas de Gales
(GOOGLE, 2008).

22

Fig. 2.3.7 Vista panormica da pedreira Dimnor Parc, Pas de Gales (LAFARGE,
2007)

23

Fig. 2.3.8 Antiga Pedreira Dinmor Parc. Ao fundo, fbrica da Bluewater Flatfish Farm.
(GEOGRAPH, 2007).

23

Fig. 2.3.9 Piscicultura marinha em cava inundada nas Ilhas Orkney/Inglaterra.


(GEOGRAPH, 2007).

24

Fig. 2.3.10 Piscicultura em tanques-redes ao largo da costa de Loch Fyne, parte norte
da pedreira (GEOGRAPH, 2007).

25

Fig. 2.3.11(a) Projeto da Piscicultura Marinha Zawia (FAO, 1987).

26

Fig. 2.3.11(b) Layout do Projeto Zawia Aqicultura sobre antiga pedreira (MUIR e
BERG, 1987).

26

Fig.2.3.12 Vista area de fazendas de carcinicultura em reas ps-mineradas do Litoral


norte do Estado (GOOGLE, 2008).

29

Fig. 3.1.1 Regies de Desenvolvimento do Estado de Pernambuco, destaque para a


RMR e Goiana/PE

31

Fig. 3.3.1 reas de minerao de agregados na RMR e Goiana (GOOGLE, 2008).

37

Fig. 3.3.2 Lavra de areia em Leito de Rio.

39

Fig. 3.3.3 Lavra de argila no municpio do Cabo de Santo Agostinho e Jaboato dos
Guararapes, RMR.

42

Fig. 3.3.4 Vista area da lavra de argila em encostas, s margens do Km 79 da BR 101


Sul, municpio de Jaboato dos Guararapes (GOOGLE, 2008).

42

Fig. 3.3.5 Frentes de lavra de granito/gnaisse para a produo de brita (a) e para a
produo de pedra de cantaria (b)

44

Fig. 3.4.1 Realidade do cenrio Formal dos empreendimentos mineiros de areia, brita e
argila na RMR e Goiana, perante os rgos Reguladores: DNPM e CPRH. (DNPM,
2007; CPRH, 2007).

53

Fig. 3.5.1 Quadro geral dos Mtodos de Recuperao Ambiental previstos em PRADs
de empreendimentos mineiros da RMR

54

Fig. 3.5.2 Sntese das metodologias de RAD propostas em PRADs de areeiros e


mineradoras de argila da RMR licenciados entre 2003 e 2007.

56

Fig. 3.5.3 Metodologias de RAD propostas em PRADs de Pedreiras da RMR

57

Fig. 3.5.4 Metodologias de recuperao e reabilitao ambiental contidas em PRADs


de agregados do municpio de Goiana.

60

Fig. 4.1.1 Principais espcies de cultivadas na regio nordeste (QUEIROZ et al, 2002)

64

Fig. 4.1.2 Exemplo de viveiros escavados para piscicultura e carcinicultura.

65

Fig. 4.1.3 Tipos de viveiros quanto ao nvel do solo (OLIVEIRA, 1999).

66

Fig. 4.1.4 Tpico exemplo de Tanque-rede (FERBAX, 2007).

67

Fig. 4.1.5 Sistema de Mesa. Caixa e lanterna em detalhes (BMLP, 2003).

68

Fig.4.2.1 Padres de troca de gua em tanques rede de diferentes formatos.

70

Fig. 4.2.2 Diagrama representativo das etapas necessrias reabilitao ambiental


corpos dgua formados pela minerao de agregados.

73

Fig. 4.3.1 Viveiros de carcinicultura da Fazenda Mulata.

78

Fig. 4.3.2 Viveiros para a carcinicultura: reabilitao de um areeiro da Fezenda Mulata. 79


Fig. 4.3.3 Distribuio de mercrio (em vermelho) no norte da RMR (LINS e
WANDERLEY, 1999).

81

Fig. 4.3.4 Cavas de areia abandonadas ao longo do Rio Jaboato.

82

Fig. 4.3.5 Cavas de areeiro em Jaboato dos Guararapes (08 9'56.27"S;


3457'7.54"W). A cava de maiores dimenses possui cerca de sete hectares de lmina
dgua.

83

Fig. 4.3.6 Cavas formadas pela lavra de argila, no municpio de Itapissuma, da RMR.

85

Fig. 4.3.7 Intervenes propostas por SOUSA (1983).

86

Fig. 4.3.8 Algumas cavas de pedreira podem ser utilizadas para a prtica da piscicultura
em tanques-redes.

87

Fig. 4.3.9 Cava da Pedreira Lidermac, em Jaboato dos Guararapes. Invivel para a
construo de viveiros.

88

Fig. 4.3.10 A cava da pedreira Guarany pode ser aproveitada para piscicultura em
tanques-redes, devido sua lmina dgua e proximidade com o rio Jaboato.

89

LISTA DE TABELAS
TABELA 2.1.1 Descrio das principais etapas da minerao (DNPM, 1995;
adaptado).

TABELA 2.2.1 Conceitos de Recuperao, segundo diversos autores (BITAR,


1997).

11

TABELA 2.2.2 Objetivos e medidas de recuperao para lavra a cu aberto.


(OLIVEIRA JNIOR, 2001, adaptado).

12

TABELA 3.1.1 Nmero de Municpios e rea total, segundo Regies de


Desenvolvimento do Estado de Pernambuco (IBGE, 2002).

30

TABELA 3.2.1 Nveis de IDH e respectivos valores (FIDEM, 2003).

35

TABELA 3.3.1 - Principais ocorrncias de areia na RMR (DNPM, 1995).

39

TABELA 3.3.2 Ocorrncia de argilas na RMR (DNPM, 1995).

41

TABELA 3.3.3 Ocorrncia de Afloramentos de Granito na RMR (DNPM, 1995).

43

TABELA 3.5.1 Usos Posteriores mencionados em PRADs da RMR (CPRH, 2007). 60


TABELA 3.5.2 Objetivos e controle a serem adotados aos impactos sociais
(empregados e comunidade local) quanto a Desativao de um empreendimento
mineiro (Oliveira Jnior, 2006).

62

TABELA 4.2.1 Valores desejados de parmetros fsico-qumicos da gua para


cultivo de peixes de gua doce tropicais e do camaro marinho (Litopenaeus
vannamei) em viveiros (Ono e Kubitza, 2002).

71

TABELA 4.2.2 Variveis fsico-qumicas da gua para o cultivo do Camaro


Gigante da Malsia (Macrobrachium rosenbergii). (SINGHOLKA, 1982; CORREIA,
SAWANNTOUS e NEW, 2000; VALENTI e DANIELS, 2000; apud NEW, 2002).

71

TABELA 4.3.1 Sntese do Zoneamento Ecolgico Econmico Costeiro do Litoral


Sul de Pernambuco (ZEEC Sul CPRH), para as atividades de Aqicultura e
Minerao.

76

TABELA 4.3.2 Sntese do Zoneamento Ecolgico Econmico Costeiro do Litoral


Norte de Pernambuco (ZEEC Norte CPRH), para as atividades de Aqicultura e
Minerao.

77

TABELA 4.3.3 Anlise preliminar das alternativas de aqicultura passveis de


reabilitao para as reas degradadas pela extrao mineral na RMR (SILVA, 1995;
adaptado).

91

LISTA DE TERMINOLOGIAS
Aqicultura: cultivo ou criao de organismos aquticos algas, peixes, moluscos,
crustceos e outros em gua doce ou salgada;
Aqfero: meio sedimentar poroso ou rocha fraturada, dotado de permeabilidade, capaz de
liberar gua naturalmente ou por captao artificial;
Biomassa: peso total de matria viva (ex. peixes) num espao delimitado (ex. viveiro);
Carcinicultura: cultivo comercial de crustceos decpodes (ex. camares);
Degradao ambiental: processo gradual de alterao negativa do ambiente resultante de
ao antrpica que pode causar desequilbrio e destruio, parcial ou total, dos
ecossistemas;
Elementos-trao (metais pesados): elementos qumicos encontrados em pequenas
quantidades que, em maiores concentraes, apresentam efeitos adversos sade humana;
Esturio: poro final de um rio sujeita aos efeitos sensveis das mars;
Eutrofizao: enriquecimento excessivo da gua com nutrientes, causando proliferao
excessiva de microorganismos que deterioram a qualidade da gua;
Lagostim: crustceo decpode semelhante lagosta, marinho ou de gua-doce;
Limnologia: estudo de fenmenos biticos e abiticos relativos aos corpos de gua doce;
Manguezal: ecossistema costeiro tropical dominado por flora e fauna tpicas adaptadas a
um substrato periodicamente inundado pelas mars, com grandes variaes de salinidade;
Ordenamento pesqueiro: conjunto harmnico de medidas que visam expandir ou
restringir uma atividade pesqueira, de modo a se obter sustentabilidade no uso do recurso
explorado;
Ostreicultura: cultivo de ostras;
Passivo ambiental: condies impostas e impactos decorrentes de atividades e/ou
processos industriais, minerrios, agrcolas, urbanos, entre outros;
Piscicultura: cultivo de peixes em cativeiro;
Poliquetas: classe de vermes aneldeos, geralmente marinhos, utilizados na alimentao de
espcies aqcolas;
Raceway: sistema de cultivo intensivo. Consiste em tanques com alto fluxo de renovao
dgua e operam com uma ou mais trocas totais de gua por hora;
Truticultura: cultivo de trutas;
Viveiro: reservatrio de gua utilizado no cultivo de espcies aquticas.

LISTA DE ABREVIATURAS
ABCC: Associao Brasileira de Criadores de Camaro
AIA: Avaliao de Impacto Ambiental
APP: rea de Proteo Permanente
CONDEPE/FIDEM: Agencia Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco
CPRM: Servio Geolgico do Brasil
CPRH: Companhia Pernambucana de Recursos Hdricos Agncia Estadual de Meio
Ambiente e Recursos Hdricos
DNPM: Departamento Nacional de Produo Mineral
DQO: Demanda Qumica de Oxignio
EIA: Estudo de Impacto Ambiental
FAO: Food and Agriculture Organization of the United Nations
FDA: Foods ando Drugs Administration
GAA: Global Alliance Aquaculture
IDH: ndice de Desenvolvimento Humano
IDH-M: ndice de Desenvolvimento Humano Municipal
IET: ndice de Estado Trfico
NPDS: Sistema Nacional de Eliminao de Descargas Poludas (EUA)
PCA: Plano de Controle Ambiental
PGIRS: Plano de Gerenciamento Integrado dos Resduos Slidos
PRAD: Plano de Recuperao de reas Degradadas
RAD: Recuperao de reas Degradadas
RCA: Relatrio de Controle Ambiental
RIMA: Relatrio de Impacto Ambiental
RMR: Regio Metropolitana do Recife

RESUMO
Atualmente, a Indstria Mineral, em virtude de polticas conservacionistas e das crescentes
exigncias sociais, busca enquadrar o setor nos modelos de sustentabilidade scioambiental. Para tal, conta com complexos sistemas de gesto ambiental que possibilitam a
criao de condies adequadas (recuperao) ao uso futuro (reabilitao) da rea explotada
(degradada). Entre as diversas alternativas de reabilitao ambiental para as cavas inundadas
resultantes da lavra a cu aberto, a aqicultura vem destacando-se no Brasil e no mundo.
Para as reas de estudo (Regio Metropolitana do Recife RMR e o municpio de
Goiana/PE) tal realidade pode ser comprovada mediante o levantamento acerca dos
planejamentos de recuperao ambiental previstos em PRADs (Plano de Recuperao de
reas Degradadas) mineiros, onde a aqicultura contemplada em 19% dos PRADs
mineiros da RMR e 43% dos PRADs do municpio de Goiana/PE, entre os anos de 2003 e
2007. Assim, o presente trabalho (Dissertao) consiste de uma anlise preliminar das
alternativas viveis de aqicultura voltadas para a reabilitao das reas mineradas de
agregados (areia, argila e brita) localizadas nas reas de estudo, atravs da reutilizao
sustentvel das cavas, vislumbrando a insero social (gerao de emprego & renda) das
comunidades circunvizinhas e/ou ribeirinhas. Em sntese, as alternativas de aqicultura
passveis de reabilitao ambiental para as reas de estudo so classificadas quanto aos
nveis preliminares de exeqibilidade, considerando os condicionantes naturais (abitico,
bitico e social) e tecnolgicos disponveis. Pela prpria vocao geolgica, os areeiros da
RMR e Goiana/PE so favorveis quanto exeqibilidade tcnica e econmica para
implantao de piscicultura e carcinicultura, marinha e de gua-doce. O cultivo de peixes e
camares marinhos economicamente vivel apenas para areeiros costeiros. A ostreicultura
mais indicada para leitos de rios dragados em zonas estuarinas. Para as minas de argila, a
piscicultura e carcinicultura com espcies de gua-doce podero ser viveis, entretanto, para
o cultivo de organismos marinhos no h viabilidade econmica. A ausncia de pedreiras
prximas costa inviabiliza a utilizao de cavas para piscicultura e carcinicultura marinha.
A ostreicultura desaconselhvel para as mesmas. Em se tratando de piscicultura e
carcinicultura de gua-doce, cavas inundadas e inundveis de pedreiras da RMR
apresentam-se favorveis implantao de projetos aqcolas. Em virtude das questes
supracitadas, pode-se concluir que a aqicultura desponta como forma sustentvel de uso
seqencial e produtivo do solo para as reas de estudo.
Palavras-chave: reabilitao ambiental, aqicultura, minerao de agregados.

ABSTRACT
Currently, the Mineral Industry seeks to support the sector in models of social and
environmental sustainability, because of conservation policies and increasing social
demands. To this end, with complex environmental management systems that enable the
creation of appropriate conditions (recovery) for future use (rehabilitation) of the exploited
area (degraded). Among the various alternatives for environmental remediation for flooded
pits from the raging in the open, highlighting the aquaculture comes up in Brazil and the
world. For the areas of study (Recife Metropolitan Region - RMR and Goiana/PE city) this
reality can be proved by the survey about the planning of environmental recovery expected
in RDAPs (Recovery of Degraded Area Plan) mining, where aquaculture is contemplated in
19% of the RMR RDAPs miners and 43% of the city of Goiana/PE RDAPs, between the
years 2003 and 2007. Thus, this work (Dissertation) is a preliminary analysis of viable
alternatives for aquaculture aimed at the rehabilitation of mined areas of aggregates (sand,
clay and crushed stone) located in the study areas, through sustainable reuse of pits, seeing
the insertion social (generation of employment & income) of the communities surrounding
and/or riverine. In summary, the alternatives of aquaculture likely to environmental
remediation for areas of study are classified acording to the level of preliminary feasibility,
considering the natural limitations (abiotic, biotic and social) and technology available. For
the geological own vocation, the megrims of the RMR and Goiana/PE are favourable as
the technical and economic feasibility for deployment of fish and shrimp farming, marine
and fresh-water. The cultivation of marine fish and shrimps is economically viable only for
coastal megrims. The oyster farming is more suitable for beds of rivers dredged in estuarine
areas. Concerning the clay mines, fish and shrimp farming with fresh-water species may be
viable, however, cultivation of marine organisms there is no economic viability. The
absence of quarries near the coast makes the use of pits to marine fish and shrimp farming.
The oyster farming is inadvisable for them. When it comes to freshwater fish farming and
freshwater shrimp farming, flooded pits and flooded quarries of the MRR present
themselves in favour of the deployment of aquaculture projects. Because of the issues
mentioned above, one can conclude that the aquaculture arises as a sustainable use of
sequential and productive soil in the areas of study.
Keywords: environmental rehabilitation, aquaculture, aggregates mining.

1. INTRODUO
1.1 GENERALIDADES
A minerao como atividade industrial indispensvel manuteno do nvel de
qualidade de vida e progresso da sociedade moderna. Atribuindo caractersticas vivas aos
inanimados minerais, podemos dizer que os mesmos ajudaram a definir os rumos da
histria, garantido a supremacia dos povos que souberam melhor utiliz-los.
Os Bens Minerais, extrados e tratados pela Indstria Mineral, so imprescindveis
para a grande maioria dos setores produtivos da economia mundial, possuindo incontveis
usos e aplicaes. O desenvolvimento tecnolgico para o setor, associado ao crescimento
da demanda mundial por tais recursos como resposta s exigncias da modernizao scioeconmica, a Indstria Mineral, alm de extrair recursos naturais progressivamente,
proporciona agresses aos limites de tolerncia dos ecossistemas, reprimindo e eliminando
espcies de natureza viva, reduzindo, portanto, a biodiversidade (ALTVATER, 1995).
Outrossim, Ripley et al (1996) reafirmam que os efeitos ambientais da minerao esto
associados ao conjunto de etapas inerentes ao processo produtivo, sendo boa parte destes
efeitos, adversos. Brandt (1998) afirma que os impactos negativos da minerao so muitas
vezes irreversveis.
A magnitude dos impactos gerados pela Indstria Mineral mundial foi estimada por
Wellmer e Becker-Plate (2001), que quantificaram a movimentao total de material slido
no planeta em cerca de 72 bilhes de metros cbicos anuais, sendo que 35 bilhes de
metros cbicos so movimentados pelo ser humano. Destes, a minerao a maior
responsvel, movimentando cerca de 17,8 bilhes de metros cbicos por ano.
O processo de extrao mineral promove profundas alteraes no ambiente, sendo
capaz de modificar o relevo, a paisagem, os aqferos, os cursos dgua, a flora, e
conseqentemente, a fauna. A minerao pode ser considerada como um agente estressor,
alterando o equilbrio do ecossistema, que passa a se expressar de maneira anormal. A NBR
13030, especfica para minerao, define rea degradada como rea com diversos graus de
alterao dos fatores biticos e abiticos, causados pelas atividades de minerao, (ABNT,
1993). Tal alterao afeta a complexidade, o funcionamento e a estabilidade de um
ecossistema que pode ter passado milhares de anos para chegar a seu estado clmax
(ODUM, 1988).

Os processos de retorno a uma condio de equilbrio podem ser naturais ou


atravs da interveno humana, porm, vale ressaltar a impossibilidade do retorno s
condies originais da rea explorada. Neste caso, o que se deseja, a recuperao e a
reabilitao das reas afetadas, tornando-as aptas para o uso seqencial e sustentvel aps o
encerramento da atividade mineral com o incio de outra(s) atividade(s) econmica(s) ou at
mesmo de subsistncia.
O abandono da rea deve ser evitado para inibir processos de regenerao natural
insatisfatrios. O abandono pode ainda, incentivar o processo de ocupao desordenada,
facilitando riscos de acidentes e o surgimento de favelas, podendo agravar impactos sob o
ponto de vista paisagstico, social e econmico.
O planejamento do uso futuro de uma rea ps-minerada deve ser estabelecido de
acordo com as potencialidades e limitaes naturais da regio, englobando os interesses
difusos da populao local, do governo e da empresa. Diante destes fatos, possvel
encontrar na literatura nacional e internacional, diversas formas de recuperao e
alternativas de reabilitao para reas ps-mineradas. Dentre estes, a aqicultura vem
recebendo importncia cada vez maior.
A aqicultura uma atividade multidisciplinar, que constitui no cultivo de
organismos aquticos, incluindo peixes, moluscos, crustceos e plantas aquticas (FAO,
1998). O cultivo implica em interveno humana no processo de criao para aumentar a
produo, tal como regulao dos estoques, alimentao, proteo de predadores, entre
outros. Cultivo tambm implica em propriedade individual ou corporativa dos estoques
cultivados". A aqicultura deve ter um proprietrio, diferentemente da pesca extrativa,
cujas populaes exploradas compem o bem coletivo (RANA, 1997).
A possibilidade de aproveitamento de reas ps-mineradas na RMR e Goiana/PE,
para produo de alimentos derivados da aqicultura, representa no apenas um desafio,
mas uma oportunidade na melhoria do sistema de gesto ambiental local/regional,
integrando a minizao do passivo ambiental com a possibilidade de gerao de emprego e
renda. Alm disso, a construo de viveiros em reas previamente degradadas constitui uma
boa prtica de gesto (BMP Best Management Practices), para aqicultura, o que pode
reduzir os impactos ambientais ocasionados pela mesma (VALENTI, 2002).
Desta forma, o reaproveitamento de reas ps-mineradas visa enquadrar, no s a
minerao, mas tambm a aqicultura dentro dos ditames do Desenvolvimento Sustentvel,
principalmente, no tocante ao uso seqencial do stio outrora minerado.

1.2 JUSTIFICATIVAS E MOTIVAO


As crescentes exigncias da sociedade, do ponto de vista ambiental, atravs de seus
instrumentos institucionais apoiados pela Poltica Nacional de Meio Ambiente vigente,
visam enquadrar o Setor Mineral no modelo de sustentabilidade.
Para tanto, a minimizao do passivo ambiental da regio de estudo (RMR e
Goiana/PE) atravs de estudo de alternativas de reabilitao ambiental sustentveis,
sobretudo, atravs da aqicultura, aliado a possibilidade da gerao de emprego & renda s
populaes de baixos nveis de ndice de Desenvolvimento Humano - IDH que circundam
as reas mineradas justificaram a proposio geral desta pesquisa. Visto que, de acordo com
Otchere et al (2001), a aqicultura com fins comerciais ou recreacionais tido como meio
eficaz de prevenir e mitigar problemas scio-econmicos de comunidades no entorno da
minerao.
Segundo Otchere et al (2004) em consonncia com os princpios do
desenvolvimento sustentvel, o uso inovativo de cavas inundadas e barragens de rejeitos
para piscicultura comercial, recreacional ou ornamental, pode ser considerado em alguns
locais como contribuio significativa equidade social, vitalidade econmica e
integridade ambiental de comunidades mineiras (circunvizinhana), inclusive quelas
afetadas pelo fechamento das minas (HERRERA, 2004).
O uso de reas ps-mineradas para aqicultura vem ganhando importncia em todo
o mundo, sendo capaz de promover negcios atrativos em potncias econmicas como
E.U.A (MILLER et al, 2002), Canad, Inglaterra, entre outros; e portanto, poder gerar
perspectivas de um futuro melhor populao carente de pases extremamente pobres,
como Gana (AWITY et al, 2005), por exemplo.
Igualmente, se somam a esta proposta demais justificativas pontuais, a saber:
(i) desestimular a prtica de abandono de reas ps-mineradas na RMR, atravs da
mudana de atitudes empresariais quanto disponibilidade de estudo de alternativas de
reabilitao rentveis e sustentveis;
(ii) consolidao dos instrumentos da Poltica Nacional de Meio Ambiente,
regulamentadas e executadas pelos rgos estaduais, neste caso a CPRH, quanto insero
do setor mineral exeqibilidade dos PRADs;
(iii) disponibilizao de novas reas (planejadas) para execuo da prtica da
aqicultura, como forma de produo de alimentos e gerao de emprego e renda;

(iv) novas alternativas de prticas pesqueiras face ao crescente nmero de reas


imprprias para o cultivo e ao aumento das reas destinadas proteo permanente
(APPs), inclusive em regies estuarinas;
(v) contribuir para o preenchimento das lacunas existentes na literatura nacional, na
rea de gesto ambiental, em especial na busca de novas alternativas para recuperao e
reabilitao de reas degradadas pela ao humana e conseqente uso sustentvel;
(vi) contribuio da presente Dissertao; quanto consolidao da Linha de
Pesquisa Gesto Ambiental na Minerao no Programa de Ps-Graduao em
Engenharia Mineral PPGEMinas.

1.3 OBJETIVOS: GERAL E ESPECFICOS


GERAL:
A presente dissertao tem como objetivo geral estudar reas degradadas pela
minerao de agregados na RMR e municpio de Goiana, passveis de reabilitao ambiental
atravs de alternativas sustentveis de aqicultura, como forma de minimizao do passivo
ambiental do Setor e gerao de emprego e renda local.
ESPECFICOS:
(i)

Levantar na literatura acadmica nacional e internacional, diferentes


formas de utilizao de reas ps-mineradas, principalmente, s que
contemplam a aqicultura como alternativa sustentvel;

(ii)

Identificar reas passveis de reabilitao ambiental pela minerao de


agregados na RMR e municpio de Goiana (situado no Litoral Norte);
este ltimo devido sua vocao geolgica e sua importncia no
fornecimento de areia para a RMR;

(iii)

Analisar alternativas de aqicultura exeqveis (tcnico-econmico) para


reas degradadas pela minerao de agregados para construo civil na
RMR e Goiana/PE; entre as quais sero priorizadas culturas
comercialmente mais importantes, em diferentes sistemas de cultivo, tais
como: carcinicultura marinha com a espcie Litopeneaus vannamei
(camaro cinza); carcinicultura de gua-doce com o Macrobrachium
rosenbergii (camaro gigante da malsia); piscicultura com a espcie

Oreochromis niloticus (Tilpia do Nilo); ostreicultura com a Crassostrea


rhizophorae (Ostra-do-mangue), entre outras;
(iv)

Proposio de alternativas de aqicultura como fonte de emprego e


renda para populao de baixa renda (circunvizinhas e/ou ribeirinhas),
apoiadas na cadeia de produo alimento/emprego/renda, com vis
extensionista e/ou cooperativista.

1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAO


A presente Dissertao est organizada em 5 captulos, a saber:
O Captulo 1 corresponde introduo acerca do assunto. Definio da Indstria
Mineral, suas peculiaridades e principais etapas sero apresentadas no Captulo 2.
Definies e tcnicas de recuperao e reabilitao ambiental de reas degradadas pela
minerao sero delineadas no mesmo captulo, seguindo-se de informaes acerca da
aqicultura como alternativa de reabilitao de reas ps-mineradas; exemplificada por
casos concretos no Brasil e no mundo.
O Captulo 3, por sua vez, descreve as caractersticas da rea de estudo. O mesmo
discorre sobre as atividades do setor mineral na RMR e Goiana/PE, apresentando suas
particularidades. A realidade do processo de licenciamento ambiental para a rea de estudo
e a existncia de estudo, o planejamento da recuperao ambiental, bem como a existncia
da aqicultura como alternativa de reabilitao do passivo ambiental, tambm so descritos
neste item.
As possveis alternativas de aqicultura para as reas de estudo, assim como os
requisitos necessrios sua exeqibilidade, so mostrados no Captulo 4.
Por fim, as Concluses e sugestes presentes no Captulo 5, sintetizam a
contribuio da Dissertao, bem como recomendaes para trabalhos futuros.

2. REVISO BIBLIOGRFICA
2.1

INDSTRIA

MINERAL:

DEFINIES,
ETAPAS
PECULIARIDADES

No seria prudente explanar sobre a atividade de minerao na RMR e Goiana/PE,


sem antes apresentar uma breve explanao sobre a Indstria Mineral. Basicamente, os
minerais so classificados industrialmente como metlicos, no-metlicos e energticos
(LUZ e LINS, 2004). Embora possuam origem orgnica e no apresentem natureza
cristalina, admite-se que combustveis fsseis sejam denominados minerais energticos,
devido utilizao de mtodos de lavra mineral. A subdiviso dos minerais no-metlicos
em outras classes constitui tendncia crescente, proporcionando mais clareza em termos
referenciais (CETEM, 2005). Em sntese, ainda segundo CETEM (2005), os minerais
podem ser divididos em:
i.

Minerais metlicos: Podem ser Ferrosos (Ex. Ferro, Nquel); No-Ferrosos


(Ex. Cobre e Zinco); Preciosos (Ouro e Platina) e Raros (Ex. Escndio e
Glio);

ii.

Rochas e Minerais Industriais ou RMIs: Agregados (Areia, brita e argila);


Agro-minerais (Ex. Fosfato e calcrio); Minerais ambientais (Ex. Zelitas e
vermiculita); Pigmentos (Ex. Ocre e barita); Cermicos (Ex. Caulim e Slica);
Fundentes (Ex. Fluorita e calcrio); Isolantes (Ex. Amianto e mica);
Refratrios (Magnesita e bauxita); Abrasivos (Diamante, granada); Carga
(Talco e gipsita); Cimento (Calcrio e argila); entre outros;

iii.

Gemas: Pedras preciosas (Ex. Diamante e esmeralda);

iv.

Minerais energticos: Radioativos (Ex. Urnio e Trio) e Combustveis


Fsseis (Ex. Petrleo e Carvo);

v.

guas: Podem ser minerais ou subterrneas.

A minerao pode ser definida como a arte de descobrir, avaliar e extrair


substncias minerais teis existentes no interior ou na superfcie da terra, bem como outras
substncias de origem orgnica, e compreende as fases de pesquisa (prospeco e
explorao), desenvolvimento, lavra e beneficiamento (DNPM, 1995). Segundo Hartman e
Mutmansky (2002), a minerao a atividade, ocupao e indstrias envolvidas com a
extrao de minerais. A NRM 01 (DNPM, 2001) define Indstria de Produo Mineral

aquela que abrange a pesquisa mineral, lavra, beneficiamento de minrios, distribuio e


comercializao de bens minerais. As principais etapas da minerao so representadas e
descritas na Tabela 2.1.1.
Tabela 2.1.1 - Descrio das principais etapas da minerao (DNPM, 1995; adaptado).
ETAPA/FASES
Prospeco
Explorao

Desenvolvimento
Lavra
Beneficiamento

Desativao

DESCRIO
Consiste na procura pelos Minerais a serem explorados.
Estudo das propriedades e caractersticas fsicas, qumicas, mineralgicas,
tecnolgicas, mercadolgicas e viabilidade econmica do mineral descoberto na
fase de prospeco.
Planejamento, preparao e organizao de toda a infra-estrutura necessria para a
explotao dos recursos minerais. a etapa que antecede a lavra.
a fase de explotao e aproveitamento industrial da jazida. Constitui a minerao
propriamente dita. Divide-se em: desmonte / escavao, carregamento e
transporte dos minerais para as unidades de beneficiamento.
Altera as condies fsicas, qumicas e fsico-qumicas dos minerais, de forma a
atender s especificaes requeridas pelo setor industrial e mercados. Compreende
o tratamento, cominuio e concentrao do minrio.
Encerramento de todas as atividades inerentes minerao, de forma temporria
ou permanente. Geralmente ocorre devido exausto da jazida, a fatores
mercadolgicos, econmicos, ambientais ou legais. Essa etapa deve estar prevista
em um Plano de Desativao de Empreendimentos Mineiros PDEM, ou Plano
de Fechamento, devendo incluir a recuperao da rea degradada como medida
compensatria, tornando-a apta para o uso futuro sustentvel e econmico.

Na Indstria Mineral Sustentvel, a desativao do empreendimento mineiro deve


ser to importante quanto s etapas produtivas. Para Oliveira Jnior (2001), fechamento de
mina a desativao e consiste na paralisao da atividade em decorrncia de fatores
fsicos, econmicos, tecnolgicos ou ambientais, de carter parcial ou total, permanente ou
temporria, tendo como finalidade a reduo ou eliminao do passivo ambiental mediante
aes de recuperao desenvolvidas ao longo da vida da mina e aps sua exausto. Para tal,
uma bem sucedida desativao deve ser atribuda em PDEM Plano de Desativao de
Empreendimentos Mineiros, que contempla uma srie de vantagens, entre as quais, garantia
financeira para possveis riscos scio-ambientais.
Lima et al (2006) atentam para as vantagens da adoo de um Plano de Fechamento e a
necessidade de distino em relao ao PRAD. Estes constataram que:
[...] Um plano de fechamento de mina deve atender s exigncias
legais,

levando em considerao,

ao mesmo tempo, as

caractersticas ambiental, econmica e social especficas de uma


mina e de seu entorno, das operaes e de toda a infra-estrutura de
apoio que integra o projeto de minerao. Portanto o contedo
dos planos de fechamento sofre variaes, para contemplar

caractersticas locais especficas de cada projeto. Entretanto


possvel estabelecer um contedo bsico que fundamente a
estrutura de todos os planos de fechamento.
Segundo Barreto (2000), recuperao de reas degradadas, fechamento das frentes de
lavra e descomissionamento mineiro, aparecem como sinnimos na literatura, entretanto na
verdade so distintas: a recuperao surge como medida de controle ambiental e ocorre
concomitante as atividades produtivas; o fechamento constitui uma fase do ciclo de vida de
uma mina, que tem incio com a exausto da jazida ou paralisao devido inviabilidade
tcnico-econmica; o descomissionamento a transio do fechamento at a entrega da
rea em condies que permitam um uso futuro, conforme mostrado na Fig.2.1.1.
Pesquisa Mineral

Viabilidade

NO
SIM

Lavra

Beneficiamento
Mineral

Cavas, rea de
subsidncia e
pilhas

Bacias ou
Barragens de
Rejeito

Fase I
Prdesativao
Recuperao
das reas
degradadas

Deciso de Desativao
Descomissionamento
Fechamento
Manuteno
Ps-fechamento

Fase II
Reabilitao
ambiental
das reas
degradadas

Fig. 2.1.1 - Fases da minerao e conseqente desativao (OLIVEIRA JNIOR, 2006).


Manuteno a fase que implica no monitoramento dos corpos dgua superficiais
e subterrneos, da estabilidade ambiental e biolgica durante a recuperao (OLIVEIRA
JNIOR, 2006). De acordo com McHaina (2000; apud OLIVEIRA JNIOR, 2006), os

resultados do monitoramento ponderam a eficcia dos trabalhos de recuperao. Caso o


resultado dos monitoramentos indique condies ambientais favorveis ou aceitveis, d-se
incio fase de Ps-fechamento, que caracterizada pelo uso final e benfico do solo
(OLIVEIRA JNIOR, 2006).
De acordo com Campos et al (2007), a minerao, diferentemente de outras
atividades econmicas, possui caractersticas que lhe so muito peculiares entre as quais, se
destacam:
i.

Rigidez Locacional: a imposio causada pela presena de determinado


mineral, num dado local. Tal imposio retrata a riqueza mineral de alguns
locais e a carncia de minrios em outras localidades. Alm disso, as
unidades de produo e beneficiamento, geralmente, esto situadas
prximas s jazidas, onde ocorrem as frentes de lavra.

ii.

Alto Risco do Empreendimento: De cada mil projetos de pesquisa,


apenas um transforma-se em mina, segundo estudos realizados pela ONU
em 1972. No Brasil esse nmero bem mais expressivo, embora irreal, j
que mais de 50% das minas brasileiras ou esto com suas lavras paralisadas
ou com produo meramente simblica;

iii.

Tempo de Maturao de um Empreendimento Mineiro: Da


descoberta de um alvo promissor (ocorrncia) at chegar-se produo
(mina), leva-se muito tempo, aproximadamente, de 8 a 10 anos em mdia;

iv.

Incerteza: Todos os passos, da descoberta da jazida ao seu aproveitamento


so subjetivos, ou seja, a jazida s ser realmente conhecida ao final da
lavra. At l, todo seu destino uma icgnita, pois est sujeita s mudanas
mercadolgicas, tcnicas e cientficas, polticas e scio-ambientais.

v.

Capital Expressivo: Dado o lapso de tempo que vai da descoberta at a


efetiva produo (8 a 10 anos em mdia), o investimento elevado para
transformar a ocorrncia geolgica do bem mineral em viabilidade
econmica (minerao).

vi.

Altas Taxas de Retorno: Pelas razes anteriores, nenhum investidor se


contenta com as taxas seguras do mercado. Tratando-se de atividade de alto
risco, exigem-se taxas compensatrias aventura da atividade;

vii.

Exauribilidade da Jazida: Alm de exausto fsica (esgotamento da


reserva lavrvel), a jazida pode ser considerada exaurida por razes
polticas (construo de obras, expanso urbana, outras); questes de

10

zoneamento; razes econmicas (surgimento de alternativas mais


interessantes como a descoberta de jazida mais rentvel, ou concorrncia);
razes scio-ambientais;
viii.

Singularidade das Jazidas/Minas: No h jazidas ou minas idnticas.


Cada uma delas, em razo de comportamentos geolgicos diferenciados,
exige planos especficos de pesquisa, aproveitamento econmico, planos de
lavra e de recuperao de rea degradada, e reabilitao ambiental;

ix.

Monitoramento ambiental especfico: Dada a singularidade da jazida e


da mina e a especificidade dos projetos tcnicos, no se pode a priori definir
a forma de seu monitoramento. Cada uma deve ter um projeto de
monitoramento particular;

x.

Reversibilidade dos Impactos Ambientais: A atividade mineral s pode


ser autorizada com Licenciamento Ambiental, no qual os impactos so
previstos e avaliados (AIA) quanto reversibilidade, mitigados e
compensados. Caso contrrio, o Departamento Nacional de Produo
Mineral DNPM, no outorgar o ttulo, bem como o rgo Ambiental
(Federal ou Estadual) no regulamentar a atividade.

A variao das formas e caractersticas das jazidas influencia diretamente na escolha do


mtodo de lavra e a tecnologia a ser empregada no beneficiamento mineral.
Conseqentemente, a variabilidade das caractersticas mineralgicas, fsicas e qumicas da
jazida afeta toda cadeia produtiva, influenciada por aspectos mercadolgicos, regidos pela
lei da oferta e demanda. Atualmente, todos esses fatores so exaustivamente estudados pela
Indstria Mineral moderna durante a fase de explorao que, mediante modernas tcnicas
de prospeco, reduzem a incerteza ao mximo quanto ao retorno dos investimentos
iniciais e o lucro de um empreendimento mineiro.

2.2

A RECUPERAO & REABILITAO DE REAS MINERADAS:


DEFINIES, OBJETOS, TCNICAS E ALTERNATIVAS ADOTADAS
Conceitos de recuperao ambiental geralmente esto ligados idia de
preparao da rea/solo para um uso futuro e produtivo, conforme apresentados na
Tabela 2.2.1. De acordo com Barth (1989 apud Bitar, 1997), o processo de recuperao no
possui prazo pr-determinado, na verdade deve comear com um planejamento antes do
incio das atividades mineiras, culminando algum tempo aps o encerramento da atividade

11

extrativa. Em resumo, pode-se dizer que conceitos de recuperao e reabilitao ambiental


esto intimamente relacionados, porm, so significativamente distintos.
Tabela 2.2.1 - Conceitos de Recuperao, segundo diversos autores (BITAR, 1997).
AUTOR
DOWN, STOCKS (1977)
CAIRNS Jr (1986)
ABNT (1989)
ALMEIDA (1989)
BARTH (1989)
DIETRICH (1990)
WILLIAMS et al. (1990)
MASCHIO et al. (1992)
ABNT (1993)
AUSTRLIA (1995)
SANCHEZ (1995)

CONCEITO DE RECUPERAO
Qualquer alternativa, exceto recriao da topografia original e restabelecimento
das condies prvias do uso do solo.
Retorno parcial ou total da superfcie s condies ambientais.
Processo em que se criam as condies de adequao a um novo uso e de
ambiente saudvel.
Estabelecimento do uso do solo compatvel com o ambiente circunvizinho e
com as diretrizes de planejamento.
Projeto planejado de uso do solo.
Processo que deve considerar o ambiente natural e cultural da regio
circunvizinha e obter um uso do solo gerencivel e sustentvel.
Retorno do stio a um uso de acordo com plano prvio e em conformidade
com a vizinhana.
Processo em que se busca reversibilidade total ou parcial do ecossistema
Procedimento de minimizao de impactos ambientais de acordo com plano
prvio.
Processo de reparao dos impactos ambientais, com reconstruo de uma
superfcie estvel do solo e revegetao ou instalao de outro uso do solo.
Aplicao de tcnicas de manejo, tornando uma rea apta a um uso do solo
produtivo e sustentvel, em equilbrio dinmico (fsico, qumico e biolgico)
com a circunvizinhana.

Os impactos ambientais ocasionados pela minerao dependem de muitos fatores,


tais como: caractersticas do minrio, tcnicas extrativas e de beneficiamento; o que requer
diferentes medidas para a recuperao e reabilitao ambiental (WILLIAMS et al., 1997).
As cavas e seu entorno, formadas pela lavra a cu aberto (open pit), por exemplo,
constituem os principais objetos de recuperao e reabilitao ambiental, inclusive para
minerao de agregados. Segundo Oliveira Jnior (2001), cavas formadas pela lavra a cu
aberto podem causar diversos tipos de danos s pessoas e animais; descargas de gua
contaminada; mudanas no padro do fluxo de gua subterrnea e drenagem superficial.
Dependendo da magnitude do passivo ambiental, as dimenses das cavas podem
influenciar o balano hdrico da regio explorada (REIS, 2006). Isso se deve ao aumento da
rea de espelhos dgua: quanto maiores, maior ser a taxa de evaporao. A geometria e
porte das cavas dependem do teor do minrio, da resistncia das rochas, da topografia e do
nvel do lenol fretico e, segundo Oliveira Jnior (2001), todas estas caractersticas so
relevantes e ditaro a configurao final da cava recuperada e, conseqentemente, o seu uso
futuro.

12

Atualmente, diversas so as tcnicas de recuperao e alternativas de reabilitao


ambiental de ambientes alterados/degradados no somente pela minerao, mas por outros
segmentos tambm econmicos tais como agricultura e pecuria. Os principais objetivos e
medidas de recuperao apresentados por Canad e Sassoon (1995 e 2000; apud
OLIVEIRA JNIOR) para a lavra a cu aberto, so mostrados na Tabela 2.2.2.
Tabela 2.2.2. Objetivos e medidas de recuperao para lavra a cu aberto. (OLIVEIRA
JNIOR, 2001; adaptado).
Objetivos de
Recuperao

Caractersticas

Medidas Tcnicas

Estabilidade Fsica
Segurana

Restringir o acesso s
reas perigosas;
Prever acesso de
emergncia para a
gua;
Prevenir rupturas
inclinadas nos taludes;

Ruptura de taludes; Estabilizao das


bancadas

Controlar a descarga
de sedimentos, se
necessrio

Instalar valetas no entorno da


cava e cercas e postes de
sinalizao nas cavas, se
necessrio
Fornecer acesso gua;
Estabilizar com reduo do
ngulo do talude ou bermas de
p;
Restringir o acesso a cava com
valetas/bermas e, se necessrio,
usar cercas e postes de
sinalizao; Revegetar ou
colocar enrocamento nos
taludes.

Estabilidade Qumica
Drenagem cida e/ou lixiviao de metais

Regular a qualidade de
gua (coletar gua e
instalar drenagens)

Controlar as reaes de
inundao; Cobrir para controlar
as reaes e/ou migrao;
Coletar e tratar; Instalar
drenagens.

Uso futuro da rea


Produtivo e impactos visuais

Recuperar a superfcie
igual original ou
outra alternativa de uso
aceitvel; Restabelecer
as drenagens

Encher a cava com estril onde


for prtico e benfico; Aplainar
os taludes; Encher de gua;
Revegetar os taludes; Recuperar
para a pesca ou aqicultura, vida
selvagem, entre outros.

A Portaria n 237, de 18/10/2001, posteriormente regulada pela portaria N 12, de


22/01/2002 institui as Normas Reguladoras da Minerao NRM. A denominada NRM
21, estabelece os seguintes itens que devem compor o projeto de reabilitao de reas
pesquisadas, mineradas e impactadas em territrio brasileiro:
a) Identificao e anlise dos impactos ambientais diretos ou indiretos sobre os meios
fsico, bitico e antrpico;
b) Aspectos sobre as conformaes paisagsticas e topogrficas, observando-se:
I- estabilidade;
II- controle de eroso;

13

c)
d)
e)
f)
g)

III- drenagem;
IV- adequao paisagstica e topogrfica e
V- revegetao;
Programa de acompanhamento e monitoramento;
Planta atualizada na qual conste a situao topogrfica atual das reas a serem
reabilitadas;
Aptido e uso futuro da rea;
Apresentar mapas, fotografias, planilhas e referncias bibliogrficas e
Cronograma fsico e financeiro do plano de reabilitao.
O Plano de Recuperao de reas Degradadas PRAD, a ser detalhado mais

adiante, o principal instrumento de licenciamento regulamentador para a recuperao de


reas degradadas pela atividade de minerao. elaborado de acordo com as diretrizes
fixadas pela NBR 13030, da Associao Brasileira de Normas Tcnicas - ABNT, e demais
normas pertinentes e/ou termos de referncia estabelecidos pelos rgos ambientais
seccionais.
Como exemplo tcnico de recuperao ambiental, a minerao SAMARCO
promove, desde 2001, os trabalhos de recuperao e reabilitao da Cava do
Germano/MG, atualmente exaurida (SAMARCO, 2007). O objetivo dos trabalhos
preencher a cava com rejeito arenoso resultante do processo de beneficiamento do minrio
de ferro, formando uma pilha de 150m, com relevo similar ao original e cobertura vegetal
semelhante da regio (Fig.2.2.1). A reabilitao envolve um projeto paisagstico com a
introduo de espcies arbreas nativas, atrativas para a fauna nativa da regio. O projeto
de recuperao previsto para durar cerca de vinte anos, foi orado em milhes de dlares.

Figura 2.2.1. Taludes revegetados da cava da mina do Germano, Mariana MG


(SAMARCO, 2007).

14

Um exemplo tcnico, porm inovativo na diversificao de usos de reas psmineradas o estdio municipal de Braga, em Portugal (Figura 2.2.2 b), concebido como
alternativa de reabilitao ambiental de uma antiga pedreira urbana (SKYSCRAPERCITY,
2008). A recuperao e posterior reabilitao ambiental, em alguns casos, superam o estado
original da paisagem antes da minerao, resultando principalmente no melhoramento da
esttica do local em relao ao estado original (AMBIENTEBRASIL, 2007). Ou seja, a
minerao traz a formao de paisagens que podem ter um uso seqencial para recreao e
lazer, como o caso do lago do Parque Municipal do Ibirapuera (SP), local de antigo areeiro
(BITAR, 1997). O mesmo mostrado na Fig.2.2.3.

(a) Conjunto habitacional de alto padro


Pedreira de Masole, em Spresiano, Itlia
(ANEPLA, 2008)

(b) Estdio municipal de Braga Antiga


Pedreira, em Braga/Portugal
(SKYSCRAPERCITY, 2008)

(d) pera de arame, em antiga pedreira de


(c) Lago do Parque municipal do Ibirapuera
Curitiba (PR)/Brasil (CURITIBA, 2008).
(SP), Brasil (SO PAULO, 2008)
Fig.2.2.2. Exemplos sustentveis de uso seqencial em reas ps-mineradas.

15

O aproveitamento de reas ps-mineradas tem sido estudado por inmeros centros


de pesquisa em todo o mundo. Pesquisas sobre recuperao e reabilitao ambiental
geralmente so conduzidas de maneira multidisciplinar, o que representa um grande campo
de atuao para uma gama de profissionais, tais como: engenheiros, eclogos, bilogos,
limnlogos, socilogos, entre outros.

2.3

AQICULTURA COMO ALTERNATIVA DE REABILITAO DE


REAS PS-MINERADAS
A reabilitao ambiental de reas degradadas pela minerao deve permitir que a

rea aps explotada tenha novos usos conforme exigncias legais. Tais exigncias
geralmente implicam em uso seqencial e sustentvel da rea. A escolha da aqicultura
como forma de reabilitao justificvel pela crescente importncia da mesma na produo
de protenas de origem animal. Ds e Shaw (1999) atribuem o papel futuro da aqicultura
na produo de alimentos:
[...] possvel que a aqicultura seja capaz de suprir
algumas das demandas crescentes por protenas e relacionese reduo na demanda por cereais; contudo, nosso
conhecimento da aqicultura futura sempre mais incerto
que o da agricultura tradicional em solo. Todavia, nenhuma
tentativa foi feita para examinar este aspecto do problema.
Embora a assertiva de Ds e Shaw (1999) no tenha explorado a eficcia da
aqicultura como alternativa possvel problemtica alimentar do porvir, compensa por
evidenciar a impossibilidade de uma previso exata da produo futura de alimentos. Ainda
segundo a literatura, a previso da capacidade futura da produo mundial de alimentos
constitui uma preocupao real por motivos bvios: o crescimento acelerado da populao
mundial e o aumento da degradao ambiental. Como as projees para o crescimento da
populao mundial so maiores do que para a produo, haver aumento da demanda, com
conseqente tendncia de elevao do preo do pescado em todo o planeta (DS e
SHAW, 1999).
A FAO (2006) estima que a produo pesqueira mundial at 2020, para fins de
consumo humano, cresa cerca de 40%, saindo das atuais 100 milhes de toneladas,
aproximadamente, para cerca de 140 milhes. A maior parcela desse crescimento advir da

16

aqicultura, que dever responder por quase a metade do pescado consumido pela
humanidade (FAO, 2006). O aumento da aqicultura na produo mundial de pescados,
entre os anos de 1950 e 2000, mostrado na Fig.2.3.1.

Fig.2.3.1 - Aumento da aqicultura na produo mundial de pescados (FAO, 2006).


Neste contexto, pode-se dizer que o aproveitamento de reas ps-mineradas pode
contribuir bastante para a produo mundial de alimentos, tanto por meio da aqicultura,
como por outras formas de culturas.
Sob o ponto de vista da minerao, Otchere et al (2002) afirmam que a aqicultura
com fins comerciais ou recreacionais, um meio eficaz de prevenir e mitigar problemas
scio-econmicos de comunidades ao entorno da minerao.
O uso no-convencional de reas ps-mineradas para aqicultura tem a ver com
pelo menos dois objetivos que compem os planos de sustentabilidade para aqicultura
europia: a concorrncia pelo espao e a garantia de que a aqicultura seja uma atividade
vlida do ponto de vista ambiental (CCE, 2002). Segundo CCE (2000), o incentivo
aqicultura em guas interiores e a adoo de sistemas de recirculao de gua em circuito
fechado, entre outras medidas, diminuiriam a presso sobre a concorrncia por espao
fsico, reduzindo o consumo de gua e transferindo as unidades de aqicultura para zonas
de menor interesse paisagstico.

Para que a aqicultura seja vlida do ponto de vista

ambiental, necessrio que seus impactos ambientais negativos sejam reduzidos ao


mximo, e os positivos sejam estimulados (CCE, 2002).
O uso da aqicultura como ferramenta de sustentabilidade ambiental para a
minerao tambm tem sido estudado pela Universidade de Cambridge (HERRERA,

17

2006), que avalia a possibilidade de construo de um projeto pisccola na maior mina de


ouro do planeta Yanacocha situada no Peru.
Algumas minas so aproveitadas de formas mais inusitadas possveis. No estado
norte-americano de West Virgnia/EUA, a gua acumulada nas minas de carvo
intensamente utilizada para piscicultura. Segundo Jenkins et al (1995, apud MILLER et al,
2002 ), no estado de West Virgnia so retirados anualmente cerca de 232 milhes de gales
(aprox. 900 milhes de litros) de gua oriunda tanto de minas ativas, quanto abandonadas.
Destes, aproximadamente so destinados indstria da aqicultura. As guas superficiais
de rios e lagos da regio apresentam temperaturas extremas durante inverno e vero; em
contrapartida, as guas minerais apresentam temperaturas constantes entre 13 e 15C
durante todo o ano, mostrado na figura 2.3.2, sendo apropriadas para a cultura de
salmondeos (MILLER et al, 2002; SEMMENS e MILLER, 2003).

Fig.2.3.2. Exemplo das diferentes temperaturas de produo, com gua superficial e com
gua subterrnea proveniente das minas em West Virgnia/EUA (MILLER et al, 2002).
Segundo Miller et al (2002) , em West Virgnia a aqicultura representa o nico
caminho para o desenvolvimento econmico de reas rurais prximas a minas fechadas
(ver Fig.2.3.3). Em seus estudos, Miller et al (2002) perceberam que as reas com altas taxas
de desemprego esto prximas das reas mineiras com alto fluxo/vazo de gua, ou seja,
reas ideais para implantao de aqicultura.
A qualidade da gua oriunda de minas de carvo muito influenciada pela qumica
do depsito do carvo e geologia local. O que ocorre que nas terras ao sul de W.V, os
depsitos de carvo possuem baixos nveis de enxofre e ferro (Pirita-FeS2) e as guas
subterrneas dessas minas podem ser utilizadas com o mnimo, ou nenhum tratamento.

18

Fig.2.3.3. Piscicultura em tanques de fibra, em West Virginia/EUA (MILLER et al, 2002).


Uma simples aerao capaz de remover o dixido de carbono e oxidar o ferro,
dois dos mais comuns parmetros a serem analisados em tal situao. Nveis de CO2 acima
de 30 mg/l so capazes de reduzir o crescimento da truta arco ris (DANLEY e MAZIK ,
2004; apud MILLER et al, 2002). Miller et al (2004) analisaram aspectos sobre os riscos do
consumo de trutas para a sade humana e concluram que h viabilidade de que
salmondeos cresam saudavelmente em guas advindas das minas, desde que haja
tratamento adequado.
Na parte norte de W.V/EUA, os depsitos de carvo possuem maiores nveis de
ferro e enxofre. guas subterrneas obtidas a partir destas minas so cidas e requerem
tratamento para se conformar com as leis federais do NPDES (MILLER et al, 2002). Estes
tratamentos consistem na aerao da gua da mina, antes e depois da aplicao de cal
hidratada, podendo-se utilizar agentes floculantes para precipitar o ferro e outros metais.
Depois de passar por uma bacia de sedimentao (decantao) a gua flui para uma ou mais
lagoas de polimento antes de serem liberadas em algum riacho (MILLER et al, 2002).
Segundo Dsouza e Miller (2004), a viabilidade tcnica de piscicultura com gua
proveniente das minas de carvo de West Virgnia mostrou-se dentro dos limites aceitveis
dos

padres

de

segurana

alimentar

da

FDA

(FOOD

AND

DRUGS

ADMINISTRATION). Alm das baixas taxas de mortalidade de cultivo, alguns peixes


foram submetidos a testes ecotoxicolgicos no indicando diferenas significativas queles
cultivados em sistemas convencionais (DANLEY e MAZIK, 2004).
No obstante a viabilidade tcnica, a viabilidade econmica de tal modalidade de
aqicultura em W.V no tinha sido explorada. Ento, Dsouza e Miller (2004) quantificaram
os custos e benefcios, avaliando a viabilidade financeira. Considerando o potencial dos

19

impactos econmicos com o crescimento da aqicultura e a gerao de emprego e renda,


chegaram concluso de que a aqicultura realizada com gua das minas de carvo
financeiramente vivel sob o ponto de vista do aqicultor. Isso pode ser explicado, alm de
outros fatores, pelos baixos custos em relao aqicultura convencional - regulamentos
governamentais exigem que a gua da mina seja tratada antes de ser retornada ao ambiente
o que proporciona acesso gua de boa qualidade, a um custo relativamente menor.
A exemplo de West Virgnia, em Kentucky, tambm nos EUA, a utilizao de
minas inundadas e abandonadas como fontes de gua tambm considerada vivel
(DURBOROW, 2000). A mesma bombeada de tais minas e flui atravs de tanques
circulares do tipo fiberglass - fibras de vidro, contendo trutas. Os tanques so
constantemente alimentados, e a gua mantida limpa e a baixas temperaturas, com um
elevado teor de oxignio.
Embora a viabilidade financeira do ponto de vista mineiro seja igualmente
importante, a mesma no tem sido estudada. O que se sabe que se as prticas de
aqicultura forem amplamente adotadas, resultaro em desenvolvimento econmico local
para a comunidade e para o superficirio (DSOUZA e MILLER, 2004). Outros bons
exemplos de sucesso tcnico-econmico no cultivo de truta e camares em reas psmineradas so os projetos da Mettiki Coal Corporation no oeste do estado de Maryland e
da Warwick Mountain, projetos situados no sudoeste do estado da Pensilvnia, ambos nos
EUA (BLANKENSHIP, 2004).
Na Mettiki Coal Corporation, conforme mostrado na fig.2.3.4, o tratamento da
gua inicia-se assim que a mesma retirada. A gua das galerias subterrneas bombeada
(fig.2.3.4.a), em seguida despejada em raceways mveis (fig.2.3.4.b), promovendo uma
aerao preliminar. Em seguida a gua tratada passando por outros sistemas de aerao. A
acidez neutralizada atravs de reaes qumicas com calcrio. A gua recebe agentes
floculantes, antes de ir para um ou mais tanques de sedimentao.

20

(a) Bombeamento da gua

(b) Raceways

(c) Tanques-redes

Fig. 2.3.4. Instalaes de truticultura da Mettiki Coal Corporation (ASHBY e DEAN,


2007).
Na Austrlia, a aqicultura em reas ps-mineradas realizada em gaiolas ou
tanques-redes sobre as cavas; em viveiros escavados ou em tanques construdos em
alvenaria, ambos abastecidos com gua das cavas (DOUP e LYMBERY, 2005).
De acordo com Storer (2005), em Collie, Austrlia, uma antiga mina de carvo
utilizada no suprimento de gua para o cultivo integrado de uma espcie de lagostim
(fig.2.3.5), chamada de crayfish marron (Cherax tenuimanus), com o peixe Silver Perch
(Bydianus bydianus). A maioria das minas de carvo australianas so afetadas pela
acidificao, em muitos casos, apresentam pH abaixo de 3 (EVANS et al, 2000).

21

Fig. 2.3.5. Croqui do Layout dos viveiros da Collie Aquafarm (STORER, 2005).
Outro exemplo bastante peculiar ocorreu em Appley Bridge (Inglaterra). Neste, a
rea mineral foi utilizada de forma indireta. Duas antigas pedreiras de arenito, aps fase de
exausto, foram destinadas como reas de aterro sanitrio. Em ambas as reas, o elevado
contedo orgnico e alto teor de umidade dos resduos ocasionaram a produo de gs de
aterro (biogs). O gs era utilizado como combustvel para geradores eltricos e os rejeitos
trmicos provenientes das mquinas foram utilizados como fonte de calor a uma
piscicultura vizinha (CADDET, 2007).
Em pases economicamente pobres, a aqicultura tambm tem contribudo para o
desenvolvimento local. Em Gana, devido ao alto nmero de lagoas formadas por cavas
inundadas e abandonadas pela minerao, o Ministrio de Pesca de Gana em parceria com
a FAO, avalia maneiras de converter tais reas em parques produtores de peixes (FAO,
1982).
Como decorrncia do processo de Fechamento de Mina, as comunidades que
vivem em reas de minerao devem se adaptar a novos meios de obteno de fontes de
renda. Nesse caso, a criao de peixes em tanques-redes tornou-se uma opo rentvel e
mitigadora dos impactos scio-econmicos do descomissionamento mineral em Gana
(FAO, 1982).
Decorrente das extensas buscas em stios da internet e no levantamento da
literatura impressa levantamento bibliogrfico pde-se constatar que em alguns locais do
mundo, em especial nos pases do Reino Unido, pedreiras desativadas prximas costa tm

22

sido aproveitadas para a prtica de aqicultura, em especial, piscicultura marinha. Como


bom exemplo, deve-se fazer referncia Pedreira Dinmor Parc, localizada ao largo da ilha
de Anglesey, Pas de Gales (fig. 2.3.6). Tal pedreira foi explorada at o incio da dcada de
1980 pela multinacional Lafarge, com atuao tambm no Brasil. As rochas e agregados
produzidos eram transportados por via martima, o que exigiu a construo de um grande
cais e demais instalaes de apoio (LAFARGE, 2007). Alm da lavra, esse fator ocasionou
inmeras transformaes paisagsticas.

Fig. 2.3.6. Vista area (imagem de satlite) da Pedreira Dimnor Parc, Pas de Gales
(GOOGLE, 2008).
Durante anos aps o encerramento da atividade, a Lafarge Aggregates deu incio
aos trabalhos de recuperao ambiental da pedreira, incluindo a remoo do cais e demais
instalaes. Para compensar a falta de solo, grande parte das reas da pedreira e de seu
entorno foram cobertas com rochas pulverizadas para promover o crescimento vegetal
(LAFARGE, 2007). A figura 2.3.7 mostra a vista panormica do empreendimento mineiro:

23

Fig. 2.3.7. Vista panormica da pedreira Dimnor Parc, Pas de Gales (LAFARGE, 2007).
Alm da criao de um parque natural, foi concebida a primeira piscicultura
marinha em terra firme de que se tem notcia, realizada pela Bluewater Flatfish Farms Ltd
(Fig. 2.3.8), filial do grupo grego Selonda (SELONDA, 2007) multinacional da
aqicultura. Todas as etapas de produo, desde a incubao ao beneficiamento, so
efetuadas na rea da antiga pedreira. Os peixes so criados isolados em grandes tanques
com gua do mar, eliminando qualquer risco de evaso e contaminao (CCE, 2006).

Fig. 2.3.8. Antiga Pedreira Dinmor Parc. Ao fundo, fbrica da Bluwater Flatfish Farm.
(GEOGRAPH, 2007). Foto: Eric Jones, 2008.
Com o sucesso, a piscicultura ajudou a restaurar a aparncia natural da rea,
estimulando a economia local (LAFARGE, 2007). Em 2002, primeiro ano de operao, a

24

fazenda possua apenas sete funcionrios, produzindo cerca de 200 toneladas de Turbot
(Psetta maxima), um tipo de linguado. Atualmente a fazenda produz centenas de toneladas,
aumentando a oferta de empregos (CCE, 2006).
Outro interessante projeto consiste no aproveitamento dos rejeitos orgnicos da
piscicultura marinha em questo, como alimento para cultura de poliquetas a serem
cultivadas em escala comercial (AERP, 2004).
Relativamente prxima pedreira Dinmor Parc, outro exemplo de pedreira
reabilitada para a piscicultura foi encontrado na Inglaterra, nas Ilhas Orkney
(GEOGRAPH, 2007). As pedreiras dessa regio foram implantadas pelos italianos, durante
a Segunda Guerra Mundial, com a finalidade de obteno de material para construo das
denominadas Barreiras Churchill. A principal pedreira abriga hoje uma fazenda de peixes
(Fig. 2.3.9).

Fig.2.3.9. Piscicultura marinha em cava inundada nas Ilhas Orkney/Inglaterra.


(GEOGRAPH, 2007). Foto: Adam Ward.
Em Loch Fyne, situada na costa oeste de Argill and Bute Esccia, pde-se
observar a existncia de piscicultura praticada em estruturas flutuantes (GEOGRAPH,
2007), mostradas na Fig. 2.3.10.

25

Figura 2.3.10. Piscicultura em tanques-redes ao largo da costa de Loch Fyne, parte norte
da pedreira (GEOGRAPH, 2007). Foto: Patrick Mackie.
Na Eslovquia, trutas so cultivadas em muitos tipos de reservatrios de gua,
incluindo cavas inundadas formadas pela extrao de areia e cascalho, e pedreiras (FAO,
1996).
A aqicultura em reas previamente degradadas tambm tem sido uma fonte
saudvel de produo de protena animal em muitas partes do continente africano, em
especial, no Kenya (FAO, 1982). Em 1971 foi criada a fazenda Baobab construda sobre
uma antiga pedreira desativada, cidade de Mombasa. A aqicultura intensiva realizada em
raceways e tanques circulares de concreto para a produo de diversas linhagens de
tilpias e camares de gua doce, incluindo ps-larvas (FAO, 1982). O sistema de produo
da fazenda considerado altamente intensivo.
Outro exemplo o projeto Zawia Aqicultura Marinha, concebido em uma seo
da antiga pedreira Zawia, na Repblica da Lbia (MUIR e BERG, 1987). A fazenda foi
projetada para produzir o Seabass europeu (Dicentrarchus labrax), Seabream (Sparus aurata) e
possivelmente tilpia (Oreochromis mossambicus), com o uso de modernos raceways sob
condies intensivas (MUIR e BERG, 1987). A Fig. 2.3.11, mostra um esboo da situao e
layout proposto:

26

Figura 2.3.11(a). Projeto da Piscicultura Marinha Zawia (MUIR e BERG, 1987).

Figura 2.3.11(b). Layout do Projeto Zawia Aqicultura sobre antiga pedreira (MUIR e
BERG, 1987).
Os projetos Zawia e Baobab Farm diferem dos casos anteriormente citados devido
ao no aproveitamento das cavas inundadas para piscicultura em tanques-redes. Tanto o

27

projeto Zaiwa como a fazenda Baobab contemplam a construo de viveiros de alvenaria e


sistemas de raceway, gerando elevao dos custos de implantao em relao ao uso de
tanques-redes. Todavia, esses sistemas podem ser altamente produtivos se construdos e
utilizados de maneira adequada.
Pedreiras de calcrio geralmente constituem a principal rota de migrao de
Lagostins, na provncia de British Columbia, Canad (NORTHERN AQUACULTURE,
2002). Lagostas e demais crustceos aquticos absorvem o clcio dissolvido na gua para
seu bom desenvolvimento e dureza da carapaa. A espcie Pacifasticus leniusculus, e outras
trs sub-espcies, encontraram nessas pedreiras um habitat ideal (NORTHERN
AQUACULTURE, 2002) .
Em British Columbia, a aquisio de pedreiras inundadas e abandonas constitui
requisito para a produo comercial desta espcie, que bastante valorizada no mercado
europeu, em especial na Sucia (NORTHERN AQUACULTURE, 2002). O cultivo desse
lagostim realizado em tanques-redes de malhas bastante finas, sem qualquer tratamento
dgua, cuja dureza considerada ideal.
Na Flrida (EUA) a reabilitao de reas ps-mineradas com aqicultura torna-se
uma prtica cada vez mais comum, o que exige maior ateno por parte do governo e
rgos reguladores. Como cautela, h o surgimento de dispositivos legais, que disciplinam
tais atividades. Apesar dos diversos exemplos bem sucedidos, Bronson (2005) alerta sobre a
aparente facilidade de cultivo em lagos formados pela minerao na Flrida:
[...] A explorao mineira de rochas, areia e fosfato em todo o
Estado, resultaram na construo de milhares de lagos "cavas" na
Flrida. Estes buracos so muito comuns no sul da Flrida, onde
grandes quantidades de materiais foram retiradas para utilizao na
construo rodoviria. A grande superfcie e tremendo volume de
gua destes corpos d'gua tm suscitado um enorme interesse de
potenciais aqicultores. Se voc novo nesta rea ou possui
experincia limitada em aqicultura, no se engane. Estes sistemas
podem ser uma fonte barata de grandes quantidades de gua, no
entanto, tambm envolvem desafios significativos em termos de
manejo e qualidade da gua, bem como na sade dos animais.
E complementa:

28

[...] Aqicultores inexperientes freqentemente superestimam a


capacidade de produo destes sistemas e no reconhecem
desvantagens significativas. Limitaes na biomassa so includas
para minimizar a eutrofizao e variaes na qualidade da gua.
importante evitar a superalimentao, que cara e pode levar a
problemas de qualidade da gua.
No Brasil, o emprego da aqicultura na reabilitao ambiental de reas degradadas
pela minerao mais comum no caso da extrao de areia e argila, onde a preocupao
com a gerao de drenagem cida inexistente.
No Estado do Amap (ASN, 2007) reas de extrao de argila, inclusive vermelha,
tm sido aproveitadas para fins pisccolas, o que promove a melhoria da qualidade
ambiental e contribui para a gerao de renda da sociedade.
Em Pelotas RS, experimento com a espcie Jundi (Rhamdia sp.) foi realizado para
avaliar o uso das cavas resultantes da extrao de areia para piscicultura em tanques-redes
(PIEDRAS et al, 2005). O Jundi no apresentou desempenho satisfatrio quanto
produtividade, no entanto Piedras et al (2007) recomendam a avaliao com o uso de
outras espcies para cultivo.
Segundo Faria (2007), o cultivo de tilpias em tanques-redes tem ajudado na
recuperao ambiental de reas degradas pela minerao de areia no Vale do Rio Paraba do
Sul, Estado de So Paulo. Cerca de 250 cavas marginais, distribudas em cerca de 30
hectares esto sendo utilizadas para a piscicultura.
O projeto Tilpias do Vale, por exemplo, teve incio em 2005 por iniciativa de
trs produtores do municpio de Trememb - onde se concentra cerca de 90 cavas - que
utilizaram tanques-rede em uma cava de cinco hectares de espelho dgua. Segundo os
clculos de pesquisadores envolvidos no projeto, uma cava de 10 hectares capaz de
produzir at nove toneladas de peixe por ano, proporcionando R$ 360 mil brutos e lucro
inicial de R$ 50 mil, considerando os custos de implantao (FARIA, 2007).
Segundo Fiorini (2007), a criao de peixes no Vale j vem sendo estudada desde
2004 pela Universidade do Vale do Paraba - UNIVAP. A mesma coordena pesquisas em
nove cavas de areia, avaliando alternativas que vo desde esportes nuticos at estao de
tratamento da gua, sendo seu ponto forte o Projeto Social Vale a Pena Viver
Aqicultura. Em tal projeto, a UNIVAP produz 52 toneladas de peixe por ano, em setenta
tanques-redes, distribudos em quatro cavas de areia.

29

Em Pernambuco, reas ps-mineradas, principalmente no caso de areeiros, vm


sendo utilizadas para o cultivo de peixes e camares. Tal prtica est tornando-se cada vez
mais comum no estado, sendo mais evidente em alguns municpios do litoral norte do
Estado, tais como Goiana, Ilha de Itamarac, Itapissuma e Igarassu (Fig.2.3.12), cujas reas
ps-mineradas tm sido reutilizadas para a prtica de carcinicultura. A realidade acerca do
planejamento da aqicultura como forma de reabilitao ambiental das reas de estudo, ser
mostrada nos captulos a seguir.

Figura 2.3.12. Vista area de fazendas de carcinicultura em reas ps-mineradas do Litoral


norte do Estado (GOOGLE, 2008).

30

3. CARACTERIZAO DAS REAS DE ESTUDO:


RMR E GOIANA/PE
3.1 LOCALIZAO E SITUAO
A Regio Metropolitana do Recife-RMR foi criada no ano de 1973, como parte do
plano de desenvolvimento do governo federal para o Estado, sendo considerada a mais
importante das cinco Regies de Desenvolvimento RDs (Tabela 3.1.1) do Estado de
Pernambucano (FIDEM, 1999). Originalmente, tais regies foram implantadas com a
finalidade de aperfeioar a poltica, facilitando a administrao de municpios ligados
territorialmente por problemas e caractersticas comuns.
Tabela 3.1.1 - Nmero de Municpios e rea total, segundo Regies de Desenvolvimento
do Estado de Pernambuco (IBGE, 2002).
rea Total

N de
municpios

Absoluta (km)

Relativa (%)

PERNAMBUCO

185

98.311,62

100

Regio Agreste
Zona da mata
Regio Metropolitana do Recife RMR
Serto
Serto So Francisco

71

24.395,92

24,82

58

11.189,97

11,38

14

2.768,45

2,83

49

48.072,80

48,9

14.652,92

14,9

Regies de Desenvolvimento (RDs)

A RMR composta por 14 municpios: Abreu e Lima, Araoiaba, Cabo de Santo


Agostinho, Camaragibe, Igarassu, Ilha de Itamarac, Ipojuca, Itapissuma, Jaboato dos
Guararapes, Moreno, Olinda, Paulista; So Loureno da Mata e Recife (municpio-sede).
O municpio de Goiana, por sua vez, mesmo sendo limtrofe a RMR, foi includo
neste estudo por responder por grande parte da produo de areia consumida na RMR
(DNPM, 1995). Alm disso, o municpio apresenta vocao natural para a prtica de
aqicultura, em especial a carcinicultura, tendo em vista o crescente nmero de licenas
ambientais expedidas nos ltimos anos para tal atividade.
Os 14 municpios integrantes da RMR esto distribudos numa rea de 2.785,84
km, o que equivale a 2,83% do Estado de Pernambuco. A RMR limita-se geopoliticamente
ao Norte com os municpios de Itaquitinga e Goiana; ao Leste com o Oceano Atlntico; ao
Sul com o municpio de Sirinham e ao Oeste com Escada, Ch de Alegria, Vitria de
Santo Anto, Paudalho e Tracunham.

31

Grande parte dos municpios da RMR est situada em reas litorneas, distribudos
pela costa leste, cuja extenso de 117 km. A RMR considerada uma regio de
desenvolvimento estratgico, no apenas pela sua localizao geogrfica privilegiada, mas
tambm pela grande influncia que a mesma exerce sobre o Nordeste brasileiro devido a
sua importncia histrica e econmica, abrigando os principais centros administrativos do
Nordeste e sedes de organismos federais (FIDEM, 2007).
O municpio de Goiana ocupa uma rea de 501.170 km; estando situada no norte
da Regio de Desenvolvimento denominada Zona da Mata. Limita-se ao Sul com trs
municpios da RMR (Igarassu, Itamarac e Itapissuma) e Itaquitinga. Ao Norte com o
Estado da Paraba. A Oeste com os municpios de Condado e Itamb, e a Leste Oceano
Atlntico. A RMR e o municpio de Goiana so representados na figura 3.1.1.

Fig. 3.1.1. Regies de Desenvolvimento do Estado de Pernambuco, destaque para a RMR


e Goiana/PE.

3.2 CARACTERIZAO AMBIENTAL


I Meio Abitico
De acordo com Fornasari Filho et al (1992; apud SILVA, 1995), meio fsico "o conjunto
do ambiente definido pela interao de componentes predominantemente abiticos, quais sejam, materiais

32

terrestres (solos, rochas, gua e ar) e tipos naturais de energia (gravitacional, solar, energia interna da Terra
e outros), incluindo suas modificaes decorrentes da ao biolgica e humana".
(i) Clima:
A localizao da RMR na zona litoral-mata concorre para que seu clima seja quente
e mido, com pluviosidade entre 1000 a 2000 mm/ano concentrada no perodo de maro a
julho. A temperatura mdia de 27 C e a amplitude trmica se situa em torno de 5. Os
meses mais quentes do ano so atenuados pelos ventos alsios de sudeste. De acordo com o
sistema de classificao de Keppen, que considera a precipitao e temperatura, o clima
predominante na RMR enquadra-se no tipo As, ou seja, clima quente e mido com chuvas
de outono-inverno. O clima do Sul da RMR pode ser enquadrado em AMs (SUDENE,
1978), quente e mido com chuvas durante quase todo o ano e com uma estao seca
menor entre os meses de outubro a dezembro. Aspectos climticos e fisiogrficos do
municpio de Goiana assemelham-se bastante aos da RMR, tendo-se em vista a
proximidade.
(ii) Geologia:
Topograficamente, a RMR apresenta trs unidades distintas: a plancie flviomarinha (PFV), os tabuleiros sedimentares e as elevaes do complexo cristalino. Na
plancie flvio-marinha se concentra grande parte da cidade do Recife, sendo as plancies
costeiras de formao Quaternria, de baixa elevao ( 10m), resultantes de deposio de
sedimentos marinhos e de aluvies continentais formados pelos cursos dgua. Estas
plancies ocorrem em faixas estreitas, sendo ao longo da costa mais larga ao norte
estreitando-se ao sul e em alguns pontos desaparecendo. Quanto aos tabuleiros, sedimentos
de idade terciria de espessura variada, se apresentam como relevo plano e suave-ondulado
com trechos ondulados a suavemente ondulados, em altitudes que variam de 80 a 150m.
Por fim, os relevos dos patamares cristalinos, limitados ao sul do Recife, que apresentam
aspectos de outeiros e morros de topos arredondados resultantes de superfcies aplainadas
pela eroso com altitudes acima de 60m, destacando-se a Serra do Urucu com cerca de
424m localizada no municpio do Cabo de Santo Agostinho.
O municpio de Goiana est geologicamente inserido nas Formaes Maria Farinha,
Barreiras, Gramame e Beberibe. Tambm esto presentes os depsitos sedimentares da
Plancie Flvio-Marinha, depsitos Flvio lagunares e aluvionares.

33

(iii) Hidrografia:
Segundo Viessman et al (1975) Bacia Hidrogrfica uma rea definida
topograficamente, drenada por um curso dgua ou um sistema conectado de cursos dgua
tal que toda vazo efluente seja descarregada atravs de uma simples sada. As Bacias
Hidrogrficas que compem a RMR so a dos rios Jaguaribe, Botafogo, Igarassu, Timb,
Paratibe, Beberibe, Capibaribe, Tejipi, Jaboato e o Pirapama. A maior parte do
abastecimento de gua garantida pelo chamado sistema integrado, que formado por
diversos mananciais independentes.
II Meio Bitico
Animais, vegetais e microorganismos constituem o meio bitico, cujas condies
so criadas e modificadas pelos mesmos (GLIESSMAN, 2005). O Meio bitico difere do
abitico principalmente por no ser esttico, e sim dinmico.
(i) Vegetao:
A distribuio espacial da vegetao na RMR e Goiana/PE est condicionada pelos
aspectos naturais de solo e relevo, bem como pelos scio-econmicos (atividades agrcolas
e ocupao urbana). Outrossim, pela inexpressiva variao climtica. Dentre os tipos da
flora nativa, ainda persistem reas remanescente do litoral ao interior atravs de espcies de
floresta halo-paludcola de manguezais encontradas nas regies estuarinas. Posteriormente
tem-se as restingas de cotas baixa e fora do alcance das mars, com espcies tpicas e
adaptadas aos solos essencialmente arenosos de baixa fertilidade com nveis freticos pouco
profundos. Todavia, este tipo de cobertura vegetal se encontra menos freqente devido
substituio pelo plantio de coqueiros e pelos crescentes desmatamentos para expanso
urbana. Em reas mais elevadas (Formaes do Grupo Barreira e do Complexo Cristalino)
e encostas foi possvel desenvolver grandes florestas, como as remanescentes do Horto de
Dois Irmos (Recife) e Serra do Cotovelo (Moreno e Cabo). Quanto a Mata Atlntica, esta
se apresenta em rarssimas manchas entremeadas por imensos canaviais (FIDEM, 2007).
(ii) Fauna:
A costa da RMR propicia a formao de vastas reas estuarinas e manguezais, cujo
potencial animal constitudo basicamente da fauna tpica desses ambientes, onde se pode
destacar crustceos, moluscos, peixes e aves. Associada vegetao, ao solo e s
caractersticas hdricas dos esturios, a fauna tpica bastante diversificada, representada

34

por vrias espcies de crustceos, moluscos e peixes (BRAGA, 1994), cuja captura
desempenha importante papel na sobrevivncia das populaes locais. Alm da pesca
artesanal, outra forma de utilizao desse ecossistema a instalao de viveiros para a
prtica de aqicultura, principalmente nos municpios do litoral norte da RMR e Goiana.
III Meio Socio-econmico
Meio Scio-econmico constitui um dos principais fatores do meio antrpico e est
associado a aspectos sociais e econmicos tais como renda, uso e ocupao do solo,
educao, hbitos, entre outros.
(i) Economia:
A Regio Metropolitana do Recife destaca-se por possuir excelente base logstica: o
Complexo Industrial Porturio de Suape; o Aeroporto Internacional dos Guararapes e as
malhas rodoviria (BRs 101 e 232), ferroviria e metroviria (FIDEM, 2007).
A RMR responsvel pela formao e concentrao de recursos humanos
qualificados para produo de bens e servios, sendo consolidada como o principal plo
tercirio do Nordeste (FIDEM, 2007).
A RMR responsvel por mais da metade da renda do Estado e constitui um
grande centro econmico, onde a indstria de bens e servios predominante. A Regio
tambm funciona como um centro distribuidor de diversos tipos de mercadorias. O
comrcio, principalmente na cidade de Recife, atrai consumidores de cidades
circunvizinhas, inclusive de outros Estados, atravs de seus shopping-centers, feiras,
mercados e lojas (FIDEM, 2007).
A maior concentrao de indstrias de transformao do Estado Pernambucano
encontra-se na RMR. A agroindstria constitui outro pilar da economia metropolitana, com
destaque para o setor sucroalcooleiro, voltado para a produo do lcool e acar, que
embora utilizem a mesma matria-prima, caracterizam dois mercados bastante distintos.
Junto ao monoplio da cana-de-acar, observa-se tambm o cultivo de frutas e hortalias,
porm de forma um pouco dispersa.
A extrao e beneficiamento de minerais no-metlicos constituem o carro-chefe da
economia do municpio de Goiana, seguida pela indstria de papel, celulose e alimentar
(acar). O municpio o 3 maior produtor agropecurio do Estado, 5 maior produtor de
cana-de-acar, 4 de ovos e 3 de coco-da-baa (FIDEM, 2007).

35

(ii) Populao:
A RMR concentra 43,1 % da populao de Pernambuco, com cerca de 3.658.318
habitantes (IBGE, 2007). Destes, 97% esto em rea urbana e 3% na rea rural. O conjunto
dos quatro municpios mais populosos da regio composto por Recife, Jaboato dos
Guararapes, Olinda e Paulista, que agrupa 2.897.684 habitantes, correspondendo a 79,20%
da populao da RMR e a 33,23% do Estado. A cidade do Recife destaca-se com uma
populao estimada em 1.533.580 habitantes (IBGE, 2007). Araoiaba sendo o municpio
menos populoso, conta com 16.520 habitantes (IBGE, 2007).
Cerca de 60% da populao da RMR vive na linha de pobreza, com renda de um
salrio-mnimo por ms. A taxa de escolarizao do ensino-mdio de crianas com idade
entre 15 a 17 anos de 79,9%; superior mdia brasileira que de 78,5%.
Segundo Corra (2007), a distribuio de renda na RMR a mais desigual da Regio
Nordeste. Como fruto dessa desigualdade social generalizada, a tenso social na forma de
violncia surge como um dos principais indicadores negativos da RMR. De acordo com
Waiselfisz (2007), a RMR destaca-se como uma das regies metropolitanas mais violentas
do pas.
O municpio de Goiana possui populao de aproximadamente 72.000 pessoas
(IBGE, 2000), o que corresponde a 1,96% da populao do Estado. Destes, 61% vivem em
zona urbana. De acordo com o IBGE (2000); 55,6% da populao de Goiana vive na linha
da pobreza, com renda mdia menor que um salrio mnimo.
(iii) ndice de Desenvolvimento Humano-IDH
O IDH um indicador scio-econmico bastante utilizado em todo o mundo. O
IDH varia entre o valor mnimo de zero e o mximo de um, porm, para fins de anlise,
comumente so incorporados os valores para mdio-alto, mdio-mdio e mdio-baixo
(Tabela 3.2.1).
Tabela 3.2.1 Nveis de IDH e respectivos valores (FIDEM/PRIS, 2003).
Nvel de IDH

Valor

Baixo

0-0,49

Mdio

0,5-0,79

Alto

0,8-1

Mdio-Alto

0,7-0,79

Mdio-Mdio

0,6-0,69

Mdio-Baixo

0,5-0,59

36

De acordo com dados do IBGE (2000), a Regio Metropolitana do Recife


apresenta um ndice de Desenvolvimento Humano de 0,783 (FIDEM, 2003); o que lhe
confere um nvel mdio de desenvolvimento. Este ndice o mais elevado entre todas as 12
RDs do Estado de Pernambuco, ultrapassando, inclusive, ao ndice estadual, que de
0,705. Dentre os municpios que compem a RMR, Araoiaba apresenta o menor ndice de
IDH, semelhante ao de pases como o Gabo, com 0,637. O maior IDH da RMR da
cidade do Paulista, com 0,799; seguida pela capital Recife com 0,797.
De acordo com Atlas (2005), oito dos catorze municpios cresceram abaixo que o
Estado de Pernambuco; mesmo possuindo padres de IDH-M superior ao do estado. Os
dados mostram, por exemplo, que os municpios da Regio Metropolitana do Recife
apresentam numa rea de 2.766 quilmetros quadrados, padres de desenvolvimento
humano similares aos do Mxico (Recife) e da Letnia (Paulista) e, no outro extremo,
equivalentes ao de Gabo (Araoiaba) e Monglia (Ipojuca).
Os valores do IDH-M dos municpios mais perifricos da RMR, com nvel de
integrao mdio com o plo metropolitano, e que mantm reas rurais so mais baixos.
Os mesmos indicadores so escalonados entre 0,637 e 0,719, que compreendem os
municpios de Araoiaba, Ipojuca, Moreno, Itapissuma, So Loureno da Mata e Igarassu.
Segundo Bitoun (2005), na Regio Metropolitana do Recife a populao rural apresenta
baixos valores de IDH, o que configura a clssica distino entre centro e periferia. O
municpio de Goiana, por sua vez, possui nvel mdio de IDH-M de 0,692; apresentando
maior deficincia no quesito IDH-M/Renda que de 0,569 (IBGE, 2000).

37

3.3 A ATIVIDADE DE MINERAO


Na RMR e Goiana a minerao representada basicamente pela produo de minerais
no-metlicos, agregados de uso na construo civil: areia, argila e pedra britada. A
distribuio das reas de minerao se d quase que simetricamente nos litorais norte e sul
(Fig. 3.3.1), sendo o ncleo metropolitano pouco representativo.

Fig. 3.3.1. reas de minerao de agregados na RMR e Goiana (GOOGLE, 2008).

38

Na RMR e Goiana, estas matrias-primas minerais so extradas, na maior parte dos


casos, em grandes quantidades e sem medidas de controle de impacto ambiental, no
havendo, inclusive, a recuperao das reas com a lavra paralisada. Segundo o DNPM
(2005), as minas da RMR e Goiana, assim como de todo o Estado, so classificadas de
pequeno (produo anual de ROM at 100.000t) a mdio porte (produo anual de ROM
at 1.000.000t).
As empresas cujas atividades tm registro junto ao DNPM compem uma parcela
pouco representativa do real quadro extrativo mineral, constatando-se que um nmero
expressivo de lavras opera de forma clandestina, principalmente as extraes de areia e
argila, estas para uso em aterros (DNPM, 1995). A seguir, so descritas as atividades de
minerao praticadas na RMR e Goiana/PE, conforme o tipo de substncia mineral, a
saber:
(i) Minerao de areia comum:
As areias so sedimentos clsticos inconsolidados resultantes da desagregao de
rochas pr-existentes, sendo constitudas principalmente de gros de quartzo, podendo,
ainda, conter impurezas tais como: xido de ferro, feldspato, mica, ilmenita, zirco, etc. So
encontradas em leitos de rio, terraos fluviais, beiras de praia e em outras formaes com
predominncia de arenitos e quartzitos (DNPM, 1995).
As areias so utilizadas para os mais diversos fins. Tanto na RMR quanto no
municpio de Goiana/PE so destinadas principalmente construo civil. Nesse
segmento, sua funo aumentar a resistncia compreenso das argamassas. Possui
tambm outras utilidades, que variam de acordo com suas propriedades tcnicas, tais como
granulometria e grau de pureza; servindo para a fabricao de vidros, abrasivos, fabricao
de filtros, cermica, siderurgia, entre outras.
A gnese das jazidas de areias comuns da RMR e Goiana/PE se origina da
lixiviao dos depsitos sedimentares, tanto do grupo barreiras, como de arenitos de outras
formaes. As areias da RMR e Goiana/PE so lavradas de depsitos dos tipos leito de rio,
plancie aluvial, terrao marinho e de camadas de arenito frivel. Nos depsitos de leito de
rio, terraos e plancie fluvial, a lavra feita por meio da dragagem do leito dos rios,
desmonte hidrulico das margens ou raspagem e escavao dos terraos e plancies
aluvionares, conforme exemplos mostrados na Fig. 3.3.2.

39

(a) Dragagem de areia no municpio de Jaboato


dos Guararapes

(b) Lavra informal de areia no leito do rio


Ipojuca

Fig. 3.3.2 - Lavra de areia em Leito de Rio.


Com relao s reservas deste insumo, o municpio de Jaboato dos Guararapes
detm a maior reserva lavrvel de areia da RMR, estimada em 529.508 toneladas (DNPM,
2006). J o municpio de Goiana apresenta 901.382 toneladas lavrveis de areia (DNPM,
2006). Estas informaes no refletem a realidade do potencial dos areiais da RMR e
Goiana, pois essas informaes so baseadas em Relatrios de Pesquisa e Relatrios Anuais
de Lavra das empresas (RALs). Na RMR a areia geralmente ocorre em reas de topografia
mais baixa, prximas aos mangues, e em leitos de rios, sob as formas de bolses ou bancos
(DNPM, 1995). As principais ocorrncias cadastradas de areia na RMR esto distribudas
conforme a Tabela 3.3.1.
Tabela 3.3.1 - Principais ocorrncias de areia na RMR (DNPM, 1995).
Municpios

Localizao

Cabo de Santo
Agostinho

Rio Pirapama, Engenho Boto, Pontezinha, Barra de Jangada, Cabo de Santo


Agostinho e Engenho dos Algodais.

Itapissuma

Fazenda das Cobras, Fazenda Mulata e Mangabeira.

Ilha de Itamarac

Stio Visgueiro, situado na Praia do Sossego.

Igarassu

Rio Botafogo, Granjas Alexandria, Taquari e Guiomares e Loteamento Santa


Rita e Areia Branca.

Jaboato dos Guararapes

Pau Seco e Jardim Prazeres

Moreno

Engenho Pereira e Rio Jaboatozinho.

Olinda

Jardim Santa Rita.

Paulista

Mumbeca, Crrego Sulipa, Granja Falco e Costa Azul.

Recife

2 no Rio Capibaribe (situadas na Vrzea e em Parnamirim) e 3 de terrao


fluvial, localizadas nos bairros da Vrzea, Iputinga e Av. Recife

40

As ocorrncias no municpio de Ilha de Itamarac so consideradas insignificantes.


Embora o Plano Diretor da Minerao para a RMR esteja desatualizado (o municpio de
Araoiaba ainda no pertencia RMR), os dados nos fornecem uma idia da situao da
minerao de agregados da RMR.
Alm das ocorrncias citadas, devem ser mencionadas as ocorrncias de areia dos
rios que cruzam o municpio de Goiana, principalmente os rios Goiana, Tejucupapo e
Tracunham, nas proximidades da BR-101. O municpio de Goiana destaca-se como o
maior fornecedor de areia para a RMR. As maiores lavras de areia encontram-se ao longo
da localidade de Atapuz.
A definio do tipo de explotao para depsitos de areia depende das
caractersticas do jazimento, da escala de produo e das limitaes do capital a ser
inicialmente investido. Na RMR e Goiana/PE, a explotao se d de duas maneiras, a
saber:
a) Lavra em cavas ou encostas a areia lavrada por processos manuais, semimecanizados e mecanizados, sendo utilizados no primeiro caso, instrumentos rudimentares,
tais como p e picareta, e, no segundo, utilizando sistema misto ou totalmente com uso de
mquinas de pequeno, mdio e grande porte, a exemplo de tratores, retro escavadeiras e
ps mecnicas.
b) Lavra em leitos de rios a areia lavrada utilizando dragas de suco ou de arraste.
Nesse processo, a areia passa por uma tela inclinada, para descarte do cascalho muito
grosseiro e dos restos vegetais. Nestas reas o meio ambiente afetado com o
rebaixamento excessivo dos leitos dos rios e/ou crregos, alteraes na topografia das
margens, instabilidade de taludes marginais, alteraes dos ciclos de eroso-deposio do
rio, destruio da fauna e flora bentnica e das margens dos rios, rebaixamento do lenol
fretico, alteraes na turbidez das guas e formao de lagoas artificiais. Segundo a CPRM
(2001), este processo, quando executado nas margens, acarreta em assoreamento devido o
aumento de vazo slida oriunda da deposio de sedimentos. Efeitos positivos so
observados quando a dragagem realizada em leitos previamente assoreados, aumentando
a calha do rio.
O carter informal predominante na extrao de areia na RMR torna difcil a
quantificao da oferta de matria-prima. Um dos principais segmentos de consumo de
areia o da construo civil e seu ritmo de produo dependente do desempenho desse
setor, alm disso, as jazidas no devem estar distantes dos locais de consumo.

41

(ii) Minerao de argila:


As argilas so substncias minerais de granulometria muito fina, constitudas
essencialmente de silicato de alumnio, podendo conter certas quantidades de xido de
ferro, clcio, magnsio e outros, alm de impurezas de origem orgnica ou inorgnica
(DNPM, 1995). Devido a sua abundncia e versatilidade de uso, as argilas so consideradas
de grande importncia para o mundo moderno, principalmente no setor da construo
civil, onde encontram maior aplicao na manufatura de tijolos, telhas, manilhas, lajes, entre
outros produtos. As argilas detm um vasto campo de aplicao na fabricao de utilidades
domsticas, cimento, cermica refratria, petrleo, etc. Os usos e aplicaes dos diversos
tipos de argilas esto intimamente ligados sua estrutura, constituio qumica e
propriedades fsicas. De acordo com as especificaes tcnicas para determinados usos,
devem ser considerados aspectos como granulometria, plasticidade, pureza, ndice de
refrao, alvura, entre outros.
As argilas encontradas na RMR fazem parte do pacote de sedimentos arenoargilosos do Grupo Barreiras, que recobre as faixas costeiras dos litorais norte e sul. Esses
sedimentos so datados do perodo geolgico Trcio-Quaternrio, e apresentam
granulometria fina mdia, espessura que vai de poucos centmetros a dezenas de metros e
cores variadas. Segundo o DNPM (1995), as principais ocorrncias de argila na RMR
cadastradas esto distribudas nos municpios do Cabo de Santo Agostinho (ver Fig. 3.3.3),
Igarassu, Ilha de Itamarac, Jaboato dos Guararapes (ver Fig. 3.3.4), Moreno, Olinda,
Paulista e Recife.
Tabela 3.3.2 - Ocorrncia de argilas na RMR (DNPM, 1995).
Municpios

Localizao

Cabo de Santo Agostinho

Megape de Baixo, Engenhos, Jacobina e Guerra, Matas de Bom Jardim,


Charneca (BR-101 e PE-28), Engenho Velho, Pirapama e Porto do Acar.

Camaragibe

Timbi, Buraco Fundo, Areinha e Alberto Maia.

Igarassu

Congassari, Praia da Conceio, Engenho Botafogo, Granja Santa Clara e


Engenho Araripe.

Itamarac

Forno da Cal, Stio Peixoto e So Paulo

Jaboato dos Guararapes

So Bartolomeu, Comporta de Baixo, Usina Muribeca, Granja So Luiz e


Guararapes.

Moreno

BR-232 e Jacobina

Olinda

Ladeira do Giz, Ladeira de Santa Rosa, Jardim Fragoso e Jardim Brasil.

Paulista

Caet e Praia da Conceio

Recife

UR-5, Ibura, Macaxeira, Caxang, Engenho Ucha, Vrzea, Guabiraba e


Barro.

42

A exemplo da areia e das britas, tambm agregados da construo civil, as reservas


de argila, principalmente quelas relacionadas s jazidas que abastecem as cermicas e
olarias da RMR, esto subestimadas. Esse fato est relacionado principalmente ao carter
informal, dominante nas pequenas empresas.

Fig. 3.3.3 Lavra de argila no municpio do Cabo de Santo Agostinho e Jaboato dos
Guararapes, RMR.

Fig. 3.3.4. Vista area das reas de lavra de argila em encostas, s margens do Km 79 da
BR 101 Sul, municpio de Jaboato dos Guararapes (GOOGLE, 2008).

43

(iii) A minerao de brita:


Os granitos e gnaisses possuem grande aceitao no setor da construo civil. Isto
se deve diversidade de ocorrncias destas rochas, s variedades de cores e padronagens
que apresentam, resultando em material de grande efeito decorativo. So tambm utilizados
como brita nas suas mais diversas granulometrias, blocos para alicerces, na confeco de
calamento e meio fio de ruas e avenidas, objetos de arte e em revestimento de pisos e
paredes (geralmente quando polidos).
O granito uma rocha gnea, intrusiva, cristalina, de textura granular, contendo
como minerais essenciais quartzo e feldspato. Os principais modos de ocorrncia dos
granitos so sob a forma de batlitos, files, laclitos etc (DNPM, 1995).
O gnaisse, de origem metamrfica, apresenta, via de regra, a mesma composio
mineralgica do granito. No entanto, os minerais so dispostos bem-orientados. Pode ser
chamado de para-gnaisse ou orto-gnaisse, segundo provenha do metamorfismo em
depsitos sedimentares ou de origem gnea (DNPM, 1995).
Os granitos e gnaisses da RMR, fazem parte do embasamento cristalino, que aflora
em alguns locais da regio litornea e ao longo da linha de falha de direo E-W que passa
por Pesqueira, Caruaru e Gravat. O marcante inteperismo fsico-qumico, associado
forte ao erosiva, deram origem formao de mataces e exuberantes afloramentos
rochosos (DNPM, 1995), cujas principais ocorrncias na RMR so listadas na Tabela 3.3.3.
Tabela 3.3.3 - Ocorrncia de afloramentos de granito na RMR (DNPM, 1995).
Municpios
Cabo de Santo Agostinho

Localizao
Ponte dos Carvalhos no Engenho Caiongo ocorrncia de granito-gnaisse pouco fraturado, de
textura mdia a grosseira

Jaboato dos Guararapes

Engenho Guarany, Muribeca, Santana e Comportas

Moreno

Engenho do Pinto Textura de fina a mdia e os


cristais apresentam-se bem desenvolvidos

Tal como ocorre com a areia e argila, torna-se difcil uma avaliao a respeito das
reservas legais ou mesmo do potencial das pedreiras localizadas na RMR. Em geral, o
carter de informalidade desse segmento menor do que nos casos de areia e argila.
De qualquer forma, no municpio de Jaboato dos Guararapes esto concentradas
as principais pedreiras que abastecem o segmento da construo civil de toda a RMR, e
tambm detm as maiores reservas lavrveis deste mineral, com 19.976.926 toneladas
(DNPM, 2006). Em seguida, o municpio de Ipojuca que apresenta reserva de 1.989.980 de
toneladas, sendo o segundo maior produtor de britas na RMR.

44

Como a relao preo/frete da brita inviabiliza o consumo desse insumo vindo de


longas distncias, aliado ao problema de expanso urbana na RMR e exigncias ambientais,
constata-se a necessidade de ser dimensionado o potencial desse insumo na RMR, at
mesmo com vistas ao zoneamento a ser proposto.
As pedreiras da RMR so explotadas a cu aberto, em bancadas ou paredes
(bancadas acima de 20 metros) que podem atingir at 25 metros de altura (Fig. 3.3.5a). As
operaes auxiliares so, via de regra, mecanizadas e o desmonte se d com uso de
explosivos. Aps o desmonte, o minrio carregado por ps-mecnicas e transportado por
caminhes, at as instalaes de britagem. A atividade de produo de pedra de cantaria
(paraleleppedos, meio-fio, mureta, racho, laje etc.) adota um sistema mais simples,
consistindo no desmonte de blocos do maio rochoso (aflorantes), utilizando explosivos
de categoria inferior, plvora negra e o conseqente desdobramento, com uso de
instrumentos manuais (Fig. 3.3.5b).

(a) Pedreira paralizada na RMR.


(b) Lavra de pedra de cantaria em mataces.
Fig. 3.3.5 Frentes de lavra de granito/gnaisse para a produo de brita (a) e para a
produo de pedra de cantaria (b).
A construo civil em suas diversas facetas, constitui o principal mercado
consumidor de pedra britada da RMR, seguida do consumo de Granito/Gnaisse como
rochas para fins ornamentais.

45

3.4 O PASSIVO AMBIENTAL


De modo geral, a RMR e Goiana/PE apresentam elevada degradao ambiental
geralmente associada ao uso do solo, decorrente do processo de expanso urbana (CPRH,
2003). As populaes ribeirinhas de baixa renda, tanto da RMR como de Goiana,
enfrentam basicamente os mesmos problemas, estando sujeitas s enchentes devido
poluio/obstruo dos rios e canais e m qualidade dos servios de saneamento (FIDEM,
2007).
A eroso que ocorre tanto em reas urbanas quanto nas rurais provocada pelo
processo de expanso urbana que modifica o padro de cobertura do solo. O
desmatamento desenfreado tambm contribui com a acelerao dos processos erosivos. Na
RMR, as reas de maior potencial erosivo, coincidem com os processos de ocupao e
assentamentos inadequados pela populao economicamente desfavorecida (FIDEM,
2007).
Outros fatores que tm contribudo para a degradao dos recursos hdricos
superficiais e subterrneos tm sido: perfurao indiscriminada de poos, lanamento de
efluentes domsticos na drenagem, barramento de rios, uso de agrotxicos prximo rede
de drenagem, lanamento de lixo na rede de drenagem, ferti-irrigao prxima s
drenagens, ocupao inadequada das reas baixas das margens, alterao antrpica da foz,
destruio dos manguezais, aterro de reas alagadas e extrao informal de areia (CPRM,
2001).
De acordo com a FIDEM (2007), estima-se que cerca de 50% da populao
economicamente desfavorecida da RMR habita em assentamentos espontneos, sem
vestgios de planejamento e organizao. A especulao imobiliria e a saturao do espao
urbano contribuem para a ocupao de reas consideradas de risco, inclusive insalubres,
tais como reas alagadas, manguezais, morros e encostas, faixas de domnio de redes de
infra-estrutura, margens de canais, reas abandonadas, entre outras.
Em Goiana, a devastao crescente da cobertura florestal contribui para a
intensificao de processos erosivos em morros e encostas (CPRH, 2003). A expanso
urbana sobre os mangues e reas alagadas/alagveis, tambm constitui grave problema
ambiental.
No tocante minerao, as empresas legalizadas junto aos rgos competentes, at
mesmo pela fragilidade da fiscalizao, no contemplam, com raras excees, os trabalhos
de lavra e nem o entorno das reas mineradas com medidas de controle ambiental, de
segurana e sade ocupacional (DNPM, 1995). A gesto ambiental de forma sustentvel

46

na sua quase totalidade inexistente, principalmente com relao informalidade que


permeia o setor. No caso de empreendimentos tidos legais, possvel perceber a enorme
discrepncia entre a gesto a ser praticada, apresentada de maneira quase potica no
processo de licenciamento e a realidade aps o mesmo. Maiores detalhes acerca da gesto
ambiental proposta e praticada pelos diversos empreendimentos, sero apresentados no
item 3.5.
A Lei Federal de n 6766/79, conhecida como Lei de Parcelamento de Solo Urbano,
props a orientao e o controle do uso e ocupao do solo nas cidades. Os Estados e
Municpios estabeleceram normas complementares relativas ao parcelamento do solo para
adequar o previsto na Lei citada s peculiaridades regionais e locais. Alm de consagrar a
interveno da Administrao Pblica no processo de parcelamento do solo urbano, inseriu
a proteo dos recursos ambientais entre os requisitos urbansticos, princpio hoje
consolidado constitucionalmente em vrios dispositivos da Carta Magna de 1988.
A Constituio de 1988, por sua vez, estabelece critrios para a extrao de recursos
naturais, tendo em vista a magnitude do passivo ambiental gerado pelas diversas atividades
econmicas, entre as quais, a minerao. Diversos so os artigos que compem as
diretrizes da minerao no territrio nacional e as disciplinam juridicamente (art. 20; art. 21,
inciso XXV; art.22, inciso XII; art.23, inciso XI; art. 174, 3 e 4; art. 176, 1 e 4 ; art.
231; art.225, 2). O artigo 20, inciso IX, define que os recursos minerais, inclusive os do
subsolo, so bens da Unio.
Milar (1991) afirma que a atual constituio um marco histrico de inegvel valor,
dado que as Constituies que precederam a de 1988 jamais se preocuparam da proteo
do meio ambiente de forma especfica e global. Nelas sequer uma vez foi empregada a
expresso meio ambiente, a revelar total despreocupao com o prprio espao em que
vivemos. Bressan Jr (1992) acrescenta que a Constituio Federal de 1988 elevou o meio
ambiente condio jurdica de bem de uso comum do povo a qual atribuiu coletividade
e ao prprio poder pblico o dever de zelar pela sua proteo e preservao.
De acordo com Moraes (2005), o direito coletivo a um meio ambiente saudvel,
equilibrado e ntegro, protegido constitucionalmente por um conjunto de regras,
distribudas em quatro grupos:

Regra de garantia: onde qualquer cidado pode propor ao popular, visando cesso
de atos lesivos ao meio ambiente (CF, art.5, LXXIII);
Regras de competncia: de competncia administrativa comum da Unio, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municpios protegerem o meio ambiente,

47

combater a poluio em todas as suas formas; preservar as florestas, a fauna e a


flora (CF, art.23; incisos VI e VII). Existe tambm uma competncia legislativa
entre a Unio, os Estados e o Distrito Federal para proteo ambiental (ver CF,
art.24, inciso VI);
Regras Gerais: a Constituio estabelece diversas regras relacionadas preservao
do meio ambiente (CF, artigos. 170, VI; 173, 5; 174, 3; 186, II; 200, VIII; 216,
V; 231, 1);
Regras especficas: encontram-se no captulo da Constituio destinado ao meio
ambiente.

O artigo 225 da Constituio Federal proclama que "Todos tm direito ao meio


ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia
qualidade de vida, impondo-se ao poder pblico e coletividade o dever de defend-lo e
preserv-lo para presentes e futuras geraes". No 1., inciso IV, este artigo incumbe ao
poder pblico "exigir, na forma da lei, para instalao de obra ou atividade potencialmente
degradadora do meio ambiente, estudo prvio de impacto ambiental, a que se dar
publicidade". Tendo no 2 a obrigatoriedade de recuperar o meio ambiente degradado,
nos casos de explorao de recursos minerais, sanes administrativas e penais para as
condutas lesivas ao meio ambiente, entre outras expressas no artigo 225.
Em atendimento ao dispositivo constitucional supracitado, foi institudo o Decreto n
97.632 de 10 de abril de 1989, que exige de todos os empreendimentos de extrao mineral
em operao no pas a apresentao de um PRAD - Plano de Recuperao de reas
Degradadas, em um prazo mximo de 180 dias. Este decreto estabeleceu tambm que,
para novos empreendimentos do gnero, o PRAD deve ser apresentado durante o
processo de licenciamento ambiental. O artigo 3 estabelece: A recuperao dever ter por
objetivo o retorno do stio degradado a uma forma de utilizao, de acordo com um
plano pr-estabelecido para o uso do solo, visando obteno de uma estabilidade do meio
ambiente.
Tendo a mitigao de impactos negativos ao meio ambiente por meta, a lei n 6.938 de
31 de agosto de 1981 - posteriormente regulamentada pelo Decreto 99.274/90, instituiu o
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), rgo deliberativo e consultivo do
Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA. A referida Lei estabelece o
licenciamento ambiental como instrumento legal de controle, almejando a minimizao
do passivo ambiental gerado, sobretudo, pela indstria mineral. Visando um melhor
entendimento, o mencionado diploma legal, fornece algumas definies no artigo 3, tais
como:

48

Meio Ambiente - o conjunto de condies, leis, influncias e interaes de ordem fsica e


biolgica, que permite, abrigam e regem a vida em todas as suas formas;
Degradao da Qualidade Ambiental - a alterao adversa das caractersticas do meio
ambiente;
Poluio - a degradao da qualidade ambiental resultante de atividades que, direta ou
indiretamente:
a) prejudiquem a sade, a segurana e o bem - estar da populao;
b) criem condies adversas s atividades sociais e econmicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condies estticas ou sanitrias do meio ambiente;
e) lancem matrias ou energia em desacordo com os padres ambientais estabelecidos.
Poluidor - pessoa fsica ou jurdica, de direito pblico ou privado, responsvel, direta ou
indiretamente, por atividade causadora de degradao ambiental;
Recursos Ambientais - a atmosfera, as guas interiores, superficiais e subterrneas, os
esturios, o mar territorial, o solo, o subsolo e os elementos da biosfera, a fauna e a flora.
Como consolidao da mencionada Lei 6.398 de 31/08/1981, que dispe sobre a
Poltica Nacional do Meio Ambiente (PNMA); em 23 de janeiro de 1986 deliberada a
Resoluo n 001 do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA, que estabelece
diretrizes quanto Avaliao de Impactos Ambientais-AIA.
A Lei Federal de n 10.165, de 27 de setembro de 2000, por sua vez, considera a
extrao e o tratamento de minerais como atividades altamente poluidoras e utilizadores
dos recursos ambientais em todas as suas fases, desde a pesquisa e lavra, at os processos
de beneficiamento, portanto, medidas mitigadoras e compensatrias se fazem
extremamente necessrias.
A lei 9.605 de 12 de fevereiro de 1998, conhecida como Lei de Crimes
Ambientais, apresenta as condies necessrias para que determinados danos ambientais
sejam classificados como crime. A mesma lei, por conseqncia, estabelece penalidades, as
quais podem ser de natureza indenizatria, ou de recluso dos responsveis. Nota-se que a
referida lei repreende a todos que, direta ou indiretamente, contriburam na concepo do
dano, mediante ao, omisso ou negligncia. Com relao responsabilidade penal
ambiental, vale ressaltar que a consolidao do direito ambiental brasileiro inexistente e o
que se tem na verdade uma gama de leis de diferentes pocas.
Machado (2001) ressalta o poder de polcia da Poltica Nacional do Meio Ambiente:
Poder de polcia ambiental a atividade da administrao pblica que limita ou disciplina

49

direito, interesse ou liberdade, regula a prtica de ato ou absteno de fato em razo de


interesse pblico concernente sade da populao, conservao dos ecossistemas,
disciplina da produo e do mercado, ao exerccio de atividades econmicas ou de outras
atividades dependentes de concesso, autorizao, permisso ou licena do poder pblico
de cujas atividades possam decorrer poluio ou agresso natureza.
A Lei Federal 7.347 de 24 de julho de 1985, alterada pelas leis de n 9.494 de
10/09/1997 e n 11.448 de 15/01/2007; Disciplina a Ao Civil Pblica de
Responsabilidade Por Danos Causados ao Meio Ambiente e d outras providncias,
explicitando mais uma vez o princpio do poluidor pagador, introduzido no ordenamento
jurdico nacional pela Lei 6.938, de 31/08/1981 da PNMA atravs do art. 4, VII, sendo
complementado pelo art. 14, 1.
O licenciamento ambiental previsto na Lei Federal de n 6.938 de 31 de agosto de
1981 constitui em obrigao prvia instalao de qualquer empreendimento ou atividade
potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente.

Essa obrigao

compartilhada por rgos executores do SISNAMA.


O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente IBAMA constitui o principal rgo
executor do SISNAMA. rgos Seccionais auxiliam o IBAMA no deferimento das licenas
ambientais, a nvel estadual e municipal. Estes ltimos podem ser rgos Ambientais
Estaduais ou Entidades Estaduais Ambientais. A competncia legal para a emisso de
licenciamentos por parte do IBAMA ou dos rgos Ambientais Estaduais depende
principalmente do porte e abrangncia do empreendimento.
O Parecer n 312 de 2004, discorre sobre a competncia estadual e federal para o
licenciamento, tendo como fundamento a abrangncia e magnitude do impacto. No Estado
de Pernambuco o rgo ambiental responsvel pelo controle ambiental a Companhia
Pernambucana de Recursos Hdricos CPRH.
A Resoluo N 237, de 19/12/1997 apresenta uma listagem das Atividades sujeitas
ao Licenciamento Ambiental, entre as quais esto enquadradas a minerao e aqicultura,
ambos os objetos de estudo da presente Dissertao:
(i) Extrao e tratamento de minerais: Pesquisa mineral com guia de utilizao;
Lavra a cu aberto, inclusive de aluvio, com ou sem beneficiamento; Lavra
subterrnea com ou sem beneficiamento; Lavra garimpeira; Perfurao de poos e
produo de petrleo e gs natural.

50

(ii) Indstria de produtos minerais no-metlicos: Beneficiamento de minerais


no-metlicos, no associados extrao; Fabricao e elaborao de produtos
minerais no-metlicos tais como produo de material cermico.
(iii) Atividades agropecurias: Projeto agrcola; Criao de animais; Projetos de
assentamentos e de colonizao.
(iv) Uso de recursos naturais: Silvicultura; Explorao econmica da madeira ou
lenha e subprodutos florestais; Atividade de manejo de fauna extica e criadouro de
fauna silvestre; Utilizao do patrimnio gentico natural; Manejo de recursos
aquticos vivos; Introduo de espcies exticas e/ou geneticamente
modificadas; Uso da diversidade biolgica pela biotecnologia.
Entenda-se por Licena Ambiental o documento, com prazo de validade
definido, em que o rgo ambiental estabelece regras, condies, restries e medidas de
controle ambiental a serem seguidas por uma empresa (SEBRAE, 2004). Entre as
principais caractersticas avaliadas no processo podemos ressaltar: o potencial de gerao de
lquidos poluentes (despejos e efluentes), resduos slidos, emisses atmosfricas, rudos e
o potencial de riscos de exploses e de incndios. Ao receber a Licena Ambiental, o
empreendedor assume os compromissos para a manuteno da qualidade ambiental do
local em que se instala.
O processo de Licenciamento Ambiental basicamente compreende trs tipos de
licenas. Cada uma exigida em uma etapa especfica do licenciamento: Licena Prvia
LP; Licena de Instalao LI e Licena de Operao LO.
De acordo com a Lei Estadual de N 12.916, de 8 de novembro de 2005, que dispe
sobre licenciamento ambiental e infraes administrativas ambientais, as licenas
ambientais so:
i.

Licena Prvia (LP) - Concedida na fase preliminar do planejamento do


empreendimento ou atividade, aprova sua concepo e localizao, atestando sua
viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos bsicos e condicionantes a
serem atendidos nas prximas fases de sua implementao, observadas as diretrizes
do planejamento e zoneamento ambiental e demais legislaes pertinentes. O prazo
de validade da Licena Prvia no poder ser superior a 02 (dois) anos e dever
levar em considerao o cronograma de elaborao dos planos, programas e
projetos relativos ao empreendimento ou atividade.

51

ii.

Licena de Instalao (LI) - Autoriza o incio da implantao do


empreendimento ou atividade, de acordo com as especificaes constantes dos
planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle
ambiental e demais condicionantes, das quais constituem motivo determinante. O
prazo de validade da Licena de Instalao no poder ser superior a 04 (quatro)
anos e dever levar em considerao o cronograma de instalao do
empreendimento ou atividade.

iii.

Licena de Operao (LO) - Autoriza o incio da atividade, do empreendimento


ou da pesquisa cientfica, aps a verificao do efetivo cumprimento das medidas
de controle ambiental e condicionantes determinados para a operao, conforme o
disposto nas licenas anteriores. O prazo de validade da Licena de Operao
dever considerar os planos de controle ambiental e ser determinado entre 01 (um)
ano e 10 (dez) anos, de acordo com o porte e o potencial poluidor da atividade, sem
prejuzo de eventual declarao de descontinuidade do empreendimento ou
atividade, por motivo superveniente de ordem ambiental, admitida sua renovao
por igual ou diferente perodo, respeitado o limite estabelecido, assegurando-se aos
empreendimentos de baixo potencial poluidor um prazo de validade de, no
mnimo, 02 (dois) anos.

iv.

Autorizao - Autoriza, precria e discricionariamente, a execuo de atividades


que possam acarretar alteraes ao meio ambiente, por curto e certo espao de
tempo, que no impliquem impactos significativos, sem prejuzo da exigncia de
estudos ambientais que se fizerem necessrios. Atividades tais como transporte de
substncias perigosas, servios de terraplanagem, drenagens, construo de muros
de arrimo, entre outras, podem ser enquadrados neste tipo de permisso.

v.

Licena Simplificada (LS) - Concedida pela localizao, instalao e operao de


empreendimentos ou atividades de micro ou pequeno porte que possuam baixo
potencial

poluidor/degradante

com

especificaes

prazos

conforme

regulamentao.
No tocante ao Regime de Aproveitamento e Explorao de Recursos Minerais, o
Cdigo de Minerao, institudo pelo decreto Lei N 227, de 28 de Fevereiro de 1967,
define os regimes de explorao das substncias minerais, estabelecendo critrios para a
obteno dos ttulos minerrios mediante procedimentos administrativos adequados e
distintos. De acordo com o Art. 2 os regimes de aproveitamento das substncias minerais,

52

para efeito deste Cdigo, so: Regime de autorizao de pesquisa; regime de concesso de
lavra; regime de licenciamento; regime de monopolizao; regime de permisso de lavra
garimpeira; regime de registro de extrao; regime de monoplio e regimes especiais
(CPRH, 2006).
O regime de autorizao refere-se fase da pesquisa mineral para todas as
substncias minerais, com exceto daquelas regidas pelo regime de monopolizao (petrleo,
entre outras). O regime de concesso pertinente fase de lavra ou do aproveitamento
industrial da jazida para todas as substncias minerais consideradas explotveis, com
exceo daquelas regidas pelo regime de monopolizao. O principal objetivo da utilizao
desses regimes a obteno da portaria de lavra emitida pelo Ministrio das Minas e
Energia, permitindo o aproveitamento do recurso mineral. O alvar de pesquisa, emitido
pelo Departamento Nacional de Produo Mineral DNPM constitui ttulo intermedirio
e autoriza ao interessado a pesquisar determinada substncia mineral, de modo a definir sua
quantidade, qualidade e distribuio espacial.
As reas mximas a serem exploradas em tais regimes, para substncias de emprego
imediato na construo civil correspondem a 50 hectares. O regime de licenciamento, por
sua vez, regula o aproveitamento das substncias minerais in natura, de emprego imediato
na construo civil, argila vermelha e calcrio para corretivo de solos, independentemente
de prvios trabalhos de pesquisa e facultado exclusivamente ao proprietrio do solo ou a
quem dele obtiver expressa autorizao. O regime de extrao restrito aos minerais
agregados ou de uso imediato para a construo civil, explotados por rgos da
administrao direta ou autrquica da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municpios para uso exclusivo em obras pblicas por eles executadas diretamente.
Mesmo tendo a portaria de lavra do DNPM como requisito para a obteno da licena
de operao, h certa discrepncia entre o nmero de licenas expedidas entre o DNPM 4
Distrito e a CPRH, conforme mostrado na Fig.3.4.1.

53

Fig. 3.4.1. Realidade do cenrio Formal dos empreendimentos mineiros de areia, brita e
argila na RMR e Goiana, perante os rgos Reguladores: DNPM e CPRH. (DNPM, 2007;
CPRH, 2007).
Comparando-se as licenas expedidas pela CPRH (LO) e os regimes expedidos pelo
DNPM para empreendimentos mineiros de areia, brita e argila, entre 2000 e 2007, nota-se
uma discrepncia entre os dados. A divergncia entre CPRH e DNPM pode ser justificada
pela maior efetividade na fiscalizao por parte da CPRH, entretanto, esta dispe de mais
recursos. Tal alcance da CPRH pode ser garantido pela atuao da Companhia
Independente de Policiamento do Meio Ambiente CIPOMA. Sobrinho (2007) afirma
ainda que: alguns empresrios que esto atuando na retirada de areia tm licenciamento, tanto pela
CPRH quanto pelo DNPM, mas no todos. Segundo o mesmo, o nmero reduzido de tcnicos
do DNPM constitui fator limitante para uma fiscalizao mais efetiva, principalmente da
extrao de areia.

3.5 A REABILITAO AMBIENTAL DAS REAS PS-MINERADAS NA


RMR E GOIANA/PE
A recuperao de reas degradadas RAD consiste num conjunto de medidas e aes
necessrias para que determinada rea degradada volte a estar apta para algum uso
produtivo. O principal objetivo da recuperao criar condies que sejam adequadas ao
uso futuro da rea garantindo sua sustentabilidade ambiental.

54

Uma anlise de contedo dos PRADs aprovados pelo rgo ambiental do estado de
Pernambuco, a Agncia Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hdricos CPRH foi
realizada a fim de se obter informaes referentes ao planejamento da recuperao das
reas degradadas pela minerao de agregados nos municpios da RMR e Goiana, por
empresas licenciadas entre os anos de 2003 e 2007. Da RMR, foram analisados 91 PRADs,
destes 43 de areia, 33 de argila e 14 de granito/gnaisse para brita. Com relao Goiana,
foram analisados 24 PRADs, em sua maioria de areeiros, sendo apenas um de pedreira. No
referido levantamento, pde-se observar que os PRADs estavam includos ou
simplesmente mencionados, sobretudo, em PCAs e RCAs - Planos de Controle Ambiental
e Relatrios de Controle Ambiental, respectivamente, no havendo nenhum PRAD sido
encontrado de forma individualizada.
A Recuperao Ambiental disposta em PRADs elaborados por empreendimentos
engloba diversas metodologias de recuperao (ver Fig. 3.5.1) dentre as quais, tcnicas de
revegetao, juntamente com a reconformao topogrfica, so prticas comumente
adotadas.

Fig. 3.5.1 - Quadro geral dos Mtodos de Recuperao Ambiental previstos em PRADs de
empreendimentos mineiros da RMR
A integrao de tcnicas de revegetao com tcnicas de reconformao
topogrfica caracterizada por afirmaes do tipo: Ser feito o plantio com vegetao
tpica da regio e Manuteno dos requisitos indispensveis estabilidade do solo. A
revegetao inclui a construo de barreiras vegetais destinadas suavizao do impacto

55

visual da paisagem e conteno de material particulado. Espcies de grande porte so as


mais indicadas para o cumprimento dessa medida. O eucalipto (Eucaliptus sp) uma espcie
bastante utilizada devido a seu rpido crescimento e poucas exigncias quanto s condies
de solo e clima. Salvo raras excees, h uma ausncia generalizada acerca do detalhamento
das tcnicas de revegetao e escolha das espcies vegetais a serem plantadas. Para tal, o
que se tm, so justificativas insatisfatrias como: Replantar a vegetao nas reas
reabilitadas, ou destin-las ao uso agrcola, conforme o desejo do proprietrio do terreno.
A reconformao, recomposio ou remodelamento topogrfico praticados pela
maioria dos empreendimentos constitui a principal medida geotcnica adotada e consiste na
atenuao dos impactos visuais causados pela lavra, primando pela estabilizao geotcnica
dos terrenos lavrados, atravs de conteno da eroso e assoreamento, entre outras.
Outras metodologias de recuperao apresentadas em PRADs pressupem
interpretaes confusas, e muitas vezes errneas, sobre o conceito de recuperao
ambiental, mostrado anteriormente no captulo 2. Um exemplo disso que atividades de
aqicultura, implantao de comrcio, entre outras, na verdade seriam alternativas de
reabilitao e no de recuperao.
Algumas empresas, mesmo possuindo jazidas em diferentes municpios, ou de
diferentes insumos minerais, apresentaram PRADs incrivelmente semelhantes, com os
mesmos impactos ambientais e as mesmas medidas de controle ambiental. Tendo em vista
que cada jazida e minrio possuem caractersticas peculiares, a aplicao de tais medidas
mitigadoras pode acarretar em solues tcnicas inadequadas para a recuperao das
diferentes reas em questo.
O quantitativo quanto escolha da aqicultura como alternativa de recuperao
chamou a ateno pela significncia dos dados: 10% dos PRADs mineiros da RMR
avaliados contemplaram atividades de aqicultura e 9% contemplaram a integrao da
aqicultura com outras atividades, principalmente agricultura. A opo por aqicultura
pode ser explicada por alguns fatores, a saber:
i.

Aumento da importncia da aqicultura no contexto mundial como fonte de


obteno de protena animal;

ii.

Condies climticas favorveis ao cultivo de espcies tropicais;

iii.

Condies edficas e disponibilidade de Recursos Hdricos;

iv.

Existncia de um forte mercado consumidor;

v.

Facilidade no escoamento de produo e rentabilidade do produto;

56

vi.

No contexto econmico surge como alternativa de gerao de emprego e renda


tanto para superficirios quanto para as comunidades circunvizinhas e/ou
ribeirinhas;

vii.

Em alguns casos, pode ser a nica alternativa de desenvolvimento econmico local.


Quando contabilizadas as metodologias adotadas por PRADs mineiros da RMR em

relao ao tipo de mineral agregado explorado, mostrados na Fig.3.5.2, possvel perceber


que os areeiros tm a aqicultura, como alternativa de reabilitao em maior parte:
Piscicultura com 11% do total de PRADs, Aqicultura 5% (sem escolha do mtodo ou
espcie a ser cultivada) e Carcinicultura 2%. A piscicultura integrada revegetao, seja
para pastagem ou agricultura, representa 10%.

Fig. 3.5.2 - Sntese das metodologias de RAD propostas em PRADs de areeiros e


mineradoras de argila da RMR licenciados entre 2003 e 2007.
Com base nos contedos dos PRADs da RMR averiguados, a piscicultura em
tanques-redes constitui o principal sistema de cultivo escolhido para areeiros, tendo Tilpia
Niltica (Oreochromis niloticus) e Tilpia Vermelha (Oreochromis sp. Hbrido), como espcies
de peixes preferidas. A adaptao de cavas em viveiros para piscicultura ou carcinicultura
constitui segunda opo, porm, em ambos os casos no foram apresentados
detalhamentos ou esboos acerca da concepo dos projetos. Outrossim, afirmativas do
tipo as cavas sero utilizadas como lagos artificiais ou tanques para criao de peixes ou
camares surgem como justificativas. Na RMR, os areeiros cujos trabalhos de recuperao
incluem a carcinicultura marinha como alternativa de reabilitao, esto situados nos
municpios de Itapissuma (Agropecuria Mulata Grande) e Ilha de Itamarac (Jos Ferreira
Bezerra). Em ambos os casos, pde-se observar a existncia da real preocupao e interesse

57

por parte dos empreendedores de recuperar suas reas lavradas para um uso seqencial
economicamente sustentvel.
No caso das argilas lavradas na RMR, medidas geotcnicas associadas a tcnicas de
revegetao assumem papel de excelncia, com 43% do total. Em determinados casos,
Implantao de Comrcio e Projeto Imobilirio, surgem como formas de recuperao.
No quesito Aqicultura, a piscicultura integrada a tcnicas de revegetao com espcies
agrcolas constituem interessantes propostas de recuperao, incentivando, inclusive, a
prtica de reuso da gua dos viveiros para ferti-irrigao.
Dentre os PRADs investigados e classificados por substncia mineral, as pedreiras
da RMR apresentam propostas de metodologias distribudas entre tcnicas de revegetao;
remodelamento topogrfico integrado a revegetao e metodologias indefinidas (ver Fig.
3.5.3); de forma bem equacionada. Vale ressaltar a ausncia da aqicultura como mtodo
alternativo de reabilitao para pedreiras.

Fig. 3.5.3 - Metodologias de RAD propostas em PRADs de Pedreiras da RMR.


Os casos de indefinio quanto proposio de metodologias de recuperao,
podem ser explicados pela falta de interesse por parte dos empreendedores, ausncia de
corpo tcnico multidisciplinar, ignorncia tcnico-poltica das partes envolvidas ou at
mesmo pela impreciso na citao face s diversas alternativas.
Segundo Martins (1995), o planejamento na recuperao ambiental no caso da
minerao de agregados deve englobar os planos de desenvolvimento da regio ou
municpio onde a atividade mineral se localiza, porm, quanto ao uso futuro da rea, grande
parte dos PRADs da RMR e Goiana/PE apresentam propostas de forma genrica,
imprecisa ou at mesmo indefinida de reabilitao, caracterizando assim um papel
perfunctrio dos PRADs para a simples obteno do licenciamento ambiental. O PRAD,

58

apesar de ser considerado um instrumento de gesto ambiental, ainda no est totalmente


consolidado no que diz respeito Fase de Exausto da Mina (Fechamento, Desativao).
Entretanto, segundo as etapas de um empreendimento mineiro, contempla a fase psoperacional (HARTMAN e MUTMANSKY, 2002).
A ausncia de um correto planejamento na recuperao, que deve levar em conta as
potencialidades locais, vocaes naturais da regio e necessidades das comunidades locais,
acarreta em solues inadequadas quanto ao uso seqencial da rea de concesso do
empreendimento no processo de reabilitao. A quase totalidade dos PRADs avaliados,
tanto da RMR como de Goiana/PE, apresentaram inmeras falhas, desde simples erros de
grafia, a falhas gravssimas na elaborao dos projetos. Algumas falhas detectadas
apresentam semelhanas quelas encontradas por Lima et al (2006), todavia, outras falhas
foram encontradas. As principais incluem:
i.

Nenhum PRAD apresentou garantias de disponibilidade dos recursos financeiros


necessrios implantao de todas as aes necessrias. Inclusive a falta de recursos
devido diminuio das vendas do insumo mineral tambm serviu de justificativa
para o no cumprimento dos PRADs.

ii.

Houve limitao da abordagem multidisciplinar por parte das empresas de


consultoria responsveis pela elaborao dos PRADs. Vale ressaltar que dentre os
PRADs avaliados que apresentavam alternativas de aqicultura, apenas 1 (um)
responsvel tcnico possua competncia profissional para implantao da mesma,
sendo o mesmo Engenheiro de Pesca. Entre os responsveis dos corpos tcnicos,
havia Gegrafos, Engenheiros de Minas, Engenheiros Civis, entre outros.

iii.

Muitos empreendimentos enfatizam a capacidade de autodepurao e autosustentao do meio ambiente: Apesar de ser um empreendimento mineiro, suas
caractersticas relativamente simples e de baixa produo, divergem da minerao
convencional, sabidamente agressiva e potencialmente danosa, ou:
[...] A rea impactada constituir local para o desenvolvimento de
peixes, a exemplo do que tem sido observado em outras reas de
dragagem em leito de rio. Dentro de cerca de 3 anos em funo da
pluviosidade da regio, a cava ser reposta com material carreado
de montante, repondo naturalmente a areia removida. Pelas
caractersticas da rea minerada, no haver necessidade de
recomposio topogrfica, uma vez que sero conservados os
taludes naturais das margens, enquanto o lago a ser criado pelas

59

escavaes constitui em si mesmo, uma forma das condies


naturais do rio, melhorando a aptido do mesmo para a
piscicultura.
iv.

Ausncia de mnimos detalhamentos quanto aos projetos e despreocupao por


parte dos elaboradores dos PRADs com o no cumprimento dos trabalhos de
recuperao. Tal despreocupao pode ser demonstrada pela falta de
esclarecimentos nos projetos: O PRAD definitivo s ocorrer aps a exausto da
jazida; A empresa implantar este projeto de cultivo de tilpias, aps a exausto
do material minerrio. As guas oriundas dos tanques sero reutilizadas na
irrigao dos coqueiros, integrando a piscicultura com a agricultura irrigada. No
h previso de recuperao tendo em vista o tempo necessrio para a exausto da
jazida, que de muitos anos.
[...] Na rea de estudo sero implantados tanques para engorda de
peixes (piscicultura) com fins comerciais e de lazer. Sero
implantados 15 tanques com variao de tamanho e capacidade de
densidade de monitoramento e licenciamento pela CPRH.
- Pergunta-se: quantas cavas sero formadas com a extrao? - Na
aqicultura deve-se procurar realizar o planejamento correto antes
da implantao. [...] A empresa implantar este projeto de criao
de tilpias aps a exausto do material minerrio, onde foi feita a
avaliao das reservas de areia, conseguindo um valor quantitativo
e significativo. - Pergunta-se, quanto representa esse valor para a
exausto do material? [...] Dentre as vantagens obtidas com este
projeto, uma das principais ser a reutilizao das guas dos
tanques para a irrigao da rea do reflorestamento, integrando
assim a piscicultura com agricultura. Pergunta-se, qual a origem
da gua utilizada nos tanques?
A diversidade no uso futuro do solo e o quantitativo das medidas de reabilitao

propostos em PRADs minerrios da RMR so apresentados na Tabela 3.5.1.

60

Tabela 3.5.1 - Usos Posteriores mencionados em PRADs da RMR (CPRH, 2007).


Uso Posterior
Areia
No Mencionado
Piscicultura
Indefinido
Aqicultura (sem definio da tipologia)
Piscicultura e Agricultura
Carcinicultura
Implantao de Indstria
Projeto Imobilirio
Argila
No Mencionado
Piscicultura
Comrcio
Agricultura de Subisistncia e Construo
Industrial
Construo de Loteamento
Brita
No Mencionado
Pastagem
Agricultura de Subisistncia
Agricultura de Subisistncia e Pastagem
Total

Quantidade
25
7
4
2
2
1
1
1
26
4
1
1
2
11
1
1
1
91

A exemplo da RMR, o municpio de Goiana/PE apresenta uma ambincia


favorvel para o uso posterior do solo seja na agricultura, ou na aqicultura. Estas
condies influenciam no destino final da rea, permitindo uma consonncia com os
habitantes da localidade. Fato apresentado pelos dados da Fig. 3.5.4.

Fig. 3.5.4 - Metodologias de recuperao e reabilitao ambiental contidas em PRADs de


agregados do municpio de Goiana/PE.

61

De acordo com a Fig.3.5.4, a carcinicultura destaca-se como metodologia preferida


de reabilitao ambiental no municpio de Goiana/PE. Esse fato evidenciado pela
expanso da aqicultura no litoral norte de Pernambuco (CPRH, 2003). Diferentemente da
RMR, a recuperao ambiental de reas degradas pela minerao em subzona do municpio
de Goiana, contemplada no Decreto Estadual de n 21.972 de 29/12/1999, segundo o
Zoneamento Ecolgico Econmico Costeiro proposto para o litoral norte:
Art. 16. A Subzona de Incentivo Recuperao e Diversificao de Usos localiza-se na
poro sul-oriental do municpio de Goiana. Abrange as reas exploradas ou degradadas
por minerao de areia e calcrio, bem como o povoado de Atapuz.
1 As metas ambientais para essa subzona so:
I.
II.
III.
IV.
V.
VI.
VII.
VIII.
IX.

reas para minerao zoneadas, cadastradas e com atividades licenciadas;


reas degradadas por minerao, recuperadas e reflorestadas, ou utilizadas
para aqicultura, de acordo com zoneamento proposto;
Cobertura vegetal recuperada, conservada e monitorada;
Projetos de ecoturismo implantados e desenvolvidos de forma sustentvel;
Povoado de Atapuz com esgotamento sanitrio implantado;
Aqfero conservado;
PGIRS implementado;
Vias de acesso recuperadas e conservadas e;
proprietrios com efetiva participao no processo de gesto ambiental.
O 4 pargrafo explicita ainda mais a aqicultura como forma de reabilitao do

passivo ambiental legado pela atividade:


4 Sero incentivadas nessa subzona:
I.
II.
III.
IV.
V.
VI.
VII.
VIII.
IX.
X.

Recuperao das reas degradadas por minerao;


Reflorestamento, preferencialmente, com espcies nativas;
Aproveitamento das reas degradadas por minerao para aqicultura,
mediante estudos especficos;
Cultivo de espcies frutferas prprias de solos arenosos;
Implantao de projetos de ecoturismo;
Levantamento e cadastramento das reas exploradas com minerao;
Fortalecimento da Colnia de Pescadores de Atapuz;
Instalao de unidades de beneficiamento do pescado;
Recuperao e manuteno das vias de acesso; e
Elaborao e implementao do PGIRS.
A totalidade dos PRADs da RMR e Goiana/PE no consideram os problemas

scio-econmicos que podem ocorrer com os empregados e a comunidade situada no


entorno da mina, principais agentes envolvidos. Sanssoon (2000; apud OLIVEIRA
JNIOR, 2006) destaca alguns objetivos e medidas de controle a serem previstos para a

62

comunidade local e empregados (mostrados na tabela 3.5.2), no processo de desativao


mineiro.
Tabela 3.5.2. Objetivos e controle a serem adotados aos impactos sociais (empregados e
comunidade local) quanto a Desativao de um empreendimento mineiro (Oliveira Jnior,
2006).
Envolvidos
Empregados

Comunidade
local

Objetivos
Recolocao em outro
emprego;

Controle

Dar apoio para a procura de um novo emprego;

Recolocao dos empregados.

Dar apoio financeiro;


Fazer recomendaes.

Estabilidade econmica;

Fazer planos de desenvolvimento regional;


Desenvolver localmente empresas autosustentveis;
Estabelecer recursos ou depositar crditos para
os servios essenciais;
Relocar os migrantes.

Bem-estar social;
Melhora do nvel educacional
da comunidade.

A opo pela aqicultura como forma de reabilitao pode minimizar o passivo


antrpico, amenizando os conflitos locacionais pertinentes minerao e aqicultura. Os
principais conflitos do uso do solo relacionados minerao na RMR e Goiana (CPRH,
2001 e 2003) esto relacionados ao turismo, devido s alteraes paisagsticas. Para os
conflitos locacionais e ambientais que envolvem a produo de agregados nas regies
metropolitanas, aes mitigadoras pontuais devem ser complementadas por medidas de

zoneamento de uso e ocupao do solo (CALAES, 2007), as quais devem contemplar


tambm a proposio da aqicultura em reas degradadas.

63

4. PROPOSIO DE ALTERNATIVAS
AQICULTURA PARA A REABILITAO
REAS PS-MINERADAS
4.1

DESCRIO

DAS

PRINCIPAIS

ALTERNATIVAS

DE
DAS

DE

AQICULTURA

INTRODUO:
A aqicultura subdivide-se em diversas vertentes, cada qual com suas

peculiaridades. No Brasil, os principais grupos de organismos aquticos produzidos so os


peixes de gua doce, seguido pelos camares marinhos, ostras e mexilhes, camares de
gua doce e rs (QUEIROZ et al, 2002).
As alternativas de aqicultura apresentadas para a reabilitao das reas mineradas
pela extrao de agregados na RMR e Goiana, correspondem quelas espcies
tradicionalmente cultivadas na regio Nordeste. Dentre as espcies de peixes mais
cultivadas, temos a tilpia-do-nilo (Oreochromis niloticus) e a tilpia-vermelha (Queiroz et al,
2002). Em relao carcinicultura, a predominncia do camaro marinho, com a espcie
Litopenaeus vannamei, seguido pelo camaro gigante da Malsia (Macrobrachium rosenbergii),
conforme mostrados na Fig.4.1.1. Para a regio Nordeste, Queiroz et al (2002) apresenta
uma relao das espcies prioritrias para compor projetos de pesquisa em aqicultura do
Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuria SNPA.
(i) Peixes de gua doce: Pintado (Pseudoplatystoma corruscans), Tambaqui
(Colossoma macropomum), Tilpia (Vrias espcies), Surubim (Pseudoplatystoma
fasciatum);
(ii) Peixes Marinhos: Arabaiana (Seriola lalandi), Carapeba (Moharra rhombia),
Garoupa (Epinephelus sp.), Robalo (Centropomus undecimalis);
(iii) Carcinicultura de gua-doce: Camaro Gigante da Malsia (Macrobrachium
rosenbergii);
(iv) Carcinicultura Marinha: Camaro cinza (Litopenaeus vannamei);
(v) Ostreicultura: Ostra-do-mangue (Crassostrea rhizophorae).
O cultivo de beijupir (Rachycentrum canadum), tambm constitui uma grande
promessa para a piscicultura marinha pernambucana (AQUALDER, 2008).
Na RMR a aqicultura realizada em maior escala no litoral norte, juntamente com
Goiana/PE e ocorre em duas modalidades: artesanal e em larga escala (CPRH, 2003). O

64

municpio de Goiana/PE detm 70% das reas ocupadas pela aqicultura no litoral norte
do Estado (CPRH, 2003), seguido pelos municpios da RMR norte, Itapissuma (23,2%) e
Itamarac (6,8%). O cultivo artesanal de peixes, ostras e camaro, realizado em geral, por
pescadores locais. Os peixes cultivados para engorda (sana, tainha, camurim, curim,
bicudo e carapeba), geralmente so apanhados no prprio esturio e a produtividade
baixa (CPRH, 2003). A carcinicultura marinha em larga escala, representada por
gigantescas fazendas construdas no mangue, que produzem a espcie Litopenaeus vannamei
(CPRH, 2003).

(a) Tilapia do Nilo

(b) Tilpia Vermelha

(c) Camaro Cinza

(d) Camaro Gigante da Malsia

Fig.4.1.1. Principais espcies cultivadas na regio nordeste (QUEIROZ et al, 2002).

INFRA-ESTRUTURA E ALTERNATIVAS AQCOLAS


Os cultivos de organismos aquticos, a depender do manejo aplicado, so

classificados em sistemas, os quais podem ser extensivos, semi-intensivos ou intensivos, a


saber:

65

a) Extensivo - no possui aporte externo de nutrientes. O ganho de biomassa depende


totalmente da produtividade natural do corpo dgua e do conseqente suprimento
endgeno de organismos vivos naturalmente disponveis;
b) Semi-intensivo conta com aporte de fertilizantes e/ou nutrientes externos. A espcie
cultivada depende do consumo de organismos vivos, presentes no viveiro, e de
suplementos alimentares;
c) Intensivo - com aporte de uma dieta completa, de alta qualidade nutricional, onde o
crescimento do animal cultivado inteiramente dependente dessa fonte de
alimentao.
Visando alcanar os objetivos propostos de maneira sinttica, detalhamentos acerca
dos diversos sistemas de cultivo e manejo dos mesmos, sero aqui negligenciados.
Em se tratando de sistemas de cultivo, inmeras so as variedades, que devem ser
compatveis com as espcies cultivadas, com o suprimento de gua e demais recursos
naturais disponveis. A piscicultura extensiva, quase sempre inexpressiva do ponto de vista
produtivo, muitas vezes legada apenas subsistncia. A mesma pode ser praticada em
cavas abandonadas, em lagos, audes, viveiros escavados, entre outras formas.
Viveiros escavados, conforme mostrados na Fig. 4.1.2, podem ser utilizados tanto
para piscicultura quanto para a carcinicultura e possui diversas finalidades, formas e
dimenses.

(a) Piscicultura de gua doce, em


Nepolis/SE (CODEVASF, 2008)

(b) Carcinicultura marinha no Texas/EUA


(SHRIMPNEWS, 2008)

Fig.4.1.2. Exemplo de viveiros escavados para piscicultura e carcinicultura.

66

Segundo Oliveira (1999), viveiros so bacias ou reservatrios de captao e


reteno de gua doce ou salgada, circundadas ou no (depresses naturais), por diques ou
represas de terra e/ou alvenarias, destinados a produo de peixes, plantas e outros animais
aquticos. Em geral, viveiros so constitudos por bacias hidrulicas, envolvidas por
diques ou represas, sistemas de abastecimento, sistema de esvaziamento, canal de drenagem
geral, caixa de despesca para uso externo e sistema de filtrao (OLIVEIRA, 1999).
Oliveira (1999) classifica os diversos tipos de viveiros em:
(i) Quanto qualidade da gua De gua doce (interiores) e de gua salgada
(estuarinos);
(ii) Quanto ao nvel do solo Superficiais; Escavados ou Semi escavados (Fig. 4.1.3).
(iii) Quanto ao tipo de material dos diques Argiloso; de Alvenaria; de Madeira; de
Revestimento plstico.
(iv) Quanto topografia do terreno Em derivao e em patamares.
(v) Quanto funo de Engorda; de Alevinagem; de Acasalamento; de Reproduo;
de Estocagem; entre outros.
(vi) Quanto forma Quadrada; Retangular; Trapezoidal; Circular e Irregular.

(a) Viveiro escavado

(b) Viveiro semi-escavado

(c) Viveiro Superficial


Fig.4.1.3. Tipos de viveiros quanto ao nvel do solo (OLIVEIRA, 1999).
Um aspecto a ser considerado e de extrema relevncia a profundidade dos
viveiros. A mesma, tanto para a piscicultura, quanto para a carcinicultura no deve ser
inferior a um metro, sendo ideal de um metro e meio a dois. Quanto menor a
profundidade, maior ser o poder de penetrao da radiao solar, o que eleva bastante a
temperatura dos viveiros, causando aumento do nvel de estresse dos organismos. Alm
disso, a penetrao da radiao no fundo do viveiro favorece o crescimento de macrfitas
aquticas, as quais podem ser nocivas. Uma maior profundidade, de no mximo dois
metros, favorece a estabilidade trmica nos viveiros.
Tanques-redes ou gaiolas, exemplo mostrado na Fig. 4.1.4, so estruturas de tela ou
rede que retm os organismos cultivados, impossibilitando-os de manter contato com o

67

meio externo. O tanque-rede, tambm conhecido como cage net ou pound net,
construdo utilizando-se de redes de poliamida multifilamento (nylon) sem ns, que so
macias e muito resistentes, flexveis e de fcil manejo (CONOLLY, 2000). O fluxo
contnuo da gua passa por estes aparatos, fornecendo oxignio aos peixes e removendo os
metabolitos ao mesmo tempo. Tanques-redes so considerados sistemas intensivos e so
bastante utilizados para a piscicultura. Embora no seja comum, camares, lagostas e
moluscos tambm podem ser cultivados nesse tipo de sistema, neste caso, faz-se necessrio
o uso de malhas adequadas ao tamanho destes.

Fig. 4.1.4. Tpico exemplo de Tanque-rede (FERBAX, 2007).


Quanto ostreicultura, cultivo de ostras, praticada no litoral norte e sul de
Pernambuco, representada pelo cultivo da Ostra-do-mangue (Crassostrea Rhizophorae), em
Mesas (CPRH, 2003). O sistema de cultivo Suspenso Fixo, ou em Mesas, corresponde ao
conjunto de estacas ou postes cravados no leito da gua e ligados entre si por madeira, para
manter lanternas ou caixas (Figura 4.1.5) com ostras suspensas no volume dgua (BMLP,
2003). A profundidade de at 3 metros indicada para este sistema, sendo a mesma
influenciada pelas mars.

68

Fig.4.1.5. Sistema de Mesa. Caixa e lanterna em detalhes (BMLP, 2003).


Ostras do mangue so ssseis (fixas ao substrato) e filtradoras, alimentando-se dos
nutrientes dissolvidos na gua e fitoplncton, por isso so encontradas e cultivadas em
zonas estuarinas, onde h maior oferta de alimentos (BMLP, 2003). As mesmas, assim
como os demais bivalves, possuem alto poder de bioacumulao de substncias e
elementos-traos encontrados em guas poludas. Sua sensibilidade para detectar alteraes
em ambientes aquticos lhes garante notoriedade como bons bioindicadores (MORA et al.,
1999; LIMA et al, 2005).

4.2 VIABILIDADE E SUSTENTABILIDADE


Com o advento da engenharia moderna, o cultivo de organismos aquticos
possvel nas condies mais adversas. Entretanto, a aqicultura propriamente dita deve ser
sinnima de produo e conseqente retorno financeiro. A exeqibilidade de projetos
aqcolas est intimamente ligada escolha do local e sistema de cultivo a ser utilizado. No
caso do aproveitamento de reas previamente degradadas, deve haver uma conciliao
entre os mtodos de recuperao ambiental empregados e os requisitos necessrios
implantao do projeto. Segundo Avault (1996), a seleo de uma rea para aqicultura
depende:
1. Da espcie a ser cultivada;
2.

De aspectos legais e scio-culturais;

3. Requerimentos de infra-estrutura;
4. Requerimentos Biofsicos;
5. Sistema de cultivo adotado.

69

Na

verdade,

todos

os

fatores

supracitados

esto

interligados

so

interdependentes. A falta de qualquer destes fatores, pode implicar em um projeto mal


sucedido. Aspectos legais e scio-culturais esto relacionados, por exemplo, ao uso de
guas pblicas, conflitos locais, roubo, entre outros fatores (AVAULT, 1996). Os principais
conflitos locais da aqicultura nos litorais norte e sul so:

Litoral Norte - Tanto a aqicultura artesanal, quanto os grandes projetos de


carcinicultura marinha localizados em Itamarac, Itapissuma, Igarassu e Goiana,
apresentam conflitos com o mangue, degradando-o atravs da supresso de sua
vegetao para instalao/ampliao de viveiros ou para implantao de vias de
acesso. O lanamento de efluentes e resduos em seus corpos de gua compromete,
em mdio prazo, a funo desses ecossistemas (CPRH, 2003);

Litoral Sul - Lanamento de resduos da larvicultura no manguezal e corte de


mangue para instalao de viveiros de camaro, principalmente na Praia do Cupe,
em Ipojuca e Rio Formoso (CPRH, 2001).
O local escolhido deve apresentar infra-estrutura bsica, tais como estradas em boas

condies, disponibilidade de energia eltrica, proximidade de aeroportos e terminais


pesqueiros, proximidade aos mercados consumidores, dentre outras comodidades.
Terrenos planos, ou com declividade de at 2% possibilitam melhor aproveitamento da
rea e a reduo dos custos dos viveiros (ONO e KUBITZA, 2002).
Dentre os requisitos mencionados para o planejamento e implantao da
aqicultura, os requerimentos biofsicos ocupam lugar de destaque. Fatores climticos e
biolgicos so extremamente importantes. Cada espcie possui seu prprio limite de
tolerncia (fator biolgico intrnseco) aos diversos condicionantes impostos pelo meio, tais
como clima, temperatura, salinidade, poluio, entre outros.
Associados a fatores climticos, os nveis de sais necessrios para a cultura de
determinada espcie podem variar bastante em relao aos ambientes. A alta pluviosidade
de uma dada regio pode diluir a salinidade abaixo dos nveis desejados para a espcie,
enquanto que em zonas mais evaporticas, comum encontrar audes com salinidade
absurdamente elevada, inclusive, maior que a salinidade marinha.
Comumente, quantidade e qualidade de gua e solo adequados so os principais
determinantes para o bom xito do projeto. A quantidade de gua necessria para o
abastecimento depende do tamanho das reas dos viveiros, taxas de evaporao local e
permeabilidade do solo, do sistema e manejo adotados, entre outros fatores (ONO e
KUBITZA, 2002). As fazendas localizadas em solos arenosos requerem um maior volume

70

de gua para reparar as perdas por infiltrao (FIGUIREDO et al, 2006). guas de rios,
crregos, represas, audes, minas, poos e at mesmo a gua captada das chuvas so
utilizadas no abastecimento das pisciculturas (ONO e KUBITZA, 2002).
A quantidade (vazo) de gua deve ser compatvel com as exigncias do projeto,
sendo capaz de compensar as perdas por evaporao e infiltrao. Nas regies tropicais, a
evaporao pode chegar a 250 m/dia/ha, sendo influenciada pela temperatura, umidade
do ar, velocidade do vento, insolao, entre outros (OLIVEIRA, 1999). O volume
necessrio (Vn) para o abastecimento de viveiros pode ser estimado como a soma do
volume dgua contido nos viveiros (Vb), mais o volume de perdas (Vp), ou seja, Vn =
Vb+Vp.
O cultivo intensivo em tanques-redes s vivel em grandes reas represadas e
abrigadas, com uma profundidade acima de 4 m, onde exista uma boa circulao dgua
(CONOLLY, 2000). extremamente importante que haja uma distncia suficiente entre o
fundo do tanque e o fundo do lago/cava. A grande densidade de peixes por metro cbico,
relacionada ao consumo de rao e excrementos, resulta na liberao de detritos e amnia
na gua, causando poluio (CONOLLY, 2000). Para garantir maior eficincia na
renovao dgua, o uso de formas retangulares e quadradas facilita a passagem da mesma
de forma homognea, enquanto a forma circular dissipa parte da corrente, conforme
ilustrado na Fig.4.2.1.

Fig.4.2.1. Padres de troca de gua em tanques rede de diferentes formatos.


Sob a tica biolgica, a qualidade de gua determina o nvel de produo dos
sistemas aqucolas. Os diversos parmetros fsico-qumicos e biolgicos da gua a ser
utilizada no cultivo, conforme apresentados nas tabelas.4.2.1 e 4.2.2, devem atender s
necessidades de desenvolvimento da espcie, influenciando assim, a seleo da mesma.

71

Tabela 4.2.1. Valores desejados de parmetros fsico-qumicos da gua para cultivo de


peixes de gua doce tropicais e do camaro marinho (Litopenaeus vannamei) em viveiros
(ONO E KUBITZA, 2002).
PARMETRO

PEIXES

CAMARO MARINHO

Temperatura
pH

26 a 30C
6,5 a 8,0

25 a 30C
7,5 a 8,5

Oxignio dissolvido

>5 mg/l

>5 mg/l

Gs carbnico (CO2)

<10 mg/L

<5 mg/L

Alcalinidade Total CaCO3

>30 mg/L

>100 mg/L

Dureza Total CaCO3


Amnia txica (NH3)

>30 mg/L
<0,2 mg/L

>100 mg/L
<0,1 mg/L

Nitrito (NO2)

<0,3mg/L

<1,3 mg/L (Juvenis)


< 4mg/L (Adultos)

Gs sulfdrico (H2S)

<0,002mg/L

<0,005mg/L

Salinidade

Depende da espcie, em geral


<12 ppt para peixes de gua doce

15 a 25 ppt ideal, embora possa


ser cultivado em salinidades
menores

Tabela 4.2.2. Variveis fsico-qumicas da gua para o cultivo do Camaro Gigante da


Malsia (Macrobrachium rosenbergii). (SINGHOLKA, 1982; CORREIA, SAWANNTOUS e
NEW, 2000; VALENTI e DANIELS, 2000; apud NEW, 2002).
VARIVEIS
Dureza Total
Clcio (Ca)
Sdio (Na)
Potssio (K)
Magnsio (Mg)
Slica (SiO2)
Ferro (Fe)
Cobre (Cu)
Magans (Mn)
Cromo (Cr)
Chumbo (Pb)
Cloro (Cl)
Clrino (Cl2)
Sulfato (SO4)
Fosfato (PO4)
cido Sulfdrico (H2S)
Total de Slidos
Dissolvidos (TDS)
Oxignio Dissolvido
(O2)
Dixido de Carbono
Livre (CO2)
Amnia (NH3)
Nitrito (NO2)
Nitrato (NO3)
pH
Temperatura

GUA-DOCE
(ppm)
<120
12 a 24
28 a 100
2 a 42
10 a 27
41 a 53
<0.02
<0.02
<0.02
< 0.01
<0.02
40 225
38
<0.2

GUA MARINHA
(ppm)
5950 10500
400 525
1250 1345
3 14
0.05 0.15
<0.03
<0.4
0.03 4.6
<0.005
<0.03
19000 19600
-

GUA SALOBRA
(ppm)
2.353 2.715
175 195
3500 4000
175 220
460 540
5 30
<0.03
<0.06
<0.03
<0.01
<0.03
6600 7900
-

217

>5

>5

>5

6.5 8.5
-

7.0 8.5
-

<0.1
<0.1
<20
7.0 8.5
28 31C

72

A poluio constitui um dos maiores entraves qualidade da gua para o cultivo,


principalmente em se tratando de reas ps-mineradas. Por exemplo, sabido que elevadas
concentraes de metais como o ferro (Fe) e alumnio (Al) produzidos pelo rejeito do
beneficiamento de argilas caulinticas, quando liberados em corpos dgua, podem causar
alteraes fisiolgicas em peixes (SILVA, 2001). Oliveira (1999) afirma que guas turvas
com argilas e outras partculas em suspenso, no facilitam a penetrao de luz, causam
problemas aos peixes, larvas, ps-larvas e alevinos, com aderncia de argila s suas guelras,
impedindo trocas gasosas. Portanto, a transparncia da gua tambm constitui parmetro
importante.
Quando comparada lavra de minerais sulfetados/piritosos, a lavra de agregados
representa menor preocupao ambiental, em relao gerao de drenagem cida. A
influncia da minerao de agregados sobre a qualidade da gua em geral, est associada a
processos erosivos e assoreamento, acarretando elevada turbidez na gua de rios e lagos.
Entretanto, Marques et al (2006) detectaram valores de pH extremamente baixos
(3,11 4,95) em cavas de areia em Soropdica - RJ. Valores anmalos de sulfato de
alumnio associados aos baixos valores de pH inviabilizam a introduo da piscicultura
nestas cavas, e podem estar associados pluviosidade local (MARQUES et al, 2006). O
alumnio dissolvido na gua destas cavas entra em contato com as brnquias dos peixes, as
quais apresentam valores de pH maiores que a gua, precipitam na forma de Al2(OH)3,
bloqueando a assimilao de oxignio pelas mesmas e ocasionando nefrocalcitose e morte.
Para a reabilitao das cavas provenientes das reas mineradas dos municpios da
RMR e Goiana/PE, conforme esquematizado na Fig.4.2.2, necessrio que se estabelea
uma srie de medidas, as quais devem seguir determinada ordem.

73

Fig.4.2.2. Diagrama representativo das etapas necessrias reabilitao ambiental de


corpos dgua formados pela minerao de agregados.
Numa primeira instncia, a avaliao da qualidade da gua das cavas pode ser
realizada por meio de monitoramento direto das variveis fsicas, qumicas e biolgicas. Os
parmetros fsico-qumicos comumente avaliados so: oxignio dissolvido (mg/l),
temperatura da gua T (C), condutividade (S/cm), pH e transparncia de Secchi, total de
slidos dissolvidos (mg/l), dureza (mg/l de CaCO3), entre outros. Sulfatos e elementostraos so recomendados por Miller e Semmens (2004). Tcnicas de modelagem numrica
para avaliar o grau de eutrofizao e disperso de poluentes em corpos hdricos tambm
podem ser utilizadas (SCHNOOR, 1996).
Os organismos mais comumente utilizados no monitoramento biolgico da
qualidade ambiental em ecossistemas aquticos so os macroinvertebrados bentnicos,
peixes e comunidade periftica (GOULART e CALLISTO, 2003). Peixes so bastante

74

utilizados para o monitoramento da qualidade ambiental aqutica, principalmente nos casos


de contaminao por metais pesados (OOST, 2003).
Os resultados obtidos durante o monitoramento indicaro as caratersticas da cava,
que passa a se comportar como um novo lago. A compreenso da dinmica das cavas de
fundamental importncia para a escolha do(s) mtodo(s) de tratamento, caso seja(m)
necessrio(s). Os mesmos podem ser ativos, por meio de calagem para correo de pH e
outros mtodos e reagentes qumicos; ou passivos, como o uso de wetlands, por
exemplo (TRINDADE, 2004; SCHWARTZ e BOYD, 1995). A integrao de sistemas
tambm possvel.
Por fim, a ltima etapa, corresponde implantao de um projeto de reabilitao
ambiental mais adequado s caractersticas ambientais biticas e abiticas das cavas. No
tocante ao consumo dgua, vale salientar a importncia da no concorrncia da aqicultura
com outros usos mais estratgicos sob o ponto de vista de gesto ambiental de recursos
hdricos.
Solos ideais para construo de viveiros so bastante controversos e sua escolha
depende bastante da experincia profissional do proponente do projeto. Do ponto de
vista da engenharia, a seleo dos locais para a construo de viveiros deve ser baseada na
compatibilidade dos solos como fundao e como material para a construo dos diques
(ONO e KUBITZA, 2002). O solo constitudo por fragmentos de rocha e/ou partculas
de formas e dimenses extremamente variveis, desde pedras e cascalho, at materiais to
finos que apresentem caractersticas coloidais (COSTA, 2004). Para os de dimetro inferior
a 2mm utilizam-se as designaes areia, silte e argila, consoante o seu dimetro ,
respectivamente, de 2 a 0,02mm; de 0,02 a 0,002mm; ou menor que 0,002mm. As
propores relativas destes elementos so muito variveis, permitindo definir a sua textura
(COSTA, 2004).
De acordo com o Cdigo de Boas Prticas na Criao de Camaro da Aliana
Global de Aquicultura (GAA, 2007), os solos ideais para a carcinicultura so os que
possuem uma mistura em partes iguais de areia, silte e argila e que possuem no mais que
10% de matria orgnica. Oliveira (1999) seguindo a classificao de solos de Molle e
Cadier (1992) cita os principais tipos de solo e suas relaes com a aqicultura:
(i) Solo Bruno no clcico - Sua espessura varia de 50 a 100cm. A camada superficial
de colorao marrom escura, textura argilosa a mdia. A camada mais profunda
apresenta colorao mais avermelhada e textura argilosa. So solos de boa

75

fertilidade e excelente material para a construo de viveiros. Costumam ser


pedregosos na superfcie.
(ii) Solos litlicos - So solos com profundidade inferior a 50cm, com textura bastante
varivel. Em geral, so de boa qualidade para a construo de audes e viveiros
quando so pedregosos ou arenosos demais.
(iii) Podzlicos - So solos geralmente profundos, com mais de 150cm, mas podem ser
rasos. A camada superficial de textura arenosa ou mdia, escurecida pelo teor de
matria orgnica. Sua camada mais profunda de textura mdia a argilosa de
colorao amarela, vermelha ou acizentada. A variao de textura entre a camada
superficial e a mais profunda geralmente muito marcante. So de baixa fertilidade
e escoamento superficial mdio. So de boa qualidade para a construo de viveiros
quando no so arenosos demais.
(iv) Planossolo Soldico - Apresentam pouca profundidade. Geralmente possuem
textura arenosa ou mdia na camada superficial e argilosa na mais profunda. No
so recomendados para a construo de viveiros, devido salinizao da gua.
(v) Solonetz Solodizado - So solos pouco espessos cuja profundidade no ultrapassa
os 100cm. A camada superficial geralmente de textura arenosa a mdia, mudando
abruptamente para uma camada argilosa e quase impermevel ao fundo. Pode ser
aproveitado para a piscicultura, porm a anlise qumica do solo indispensvel,
devido aos sais presentes.
(vi) Vertissolo - Conhecidos como massap, possuem textura excessivamente argilosa.
Deve ser descartado para a construo de viveiros e barragens, em razo das fendas
e rachaduras que podero ocorrer durante seu secamento.
(vii) Latossolo - Apresenta avanado estgio de intemperizao, pois destitudo
(virtualmente) de minerais primrios e secundrios; normalmente so muito
profundos. Podem ser permeveis demais para a construo de viveiros.
Os solos ricos em matria orgnica so desaconselhveis para a construo de
viveiros, devido baixa estabilidade e pouca capacidade de compactao (ONO e
KUBITZA, 2002).

4.3 PROPOSIES DAS ALTERNATIVAS PARA AS REAS DE ESTUDO


A insero da aqicultura no contexto ps-minerrio das reas de estudo, pode
melhorar consideravelmente a vida da comunidade de entorno, gerando emprego e renda.

76

Dependendo da localizao e caractersticas da jazida, do zoneamento ambiental, bem


como a forma que o projeto aqcola conduzido, pode tornar-se um atrativo, facilitando
o processo de reocupao ordenada do solo. As diferentes alternativas de culturas aqcolas
propostas para a rea de estudo, respeitam o Zoneamento Ecolgico Econmico Costeiro ZEEC dos litorais Sul e Norte (Anexos I e II), institudos pelos Decretos Estaduais de n
24.017, de 07/02/2002 e n 21.972 de 29/12/1999, respectivamente. Para efeito de
simplificao, so apresentadas nas Tabs.4.3.1 e 4.3.2 uma sntese do ZEEC quanto s
atividades de Minerao e de aqicultura.
Tabela 4.3.1. Sntese do Zoneamento Ecolgico Econmico Costeiro do Litoral Sul de
Pernambuco (ZEEC Sul CPRH), para as atividades de Aqicultura e Minerao.
AQICULTURA
REA (zona e/ou subzona)

MINERAO
ProbeTolerase
se
Extrao
de
cascalho e
areia
Extrao
de
cascalho e
areia
Extrao
de areia e
material
rochoso
Extrao
mineral
Extrao
mineral
-

Meta

Probe-se

Tolera-se

Incentiva-se

Subzona dos Recifes de


Arenito, Algas e Corais

Subzona da Plataforma
Continental

Zona de Turismo, Veraneio e


Lazer

Subzona Industrial Porturia


de Suape
Subzona de Proteo
Ecolgica de Suape
Subzona Agrcola
Diversificada da APA de
Guadalupe*
Subzona Complexo
Ambiental Litorneo do Cabo
de Santo Agostinho
Subzona Estuarina dos Rios
Formoso, Sirinham,
Maracape e Ipojuca-Merepe
*
Subzona do Complexo
Ambiental IlhetasMamucabas*
Subzona do Complexo
Ambiental Una e Meireles*

Piscicultura

Ostreicultura
no esturio

Extrao
mineral

Maricultura

Viveiros
(em
mangues)

Viveiros (em
retromangue)

Maricultura

Maricultura

Extrao
mineral

Extrao
mineral

Maricultura,
aqicultura
(em
retromangue)
-

Extrao
mineral

viveiros (em
retromangue)

Maricultura

Minera
o
comercial

Subzona de Preservao da
Vida Silvestre da APA de
Guadalupe (REBIO de
Saltinho)*
Subzona de Conservao da
Vida Silvestre da APA de
Sirinham *

Fonte: DECRETO N 21.972 de 29 de dezembro de 1999 - CPRH ZEEC LITORAL SUL


*No integram RMR

77

Tabela 4.3.2. Sntese do Zoneamento Ecolgico Econmico Costeiro do Litoral Norte de


Pernambuco (ZEEC Norte CPRH), para as atividades de Aqicultura e Minerao.
REA (zona e/ou subzona)

AQICULTURA
Incentiva-se

Meta

Subzona de Turismo e Veraneio

Subzona de Incentivo
Recuperao e Diversificao de
Usos

MINERAO

Meta

Probe-se
Extrao
mineral

Aqicultura

Aqicultura

Licenciamento
das atividades
informais

Aqicultura
de gua doce

Aqicultura

Aqicultura

Aqicultura

Aqicultura

Aqicultura

Subzona Estuarina do Rio


Jaguaribe

Aqicultura

Subzona Estuarina do Rio Timb

Aqicultura

Recuperao

Recuperao

Recuperao

Extrao
mineral

Subzona de Lazer e Turismo*


Subzona do Complexo Ambiental
dos rios Goiana e Mega*
Subzona Estuarina do Rio
Itapessoca*
Subzona do Complexo Ambiental
Estuarino do Canal de Santa Cruz

Subzona Estuarina do Rio Paratibe


Subzona de Proteo dos
Tributrios do Manancial
Botafogo
Zona de Proteo do Aqfero
Beberibe

Tolera-se

Incentiva-se

Recuperao
/reabilitao
de reas psmineradas
pela extrao
de areia,
inclusive
aqicultura.

Extrao
mineral
Extrao
de areia
Extrao
de areia
Extrao
de areia
Extrao
de algas
calcrias
Extrao
de areia
Extrao
de areia
Extrao
artesanal
de areia
-

Recuperao
-

* No pertencem RMR
Pertence parcialmente RMR
Uma pequena parte no corresponde RMR

Para a proposio das alternativas foram tomados como base os principais


condicionantes biofsicos apresentados anteriormente e caractersticas das cavas conforme
o bem mineral lavrado. A identificao de algumas cavas, alm de visitas in loco, tambm foi
possvel graas utilizao de recursos de sensoriamento remoto e para tal, a ferramenta
Google Earth Plus verso 4.2, adequada ao propsito desta pesquisa.
Para melhor compreenso, foram introduzidos os conceitos de cavas aptas ou
adaptveis aqicultura:
(i) Cavas aptas: No necessitam de adaptaes implantao da aqicultura.
Geralmente ocorrem em menor nmero, havendo uma limitao da possibilidade
dos sistemas de cultivo.
(ii) Cavas adaptveis: No apresentam aptido natural para a aqicultura, mas podem
ser aproveitadas.
(iii) Cavas inaptas: No apresentam condies naturais nem tampouco podem ser
adaptadas implantao de projetos de aqicultura.

78

A proximidade de rios e esturios faz com que algumas cavas de areeiros


localizados na RMR e em Goiana/PE sejam adaptveis construo de viveiros de
carcinicultura e piscicultura, como o caso do areeiro da Fazenda Mulata Grande (Fig.4.3.1),
em Itapissuma, cuja reabilitao ambiental compreende um projeto de carcinicultura
prximo ao Canal de Santa Cruz (a leste) e do Rio Botafogo (ao norte).

Fig.4.3.1. Vista area dos limites dos viveiros de carcinicultura da Fazenda Mulata Grande
no municpio de Itapissuma na RMR.
Nas reas de extrao de areia, devido as suas caractersticas de porosidade, a gua
normalmente vai se acumulando e se somando s provenientes das chuvas. Em geral sob o
pacote arenoso, a uma profundidade baixa, h um horizonte endurecido e impermevel,
principalmente em casos de solos Podzis Hidromrficos (ARAJO FILHO, et al, 2000),
o que impede a infiltrao da gua, favorecendo a sua acumulao aps a retirada da areia.
Esses Podzis costeiros so originados de materiais derivados de sedimentos arenosos do

79

Grupo Barreiras do perodo Tercirio (ARAJO FILHO, et al, 2000), e ocorrem em


grande parte nos municpios de Itapissuma da RMR e de Goiana/PE. Seu horizonte B
pode apresentar, na base, cimentao por colides orgnicos, xidos de ferro e de alumnio,
o que pode formar uma camada extremamente dura, compacta e pouco permevel,
constituindo horizontes do tipo Bsm ou Bhsm (ARAJO FILHO et al, 2000). Tal
comodidade permite o aproveitamento de grandes reas mineradas para construo de
viveiros, como no caso do areeiro da Fazenda Mulata, mostrado na Fig. 4.3.2.

Fig.4.3.2. Viveiros para a carcinicultura: reabilitao de um areeiro da Fezenda Mulata.


De acordo com Brasil (2001), as inmeras tentativas de associar a expanso da
carcinicultura devastao dos manguezais so extremamente vigorosas, como se a mesma
no estivesse sujeita legislao federal. Segundo Guimares (2007), a construo de
viveiros para carcinicultura responsvel por 9,6% da supresso do ecossistema manguezal
no litoral norte de Pernambuco, o que corresponde a 197 ha. De acordo com os registros
da CPRH e DNPM/4 Distrito, algumas fazendas hoje em funcionamento no litoral norte,
anteriormente foram licenciadas e enquadradas na tipologia de empreendimentos mineiros
de classe II, seja para a explorao econmica ou, simplesmente, para a explorao das
jazidas para aterro, construo de taludes e viveiros escavados. Portanto, pode-se deduzir

80

que a minerao de agregados - areia em especial - tambm responsvel por grande parte
da degradao dos mangues do litoral norte.
A ocupao de antigos areeiros pode representar uma soluo problemtica
ambiental pertecente carcinicultura marinha, oferecendo uma vantagem do ponto de vista
conservacionista: grande parte das exploraes de areia em terra firme, nos litorais norte e
sul, est presente em reas mais afastadas do ecossistema manguezal, ou seja, em reas
denominadas retromangues. O Cdigo de Conduta da ABCC (BRASIL, 2001) estabelece,
entre outras metas, a proteo das reservas naturais de manguezais e fortalecimento da
biodiversidade dos ecossistemas costeiros. As principais normas so:

As reas de manguezais no sero usadas para a implantao de fazendas de


camaro;

Se a implantao do projeto de engenharia da fazenda exigir o uso de reas de


manguezais para construo de canais e/ou estradas de acesso, ser proposta aos
rgos ambientais uma compensao via reflorestamento de rea equivalente
utilizada;

A instalao e operao da fazenda de camaro sero conduzidas de tal maneira que


no interferiro negativamente nas atividades tradicionais de sobrevivncia das
comunidades locais que dependem dos ambientes estuarinos.
Partindo do princpio de que o sedimento o principal reservatrio de nutrientes

do ecossistema (ESTEVES, 1998), altas concentraes de elementos-traos, tais como


mercrio, podem indicar a realidade da poluio em corpos hdricos. Lins e Wanderley
(1999) detectaram elevados teores de mercrio em sedimentos do rio Botafogo, no distrito
industrial do municpio de Igarassu, na RMR. O complexo estuarino de Santa Cruz, alm
de apresentar fortes indcios de contaminao, constitui importante fonte de pescaria
artesanal. Outro fator importante que elevadas concentraes de mercrio encontram-se
prximas Aqicultura Atapuz, onde so cultivados camares marinhos no municpio de
Goiana/PE, conforme mostrado na Fig.4.3.3.

81

Fig.4.3.3. Distribuio de mercrio (em vermelho) no norte da RMR (LINS e


WANDERLEY, 1999).
A bioacumulao/biomagnificao de substncia qumicas em determinada espcie
varia conforme seu nvel trfico na cadeia alimentar, sendo que as concentraes de
mercrio em peixes carnvoros (nvel trfico mais elevado) so, em geral, maiores do que
nos no-carnvoros e demais organismos (CASTILHOS et al, 2005). Tal fato pode justificar
a no contaminao dos camares pelo mercrio. Alm disso, quando o pescado
ingerido, os minerais nele contidos no so absorvidos totalmente pelo organismo humano.
A absoro influenciada pela forma inica, existncia de substncias interferentes, entre
outras (OGAWA e MAIA, 1999).

82

Grandes cavas inundadas de areeiros so aptas a piscicultura em tanques-redes,


tendo-se em vista que tais cavas geralmente apresentam profundidades compatveis com
este sistema. Como ocorre em So Paulo (vide Captulo 2, item 2.3), a piscicultura em
tanques-rede pode ser extremamente vivel, principalmente para quelas cavas marginais ao
longo dos cursos dgua, como os exemplos mostrados na Fig. 4.3.4. No Brasil no h
regulamentos para tal situao, nem tampouco estudos sobre a real capacidade de suporte
desses ambientes para a atividade aqcola, o que dificulta a inferncia de valores quanto ao
nmero de tanques-rede por rea, entre outros.

(a) Grande cava de areia, abandonada s


margens do rio Jaboato (08 8'38.80"S e
035 0'10.27"W).

(b) A cava pode ser aproveitada para


piscicultura extensiva ou intensiva em
tanques-redes.

(c) Vista area das cavas e curso do Rio Jaboato

Fig.4.3.4. Cavas de areia inundadas e abandonadas ao longo do Rio Jaboato, municpio de


Jaboato dos Guararapes da RMR.

83

As reas mais indicadas so aquelas que se mantm com lmina d'gua constante,
suficiente para garantir a produo do empreendimento e que possa ser constantemente
renovada de modo a se evitar a eutrofizao dos lagos e lagoas (Fig.4.3.5).

Fig.4.3.5. Cavas inundadas de areeiro em Jaboato dos Guararapes (08 9'56.27"S;


3457'7.54"W). A cava de maiores dimenses possui cerca de sete hectares de espelho
dgua.
Algumas reas lavradas sejam areeiros, sejam pedreiras ou mineradoras de argila,
so privilegiadas por possurem grandes volumes dgua superficiais, no entanto, a
utilizao da gua requer estudos de viabilidade. Vale frisar que estudos sobre a qualidade
da gua das cavas eletivas para projetos aqcolas na rea de estudo, devem ser realizados
de forma pontual, in situ. Para a concepo de projeto, conforme j mencionado, a anlise
da gua das cavas deve ser compatvel com os parmetros exigidos pela espcie a ser
selecionada. A proximidade de rios e demais recursos hdricos devem ser investigados e
levados em considerao, principalmente no quesito abastecimento dgua.

84

As lavras de areia por dragagem em leito de rio se do principalmente em rios do


litoral sul (Ipojuca, Pirapama e rio Formoso) e norte (rio Botafogo). A ostreicultura j
pratica comum no leito do rio Formoso, porm, as mineraes que l operam, j no
pertencem RMR (rea de estudo). Para os rios Ipojuca e Pirapama, a piscicultura em
tanques-redes tambm vivel. Os areeiros situados do rio Botafogo, por sua vez,
apresentam a vantagem de estarem mais prximos ao esturio, o que pode viabilizar a
ostreicultura. Entretanto, a ingesto de ostras oriundas de tais reas poludas pode ser
prejudicial sade humana devido ao seu alto poder de bioacumulao de substncias
txicas.
Pela prpria natureza os solos argilosos so convenientes para a construo de
viveiros escavados, principalmente pelo fato de serem menos permeveis. Entretanto, o
solo explorado pelas mineraes de argila ocorrentes nas reas de estudo, em sua maior
parte, so os latossolos amarelos, tpicos de tabuleiros costeiros (RESENDE et al, 1999).
Estes solos so desaconselhveis para a construo de viveiros, quando arenosos demais
o que no ocorre nas reas de extrao de argila.
A lavra de argila nas reas de estudo ocorre, na sua quase totalidade, em encostas,
no formando cavas. Entretanto, tal fator no constitui entrave reabilitao para a
aqicultura, pois a construo de viveiros superficiais e escavados extremamente vivel.
Para as cavas de argila porventura existentes na rea de estudo, como no caso do
municpio de Itapissuma (Fig. 4.3.6), as possibilidades de cultivo so inmeras. Em caso de
cultivo de Macrobrachium rosenbergii, a proximidade de esturio garante uma vantagem do
ponto de vista biolgico: alm da larva desta espcie se desenvolver em condies de gua
salobra, as fmeas costumam deslocar-se para a regio estuarina no perodo reprodutivo
(NEW, 2002).

85

Fig.4.3.6. Cavas formadas pela lavra de argila, no municpio de Itapissuma, da RMR.


No caso das pedreiras situadas nas reas de estudo, algumas so adaptveis
implantao de projetos de piscicultura de gua-doce. Em cavas de grande porte, comum
evitar custos dispendiosos na recuperao ambiental enchendo a mesma com gua; j em
cavas de pedreiras de pequeno porte, seu enchimento com rocha estril mais
recomendado (OLIVEIRA JNIOR, 2001). Sousa (1983) preconiza quatro tipos de
intervenes a serem utilizadas em minas a cu aberto, conforme ilustrado na Fig.4.3.7:

renivelamento ou enchimento completo; enchimento parcial ou mdio (parcial, quase


completo e reduzido), a manuteno (enchimento mnimo) e abandono controlado
(ausncia de enchimento).

86

(a) Enchimento Completo

(b) Enchimento Reduzido

(c) Enchimento Quase Completo

(d) Enchimento Parcial

(e) Enchimento Mnimo

(f) Ausncia de enchimento

Fig.4.3.7. Intervenes propostas por SOUSA (1983).


O cultivo em tanques-redes pode ser o sistema mais indicado para cavas de
pedreiras (brita) (ver Fig. 4.3.8). A gua acumulada nessas cavas geralmente tem origem
pluvial, alm de possuir uma parcela aflorante dos aqferos intersticiais. Oliveira (1999)
postula que guas subterrneas de reas com formao grantica so deficientes em
minerais dissolvidos, porm, com quantidades relativamente altas de dixido de carbono,
sendo altamente corrosivas.

87

Fig.4.3.8. Cavas de pedreiras que podem ser utilizadas para a prtica da piscicultura em
tanques-redes.
Cavas mais amplas e menos profundas podem ser adaptveis construo de
viveiro(s) para a prtica de piscicultura ou carcinicultura, com solues tcnicas em
engenharia. Para tal procedimento, o enchimento parcial com material exgeno (de
emprstimo) poderia ser vivel tecnicamente, porm, necessrio saber a quantidade de
camada de solo adequada para viabilizar a construo de viveiros/taludes. Alm disso, os
custos com esse tipo de recuperao podem ser bastante onerosos (ver Figura 4.3.9). De
acordo com Oliveira (1999), afloramentos rochosos devem ser evitados para a construo
de viveiros devido aos elevados custos de construo.

88

Fig.4.3.9. Cava da Pedreira Lidermac, em Jaboato dos Guararapes. Invivel para a


construo de viveiros.
Lagos de pedreiras geralmente so estreitos e profundos, circundados por paredes
rochosas e ngremes, no apresentando usualmente uma regio litornea. A elevada
profundidade em relao rea no favorece a circulao vertical completa da coluna
dgua desses sistemas, propiciando desta forma o estabelecimento de uma condio
meromtica, ou seja, de circulao parcial, influenciando assim, a qualidade da gua
(SPERLING, 2004). Tal fato exprime a possvel necessidade de sistemas de aerao
(oxigenao) para o cultivo em tanques-redes. A cava da Pedreira Guarany (Fig. 4.3.10), em
Jaboato dos Guararapes, por exemplo, possui cerca de dois hectares de espelho dgua e
proximidade com o rio Jaboato. Tais fatos contribuem para o aproveitamento da mesma
para o cultivo de tilpias em tanques-redes, a depender, claro, de estudos sobre a
qualidade da gua.

89

Fig.4.3.10. A cava da pedreira Guarany pode ser aproveitada para piscicultura em tanquesredes, devido sua lmina dgua e proximidade com o rio Jaboato.
Grande parte das pedreiras do municpio de Jaboato dos Guararapes encontra-se
num raio de cerca de 4 km do aterro sanitrio da Muribeca. O aqfero sob este aterro
comprovadamente contaminado, apresentando nveis de DQO de 1.702,1 mg/l e 2.021,2
mg/l, alm de detectados elevados de teores de ferro, cobre e mangans (CPRM, 2001).
A piscicultura marinha em cavas pode ser uma alternativa interessante para
pedreiras litorneas. Uma das vantagens que os peixes so cultivados isolados do mundo
marinho, o que diminui os riscos de evaso, contaminao por poluio e patgenos
marinhos; permitindo ainda proteo contra possveis predadores. Alm disso, possibilita
maior controle sobre os impactos causados pela aqicultura. Para a implantao de projetos
de piscicultura marinha, as pedreiras devem contar com dois determinantes vitais:

90

1. Abastecimento de gua do mar atravs de canais de abastecimento, mediante fluxo


gravitacional. Este fator depende diretamente da profundidade da cava em relao
ao nvel do mar;
2. Enchimento com gua do mar atravs de bombeamento.
Diferentemente de alguns casos de piscicultura marinha em pedreiras citados no
captulo 2, as Pedreiras da RMR e Goiana/PE esto situadas distantes do litoral e nesse
caso, a disponibilidade de gua salgada constitui fator limitante para o empreendimento de
tal alternativa. Tecnicamente possvel realizar o enchimento das cavas com gua marinha,
atravs da construo de canais e outros sistemas de abastecimento, porm, a longa
distncia poderia fazer com que a gua percorresse quilmetros at chegar ao seu destino
final. Esse fator concorre para a inequvoca inviabilidade econmica da piscicultura
marinha em pedreiras distantes do litoral.
A aqicultura integrada tambm pode ser adotada em tais ambientes. De acordo
com Chopin (2006) a Aqicultura Multitrfica Integrada refere-se incorporao de
espcies de diferentes nveis trficos no mesmo sistema, divergindo da policultura aqutica
- cultura integrada de diferentes espcies do mesmo nvel trfico - neste caso, a integrao
destes organismos corresponde ao compartilhamento dos mesmos processos biolgicos e
qumicos, gerando os mesmos tipos de resduos. Por sua vez, a referida tcnica preconiza
que resduos (subprodutos) de uma cultura sirvam de insumos para outras, garantindo
maior eficcia do ponto de vista ambiental.
reas mineiras desativadas da RMR e Goiana podem contemplar a integrao da
aqicultura com outras atividades rentveis tais como o cultivo de sunos, caprinos,
galinceos, entre outros. A rea de estudo pode ser apta cultura de rs e crocodilianos,
principalmente nas reas de extrao de areia e argila, entretanto, os mesmos no fazem
parte da tradio alimentar local, tornando o mercado bastante restrito.
Para a sntese das alternativas de aqicultura para a reabilitao das reas degradadas
pela minerao de agregados na RMR e Goiana/PE, utilizou-se um modelo proposto por
Silva (1995). Na Tabela 4.3.3 so apresentadas vrias opes de usos futuros, classificados
quanto aos nveis preliminares de exeqibilidade, levando-se em considerao a anlise dos
condicionantes naturais abitico, bitico e social.
Para as alternativas de reabilitao apresentadas utilizou-se de quatro nveis
preliminares de exeqibilidade para implantao:

91

A - Favorvel a exeqibilidade econmica e existncia de solues tcnicas e operacionais


de engenharia via planejamento adequado. Pode ser equacionado tambm atravs do
empenho e acordos entre as partes interessadas.
B - Existncia de solues tcnicas e de engenharia, e condies naturais para
exeqibilidade da alternativa proposta. Porm, no h meios de viabilidade econmica para
sua execuo atual.
C - Existncia de solues tcnicas de engenharia, porm, sem condies naturais e
econmicas de exeqibilidade para a alternativa proposta.
D - No h condies tcnicas de Engenharia, viabilidade econmica e meios naturais para
a exeqibilidade da alternativa proposta.
Tabela 4.3.3. Anlise preliminar das alternativas de aqicultura passveis de reabilitao
para as reas degradadas pela lavra de agregados na RMR e Goiana/PE (SILVA, 1995;
adaptado).
ALTERNATIVAS DE AQICULTURA
PARA A REABILITAO DE REAS
DEGRADADAS PELA MINERAO DE
AGREGADOS NA RMR E GOIANA

Bitico

Social

NVEL
PRELIMINAR DE
EXEQIBILIDADE
DAS
ALTERNATIVAS
PROPOSTAS

CONDICIONANTES
Abitico
RMR
Areeiros

Carcinicultura Marinha

Carcinicultura de gua Doce

Ostreicultura*

Piscicultura de gua Doce

Piscicultura Marinha

Argileiros
Piscicultura/Carcinicultura de gua Doce

Piscicultura/Carcinicultura Marinha

Ostreicultura

Piscicultura/Carcinicultura Marinha
X
Piscicultura/Carcinicultura de gua Doce
X
X
em tanques-redes
GOIANA (areeiros)

Carcinicultura de gua Doce

Carcinicultura Marinha

Ostreicultura*

Piscicultura de gua Doce

Piscicultura Marinha

Pedreiras
Ostreicultura

* Em leito de rios e/ou esturios.

92

5. CONCLUSES E SUGESTES
5.1 CONCLUSES
A presente pesquisa pioneira quanto ao estudo da insero da aqicultura entre as
alternativas propostas de reabilitao ambiental de reas ps-mineradas em Regies
Metropolitanas do Nordeste brasileiro, bem como ao tecer consideraes acerca da
proposio de alternativas aqcolas. De acordo com o levantamento das alternativas de
recuperao e reabilitao ambiental realizado na CPRH, a aqicultura contemplada em
19% dos PRADs mineiros da RMR e 43% dos PRADs do municpio de Goiana/PE,
compreendidos entre os anos de 2003 e 2007.
A constatao do crescente interesse pela aqicultura nos planejamentos de
recuperao ambiental para as reas de estudo, coincide com a presena de algumas
vantagens, entre as quais: reverso do passivo ambiental da rea degradada atravs de uso
seqencial, produtivo e rentvel do solo; e criao de novas reas para o cultivo.
reas ps-mineradas destinadas aqicultura tambm podem ser teis ao
ordenamento pesqueiro local. Com as crescentes tendncias de cesso de guas pblicas da
unio, a aqicultura em reas ps-mineradas pode mitigar conflitos locacionais entre
pescadores artesanais e empresrios da carcinicultura/piscicultura marinha.
O uso de cavas inundadas de pedreiras ou a utilizao de tanques-redes, por
exemplo, permite aos pescadores um melhor planejamento de suas atividades, na medida
em que os reservatrios/tanques garantem regularidade no fornecimento de peixes
capturados. Tradicionalmente, o pescado ao ser acondicionado em cmaras frigorficas e
freezers, est sujeito perda de qualidade e ao desperdcio, devido ao tempo, condies de
mercado e condies inadequadas de estocagem. O armazenamento do pescado capturado
vivo em cavas inundadas e em tanques-redes pode assegurar o fornecimento contnuo do
mesmo.
Portanto, conclui-se que a aqicultura na reabilitao ambiental de reas
degradadas, alm de ser ambientalmente correta, tcnica e economicamente vivel, pode ser
socialmente justa. Para tal, necessrio que um projeto aqcola seja conduzido
corretamente, atravs de servios de extenso rural.

Um projeto de aqicultura em reas

ps-mineradas destinadas comunidade local deve visar o cultivo de organismos aquticos


pela prpria populao. Para o total sucesso na implantao, imprescindvel a presena do

93

extensionista rural, que servir de elo entre a comunidade, empresa mineradora e o


governo.
O objetivo global da extenso rural contribuir para o desenvolvimento rural,
melhorando a economia, aumentando a lucratividade das empresas, ampliando as
oportunidades de emprego, combatendo desnutrio e prevenindo o xodo rural
(KUMAR, 1992). Ao extensionista rural cabe encontrar solues alternativas para a pesca
artesanal que gere trabalho e renda e que no seja impactante ao meio ambiente (SILVA,
2003). A importncia do extensionista rural e pesqueiro defendida por Callou (1983;
1986; 1999), no sentido de promover mudanas sociais.
A Oriental Coal Company (West Virgnia/EUA), por exemplo, aps trinta anos de
explorao de carvo, solicitou assistncia ao servio de extenso da universidade local,
relativa recuperao das reas impactadas aps o encerramento da lavra.
Com o exemplo mencionado, possvel notar que o interesse pelo melhor
aproveitamento da rea partiu da mineradora. Isso pode ser justificado pelo simples
cumprimento das exigncias legais; por questes mercadolgicas associadas certificao
de Sustentabilidade Scio-Ambiental; ou por benevolncia. O interesse por uma
recuperao ou reabilitao ambiental mais adequada tambm deve partir do poder pblico,
principalmente para fins de gesto territorial/ambiental. Se a comunidade do entorno ou o
superficirio forem os principais interessados pelo uso seqencial e sustentvel da rea
lavrada, devem buscar maiores orientaes tcnicas e econmicas.
Nos casos dos municpios da RMR e Goiana/PE, a parceria entre mineradoras e
Universidades/Instituies de Pesquisa pode ajudar na formao de uma massa rural
capacitada, reforando a eficcia na produo aqcola. Especial ateno deve ser dada ao
servio de extenso da Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE,
Departamento de Engenharia de Pesca e Aqicultura, que dispe de um maior nmero de
profissionais habilitados para tal situao. O extensionista rural, alm de difundir a
tecnologia e promover a troca de experincias, pode identificar, orientar e mobilizar a
comunidade local sobre as possveis fontes e facilidades de crdito.
O DNPM (1995) preconiza alternativas de recuperao e de reabilitao de reas
degradadas pela minerao na RMR, ainda de forma subjetiva. Assim, a atualizao do
Plano Diretor da Minerao da RMR constitui uma necessidade. A atividade de minerao
de areia na RMR, por exemplo, tende a aumentar visto que o consumo per capita deste
insumo no Brasil corresponde a cerca de 1,8 m/habitante/ano, bastante baixo em relao
a mdia europia que de 6,8 m/habitante/ano (REIS, 2006); portanto maiores

94

informaes a respeito de como melhor utilizar uma rea a ser recuperada ou reabilitada
so essenciais.
Com o aumento do nmero de reas mineradas e cadastramento das centenas de
lavras informais, novas reas destinadas aqicultura podem ser criadas.
Do ponto de vista cientfico, uma maior interao entre as artes da aqicultura e da
minerao deve ser encarada como um desafio construtivo e no como obstculo. A
relao entre os segmentos minerao e aqicultura pode, ento, ser exemplificada:
a) A aqicultura depende de insumos de origem mineral (agro minerais) para
fins de manejo, principalmente, nos processos de calagem e fertilizao de
viveiros;
b) E a minerao, em que depende da pesca e aqicultura? A resposta est
na aqicultura como alternativa sustentvel para reabilitao das reas psmineradas, e, por conseguinte, a produo de protena animal com gerao
de emprego e renda;
c) Reverso do Passivo Ambiental atravs de mudanas de atitudes
empresariais dos superficirios.

5.2 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS


Diversas medidas de controle ambiental, inclusive tratamento de efluentes utilizadas
pela Indstria Mineral, podem ter serventia para a aqicultura. O desenvolvimento de
novas tcnicas de recuperao para a lavra a cu aberto deve ser estimulado a fim de se
obter maior concomitncia com a implantao de viveiros e conseqente reabilitao
ambiental. Por fim, algumas sugestes para trabalhos futuros so listadas a seguir:
i) A criao e peridica atualizao de um Manual Pernambucano de Recuperao de
reas Degradadas, a exemplo de outros locais, seriam de grande valia para o estado;
ii) Identificao e Cadastramento de lavras clandestinas;
iii) Elaborao de ZEE detalhado para reas degradadas, a fim de se obter melhores
resultados de reabilitao ambiental;
iv) Identificao e georreferenciamento de cavas aptas ou adaptveis aqicultura;
v) Caracterizao Geomorfolgica de cavas inundadas desativadas ou abandonadas;
vi) Caracterizao Limnolgica de cavas desativadas e/ou abandonadas, atravs da
determinao de parmetros fsicos, qumicos e biolgicos, tais como: pH,
temperatura, oxignio dissolvido, transparncia de Secchi, alcalinidade, dureza,

95

condutividade eltrica, material em suspenso, sedimento total, clorofila, fsforo


total, entre outros; e comparar tais parmetros com os valores preconizados por
Boyd (1990), IET e outros autores freqentemente citados em pesquisas sobre
aqicultura e limnologia;
vii) Estudo sobre a Capacidade de Suporte em tais ambientes;
viii) Criao de leis que regulem a utilizao de cavas inundadas para as diversas
finalidades;
ix) Criao de um banco de dados com as caractersticas de cada cava, onde os dados
gerados devem ser disponibilizados a possveis investidores;
x) Estudo de tcnicas de lavra que facilitem a recuperao ambiental, tais como Strip
mining;
xi) Desenvolvimento de tcnicas de recuperao ambiental que facilitem a implantao
da aqicultura;
xii) Desenvolver estudos sobre a viabilidade tcnico-econmica das alternativas de
aqicultura

na

reabilitao

ambiental,

sob

as

ticas

do

aqicultor/minerador/comunidade;
xiii) Avaliar e propor a integrao de culturas considerando as vocaes naturais da
regio estudada como forma de uso futuro do solo ps-minerado;
xiv) Instalao de estaes experimentais para realizao de testes ecotoxicolgicos,
avaliao de crescimento e demais parmetros relacionados ao cultivo;
xv) Estudo e Avaliao dos possveis impactos ambientais ocasionados por tais
alternativas.

96

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
ABNT. Associao Brasileira de Normas Tcnicas. NBR 10.703. Rio de Janeiro:
ABNT, 1989.
________. Coletnea de normas de minerao e meio ambiente. Rio de Janeiro:
ABNT/CVRD, 1993. 58p.
AERP. Anglesey Economic Regeneration Partnership. Reunio em 26 de fevereiro
de
2004.
Disponvel
em
<http://www.angleseyeurope.org/upload/public/attachments/44/aerpminutes260204.pdf
>. Acesso em Jan. 2007.
AMBIENTEBRASIL.
Recuperao
de
reas
Degradadas.
<http://www.ambientebrasil.com.br>. Acesso em: 26 Dez. 2007.

2007.

ALMEIDA, C.M., BRUNA, G.C. Conceitos de preservao, recuperao, renovao,


reabilitao e revitalizao ambiental urbana: principais exemplos e tcnicas
utilizadas. So Paulo: FAU/FSP-USP, 1996.
ALTVATER, E. O preo da riqueza. So Paulo: UNESP, 1995.
ALVES, E.R.; ROMUALDO, F.; SILVA, J.C.; LEGNARO JNIOR, C.; NOBRE, D.S.;
AQUINO SILVA, M.R.; GIRARDI, L.; FIORINI, M. P. Caracterizao Limnolgica
da Cava de Areia Desativada - UNIVAP - SJC. In: VIII Encontro Latino Americano de
Iniciao Cientifica e IV Encontro Latino Americano de Ps Graduao - UNIVAP, 2004,
So Jos dos Campos. Anais de Resumos VIII INIC e IV EPG - UNIVAP, 2004. v. nico.
ANEPLA. Associazione Nazionale Estrattori Produttori Lapidei Ed Affini. Itlia,
2008. Disponvel em <http://www.anepla.it/esempi.php>. Acesso em: 9 de Jan. 2008.
AQUALDER. Site da empresa Aqualder Maricultura LTDA. Brasil, 2008. Disponvel
em <http://www.aqualider.com.br>. Acesso em 2008.
ARAJO FILHO, J.C.; BURGOS, N.; LOPES, O.F.; SILVA, F.H.B.B.; MEDEIROS,
L.A.R.; MELO FILHO, H.F.R.; PARAHYBA, R.B.V.; CAVALCANTI, A.C.; OLIVEIRA
NETO, M.B.; SILVA, F.B.R.; LEITE, A.P.; SANTOS, J.C.P.; SOUSANETO, N.C.;
SILVA, A.B.; LUZ, L.R.Q.P.; LIMA, P.C.; REIS, R.M.G.; BARROS, A.H.C.
Levantamento de reconhecimento de baixa e mdia intensidade dos solos do
Estado de Pernambuco. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2000.
ASHBY, J.C.; DEAN, J.M. Treated Mine Drainage Effluent Benefits Maryland and
West
Virginia
Fisherman.
Disponvel
em
<http://
www.p2pays.org/ref/14/13905.htm>. Acesso em 2007.
ASN. Agncia Sebrae de Notcias. Disponvel em: <http://asn.interjornal.com.br>.
Acesso em 05 de Jan. 2007.

97

ATLAS do Desenvolvimento Humano no Recife. Prefeitura do Recife; Programa das


Naes Unidas para o Desenvolvimento. Brasil. Ministrio da Integrao, 2005. 1 CDROM. 2005
AUSTRLIA. Environmental Protection Agency. Rehabilitation and revegetation. Best
practices of management in mining series. Austrlia EPA, 1995. 36 p.
AWITY, L.; BUCHANAN, T.; BRUMMETT, R.E; AESCHLIMAN, C.; KALENDE, M.;
MOEHL, F. Private/Public Partnerships with the Mining Industry in Ghana. In:
FAN. FAO Aquaculture Newsletter. Vol.34. 2005.
BARRETO, M. L. Fechamento de minas: a procura de um tratamento legal. In: Villas
Bas, R. C. & Barreto, M. L. (Org). Cierre de minas: Experiencias en iberoamerica. Rio de
Janeiro: CYTED/IMAAC/UNIDO, 2000. Pg. 99 112.
BARRETO, M. L. Minerao e desenvolvimento sustentvel: desafios para o Brasil.
Rio de Janeiro: CETEM/MCT, 2001. 215p.
BITAR, O.Y. Avaliao da recuperao de reas degradadas por minerao na
Regio Metropolitana de So Paulo. Dissertao. So Paulo. 185p. 1997.
BITOUN, J.O Que revelam os ndices de Desenvolvimento Humano. In: Prefeitura
do Recife; Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento; Brasil. Ministrio da
Integrao. Atlas do Desenvolvimento Humano no Recife. Em CD-ROM. 2005.
BLANKENSHIP, C. K. Climbing the Learning Curve in Mine Water Aquaculture:
An Update From Warwick Mountain Fisheries. Paper was presented at the 2004
National Meeting of the American Society of Mining and Reclamation and the 25th West
Virginia Surface Mine Drainage Task Force, April 18-24, 2004.
BMLP. Brazilian Mariculture Linkage Program. Cultivo de Ostras. Manuais de
Maricultura. Vol 2. 2003.
BRAGA, R. A. P. Situao Atual e Perspectivas dos Manguezais no Nordeste
Brasileiro. Trabalho apresentado no I Simpsio Brasileiro Sobre Uso, Manejo e
Conservao de Manguezais. Joo Pessoa, 1994.
BRANDT, W. A avaliao de cenrios em planos de fechamento de minas. In:
Recuperao de reas Degradadas. Viosa, MG: UFV/DPS/Sociedade Brasileira de
Recuperao de reas Degradadas, 1998.p.131-134.
BRASIL. Departamento de Pesca e Aqicultura. Plataforma tecnolgica do camaro
marinho cultivado: seguimento de mercado / Ministrio da Agricultura e
Abvastecimento. Departamento de Pesca e Aqicultura. Braslia : MAPA/SARC/DPA,
CNPq, ABCC, 2001. 276 pginas.
BRESSAN Jr., A. Brasil 92, perfil ambiental e estratgias. So Paulo, SMA, 1992.
BRONSON, CHARLES H. Aquaculture Best Management Pratices Rule. Prepared by
the Florida Department of Agriculture and Consumer Services. 144p. 2005.

98

BOYD, C.E. Water quality in ponds for aquaculture. Auburn, Alabama, USA, Alabama
Agricultural Experiment Station. 1990.
CALLOU, A. B. F.. Comunicao rural e Intercom: balano para entrar no sculo XXI. In:
Comunicao rural e o novo espao agrrio. So Paulo: Intercom, 1999.
_________. Extenso pesqueira como disciplina recente na universidade brasileira. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DE PESCA, 3., Anais. Manaus. 1983.
_________. Movimentos sociais de pescadores: 1920/1983. Dissertao - Universidade
Federal de Santa Maria, Santa Maria. 1986.
CCE. Revista A pesca e a aqicultura na Europa. O Fundo Europeu para as Pescas:
motor de desenvolvimento. N 31. 2006.
CCE. Comisso das Comunidades Europeias. Estratgia de Desenvolvimento
Sustentvel da Aqicultura Europia. Bruxelas. 2002.
CADDET. Centre for Renewable Energy. 1996. Disponvel em <http://www.caddetre.org>. Acesso em 2007.
CALAES, G.D.; NETO, B.P.C.; MARGUERON, C.; AMARAL, J.A.G. Bases para o
desenvolvimento sustentvel e competitivo da indstria de agregados nas regies
metropolitanas do pas - Parte 1. REM.Revista da Escola de Minas. 2007.
CAIRNS, Jr., J. Restoration, reclamation and regeneration of degraded or destroyed
ecosystems. In: Soul, M.E, Org. Conservation Biology. Suderland: Sinauer, 1996. P.465484.
CAMPOS. E. E.; FRAZO. E. B.; CALAES. G. D.; HERMANN. H. Agregados para a
construo civil no Brasil: contribuies para formulao de polticas pblicas.
Organizao: Marcos Baratasson Tanns, Joo Csar Cardoso do Carmo. Belo Horizonte
RS. CETEC,2007. 237 p.
CASTILHOS, Z.C.; RODRIGUES FILHO, S.; RODRIGUES, A.P.C.; VILLAS BAS,
R.; VEIGA, M.; BEINHOFF, C. Biomagnificao do Mercrio em Peixes de
Ecossistemas Amaznicos Afetados pelo Garimpo de Ouro.. XIII International
Conference on Heavy Metals in the Environment ICHMET. 2005.
CETEM. Rochas & Minerais Industriais: usos e especificaes. Editores: Ado
Benvindo da Luz e Fernando Freitas Lins. Rio de Janeiro: CETEM/MCT. 726 p. 2005.
CHOPIN, T. Integrated multi-trophic aquaculture. What it is and why you should
care and dont confuse it with polyculture. Northern Aquaculture, Vol. 12, No. 4,
July/August 2006, pg. 4.
CODEVASF. 2008. Companhia de Desenvolvimento dos Vales do So Francisco.
Disponvel em <http://www.codevasf.gov.br>. Acesso em Jan. de 2008.
CONOLLY, P. S. Tanque-rede: por onde e como implantar. In: A Sustentabilidade das
Atividades de Aqicultura e Pesca: Conferncia Selecionandas da VI Reunio Anual do
Instituto de Pesca. 2000.

99

CORREIA, E.S., SUWANNATOUS, S.; NEW, M.B. Flow-through hatchery systems


and management. In M.B. New & W.C. Valenti, eds. Freshwater prawn culture: the
farming of Macrobrachium rosenbergii. pp. 52-68. Oxford, England, Blackwell Science.
2000.
COSTA, J.B. Caracterizao e Construo do Solo. 7 edio. Fundao Calouste
Gulbenkian. Lisboa. 2004.
CPRH. Companhia Pernambucana do Meio Ambiente. Diagnstico Socioambiental do
Litoral Sul de Pernambuco. Recife, 2001. 211p.
___________. Diagnstico Socioambiental do Litoral Norte de Pernambuco. Recife,
2003. 214p.
___________. Roteiro complementar para o licenciamento ambiental e a obteno
de ttulos minerrios: Manual do minerador, Recife/PE. CPRH. 2006. 45p.
CPRM. Sistema de Informaes para a Gesto Territorial da Regio Metropolitana
do Recife. Projeto SINGRE II. 2001.
CURITIBA. Site do Governo do Estado do Paran. Brasil, 2008. Disponvel em
<http://www.curitiba.pr.gov.br/Servicos/MeioAmbiente/areas_verdes/parques_bosques
/pedreira.htm>. Acesso em 2008
DANLEY, M. L.; MAZIK, P. M. Physiological Overview of Rainbow Trout Grown In
Reclaimed Mine-Water. Paper was presented at the 2004 National Meeting of the
American Society of Mining and Reclamation and the 25th West Virginia Surface Mine
Drainage Task Force, April 18-24, 2004.
DIETRICH, N.L. European reabilitation projects reflect cultural and regional
diversity. Rock Products, Chicago, v.93, n.2, p.45-47. Feb, 1990.
DNPM. Plano Diretor para a Regio Metropolitana do Recife. Departamento
Nacional de Produo Mineral.1995.
DNPM. Portaria n 237, de 18/10/2001 - Normas Reguladoras da Minerao. 2001.
DNPM. Departamento Nacional de Produo Mineral. Anurio Mineral Brasileiro, 2005.
DS, B. R.; SHAW, R. Can we predict the future food production? A sensitivity
analysis. In: Global Environmental Change, nr.9, p. 261-283.1999.
DOUP. R.G.; LYMBERY, A. J. Environmental Risks Associated with Beneficial
End Uses of Mine Lakes in Southwestern Australia. 2005.
DOWN, C.G., STOCKS, J. Environmental Impact of Mining. New York: John Wiley,
1977.371p.
D'SOUZA. G., MILLER. D. Mine Water Aquaculture: Linking Coal Mining, Fish
Farming, Water Conservation and Recreation. Paper was presented at the 2004
National Meeting of the American Society of Mining and Reclamation and the 25th West
Virginia Surface Mine Drainage Task Force, April 18-24, 2004.
DURBOROW, ROBERT M. Catfish Farming in Kentucky. 112 p. 2000.

100

EVANS, L.H.; STORER, T. J.; JUSSILA, J.; HIGGINS, L. R.; PAGANINI, M.; LAURIE,
V. Fish and Crustacean Acid Tolerance and Restocking of the Lakes. In: Philips et
al, 2000. Final Void Water Enhancement. Australian Coal Association Research Program.
Final Report, project C6005, C7008, C8031, pp 84 89.
FAO.
Status
of
Aquaculture
in
Kenya.
In:
KENYA
REPORT OF THE PREPARATORY ASSISTANCE MISSION - Field Document 1
June 1982.
FAO. Fishery Country Profile The Slovak Republic. 1996.
FAO. The State of World Fisheries and Aquaculture. Roma, 1998. 114p.
FERBAX. Ferbax indstria e comrcio
<http://www.ferbax.com.br>. Acesso em Jul. 2007.

ltda.

2008.

Disponvel

em

FIDEM, (1999). Programa Governo dos Municpios. Regies de desenvolvimento.


Recife, Fundao de Desenvolvimento Municipal FIDEM.
FIDEM, (2002). Metrpole Estratgica. Recife: Fundao de Desenvolvimento
Municipal.
FIDEM, (2002). Projeto de Infra-estrutura em reas de Baixa Renda da RMR
PROMETRPOLE. Recife: Fundao de Desenvolvimento Municipal.
FIDEM. Agncia Estadual
CONDEPE/FIDEM. 2007.

de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco

FIRJAN Federao das Indstrias do Estado do Rio de Janeiro. SEBRAE Servio


Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas. Manual de Licenciamento
ambiental: guia de procedimento passo a passo. Rio de Janeiro: GMA: 2004. 293p.
FIORINNI. M.P. Publicao eletrnica [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por <
[email protected]> em 03 de jan. 2007.
FIORINI, M. P. ; GUILHERME, L ; AQUINO SILVA, M. R.; GIRARDI, L.; VAL, L.A.
Caracterizao limnolgica de lagoas de minerao no vale do Paraba SP, Brasil.
SOBRADE Sociedade Brasileira de Recuperao de reas Degradadas. Resumo.
2005.
_______________Estado Trfico de Lagoas de Minerao no Vale do Paraba, S.P
Brasil. 2005.
FIGUEIRDO, M. C. B.; ARAJO, L. F. P.; ROSA, M.F.; MORAIS, L. F. S.; PAULINO
W. D.; GOMES, R. B. Impactos ambientais da carcinicultura de guas interiores.
2006.
FORNASARI FILHO, N. et ali. Alteraoes no meio fsico decorrente de obras de
engenharia. So Paulo, Instituto de Pesquisas Tecnolgicas, 1992. (Boletim 61).

101

GLIESSMAN, S.R. Agroecologia: processos ecolgicos em agricultura sustentvel.3 ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2005.
GEOGRAPH. 2007. Disponvel em <http://www.geograph.org.uk/photo/478653>.
Acesso em: 13 Jan. 2007.
___________________Disponvel em <http://www.geograph.org.uk/photo/24482>.
Acesso em: 13 Jan. 2007.
GOOGLE. 2008. Google Earth Pro. Disponvel
<http://www.earth.google.com/intl/pt/>. Acesso em 2008.

para

download

em

GLOBAL AQUACULTURE ALLIANCE. Codes of Practice for Responsible Shrimp


Farming. Disponvel em: <www. gaalliance.org/code.html>. Acesso em 2007.
GOULART, M.; CALLISTO, M. Bioindicadores de Qualidade da gua como
Ferramenta em Estudos de Impacto Ambienta. In: Revista da FAPAM, ano 2, n 1.
2003.
GUIMARES, A. S. Anlise Multitemporal da Superfcie de Manguezal do Litoral
Norte de Pernambuco: A Participao da Superfcie da Aqicultura na Converso
de reas de Mangue em Viveiro. Dissertao. 2007.
HARTMAN, H.L.; MUTMANSKY, J.M. Introductory mining engineering. 2 edition.
570 p. 2002.
HERRERA, B. Improving sustainability in mines closure by transforming open pits
into fish farms. Dissertation. Abstract. University of Cambridge Department of
Engineering. 2006.
HECHANOVA, R.G. ; TIENSONGRUSMEE, B. Report of assistance on selection of
site, design, construction and management of the Ban Merbok, Kedah, Malaysia
Brackishwater Aquaculture Demonstration Project. FAO. SCS/80/WP/88: 154p.
1980
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica. Contagem da Populao. 2000.
Disponvel em <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em 2007.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica. Contagem da Populao. 2007.
Disponvel em < http://www.ibge.gov.br>. Acesso em Dez. 2007.
KUBITZA, F. Qualidade da gua na produo de peixes. 3 ed. Jundia SP, Diviso
de Biblioteca e Documentao Campus Luiz de Queiroz/USP, 1999.
KUMAR, D. Fish Culture in Undrainable Ponds. A Manual for Extension. FAO
Fisheries Technical Paper. 239 p. No. 325. Rome, FAO, 1992.
LAFARGE. 2007-2008. Disponvel em <http://www.lafarge.com/wps/portal/2_4_4_1EnDet?WCM_GLOBAL_CONTEXT=/wps/wcm/connect/Lafarge.com/AllCS/Env/Q
R/CP1610625202/CSEN>. Acesso em: 04 Jul. 2007.
LIMA, C. A.; CASTRO, A. M.; RODRIGUES, A. P. C.; RAMOS, A. S.; CASTILHOS, Z.
C. Spatial and Temporal Analysis of Human Health Risk by Ingestion of Oysters

102

and Mussels Contamined With Zn and Cd. In: XIII International Conference on Heavy
Metals in the Environment ICHMET, na data de 5 a 9 de Junho de 2005, no Hotel
Softel, Rio de Janeiro, Brazil.
__________ Human Health Risk Assessment by Ingestion of Oysters from Recife,
Pernambuco, Brazil. In: XIII International Conference on Heavy Metals in the
Environment ICHMET. 2005.
LINS, C. A. C.; WANDERLEY, A. A. 1999. Distribuio de mercrio em drenagens
ao Norte do Recife, Estado de Pernambuco. In: CONGRESSO DE GEOQUMICA
DOS PASES DE LNGUA PORTUGUESA, 5, 1999, Porto Seguro / CONGRESSO
BRASILEIRO DE GEOQUMICA, 7, 1999, Porto Seguro. Anais. Porto Seguro:
Sociedade Brasileira de Geoqumica, 1999. 664p. p.119 - 121.
LIMA, H.M.; FLORES, J.C.C.; COSTA, F.L. Plano de recuperao de reas
degradadas versus plano de fechamento de mina: um estudo comparativo. REM:
Revista da Escola de Minas, Ouro preto, 59(4). p.397-402. 2006.
LIRA SOBRINHO, A.C.P.; AMARAL, A.J.R. e DANTAS, J.O.C. (2004). GIPSITA.
Sumrio Mineral DNPM. 2004. p. 80-81.
LUZ, A.B.; LINS F.F. Introduo ao tratamento de minrios. In: Tratamento de
Minrios, 4 Edio. A.B.Luz; J.A.Sampaio e S.L.M. Almeida (Editores). Rio de Janeiro,
CETEM, Cap.1, p.1-16. 2004.
MACHADO, P. A. L. Direito Ambiental brasileiro. 9ed. So Paulo: Malheiros, 2001.
p.305-306.
McHAINA, D.M.. Environmental planning considerations for decomissinoning
closure and reclamation of a mine. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON
ENVIRONMENTAL ISSUES AND MANAGEMENT OF WASTE IN ENERGY
AND MINERAL PRODUCTION, 6, Calgary, 2000. Environmental issues and
management of waste in energy and mineral production ProceedingsRotterdam:
Balkema, 2000.
MARQUES , E. D.; SILVA FILHO, E. V.; TUBBS, D.; SANTELLI, R. E.; MELLO, W.
Z. (Docente); SELLA, S. M. 2006. Alumnio dissolvido na gua das cavas de extrao
de areia - Estudo das possveis implicaes de sua toxidade - Municpio de
Seropdica - Rio de Janeiro, In: Geologia Mdica no Brasil - Efeitos dos materiais e
fatores geolgicos na sade humana e meio ambiente. Rio de Janeiro, DIEDIG/CPRM,
n.pag. 4, ISBN: 85-7499-01, Impresso.
MARTINS, L.A.M. Uso y ocupacin del suelo: La planificacion municipal y La
mineria. In: Repetto, F.L. ET al., Eds. Aspectos geolgicos de proteccion ambiental.
Montevideo: ORCYT/Unesco. V.1, p. 125-134. 1995.
MASCHIO, L.M.A. Evoluo, estgio e caracterizao da pesquisa em recuperao
de reas degradadas no Brasil. In: Simpsio Nacional de Recuperao de reas
Degradadas, 1, 1992, Curitiba, Anais: Fupef, 1992, p.17-33.
MILAR, E. Legislao ambiental do Brasil. So Paulo: APMP, 1991. p.3.

103

MILIOLI, G. Abordagem Ecossistmica para a Minerao: Uma Perspectiva


Comparativa para Brasil e Canad - Tese.1999.
MILLER, D.; SEMMENS, K. Methods Used To Determine If Mine Site Are Suitable
For Aquaculture. Paper was presented at the 2004 National Meeting of the American
Society of Mining and Reclamation and the 25th West Virginia Surface Mine Drainage
Task Force, April 18-24, 2004.
MOLLE, F.; CADIER, E. Manual do pequeno aude. Recife: SUDENE, 1992.523p.
MORA, P.; MICHEL, X.; NARBONNE, J.F. Cholinesterase activity as potential
biomarker in two bivalves. Environmental Toxicology and Pharmacology 7 (1999) 253
260. Elsevier. 1999.
MORAES, A. Direito Constitucional. 18 Edio. So Paulo. Editora Atlas, 2005.
MUIR, J., BERG L. Socialist Peoples Libyan Arab Republic Marine Aquaculture
Development, Zawia. In: A report prepared for the Feasibility of Marine Fish Farming
(Phase II). FAO Publications. 1987.
NEW. M. B. Farming freshwater prawns: A manual for the culture of the giant river
prawn (Macrobrachium rosenbergii). Foods and Agriculture Organizations of United
Nations. FAO, Fisheries Technical Paper N 428. Rome, 2002.
NORTHERN AQUACULTURE. Abandoned quarry the home for new crayfish
business on Vancouver Island, Northern Aquaculture Magazine, Volume 8, No. 8,
August 2002.
ODUM, E. P. Ecologia. Rio de Janeiro, Guanabara. 434p. 1988.
OGAWA, M.; MAIA, E.L. Manual de Pesca. So Paulo. Livraria Varela, 2 ed. 1999.
OLIVEIRA, P.N. Engenharia para aqicultura. UFRPE, Recife. 1999.
OLIVEIRA JNIOR, J.B. Desativao de empreendimentos mineiros: estratgias
para diminuir o passivo ambiental. Tese de Doutorado em Engenharia Mineral,
Universidade de So Paulo, Escola Politcnica. So Paulo. 179p. 2001.
OLIVEIRA JNIOR, J.B. Desativao de mina: conceitos, planejamento e custos.
Salvador: EDUFBA, 2006. 112p.
ONO. E.A.; KUBITZA, F. Construo de viveiros e de estruturas hidrulicas para o
cultivo de peixes. In: Revista Panorama da Aqicultura, julho/agosto, 2002.
OOST, R.V.D.; BEYER, J.; VERMEULEN, N.P.E. Fish bioaccumulation and
biomarkers in environmental risk assessment: a review. Environmental Toxicology
and Pharmacology. Vol 13. Pgs. 57-149. Elsevier. 2003.
OTCHERE,F.A.; VEIGA,M.M.; HINTON,J.J.; HAMAGUCHI,R. Mining and
Aquaculture: A Sustainable Venture, abstract. Proceedings of the 26th BC Mine

104

Reclamation Symposium, p. 191-203, Dawson Creek, BC, Sept 9-13, 2002.


QUEIROZ, J.F.; LOURENO, J.N.P.; KITAMURA, P.C.; CASTAGNOLLI, N.;
CYRINO, J.E.P.; FILHO, J.D.F.; BERNARDINO, G.; VALENTI, W.C. A Embrapa e a
Aqicultura. Demandas e prioridades de pesquisa. Braslia : Embrapa Informao
Tecnolgica, 2002. 35 p. ; (Texto para Discusso ; 11).
RANA, K. J. Guidelines on the collection of structural aquaculture statistics.
Supplement to the Program for the world census of agriculture 2000. FAO Statistical
Development. Series, 5b. Roma, FAO 56 p. 1997
REIS, B. J. Influncia das cavas de extrao de areia no balano hdrico do vale do
Paraba do Sul. Revista da Escola de Minas. 2006.
RESENDE, M.; CURI, N.; REZENDE, S. B.; CORRA, G.F. Pedologia: base para
distino de ambientes. 3 ed. 338 p. Viosa : NEPUT, 1999.
RIPLEY, E. A. Environmental Effects of Mining. Florida: St. Lucie Press, 1996.
SAMARCO.
Site
da
Minerao
SAMARCO.
<http://www.samarco.com>. Acesso em: 26 Dez. 2007.

2007.

Disponvel

em

SO PAULO. Site do Governo do Estado de So Paulo. Brasil, 2008. Disponvel em


<http://www.saopaulo.sp.gov.br/saopaulo/turismo/cap_parq_ibira.htm>. Acesso em
2008.
SELONDA. Selonda Aquaculture. 2007. Disponvel em <http://www.selonda.com>.
Acesso em: Jan.2007.
SEMMENS, K.; MILLER, D. Utilizing Mine Water For Aquaculture An Overview
Of Production Formats, 2003. Paper was presented at the 2004 National Meeting of the
American Society of Mining and Reclamation and the 25th West Virginia Surface Mine
Drainage Task Force, April 18-24, 2004.
SCHNOOR, J.L. Environmental modeling: fate and transport of pollutants in water,
air, and soil. A Wiley Interscience publication.684p. 1996.
SCHWATZ, M. F.; BOYD, C. E. Constructed wetlands for treatment of channel
catfish pond effluents. Progressive Fish Culturist N 57. Pgs.255-266. 1995.
SHRIMPNEWS. EUA, 2008. Disponvel em <http://www.shrimpnews.com>. Acesso
em: 9 Jan. 2008.
SILVA, C.M.M. Estudo de alternativas de reabilitao para reas degradadas pelas
mineraes de argilas bentonticas de Boa Vista, Campina Grande/PB. Dissertao.
Universidade de So Paulo. So Paulo, 1995.
SILVA, L. R. S.; CARVALHO, P. L. F. R. A.; ROCHA, I. P. Cultivo Intensivo de L.
vannamei em Berrios Secundrios (raceway). Revista da ABCC., Recife, p 76 - 80,
maro de 1995.

105

SILVA, A. C.; VIDAL, M.; PEREIRA, M. G. Impactos ambientais causados pela


minerao e beneficiamento de caulim. Rem: Rev. Esc. Minas, Apr./June 2001, vol.54,
no.2, p.133-136. ISSN 0370-4467.
SILVA, F.B.R.; SANTOS, J.C.P.; SILVA, A.B.; CAVALCANTI, A.C.; SILVA, F.H.B.B.;
BURGOS, N.; PARAHYBA, R.B.V.; OLIVEIRA NETO, M.B.; SOUSANETO, N.C.;
ARAJO FILHO, J.C.; LOPES, O.F.; LUZ, L.R.Q.P.; LEITE, A.P.; BARROS, A.H.C.;
SILVA, M.A.V. Zoneamento Agroecolgico de Pernambuco ZAPE. EMBRAPA.
Epresa Brasileira de Pesquisas Agropecurias. 2001.
SKYSCRAPERCITY. Disponvel em <http://www.skycrapercity.com>. Acesso em 2008.
SOBRINHO, A. C. L. Representante do DNPM 4 Distrito In: 8 Reunio do Frum
Permanente pela Vida do Tapacur e 2 Reunio do Frum do Corredor da Farinha.
Sociedade Nordestina de Ecologia.
SOUSA, N.V. Recuperao de paisagens degradadas e recuperao de pedreiras da
Secil. Monografia: Curso de Arquitetura UTL, ISA, Lisboa. 1993.
SPERLING, E.V.; JARIDM, F.A.; GRANDCHAMP, C.A.P. Qualidade da gua
durante a formao de lagos profundos em cavas de minerao: Estudo de caso do
lago guas-claras MG. 2004.
STORER, T.J. Ethology and Production of Freshwater Crayfish in Aquatic
Polysystems in Western of Austrlia. Thesis. 2005.
SUDENE. Inventrio hidrogeolgico bsico do Nordeste, Folha no 21, Recife NO.
Recife. SUDENE 1978. 184p. il. (Brasil SUDENE. Hidrogeologia, 54).
SUWANNATOUS, S.; NEW, M.B. Development of a shallow beach well for
hatcheries requiring seawater. In M.B. New. ed. Developments in aquaculture and
fisheries science,Volume 10: Giant prawn farming, pp. 303-307. Amsterdam, Elsevier.
1982.
TRINDADE, R. B. E. Tecnologias de Sistemas Passivos para o Tratamento de
Drenagens cidas de Minas. Rio de Janeiro/CETEM/MCT, 2004.
VALENTI, W.C. & DANIELS, W. Recirculation hatchery systems and management.
In M.B. New & W.C. Valenti, eds. Freshwater prawn culture: the farming of
Macrobrachium rosenbergii, pp. 69-90. Oxford, England, Blackwell Science. 2000.
VALENTI, W. C. Aquicultura sustentvel. In: Congresso de Zootecnia, 12o, Vila Real,
Portugal, 2002, VilaReal: Associao Portuguesa dos Engenheiros Zootcnicos.
Anais...p.111-118. 2002.
VALENTI, T.W.; CHERRY, D.S.; NEVES, R.J.; SCHMERFELD, J. Acute and Chronic
Toxicity of Mercury to Early Life Stages of the Rainbow Mussel, Villosa iris
(Bivalvia: Unionidae). Environmental Toxicology and Chemistry, Vol. 24, No. 5, pp.
12421246, 2005.

106

VIADERO Jr, ROGER C.; TIERNEY E. A. Development Of Treated Mine Waters


For Aquaculture: Overview Of Water Quality From Dogwood Lakes, 2002-2003.
Paper was presented at the 2004 National Meeting of the American Society of Mining and
Reclamation and the 25th West Virginia Surface Mine Drainage Task Force, April 18-24,
2004.
VILLELA, S. M.; MATTOS, A. Hidrologia aplicada. So Paulo: McGraw Hill do
Brasil, 1975. 245p.
WAISELFISZ. J. J. Mapa da Violncia dos Municpios Brasileiros. OIE ORGANIZAO DOS ESTADOS IBERO-AMERICANOS PARA A EDUCAO, A
CINCIA E A CULTURA. 2007.
WELLMER, F.W.; BECKER PLATE, J.D. World natural resources policy (with focus
in mineral resources). In: Our Fragile World: Challenges and Opportunities for a
Sustainable Development. M.K. Tolba, Editor, vol.1, Eolss Publishers Co. Ltd, Oxford,
UK, pp. 183-207. 2001.
WILLIAMS, D. D. BUGIN, A., REIS, J. L. B. C. Manual de recuperao de reas
degradadas pela minerao: tcnicas de revegetao. Braslia: IBAMA, 1997. 96p.

107

ANEXO I

108

ANEXO II

Você também pode gostar