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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM


PROGRAMA INTEGRADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA TROPICAL E
RECURSOS NATURAIS

USO DO FINO DE CARVÃO VEGETAL E DA ADUBAÇÃO


POTÁSSICA NA PRODUÇÃO DE BERINJELA (Solanum melongena L.)
EM LATOSSOLO AMARELO ANTRÓPICO DA AMAZÔNIA CENTRAL

JOSÉ DA CUNHA MEDEIROS JÚNIOR

Manaus - Amazonas
Maio de 2007
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS - UFAM
PROGRAMA INTEGRADO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA TROPICAL E
RECURSOS NATURAIS

USO DO FINO DE CARVÃO VEGETAL E DA ADUBAÇÃO


POTÁSSICA NA PRODUÇÃO DE BERINJELA (Solanum melongena L.)
EM LATOSSOLO AMARELO ANTRÓPICO DA AMAZÔNIA CENTRAL

JOSÉ DA CUNHA MEDEIROS JÚNIOR

Orientador: NEWTON PAULO DE S. FALCÃO


Co-orientadora: Sonia Sena Alfaia

Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Biologia Tropical e Recursos
Naturais do convênio INPA/UFAM
como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS, área de
concentração em AGRICULTURA
NO TRÓPICO ÚMIDO.

Manaus - Amazonas
Maio de 2007
ii

À minha amada esposa Tatiana


À linda filha Beatriz
Aos amados pais José e Tamar,
Aos amados irmãos Rafael e Thamara.

Dedico.
iii

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus pelo dom da vida e por ter me dado forças para
ultrapassar todas as dificuldades impostas pela vida;

Ao Dr. Newton Paulo de Souza Falcão pela orientação e contribuição para


minha formação profissional.

À Dra. Sonia Sena Alfaia pela co-orientação.

Aos funcionários do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, em


especial aos técnicos do laboratório temático de Solos e Plantas

À coordenação de pós-graduação do curso de Agricultura no Trópico Úmido,


pela oportunidade de participar do curso de mestrado. Em especial a Dra. Joana
D’arc “in memorian” e ao Coordenador Rogério de Jesus.

À FAPEAM por financiar o projeto de pesquisa (Pedologia, Fertilidade e


Biologia de Solos Antrópicos (Terra Preta de Índio) na Amazônia Central – PIPT
processo 816/04, e também pela bolsa de estudos concedida.
Aos demais amigos e parentes que torceram por esta conquista e pela
realização profissional. Em especial, a Acácia Neves, pela contribuição para este
trabalho.

À minha esposa, minha filha, meus pais, irmãos, pelo amor, carinho
dedicação e compreensão, o que proporcionou a realização deste sonho.

Ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, pela oportunidade.

Aos agricultores da Costa do Açutuba que ajudaram no experimento.

A todos aqueles que direta ou indiretamente contribuíram para minha


formação acadêmica.
iv

RESUMO
Na Amazônia, a maioria dos solos de terra firme apresenta boas
características físicas e baixa fertilidade química natural. Nessas áreas, destaca-se a
ocorrência de manchas de solos com horizonte superficial de cor escura,
denominada Terra Preta, com elevados níveis de fertilidade, sendo por isso,
utilizados para a exploração agrícola de forma ampla e intensa. Apesar disso,
observa-se que estes solos apresentam uma redução de sua fertilidade natural após
anos de intensa utilização agrícola, que afeta, principalmente, a disponibilidade de
potássio. Dessa forma, torna-se necessário buscar alternativas de manejo da
fertilidade desses solos. Nesse sentido, dado a alta disponibilidade de resíduos de
carvão na região, foi conduzido este trabalho envolvendo doses de carvão e de
potássio com o objetivo de avaliar os efeitos da adição do fino de carvão vegetal
(resíduo) e de cloreto de potássio sobre a disponibilidade de nutrientes no solo,
estado nutricional e na produtividade de berinjela (Solanum melongena L.). O
experimento foi conduzido em Latossolo Amarelo com A Antrópico localizado no km
30 da Rodovia AM – 070, no Ramal da Serra Baixa, Município de Iranduba – AM,
com coordenadas geográficas 03º 30’ S e 60º 20’ W. O delineamento experimental
utilizado foi em blocos ao caso, em esquema fatorial 5x3, com quatro repetições,
onde o primeiro fator testado foi o potássio aplicado como KCl nas doses de 0, 125,
250, 375, 500 kg ha-1 e o segundo fator o carvão nas quantidades de 0, 5, 10 ton ha-
1.
Antes e depois do ensaio foram coletadas amostras de solos das camadas de 0 -
20 cm e 20 - 40 cm de profundidade para análise da fertilidade. Na época da
floração foram coletadas amostras de folhas para determinação da concentração de
nutrientes. A cultivar de berinjela utilizada foi a Ciça. De forma isolada, as doses de
KCl aumentaram o pH e os teores de K+, Mg++ e o Mn do solo, e também afetaram
positivamente os teores foliares de Ca, Mg e K, porém reduzindo os de Zn e de Mn.
Enquanto isso, o carvão afetou negativamente os teores de Mg++ no solo e de Ca e
Mg nas folhas. Houve interação entre os fatores de adubação em relação às
variáveis concentração foliar de Mg, K e P e produtividade que, por sua vez teve
resposta à adubação potássica de tendência quadrática crescente até a dose de 301
kg ha-1 de KCl. Os melhores lucros foram obtidos com 375 kg ha-1 de KCl (Relação
Benefício/Custo = 5,79) e com a combinação de 250 kg de KCl ha-1 e 10 ton de
carvão ha-1 (Relação Benefício/Custo = 5,69).
v

ABSTRACT

In the Amazonia, most of the soils of firm earth presents good physical
characteristics and low natural chemical fertility. In those areas, it stands out the
occurrence of stains of soils with superficial horizon of dark color, denominated Terra
Preta (Anthrosol of Amazonia), with high fertility levels being, for that, used for the
agricultural exploration in a wide and intense way. In spite of that, it is observed that
these soils, they present a reduction of the natural fertility after years of intense
agricultural use, that it affects, mainly, availability potassium. In that way it becomes
necessary to look for alternatives of fertility management of those soils. In that sense,
given the high availability of residues of charcoal in the area, this study was
developed with doses of charcoal and of potassium with the objective of evaluating
the effects of the addition of the fine charcoal (waste) and potassium about the
availability of nutrients in the soil, nutritional state and in the eggplant productivity.
The experiment was growth in an Terra Preta (Anthrosol of Amazonia) in the km 30
of Road AM - 070, in the Extension of the Serra Baixa district of Iranduba, AM with
geographical coordinates 03° 30' S and 60° 20' W. The experimental design was in
the casual blocks, in factorial 5x3, with four repetitions, where the first tested factor
was the potassium in form of potassium chloride in five levels of KCl, 0, 125, 250,
375, 500 kg ha-1 and the second tested factor was charcoal in three levels 0, 5, 10
ton ha-1. Before and after the experiment samples of soils of the 0 - 20 cm layers
and 20 - 40 cm of depth were collected for fertility analysis. At that time of the flora
samples of leaves were collected for obtain of the concentration of nutrients in the
leaves. The variety of eggplant was Ciça. Doses of KCl increased the pH and K+,
Mg++ and Mn contents of the soil, and they also made positive the leaf content of Ca,
Mg and K, however reducing the Zn and Mn. Meanwhile, the charcoal affected
negative the contents of Mg++ in the soil and of Ca and Mg in the leaves. There was
interaction among the fertilizer and charcoal factors on the variables concentration of
the leaf content of Mg, K and P and productivity that, for its time it had answer the
KCl of growing quadratic tendency to the dose of 301 kg ha-1 of KCl. The best profits
were obtained with 375kg ha-1 of KCl (Benefit/Cost = 5,79) and with the combination
of 250 kg of KCl ha-1 added of 10 ton ha-1 of charcoal (Benefit/Cost = 5,69).
vi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Listagem dos tratamentos........................................................................ 26

Tabela 2. Resumo da planilha para a análise econômica....................................... 28

Tabela 3. Algumas características químicas do solo da área experimental


nas profundidades de 0 – 20 cm e 20 – 40 cm, antes da
instalação do experimento, Iranduba – AM, Março de 2005................... 30

Tabela 4. Algumas características químicas do fino de carvão utilizado no


experimento, Iranduba – AM, Março de 2005.......................................... 32

Tabela 5. Quantidades de nutrientes equivalentes às doses aplicadas do fino de


carvão utilizado no experimento, Iranduba – AM, Março de 2005.......... 33

Tabela 6. Valores dos quadrados médios das fontes de variação, grau de


liberdade (GL) e coeficientes de variação, obtidos mediante análises
da variância para os resultados analíticos das amostras de solo
coletadas nas profundidades de 0 – 20 cm, Iranduba – AM, Agosto de
2005......................................................................................................... 35

Tabela 7. Valores dos quadrados médios das fontes de variação, grau de


liberdade (GL) e coeficientes de variação, obtidos mediante análises
da variância para os resultados analíticos das amostras de solo
coletadas nas profundidades de 20 – 40 cm, Iranduba – AM, agosto de
2005......................................................................................................... 38

Tabela 8. Valores dos quadrados médios das fontes de variação, grau de


liberdade (GL) e coeficientes de variação, obtidos mediante análises
da variância para os resultados de teores de nutrientes nas folhas de
berinjela Iranduba – AM, Agosto de 2005................................................ 42

Tabela 9. Valores dos quadrados médios das fontes de variação, grau de


liberdade (GL) e coeficientes de variação, obtidos mediante análises
da variância para os resultados de produtividade de frutos de berinjela,
Iranduba – AM, agosto de 2005............................................................... 50
vii

Tabela 10. Valores médios de produtividade, produção de frutos por planta,


massa de frutos e número de frutos por planta de berinjela sob doses
de cloreto de potássio e do fino de carvão, Iranduba – AM, Agosto de
2005......................................................................................................... 52

Tabela 11. Análise econômica por hectare do cultivo de berinjela submetido a


doses de cloreto de potássio e do fino de carvão, Iranduba – AM,
agosto de 2005, Iranduba – AM, Agosto de 2005................................... 55

Tabela 12. Influência dos níveis de cloreto de potássio e do fino do carvão, sobre
algumas características químicas do solo na profundidade de 0-20 cm,
Iranduba – AM, Agosto de 2005.............................................................. 57

Tabela 13. Influência dos níveis de cloreto de potássio e fino do carvão, sobre
algumas características químicas do solo na profundidade de 20 - 40
cm, Iranduba – AM, Agosto de 2005....................................................... 58

Tabela 14. Influência dos níveis de cloreto de potássio e fino do carvão, sobre os
teores de nutrientes nas folhas de berinjela, Iranduba – AM, Agosto de
2005......................................................................................................... 59

Tabela 15. Análise econômica detalhada para o cultivo de um hectare de berinjela


em Latossolo Amarelo Antrópico, submetida a doses de potássio e do
fino de carvão. Iranduba – AM, Agosto de 2005..................................... 60
viii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Distribuição das áreas de Terra Preta mapeadas na Amazônia............. 16

Figura 2. Estrutura aromática do carvão pirogênico............................................... 21

Figura 3. Croqui experimental do delineamento fatorial 5 x 3.................................25

Figura 4. Detalhe de parcela experimental............................................................. 25

Figura 5. Valores médios de pH(H2O) do solo na profundidade de 0 – 20 cm sob


doses de cloreto de potássio, Iranduba – AM, Agosto de 2005.............. 35

Figura 6. Valores médios de Mg++ do solo na profundidade de 0 – 20 cm sob


doses de cloreto de potássio, Iranduba – AM, Agosto de 2005.............. 36

Figura 7. Valores médios de K+ do solo na profundidade de 0 – 20 cm sob


doses de cloreto de potássio, Iranduba – AM, Agosto de 2005.............. 36

Figura 8. Valores médios de Mg++ do solo na profundidade de 0 – 20 cm sob


doses do fino de carvão, Iranduba – AM, Agosto de 2005...................... 37

Figura 9. Valores médios de Mg++ do solo na profundidade de 20 – 40 cm sob


doses do fino de carvão, Iranduba – AM, Agosto de 2005...................... 39

Figura 10. Valores médios de K+ do solo na profundidade de 20 – 40 cm sob


doses de cloreto de potássio, Iranduba – AM, Agosto de 2005.............. 39

Figura 11. Valores médios de Mn do solo na profundidade de 20 – 40 cm sob


doses de cloreto de potássio, Iranduba – AM, Agosto de 2005.............. 40

Figura 12. Valores médios dos teores de Ca contidos na folha de berinjela sob
doses de cloreto de potássio, Iranduba – AM, Agosto de 2005.............. 42

Figura 13. Valores médios dos teores de Mg contidos na folha de berinjela sob
doses de cloreto de potássio, Iranduba – AM, Agosto de 2005.............. 43

Figura 14. Valores médios dos teores de K contidos na folha de berinjela sob
doses de cloreto de potássio, Iranduba – AM, Agosto de 2005.............. 43
ix

Figura 15. Valores médios dos teores de Zn contidos na folha de berinjela sob
doses do cloreto de potássio, Iranduba – AM, Agosto de 2005.............. 44

Figura 16. Valores médios dos teores de Mn contidos na folha de berinjela sob
doses do cloreto de potássio, Iranduba – AM, Agosto de 2005.............. 44

Figura 17. Valores médios dos teores de Mg contidos na folha de berinjela sob
doses do fino de carvão, Iranduba – AM, Agosto de 2005...................... 45

Figura 18. Valores médios dos teores de Ca contidos na folha de berinjela sob
doses do fino de carvão, Iranduba – AM, Agosto de 2005...................... 46

Figura 19. Superfície de resposta da interação de doses de KCl e doses do


fino de carvão sobre o teor de P na planta de berinjela, Iranduba –
AM, agosto de 2005.................................................................................46

Figura 20. Superfície de resposta da interação de doses de KCl e doses do fino


de carvão sobre o teor de Ca na planta de berinjela, Iranduba – AM,
agosto de 2005........................................................................................ 47

Figura 21. Superfície de resposta da interação de doses de KCl e doses do fino


de carvão sobre o teor de Mg na planta de berinjela, Iranduba – AM,
agosto de 2005........................................................................................ 47

Figura 22. Valores médios de produtividade de frutos de berinjela sob doses de


cloreto de potássio, Iranduba – AM, Agosto de 2005.............................. 50

Figura 23. Valores médios de produção de frutos por planta de berinjela sob
doses de cloreto de potássio, Iranduba – AM, Agosto de 2005.............. 51

Figura 24. Valores médios de número de frutos por planta de berinjela sob doses
de cloreto de potássio, Iranduba – AM, Agosto de 2005........................ 51

Figura 25. Efeito de doses de KCl dentro de doses do fino de carvão sobre a
produtividade de frutos de berinjela, Iranduba – AM, Agosto de 2005... 53

Figura 26. Superfície de resposta da interação de doses de KCl dentro de doses


do fino de carvão sobre a produtividade de frutos de berinjela Iranduba
– AM, agosto de 2005..............................................................................53
x

SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS................................................................................................iv
RESUMO....................................................................................................................v
ABSTRACT...............................................................................................................vi
LISTA DE TABELAS ...............................................................................................vii
LISTA DE FIGURAS.................................................................................................ix
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................11
2 OBJETIVOS..........................................................................................................14
2.1 Geral................................................................................................................14
2.2 Específicos ......................................................................................................14
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................15
3.1 Os Solos Antrópicos (Terra Preta de Índio) da Amazônia Central ..................15
3.2 Cultura da berinjela .........................................................................................22
4 MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................24
4.1 Área de Estudo................................................................................................24
4.2 Delineamento Experimental ............................................................................24
4.3 Coleta de solos e análises químicas ...............................................................26
4.4 Coleta de amostras de folhas e análise química .............................................27
4.5 Analise do fino de carvao ................................................................................27
4.6 Fertilização ......................................................................................................27
4.7 Avaliação da produção ....................................................................................28
4.8 Análise econômica ..........................................................................................28
4.9 Procedimentos Estatísticos .............................................................................29
5 RESULTADOS DISCUSSÃO................................................................................30
5.1 Fertilidade do Solo da Área experimental........................................................30
5.2 Algumas características químicas do fino de carvão vegetal utilizado ...........32
5.3 Efeito dos tratamentos em algumas caracteristicas quimicas do solo.............34
5.4 Efeito dos tratamentos no estado nutricional das plantas ...............................40
5.5 Efeito dos tratamentos sobre a produtividade da berinjela..............................48
5.6 Análise econômica ..........................................................................................54
6 CONCLUSÃO .......................................................................................................56
ANEXOS ..................................................................................................................57
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................61
11

1 . INTRODUÇÃO.

Os solos da planície amazônica utilizados para a agricultura podem ser


divididos em dois grupos: solos de terra firme (>90%), que não sofrem influência das
inundações provocadas pelos rios, e os solos de várzea, localizados em áreas
sujeitas às inundações periódicas causadas pelos rios de águas brancas na época
das cheias (Sioli, 1951; Junk, 1997).
A maioria dos solos de terra firme são geologicamente antigos e, em geral,
apresentam boas características físicas e baixa fertilidade química natural. Devido
ao alto grau de intemperismo, a maior parte destes solos apresentam acidez elevada
e pouca disponibilidade de nutrientes, fazendo com que a produção agrícola na
região dependa da adição de fontes orgânicas e inorgânicas de nutrientes para o
aumento e a manutenção da fertilidade a longo prazo (Sanchez et al., 1982; Alfaia &
Souza, 2002). Os solos de várzea são mais férteis, dada a deposição de sedimentos
quaternários holocênicos durante as inundações periódicas, resultando em uma
camada nova de solo (Lima, 2001; Alfaia & Souza, 2002), porém limitantes para
cultivos não tolerantes à saturação do solo durante certo período do ano (em geral,
de quatro a seis meses).
Nas áreas de terra firme, destaca-se a ocorrência de manchas de solos com
horizonte superficial de cor escura, com elevados níveis de fertilidade quando
comparados com solos adjacentes, sendo, por isso, utilizados pelas populações
amazônicas para a exploração agrícola de forma ampla e intensa, durante todo o
ano (Kern & Kampf, 1989; Zech et al., 1990; Falcão, 2001; Lima, 2001; Madari et al.,
2004). Estes solos são denominados localmente como Terra Preta de Índio ou Terra
Preta. A atribuição antrópica é a teoria mais aceita para a origem desses solos, onde
se encontra uma ocorrência grande de carvão pirogênico (carvão vegetal, carvão),
de fragmentos de cerâmicas e materiais líticos, de resíduos de caça e pesca (Glaser
et al., 2001;Denevan, 2004). No caso dos solos de Terra Preta, possivelmente o
carvão pirogênico seja oriundo de materiais orgânicos carbonizados provenientes,
principalmente, da combustão incompleta de material vegetal usado em fornos de
cozinhas durante assentamentos indígenas pré-colombiano e, em menor escala, da
12

prática de derruba e queima e de incêndios naturais (Fearnside et al., 1999, 2000;


Glaser, 2001; Kern et al., 2004).
A manutenção de altos níveis de matéria orgânica estável e de nutrientes
disponíveis em solos de Terra Preta está associada a uma grande e prolongada
entrada de carvão pirogênico (Glaser et al., 2001; Lehmann et al., 2002, 2003b).
14
Glaser et al. (2001) determinaram, com C, a idade de 1000 a 2000 anos para
carvão pirogênico encontrado em solos de Terra Preta da Amazônia brasileira. A
persistência do carvão pirogênico por um longo período sob condições tropicais
úmidas e taxas de mineralização altas se deve à estabilidade química causada por
sua estrutura aromática, o que limita a ação dos microrganismos decompositores do
solo (Swift et al., 1979; Seiler & Crutzen, 1980; Orjuela, 1989; Glaser et al., 1998;
Schmidt et al., 1999; Trompowsky et al., 2005). Graças à capacidade físico–química
do carvão, a sua adição resulta em menor perda de nutrientes por lixiviação: 1) os
nutrientes da solução do solo são retidos fisicamente nos micro e mesoporos da
superfície do carvão e 2) ocorre uma lenta oxidação biológica nas bordas dos
esqueletos aromáticos do carvão, produzindo grupos carboxílicos e um conseqüente
aumento da capacidade de troca catiônica (CTC) (Glaser et al., 1998; Liang et al.,
2006).
Apesar do exposto anteriormente, observa-se que os solos de Terra Preta,
assim como todos os solos de terra firme da região, apresentam uma redução de
sua fertilidade química natural após anos de intensa utilização agrícola, ocasionada,
sobretudo, pelos processos de lixiviação e de exportação de nutrientes via colheita
que afeta, principalmente, a disponibilidade de potássio nos agrossistemas tropicais
(Sombroek et al., 2002; Lehmann et al., 2003a).
O potássio, ao contrário do nitrogênio e fósforo, não entra na formação de
nenhum composto orgânico na planta. Sua função principal está ligada ao
metabolismo da planta. Um adequado nível de K na planta aumenta a sua taxa
fotossintética, reduz a velocidade de respiração, aumenta a síntese de proteínas,
promove a turgidez dos tecidos (mecanismo de abertura e fechamento dos
estômatos), é responsável pela manutenção do potencial osmótico das células,
favorece a translocação dos metais pesados dentro da planta, ativa as enzimas (são
conhecidas mais de 40 enzimas ativadas pelo K) e controla suas velocidades de
reação, melhora a textura das flores e aumenta a resistência às pragas (Malavolta,
1980; Homheld, 2005).
13

A adição de nutrientes na camada mais superficial do solo, onde ocorre uma


maior concentração de raízes dos cultivos, é uma forma de manejo para aumentar a
disponibilidade e o uso eficiente de nutrientes pelos cultivos e reduzir os efeitos da
lixiviação. Em geral, duas principais práticas são utilizadas (Fageria, 1998; Lehmann
et al., 2003b): 1) a adição de nutrientes orgânicos através de esterco animal,
cobertura verde/morta, compostos e vermicompostos; e 2) a adição de nutrientes
inorgânicos, via fertilizantes químicos comerciais. Fertilizantes orgânicos promovem
uma liberação mais lenta de nutrientes, o que leva a uma menor produção de
resíduos contaminantes para o ambiente, e seu efeito sobre a fertilidade do solo
ocorre e se mantém por um longo prazo, podendo ser elaborados a partir de
resíduos vegetais e animais disponíveis na propriedade, reduzindo o custo de
produção. Fertilizantes químicos promovem uma liberação rápida de nutrientes e
devem ser aplicados repetidamente para suprir as necessidades nutricionais do
cultivo. Quando aplicados contribuem para uma maior contaminação residual no
ambiente e para uma menor eficiência agronômica e econômica.
Uma técnica recentemente resgatada1 e estudada é a fertilização orgânica a
partir da adição de carvão pirogênico moído em solos degradados ou em processo
de degradação. Desta forma, busca-se aumentar a disponibilidade de nutrientes em
solos pobres baseando-se no princípio que deu origem à Terra Preta, o que poderia
representar uma alternativa de manejo sustentável para a agricultura na região
amazônica. Por tratar-se de um estudo recente, faz-se necessário uma maior
avaliação do efeito da adição de carvão sobre a fertilidade do solo e a produtividade
e sustentabilidade dos cultivos.

1
Acredita-se que esta prática já era utilizada pelos índios locais há séculos e para o mesmo fim (Steiner et al.,
2004).
14

2. OBJETIVOS:

2.1 Objetivo Geral

Avaliar os efeitos da adição do fino de carvão vegetal (resíduo) e de potássio


sobre a disponibilidade de nutrientes no solo, estado nutricional e na produção de
berinjela.

2.2 Objetivos específicos

• Avaliar os efeitos do fino de carvão, do potássio e da interação desses fatores


sobre a produtividade da cultura e na nutrição das plantas de berinjela.

• Definir a proporção (combinação) do fino de carvão vegetal e de cloreto de


potássio de maior eficiência econômica.
15

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Os Solos Antrópicos (Terra Preta de Índio) da Amazônia Central

Os solos antrópicos ou solos de Terra Preta Arqueológica (Smith, 1980; Eden,


et al., 1984; Kern & Kampf, 1989) podem ser encontrados desde as Cordilheiras dos
Andes até a Ilha de Marajó, no Oceano Atlântico, associados a uma variedade de
solos e paisagens. Na Amazônia Central são conhecidos como Terra Preta de Índio
ou Terra Preta e encontram-se principalmente sobre Latossolos, mas podem ser
encontrados também sobre Nitossolos, Argissolos e Cambissolos (Smith, 1980;
Lima, 2001; Kern et al., 2004).
A descoberta das áreas de Terra Preta pelo homem não índio se deu no
século XIX (Woods, 1995), mas, somente há aproximadamente 40 anos foram
iniciadas as pesquisas científicas com relação as suas origens e suas propriedades
físico-químicas, como também, a sua distribuição geográfica e suas características
biológicas (Sombroek, 1966).
Na figura 1, se apresenta a distribuição das áreas de Terra Preta conhecidas
na Amazônia (Glaser et al., 2001). Apesar de haver uma grande quantidade de sítios
arqueológicos já conhecidos na região, as áreas de Terra Preta ainda não se
encontram totalmente mapeadas. Na Amazônia brasileira, a estimativa é que
existam centenas de sítios espalhados pela região; em Caxiuanã (PA) foram
descobertos 28 sítios arqueológicos com Terra Preta (Kern et al., 1999).
Tem-se conhecimento de quatro diferentes teorias tentando explicar a origem
das manchas de solos com horizonte superficial de cor escura e de alta fertilidade
química quando comparados com solos adjacentes (Gourou, 1949; Kern & Kampf,
1989; Lima, 2001; Kern, 2002; Neves et al, 2003): 1) antigos depósitos de cinzas
vulcânicas; 2) deposição fluvial; 3) sedimentação no fundo de lagos antigos; 4)
formação antrópica, resultante do uso contínuo do solo como lugar de residência ou
de cultivo por períodos relativamente prolongados. Com o avanço da pesquisa
pedológica em solos de terra preta, foi constatado que estes não diferem
mineralogicamente dos solos adjacentes. Portanto, todas as hipóteses de
16

geogênesis podem ser descartadas, reforçando o argumento da formação de terra


preta por ação antrópica (Lima, 2001; Glaser et al., 2004).

Figura 1. Distribuição das áreas de Terra Preta mapeadas na Amazônia. Fonte:


Glaser et al., 2001

As evidências da passagem do homem por essas áreas são os próprios


elementos que faziam parte do cotidiano dos povos pré-colombianos da Amazônia
(Kern, 2002). A matéria orgânica que deu origem a terra preta é composta
principalmente por carvão e cinzas (principalmente de fornos de cozinha), por folhas
que serviam para a cobertura das habitações, além de sementes, cipós e restos de
animais (espinhas de peixes, ossos, carapaças, conchas), depositada em locais
específicos da área.
Para Meggers et al. (1988), citados por Denevan (2001), o tamanho do sítio
não refletiria uma continuidade na ocupação, mas sim uma seqüência de abandonos
e reocupações do mesmo local por populações. No entanto, Roosevelt (1989)
acredita que grandes sítios de Terra Preta refletiriam assentamentos humanos
contínuos de longa duração.
Associados aos solos de Terra Preta, encontram-se solos de cor mais clara e
de maior extensão, denominados de Terra Mulata (Sombroek, 1996; Woods &
McCann, 1999). Em geral, a Terra Mulata está localizada entre a Terra Preta e o
solo original e, devido suas características químicas (altas taxas de matéria
orgânica, pouco ou nenhum fragmento de cerâmica, menores teores de P, Ca e Mg
que as Terras Pretas, porém mais elevados que os solos adjacentes), acredita-se
que os solos de Terra Mulata teriam se formado sob agricultura intensa (Sombroek,
1966; Denevan, 2001; Neves et al., 2003).
17

Relatos históricos do século XVI atestam a existência de grandes


assentamentos humanos localizados às margens do rio Amazonas e seus tributários
(Denevan, 1996). A população que aí existia era sustentada por intensa agricultura
em terra firme, caça e pesca, complementada por uma agricultura sazonal nas áreas
inundáveis das várzeas. Várias formas de uso dos solos de terra firme poderiam ter
sido praticadas (Denevan, 1998): 1) pomares caseiros, em que lotes permanentes
são cultivados com espécies anuais e perenes, ao redor das casas, com intenso
controle de invasoras e manejo do solo; 2) cultivo em manchas, em que o plantio de
espécies úteis se dá em clareiras naturais, ou locais onde a vegetação é mais
facilmente derrubada e 3) sistemas agroflorestais, em que há manipulação da
floresta por adição de espécies úteis ou supressão de espécies indesejadas. Lotes
seriam cultivados de maneira permanente ou semi-permanente, com o constante
uso de fertilizantes orgânicos, aditivos inorgânicos, cobertura vegetal, uso do fogo,
controle de pragas, doenças e plantas invasoras etc.
A derrubada da floresta com utensílios de pedra era muito dispendiosa em
tempo e energia para ser efetuada constantemente e o modelo de cultivo itinerante
que alterna curtos períodos de plantio com longos períodos de pousio é uma
aquisição pós-conquista, quando a substituição dos machados de pedra por aqueles
de metal torna a derruba da floresta menos laboriosa, favorecendo um maior uso
dessa prática (Denevan, 1992).
O manejo dos agrossistemas associados ao extrativismo teriam contribuído
para a criação de florestas antropogênicas, ou florestas semi-manejadas, com um
grande número de espécies úteis agrupadas (Balée, 1989; Roosevelt, 1989;
Denevan, 1998). Balée (1989) estima que essas áreas correspondam a, no mínimo,
12% da floresta amazônica brasileira, compreendendo os castanhais, as florestas de
palmeiras, as florestas de cipó etc.
A coloração escura da camada superficial é o principal critério arqueológico
para reconhecer e delimitar os solos com Terra Preta, os quais, na Amazônia,
ocorrem em pequenas manchas de 2 a 3 ha, ocorrendo exceções, como no caso da
Estação Científica Ferreira Penna - Floresta Nacional de Caxiuanã (PA), onde se pode
encontrar manchas de Terra Preta maiores que 100 ha (Kern et al., 1999; Woods &
Mccann, 1999; Glaser et al., 2001).
Estes solos para serem considerados antrópicos tem que apresentar um
horizonte A antrópico que varia de 18 a 80 cm de profundidade (Kern et al., 2004),
18

podendo alcançar até 2m (Smith, 1980;). A profundidade das camadas estaria


relacionada com o tempo de ocupação humana e o número de indivíduos da aldeia
(Smith, 1980; Kern, 1996). Estima-se que 1 cm de solo corresponderia a 10 anos de
ocupação humana (Smith, 1980).
Estudos sobre a composição química de Latossolos Amarelos Antrópicos na
região (Kern & Kämpf, 1989; Lima, 2001) avaliados segundo Cochrane et al. (1985),
indicam os seguintes resultados para o horizonte (A):
• pH do solo - os valores de pH se situam entre teores considerados baixo
e médio, variando de 4,0 a 4,6 em Oriximá – PA 2 e de 6,2 a 6,5 em
Iranduba - AM3. O pH da Terra Preta foi até 1,5 vezes maior que os solos
adjacentes.
• Teor de cálcio – Os teores de cálcio se situam acima do nível
considerado alto, variando de 5,55 a 16,2 cmolc/dm3. Os teores de cálcio
trocável da Terra Preta foram até 50 vezes maiores que os solos
adjacentes.
• Teor de magnésio - Os teores de magnésio trocável no solo se situam
acima do nível considerado alto, variando de 1,32 a 16,2 cmolc/dm3.

• Teor de alumínio trocável - O alumínio trocável apresentou valores


baixos a médios. Os valores observados variaram de 0 a 1,1 cmolc/dm3.

• Teor de fósforo - Os teores de fósforo se situam acima do nível


considerado alto, variando de 139 a 321 mg/dm3.

• Teor de potássio - Os teores de potássio se situam entre baixo e médio,


variando de 0,12 a 0,16 cmolc/dm3, porém são mais elevados quando
comparados aos solos adjacentes.

A alta fertilidade e sustentabilidade dos solos de Terra Preta se devem aos


elevados níveis da matéria orgânica do solo (MOS), cuja fonte principal provém de
resíduos orgânicos de combustão incompleta (carvão pirogênico, carvão vegetal ou
carvão) (Glaser et al., 2001; Lehmann et al., 2002; Madari et al., 2003; Zech et al.,
1990). Glaser et al. (2001) observaram uma quantidade cerca de 70 vezes maior de
carvão pirogênico em Terra Preta e valores cerca de 6 vezes maior de MOS mais

2
Kern & Kämpf (1989).
3
Lima (2001).
19

estável que nos solos adjacentes sem horizonte antrópico (Glaser et al., 2001). Estes
solos estão sendo utilizados por produtores familiares da Amazônia, que conseguem
obter alta produtividade sem a utilização de insumos ou com a utilização de uma
quantidade bem menor de fertilizantes químicos (Sombroek et al., 2002).

A MOS representa um papel importante no condicionamento de propriedades


físicas e químicas em solos tropicais, como por exemplo, no incremento da
capacidade de troca catiônica (CTC), na estruturação e retenção de umidade, além
de constituir o principal compartimento para o carbono orgânico seqüestrado no solo
(Orjuela, 1989; Batjes & Sombroek, 1997).
A degradação do solo reduz o conteúdo de MOS, o que repercute
negativamente sobre a disponibilidade de nutrientes e o seqüestro de C,
principalmente em agrossistemas terrestres (Lal et al., 1997; Batjes & Sombroek,
1997). Práticas convencionais para a implantação e manutenção de agrossistemas
geralmente promovem perdas de MOS ocasionadas (Oades, 1984; Lal et al, 1997): 1)
pela degradação acelerada do solo (erosão, compactação, ruptura de agregados); 2)
pelo incremento das taxas de mineralização devido a mudanças no teor de umidade
do solo, e 3) pelas baixas taxas de retorno da biomassa vegetal ao solo. A
magnitude e velocidade com que se produzem estas alterações são determinadas,
principalmente, pelo tipo de manejo e pelas características climáticas (Burke et al.,
1995). Assim, a seleção do tipo de fertilizante a ser empregado para recuperação e
manutenção do estoque de nutrientes em agrossistemas deve considerar a
estabilidade e a reatividade da MOS sob o ponto de vista agronômico, econômico e
ambiental, principalmente no que se refere às mudanças climáticas globais (Batjes &
Sombroek, 1997).
O potássio é um dos nutrientes mais limitantes em agrossistemas subtropicais
e tropicais, devido à remoção pelas plantas e exportação pela colheita e à lixiviação
de nutrientes. Portanto a otimização do fornecimento deste nutriente é fundamental
para aumentar a produtividade e reduzir os custos de produção (Malavolta et al.,
2002).
As quantidades de K lixiviadas perfil abaixo dependem (Malavolta et al., 2002;
Mielniczuk, 2005): 1) da quantidade de chuvas; 2) do teor de K solúvel e trocável; 3)
do teor de matéria orgânica; 4) do conteúdo de argila e 5) da capacidade de troca do
solo.
20

A demanda de potássio pelas plantas é elevada, constituindo-se de 1% a 6%


(10 a 60 g kg-1) da matéria seca. Quando sua disponibilidade é baixa, o crescimento
da planta é retardado, provocando uma queda na produção do cultivo (Mielniczuk,
2005), o que leva ao uso de fertilizantes químicos potássicos pelos produtores, mais
comumente na forma de cloreto de potássio, com 62% de K20.
Diminuição do teor de potássio também é observada em solos de Terra Preta
cultivados seguidamente (Sombroek et al., 2002, Lehmann et al., 2003a). Há uma
relação de antagonismo entre o potássio e o cálcio e magnésio porque utilizam os
mesmos sítios de adsorção (Malavolta et al., 2002). Como os solos de Terra Preta
contêm altos teores de cálcio e magnésio, isto provavelmente seja um agravante
para a eficiência da fertilização potássica nestes solos.
Uma alternativa para a reposição e manutenção de níveis altos de nutrientes
em curto, médio e longo prazo é a adição de resíduos da produção de carvão
vegetal (carvão moído e cinzas), sozinhos ou combinados com fertilizantes
orgânicos e minerais (Glaser, 2002; Lehmann et al., 2003b; Steiner et al., 2004).
O carvão pirogênico, principal constituinte da MOS de Terra Preta, é formado
por compostos orgânicos de alta resistência à decomposição, além de apresentarem
grupos funcionais capazes de reter água e adsorverem substâncias orgânicas,
reduzindo perdas de nutrientes por lixiviação, contribuindo para o aumento da CTC e
para a estruturação do solo por meio da interação com a matriz mineral (Zech et al.,
1990; Piccolo et al., 1997; Glasser et al., 2001). Carvão pirogênico apresenta maior
superfície trocável que o material vegetal não pirogênico decomposto devido à
oxidação de C aromático e à formação de grupos carboxílicos (Glasser et al., 1998).
A persistência do carvão pirogênico por um longo período sob condições
tropicais de alta umidade e alta taxa de mineralização se deve à estabilidade
química causada por sua estrutura aromática (Figura 2), aliada a uma grande
quantidade de microporos, o que o torna inacessível para os microrganismos do solo,
sendo por isso decomposto mais lentamente que outros materiais orgânicos (Glaser,
et al., 1998; Lehmann et al., 2002; Lehmann et al., 2003b)
A composição química do carvão vegetal varia de acordo com o material de
origem. Na Amazônia, Lehmann et al. (2003b) determinaram teores de 708 g C kg-1;
10,9 g N kg-1; 6,8 g P kg-1; 0,32 g Mg kg-1; 1,3 g Ca kg-1 e 0,89 g K kg-1. Dada sua
característica de alta estabilidade e reatividade, o carvão vegetal apresenta um
grande potencial de uso como condicionador de solos tropicais fortemente
21

intemperizados, onde a fração argila apresenta baixa CTC (Steiner et al., 2004),
apresentando algumas vantagens:

1) Aumento do nível de MOS e da capacidade de retenção física e química


de nutrientes, reduzindo perdas por lixiviação e aumentando a
disponibilidade de nutrientes às plantas (Glasser et al., 2001; Lehmann et
al., 2003b; Woods & Glaser, 2004).
2) Aumento da quantidade e estabilidade da MOS, o que contribui para um
maior seqüestro de carbono (Batjes & Sombroek, 1997).
3) Aumento da germinação e da biomassa vegetal (Chidumayo, 1994).
4) Aumento da produção (Lehmann et al., 2003a; Oguntude et al., 2004).

Perileno Ácido metílico Ácido hemimetílico

a) b)

Figura 2. Estrutura aromática do carvão pirogênico (a) e grupos carboxílicos (b)


gerados por oxidação, que contribuem para o aumento da CTC do solo. Fonte:
Glaser et al. (1998).

Experimentos realizados, mostram aumento de até 324% (Oguntude et al.,


2004) do potássio disponível ao adicionar resíduo de carvão, devido as cinzas que
fazem parte do resíduo de carvão e que inevitavelmente são adicionados ao solo, ao
realizar esta prática (Glaser et al., 2002; Steiner et al., 2004).
O Brasil é o maior produtor mundial de carvão vegetal, com um sistema de
produção bastante rudimentar, com baixo rendimento e taxa de conversão madeira-
carvão (em torno de 35%) e condições de trabalho precárias, com alguns casos de
22

exploração de mão-de-obra infantil e escrava (ABRACAVE, 2002; Coelho, 2003).


Durante o processo de produção de carvão, é perdida uma grande quantidade de
carbono à atmosfera na forma de CO2 via fumaça (Coelho, 2003), mas, atualmente,
já existe tecnologia que reduz tais perdas (Syred et al., 2006).
Em geral, do total de carvão vegetal produzido, apenas 85% são utilizados, pois
o restante se quebra em pequenas partes ou se transforma em pó, ou fino de carvão
(FC), não servindo para a geração de calor. Este resíduo poderia ser mais bem
utilizado como fertilizante orgânico (Steiner et al., 2004), o que seria altamente
desejável e estratégico para a promoção da sustentabilidade em agrossistemas
tropicais (Steiner et al., 2004).

3.2 Cultura da berinjela

A berinjela (Solanum melongena L.) é uma espécie da família Solanácea,


originária de regiões tropicais do Oriente, sendo cultivada há muitos séculos por
chineses e árabes (Filgueira, 2000). É arbustiva, com pouco mais de 1 m de altura,
de caule semilenhoso e resistente. Apresenta ramificação lateral bem desenvolvida
e seu sistema radicular pode chegar a 1 m, com maior concentração de raízes nas
camadas mais superficiais. As flores são hermafroditas, ocorrendo autofecundação e
baixa incidência de polinização cruzada. O fruto é uma baga carnosa, de formato
alongado e cor variada, comumente escura.
Essa espécie necessita de temperaturas elevadas e bastante luminosidade ao
longo do ciclo. Os solos excessivamente úmidos prejudicam a berinjela, sobretudo
nas primeiras fases do desenvolvimento, por provocarem deficiência de oxigênio
para as raízes (Carvalho, 2004), o que limita o cultivo de berinjela em solos
amazônicos mais sujeitos à inundação, como em áreas de várzea. O pH ótimo está
entre 5,5 e 6,8, o que limita o cultivo sustentável na maioria dos solos de terra firme
da Amazônia, excerto em solos antrópicos onde os níveis de pH são mais elevados
que os solos adjacentes.
A berinjela mostra a seguinte ordem decrescente de requerimento de
macronutrientes: K → Ca → N → Mg → S → P. Na falta de informações regionais,
Filgueira (2000) sugere a seguinte formulação de fertilizantes N-P-K (kg ha-1): 40 -
23

350 a 600 - 120 a 180. Segundo Raij et al (1996), a faixa de teores adequados de
potássio em folhas de berinjela é de 35 a 60g kg-1.
Atualmente está havendo um aumento no consumo desta hortaliça, motivado
pela procura por parte dos consumidores de produtos com propriedades medicinais.
Neste aspecto, a berinjela se destaca pela sua propriedade redutora do nível de
colesterol (Filgueira, 2000). O híbrido Ciça, lançado pela EMBRAPA em 1991,
obteve uma grande aceitação junto aos produtores, dada a sua elevada precocidade
e produtividade, tamanho do fruto e resistência a doenças. Com o hibrido Ciça, o
produtor pode obter, em média, 23 frutos (5,85 kg) por planta e 267 g de massa
média por fruto.
24

4. MATERIAL E MÉTODOS

4. 1 Área de estudo

O experimento foi conduzido em Latossolo Amarelo com A Antrópico de uma


propriedade agrícola à margem direita do Rio Negro com coordenadas geográficas
03º 30’ S e 60º 20’ W, com acesso via fluvial e terrestre através de entrada vicinal,
com entrada no km 30 da AM – 070, no Ramal da Serra Baixa, Município de
Iranduba. O clima apresenta duas estações bem definidas: uma estação seca (junho
a outubro), com temperatura média máxima de 33º C, e outra estação chuvosa
(novembro a maio), com temperatura média mínima de 23º C. A umidade relativa
varia de 77% (agosto) a 87% (fevereiro). O regime pluviométrico anual fica em torno
de 1800 a 2200 mm (SUDAM, 1984).
A área vem sendo utilizada seguidamente para a produção agrícola, com
aplicação de fertilizantes químicos e uso intensivo de maquinas agrícolas, com
cultivos intercalados de mamão, pimenta-de-cheiro, berinjela, maracujá e pimentão.
Nos últimos dois anos a área foi cultivada com mamão e recebeu apenas fertilização
orgânica de 3 kg de esterco bovino por cova.

4.2 Delineamento Experimental

O delineamento experimental utilizado foi em blocos ao caso, em esquema


fatorial 5x3 (Figura 3), com quatro repetições, onde o primeiro fator testado foi o
potássio que foi aplicado na forma de cloreto de potássio (KCl) em cinco níveis de
KCl, 0,125, 250, 375, 500 kg ha-1 e o segundo fator testado foi o fino de carvão em
três níveis: 0, 5, 10 ton ha-1; portanto, 15 tratamentos totalizando 60 parcelas
experimentais (Tabela 1). Cada parcela foi constituída de 8 plantas, totalizando 480
plantas. Porém, foram avaliadas para a produção somente as plantas 2, 3, 6 e 7. as
demais 1, 4, 5 e 8 foram usadas como bordadura. O espaçamento adotado foi de
2,0 m entre linhas e 0,8 m entre plantas. O tamanho de cada parcela foi de 3,2 m x
25

2,0 m, com área útil de 2,0 m x 1,6 m. Os detalhes das parcelas experimentais são
mostrados na Figura 4 e o croqui experimental se encontra na Figura 3.
O solo da área experimental foi preparado com uma aração profunda, seguida
de revolvimento, destorroamento e gradagem. A cultivar de berinjela utilizada foi a
Ciça, desenvolvida pela Embrapa. Essa cultivar é bastante aceita pelos produtores
da região produtora. As mudas foram produzidas em sementeira, onde o substrato
utilizado foi a terra preta. Após oito dias, as mudas foram transplantadas para copos
de plásticos individuais onde ficaram por mais 15 dias, quando foram transplantadas
para o campo. Durante o ciclo, foram realizados todos os tratos culturais
recomendados para o cultivo: tutoramento, eliminação das brotações laterais até a
primeira bifurcação, capinas, irrigação e controle de pragas e doenças com
agrotóxicos.

B-I T11 T3 T15 T4 T2 T1 T9 T5 T12 T10 T6 T8 T7 T14 T13

B-II T3 T15 T14 T13 T4 T2 T10 T1 T11 T12 T9 T7 T5 T8 T6

B-III T9 T2 T3 T4 T11 T15 T10 T6 T13 T1 T5 T8 T14 T7 T12

B-IV T6 T1 T3 T12 T11 T7 T10 T9 T14 T13 T4 T2 T5 T8 T15

Figura 3. Croqui experimental do delineamento fatorial 5 x 3

Figura 4. Detalhe de parcela experimental


26

Tabela 1.Listagem dos tratamentos

Fino de Fino de
KCl KCl
Trat. Carvão Trat. Carvão
(kg/ha) (kg/ha)
(Ton/ha) (Ton/ha)

T1 0 0 T9 250 10

T2 0 5 T10 375 0

T3 0 10 T11 375 5

T4 125 0 T12 375 10

T5 125 5 T13 500 0

T6 125 10 T14 500 5

T7 250 0 T15 500 10

T8 250 5

4.3 Coleta de solos e análises químicas

Amostras de solos das camadas de 0-20 cm e 20-40 cm de profundidade


foram coletadas em cada parcela experimental com o auxílio de um trado, antes e
depois do ensaio, e durante a época de floração. Em cada parcela foram coletadas 4
amostras simples na projeção da copa para formar uma única amostra composta.
Após a coleta, as amostras de solo foram acondicionadas em sacos plásticos
devidamente etiquetados e transportadas para a casa de vegetação do CPCA/INPA,
onde foram secas ao ar e homogeneizadas com uma peneira de 2 mm para
obtenção de terra fina seca ao ar (TFSA).
Posteriormente, os solos dos diferentes tratamentos foram conduzidos ao
laboratório de solos para análises químicas de pH (H2O), pH (KCl), P, K, Ca, Mg,
Zn, Mn, Fe (EMBRAPA, 1999).
27

4.4 Coleta de amostras de folhas e analise química.

No começo da frutificação foram coletadas amostras foliares (folhas recém


maduras) (Malavolta et al., 1997), para avaliar o estado nutricional das plantas. Cada
16 folhas, quatro para cada planta útil, representaram uma amostra composta por
parcela. As amostras foram colocadas em sacos de papel devidamente etiquetados e
secas em estufa com circulação forçada de ar a 60 ºC, até atingir peso constante; em
seguida foram moídas. Depois de moídas foram submetidas a uma digestão nitro-
perclórica (Sarruge & Haag, 1974), obtendo-se um extrato no qual foram efetuadas
as determinações analíticas dos teores de cálcio, magnésio, potássio, zinco,
manganês e ferro por espectrometria de absorção atômica e o fósforo, por
colorimetria. Os níveis adequados de nutrientes nas plantas de berinjela foram
observados de acordo com Embrapa (1999).

4.5 Análise do fino de carvão.

Foram coletadas antes da aplicação ao solo, pequenas quantidades de 50


gramas de 20 sacos de resíduos, que formaram quatro amostras compostas. As
amostras foram colocadas em sacos de papel devidamente etiquetados, secas em
estufa com circulação forçada de ar a 60 ºC, até atingir peso constante, em seguida
foram moídas. Depois de moídas foram submetidas a uma digestão nitro-perclórica
(Sarruge & Haag, 1974), obtendo-se um extrato no qual foram efetuadas as
determinações analíticas dos teores de cálcio, magnésio, potássio, zinco, manganês
e ferro por espectrometria de absorção atômica e o fósforo, por colorimetria.

4.6 Fertilização.

As doses do fino de carvão vegetal foram aplicadas na projeção da copa


apenas uma vez, sete dias após o transplante das mudas para o campo. As doses
de cloreto de potássio também foram aplicadas na projeção da copa, porém
parceladas em duas vezes, sendo a primeira 10 dias após o transplante das mudas
para o campo e a segunda, no inicio da frutificação. As doses potássio foram
escolhidas segundo recomendação de Silva et al. (1999) que avaliaram o efeito de
28

três doses de cloreto de potássio e obtiveram como melhor produtividade 250 kg ha-1.
Esta dose representou a dosagem média entre os tratamentos com adubação
potássica.

4.7 Avaliação da produção

Esta avaliação foi realizada semanalmente, durante sete semanas, a partir de


15 de junho de 2005.
Foram manualmente colhidos e mensurados, apenas os frutos comerciáveis,
com comprimento superior a 15 cm (Antonini et al., 2002), colocados em sacolas
identificadas por cada planta e depois pesados.
Foram analisadas a produção em peso médio de frutos por planta, massa
média dos frutos, numero médio de frutos por planta, e a produtividade por hectare.

4.8 Análise econômica

A avaliação econômica foi realizada a partir da análise demonstrada na


seguinte planilha:

Tabela 2. Resumo da planilha para a analise econômica

Tratamento Custo (A) Receita bruta (B) Lucro (B-A)

1.......15

Onde:
Custo A = custo fixo + custo do tratamento individual
Custo fixo = implementação + capinas + pulverizações, irrigação etc.
Custo do tratamento individual = quantidade de carvão e de cloreto de
potássio por tratamento+ mão de obra para aplicação.
Receita bruta = produção por tratamento x preço por quilograma pago na
propriedade.
29

4.9 Procedimentos estatísticos

Os resultados foram digitados em planilha eletrônica, e analisados pelo


procedimento estatístico G.L.M. do programa S.A.S (S.A.S. Institute, 1999).
Inicialmente utilizou-se o teste F, e em seguida, havendo significância, os dados
foram submetidos a regressão polinomial (superfície de resposta), com o auxilio do
procedimento estatístico RSREG. Os gráficos foram obtidos com o auxilio do
programa Mathematica 5.2 (Wolfram Research, 2005).
30

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Fertilidade do Solo da Área Experimental

Os resultados das análises de amostras de solo da área experimental coletadas


nas profundidades de 0 – 20 cm e 20 – 40 cm antes da instalação do ensaio
constam na Tabela 3. Observa-se nesta, que em ambas as profundidades, os
valores de pH(H20) 5,83 e 5,63 respectivamente, são considerados médios segundo
Cochrane et al. (1985). Resultados semelhantes foram encontrados por Falcão &
Borges (2006), em experimento realizado na mesma área. Por outro lado, altos
teores de P disponível (Mehlich-1), estão acima do nível considerado alto conforme
os critérios publicados por Cochrane et al. (1985). Em estudos com Terra Preta,
outros autores também encontraram altos teores de P disponível (Mehlich-1), (Smith,
1980; Kern & Kämpf, 1989; Kern & Costa, 1997; Lima, 2001, Falcão & Borges, 2006;
Silva, 2006). Estes altos teores de P encontrados em Terra Preta é um indicador
químico de ação antrópica, já que a fonte primaria do P presente nas áreas foram os
resíduos domésticos incorporados aos solos pelas populações precolombianas,
principalmente restos de peixe, ossos de mamíferos e quelônios (Kern & Kämpf,
1989; Lima 2001).

Tabela 3. Algumas características químicas do solo da área experimental nas


profundidades de 0 – 20 cm e 20 – 40 cm, antes da instalação do
experimento, Iranduba – AM, Março de 2005.

Profundidade pH(H20) Ca++ Mg++ K+ P Fe Zn Mn

Cm H20 --------cmolc kg-1------- -----------------mg kg-1--------------

0-20 5,8 3,5 0,6 0,2 218 343 7,3 20,9

20-40 5,6 2,5 0,4 0,1 218 428 3,6 12,9

Análises realizadas no laboratório do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia –


INPA/CPCA – Manaus – AM.
31

Observa-se que na profundidade de 0 - 20 cm, os teores de Ca++, Mg++ e K+


foram mais altos do que na camada de 20 – 40 cm, os quais se assemelham aos
resultados relatados em trabalhos desenvolvidos por outros autores (Kern & Kämpf,
1989; Lima, 2001; Falcão & Borges, 2006). De acordo com os critérios de Cochrane
et al. (1985), tanto na camada superficial (0 - 20 cm) como na subsuperficial (20 - 40
cm), os teores de cálcio encontrados (3,48 e 2,50 cmolc kg-1) são considerados altos.
Estes altos teores de cálcio trocável encontrados, principalmente na camada
superficial, podem estar diretamente relacionados com a grande quantidade de
resíduos orgânicos que foram depositados nessas áreas ao longo de centenas de
anos (Kern, 2002). O alto teor de cálcio trocável tem sido utilizado para caracterizar
áreas de Terra Treta, considerando que mais de 75% dos solos que predominam na
Amazônia (Latossolos e Argissolos) não apresentam teores de Ca++ tão elevados
quanto os encontrados nesses solos de origem antrópica (Sombroek et al., 2002).
Os teores de Mg (0,58 e 0,42 cmolc kg-1) respectivamente em ambas as
profundidades analisadas, segundo os critérios de Cochrane et al. (1985), foram
considerados médios, o mesmo ocorrendo com o teor de K+ obtido na camada de 0
– 20 cm (0,19 cmolc kg-1), enquanto que, na profundidade de 20 – 40 cm o teor de
K+ observado (0,13 cmolc kg-1) é classificado como baixo. Valores semelhantes
foram encontrados por Kern & Kämpf (1989), Lima (2001), Falcão & Borges (2006) e
Silva (2006). Vários autores relatam que áreas de terra preta apresentam baixos
níveis de potássio (Sombroek et al., 2002; Falcão & Borges, 2006; Silva, 2006).
Falcão & Borges (2006) e Silva (2006) afirmam que, geralmente, existe um
grande desequilíbrio no balanço nutricional nos solos classificados como Terra Preta,
provocado pelos altos teores de P, Ca++, Mg++ e baixo teor de K+, sendo este último
elemento um fator limitante para um melhor aproveitamento destas áreas.
Com relação aos micronutrientes analisados, os teores de zinco e manganês
foram considerados satisfatórios em ambas as profundidades segundo os critérios
de Cochrane et al. (1985); porém, na camada superficial foram encontrados valores
mais altos.
O teor de ferro, em ambas as profundidades, está muito acima do
considerado alto (Cochrane et al., 1985).
32

5.2 Algumas características químicas do fino de carvão vegetal utilizado.

O fino de carvão utilizado foi adquirido na feira do carvão situado no bairro de


Educandos da cidade Manaus - AM, este material não tem valor comercial e os
comerciantes apenas cobram pelo saco que colocam o resíduo. Sendo assim, um
saco com mais ou menos 25 kg custa 50 centavos de real. Não foi possível saber de
que madeira se originou o material, nem a temperatura de carbonização, mas sabe-
se que esses dois fatores influem muito nas características químicas do material
carbonizado (Glaser et al., 2002). Porém o objetivo deste estudo foi utilizar o resíduo
da forma como ele é disponível, sem nenhuma seleção ou tratamento especial,
Na Tabela 4 encontram-se algumas características químicas do fino do
carvão utilizado no experimento.

Tabela 4. Algumas das características químicas do fino de carvão utilizado no


experimento, Iranduba – AM, Março de 2005
Material C N Ca Mg K P Zn Mn
---------------------------g kg-1---------------------------- -------mg kg-1------
Fino do
873 8,9 6,2 1,3 2,1 0,1 12 67
Carvão

Análises realizadas no laboratório do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia –


INPA/CPCA – Manaus – AM.

Nota-se na Tabela 4 que o teor de carbono encontrado no fino de carvão é


bastante elevado. Não obstante, em um experimento desenvolvido na Guiana
Francesa, Topoliantz et al. (2005), encontraram valores superiores a esses para C,
N, P, K e Ca.
O alto teor de carbono e sua alta estabilidade causada por sua estrutura
aromática, limita a ação dos microorganismos decompositores presentes no solo
(Swift et al., 1979; Seiler & Crutzen, 1980; Orjuela, 1989; Glaser et al., 1998;
Schmidt et al., 1999; Trompowsky et al., 2005) característica que pode ser usada no
seqüestro de carbono no solo, contribuindo para a diminuição do efeito estufa
(Glaser et al., 2002 Lehmann, 2006). Este argumento também reforça um novo
33

modelo de agricultura para os trópicos úmidos, chamado de agricultura de corte e


carbonização da biomassa, defendido por Glaser et al. (2002), Lehmann et al. (2002),
Steiner et al. (2004), Lehmann (2006). Atualmente, o corte e queima da floresta vem
sendo bastante utilizada, e está sendo muito criticada, principalmente pelas
emissões de dióxido de carbono e pela não sustentabilidade do sistema, onde é
necessário o abandono da área, após pousos anos de exploração (Fearnside, 2000).
Na Tabela 5 estão os valores dos nutrientes adicionados ao solo relacionados
com as doses do fino de carvão utilizadas neste experimento.
Relacionando as grandes quantidades aplicadas do fino de carvão 5 e 10
toneladas, verifica-se que são baixos os teores de nutrientes que foram incorporados
ao solo, discordando de Glaser et al. (2002) e Steiner et al. (2004), que afirmam que
o carvão, além de ser um bom condicionador físico e químico, também poder ser
considerado como uma boa fonte de nutrientes. Porém não foi levantado o tempo
que o resíduo ficou exposto aos intempéries do ambiente, já que este resíduo foi
coletado em plena época chuvosa em Manaus, e isso pode ter afetado a quantidade
de nutrientes contidos no resíduo, em especial o potássio, pois autores como Glaser
et al. (2002), Oguntude et al. (2004) e Steiner et al. (2004) comentam que as cinzas
contidas no fino do carvão são uma boa fonte de potássio, sendo assim, a chuva
pode ter contribuído com a lixiviação das cinzas e consequentemente do potássio,
antes da sua aplicação ao solo.

Tabela 5. Quantidades de nutrientes equivalentes às doses aplicadas do fino de


carvão utilizado no experimento, Iranduba – AM, Março de 2005
Fino do
C N Ca Mg K P Zn Mn
Carvão
Ton ha-1 -------------------------------kg ha-1--------------------------- ---------g ha-1-----

5 4366 44 31 6,5 10 0,8 60 335

10 8732 89 62 13 20 1,6 120 670


34

5.3 Efeito dos tratamentos em algumas características químicas do solo.

Nas Tabelas 6 e 7 são apresentados as fontes de variação, os valores dos


quadrados médios, resíduos, grau de liberdade (GL) e coeficientes de variação,
obtidos mediante análises da variância para os resultados analíticos das amostras
coletadas nas profundidades de 0 – 20 cm e 20 – 40 cm, respectivamente.
Na Tabela 6, na camada superficial do solo, observa-se que a adubação
potássica afetou os valores de pH(H20), o Mg++ e o K+, enquanto que a aplicação do
fino de carvão afetou apenas o teor de Mg++. Os demais parâmetros não foram
afetados pela adubação potássica nem tampouco pela aplicação do fino de carvão.
O pH(H20) teve comportamento de natureza quadrática com o aumento das doses de
cloreto de potássio (Figuras 5), indicando que existe uma dose máxima acima da
qual o pH(H20) diminui, a qual pode ser calculada por meio da equação obtida.
Quanto ao teor de Mg++ (Figura 6), o efeito das doses de KCl seguiu uma
tendência polinomial cúbica, onde existe um valor inicial que evolui até um máximo,
que tende a diminuir até outra determinada dose de onde o teor inicia outro
seguimento de ascensão com doses crescentes de KCl. Neste caso, o teor de Mg
aumenta ao máximo na dose de 125 kg ha-1 de KCl, a partir da qual há um
decréscimo do teor até o mínimo ao redor da dose com 400 kg ha-1 de KCl a partir
da qual se inicia novo processo de incremento do teor de Mg++.
Na Figura 7 nota-se o efeito quadrático invertido onde os teores de potássio
aumentam com as doses crescentes de KCl se pronunciando a partir da dose de 40
kg ha-1 de KCl até o final do ensaio.
Em relação ao uso do fino de carvão, este proporcionou reposta quadrática
negativa para o teor de magnésio (Figura 8). Ou seja, há uma pequena elevação no
teor de Mg ao redor da dose de 5 toneladas de carvão que em seguida se reduz a
medida que aumenta a quantidade do fino de carvão. Estes resultados estão, de
certa forma, coerentes com Lehmann et al. (2002) quando afirmam que a adição de
carvão em Latossolo Amarelo distrófico reduz os teores N e o de Mg e aumenta os
de P, Ca e dos micronutrientes Mn e Cu. Por outro lado, Topoliantz et al. (2005)
encontraram aumento na disponibilidade de Ca e Mg com o uso do carvão.
Oguntude et al. (2004) relataram um aumento significativo na disponibilidade de
potássio com a utilização de carvão vegetal, porém não ocorreu neste experimento.
35

Tabela 6. Valores dos quadrados médios das fontes de variação, grau de liberdade
(G.L.) e coeficientes de variação, obtidos mediante análises da variância
para os resultados analíticos das amostras de solo coletadas nas
profundidades de 0 – 20 cm, Iranduba – AM, Agosto de 2005.
Fontes
de G.L. pH(H20) Ca++ Mg++ K+ P Fe Zn Mn
variação

K 4 0,20** 0,93 0,03* 0,67** 16691 21 53 126

C 2 0,04 0,88 0,04* 0,002 53480 4 11 86

CxK 8 0,08 0,09 0,0038 0,03 14828 17 13 187

Bloco 3 1,05 3,14 0,04 0,078 68753 175 249 601

Resíduo 42 0,06 0,40 0,01 0,05 15706 21 25 166

C.V.(%) 4,1 26,1 36,9 67,7 41,1 22,2 39,2 22,0

K = doses de KCl, C= doses do fino de carvão, C.V. = coeficiente de variação,


* e ** níveis de significância de 5% e 1 %, respectivamente.
6,1

2
6 y = -5E-07x + 0,0009x + 5,6577
2
R = 0,9719
Valores de pH

5,9

5,8

5,7

5,6
0 100 200 300 400 500 600
Doses de KCl

Figura 5. Valores médios de pH(H2O) do solo na profundidade de 0 – 20 cm sob


doses de cloreto de potássio, Iranduba – AM, Agosto de 2005.
36

0,5

0,4
Teores de Mg++ (cmolc/kg)

0,3

0,2
3 2
y = 1E-08x - 1E-05x + 0,002x + 0,2749
2
R = 0,8442
0,1

0
0 100 200 300 400 500 600
Doses de KCl (kg/ha)

Figura 6. Valores médios de Mg++ do solo na profundidade de 0 – 20 cm sob doses


de cloreto de potássio, Iranduba – AM, Agosto de 2005.

0,8

0,6
Teores de K+ (cmolc/kg)

0,4

2
0,2 y = 2E-06x + 0,0004x + 0,1331
2
R = 0,9676

0
0 100 200 300 400 500 600
Doses de KCl (kg/ha)

Figura 7. Valores médios de K+ na profundidade de 0 – 20 cm sob doses de cloreto


de potássio, Iranduba – AM, Agosto de 2005.
37

0,5

0,4
Teores de Mg++ (cmolc/kg)

0,3

0,2

2
y = -0,002x + 0,012x + 0,34
2
0,1 R =1

0
0 2 4 6 8 10 12
Doses do Fino de Carvão (ton/ha)

Figura 8. Valores médios de Mg++ do solo na profundidade de 0 – 20 cm sob doses


do fino de carvão, Iranduba – AM, Agosto de 2005.

Quanto aos resultados obtidos na camada subsuperficial 20 – 40 cm, a


adubação potássica afetou apenas os teores dos macronutrientes e K+ e o teor do
micronutriente Mn (Tabela 7). Por outro lado, a aplicação do fino de carvão, não
apresentou significância nas variáveis estudadas.
Quanto ao teor de Mg++, observa-se na Figura 9 que o efeito das doses de
KCl seguiu uma tendência quadrática, com ponto de mínimo; isto é, o teor de Mg++
decresceu com o aumento da dose de KCl até um ponto mínimo na dose de 250 kg
ha-1 a partir da qual começou a aumentar até ao final.
Na Figura 10 nota-se que a resposta do teor de K+ à adubação potássica na
camada de 20 – 40 cm foi semelhante àquela ocorrida na superfície, sendo que o
efeito quadrático das doses crescentes de KCl nos teores de potássio se
pronunciaram a partir da dose de 125 kg ha-1 de KCl.
Quanto ao teor de manganês (Figura 11), o efeito das doses de KCl seguiu
uma tendência polinomial cúbica, onde o teor de Mn aumenta gradativamente até a
dose de 250 kg ha-1 de KCl quando tende a diminuir até a dose de 400 kg ha-1 de
38

KCl a partir da qual o teor inicia outro seguimento de ascensão com doses
crescentes de KCl.
Nota-se também nas Tabelas 6 e 7 altos valores dos coeficiente de variação
para as variáveis Ca e K trocável e para o P (Mehlich-1) disponível em ambas as
profundidades. Essas ocorrências podem ser justificáveis se considerado o histórico
de uso da área, pois antecedendo o experimento, a área experimental era explorada
por uma cultura de mamão (Carica papaia), que foi plantada e adubada apenas com
macronutrientes em covas, o que pode ter provocado grande variabilidade espacial
destes nutrientes.

Tabela 7. Valores dos quadrados médios das fontes de variação, grau de liberdade
(G.L.) coeficientes de variação, obtidos mediante análises da variância
para os resultados analíticos das amostras de solo coletadas nas
profundidades de 20 – 40 cm, Iranduba – AM, Agosto de 2005
Fontes
de G.L. pH(H20) Ca++ Mg++ K+ P Fé Zn Mn
variação
-----------------------------------Quadrado médio----------------------------------
K 4 0,05 0,31 0,02* 0,29** 8333 50,5 9,7 626,2**

C 2 0,14 0,58 0,02 0,01 21281 1,3 2,0 37,2

CxK 8 0,14 0,20 0,00 0,02 7540 18,9 0,7 65,6

Bloco 3 0,45 2,6 0,03 0,04 59337 168,3 198,5 644,9

Resíduo 42 0,05 0,26 0,01 0,02 14720 37,5 5,2 116,9

C.V. (%) 4,0 24,4 36,0 58,0 41,3 25,7 23,7 15,1

K = doses de KCl, C = doses do fino de carvão, C.V. = coeficiente de variação,


* e ** = níveis de significância de 5% e 1 %, respectivamente.
39

Teores de Mg++ (cmolc/kg) 0,4

0,3

0,2

2
y = 9E-07x - 0,0005x + 0,2966
2
R = 0,8231
0,1

0
0 100 200 300 400 500 600
Doses de KCl (Kg/ha)

Figura 9. Valores médios de Mg++ do solo na profundidade de 20 – 40 cm sob doses


de cloreto de potássio, Iranduba – AM, Agosto de 2005.

0,6

0,5 y = 2E-06x2 + 6E-06x + 0,1071


R2 = 0,9744
Teores de K+ (cmolc/kg)

0,4

0,3

0,2

0,1

0
0 100 200 300 400 500 600
Doses de KCl (kg/ha)

Figura 10. Valores médios de K+ do solo na profundidade de 20 – 40 cm


sob doses de cloreto de potássio, Iranduba – AM, Agosto de 2005.
40

90

80
Teores Mn (mg/kg)

3 2
70 y = 5E-07x - 0,0005x + 0,1595x + 59,686
R2 = 0,861

60

50
0 100 200 300 400 500 600
Doses de KCl (kg/ha)

Figura 11. Valores médios de Mn do solo na profundidade de 20 – 40 cm sob doses


de cloreto de potássio, Iranduba – AM, Agosto de 2005.

5.4 Efeito dos tratamentos no estado nutricional das plantas

A análise foliar na cultura de berinjela é uma importante ferramenta no auxílio


à interpretação do estado nutricional da planta, visando à avaliação e correção da
fertilidade do solo para o melhor aproveitamento do potencial produtivo da cultura.
Na Tabela 8 é apresentado o resumo da análise de variância dos resultados
analíticos das amostras de folhas de berinjela onde constam os valores dos
quadrados médios, resíduos, grau de liberdade (G.L.) e coeficientes de variação
(C.V.). Observa-se nessa Tabela que a adubação potássica melhorou os valores de
Ca, Mg, K, Zn e Mn, enquanto que aplicação do fino de carvão, a exemplo do efeito
sobre as características do solo, afetou apenas os teores de Ca e Mg. Os demais
parâmetros não foram afetados pela adubação potássica nem pela aplicação do fino
de carvão. Não obstante, houve interação entre a adubação potássica e aplicação
do fino de carvão referente aos teores de Mg, K e P.
41

O teor de Cálcio teve comportamento de natureza quadrática com o aumento


das doses de cloreto de potássio (Figuras 12), indicando que existe uma dose
máxima de 250 kg ha-1 de KCl onde a planta assimila o máximo do cálcio disponível
do solo e logo se inicia a redução do teor deste elemento na folha à medida que
aumenta a dose de KCl. Ou seja, nesse ponto, a relação ( K+/Ca++ ) da solução do
solo estaria em equilíbrio, a partir do qual, com o aumento da disponibilidade do
potássio, este passaria a exercer efeito antagônico com o cálcio em nível de inibir a
sua absorção pela planta. Comportamento similar ocorreu com o teor de Mg (Figura
13) sendo que, embora tenha respondido a uma dose máxima de 200 kg ha-1 de KCl,
apresentou menor coeficiente. Isto é, resposta mais lenta, tanto no seguimento de
ascensão quanto de decréscimo dos teores.
Na Figura 14 está representado o efeito das doses de KCl sobre o teor de K
na folha que seguiu uma tendência polinomial cúbica, onde existe um valor inicial
que evoluiu até um máximo o qual permaneceu inalterado até outra determinada
dose de onde o teor iniciou outro seguimento de ascensão com doses crescentes de
KCl. Neste caso, no primeiro seguimento da curva o teor de K aumentou da dose
inicial até a dose de 125 kg ha-1 de KCl permanecendo sem resposta até a dose de
350 kg ha-1 de KCl, a partir da qual se inicia novo processo de ascensão do teor de
potássio.
Quanto ao teor de Zn (Figura 15), o efeito das doses de KCl também seguiu
uma tendência polinomial cúbica, onde se inicia com uma pequena resposta
negativa até a dose de 40 kg ha-1 de KCl quando o teor evolui até um máximo na
dose de 400 kg ha-1 de KCl de onde iniciou outro seguimento de redução com doses
crescentes de KCl.
Observa-se na Figura 16 que o efeito das doses de KCl sobre o teor foliar de
Mn seguiu uma tendência polinomial quadrática negativa, onde inicialmente há uma
redução do teor de Mn com as doses crescentes de KCl até 250 kg ha-1 de onde o
teor inicia outro seguimento de ascensão.
Em relação ao uso do fino de carvão, este proporcionou resposta linear
negativa nos teores foliares de magnésio (Figura 17) e de Ca (Figura 18). Ou seja,
as respostas dos teores foliares de Mg e Ca foram inversamente proporcionais à
adição de carvão. Isto é, à medida que aumentou a quantidade do fino de carvão no
solo, os teores de magnésio e cálcio na folha diminuíram na mesma proporção.
42

Tabela 8. Valores dos quadrados médios, grau de liberdade (G.L.) das fontes de
variação e coeficientes de variação, obtidos mediante análises da
variância para os resultados de teores de nutrientes nas folhas de
berinjela, Iranduba – AM, Agosto de 2005.
Fontes
de G.L. Ca++ Mg++ K+ P Fe Zn Mn
Variação
-----------------------------------Quadrado médio---------------------------------

K 4 337* 4,46** 68,9** 0,94 153198 2390** 5931*

C 2 152 4,69** 8,3 4,50 5053 733 127

CxK 8 105 2,88** 20,7** 5,76* 6539 476 1715

Bloco 3 187 0,50 37,2 15,51 4169 859 24450

Resíduo 42 49 0,58 6,1 2,44 6373 337 2006

C.V(%). 8,4 9,02 5,6 16,94 19,1 25,0 29,4

K = doses de KCl, C= doses do fino de carvão, C.V. = coeficiente de variação


* e ** - níveis de significância de 5% e 1 %, respectivamente.
95

90 y = -0,0002x2 + 0,0762x + 78,93


R2 = 0,735
Teores de Ca (g/kg)

85

80

75
0 100 200 300 400 500 600
Doses de KCl (Kg/ha)

Figura 12. Valores médios dos teores de Ca contidos na folha de berinjela sob doses
de cloreto de potássio, Iranduba – AM, Agosto de 2005.
43

10

y = -2E-05x2 + 0,0063x + 8,3991


9 R2 = 0,9959
Teores de Mg (g/kg)

6
0 100 200 300 400 500 600
Doses de KCl (Kg/ha)

Figura 13. Valores médios dos teores de Mg contidos na folha de berinjela sob
doses de cloreto de potássio, Iranduba – AM, Agosto de 2005.

50

48
3 2
y = 2E-07x - 0,0002x + 0,0472x + 40,347
R2 = 0,9871
Teores de K (g/kg)

46

44

42

40
0 100 200 300 400 500 600
Doses de KCl (kg/ha)

Figura 14. Valores médios dos teores de K contidos na folha de berinjela sob
doses de cloreto de potássio, Iranduba – AM, Agosto de 2005.
44

Teores de Zn (mg/kg) 100

80

3 2
y = -1E-06x + 0,0006x + 0,0088x + 56,821
60 2
R = 0,7521

40
0 100 200 300 400 500 600
Doses de KCl (kg/ha)

Figura 15. Valores médios dos teores de Zn contidos na folha de berinjela sob
doses de cloreto de potássio, Iranduba – AM, Agosto de 2005.

240

180
Teores de Mn (mg/kg)

120

60
y = 0,0005x2 - 0,3275x + 185,13
R2 = 0,8334

0
0 100 200 300 400 500 600
Doses de KCl (kg/ha)

Figura 16. Valores médios dos teores de Mn contidos na folha de berinjela sob
doses de cloreto de potássio, Iranduba – AM, Agosto de 2005.
45

10

9,8

9,6
Teores de Mg (g/kg)

9,4

9,2

8,8 y = -0,087x + 9,6483


2
R = 0,8349

8,6
0 2 4 6 8 10 12
Doses do Fino de Carvão (ton/ha)

Figura 17. Valores médios dos teores de Mg contidos na folha de berinjela sob
doses de fino de carvão, Iranduba – AM, Agosto de 2005.

90

88
Teores ca (g/kg)

86

y = -0,516x + 86,01
R2 = 0,8723
84

82

80
0 2 4 6 8 10 12
Doses do Fino de Carvão (ton/ha)

Figura 18. Valores médios dos teores de Ca contidos na folha de berinjela sob
doses de fino de carvão, Iranduba – AM, Agosto de 2005.
46

Os efeitos da interação entre doses de KCl e doses do fino de carvão sobre


os teores de Ca, Mg e P na folha são também demonstrados nos gráficos das
Figuras 19, 20 e 21, respectivamente. Observa-se na Figura 19 que a resposta ao
teor de fósforo na folha foi inversamente proporcional à quantidade de fino de carvão
aplicada, o mesmo ocorrendo com o efeito do carvão sobre o teor de P nas doses
crescentes de KCl. Isso significa existir certo antagonismo entre a adubação
potássica e aplicação de fino carvão causando desequilíbrio entre nutrientes na
solução do solo em nível de inibir a absorção do P pela planta. Para os nutrientes Ca
e Mg, os maiores valores foram encontrados na ausência carvão, enquanto os
menores foram obtidos com a maior dose desse insumo (Figuras 20 e 21). Um dos
fatores que podem ter influenciado nestes resultados é o fato de ser a Terra Preta
muito rica em material orgânico carbonizado. Com a adição de carvão, este pode ter
se tornado em excesso provocando desequilíbrio entre os nutrientes do solo. Este
fenômeno sugere que as relações ( Ca / K ), ( Mg / K ) e ( K / P ) na planta merecem
ser mais bem investigadas no futuro e correlacionadas com o rendimento e a
qualidade de frutos de berinjela produzidos.

10.5

Teores de P HgêkgL
10 10

9.5
8
9

8.5 6

Doses de Carvão Hton êhaL


0

200

Doses de KCl Hkgêha L


2

400

y=9.021 − 0.102 c + 0.0134 c + 0.00269 k − 0.000475 c k + 6.97 × 10−7 k2


2

c= fino de carvão
k= cloreto de potássio

Figura 19. Superfície de resposta da interação de doses de KCl e doses do fino


de carvão sobre o teor de P na planta de berinjela, Iranduba – AM, agosto de
2005.
47

Teores de Ca Hg êkgL
90
10
85

80 8

Doses de Carvão Hton êha L


75 6
0
4

Doses de KCl Hkg êha L


200
2
400
0

y=79.73 − 0.7282 c + 0.0682 c2 + 0.085622 k − 0.0019 c k − 0.00015 k2


c= fino de carvão
k= cloreto de potássio

Figura 20. Superfície de resposta da interação de doses de KCl e doses do fino


de carvão sobre o teor de Ca na planta de berinjela, Iranduba – AM, agosto de
2005.

Teores de Mg Hgêkg L 9 10

8 8

Doses de Carvão Hton êha L


6
0
4

Dosess de KCl Hkg êha L


200
2
400
0

y= 9.37 − 0.3271 c + 0.0161 c2 + 0.0047 k + 0.00032 c k − 0.000016 k2


c= fino de carvão
k= cloreto de potássio

Figura 21. Superfície de resposta da interação de doses de KCl e doses do fino


de carvão sobre o teor de Mg na planta de berinjela, Iranduba – AM, agosto de
2005.
48

5.5 Efeito dos tratamentos sobre a produtividade da berinjela.

Na Tabela 9 é apresentado o resumo dos valores da análise de variância dos


dados de produtividade de frutos da berinjela, onde se observa que a produtividade
de frutos ( ton ha-1 ), a produção por planta (kg planta-1) e o números de frutos por
planta tiveram resposta altamente significativa à adubação potássica.
Embora a aplicação de fino de carvão não tenha influenciado diretamente nos
parâmetros de produtividade, apresentou interação com a adubação potássica
referente às variáveis “produtividade” e “produção de frutos por planta”.
Estima-se que aproximadamente 91% das variações devidas ao efeito do KCl
na produtividade da berinjela são explicadas pelo modelo mostrado na Figura 22 que
teve comportamento de natureza quadrática com o aumento das doses de KCl. Isso
indica que existe uma dose máxima de KCl, e que a aplicação acima da dose
máxima o rendimento é prejudicado. As variáveis “produção de frutos por planta” e
“número de frutos por planta” também foram afetados semelhantemente à
produtividade (Figuras 23 e 24) o que era esperado por serem componentes da
produtividade total.
Derivando a equação da curva de resposta (Figura 22), verificou-se que a
equação de produção é crescente até a dose de 301 kg ha-1. Portanto o ponto
máximo de produção ocorreu quando a dose de KCl foi de 301 kg ha-1, a partir do
qual a produção decresceu, sendo assim, doses de KCl superiores a 301 kg ha-1
pode desequilibrar a solução do solo a ponto de inibir a absorção de outros
elementos ou ultrapassar o limite de toxidade da planta de berinjela, levando a
queda de produção. Zehler et al. (1986), afirmam que todas as hortaliças de frutos
são clorófobas, e que a queda de produção induzida pelo cloro, verifica-se como
regra geral e que pode ter origem da adubação com KCl.
A produtividade média nacional estimada de 25 toneladas por hectare por
Ribeiro et al. (1998) foi alcançada neste experimento, segundo o modelo
representado na Figura 22 com a dose de 140 kg ha-1 de cloreto de potássio, que
equivale a 84 kg ha-1 do elemento K+.
Na Tabela 10 estão apresentados os resultados das médias de
produtividades de berinjela, onde se observa que as produtividades variaram de
13,57 a 30,78 ton ha-1. Estes resultados se aproximam daqueles obtidos por Castro
et al. (2004), que testando a berinjela sob vários tipos de manejo como cultura
49

solteira, em consócio e com adubação verde, observaram uma variação de


produtividade entre 15,2 a 26,9 ton ha-1. Ainda na Tabela 10, nota-se que a massa
média de frutos apresentou um intervalo que variou de 286 g a 312 g, enquanto o
menor número de frutos por planta foi 7 e o maior 16 frutos por planta. Exceto o
tratamento controle (0 - 0), que apresentou baixo rendimento em todas as variáveis
analisadas, todos os outros tratamentos estiveram próximos a valores encontrados
por Antonini et al. (2002), que testaram a capacidade produtiva de diferentes
híbridos e cultivares de berinjela, onde a cultivar Ciça obteve 12 frutos por planta,
com a massa média de 288 g.
Analisando o efeito da interação do carvão e da adubação potássica (figuras
25 e 26), observa-se que apenas 5 ton ha-1 de carvão sem a adubação potássica foi
capaz de aumentar consideravelmente a produtividade chegando a
aproximadamente 100% de aumento quando comparada com o tratamento controle
(0 – 0). Resultados positivos com a utilização do carvão incorporado ao solo também
foram encontrados por Lehmann et al. (2002) que observaram aumento de 17% na
produção de biomassa de arroz com o uso de carvão, o que atribuíram ao efeito
positivo do carvão na disponibilidade de P, K. Oguntunde et al. (2004) também
observaram significante aumento de produtividade da cultura do milho. Da mesma
forma, Topoliantz et al. (2005), em trabalho desenvolvido com feijão de corda (Vigna
unguiculata sesquipedalis) em solo de baixa fertilidade natural obteve significante
aumento de produtividade com a aplicação de carvão misturado com raspa de
mandioca.
Observa-se ainda nas Figuras 25 e 26, um efeito de sinergismo entre o
carvão e o KCl, antecipando o pico de produção ao combinar a dose de 10 ton ha-1
de carvão com a dose de 250 kg ha-1 de KCl. Num experimento de longa duração
com a cultura de arroz utilizando fertilizantes químicos, carvão e suas combinações,
Steiner et al. (2006) observaram que a produtividade das parcelas com a mistura de
fertilizantes com carvão era sempre maior do que o dobro da obtida com o
fertilizante químico isolado. Este efeito que o carvão combinado com fertilizantes
químicos ou orgânicos aumenta a eficiência de aplicação, foi comentado por Glaser
et al. (2002), Sombroek et al. (2002), Steiner et al. (2004), e confirmados por
Lehmann et al (2003), Oguntude et al. (2004) e Steiner et al. (2006).
50

Tabela 9. Valores dos quadrados médios, grau de liberdade (G.L.) das fontes de
variação e coeficientes de variação, obtidos mediante análises da
variância para os resultados de produtividade de frutos de berinjela,
Iranduba – AM, Agosto de 2005
Numero de
Fontes de Produção por Massa media
G.L. Produtividade frutos por
variação planta dos frutos
planta

-------------------------------Quadrado médio------------------------------

K 4 156** 4,02** 16 43,7**

C 2 25 0,66 845 10,4

CxK 8 43* 1,11* 430 9,2

Bloco 3 387 9,92 3243 68,2

Resíduo 42 803 20,59 17885 5,4

C.V. (%) 17,8 17,8 6,8 18,0

K = doses de KCl, C= doses do fino de carvão, C.V. = coeficiente de variação


* e ** = níveis de significância de 5% e 1 %, respectivamente.
31

29

27
Produtividade (ton/ha)

25

23

21 y = -9E-05x2 + 0,0573x + 18,895


R2 = 0,9087
19

17

15
0 100 200 300 400 500 600
Doses de KCl (kg/ha)

Figura 22. Valores médios de produtividade de frutos de berinjela sob doses de


cloreto de potássio, Iranduba – AM, Agosto de 2005.
51

4,5
Produção por planta (kg)

2
3,5 y = -1E-05x + 0,0091x + 3,0283
2
R = 0,908

2,5
0 100 200 300 400 500 600
Doses de KCl (kg/ha)

Figura 23. Valores médios de produção de frutos por planta de berinjela sob
doses de cloreto de potássio, Iranduba – AM, Agosto de 2005.

16,00

15,00
Numero de frutos por planta

14,00

13,00

12,00

11,00 y = -5E-05x2 + 0,0301x + 9,9957


R2 = 0,9007
10,00

9,00

8,00
0 100 200 300 400 500 600
Doses de KCl (kg/ha)

Figura 24. Valores médios de número de frutos por planta de berinjela sob doses de
cloreto de potássio, Iranduba – AM, Agosto de 2005.
52

Tabela 10. Valores médios de produtividade, produção de frutos por planta, massa
de frutos e número de frutos por planta de berinjela sob doses de cloreto
de potássio e do fino de carvão, Iranduba – AM, Agosto de 2005.
Doses Doses Produção por Massa média Numero de
Produtividade
KCl Carvão planta dos frutos frutos por planta

kg ha-1 ton ha-1 ton ha-1 Kg g unidade

0 0 13,57 2,17 307,83 7

0 5 23,14 3,71 292,89 13

0 10 21,85 3,50 308,37 11

125 0 20,64 3,30 302,26 11

125 5 25,08 4,01 311,35 13

125 10 23,03 3,68 287,43 12

250 0 27,77 4,44 302,79 14

250 5 27,54 4,41 298,20 15

250 10 30,53 4,88 305,78 16

375 0 30,78 4,92 312,29 16

375 5 27,83 4,45 300,14 15

375 10 23,32 3,73 286,57 13

500 0 24,37 3,90 312,20 12

500 5 24,74 3,96 310,75 13

500 10 22,87 3,66 284,91 13


53

35

30
Produção (ton/ha)

25

20

sem carvao
15
5 ton/ha
10 ton/ha

10
0 100 200 300 400 500 600
Doses de KCl (kg/ha)

Figura 25. Efeito de doses de KCl dentro de doses de fino de carvão sobre a
produtividade de frutos de berinjela, Iranduba – AM, agosto/ 2005.

Produtividade Htonêha L
25 10

20 8

Doses de Carvão Hton êhaL


15 6
0
4
200

oses de KCl Hkgêha L


2
Doses
400
0

y= 14.9 + 1.3963 c − 0.0719 c + 0.069 k − 0.0023 c k − 0.000093 k2


2
c= fino de carvão
k= cloreto de potássio
Figura 26. Superfície de resposta da interação de doses de KCl dentro de doses
de fino de carvão sobre a produtividade de frutos de berinjela, Iranduba – AM,
Agosto de 2005.
54

5.6 Análise Econômica

Na Tabela 11 encontra-se a análise econômica do cultivo da berinjela


submetido a doses de KCl e do fino de carvão. Os cálculos da análise econômica,
foram efetuados baseados no custeio total regional que incluem insumos e serviços
em comum em todos os tratamentos, mais o valor gasto com KCl e com o fino de
carvão e também a mão-de-obra para transporte aplicação dos adubos e preço
médio de venda da produção de frutos pago ao produtor em sua propriedade. Na
Tabela 16 encontra-se a planilha detalhada da análise econômica.
Verifica-se ainda na Tabela 11, que embora todos os tratamentos tenham
dado retorno financeiro positivo, o tratamento de número 10 onde foi usada a dose
de 375 kg ha-1 de KCl na ausência de carvão, resultou no maior retorno financeiro
com Relação Beneficio/Custo de 5,79. Isso significa que para cada unidade de Real
aplicado no custeio da cultura da berinjela há um retorno de 5,79 reais. O tratamento
9 no qual se utilizou 250 kg ha-1 de KCl adicionado de 10 toneladas de carvão teve
Relação Benefício/Custo de 5,69, bem próximo do tratamento anterior; no caso
pode-se considerar a diferença insignificante. Nota-se também, que
coincidentemente estes tratamentos apresentaram as maiores produtividades (30,53
e 30,78 toneladas por hectare, respectivamente). Esses resultados proporcionam a
oportunidade que terá o produtor de escolher o tipo de adubação a usar,
dependendo principalmente da disponibilidade do KCL ou fino de carvão, assim
como da mão-de-obra, pois o tratamento 9 requer mais mão-de-obra do que o
tratamento 10. Estes resultados vêm evidenciar a importância de se fazer uma
adubação balanceada, criteriosa e embasada cientificamente, pois a aplicação de
quantidades excessivas de fertilizantes no solo acima daquela que a cultura é capaz
de absorver durante o seu ciclo, pode causar prejuízos econômicos e ecológicos.
55

Tabela 11. Análise econômica por hectare do cultivo de berinjela submetido a doses
de cloreto de potássio e de fino de carvão, Iranduba – AM, agosto de
2005.

Trat Doses Doses Produção Custeio Receita Lucro Relação

de KCl de Carvão de frutos Beneficio/

kg ton ton R$ R$ R$ Custo

1 0 0 13,58 4.867,00 13.575,00 8.708,00 2,79

2 0 5 23,17 4.967,00 23.167,50 18.200,50 4,66

3 0 10 21,86 5.067,00 21.855,00 16.788,00 4,31

4 125 0 20,64 5.017,00 20.642,50 15.625,50 4,11

5 125 5 25,08 5.117,00 25.077,50 19.960,50 4,90

6 125 10 23,03 5.217,00 23.027,50 17.810,50 4,41

7 250 0 27,77 5.167,00 27.772,50 22.605,50 5,37

8 250 5 27,54 5.267,00 27.540,00 22.273,00 5,23

9 250 10 30,53 5.367,00 30.527,50 25.160,50 5,69

10 375 0 30,78 5.317,00 30.782,50 25.465,50 5,79

11 375 5 27,83 5.417,00 27.832,50 22.415,50 5,14

12 375 10 23,32 5.517,00 23.320,00 17.803,00 4,23

13 500 0 24,38 5.467,00 24.375,00 18.908,00 4,46

14 500 5 24,75 5.567,00 24.745,00 19.178,00 4,44

15 500 10 22,87 5.667,00 22.872,50 17.205,50 4,04


56

6. CONCLUSÕES

Com base nas condições e nos resultados do estudo pode-se concluir que:

9 De forma isolada, as doses de potássio alteraram o pH e os teores de


potássio, magnésio e manganês do solo. Sendo que, na camada
superficial 0 – 20 cm o pH e o teor de potássio tiveram efeito de forma
quadrática e o de magnésio cúbica. Na subsuperfície 20 – 40 cm o teor
de potássio seguiu a mesma tendência anterior, no entanto, o magnésio
teve efeito quadrático negativo enquanto o manganês seguiu tendência
cúbica.
9 O carvão isolado, teve influência na superfície reduzindo o teor de
magnésio no solo com tendência quadrática e conseqüente influência
linear negativa nos teores de cálcio e magnésio nas folhas.
9 A adubação potássica aumentou os teores foliares de cálcio, magnésio e
potássio e reduziu os de zinco e de manganês.
9 As concentrações foliares de magnésio, potássio e fósforo tiveram efeito
significativo da interação entre a adubação potássica e aplicação de
carvão, o que indica que a combinação desses dois insumos tem grande
importância para absorção de Mg, K e P pela planta.
9 Tanto a produtividade como a produção de frutos por planta e o número
de frutos por planta tiveram resposta de natureza quadrática altamente
significativa à adubação potássica, onde a produtividade é crescente até a
dose de 301 kg/ha de KCl.
9 A aplicação de fino de carvão apresentou interação significativa com a
adubação patássica referente as variáveis “produtividade” e “produção de
frutos por planta”, inclusive com alguns efeitos de sinergismo.
9 Foram obtidos os melhores retornos financeiros aplicados no custeio da
cultura com a adubação potássica isolada de 375kg ha-1 de KCl (Relação
Benefício/Custo = 5,79) e com a combinação de 250 kg de KCl ha-1
adicionada de 10 ton ha-1 de fino de carvão (Relação Benefício/Custo =
5,69).
57

7. ANEXOS

Tabela 12. Influência dos níveis de cloreto de potássio e do fino de carvão, sobre
algumas características químicas do solo na profundidade de 0 - 20 cm,
Iranduba – AM, Agosto de 2005.
Doses Doses
pH(H2O) Ca++ Mg++ K+ P Fe Zn Mn
de de

KCl Carvão

Kg/ha Ton/ha -----cmolc kg-1 ---- ----------------mg/kg-1-----------------

0 0 5,63 2,19 0,31 0,13 223,09 21,95 9,93 75,90

0 5 5,71 2,39 0,32 0,12 326,82 19,30 10,58 51,25

0 10 5,62 1,94 0,22 0,13 258,08 20,53 10,25 63,00

125 0 5,51 2,41 0,39 0,17 294,66 22,15 11,13 49,00

125 5 5,94 2,82 0,38 0,21 297,14 16,60 12,60 56,00

125 10 5,86 2,46 0,33 0,30 290,74 19,13 12,10 59,00

250 0 5,70 2,87 0,39 0,29 236,21 20,05 20,28 54,00

250 5 5,97 3,01 0,39 0,48 331,53 21,18 12,73 60,75

250 10 5,94 2,50 0,32 0,34 363,24 18,83 15,08 59,75

375 0 6,00 2,38 0,29 0,51 349,34 22,05 13,65 54,00

375 5 5,83 2,33 0,30 0,44 260,27 23,50 13,13 55,50

375 10 5,84 1,72 0,16 0,35 241,68 20,00 12,43 61,25

500 0 6,13 2,52 0,31 0,86 430,75 20,83 13,70 57,75

500 5 5,97 2,65 0,40 0,66 383,55 21,93 13,25 60,00

500 10 5,91 2,48 0,31 0,73 283,08 24,93 12,08 61,00


58

Tabela 13. Influência dos níveis de cloreto de potássio e fino do carvão, sobre
algumas características químicas do solo na profundidade de 20 - 40
cm, Iranduba – AM, Agosto de 2005.
Doses Doses
pH(H2O) Ca++ Mg++ K+ P Fe Zn Mn
de de

KCl Carvão

Kg/ha Ton/ha -------cmolc kg-1--- -------------------mg kg-1----------------

0 0 5,63 1,81 0,17 0,11 240,90 23,30 7,95 63,75

0 5 5,75 2,40 0,24 0,09 289,02 21,55 8,78 57,25

0 10 5,44 1,46 0,15 0,09 259,96 24,60 7,63 60,00

125 0 5,60 2,40 0,29 0,11 357,30 19,63 10,03 64,75

125 5 5,94 2,39 0,36 0,21 276,52 21,10 10,48 74,25

125 10 5,65 2,02 0,22 0,20 255,74 22,90 9,13 71,50

250 0 5,59 2,25 0,30 0,17 322,94 26,70 10,53 78,00

250 5 5,88 2,47 0,29 0,26 228,40 22,85 9,73 82,00

250 10 5,76 2,02 0,25 0,17 266,83 20,18 9,78 79,00

375 0 5,69 2,00 0,23 0,31 313,25 25,78 10,45 76,50

375 5 5,64 1,95 0,22 0,30 350,88 26,15 10,40 70,50

375 10 5,79 2,04 0,23 0,31 254,65 23,45 10,53 69,00

500 0 6,09 1,94 0,23 0,64 408,57 25,25 10,35 75,75

500 5 5,75 2,22 0,29 0,47 295,42 27,55 9,98 79,75

500 10 5,48 2,18 0,25 0,38 283,08 26,90 9,50 70,75


59

Tabela 14. Influência dos níveis de cloreto de potássio e fino do carvão, sobre os
teores de nutrientes nas folhas de berinjela, Iranduba – AM, Agosto de
2005.
Doses Doses
Ca Mg K P Fe Zn Mn
de de
KCl Carvão
Kg/ha Ton/ha -----------------g kg-1----------------- -------------mg kg-1-----------

0 0 80,01 9,58 42,54 9,65 423,50 68,50 203,10

0 5 77,88 8,62 40,54 9,18 434,00 58,00 170,00

0 10 82,26 7,02 37,78 8,36 358,00 49,00 195,00

125 0 80,91 8,87 44,48 7,86 424,83 57,17 125,83

125 5 84,26 9,35 44,35 9,65 369,33 44,47 146,67

125 10 82,47 8,53 43,93 9,59 325,33 73,33 164,67

250 0 98,68 9,45 41,83 10,42 491,33 86,67 148,00

250 5 92,54 8,69 43,53 8,67 440,00 86,67 138,67

250 10 84,88 8,86 47,54 9,46 409,00 95,00 103,33

375 0 90,66 8,51 44,11 9,07 418,00 86,67 150,00

375 5 85,39 8,35 45,85 9,58 472,00 78,00 160,00

375 10 76,48 8,40 42,62 8,20 486,00 78,00 138,00

500 0 82,66 8,60 49,23 11,81 368,00 99,33 122,00

500 5 71,42 5,86 47,32 7,89 411,00 71,00 158,00

500 10 81,02 7,95 44,45 8,86 410,00 67,33 154,67


60

Tabela 15. Análise econômica detalhada para o cultivo de um hectare de berinjela


em Latossolo Amarelo Antrópico, submetida a doses de cloreto de
potássio e do fino de carvão, Iranduba – AM, Agosto de 2005.
Doses Doses Lucro
T De de P B KCl C TK TC CF CMA CTR RB (RB-
KCl Carvão CT)

kg ton ton ------R$----- -----------------------------R$ ha-1 ---------------------------

1 0 0 13,58 1 1,2 20 0 0 4.867 0 4.867 13.575 8.708


2 0 5 23,17 1 1,2 20 0 100 4.867 100 4.967 23.168 18.201
3 0 10 21,86 1 1,2 20 0 200 4.867 200 5.067 21.855 16.788
4 125 0 20,64 1 1,2 20 150 0 4.867 50 5.017 20.643 15.626
5 125 5 25,08 1 1,2 20 150 100 4.867 150 5.117 25.078 19.961
6 125 10 23,03 1 1,2 20 150 200 4.867 250 5.217 23.028 17.811
7 250 0 27,77 1 1,2 20 300 0 4.867 50 5.167 27.773 22.606
8 250 5 27,54 1 1,2 20 300 100 4.867 150 5.267 27.540 22.273
9 250 10 30,53 1 1,2 20 300 200 4.867 250 5.367 30.528 25.161
10 375 0 30,78 1 1,2 20 450 0 4.867 50 5.317 30.783 25.466
11 375 5 27,83 1 1,2 20 450 100 4.867 150 5.417 27.833 22.416
12 375 10 23,32 1 1,2 20 450 200 4.867 250 5.517 23.320 17.803
13 500 0 24,38 1 1,2 20 600 0 4.867 50 5.467 24.375 18.908
14 500 5 24,75 1 1,2 20 600 100 4.867 150 5.567 24.745 19.178
15 500 10 22,87 1 1,2 20 600 200 4.867 250 5.667 22.873 17.206

T = tratamento;
B = preço por quilograma de berinjela pago na propriedade ao produtor;
P = Produção de berinjela por hectare;
KCl = preço por kilograma de KCl;
C = preço por tonelada do fino de carvão;
TK = total gasto com KCl por hectare;
TC = total gasto com fino de carvão por hectare;
CF = Custo fixo regional;
CMA = Custo de Mão-de-obra para aplicação dos tratamentos;
CTR = Custo total regional;
RB = Receita bruta.
61

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