Inteligência e Suas Múltiplas Concepções

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Avaliao Psicolgica, 2009, 8(1), pp.

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INTELIGNCIA E SUAS MLTIPLAS CONCEPES NA BUSCA POR


MEDIDAS E DEFINIO
Diego Vincius da Silva1 Universidade So Francisco
Candeias, A.; Almeida, L.; Roazzi, A.; Primi, R. (orgs) (2008). Inteligncia: definio e medida na confluncia
de mltiplas concepes. So Paulo: Casa do Psiclogo, 427p.
1

O livro Inteligncia: definio e medida


na confluncia de mltiplas concepes foi
organizado com o objetivo de explorar diversas
questes que esto presentes no debate sobre a
conceituao e definio do construto inteligncia.
Os organizadores Adelinda Arajo Candeias,
doutora em Psicologia pela Universidade de vora,
Leandro S. Almeida, doutor em Psicologia pela
Universidade do Porto, Antonio Roazzi, doutor em
Psicologia do Desenvolvimento na Universidade de
Oxford e Ricardo Primi, doutor em Psicologia
Escolar e do Desenvolvimento Humano pela
Universidade de So Paulo, reuniram uma srie de
autores dos pases Brasil, Portugal e Espanha que
esto interessados nesse construto em suas
diferentes formas de compreenso, desde aqueles
que tomam posicionamentos mais tradicionais at
aqueles que tm posicionamentos mais atuais,
estudos laboratoriais e outros com aplicao prtica.
O prefcio escrito pelos prprios
organizadores que apresentam os contedos
explorados em cada captulo do livro. Eles
consideram que a inteligncia um dos construtos
mais estudados pela psicologia, sendo que ela se
configura como uma das reas cientficas que mais
produz e aplica esse construto na esfera social. Uma
questo principal que os autores apresentam no
prefcio se torna pertinente a sua transcrio a
seguinte se este construto reflete mais uma aptido
ou trao interno associado s propriedades
biolgicas dos indivduos ou se , sobretudo,
expresso de um comportamento social e
aprendido, fortemente marcado pelos contextos de
vida dos sujeitos. Para responder essa questo o
livro aponta desenvolvimentos na concepo da
inteligncia, a situa como estando no meio dos dois
plos apresentados na questo acima, e diz que ela
pode ser concebida como uma capacidade
dinmica.
No captulo 1, denominado O que nos
torna uma espcie inteligente? A inteligncia em
1
Contato:
[email protected]

uma perspectiva epistemolgica, os autores


Antonio Roazzi, David P. OBrien, Bruno C. de
Souza, Maria da Graa B. B. Dias e Maira Roazzi
realizam um raciocnio epistemolgico sobre a
inteligncia humana, apresentando uma perspectiva
histrica acerca da busca de conceituao desse
construto. Nesse captulo se reflete sobre a
inteligncia alm dos limites marcados pela
psicometria, focada na deteco das diferenas
entre as pessoas no sentido de quantidades ou tipos
de inteligncias, e traz as contribuies de carter
epistemolgico de Piaget sobre desenvolvimento
cognitivo.
No capitulo 2, Construto e medida da
inteligncia: contributos da abordagem fatorial,
Leandro Almeida, Adelina Guisande, Ricardo Primi
e Aristides Ferreira trazem uma perspectiva
histrica
da
abordagem psicomtrica
da
inteligncia, desde estudos de Spearman, passando
pela teoria de Cattell-Horn-Carroll (CHC) das
aptides cognitivas humanas e a aplicao dessa
teoria nas escalas de inteligncia ate os dias atuais.
No terceiro captulo, Las aptitudes
espaciales, Gerardo Prieto apresenta estudos
acerca do tema aptides espaciais, desde uma
perspectiva da abordagem psicomtrica clssica at
a leitura cognitivista atual. O autor define aptides
espaciais como sendo um conjunto de capacidades
que permitem gerar, reter, recordar e transformar
imagens visuais de objetos. Ele aponta os estudos
fatoriais desse construto no sculo XX, e traz
exemplos de formas de se avali-lo.
No captulo seguinte Las aptitudes
verbales de Jos Muiz e Eduardo Garcia-Cueto
falam sobre as aptides verbais, definindo que as
funes bsicas da inteligncia geral so a abstrao
e a capacidade de estabelecer relaes. Eles
afirmam que o fator verbal aparece como uma das
mais relevantes da estrutura diferencial da
inteligncia, tanto no aspecto produtivo (fluidez
verbal) como compreensivo (compreenso verbal).
Os autores apresentam uma srie de modelos sobre
a inteligncia, so eles, modelo de Spearman, de

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Resenha

Thurstone, de Guilford e a teoria do contnuo


heterogneo e hierrquico de Yela.
No captulo quinto, Explicacin del
funcionamiento intelectual a partir de perfiles, de
Antoni Castell, busca-se definir os perfis
intelectuais e como eles podem ajudar na
explorao
do
funcionamento
intelectual
diferenciado entre os sujeitos. Esse captulo foi
dividido em partes, sendo que na primeira se dedica
ao tema inteligncia e funcionamento intelectual, se
abordando a noo da inteligncia, em seguida
apresenta-se as anlises das interaes entre as suas
bases fsicas, os processos cognitivos e os
comportamentos.
Em Aproximacin a los estilos cognitivos.
Lneas de trabajo actuales en el estudio de la
dependencia-independencia de campo de M.
Fernanda Pramo, Adelina Guisande, Carolina
Tinajero e Leandro S. Almeida, descrito a
dependncia versus independncia de campo na
anlise dos estilos cognitivos e inteligncia. Quando
se pretende observar as investigaes sobre os
estilos cgnitos, os autores afirmam que h trs
reas de conflito, a saber, confuso de definies,
relao com outras dimenses psicolgicas e entre
diferentes modelos tericos. Apresenta-se um
histrico da conceituao dos estilos cognitivos, a
definio, relao com inteligncia, personalidade e
estilos de aprendizagem.
No captulo 7, Inteligencias mltiples:
evaluar y desarrollar, Mara Dolores Prieto,
Mercedes Ferrando, Mara Rosario Bermejo e
Carmen Ferrndiz analisam o modelo das
inteligncias mltiplas de Howard Gadner,
considerando os aspectos didticos utilizados para
avaliar a competncia de alunos dentro contexto
educacional. Apresenta-se a natureza da
inteligncia humana desde as primeiras teorias at o
aparecimento da teoria das inteligncias mltiplas,
com o objetivo de estabelecer as inovaes desse
modelo, as teorias psicomtricas e teoria do
processamento da informao. Apresenta-se
tambm como se avaliam as mltiplas inteligncias
nos variados contextos como, no educacional e
organizacional.
No oitavo captulo, Inteligncia social:
estudos tericos e instrumentos de avaliao
Adelinda Arajo Candeias procura conceituar a
inteligncia social, sob a perspectiva de duas fases

importantes para o estudo desse conceito e para a


sua avaliao, so elas os estudos psicomtricos e
os estudos cognitivistas. A autora afirma que a
inteligncia social assume uma importncia no
estudo dos processos de interao, comunicao e
resoluo de problemas em situaes interpessoais.
No
nono
captulo,
Inteligncia
emocional, Maria Glria Franco avalia a
inteligncia emocional como sendo um construto
recente e de grande interesse na comunidade
cientifica. A autora organiza esse captulo em seis
pontos: reviso histrica, caracterizao dos
principais modelos, reviso dos principais
instrumentos de avaliao, apresentao de alguns
estudos, reflexo crtica sobre a situao atual dos
estudos e uma sugesto de definio do construto.
No captulo 10, denominado Bateria de
Avaliao Neuropsicolgica de Coimbra (BANC):
estudo de validade com recurso escala de
inteligncia de Wechsler para crianas, Mario R.
Simes refere-se mais a uma questo de avaliao
da inteligncia, apresentando um estudo emprico
que tem por objetivo estudar a relao entre os
desempenhos de crianas, na BANC e na Escala de
Inteligncia de Wechsler para Crianas.
No ltimo captulo, O Cognitive
Assessment System e o paradigma da avaliao
dinmica de Vitor Cruz, tem como objetivo
abordar o paradigma da avaliao dinmica, para
tanto, realizado uma breve descrio histrica,
seguido por uma abordagem terica e conceitual, e
apresenta-se a metodologia de J. P. Dias e o seu
modelo de avaliao dinmica, o Cognitive
Assessment System.
Esse livro rene textos importantes na
discusso do conceito de inteligncia e se configura
como um apropriado sumrio de diferentes
reflexes do construto inteligncia. Nesse sentido,
ele destinado aos profissionais das mais variadas
reas cientficas que se interessam em investigar
sobre a inteligncia, principalmente, aos
profissionais da psicologia e da avaliao
psicolgica que podem se aproximar de discusses
relevantes acerca desse tema. Isto porque destaque
especial dado sua avaliao que, por ser alvo de
crticas e suscitar polmicas, os autores advertem
que o psiclogo dever ser sempre melhor que as
provas que usa durante o processo de avaliao.

SOBRE O AUTOR
Diego Vincius da Silva: Psiclogo, mestrando em Avaliao Psicolgica no Contexto Educacional da
Universidade So Francisco USF, Itatiba, So Paulo.
Avaliao Psicolgica, 2009, 8(1), pp. 143-144

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