Nike Um Futuro Responsável
Nike Um Futuro Responsável
Nike Um Futuro Responsável
Autoria: Irene Raguenet Troccoli, Joyce Gonalves Altaf, Mrcio Moutinho Abdalla
Resumo
Este caso aborda os desafios de uma executiva da Nike, responsvel pelo programa de
reduo de desperdcios da empresa, para execut-lo enquanto elemento importante para a
imagem da marca, tendo em vista os problemas recorrentes da Nike no nvel da
responsabilidade social. Discorrendo sobre as principais estratgias adotadas pela empresa
parcerias com empresas de renome, lanamentos de novos produtos e projetos de fidelizao
dos clientes como indicadores de sua vantagem competitiva, o caso discute a viso da Nike
sobre a sua responsabilidade social enquanto maior empresa de artigos desportivos do mundo,
e questiona sobre a possibilidade de um futuro responsvel. A estrutura do caso segue a
recomendao de Roesch (2006) de que os objetivos de ensino devem buscar desenvolver
habilidades e atitudes relevantes para a prtica gerencial, possibilitar o entendimento da
organizao analisada e do seu ambiente de atuao, e apoiar o profissional de ensino com
material para aulas expositivas.
Introduo
Numa manh em fins de 2008, Hannah Jones, Vice-Presidente de Responsabilidade
Corporativa da Nike, na cidade de Beaverton, no estado norte-americano de Ohio, olhava pela
janela de sua sala a nvoa densa dissipando-se sobre a sede da empresa. E refletia sobre o
tamanho da tarefa que tinha sua frente, para o atingimento das metas do seu programa de
reduo de desperdcio. Afinal, dois anos antes, um estudo interno na Nike indicara que suas
perdas materiais, desde aparas nas fbricas at displays nas lojas, alcanavam US$ 800
milhes anualmente o equivalente a 4,3% dos US$ 18,6 bilhes estimados para o valor da
empresa naquele ano. dinheiro que gastamos em coisas que jogamos fora antes mesmo de
chegarmos aos clientes pensava Hannah. E ela sabia que Mark Parker, ento CEO da
empresa, esperava ansiosamente pelo sucesso daquele programa. Afinal, a Nike vinha
alcanando bons resultados em iniciativas de marketing que s faziam reforar-lhe o valor da
marca. Exemplo contundente foi sua capacidade de solidificar a fidelizao do segmento de
clientes aficcionados da prtica do jogging por meio da criao de uma comunidade
compartilhadora dos valores de consumo e de comportamento, propiciada pela parceria
firmada com a Apple para a criao do Nike+ iPod. Contudo, Hannah se perguntava qual o
alcance dessa busca pela reduo do desperdcio sobre a melhoria da imagem da Nike,
enquanto perdurassem os problemas recorrentes da empresa no nvel da responsabilidade
social.
Perfil da Nike
A idia de criar a Nike surgiu de um projeto de MBA de Phil Knight, enquanto este
freqentava a Escola de Gesto de Stanford. Com apenas 20 anos e um futuro promissor no
atletismo, ele estava frustrado com a qualidade dos tnis de corrida disponveis no mercado.
Ento, em 1964, juntamente com Bill Bowerman (treinador de atletismo na Universidade de
Oregon), Knight teve a idia de produzirem eles prprios uma sola para os tnis, vertendo um
componente de borracha numa torradeira de panquecas. Ambos resolveram, em seguida,
dedicar-se ao fabrico e ao desenvolvimento de modelos que melhorassem o rendimento dos
atletas de alta competio.
Assim, em 1972 surgiu a Nike, promovendo a mensagem de que todos podem ser
atletas, sua maneira e ao seu prprio nvel de esforo - associao dos produtos que tem sido
fator crtico para a estratgia da marca. Ao longo dos anos, a empresa tem cultivado estilo de
gesto altamente competitivo, com suas aes tendo passado a ser cotadas em bolsa em 1980,
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o que lhe propiciou rpida capitalizao no mercado. Atualmente, a Nike oferece linha de
produtos para esportes em geral, tendo deixado para trs a associao apenas a uma marca de
tnis embora estes calados continuem a ser o produto central.
Tendo sido criada com base no entusiasmo dos EUA pelo basquetebol e pelo jogging,
a viso da Nike traduziu-se em contratos de publicidade e em patrocnios que se destinavam a
alcanar uma audincia desportiva mais vasta, pelo meio do patrocnio a atletas individuais
nos mbitos do golfe, do basquete e do tnis. Porm, com a crescente saturao dos mercados
do basquetebol e do jogging, a Nike procurou novos campos desportivos, tendo-se virado para
o futebol, que foi posteriormente eleito como um dos seus focos principais.
Desejosa de fortalecer seus reconhecimento e credibilidade no mundo inteiro, tanto ao
nvel dos clientes como dos fornecedores, e de satisfazer os desejos e as necessidades dos seus
empregados - para assim tambm poder aspirar a um aumento da rentabilidade a empresa
divulga sustentar cinco princpios: inspirar, inovar, enfocar, conectar e cuidar. Por meio destes
paradigmas, a marca busca transmitir os ideais da cultura norte-americana, em suas
caractersticas de dinamismo, de juventude, de inovao, de poder e, acima de tudo, de
esprito vencedor. Permeados pela cultura organizacional orientada aos clientes e aos atletas,
seus empregados so selecionados e treinados para criar vantagens competitivas em todos os
tipos de negcios desenvolvidos pela companhia.
Assim, a construo da marca Nike foi realizada no sentido de sugerir prestgio,
qualidade elevada, durabilidade, conforto e simplicidade, apoiada no princpio de que uma
marca no s um conjunto de atributos, j que os consumidores compram os benefcios
emocionais ou racionais que ela comporta e permite. Subjacente a isto, foram-lhe
incorporados os valores de independncia, de imaginao e de coragem. Assim, o
desenvolvimento da empresa se norteava pelo objetivo de produzir o melhor e o mais
inovador produto do mundo, que apia os atletas no atingimento dos seus potenciais.
No por acaso, a Nike tornou-se uma das marcas que proporciona uma identificao
mais rpida e fcil em relao aos seus concorrentes. Apoiada em seu logotipo facilmente
identificvel em qualquer ponto do mundo, com elevada qualidade tcnica e com design
arrojado, a empresa tem sido competente em proporcionar, aos seus utilizadores, status e
satisfao pessoal, o que naturalmente facilita-lhes a fidelizao.
A parceria Nike e Apple
Consoante com sua estratgia de apostar continuamente em inovao e no
desenvolvimento de novos produtos e solues para, assim, granjear sucesso junto aos
clientes e bater a concorrncia, a Nike fechou parceria com a Apple para uma idia
revolucionria. Tratou-se do Nike+iPod, lanado em maio de 2006, um novo conceito em
apetrecho para praticantes de jogging desejosos de algo mais do que apenas um calado de
corrida e um MP3 para o fornecimento de fundo musical para este esporte.
Formado pelo conjunto de um par de tnis especialmente diferenciado e de um iPod, o
produto surgiu com a proposta de sofisticar os benefcios que ambos os elementos, em suas
verses tradicionais, poderiam trazer ao atleta. No caso, o calado chamado de Nike+ Air
Zoom Moire foi idealizado como o primeiro tnis projetado para "conversar" com o iPod.
Isto se d conforme o calado Nike+ pode ser conectado ao iPod nano atravs de um
apetrecho denominado de kit esportivo Nike+iPod, que inclui um sensor dentro do calado e
um receptor que se conecta ao iPod. A partir desta conexo, as informaes sobre tempo,
distncia, calorias consumidas e velocidade do corredor so armazenadas no iPod e exibidas
em sua tela. Tambm oferecido feedback em udio, em tempo real, atravs dos fones de
ouvido. E, para maximizar o benefcio da experincia para os usurios foi disponibilizada uma
nova seo dentro da loja virtual de msica iTunes Music Store a Nike Sport Music.
Tambm est disponibilizado um novo site de servios pessoais na pgina eletrnica
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modelos mais populares e que desfrutam de preo inferior a US$ 75 - so responsveis pela
maior porcentagem de volume das vendas anuais totais, chegando a 40 milhes de pares.
Afinal, enquanto empresa de bens de consumo que compartilha da certeza de que seu
sucesso estar garantido se sua marca conseguir ocupar espao relevante na mente de seus
clientes, assim como do desejo de que isto acontea, a Nike sabe que criar uma imagem de
marca no tarefa fcil. Isto porque essa precisa ser construda de forma a traduzir um
conjunto simplificado de percepes e de associaes mentais - mais ou menos instveis ligadas ao produto ou servio referido, ou organizao que os oferece.
No caso da Nike, este patrimnio foi construdo sob diversas dimenses e valores
relativos sua imagem, com destaque para o desporto (domnio da atividade da marca), a
nacionalidade norte-americana (a origem da marca), e a qualidade (associada sua utilizao
por personalidades altamente conceituadas no mundo do desporto).
Por outro lado, a empresa tambm tem conscincia de sua vulnerabilidade a juzos de
valor. Assim que, para alguns consumidores, a marca Nike possui imagem muito positiva,
associada a bom desempenho na competio ao mais alto nvel e facilmente reconhecvel em
qualquer parte do mundo o que se traduz no sucesso da criao da comunidade dos usurios
do Nike+iPod. Para outros consumidores, porm, a marca Nike est associada explorao
do trabalho infantil e a todos os malefcios da decorrentes.
O problema da responsabilidade social
Em que pese a Nike ter sido muito bem sucedida em gerar a fidelizao ao seu tnis de
corrida por meio da criao do desejo do compartilhamento de valores de consumo e de
comportamento dos usurios, um fardo teima em pesar sobre a empresa: a publicidade
negativa que h tempos ronda as condies de trabalho da mo-de-obra terceirizada que
contrata, localizada em pases em desenvolvimento. No por acaso, em 1998 o fundador e
ento CEO da empresa Phil Knight admitia publicamente que O produto Nike tornou-se
sinnimo de salrios aviltantes, de sobrecarga forada de trabalho, e de explorao humana.
J quela poca a Nike envidava esforos consistentes para melhorar esta situao,
investindo em programas de monitoramento dos terceirizados: ela passou a enviar auditores,
incluindo observadores de fora da empresa, s fbricas subcontratadas para a verificao in
loco das condies de trabalho, tentando obter destas o compromisso de atendimento a seu
cdigo de conduta. Consequentemente, em 2005 a empresa tornou-se a primeira de sua
indstria a divulgar os nomes e as localizaes de suas fbricas no site
www.nikeresponsability.com, como forma de demonstrar transparncia e de estimular seus
competidores a juntarem-se na busca destas melhorias. Trata-se de iniciativa louvvel,
considerando-se que, atualmente, a fora de trabalho empregada pela empresa alcana nada
menos que 800 mil trabalhadores em 52 pases.
Contudo, os resultados no parecem ter sido to bons como a empresa esperava. Em
2005, a Nike solicitou auditoria social ao professor Richard Locke, da Sloan School of
Management, do Massachusetts Institute of Technology, que, no ano seguinte, lanou seu
veredito: apesar de [...] significantes esforos e investimentos da Nike [...] as condies de
trabalho em quase 80% de seus fornecedores permaneceram as mesmas ou pioraram.
Este diagnstico provou ter fundamento quando, em meados de 2008, um reprter da
TV australiana exps as condies aviltantes que imperavam em uma fbrica malaia de
camisetas repleta de trabalhadores imigrantes, forados a habitarem alojamentos superlotados
e imundos, e cujos passaportes tinham sido retidos pelo empregador at eles terem saldado as
taxas devidas aos recrutadores. Ao ir ao ar, o programa mostrou que as paredes da fbrica
estavam tomadas por banners com o smbolo da Nike.
bastava apenas trazer o ponto a discusso: com certeza os elementos-chave desta situao j
eram conhecidos por seu superior. O que ele iria querer seriam sugestes criativas sobre o que
fazer, e como fazer. E era nisto que ela continuava a pensar enquanto olhava a nvoa se
dissipando.
Questes para discusso:
1. Quanto aos cinco princpios sustentados pela Nike (inspirar, inovar, enfocar, conectar
e cuidar) em que medida as aes adotadas tm sido coerentes com tais princpios?
2. A parceria com a Apple contribui para agregar valor marca Nike? Por qu?
3. Como voc classifica a meta de fidelizao (lealdade) pretendida, a partir da criao
da comunidade Nike+?
4. Caso voc estivesse na posio de Hanna Jones, preocupada com o valor da marca
Nike, como voc sugeriria que a Nike tratasse a questo da terceirizao da mo de
obra junto opinio pblica?
5. Voc entende que o posicionamento da Nike quanto ao trabalho escravo no um
problema de responsabilidade social dela, mas sim dos controles deficientes dos
governos dos pases envolvidos? Por qu? Em caso negativo, propor uma estratgia
para a Nike mitigar este problema.
Notas de Ensino
1. Objetivos de aprendizagem
O caso de ensino apresentado preferencialmente destinado a alunos de cursos de psgraduao lato sensu e stricto sensu de Administrao de Empresas. Entretanto, pode ser
tambm aplicado em cursos de graduao desta rea, desde que respeitadas algumas
limitaes de seus alunos, por exemplo, modificando-se o grau de dificuldade das questes ou
no as aplicando em sua integralidade. Considerando-se as trs dimenses - analtica,
conceitual e de apresentao - propostas pelo modelo denominado Case Difficulty Cube,
defendido por Leenders e Erskine (1987) e que contemplam o desenvolvimento de um caso,
verifica-se que o caso apresentado enquadra-se no chamado nvel 2 da dimenso analtica. Tal
enquadramento se justifica pelo fato de o caso proporcionar, ao estudante, possibilidades de
deciso distintas das tomadas pelo seu protagonista. J na dimenso conceitual, pode-se dizer
que o caso compatvel com o nvel 2, pois, embora os conceitos possam ser claramente
entendidos pelos estudantes aps cuidadosa leitura caracterstica do nvel 1 o tema
contraditrio e polmico sob o ponto de vista de alguns autores. Isto porque ainda no h
consenso acerca das definies de marketing social, nem tampouco para as de marketing para
causas sociais. O caso ainda exige conhecimentos simultneos e de relativa complexidade que
o leitor dever trazer consigo como pr-requisito ao seu estudo, tais como aqueles relativos s
estratgias de formao de parcerias entre players tradicionalmente situados em reas de
atuao diversas e nem sempre congruentes, tendncia muito em voga no meio empresarial.
Finalmente, no que tange dimenso de apresentao, verifica-se que o caso pertence
ao nvel 2, em funo de sua relativa extenso de leitura. Ele ainda apresenta informaes
relevantes no concentradas em um nico ponto do texto, ou seja, exige uma leitura atenta por
parte do analista. Embora se verifique um esforo em se organizarem as informaes,
observa-se que, na realidade existente no mundo prtico, elas muitas vezes encontram-se
espalhadas pela linha do tempo, ou mesmo pelos diversos departamentos da organizao.
Como ressalta Roesch (2006, p.10) O caso de ensino retrata situaes ou problemas reais que
requerem solues por parte dos gestores ou de outros personagens do caso.
O caso tem por premissa abordar as temticas:
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Estratgia de marketing
Fidelizao do cliente
Marketing social
Responsabilidade social
Brand equity
Cultura organizacional
Ressalta-se que a no incluso da teoria como elemento textual do caso baseou-se nos
pressupostos de Mascarenhas et al (2007), que indicam que o aluno ao qual se destina domina
as teorias e disciplinas que envolvem a narrativa. Ademais, trata-se de formato mais
desafiador, j que incita o aluno reflexo dos aspectos organizacionais que ligam a teoria
prtica.
O caso apresentado possibilita, ao leitor, colocar-se no lugar do tomador de decises
ou do solucionador de problemas. Em especial, ele provoca o estudante a fazer uso de teorias
implcitas, analisando-as e colocando-as em prtica, de modo a proporcionar o melhor
resultado para a empresa.
1.1. Alternativas para anlise do caso
Para a anlise deste caso, aconselha-se o emprego de uma hora e meia, levando-se em
considerao uma leitura prvia por parte da turma, com vistas a melhor compreenso do
assunto. Previamente ao debate, devem ser formados grupos com no mais que quatro
integrantes, de maneira que os alunos exponham seus pontos de vista e persigam um
consenso. Tal tarefa dever ter tempo mdio de 30 minutos. Em seguida, o professor poder
propor que a turma se disponha na formao de um crculo e, em seguida, inicie provocando e
mediando as opinies. Esta etapa dever durar cerca de 30 minutos. Ao final, o professor
dever realizar um fechamento, gastando tempo mdio de 30 minutos. Nesta etapa, o
professor poder tecer comentrios em relao s decises adotadas pelos membros do debate,
fazendo uma ligao entre tais propostas e os pontos-chave da teoria.
2. Conceitos Tericos
1. Marketing, segundo autores como Richers (1978), Kotler (1997) e Cobra (1990), um
sistema administrativo que, por meio de um planejamento estratgico, procura
conhecer as necessidades dos mercados alvo e atend-las por meio da oferta de
produtos ou servios adequados a essas necessidades, tendo como resultado a
possibilidade de atingir os objetivos da organizao. A segmentao, nesse caso, a
base de toda a estratgia de marketing. Primeiro se segmenta o mercado em grupos
homogneos de consumidores, escolhem-se aqueles grupos que oferecem melhores
condies para serem atendidos com o tipo de servio ou produto em que a
organizao - ou pretende ser - especializada, de modo a atender s necessidades e
desejos desses grupos especficos de consumidores. Em seguida, posiciona-se o
produto ou o servio, de forma a expressar suas diferenas e benefcios, para, ento,
decidir-se estrategicamente a melhor maneira de comunicar queles consumidores que
suas necessidades podem ser, provavelmente, mais bem atendidas por esta
organizao.
2. Responsveis pelo processo de lanamento de determinado produto no mercado at
sua entrega ao consumidor final, os 4 As do marketing - que significam anlise,
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modelo das cinco foras (PORTER, 1980), passando pelas tcnicas de planejamento
quantificado (ANSOFF, 1965). Nesta viso, a estratgia pode ser concebida, em
ltima anlise, como esforo racional de adequao entre organizao e ambiente.
10. Muitos autores pressupem a conceituao de estratgia como um conjunto de
diretrizes conscientemente deliberadas, que orienta as decises organizacionais,
conforme sugerido por Mintzberg (1998) como estratgia intencionada. Por outro
lado, Ansoff (1979) retrata a estratgia como um processo, controlado, consciente e
formal de interao entre uma empresa e seu ambiente, acompanhado pela alterao
dos aspectos dinmicos internos da empresa. A abordagem clssica de Ansoff (1979) e
Porter (1985) apresenta a formao de estratgia como processo racional de anlise
deliberada, com o objetivo de maximizar a vantagem da empresa a longo prazo. Day
(1990) argumenta que estratgia buscar vantagem competitiva sobre os concorrentes
e diminuir a eroso das vantagens atuais. Assim, sustentar vantagem competitiva
torna-se crtico na gesto contempornea. A posio da empresa na indstria fruto de
seus recursos desenvolvidos ao longo do tempo, e esses recursos so os resultados de
investimentos passados feitos para melhorar a posio competitiva, instituindo-se,
assim, o ciclo da vantagem competitiva.
11. Embora alguns autores utilizem os conceitos de imagem e de reputao como
sinnimos, estudos recentes sobre reputao apontam duas caractersticas que os
diferenciam: reputao construda ao longo dos anos e tem como base as aes e
comportamentos da organizao; j imagem tem como base percepes diversas que
podem ser transitrias. Dessa forma, a imagem uma fotografia da empresa num
determinado instante e, dependendo do contexto em que se encontra a empresa
naquele momento, essa imagem pode ser boa ou ruim (NUNES; ALMEIDA, 2008).
Rindova (1998) explica que, na dinmica do relacionamento entre imagem e
reputao, as imagens so momentaneamente mutveis e se adaptam s representaes
de uma organizao, enquanto a sua reputao relativamente estvel. Para a autora, a
estabilidade faz da reputao um ativo valioso porque ela protege as empresas de
reaes negativas imediatas quando um evento desfavorvel acontece. Dessa maneira,
a empresa pode vivenciar uma crise, abalando a sua imagem no curto prazo, mas se
possuir uma reputao forte ela consegue administrar melhor a crise por contar com
relacionamentos sustentados em aes e em comportamentos que geram confiana,
respeito e credibilidade. Entretanto, a construo da reputao demorada e requer
consistncia de atitudes, no tempo e nas diversas situaes em que a organizao se
insere. Alm disso, ela no pode ser copiada, nem transferida e muito menos vendida,
da sua importncia como ativo estratgico. Entende-se por reputao corporativa uma
representao coletiva das aes e dos resultados da organizao, por meio da qual
demonstra-se sua habilidade em gerar valor para os mltiplos stakeholders ao longo
dos anos. (FOMBRUN; RINDOVA, 1998).
12. Fombrum e Riel (2004) sustentam que a comunicao faz parte do ciclo de valor da
reputao da organizao. Esses autores advogam que comunicao influencia a
aprovao dos stakeholders em relao s aes da empresa, que, por sua vez,
influenciaro nos resultados de receita e de lucratividade, produzindo maior valor para
os investidores, num crculo virtuoso de valor da reputao. A reputao a prova de
que a empresa cumpre as promessas estabelecidas em sua marca, gerando confiana,
estima e respeito em seus pblicos de relacionamento. Criar e sustentar uma boa
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